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Aula 02 Direitos Humanos p/ DPU (Defensor Público da União) Professor: Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Aula 02 Proteção Internacional dos Direitos Humanos Sumário 1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 3 2 - Proteção Internacional dos Direitos Humanos ................................................................ 3 2.1 - Precedentes Históricos .......................................................................................... 3 2.2 - Internacionalização dos Direitos Humanos ............................................................... 5 2 3 - Sistemas de Proteção Internacional dos Direitos Humanos ........................................ 8 2 4 - As Três Vertentes de Proteção Internacional .......................................................... 11 3 - Declaração Universal de Direitos Humanos .................................................................. 18 3.1 - Introdução ........................................................................................................ 18 3.2 - Direitos albergados ............................................................................................ 21 3.3 - Natureza jurídica ................................................................................................ 22 3.4 - Estrutura .......................................................................................................... 23 3.5 - Principais disposições da DUDH ............................................................................ 24 4 - Os pactos de 1966 ................................................................................................... 42 4.1 - Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos ...................................................... 45 4.2 - Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais .............................. 68 5 – Questões ................................................................................................................ 76 5.1 - Questões sem Comentários ................................................................................. 76 5.2 – Gabarito ........................................................................................................... 94 5.3 - Questões com Comentários ................................................................................. 96 6 - Lista das Questões de Aula ...................................................................................... 147 7 – Resumo ................................................................................................................ 153 8 - Considerações Finais .............................................................................................. 176 Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 1 - Considerações Iniciais Conforme o cronograma de aulas, hoje veremos: Proteção Internacional dos Direitos Humanos. Declaração universal de direitos humanos. Pacto internacional de direitos civis e políticos. Pacto internacional de direitos econômicos, sociais e culturais. Nesta aula analisaremos a estrutura normativa do Sistema Global, com análise da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos Pactos. Esse trio de normas internacionais formal o International Bill of Rights. Bons estudos! 2 - Proteção Internacional dos Direitos Humanos Os Direitos Humanos difundiram-se pouco antes da 1ª Guerra Mundial, vindo a se consolidar definitivamente como ramo do Direito Internacional Público, após a 2ª Guerra Mundial, com a criação da ONU em 1945. Atualmente, em razão do forte desenvolvimento da disciplina na comunidade internacional, é impossível pensar em Direito Internacional sem passar pela temática dos Direitos Humanos. O Direito Internacional dos Direitos Humanos pode ser definido como a parte do Direito Internacional Público, que se responsabiliza pela temática dos direitos humanos, por meio de um conjunto de normas e de medidas internacionais voltadas à proteção da dignidade da pessoa em sentido amplo. 2.1 - Precedentes Históricos Embora já tenhamos passado por vários aspectos históricos, vamos tratar dos precedentes históricos apontados por Flávia Piovesan1, que servem de fundamento para o desenvolvimento dos Direitos Humanos no âmbito internacional. A importância de estudarmos os precedentes históricos é dupla. Primeiro porque esses precedentes são acontecimentos que marcam o surgimento e a consolidação dos Direitos Humanos na órbita internacional. Segundo porque o assunto é constante em provas de concurso público. Assim, desde logo: 1 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 13ª edição, rev., atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 175/185. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques O direito humanitário refere-se ao conjunto de normas e de medidas que objetivam proteger os direitos humanos nos períodos de guerra, em especial, prisioneiros, combatentes e civis envolvidos. Algum tempo antes da 1ª Guerra Mundial, com o denominado Movimento da Cruz Vermelha, começaram a surgir as primeiras movimentações protetivas de direito humanitário. Por Cruz Vermelha compreende-se um movimento da comunidade internacional voltado à prestação de assistência humanitária, com o objetivo de proteger a vida e a saúde das pessoas envolvidas em conflitos armados. Caracteriza- se a Cruz Vermelha por ser um movimento neutro e imparcial, presente hoje na maioria dos países. A Liga das Nações, por sua vez, criada em 1920, após a 1ª Guerra Mundial, teve por finalidade promover a cooperação, a paz e a segurança