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Proteção Internacional dos Direitos Humanos

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Aula 02
Direitos Humanos p/ DPU (Defensor Público da União)
Professor: Ricardo Torques
 
 
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DIREITOS HUMANOS – DPU 
teoria e questões 
Aula 02 – Prof. Ricardo Torques 
 
 
Aula 02 
Proteção Internacional dos 
Direitos Humanos 
Sumário 
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 3 
2 - Proteção Internacional dos Direitos Humanos ................................................................ 3 
2.1 - Precedentes Históricos .......................................................................................... 3 
2.2 - Internacionalização dos Direitos Humanos ............................................................... 5 
2 3 - Sistemas de Proteção Internacional dos Direitos Humanos ........................................ 8 
2 4 - As Três Vertentes de Proteção Internacional .......................................................... 11 
3 - Declaração Universal de Direitos Humanos .................................................................. 18 
3.1 - Introdução ........................................................................................................ 18 
3.2 - Direitos albergados ............................................................................................ 21 
3.3 - Natureza jurídica ................................................................................................ 22 
3.4 - Estrutura .......................................................................................................... 23 
3.5 - Principais disposições da DUDH ............................................................................ 24 
4 - Os pactos de 1966 ................................................................................................... 42 
4.1 - Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos ...................................................... 45 
4.2 - Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais .............................. 68 
5 – Questões ................................................................................................................ 76 
5.1 - Questões sem Comentários ................................................................................. 76 
5.2 – Gabarito ........................................................................................................... 94 
5.3 - Questões com Comentários ................................................................................. 96 
6 - Lista das Questões de Aula ...................................................................................... 147 
7 – Resumo ................................................................................................................ 153 
8 - Considerações Finais .............................................................................................. 176 
 
 
 
 
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PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
1 - Considerações Iniciais 
Conforme o cronograma de aulas, hoje veremos: 
Proteção Internacional dos Direitos Humanos. 
Declaração universal de direitos humanos. 
Pacto internacional de direitos civis e políticos. 
Pacto internacional de direitos econômicos, sociais e culturais. 
Nesta aula analisaremos a estrutura normativa do Sistema Global, com análise 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos Pactos. Esse trio de normas 
internacionais formal o International Bill of Rights. 
Bons estudos! 
2 - Proteção Internacional dos Direitos Humanos 
Os Direitos Humanos difundiram-se pouco antes da 1ª Guerra Mundial, vindo a 
se consolidar definitivamente como ramo do Direito Internacional Público, após a 
2ª Guerra Mundial, com a criação da ONU em 1945. 
Atualmente, em razão do forte desenvolvimento da disciplina na comunidade 
internacional, é impossível pensar em Direito Internacional sem passar pela 
temática dos Direitos Humanos. 
O Direito Internacional dos Direitos Humanos pode ser definido como a parte 
do Direito Internacional Público, que se responsabiliza pela temática dos 
direitos humanos, por meio de um conjunto de normas e de medidas 
internacionais voltadas à proteção da dignidade da pessoa em sentido 
amplo. 
2.1 - Precedentes Históricos 
Embora já tenhamos passado por vários aspectos históricos, vamos tratar dos 
precedentes históricos apontados por Flávia Piovesan1, que servem de 
fundamento para o desenvolvimento dos Direitos Humanos no âmbito 
internacional. 
A importância de estudarmos os precedentes históricos é dupla. Primeiro porque 
esses precedentes são acontecimentos que marcam o surgimento e a 
consolidação dos Direitos Humanos na órbita internacional. Segundo porque o 
assunto é constante em provas de concurso público. 
Assim, desde logo: 
 
1 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 13ª edição, 
rev., atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 175/185. 
 
 
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O direito humanitário refere-se ao conjunto de normas e de medidas que 
objetivam proteger os direitos humanos nos períodos de guerra, em 
especial, prisioneiros, combatentes e civis envolvidos. 
Algum tempo antes da 1ª Guerra Mundial, com o denominado 
Movimento da Cruz Vermelha, começaram a surgir as primeiras 
movimentações protetivas de direito humanitário. Por Cruz Vermelha 
compreende-se um movimento da comunidade internacional voltado à 
prestação de assistência humanitária, com o objetivo de proteger a vida 
e a saúde das pessoas envolvidas em conflitos armados. Caracteriza-
se a Cruz Vermelha por ser um movimento neutro e imparcial, presente 
hoje na maioria dos países. 
A Liga das Nações, por sua vez, criada em 1920, após a 1ª Guerra Mundial, 
teve por finalidade promover a cooperação, a paz e a segurança 
internacional. Segundo os doutrinadores, embora não tenha conseguido 
implementar seus objetivos tendo em vista a deflagração da 2ª Guerra Mundial 
anos mais tarde, a Liga das Nações constitui o “embrião da ONU”. 
Por fim, merece menção a Organização Mundial do Trabalho (OIT), criada em 
1919, com objetivo de instituir e de promover normas internacionais de 
condições mínimas e dignas de trabalho. 
 
PRECEDENTES HISTÓRICOS
Direito Humanitário Liga das Nações OIT
 
 
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Conforme ensina Flávia Piovesan, esses precedentes marcam o surgimento 
dos Direitos Humanos, que irão se consolidar após a 2ª Guerra Mundial. Nesse 
sentido, vejamos os ensinamentos de Rafael Barreto2, ao comparar “o antes” e 
“o depois” da 2ª Grande Guerra: 
Antes, o debate sobre direitos humanos era bem embrionário, começando a ocupar a pauta 
das discussões internacionais; depois, a ideia de afirmação dos direitos humanos passa a 
dominar a pauta das discussões internacionais e ocasiona o surgimento de diversas 
entidades (estatais e privadas) e de diversos atos normativos voltados à proteção dos 
direitos humanos. 
Segundo a doutrina, o Tribunal de Nuremberg deu considerável contribuição para 
a disseminação da proteção internacional dos Direitos Humanos. Embora fosse 
um órgão de exceção, cuja legalidade era discutível, demonstrou a preocupação 
da comunidade internacional em punir atos violadores dos direitos humanos, em 
especial aqueles perpetrados pelos regimes nazifascistas. 
2.2 - Internacionalização dos Direitos HumanosOs precedentes acima estudados, juntamente com a deflagração da 2ª Guerra 
Mundial, implicaram mudança de consciência da sociedade, que se mobilizou 
contra tais barbáries. 
Inicialmente, a mobilização foi local, dentro dos limites territoriais. Com o tempo, 
comunidades e grupos de países passaram a se organizar em prol da defesa dos 
Direitos Humanos. 
Com a propagação da preocupação contra violações de Direitos Humanos vários 
compromissos foram assumidos. Em razão disso, tratados internacionais foram 
assinados com o objetivo de instrumentalizar e de vincular a vontade dos 
signatários. Por conta disso, fala-se que determinadas regras internacionais de 
direitos humanos são tão importantes que, se instrumentalizadas num 
documento internacional, possuem maior hierarquia em relação às demais 
normas internacionais. São as denominadas normas jus cogens. As normas jus 
 
2 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl. e atual., Bahia: Editora 
Juspodvim, 2012, p. 101. 
DIREITO HUMANITÁRIO
conjunto de normas e 
de medidas que 
objetivam proteger 
direitos humanos dos 
envolvidos em 
períodos de guerra.
Movimento da Cruz 
Vermelha
LIGA DAS NAÇÕES
organismo 
internacional criado 
com o intuito de 
promover a 
cooperação, a paz e a 
segurança 
internacional.
"embrião da ONU"
OIT
organismo 
internacional que 
teve por objetivo 
instituir e promover 
normas internacionais 
de condições mínimas 
e digna de trabalho.
 
 
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cogens de Direitos Humanos, em razão da essencialidade da matéria que tratam, 
se impõem sobre qualquer outro regramento internacional. 
Portanto, em termos bem simples, podemos dizer que a internacionalização 
dos direitos humanos nada mais é do que a expansão, para além das 
fronteiras nacionais, dos direitos fundamentais da pessoa humana, bem 
como a consagração das normas “jus cogens”. 
De toda forma, questiona-se o motivo pelo qual os 
Estados aceitam se condicionar aos tratados 
internacionais de direitos humanos, uma vez que esses 
tratados trazem apenas deveres aos países acordantes, ao 
contrário, por exemplo, de tratados e de acordos econômicos que trazem ônus e 
benefícios para os signatários. Segundo André Carvalho Ramos3, seis são os 
motivos principais que, conjuntamente, levaram à internacionalização dos 
Direitos Humanos. Vale dizer que viabilizaram que os Estados, diante de sua 
soberania, decidissem pela assunção e pelas obrigações perante os demais 
países: 
1. repúdio às barbáries da 2ª Guerra Mundial; 
2. vontade dos Estados de adquirir legitimidade na arena internacional, 
distanciando-se de governos ditatoriais e de constante violação de direitos 
humanos; 
3. forma de estabelecer o diálogo ético entre os povos; 
4. finalidade de garantir um patamar mínimo de direitos dignos, que 
potencializam as relações econômicas entre países (por exemplo, respeito 
à propriedade, à propriedade intelectual, à vedação ao confisco etc.); 
5. intensa atuação da sociedade civil organizada no combate às violações de 
direitos humanos; e 
6. indignação da comunidade como um todo contra o desrespeito a direitos 
básicos de todo ser humano (“mobilização da vergonha”). 
Todos esses fatores constituem a base sobre a qual os Direitos Humanos se 
espraiaram pelo mundo todo, levando à formação de diversos sistemas de 
proteção. 
Para fins de prova: 
 
 
3 RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 
2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica). 
 
 
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Vejamos como o assunto apareceu em provas de concurso público. 
 
Questão – CESPE/DEPEN – Direitos Humanos e Cidadania – 
Agente Penitenciário Federal – 2015 
Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da 
Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 
1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, 
desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo 
o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. 
Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. 
A internacionalização dos direitos humanos, objetivo central da DUDH, é uma 
forma de resposta ao mal absoluto que caracterizou regimes políticos como 
o nazismo, de que o genocídio promovido em campos de extermínio seria o 
exemplo mais dramático. 
Comentários 
Essa assertiva é muito interessante. A DUDH representa um marco fundamental 
para os Direitos Humanos. A internacionalização dos Direitos Humanos é 
marcada, por entre outros motivos, pela estruturação da ONU e pela edição da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
É exatamente esse o ensinamento da doutrina exposta em aula: 
Nesse contexto, leciona Sidney Guerra4: 
Consolida-se o movimento da internacionalização dos direitos humanos, no qual as relações 
dos Estados com seus nacionais deixam de ter apenas o interesse doméstico e passam a 
ser de interesse internacional, e definitivamente o sistema internacional deixa de ser apenas 
um diálogo entre Estados, sendo a relação de um Estado com seus nacionais uma questão 
de interesse internacional. 
Devemos memorizar: 
 
4 GUERRA, Sidney. Direitos Humanos, 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva: 2014, p. 105. 
INTERNACIONALIZAÇÃO 
DOS DIREITOS HUMANOS
Constitui a expansão, para além das 
fronteiras nacionais, dos direitos 
fundamentais da pessoa humana, bem 
como a consagração das normas “jus 
cogens”
 
 
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Portanto, a assertiva está correta. 
Na sequência, vamos pinçar algumas noções iniciais sobre os sistemas de 
proteção dos direitos humanos. 
2 3 - Sistemas de Proteção Internacional dos Direitos 
Humanos 
Após os eventos históricos e, em razão dos motivos acima mencionados, a 
expansão dos Direitos Humanos ocorreu no planeta todo em planos diferentes. 
No plano internacional geral, a criação da ONU deu origem ao sistema global 
de Direitos Humanos. Já no plano internacional local, países geograficamente 
próximos e com características sociais, econômicas e culturais semelhantes 
uniram-se na defesa dos Direitos Humanos, dando origem aos denominados 
sistemas regionais de Direitos Humanos. 
Assim, temos, atualmente, um Sistema Global de Direitos Humanos, capitaneado 
pela ONU, e sistemas regionais, que se formam no âmbito dos continentes 
americano, europeu e africano. 
 
DUDH
É o principal instrumento do Sistema Global
É a principal contribuição para a universalização da proteção ao ser 
humano.
SISTEMAS INTERNACIONAIS
DE DIREITOS HUMANOS
Sistema Global (ONU) Sistemas Regionais
Sistema Europeu de Direitos 
Humanos
Organização dos Estados 
Americanos (OEA)
Organização da Unidade 
Africana
 
 
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Para fins de prova é importante direcionar o estudo para o Sistema Global e para 
o Sistema Americano de Direitos Humanos. Em relação ao Sistema Europeu e ao 
Sistema Africano veremos tão somente os aspectos principais de cada um deles. 
É importante registrar, ainda, que, para além dos sistemas internacionais de 
Direitos Humanos, cada país possui uma organização específica em relação ao 
tema, denominada desistema nacional de proteção aos Direitos Humanos. 
Também objeto de aula futura, o Brasil possui um arcabouço normativo que se 
inicia na Constituição Federal e se especializa em diversos diplomas legislativos 
infracionais. Para além da proteção legal de Direitos Humanos, o Poder Executivo, 
denotadamente o Poder Executivo Federal, disciplina diversas políticas públicas 
no sentido de garantir os direitos fundamentais pelos denominados Planos e 
Programas de Direitos Humanos. 
Portanto, com influência sobre as relações jurídicas no Brasil temos um sistema 
interno de proteção aos direitos humanos, que convive com o Sistema Americano 
de direitos humanos e com o Sistema Global de direitos humanos. 
 
Seguindo com o estudo da proteção internacional dos Direitos 
Humanos, devemos nos ater a um aspecto importante: o inter-
relacionamento entre esses diversos sistemas de proteção. 
Conforme o esquema acima, no Brasil existe um sistema interno que 
convive com outros dois sistemas internacionais de proteção. 
Em face disso, questiona-se: 
E se suas normas forem divergentes? Se uma delas for mais benéfica 
ou mais exigente que a outra? Qual se aplica? 
PROTEÇÃO 
DOS 
DIREITOS 
HUMANOS 
NO BRASIL
Sistema Interno 
de Proteção aos 
Direitos 
Humanos
Sistema Global 
de Proteção aos 
Direitos 
Humanos
Sistema 
Americano de 
Proteção aos 
Direitos 
Humanos
 
 
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Ao se falar em relacionamento entre os sistemas, podemos vislumbrar três 
possibilidades de relação, conforme esquema abaixo. 
 
No que atine à relação entre o sistema nacional e internacional devemos observar 
previamente a regra de que o sistema internacional é subsidiário, atuando 
apenas na omissão das normas de direito interno. 
Desde logo, lembre-se: 
 
Além disso, é possível que esses sistemas prevejam as mesmas regras de direitos 
humanos. Embora haja certa redundância, entende a doutrina que a proteção 
por vários planos é positiva para a máxima efetividade da proteção. 
Há, entre os sistemas, uma relação de complementaridade, em função de que 
um sistema complementa outro que eventualmente não preveja determinada 
regra de proteção específica. 
Por outro lado, podem surgir conflitos entre esses sistemas, hipótese na qual o 
impasse será definido de acordo com a norma mais benéfica à pessoa 
humana (assemelha-se ao in dubio pro operario, do Direito do Trabalho)5. 
 
5 Envolvendo a temática de aplicação da norma mais favorável à dignidade da pessoa, sugere-se 
a leitura do nosso artigo Interpretação “pro homine” dos Direitos Humanos, disponível em 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/interpretacao-pro-homine-dos-direitos-
humanos/, acesso em 22.10.2014. 
SISTEMAS
INTERNOS DE
CADA PAÍS
SISTEMA
GLOBAL
SISTEMAS
REGIONAIS
Os sistemas internacionais de proteção aos Direitos 
Humanos (globais ou regionais) são subsidiários ao dever 
interno de atuação.
 