internacional. Segundo os doutrinadores, embora não tenha conseguido implementar seus objetivos tendo em vista a deflagração da 2ª Guerra Mundial anos mais tarde, a Liga das Nações constitui o “embrião da ONU”. Por fim, merece menção a Organização Mundial do Trabalho (OIT), criada em 1919, com objetivo de instituir e de promover normas internacionais de condições mínimas e dignas de trabalho. PRECEDENTES HISTÓRICOS Direito Humanitário Liga das Nações OIT Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Conforme ensina Flávia Piovesan, esses precedentes marcam o surgimento dos Direitos Humanos, que irão se consolidar após a 2ª Guerra Mundial. Nesse sentido, vejamos os ensinamentos de Rafael Barreto2, ao comparar “o antes” e “o depois” da 2ª Grande Guerra: Antes, o debate sobre direitos humanos era bem embrionário, começando a ocupar a pauta das discussões internacionais; depois, a ideia de afirmação dos direitos humanos passa a dominar a pauta das discussões internacionais e ocasiona o surgimento de diversas entidades (estatais e privadas) e de diversos atos normativos voltados à proteção dos direitos humanos. Segundo a doutrina, o Tribunal de Nuremberg deu considerável contribuição para a disseminação da proteção internacional dos Direitos Humanos. Embora fosse um órgão de exceção, cuja legalidade era discutível, demonstrou a preocupação da comunidade internacional em punir atos violadores dos direitos humanos, em especial aqueles perpetrados pelos regimes nazifascistas. 2.2 - Internacionalização dos Direitos HumanosOs precedentes acima estudados, juntamente com a deflagração da 2ª Guerra Mundial, implicaram mudança de consciência da sociedade, que se mobilizou contra tais barbáries. Inicialmente, a mobilização foi local, dentro dos limites territoriais. Com o tempo, comunidades e grupos de países passaram a se organizar em prol da defesa dos Direitos Humanos. Com a propagação da preocupação contra violações de Direitos Humanos vários compromissos foram assumidos. Em razão disso, tratados internacionais foram assinados com o objetivo de instrumentalizar e de vincular a vontade dos signatários. Por conta disso, fala-se que determinadas regras internacionais de direitos humanos são tão importantes que, se instrumentalizadas num documento internacional, possuem maior hierarquia em relação às demais normas internacionais. São as denominadas normas jus cogens. As normas jus 2 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl. e atual., Bahia: Editora Juspodvim, 2012, p. 101. DIREITO HUMANITÁRIO conjunto de normas e de medidas que objetivam proteger direitos humanos dos envolvidos em períodos de guerra. Movimento da Cruz Vermelha LIGA DAS NAÇÕES organismo internacional criado com o intuito de promover a cooperação, a paz e a segurança internacional. "embrião da ONU" OIT organismo internacional que teve por objetivo instituir e promover normas internacionais de condições mínimas e digna de trabalho. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques cogens de Direitos Humanos, em razão da essencialidade da matéria que tratam, se impõem sobre qualquer outro regramento internacional. Portanto, em termos bem simples, podemos dizer que a internacionalização dos direitos humanos nada mais é do que a expansão, para além das fronteiras nacionais, dos direitos fundamentais da pessoa humana, bem como a consagração das normas “jus cogens”. De toda forma, questiona-se o motivo pelo qual os Estados aceitam se condicionar aos tratados internacionais de direitos humanos, uma vez que esses tratados trazem apenas deveres aos países acordantes, ao contrário, por exemplo, de tratados e de acordos econômicos que trazem ônus e benefícios para os signatários. Segundo André Carvalho Ramos3, seis são os motivos principais que, conjuntamente, levaram à internacionalização dos Direitos Humanos. Vale dizer que viabilizaram que os Estados, diante de sua soberania, decidissem pela assunção e pelas obrigações perante os demais países: 1. repúdio às barbáries da 2ª Guerra Mundial; 2. vontade dos Estados de adquirir legitimidade na arena internacional, distanciando-se de governos ditatoriais e de constante violação de direitos humanos; 3. forma de estabelecer o diálogo ético entre os povos; 4. finalidade de garantir um patamar mínimo de direitos dignos, que potencializam as relações econômicas entre países (por exemplo, respeito à propriedade, à propriedade intelectual, à vedação ao confisco etc.); 5. intensa atuação da sociedade civil organizada no combate às violações de direitos humanos; e 6. indignação da comunidade como um todo contra o desrespeito a direitos básicos de todo ser humano (“mobilização da vergonha”). Todos esses fatores constituem a base sobre a qual os Direitos Humanos se espraiaram pelo mundo todo, levando à formação de diversos sistemas de proteção. Para fins de prova: 3 RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica). Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Vejamos como o assunto apareceu em provas de concurso público. Questão – CESPE/DEPEN – Direitos Humanos e Cidadania – Agente Penitenciário Federal – 2015 Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. A internacionalização dos direitos humanos, objetivo central da DUDH, é uma forma de resposta ao mal absoluto que caracterizou regimes políticos como o nazismo, de que o genocídio promovido em campos de extermínio seria o exemplo mais dramático. Comentários Essa assertiva é muito interessante. A DUDH representa um marco fundamental para os Direitos Humanos. A internacionalização dos Direitos Humanos é marcada, por entre outros motivos, pela estruturação da ONU e pela edição da Declaração Universal dos Direitos Humanos. É exatamente esse o ensinamento da doutrina exposta em aula: Nesse contexto, leciona Sidney Guerra4: Consolida-se o movimento da internacionalização dos direitos humanos, no qual as relações dos Estados com seus nacionais deixam de ter apenas o interesse doméstico e passam a ser de interesse internacional, e definitivamente o sistema internacional deixa de ser apenas um diálogo entre Estados, sendo a relação de um Estado com seus nacionais uma questão de interesse internacional. Devemos memorizar: 4 GUERRA, Sidney. Direitos Humanos, 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva: 2014, p. 105. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS Constitui a expansão, para além das fronteiras nacionais, dos direitos fundamentais da pessoa humana, bem como a consagração das normas “jus cogens” Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Portanto, a assertiva está correta. Na sequência, vamos pinçar algumas noções iniciais sobre os sistemas de proteção dos direitos humanos. 2 3 - Sistemas de Proteção Internacional dos Direitos Humanos Após os eventos históricos e, em razão dos motivos acima mencionados, a expansão dos Direitos Humanos ocorreu no planeta todo em planos diferentes. No plano internacional geral, a criação da ONU deu origem ao sistema global de Direitos Humanos. Já no plano internacional local, países geograficamente próximos e com características sociais, econômicas e culturais semelhantes uniram-se na defesa dos Direitos Humanos, dando origem aos denominados sistemas regionais de Direitos Humanos. Assim, temos, atualmente, um Sistema Global de Direitos Humanos, capitaneado pela ONU, e sistemas regionais, que se formam no âmbito dos continentes americano, europeu e africano. DUDH É o principal instrumento do Sistema Global É a principal contribuição para a universalização da proteção ao ser humano. SISTEMAS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS Sistema Global (ONU) Sistemas Regionais Sistema Europeu de Direitos Humanos Organização dos Estados Americanos (OEA) Organização da Unidade Africana Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Para fins de prova é importante direcionar o estudo para o Sistema Global e para o Sistema Americano de Direitos Humanos. Em relação ao Sistema Europeu e ao Sistema Africano veremos tão somente os aspectos principais de cada um deles. É importante registrar, ainda, que, para além dos sistemas internacionais de Direitos Humanos, cada país possui uma organização específica em relação ao tema, denominada desistema nacional de proteção aos Direitos Humanos. Também objeto de aula futura, o Brasil possui um arcabouço normativo que se inicia na Constituição Federal e se especializa em diversos diplomas legislativos infracionais. Para além da proteção legal de Direitos Humanos, o Poder Executivo, denotadamente o Poder Executivo Federal, disciplina diversas políticas públicas no sentido de garantir os direitos fundamentais pelos denominados Planos e Programas de Direitos Humanos. Portanto, com influência sobre as relações jurídicas no Brasil temos um sistema interno de proteção aos direitos humanos, que convive com o Sistema Americano de direitos humanos e com o Sistema Global de direitos humanos. Seguindo com o estudo da proteção internacional dos Direitos Humanos, devemos nos ater a um aspecto importante: o inter- relacionamento entre esses diversos sistemas de proteção. Conforme o esquema acima, no Brasil existe um sistema interno que convive com outros dois sistemas internacionais de proteção. Em face disso, questiona-se: E se suas normas forem divergentes? Se uma delas for mais benéfica ou mais exigente que a outra? Qual se aplica? PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Sistema Interno de Proteção aos Direitos Humanos Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos Sistema Americano de Proteção aos Direitos Humanos Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Ao se falar em relacionamento entre os sistemas, podemos vislumbrar três possibilidades de relação, conforme esquema abaixo. No que atine à relação entre o sistema nacional e internacional devemos observar previamente a regra de que o sistema internacional é subsidiário, atuando apenas na omissão das normas de direito interno. Desde logo, lembre-se: Além disso, é possível que esses sistemas prevejam as mesmas regras de direitos humanos. Embora haja certa redundância, entende a doutrina que a proteção por vários planos é positiva para a máxima efetividade da proteção. Há, entre os sistemas, uma relação de complementaridade, em função de que um sistema complementa outro que eventualmente não preveja determinada regra de proteção específica. Por outro lado, podem surgir conflitos entre esses sistemas, hipótese na qual o impasse será definido de acordo com a norma mais benéfica à pessoa humana (assemelha-se ao in dubio pro operario, do Direito do Trabalho)5. 5 Envolvendo a temática de aplicação da norma mais favorável à dignidade da pessoa, sugere-se a leitura do nosso artigo Interpretação “pro homine” dos Direitos Humanos, disponível em https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/interpretacao-pro-homine-dos-direitos- humanos/, acesso em 22.10.2014. SISTEMAS INTERNOS DE CADA PAÍS SISTEMA GLOBAL SISTEMAS REGIONAIS Os sistemas internacionais de proteção aos Direitos Humanos (globais ou regionais) são subsidiários ao dever interno de atuação. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques 2 4 - As Três Vertentes de Proteção Internacional A tese acerca das denominadas “vertentes de proteção internacional dos Direitos Humanos” foi exposta por Antônio Augusto Cançado Trindade. Segundo o autor, por vertentes entende-se a separação em ramos de proteção internacional. O mesmo autor, posteriormente, teceu críticas quanto a essa cisão, afirmando a necessidade de superar a visão compartimentalizada da proteção internacional, de maneira que todos os órgãos e instrumentos devem objetivar a proteção ao ser humano sob qualquer um dos seus aspectos. Nesse sentido leciona Flávia Piovesan6: A visão compartimentalizada, (...), encontra-se definitivamente superada, considerando a identidade de propósitos de proteção dos direitos humanos, bem como a aproximação dessas vertentes nos planos conceitual, normativo, hermenêutico e operacional. Não obstante a superação dessa divisão vamos analisar cada uma das vertentes, pois o assunto é frequente em provas de concurso público. Como sempre, procuraremos expor os assuntos de forma didática e esquematizada, com o fito de facilitar a apreensão dos conceitos-chave para a prova. Assim, desde logo: 6 PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos, 13ª edição, rev., atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2013, p. 224. • A máxima efetividade dos sistemas de proteção. • A relação de complementaridade entre sistemas para a integral proteção aos direitos humanos. • A aplicação da norma mais favorável à vítima de violação a direito humano, quando tutelado por dois ou mais sistemas. INTER-RELACIONAMENTO ENTRE SISTEMAS Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Vejamos cada uma delas. Direitos Humanos Os direitos humanos, enquanto vertente de proteção internacional, ganham relevo na comunidade internacional após o término da 2ª Guerra Mundial, diante do repúdio às violações da dignidade durante a guerra. Em razão disso, os Estados passaram a se reunir e a firmar tratados internacionais que se difundiram e, com o tempo, passaram a ser implementados. Todo esse contexto é sobremaneira importante para a proteção da dignidade da pessoa, objeto dos Direitos Humanos. Vamos fazer uma distinção conceitual tênue. Prestem atenção! Nossa matéria – Direitos Humanos – engloba, em termos gerais, as três vertentes do gráfico acima. Nesse sentido, fala-se em Direitos Humanos latu sensu (ou sentido amplo). A vertente de Direitos Humanos, a qual estamos analisando neste tópico, é denominada de Direitos Humanos stricto sensu (ou em sentido estrito). Entendido? Não há diferença em termos práticos para a doutrina contemporânea, hoje essas vertentes são vistas de forma conjunta. De todo modo, para fins de prova é importante distingui-las... Nessa vertente de proteção os Estados decidem, por livre e espontânea vontade (no exercício da soberania), firmar tratados internacionais para a proteção dos Direitos Humanos. Esses tratados internacionais, por sua vez, preveem as hipóteses de violação, a forma de apuração e as consequências decorrentes da violação aos Direitos Humanos. A principal característica dessa vertente de proteção reside na possibilidade de um signatário do tratado internacional firmado possuir legitimidade ativa para denunciar violação a direitos humanos, bem como a possibilidade de que o indivíduo, que teve seu direito violado, recorra às organizações internacionais para ver resguardado seu direito humano. Esse processo de responsabilização, em razão da consolidação dos Direitos Humanos na comunidade internacional, desenvolveu-se de acordo com os planos globais e regionais de Direitos Humanos, acima introduzidos. V E R T E N T E S D E P R O T E Ç Ã O IN T E R N A C IO N A L D O S D IR E IT O S H U M A N O S Direitos Humanos Direito Humanitário Direito dos Refugiados Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Nessa vertente, destacam-se os seguintes organismos internacionais: Organização das Nações Unidas (ONU); e Organização dos Estados Americanos (OEA) Por fim, são documentos de destaque dessa vertente: Carta das Nações Unidas, no âmbito da ONU; e Convenção Americana de Direitos Humanos, no âmbito do Sistema Americano. Para fins de prova: Direito Humanitário A proteção internacional humanitária objetiva criar condições de paz e de segurança às pessoasque se encontram em condições de vulnerabilidade em razão de conflitos militares e bélicos. Segundo Flávia Piovesan7, O direito humanitário foi a primeira expressão de que, no plano internacional, há limites à liberdade e à autonomia dos Estados, ainda que na hipótese de conflito armado. 7 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 178. LEGITIMIDADE ATIVA possibilidade de um Estado denunciar outro Estado por violação a um direito humano possibilidade de o cidadão, cujos direitos foram violados, recorrer aos órgãos internacionais para verem suas direitos assegurados LEGITIMIDADE PASSIVA possibilidade de o Estado signatário, violador de direitos humanos, ser responsabilizado. Na vertente dos Direitos Humanos (stricto sensu) os Estados assumem espontaneamente a obrigação de proteger os direitos humanos, sob pena de responsabilização em razão de denúncia por outros Estados ou pela reclamação do sujeito que teve seus direitos violados. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Essa vertente da proteção internacional não compreende exclusivamente a responsabilidade do Estado soberano, mas pode abranger também violações decorrentes de grupos armados, de milícias, de grupos racistas etc. Em termos gerais, o Direito Humanitário faz a regulamentação jurídica da violência no âmbito internacional e do modo com que é empregada nos períodos de guerra e de combates armados. Ao contrário da vertente anterior, no direito humanitário não é possível o recurso individual, no qual a vítima da violação dos Direitos Humanos aciona pessoalmente os órgãos de proteção. Não obstante, as pessoas individualmente consideradas poderão ser tuteladas pelos órgãos de proteção, em decorrência, por exemplo, da prática de genocídio, de crimes contra a humanidade, de crimes de agressão, de crimes de guerra (tal como ocorreu com os julgamentos dos integrantes do partido nazista). Em razão disso, menciona a doutrina que essa vertente consolida a posição do indivíduo como sujeito passivo de direito internacional. A ideia aqui é a de sujeito tutelado, de sujeito protegido. Na acepção anterior, a pessoa que tivesse seus direitos violados atuaria ativamente para perquirir a reparação aos seus direitos. Aqui, em relação ao direito humanitário, o sujeito é considerado passivo, porque recebe proteção. No que tange aos organismos de destaque dessa vertente, mencionam os estudiosos: Movimento Internacional da Cruz Vermelha; e Tribunal Penal Internacional – que representa a possibilidade de sanção por violação de direito humanitário. Em relação ao documento de destaque desse período, cita-se o denominado Direito de Genebra, que contempla quatro normas internacionais, editadas em Genebra relativas à proteção das vítimas em combate. Em síntese, essas normas trazem regras relativas aos feridos e aos doentes das forças armadas, bem como à situação dos prisioneiros de guerra e ao tratamento a ser conferido à população civil. Parte da doutrina refere, ainda, que além do Direito de Genebra, são documentos relevantes do Direitos Humanitário, o Direitos de Haia e o Direito de Nova Iorque8. Ambos fixam regras relativas aos direitos das pessoas em conflitos armados, destacando-se o Direito de Nova Iorque por ter sido concebido no âmbito da ONU. Para fins de provas de concurso público é desnecessário aprofundar a temática. Basta que saibamos quais são os documentos. Para fins de prova: 8 GARCIA, Bruna Pinotti e LAZARI, Rafael de. Manual de Direitos Humanos, 2º edição, Bahia: Editora JusPodvim, 2015, p. 43. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Direito dos Refugiados O Direito dos Refugiados relaciona-se com a proteção aos direitos civis, em decorrência de discriminação (cultural, racial), de limitações às liberdades de expressão e de opinião política. A condição de refugiado denota a violação de direitos humanos básicos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e possui relação com o direito de solicitar asilo, previsto no art. 14, da referida declaração. Artigo 14 I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Com base nos princípios da liberdade e da igualdade, que proíbem discriminações de qualquer natureza, surge o direito de não sofrer discriminação ou perseguição por motivo de raça, de religião, de nacionalidade, de sexo e de opiniões políticas. Consequentemente, decorre desse direito outro direito, qual seja, toda pessoa vítima de perseguição pode procurar e receber asilo em outros países. Dessa forma, todo refugiado tem direito à proteção internacional, o que acarreta no consequente dever dos Estados de respeitar o Estatuto dos Refugiados de 1951. Isso porque todos os refugiados só o são porque sofreram violações aos seus direitos humanos funcionais. Dois princípios informam essa vertente: 1. princípio do in dubio pro refugiado – trata-se de presunção relativa que obriga, desde logo, a conferir proteção ao refugiado para ulterior averiguação da situação da pessoa. Cria-se a presunção de que, se a pessoa pede asilo, é porque ela sofreu violação dos seus direitos; e 2. princípio da não-devolução (non-refoulement) – nenhum dos Estados deve expulsar pessoa para território em que a sua vida ou liberdade se encontrem ameaçadas em decorrência de etnia, de religião, de nacionalidade, de grupo social ou de opiniões políticas. Lembre-se: Na vertente do Direito Humanitário são criados mecanismos jurídicos internacionais de proteção das pessoas inseridas em zonas de conflitos militares e de guerras. princípio do "in dubio pro" refugiado princípio da não-devolução Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Um exemplo atual de aplicação dessa vertente dos direitos humano é o caso do técnico de informática da CIA, Edward Snowden, que denunciou violações de direitos humanos causadas pelos Estados Unidos em suas investigações militares e, atualmente, encontra-se refugiado em Moscou. O marco histórico desse período é o pós 2ª Guerra Mundial, quando houve a necessidade de os vencedores da Guerra repatriarem as vítimas dos conflitos bélicos. O documento mais importante dessa vertente, por sua vez, é o Estatuto dos Refugiados, de 1951. Para fins de prova: Vejamos como a temática tem aparecido em provas. Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015 Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos direitos humanos. As três vertentes da proteção internacional da pessoa humana, a saber, os direitos humanos, o direito humanitário e o direito dos refugiados, foram consagradas nas conferências mundiais da última década de 90. Não obstante, a implementação dessas vertentes deve atender às demandas de cada região, mesmo que não haja sistemas regionais de proteção. Comentários Ao ler a questão tendemos a marcá-la como incorreta por referir que as vertentes “foram consagradas nas conferências mundiais da última década de 90”. Contudo, está correta a assertiva. A questão aqui envolve uma discussão interessante. Primeiramente, cumpre observar que, de fato, as três vertentes são: direitos humanos direito humanitário direito dos refugiados Na vertentedo Direito dos Refugiados há a preocupação dos Estados em proteger pessoas vítimas de discriminação (cultural, racial), de limitações às liberdades de expressão e de opinião política. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Até aqui sem problemas. Vimos, contudo, que a vertente dos Direitos Humanos (stricto sensu) tem como referenciais a ONU, criada em 1945, e a OEA, fundada em 1948. Sabemos também que o Direito Humanitário surge em razão das Grandes Guerras Mundiais, surgindo na década de 50, após conferências realizadas em Genebra, em Haia e em Nova Iorque. Por fim, o Direitos dos Refugiados tem como marco o período pós 2ª Guerra Mundial, com destaque para o Estatuto dos Refugiados, de 1951. Então, como pode estar correta a afirmação de que essas vertentes se consagraram nas conferências da década de 90? Justamente aqui está o diferencial da questão. Muito embora esses eixos tenham surgido anteriormente, foi com a Convenção de Viena de 1993 que esses eixos foram consagrados internacionalmente, conferindo impulso à internacionalização dos Direitos Humanos. A Convenção de Viena de 1993 é fundamental por consolidar os rumos dos Direitos Humanos e por fortalecer os sistemas internacionais de proteção. Portanto, está correta a assertiva. Notem que o enunciado não fala em "surgimento", mas em "consagração". Vejamos, por fim, um esquema que resume as três vertentes acima estudadas. 1ª VERTENTE: DIREITOS HUMANOS •Proteção internacional à dignidade da pessoa humana (conceito). •Características: a) legitimidade ativa do signatário do tratado para denunciar lesões a direito humanos; e b) possibilidade de peticionamento pelo indivíduo que teve seu direito violado junto aos orgãos internacionais. •Organismos Internacionais: a) ONU; e b) OEA. •Documentos: a) Carta das Nações Unidas; e b) Convenção Americana de Direitos Humanos. 2ª VERTENTE: DIREITO HUMANITÁRIO •Garantia de paz e segurança dos grupos vulneráveis em razão de conflitos militares e bélicos (conceito). •Características: a) consolida a posição do indivíduo como sujeito passivo de direito internacional; e b) impossibilidade de peticionamento pelo indivíduo que teve seu direito humano violado. •Organismos Internacionais: a) Movimento Internacional da Cruz Vermelha; e b) Tribunal Penal Internacional. •Documento: Direito de Genebra. 3ª VERTENTE: DIREITO DOS REFUGIADOS •Proteção contra violações a direitos civis, em decorrência de discriminações, de limitações às liberdades de expressão e à opinião política (conceito). •Marco Histórico: pós 2ª Guerra Mundial, quando houve a necessidade de repatriamento das vítimas dos conflitos bélicos. •Documento: Estatuto dos Refugiados, de 1951. •Princípios: a) princípio do in dubio pro refugiado; e b) princípio da não-devolução. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques 3 - Declaração Universal de Direitos Humanos 3.1 - Introdução A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH ou UDHR pela sigla em inglês), editada em 1948, é o principal instrumento do Sistema Global e a principal contribuição para a universalização da proteção ao ser humano. A partir do seu texto, extrai-se que a proteção à dignidade da pessoa decorre da simples condição humana. Já de início memorize: Em razão do contexto histórico, bem como pela maciça adesão ao seu texto (48 ratificações e apenas 8 abstenções, sem reservas ou questionamentos) a Declaração é considerada fonte motriz dos sistemas de direitos humanos existentes. Seu texto consagra diversos direitos. Durante sua elaboração houve consenso da comunidade internacional quanto aos direitos de primeira dimensão, os seja, os direitos de liberdade, abrangendo os direitos civis e políticos. Contudo, no que diz respeito aos direitos sociais, econômicos e culturais – inseridos na segunda dimensão dos Direitos Humanos – houve grande embate político à época. Estudamos, em História, que EUA e URSS, aliados na Segunda Guerra Mundial, saíram fortalecidos da Guerra, porém guardavam concepções políticas distintas. Os EUA – seguindo concepção capitalista – acreditam num Estado não- intervencionista, que defende a mínima regulação de direitos, deixando para as relações privadas o desenvolvimento da comunidade como um todo. A URSS, por outro lado, – adotando um regime comunista – acreditava na necessidade de intervir ostensivamente na sociedade para regular diversos temas, especialmente os atinentes aos direitos sociais, econômicos e culturais. Assim, os EUA procuraram impor restrições às garantias de direitos de segunda dimensão, ao passo que a URSS defendia a máxima garantia dos direitos DUDH É o principal instrumento do Sistema Global É a principal contribuição para a universalização da proteção ao ser humano. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques prestacionais. Esse confronto intensifica-se com o passar dos anos, cujo ápice é a Guerra Fria. De toda forma, acabou prevalecendo a ideia de que os direitos de liberdade (de primeira dimensão) e os direitos de igualdade (de segunda dimensão) possuem igual valor e devem ser assegurados com a maior efetividade possível. Segundo Rafael Barretto9: Acabou prevalecendo a concepção, que é hoje dominante, da inexistência de categorias de direitos humanos, se reconhecendo que direitos liberais e sociais integrariam um todo único, indivisível e interdependente, de modo que os direitos humanos deveriam ser compreendidos em sua unidade. Ainda no campo das dimensões dos Direitos Humanos discute-se acerca da previsão ou não de direitos de terceira dimensão. Há doutrinadores que afirmam que os direitos de solidariedade e de