 
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2 4 - As Três Vertentes de Proteção Internacional 
A tese acerca das denominadas “vertentes de proteção internacional dos Direitos 
Humanos” foi exposta por Antônio Augusto Cançado Trindade. Segundo o autor, 
por vertentes entende-se a separação em ramos de proteção internacional. 
O mesmo autor, posteriormente, teceu críticas quanto a essa cisão, afirmando a 
necessidade de superar a visão compartimentalizada da proteção 
internacional, de maneira que todos os órgãos e instrumentos devem 
objetivar a proteção ao ser humano sob qualquer um dos seus aspectos. 
Nesse sentido leciona Flávia Piovesan6: 
A visão compartimentalizada, (...), encontra-se definitivamente superada, considerando a 
identidade de propósitos de proteção dos direitos humanos, bem como a aproximação 
dessas vertentes nos planos conceitual, normativo, hermenêutico e operacional. 
Não obstante a superação dessa divisão vamos analisar cada uma das vertentes, 
pois o assunto é frequente em provas de concurso público. Como sempre, 
procuraremos expor os assuntos de forma didática e esquematizada, com o fito 
de facilitar a apreensão dos conceitos-chave para a prova. 
Assim, desde logo: 
 
 
6 PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos, 13ª edição, rev., atual., São Paulo: Editora 
Saraiva, 2013, p. 224. 
• A máxima efetividade dos sistemas de proteção.
• A relação de complementaridade entre sistemas
para a integral proteção aos direitos humanos.
• A aplicação da norma mais favorável à vítima de
violação a direito humano, quando tutelado por
dois ou mais sistemas.
INTER-RELACIONAMENTO 
ENTRE SISTEMAS
 
 
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Vejamos cada uma delas. 
Direitos Humanos 
Os direitos humanos, enquanto vertente de proteção internacional, ganham 
relevo na comunidade internacional após o término da 2ª Guerra Mundial, diante 
do repúdio às violações da dignidade durante a guerra. Em razão disso, os 
Estados passaram a se reunir e a firmar tratados internacionais que se difundiram 
e, com o tempo, passaram a ser implementados. Todo esse contexto é 
sobremaneira importante para a proteção da dignidade da pessoa, objeto dos 
Direitos Humanos. 
Vamos fazer uma distinção conceitual tênue. Prestem atenção! Nossa matéria – 
Direitos Humanos – engloba, em termos gerais, as três vertentes do gráfico 
acima. Nesse sentido, fala-se em Direitos Humanos latu sensu (ou sentido 
amplo). A vertente de Direitos Humanos, a qual estamos analisando neste tópico, 
é denominada de Direitos Humanos stricto sensu (ou em sentido estrito). 
Entendido? Não há diferença em termos práticos para a doutrina contemporânea, 
hoje essas vertentes são vistas de forma conjunta. De todo modo, para fins de 
prova é importante distingui-las... 
Nessa vertente de proteção os Estados decidem, por livre e espontânea 
vontade (no exercício da soberania), firmar tratados internacionais para 
a proteção dos Direitos Humanos. Esses tratados internacionais, por sua vez, 
preveem as hipóteses de violação, a forma de apuração e as consequências 
decorrentes da violação aos Direitos Humanos. 
A principal característica dessa vertente de proteção reside na possibilidade de 
um signatário do tratado internacional firmado possuir legitimidade 
ativa para denunciar violação a direitos humanos, bem como a 
possibilidade de que o indivíduo, que teve seu direito violado, recorra às 
organizações internacionais para ver resguardado seu direito humano. 
Esse processo de responsabilização, em razão da consolidação dos Direitos 
Humanos na comunidade internacional, desenvolveu-se de acordo com os planos 
globais e regionais de Direitos Humanos, acima introduzidos. 
 
V
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H
U
M
A
N
O
S Direitos Humanos
Direito Humanitário
Direito dos Refugiados
 
 
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Nessa vertente, destacam-se os seguintes organismos internacionais: 
 Organização das Nações Unidas (ONU); e 
 Organização dos Estados Americanos (OEA) 
Por fim, são documentos de destaque dessa vertente: 
 Carta das Nações Unidas, no âmbito da ONU; e 
 Convenção Americana de Direitos Humanos, no âmbito do Sistema 
Americano. 
Para fins de prova: 
 
 
Direito Humanitário 
A proteção internacional humanitária objetiva criar condições de paz e de 
segurança às pessoasque se encontram em condições de vulnerabilidade 
em razão de conflitos militares e bélicos. 
Segundo Flávia Piovesan7, 
O direito humanitário foi a primeira expressão de que, no plano internacional, há limites à 
liberdade e à autonomia dos Estados, ainda que na hipótese de conflito armado. 
 
7 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 178. 
LEGITIMIDADE ATIVA
possibilidade de um Estado denunciar outro Estado por violação a 
um direito humano
possibilidade de o cidadão, cujos direitos foram violados, recorrer 
aos órgãos internacionais para verem suas direitos assegurados
LEGITIMIDADE PASSIVA
possibilidade de o Estado signatário, violador de direitos 
humanos, ser responsabilizado.
Na vertente dos Direitos Humanos (stricto sensu) os Estados assumem
espontaneamente a obrigação de proteger os direitos humanos, sob
pena de responsabilização em razão de denúncia por outros Estados ou
pela reclamação do sujeito que teve seus direitos violados.
 
 
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Essa vertente da proteção internacional não compreende exclusivamente a 
responsabilidade do Estado soberano, mas pode abranger também violações 
decorrentes de grupos armados, de milícias, de grupos racistas etc. 
Em termos gerais, o Direito Humanitário faz a regulamentação jurídica da 
violência no âmbito internacional e do modo com que é empregada nos 
períodos de guerra e de combates armados. 
Ao contrário da vertente anterior, no direito humanitário não é possível o 
recurso individual, no qual a vítima da violação dos Direitos Humanos aciona 
pessoalmente os órgãos de proteção. Não obstante, as pessoas individualmente 
consideradas poderão ser tuteladas pelos órgãos de proteção, em decorrência, 
por exemplo, da prática de genocídio, de crimes contra a humanidade, de crimes 
de agressão, de crimes de guerra (tal como ocorreu com os julgamentos dos 
integrantes do partido nazista). Em razão disso, menciona a doutrina que essa 
vertente consolida a posição do indivíduo como sujeito passivo de direito 
internacional. A ideia aqui é a de sujeito tutelado, de sujeito protegido. Na 
acepção anterior, a pessoa que tivesse seus direitos violados atuaria ativamente 
para perquirir a reparação aos seus direitos. Aqui, em relação ao direito 
humanitário, o sujeito é considerado passivo, porque recebe proteção. 
No que tange aos organismos de destaque dessa vertente, mencionam os 
estudiosos: 
 Movimento Internacional da Cruz Vermelha; e 
 Tribunal Penal Internacional – que representa a possibilidade de sanção por 
violação de direito humanitário. 
Em relação ao documento de destaque desse período, cita-se o denominado 
Direito de Genebra, que contempla quatro normas internacionais, editadas em 
Genebra relativas à proteção das vítimas em combate. Em síntese, essas normas 
trazem regras relativas aos feridos e aos doentes das forças armadas, bem como 
à situação dos prisioneiros de guerra e ao tratamento a ser conferido à população 
civil. 
Parte da doutrina refere, ainda, que além do Direito de Genebra, são documentos 
relevantes do Direitos Humanitário, o Direitos de Haia e o Direito de Nova 
Iorque8. Ambos fixam regras relativas aos direitos das pessoas em conflitos 
armados, destacando-se o Direito de Nova Iorque por ter sido concebido no 
âmbito da ONU. Para fins de provas de concurso público é desnecessário 
aprofundar a temática. Basta que saibamos quais são os documentos. 
Para fins de prova: 
 
 
8 GARCIA, Bruna Pinotti e LAZARI, Rafael de. Manual de Direitos Humanos, 2º edição, Bahia: 
Editora JusPodvim, 2015, p. 43. 
 
 
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Direito dos Refugiados 
O Direito dos Refugiados relaciona-se com a proteção aos direitos civis, em 
decorrência de discriminação (cultural, racial), de limitações às 
liberdades de expressão e de opinião política. 
A condição de refugiado denota a violação de direitos humanos básicos previstos 
na Declaração Universal dos Direitos Humanos e possui relação com o direito de 
solicitar asilo, previsto no art. 14, da referida declaração. 
Artigo 14 
I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em 
outros países. 
II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por 
crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações 
Unidas. 
Com base nos princípios da liberdade e da igualdade, que 
proíbem discriminações de qualquer natureza, surge o direito 
de não sofrer discriminação ou perseguição por motivo de 
raça, de religião, de nacionalidade, de sexo e de opiniões 
políticas. Consequentemente, decorre desse direito outro direito, qual seja, toda 
pessoa vítima de perseguição pode procurar e receber asilo em outros países. 
Dessa forma, todo refugiado tem direito à proteção internacional, o que acarreta 
no consequente dever dos Estados de respeitar o Estatuto dos Refugiados de 
1951. Isso porque todos os refugiados só o são porque sofreram violações aos 
seus direitos humanos funcionais. 
Dois princípios informam essa vertente: 
1. princípio do in dubio pro refugiado – trata-se de presunção relativa que 
obriga, desde logo, a conferir proteção ao refugiado para ulterior 
averiguação da situação da pessoa. Cria-se a presunção de que, se a 
pessoa pede asilo, é porque ela sofreu violação dos seus direitos; e 
2. princípio da não-devolução (non-refoulement) – nenhum dos Estados deve 
expulsar pessoa para território em que a sua vida ou liberdade se 
encontrem ameaçadas em decorrência de etnia, de religião, de 
nacionalidade, de grupo social ou de opiniões políticas. 
Lembre-se: 
 
Na vertente do Direito Humanitário são criados mecanismos 
jurídicos internacionais de proteção das pessoas inseridas em 
zonas de conflitos militares e de guerras.
princípio do "in dubio pro" 
refugiado princípio da não-devolução
 
 
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Um exemplo atual de aplicação dessa vertente dos 
direitos humano é o caso do técnico de informática da CIA, 
Edward Snowden, que denunciou violações de direitos 
humanos causadas pelos Estados Unidos em suas investigações militares e, 
atualmente, encontra-se refugiado em Moscou. 
O marco histórico desse período é o pós 2ª Guerra Mundial, quando houve a 
necessidade de os vencedores da Guerra repatriarem as vítimas dos conflitos 
bélicos. 
O documento mais importante dessa vertente, por sua vez, é o Estatuto dos 
Refugiados, de 1951. 
Para fins de prova: 
 
 
Vejamos como a temática tem aparecido em provas. 
 
Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015 
Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos 
direitos humanos. 
As três vertentes da proteção internacional da pessoa humana, a saber, os 
direitos humanos, o direito humanitário e o direito dos refugiados, foram 
consagradas nas conferências mundiais da última década de 90. Não 
obstante, a implementação dessas vertentes deve atender às demandas de 
cada região, mesmo que não haja sistemas regionais de proteção. 
Comentários 
Ao ler a questão tendemos a marcá-la como incorreta por referir que as vertentes 
“foram consagradas nas conferências mundiais da última década de 90”. 
Contudo, está correta a assertiva. 
A questão aqui envolve uma discussão interessante. 
Primeiramente, cumpre observar que, de fato, as três vertentes são: 
 direitos humanos 
 direito humanitário 
 direito dos refugiados 
Na vertentedo Direito dos Refugiados há a preocupação dos 
Estados em proteger pessoas vítimas de discriminação (cultural, 
racial), de limitações às liberdades de expressão e de opinião 
política.
 
 
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Até aqui sem problemas. 
Vimos, contudo, que a vertente dos Direitos Humanos (stricto sensu) tem como 
referenciais a ONU, criada em 1945, e a OEA, fundada em 1948. 
Sabemos também que o Direito Humanitário surge em razão das Grandes 
Guerras Mundiais, surgindo na década de 50, após conferências realizadas em 
Genebra, em Haia e em Nova Iorque. 
Por fim, o Direitos dos Refugiados tem como marco o período pós 2ª Guerra 
Mundial, com destaque para o Estatuto dos Refugiados, de 1951. 
Então, como pode estar correta a afirmação de que essas vertentes se 
consagraram nas conferências da década de 90? 
Justamente aqui está o diferencial da questão. Muito embora esses eixos tenham 
surgido anteriormente, foi com a Convenção de Viena de 1993 que esses eixos 
foram consagrados internacionalmente, conferindo impulso à internacionalização 
dos Direitos Humanos. A Convenção de Viena de 1993 é fundamental por 
consolidar os rumos dos Direitos Humanos e por fortalecer os sistemas 
internacionais de proteção. Portanto, está correta a assertiva. Notem que o 
enunciado não fala em "surgimento", mas em "consagração". 
Vejamos, por fim, um esquema que resume as três vertentes acima estudadas. 
 
1ª VERTENTE: 
DIREITOS HUMANOS
•Proteção
internacional à
dignidade da pessoa
humana (conceito).
•Características: a)
legitimidade ativa do
signatário do tratado
para denunciar lesões a
direito humanos; e b)
possibilidade de
peticionamento pelo
indivíduo que teve seu
direito violado junto aos
orgãos internacionais.
•Organismos
Internacionais: a) ONU;
e b) OEA.
•Documentos: a) Carta
das Nações Unidas; e b)
Convenção Americana
de Direitos Humanos.
2ª VERTENTE: DIREITO
HUMANITÁRIO
•Garantia de paz e
segurança dos grupos
vulneráveis em razão
de conflitos militares
e bélicos (conceito).
•Características: a)
consolida a posição do
indivíduo como sujeito
passivo de direito
internacional; e b)
impossibilidade de
peticionamento pelo
indivíduo que teve seu
direito humano violado.
•Organismos
Internacionais: a)
Movimento Internacional
da Cruz Vermelha; e b)
Tribunal Penal
Internacional.
•Documento: Direito de
Genebra.
3ª VERTENTE: DIREITO
DOS REFUGIADOS
•Proteção contra
violações a direitos
civis, em decorrência
de discriminações, de
limitações às
liberdades de
expressão e à opinião
política (conceito).
•Marco Histórico: pós 2ª
Guerra Mundial, quando
houve a necessidade de
repatriamento das
vítimas dos conflitos
bélicos.
•Documento: Estatuto
dos Refugiados, de
1951.
•Princípios: a) princípio
do in dubio pro
refugiado; e b) princípio
da não-devolução.
 
 
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3 - Declaração Universal de Direitos Humanos 
3.1 - Introdução 
A Declaração Universal de Direitos Humanos 
(DUDH ou UDHR pela sigla em inglês), editada em 
1948, é o principal instrumento do Sistema 
Global e a principal contribuição para a 
universalização da proteção ao ser humano. 
A partir do seu texto, extrai-se que a proteção à 
dignidade da pessoa decorre da simples condição 
humana. 
Já de início memorize: 
 
 
Em razão do contexto histórico, bem como pela maciça adesão ao seu texto (48 
ratificações e apenas 8 abstenções, sem reservas ou questionamentos) a 
Declaração é considerada fonte motriz dos sistemas de direitos humanos 
existentes. 
Seu texto consagra diversos direitos. Durante sua elaboração houve consenso 
da comunidade internacional quanto aos direitos de primeira dimensão, 
os seja, os direitos de liberdade, abrangendo os direitos civis e políticos. Contudo, 
no que diz respeito aos direitos sociais, econômicos e culturais – inseridos 
na segunda dimensão dos Direitos Humanos – houve grande embate político 
à época. 
Estudamos, em História, que EUA e URSS, aliados na Segunda Guerra Mundial, 
saíram fortalecidos da Guerra, porém guardavam concepções políticas distintas. 
Os EUA – seguindo concepção capitalista – acreditam num Estado não-
intervencionista, que defende a mínima regulação de direitos, deixando para 
as relações privadas o desenvolvimento da comunidade como um todo. A URSS, 
por outro lado, – adotando um regime comunista – acreditava na necessidade de 
intervir ostensivamente na sociedade para regular diversos temas, 
especialmente os atinentes aos direitos sociais, econômicos e culturais. Assim, 
os EUA procuraram impor restrições às garantias de direitos de segunda 
dimensão, ao passo que a URSS defendia a máxima garantia dos direitos 
DUDH
É o principal instrumento do Sistema Global
É a principal contribuição para a universalização da proteção ao ser 
humano.
 