fraternidade somente foram reconhecidos mais tarde. Cita-se como exemplo a proteção ao meio ambiente, que passou a ser cogitada somente a partir de 1960. Por outro lado, existem doutrinadores que afirmam que existem direitos de terceira dimensão na DUDH, especialmente porque o art. 1º do referido diploma prevê o direito ao desenvolvimento, característico da terceira dimensão dos Direitos Humanos. Nesse contexto, Rafael Barreto, por exemplo, ensina que a DUDH é marco teórico dos direitos de terceira dimensão. Esse posicionamento, inclusive, já foi objeto de questões. Para a sua prova sugerimos a máxima cautela. Se formos analisar a íntegra da DUDH vamos perceber que inicialmente o documento se debruça sobre os direitos civis e políticos, disciplinando uma série de direitos de liberdade. Num segundo momento, são disciplinados inúmeros direitos sociais, econômicos e culturais, com a previsão, inclusive, de um rol de direitos trabalhistas. A DUDH não desenvolve os direitos de terceira dimensão, não trata deles de forma especificada, o que somente ocorrerá na década de 1950. Há, tão somente, um dispositivo da DUDH que se ocupa em “alertar” para a existência de tais direitos. Em razão disso, acredita-se como correta a conclusão de que a DUDH é marco teórico para o desenvolvimento dos direitos de solidariedade e de fraternidade, embora não explicite tais direitos, como o faz em relação aos direitos de primeira e segunda dimensão. Portanto, para a sua prova, leve o quadro abaixo, tendo em mente a ressalva acima. ESTRUTURA DA DUDH Dimensão de Direitos Artigos Discussão 9 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl. e atual., Bahia: Editora Juspodvim, 2012, p. 129. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 175 DIREITOSHUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques 1ª Dimensão dos Direitos Humanos Artigo 1º ao artigo 21 Consenso na comunidade internacional. 2ª Dimensão dos Direitos Humanos Artigo 22 ao artigo 30 Houve discussão – em especial entre EUA X URSS – porém prevaleceu a tese de proteção a esses direitos. 3ª Dimensão dos Direitos Humanos Não há previsão direta, mas apenas algumas referências ao longo do texto. Os direitos dessa geração foram concebidos mais tarde, razão pela qual não constam da DUDH. Essa é base de estruturação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Vejamos uma questão que cobrou exatamente esse assunto. Questão – CESPE/DEPEN – Direitos Humanos e Cidadania – Agente Penitenciário Federal – 2015 Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. A internacionalização dos direitos humanos, objetivo central da DUDH, é uma forma de resposta ao mal absoluto que caracterizou regimes políticos como o nazismo, de que o genocídio promovido em campos de extermínio seria o exemplo mais dramático. Comentários Essa assertiva é muito interessante. A DUDH representa um marco fundamental para os Direitos Humanos. A internacionalização dos Direitos Humanos é marcada, por entre outros motivos, pela estruturação da ONU e pela edição da Declaração Universal dos Direitos Humanos. É exatamente esse o ensinamento da doutrina exposta em aula: Nesse contexto, leciona Sidney Guerra10: Consolida-se o movimento da internacionalização dos direitos humanos, no qual as relações dos Estados com seus nacionais deixam de ter apenas o interesse doméstico e passam a ser de interesse internacional, e definitivamente o sistema internacional deixa de ser apenas 10 GUERRA, Sidney. Direitos Humanos, 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva: 2014, p. 105. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques um diálogo entre Estados, sendo a relação de um Estado com seus nacionais uma questão de interesse internacional. Portanto, a assertiva está correta. 3.2 - Direitos albergados São diversos os direitos previstos na DUDH. A doutrina11 elenca o rol de direitos que são assegurados pela DUDH. Não há necessidade de decorá-los, mas uma leitura atenta permite concluir que nossa Constituição Federal, alinhada ao sistema global de direitos humanos, reproduziu todos esses direitos em seu texto, especialmente na parte inicial, relativa aos direitos e garantias fundamentais. Vejamos: DIREITOS NA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS • vida, liberdade e segurança pessoal; • proibição de escravidão e servidão; • proibição de tortura e tratamento cruel, desumano ou degradante; • reconhecimento como pessoa; • igualdade; • proibição de prisão arbitrária; • justa e pública audiência perante um tribunal independente e imparcial; • presunção de inocência; • vida privada; • liberdade de locomoção; • direito de asilo, que não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crime de direito comum; • direito a ter uma nacionalidade; • contrair matrimônio e fundar uma família; • propriedade; • liberdade de pensamento, consciência e religião; • liberdade de reunião e associação pacífica; • fazer parte do governo do país; • acesso ao serviço público do país; • segurança social; • trabalho; 11 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos, p. 130/1. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques • repouso e lazer; • padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e à sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis; • instrução (educação); e • participar livremente da vida cultural. Não vamos analisar todos esses direitos na aula de hoje, mas apenas os principais e aqueles que são cobrados com frequência em provas de concurso público. De todo modo, sugere-se a leitura da íntegra da Declaração, disponibilizada em aula anexa. 