 
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prestacionais. Esse confronto intensifica-se com o passar dos anos, cujo ápice é 
a Guerra Fria. 
De toda forma, acabou prevalecendo a ideia de que os direitos de liberdade (de 
primeira dimensão) e os direitos de igualdade (de segunda dimensão) possuem 
igual valor e devem ser assegurados com a maior efetividade possível. 
Segundo Rafael Barretto9: 
Acabou prevalecendo a concepção, que é hoje dominante, da inexistência de categorias de 
direitos humanos, se reconhecendo que direitos liberais e sociais integrariam um todo único, 
indivisível e interdependente, de modo que os direitos humanos deveriam ser 
compreendidos em sua unidade. 
Ainda no campo das dimensões dos Direitos Humanos discute-se acerca da 
previsão ou não de direitos de terceira dimensão. Há doutrinadores que 
afirmam que os direitos de solidariedade e de fraternidade somente foram 
reconhecidos mais tarde. Cita-se como exemplo a proteção ao meio ambiente, 
que passou a ser cogitada somente a partir de 1960. Por outro lado, existem 
doutrinadores que afirmam que existem direitos de terceira dimensão na DUDH, 
especialmente porque o art. 1º do referido diploma prevê o direito ao 
desenvolvimento, característico da terceira dimensão dos Direitos Humanos. 
Nesse contexto, Rafael Barreto, por exemplo, ensina que a DUDH é marco teórico 
dos direitos de terceira dimensão. Esse posicionamento, inclusive, já foi objeto 
de questões. 
Para a sua prova sugerimos a máxima cautela. Se formos 
analisar a íntegra da DUDH vamos perceber que inicialmente 
o documento se debruça sobre os direitos civis e políticos, 
disciplinando uma série de direitos de liberdade. Num segundo 
momento, são disciplinados inúmeros direitos sociais, econômicos e culturais, 
com a previsão, inclusive, de um rol de direitos trabalhistas. A DUDH não 
desenvolve os direitos de terceira dimensão, não trata deles de forma 
especificada, o que somente ocorrerá na década de 1950. Há, tão 
somente, um dispositivo da DUDH que se ocupa em “alertar” para a 
existência de tais direitos. Em razão disso, acredita-se como correta a 
conclusão de que a DUDH é marco teórico para o desenvolvimento dos 
direitos de solidariedade e de fraternidade, embora não explicite tais 
direitos, como o faz em relação aos direitos de primeira e segunda dimensão. 
Portanto, para a sua prova, leve o quadro abaixo, tendo em mente a ressalva 
acima. 
 
ESTRUTURA DA DUDH 
Dimensão de Direitos Artigos Discussão 
 
9 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl. e atual., Bahia: Editora 
Juspodvim, 2012, p. 129. 
 
 
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DIREITOSHUMANOS – DPU 
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1ª Dimensão dos Direitos 
Humanos 
Artigo 1º ao artigo 21 Consenso na comunidade 
internacional. 
2ª Dimensão dos Direitos 
Humanos 
Artigo 22 ao artigo 30 
Houve discussão – em 
especial entre EUA X URSS – 
porém prevaleceu a tese de 
proteção a esses direitos. 
3ª Dimensão dos Direitos 
Humanos 
Não há previsão direta, mas 
apenas algumas referências 
ao longo do texto. 
Os direitos dessa geração 
foram concebidos mais tarde, 
razão pela qual não constam 
da DUDH. 
Essa é base de estruturação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Vejamos uma questão que cobrou exatamente esse assunto. 
 
Questão – CESPE/DEPEN – Direitos Humanos e Cidadania – 
Agente Penitenciário Federal – 2015 
Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da 
Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 
1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, 
desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo 
o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. 
Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. 
A internacionalização dos direitos humanos, objetivo central da DUDH, é uma 
forma de resposta ao mal absoluto que caracterizou regimes políticos como 
o nazismo, de que o genocídio promovido em campos de extermínio seria o 
exemplo mais dramático. 
Comentários 
Essa assertiva é muito interessante. A DUDH representa um marco fundamental 
para os Direitos Humanos. A internacionalização dos Direitos Humanos é 
marcada, por entre outros motivos, pela estruturação da ONU e pela edição da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
É exatamente esse o ensinamento da doutrina exposta em aula: 
Nesse contexto, leciona Sidney Guerra10: 
Consolida-se o movimento da internacionalização dos direitos humanos, no qual as relações 
dos Estados com seus nacionais deixam de ter apenas o interesse doméstico e passam a 
ser de interesse internacional, e definitivamente o sistema internacional deixa de ser apenas 
 
10 GUERRA, Sidney. Direitos Humanos, 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva: 2014, p. 105. 
 
 
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um diálogo entre Estados, sendo a relação de um Estado com seus nacionais uma questão 
de interesse internacional. 
Portanto, a assertiva está correta. 
3.2 - Direitos albergados 
São diversos os direitos previstos na DUDH. A doutrina11 elenca o rol de direitos 
que são assegurados pela DUDH. Não há necessidade de decorá-los, mas uma 
leitura atenta permite concluir que nossa Constituição Federal, alinhada ao 
sistema global de direitos humanos, reproduziu todos esses direitos em seu texto, 
especialmente na parte inicial, relativa aos direitos e garantias fundamentais. 
Vejamos: 
 
DIREITOS NA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS 
• vida, liberdade e segurança pessoal; 
• proibição de escravidão e servidão; 
• proibição de tortura e tratamento cruel, desumano ou degradante; 
• reconhecimento como pessoa; 
• igualdade; 
• proibição de prisão arbitrária; 
• justa e pública audiência perante um tribunal independente e imparcial; 
• presunção de inocência; 
• vida privada; 
• liberdade de locomoção; 
• direito de asilo, que não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente 
motivada por crime de direito comum; 
• direito a ter uma nacionalidade; 
• contrair matrimônio e fundar uma família; 
• propriedade; 
• liberdade de pensamento, consciência e religião; 
• liberdade de reunião e associação pacífica; 
• fazer parte do governo do país; 
• acesso ao serviço público do país; 
• segurança social; 
• trabalho; 
 
11 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 130/1. 
 
 
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• repouso e lazer; 
• padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e à sua família, saúde e bem-estar, inclusive 
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais 
indispensáveis; 
• instrução (educação); e 
• participar livremente da vida cultural. 
Não vamos analisar todos esses direitos na aula de hoje, mas apenas os principais 
e aqueles que são cobrados com frequência em provas de concurso público. De 
todo modo, sugere-se a leitura da íntegra da Declaração, disponibilizada em aula 
anexa. 
3.3 - Natureza jurídica 
Uma das discussões que permeia a DUDH é quanto à sua natureza. Há quem 
afirme que se trata de um tratado, outros dizem ser somente uma resolução, de 
maneira que seria possível questionar o caráter vinculativo do documento. 
DUDH: tratado ou resolução? 
Os tratados internacionais são reconhecidos juridicamente como 
obrigatórios, pois se consubstanciam num conjunto de normas cogentes 
e vinculantes daqueles que o assinam. 
As resoluções, por sua vez, constituem meras recomendações, 
documentos de caráter diretivo, sem força jurídica vinculante. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, conforme ensina Flávia Piovesan12, 
foi adotada sob a forma de resolução, o que levou muitos estudiosos a afirmarem 
que o documento constituía mera carta de recomendações. Contudo, outra 
corrente de pensamento, majoritária no Brasil e, hoje, de maior expressão na 
comunidade internacional, compreende que A DECLARAÇÃO POSSUI 
CARÁTER JURÍDICO. Para tanto, são vários os argumentos utilizados. Para nós 
interessa dois deles: 
 
12 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 13ª 
edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 210. 
 
 
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Vejamos, ainda, os ensinamentos de Flávia Piovesan13 a respeito do tema: 
A Declaração Universal de 1948, ainda que não assuma a forma de tratado internacional, 
apresenta força jurídica obrigatória e vinculante, na medida em que constitui a interpretação 
autorizada da expressão ‘direitos humanos’, constante dos art. 1º, 3 e art. 55 da Carta das 
Nações Unidas. 
Para endossar o caráter jurídico da DUDH, como ressalta Sidney Guerra14, a Corte 
Internacional de Justiça, criada em 1980, reconheceu que, embora o seu texto 
tenha sido editado sob a forma de Resolução, se apresenta como uma higher 
law, vale dizer, apresenta-se como uma norma superior que não pode ser 
desprezada. 
Temos, portanto, a seguinte síntese para fins de provas... 
 
3.4 - Estrutura 
Na estrutura textual da DUDH, podemos identificar dois blocos de assuntos: os 
fundamentos e os direitos substantivos. 
O início do preâmbulo da DUDH proclama os fundamentos que levaram à 
edição da resolução. Em termos sintéticos, podemos afirmar que fundamento 
 
13 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 211. 
14 GUERRA, Sidney. Direito Humanos, p. 110. 
•A DUDH constitui interpretação autorizada da 
Carta das Nações Unidas (art. 1º, 3; e art. 55) 
e, por esse motivo, possui força jurídica 
vinculante.
1º argumento
•A DUDH constitui norma jurídica vinculante 
porque integra o direito costumeiro e os 
princípios gerais de direito, pois (a) as 
constituições – a exemplo da do Brasil –
incorporaram seus preceitos no texto; (b) a ONU, 
em seus diversos documentos, faz remissões ao 
seu texto, alertando para o seu caráter 
obrigatório; e (c) várias decisões proferidas pelas 
diversas cortes internacionais referem-se à DUDH
como fonte dodireito.
2º argumento
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS É VINCULANTE, 
EMBORA TENHA SIDO EDITADA COMO RESOLUÇÃO, POIS:
•É interpretação autorizada da expressão "direitos humanos" da Carta das Nações
Unidas.
•Transformou-se ao longo dos anos em norma internacional costumeira ou princípio
geral do direito internacional.
•Exerce impacto nas constituições dos Estados.
•Serve como fonte para as fundamentações de decisões das cortes internacionais.
 
 
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básico da DUDH é a dignidade que, como vimos, é o núcleo do direito 
internacional dos Direitos Humanos. 
Ademais, resta como fundamento da DUDH a reação da comunidade internacional 
às barbáries perpetradas na 2ª Guerra Mundial, de modo que propugna pela 
manutenção de relações amistosas entre os Estados, sempre priorizando os 
direitos do homem. 
Os fundamentos da DUDH constam do preâmbulo do documento propriamente. 
Após os fundamentos, a DUDH passa a discorrer, em seus artigos, os direitos, 
especialmente os direitos de primeira e de segunda dimensão. 
 
Na sequência vamos trazer, de forma destacada, as principais regras da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
3.5 - Principais disposições da DUDH 
Preâmbulo 
O preâmbulo da DUDH traz a dignidade da pessoa como elemento central, como 
fundamento de toda a comunidade internacional. Vimos no início da aula que a 
dignidade da pessoa é o núcleo do direito internacional dos direitos 
humanos, o que fica evidente no preâmbulo da DUDH. 
 
Vejamos duas questões que tratam do preâmbulo e da dignidade da pessoa. 
 
Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico 
Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela 
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1948, marcou um 
novo tempo na proteção internacional dos indivíduos. Considerando o 
preâmbulo desse documento, julgue os itens a seguir. 
Os estados-membros da Organização das Nações Unidas se comprometem 
a promover o respeito universal aos direitos e às liberdades humanas 
fundamentais. 
PREÂMBULO Fundamentos
ARTIGOS Direitos Substantivos
DIGNIDADE DA PESSOA Núcleo da DUDH
 
 
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Comentários 
A assertiva está correta, uma vez que reproduz excerto do preâmbulo da DUDH: 
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação 
com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades 
fundamentais e a observância desses direitos e liberdades, 
O princípio da dignidade da pessoa humana foi reconhecido pela Constituição 
Federal no art. 1º, como um fundamento da República: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana; (...). 
Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico 
Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela 
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1948, marcou um 
novo tempo na proteção internacional dos indivíduos. Considerando o 
preâmbulo desse documento, julgue os itens a seguir. 
O respeito aos direitos humanos pelo império da lei é essencial para que as 
pessoas não sintam necessidade de recorrer à rebelião contra a tirania e a 
opressão. 
Comentários 
A assertiva está correta. É o que se extrai do excerto do preâmbulo abaixo 
citado: 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de 
Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra 
tirania e a opressão, 
Sigamos com o conteúdo teórico. 
Isso denota que a nossa Constituição está alinhada à diretriz internacional de 
proteção aos Direitos Humanos. 
Destaca-se também do preâmbulo o quanto foram importantes e determinantes 
as Grandes Guerras Mundiais para o desenvolvimento e a consolidação da nossa 
disciplina. Vimos em aulas passadas que a cada atrocidade constata-se reação 
da sociedade contra atos violadores dos direitos humanos. A 2ª Guerra 
Mundial, nesse contexto, é fundamental para o desenvolvimento da ONU 
e, posteriormente, para o surgimento da DUDH. 
Ademais, os Direitos Humanos constituem os direitos que o homem possui 
pelo fato de ser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade que 
a ela é inerente. São direitos que não resultam de uma concessão da sociedade 
política, mas decorre exclusivamente da condição humana. 
Para a defesa desses direitos, a DUDH fala em relações amigáveis entre os 
Estados-membros e a compreensão de que a defesa dos direitos humanos e das 
 
 
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liberdades fundamentais devem ser compreendidos de maneira geral e 
irrestrita pela comunidade internacional. 
Para tanto, os membros devem se esforçar para estabelecer meios e 
instrumentos de implementação dos direitos assegurados ao longo do 
Documento, especialmente por intermédio do ensino e da educação quanto à 
importância dos Direitos Humanos. 
Nessa linha, nossa Constituição Federal incorporou ao seu Texto várias normas 
previstas na Declaração, deixando manifesto a intenção do Constituinte Originário 
em atingir a máxima efetividade e a máxima aplicabilidade dos Direitos Humanos. 
Quanto ao preâmbulo podemos destacar: 
 
 
Princípio da Igualdade 
Já nos primeiros dispositivos a DUDH consagra, lado a lado, o direito à igualdade 
e os direitos de liberdade, com destaque para a igualdade, que pode ser 
considerado como um princípio informador da DUDH. 
No art. VI a DUDH fala da igualdade perante a lei, ou seja, da igualdade em 
sentido formal. Aqui temos a manifestação do princípio da igualdade, sem 
considerar a disparidade entre as pessoas, o que justificaria o tratamento 
diferenciado. 
Contudo, princípio da igualdade na DUDH não deve ser meramente formal, 
mas uma igualdade material. É o que se extrai dos arts. I e II, que preveem a 
necessidade de adoção de mecanismos para igualar desníveis existentes na 
sociedade. Essa faceta da igualdade, em sentido material, revela o princípio da 
isonomia. 
Ademais, a DUDH rejeita qualquer distinção em razão do sexo, da língua, da 
religião, da opinião política, em decorrência da origem nacional, das condições 
sociais ou econômicas. Vale dizer, são repelidas quaisquer formas de 
discriminação. O fato ser de humano é suficiente para ser tratado como 
igual, não se justificando qualquer diferenciação. 
Portanto... 
•A dignidade – núcleo da DUDH – decorre da mera condição humana e
independe de concessão política da sociedade.
•As atrocidades decorrentes das Guerras Mundiais foram determinantes para o
processo de internacionalização dos Direitos Humanos.
•A comunidade deve se esforçar para criar meios de implementação dos direitos
previstos na Declaração.
PREÂMBULO
 
 
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Vejamos uma questão sobre o tema. 
 
Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico 
Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de 
garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos 
por pessoas que desempenham funções públicas. Considerandoas 
disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. 
Não se pode impor tratamento diferenciado nem impedir a entrada nas 
dependências da administração pública à pessoa que exteriorize credo 
religioso por meio da utilização de palavras, sinais, símbolos ou imagens. 
Comentários 
A assertiva está correta, pois veda-se a discriminação em razão das crenças 
religiosas da pessoa, conforme se extrai do art. 2º, da DUDH: 
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos 
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, 
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, 
nascimento, ou qualquer outra condição. 
Direitos à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. 
O art. III, da DUDH, destaca três direitos de primeira dimensão: direito à vida, 
direito à liberdade e direito à segurança. 
Assim, combinando os arts. I a III, temos: 
A DUDH
A CONSAGRA:
o princípio da igualdade 
formal (igualdade perante a 
lei)
o princípio da igualdade 
material (isonomia)
 
 
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DIREITOS HUMANOS – DPU 
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O direito à propriedade é prescrito apenas no art. XVI, da DUDH. 
A exemplo do que dissemos acima, essas regras foram trazidas de forma 
semelhante para a Constituição Federal, que prevê o art. 5º, caput: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
Quanto aos direitos de propriedade, vejamos uma questão. 
 
Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico 
Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de 
garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos 
por pessoas que desempenham funções públicas. Considerando as 
disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. 
A apreensão de bem alheio não precisa ser formalmente justificada quando 
estiver evidente que o bem apreendido possa vir a ser utilizado para 
prejudicar a continuidade do serviço público. 
Comentários 
A assertiva está incorreta, pois o art. 17 prevê que ninguém será privado 
arbitrariamente de sua propriedade privada. 
Artigo XVII 
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. 
Além disso, o exercício das liberdades somente poderá ser restringida por lei, nos 
termos do art. 24: 
 
Artigo XXIV 
1.Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno 
desenvolvimento de sua personalidade é possível. 
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações 
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e 
respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, 
da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 
PRINCÍPIO/DIREITOS 
HUMANOS ESSENCIAIS
Princípio da 
igualdade Direito à vida
Direito à 
liberdade
Direito à 
segurança
Direito à 
propriedade
 
 
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DIREITOS HUMANOS – DPU 
teoria e questões 
Aula 02 – Prof. Ricardo Torques 
 
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos 
contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. 
Vedação à escravidão e à tortura, tratamento cruel, desumano ou 
degradante 
Nos arts. IV e V, a DUDH veda a escravidão e a tortura, tratamento cruel, 
desumano ou degradante. É importante registrar que, embora ventile-se que 
inexiste direito fundamental (e, por decorrência, humano de caráter absoluto), 
para parte da doutrina esses direitos são absolutos, não havendo hipótese em 
que possam ser flexibilizados. 
Dito de outra forma, não há situação que permita a colocação da pessoa em 
situação de escravidão ou a submissão à tortura, tratamento cruel, desumano ou 
degradante. 
Portanto: 
 
Do mesmo modo, a Constituição Federal, no art. 5º, III, dispõe: 
III - Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
Vejamos uma questões sobre o tema. 
 
Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico 
Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de 
garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos 
por pessoas que desempenham funções públicas. Considerando as 
disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. 
Medidas degradantes podem ser utilizadas para impedir a depredação do 
patrimônio público quando se revelarem a única maneira de se preservar o 
interesse social. 
Comentários 
A assertiva está incorreta, pois a DUDH não traz qualquer exceção ao 
tratamento degradante. Vejamos o que dispõe o art. 5º, da DUDH: 
Artigo V 
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano 
ou degradante. 
PARA PARTE DA DOUTRINA DE 
DIREITOS HUMANOS
a vedação à tortura e à escravidão 
constituem direitos humanos 
absolutos
 
 
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A vedação à tortura consiste, segundo doutrina contemporânea, um direito 
humano de caráter absoluto, exceção à característica da relatividade dos 
Direitos Humanos. 
A DUDH, já nos dispositivos iniciais, procurou assentar que são proibidos 
quaisquer formas de escravidão, servidão ou submissão de pessoas à tortura ou 
tratamento cruel, desumano ou degradante. 
Direitos e Garantias Processuais 
A DUDH prevê: 
 
Sabe-se que o devido processo legal é o corolário maior do Direito Processual. 
Afirma-se que todos os demais direitos e garantias processuais decorrem do 
devido processo legal. 
A DUDH adota uma posição analítica, explicitando outros direitos e garantias 
processuais relevantes. 
O art. IX traz uma garantia penal de que a prisão, detenção ou exílio somente 
ocorrerá por intermédio do devido processo penal, de modo que ninguém será 
privado da liberdade de modo arbitrário. 
Vejamos uma questão sobre essa liberdade. 
 
Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico 
Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 
GARANTIAS 
PROCESSUAIS DA 
DUDH
devido processo legal
vedação à prisão/detenção/exílio 
arbitrários
igualdade no processo
imparcialidade do julgador
publicidade dos atos processuais
princípio da presunção de inocência
princípio da irretroatividade da lei 
penal
 
 
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de 
garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos 
por pessoas que desempenham funções públicas. Considerando as 
disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. 
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado; sendo assim, 
qualquer detenção deve ser formalmente justificada. 
Comentários 
A assertiva está correta, em razão do que prevê o art. 9º, da DUDH: 
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
O dispositivo acima traz uma garantia penal de que a prisão, detenção ou exílio 
somente ocorrerá por intermédio do devido processo penal, de modo que 
ninguém será privado da liberdade de modo arbitrário. 
Sigamos com o conteúdo teórico. 
Na CF esse dispositivo é tratado de forma semelhante no art. 5º, LXI:LXI - Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei. 
O art. X, da DUDH, assegura igual tratamento às partes envolvidas no processo 
e, especial, um juiz imparcial. Em direito processual, a violação à parcialidade do 
juiz – seja por impedimento, seja por suspeição – é motivo de nulidade do 
processo, denotando a importância referida a tal garantia. Além disso, o 
dispositivo exige que o processo seja público. 
Ademais, o art. XXI consagra dois princípios penais muito relevantes: 
 princípio da presunção de inocência; e 
 princípio da irretroatividade da lei penal. 
Com relação aos princípios supracitados, a CF os traz no art. 5º, nos seguintes 
incisos: 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
Antes de seguirmos, cumpre registrar que o princípio da 
irretroatividade da lei penal, segundo nosso ordenamento 
constitucional, é mais protetivo, uma vez que ganha um 
adjetivo. Melhor explicando: na DUDH somente há previsão 
do princípio da irretroatividade; na CF fala-se em princípio da irretroatividade 
maléfica. Vale dizer, a lei retroagirá se benéfica ao réu. Essa informação não 
consta da DUDH. 
Portanto, atenção! 
 
 
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A seguir uma questão sobre o princípio da inocência. 
 
Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico 
Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de 
garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos 
por pessoas que desempenham funções públicas. Considerando as 
disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. 
A presunção de inocência não socorre a quem tem maus antecedentes. 
Comentários 
A assertiva está incorreta, pois não há limitação à presunção de inocência em 
razão de condenações anteriores. 
Artigo XI 
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até 
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no 
qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não 
constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena 
mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. 
Sigamos com o conteúdo teórico. 
O art. 10, da DUDH, assegura igual tratamento às partes envolvidas no processo 
e, especial, um juiz imparcial. Em direito processual, a violação à parcialidade do 
juiz – seja por impedimento, seja por suspeição – é motivo de nulidade do 
processo, denotando a importância referida a tal garantia. 
Ademais, o art. 11 consagra dois princípios penais muito relevantes: princípio 
da presunção de inocência e o princípio da irretroatividade da lei penal. 
Com relação aos princípios supracitados, a CF os traz no art. 5º, nos seguintes 
incisos: 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
DUDH princípio da irretroatividade penal
CF princípio da irretroatividade maléfica
 
 
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Cotejando a CF com a DUDH, cumpre registrar que o princípio da irretroatividade 
da lei penal, segundo nosso ordenamento constitucional, é mais protetivo, uma 
vez que ganha um adjetivo. Melhor explicando: na DUDH somente há previsão 
do princípio da irretroatividade; na CF fala-se em princípio da irretroatividade 
maléfica. Vale dizer, a lei retroagirá se benéfica ao réu. 
Vejamos, na sequência, uma questão que trata do princípio da legalidade, 
inerente às garantias processuais. 
 
Questão – FUNIVERSA/SESIPE-DF – Agente Penitenciário - 
2015 
Com relação aos direitos humanos, julgue os itens seguintes: 
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, toda pessoa, no 
exercício de seus direitos e de suas liberdades, estará sujeita apenas às 
limitações determinadas por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o 
devido reconhecimento e respeito dos direitos e das liberdades de outrem e 
de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar 
de uma sociedade democrática. 
Comentários 
Para responder a essa questão devemos conhecer o disciplinado no artigo 24, 
item 2, da DUDH, o qual citamos ressaltando a relevância de se estudar a 
literalidade do documento para fins de prova: 
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações 
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e 
respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, 
da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 
Logo, como a assertiva constitui reprodução do dispositivo acima citado, resta 
correta a assertiva. 
O dispositivo acima consagra o princípio da legalidade, aplicável às relações 
privadas, segundo o qual as pessoas podem praticar todos os atos, excetos 
aqueles vedados por lei. 
Esse princípio é denominado também de princípio da legalidade genérica 
(fundado no art. 5º, II, da CF), para distingui-lo do princípio da legalidade 
aplicável à Administração Pública, que observa o art. 37, II, da CF. 
Direito à intimidade e à vida privada e à inviolabilidade domiciliar 
A DUDH trata desses direitos no art. XII, mesmos direitos adotados pela CF nos 
incisos abaixo: 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
 
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XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, NINGUÉM nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, SALVO em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, DURANTE O DIA, por determinação judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e 
das comunicações telefônicas, SALVO, no último caso [comunicações telefônicas], por 
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal; 
Direito de ir e vir 
No art. XIII explicita-se a máxima do direito de liberdade, que é o direito de ir e 
vir. A DUDH explicita não apenas o direito de transitar livremente pelo país, bem 
como o direito de deixá-lo e, quando bem entender, retornar ao país de origem. 
Esse direito abrange: 
 
Direito de asilo 
O art. XV trata do direito de asilo, que na tradicional divisão de vertentes dos 
Direitos Humanos, consagra a vertente do Direito dos Refugiados. Em termos 
simples, o direito de asilo remete à prerrogativa conferida à pessoa que é alvo 
de perseguição política, racial ou por convicções religiosas em seu país de origem, 
de ser protegida por outros países. 
Do dispositivo é importante sabermos as duas hipóteses em que tal direito não 
poderá ser invocado. 
 
Não custa lembrar, mas a concessão de asilo é considerado um dos princípios 
que regem o Brasil nas relações internacionais. Vejamos o que dispõe o art. 4º, 
X, da CF: 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelosseguintes princípios: (...) 
X - concessão de asilo político. (...) 
Vejamos uma questão pertinente ao assunto. 
 
DIREITO DE 
TRANSITAR PELO 
PAÍS
DIREITO DE 
DEIXÁ-LO 
LIVREMENTE
DIREITO DE 
REGRESSAR AO 
PAÍS QUANDO 
DESEJAR
NÃO PODERÁ SER INVOCADO O 
DIREITO DE ASILO EM
crimes de direito comum atos contrários aos propósitos e princípio das Nações Unidas
 
 
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Questão – FUNIVERSA/SESIPE-DF – Agente Penitenciário - 
2015 
Com relação aos direitos humanos, julgue os itens seguintes: 
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o direito de asilo 
pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por 
crimes de direito comum. 
Comentários 
O direito de asilo é disciplinado pela DUDH, no artigo 14, do seguinte modo: 
Artigo XIV 
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros 
países. 
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente 
motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e 
princípios das Nações Unidas. 
Do destacado devemos compreender que existem duas hipóteses em que o 
direito de asilo não poderá ser invocado. Não poderá ser invocado o direito caso 
o sujeito seja perseguido pela prática de crimes de direito comum ou em razão 
da prática de atos contrários aos propósitos e princípios da ONU. 
Desse modo, a assertiva está incorreta, pois ao contrário do afirmado, trata-se 
de hipótese em que o direito de asilo não poderá ser invocado. 
Direito de Nacionalidade 
A DUDH, no art. XV, assegura a todas as pessoas uma nacionalidade. Desse 
modo, repudia-se toda e qualquer medida que implique na condição de apátrida 
do sujeito. 
Para tanto, veda a cassação da nacionalidade de forma arbitrária. Além disso, 
assegura o direito de mudar de nacionalidade, se assim quiser o cidadão. 
Os direitos de nacionalidade são descritos de forma analítica nos arts. 12 e 13, 
da CF. 
Vejamos a seguir uma questão do assunto. 
 
Questão – CESPE/DEPEN – Direitos Humanos e Cidadania – 
Agente Penitenciário Federal – 2015 
Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da 
Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 
1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, 
desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo 
 
 
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o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. 
Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. 
Embora afirme que toda pessoa tem direito à nacionalidade, a DUDH 
reconhece o direito dos governos de, arbitrariamente, privar alguém de sua 
nacionalidade. 
Comentários 
Essa é uma assertiva que poderíamos responder sem mesmo conhecer a 
literalidade dos dispositivos. Privar alguém arbitrariamente de determinado 
direito não é tolerável num Estado de Direito. 
De todo modo, quanto aos direitos de nacionalidade, o art. 15, da DUDH, traça 
apenas uma diretriz geral, enunciando que todos têm o direito a uma 
nacionalidade, de modo que ninguém será arbitrariamente privado da sua, muito 
menos obrigado a mudá-la. Vejamos: 
Artigo XV 
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de 
mudar de nacionalidade. 
Logo, a assertiva está incorreta. 
Direito de constituir família 
O art. XVI, da DUDH, refere-se a direito de segunda dimensão, relacionando-se 
aos direitos de família. Assegura a Resolução que a todas as pessoas – sem 
quaisquer discriminações e com iguais direitos – a faculdade de contrair 
matrimônio e de constituir família. 
Direito à liberdade de expressão 
Consectário do direito de liberdade, a liberdade de expressão é expressamente 
prevista nos arts. XVIII e XIX da DUDH, sendo assegurada também em nosso 
Texto Constituição de forma muito semelhante. 
Nesse contexto, vejamos o art. 5º, VI, da Constituição: 
VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício 
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas 
liturgias. 
A liberdade de pensamento refere-se ao direito de exprimir suas ideias, relativas 
à ciência, à religião etc. Trata-se de liberdade de conteúdo intelectual e supõe o 
contato do indivíduo com seus semelhantes. 
Há outra norma semelhante entre os incisos do art. 5º: 
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença. 
Na vida em sociedade, o homem constantemente se relaciona e se comunica com 
as pessoas em geral exprimindo suas opiniões. As opiniões podem determinar 
relações mútuas na comunidade em que se insere a pessoa. Entretanto, em razão 
 
 
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de suas opiniões são inaceitáveis violações a direitos ou tolhimento de direitos 
por motivo de discriminação. 
Vejamos a seguir uma questão do assunto. 
 
Questão – CESPE/DEPEN – Direitos Humanos e Cidadania – 
Agente Penitenciário Federal – 2015 
Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da 
Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 
1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, 
desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo 
o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. 
Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. 
A liberdade de pensamento e de expressão e a liberdade de religião 
constituem pilares da DUDH. 
Comentários 
Sobre o assunto, a DUDH disciplina dois artigos: 
Artigo XVIII 
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito 
inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião 
ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, 
em público ou em particular. 
Artigo XIX 
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade 
de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias 
por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 
Notem que os consectários do princípio da liberdade, quais sejam: liberdade de 
expressão, de pensamento e de religião são previstos na DUDH. Evidentemente 
que os direitos de liberdade são um dos pilares mais importantes da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. 
Os direitos de liberdades, direitos de primeira dimensão, juntamente com os 
direitos relacionados à igualdade, constituem a base da DUDH. 
Logo, a assertiva está correta. 
Direito de reunião 
Também relacionado com a liberdade, o art. XX, da DUDH, disciplina o direito de 
reunião. Destaca o Documento Internacional que o direito de reunião é 
assegurado para fins pacíficos e a adesão deve ser voluntária. 
 
 
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Na Constituição Federal, art. 5º, são vários os incisos que consubstanciam o 
direito de reunião e a liberdade de associação. São eles: 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização,

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