3.3 - Natureza jurídica Uma das discussões que permeia a DUDH é quanto à sua natureza. Há quem afirme que se trata de um tratado, outros dizem ser somente uma resolução, de maneira que seria possível questionar o caráter vinculativo do documento. DUDH: tratado ou resolução? Os tratados internacionais são reconhecidos juridicamente como obrigatórios, pois se consubstanciam num conjunto de normas cogentes e vinculantes daqueles que o assinam. As resoluções, por sua vez, constituem meras recomendações, documentos de caráter diretivo, sem força jurídica vinculante. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, conforme ensina Flávia Piovesan12, foi adotada sob a forma de resolução, o que levou muitos estudiosos a afirmarem que o documento constituía mera carta de recomendações. Contudo, outra corrente de pensamento, majoritária no Brasil e, hoje, de maior expressão na comunidade internacional, compreende que A DECLARAÇÃO POSSUI CARÁTER JURÍDICO. Para tanto, são vários os argumentos utilizados. Para nós interessa dois deles: 12 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 13ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 210. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Vejamos, ainda, os ensinamentos de Flávia Piovesan13 a respeito do tema: A Declaração Universal de 1948, ainda que não assuma a forma de tratado internacional, apresenta força jurídica obrigatória e vinculante, na medida em que constitui a interpretação autorizada da expressão ‘direitos humanos’, constante dos art. 1º, 3 e art. 55 da Carta das Nações Unidas. Para endossar o caráter jurídico da DUDH, como ressalta Sidney Guerra14, a Corte Internacional de Justiça, criada em 1980, reconheceu que, embora o seu texto tenha sido editado sob a forma de Resolução, se apresenta como uma higher law, vale dizer, apresenta-se como uma norma superior que não pode ser desprezada. Temos, portanto, a seguinte síntese para fins de provas... 3.4 - Estrutura Na estrutura textual da DUDH, podemos identificar dois blocos de assuntos: os fundamentos e os direitos substantivos. O início do preâmbulo da DUDH proclama os fundamentos que levaram à edição da resolução. Em termos sintéticos, podemos afirmar que fundamento 13 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 211. 14 GUERRA, Sidney. Direito Humanos, p. 110. •A DUDH constitui interpretação autorizada da Carta das Nações Unidas (art. 1º, 3; e art. 55) e, por esse motivo, possui força jurídica vinculante. 1º argumento •A DUDH constitui norma jurídica vinculante porque integra o direito costumeiro e os princípios gerais de direito, pois (a) as constituições – a exemplo da do Brasil – incorporaram seus preceitos no texto; (b) a ONU, em seus diversos documentos, faz remissões ao seu texto, alertando para o seu caráter obrigatório; e (c) várias decisões proferidas pelas diversas cortes internacionais referem-se à DUDH como fonte dodireito. 2º argumento A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS É VINCULANTE, EMBORA TENHA SIDO EDITADA COMO RESOLUÇÃO, POIS: •É interpretação autorizada da expressão "direitos humanos" da Carta das Nações Unidas. •Transformou-se ao longo dos anos em norma internacional costumeira ou princípio geral do direito internacional. •Exerce impacto nas constituições dos Estados. •Serve como fonte para as fundamentações de decisões das cortes internacionais. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques básico da DUDH é a dignidade que, como vimos, é o núcleo do direito internacional dos Direitos Humanos. Ademais, resta como fundamento da DUDH a reação da comunidade internacional às barbáries perpetradas na 2ª Guerra Mundial, de modo que propugna pela manutenção de relações amistosas entre os Estados, sempre priorizando os direitos do homem. Os fundamentos da DUDH constam do preâmbulo do documento propriamente. Após os fundamentos, a DUDH passa a discorrer, em seus artigos, os direitos, especialmente os direitos de primeira e de segunda dimensão. Na sequência vamos trazer, de forma destacada, as principais regras da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 3.5 - Principais disposições da DUDH Preâmbulo O preâmbulo da DUDH traz a dignidade da pessoa como elemento central, como fundamento de toda a comunidade internacional. Vimos no início da aula que a dignidade da pessoa é o núcleo do direito internacional dos direitos humanos, o que fica evidente no preâmbulo da DUDH. Vejamos duas questões que tratam do preâmbulo e da dignidade da pessoa. Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1948, marcou um novo tempo na proteção internacional dos indivíduos. Considerando o preâmbulo desse documento, julgue os itens a seguir. Os estados-membros da Organização das Nações Unidas se comprometem a promover o respeito universal aos direitos e às liberdades humanas fundamentais. PREÂMBULO Fundamentos ARTIGOS Direitos Substantivos DIGNIDADE DA PESSOA Núcleo da DUDH Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Comentários A assertiva está correta, uma vez que reproduz excerto do preâmbulo da DUDH: Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades, O princípio da dignidade da pessoa humana foi reconhecido pela Constituição Federal no art. 1º, como um fundamento da República: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana; (...). Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1948, marcou um novo tempo na proteção internacional dos indivíduos. Considerando o preâmbulo desse documento, julgue os itens a seguir. O respeito aos direitos humanos pelo império da lei é essencial para que as pessoas não sintam necessidade de recorrer à rebelião contra a tirania e a opressão. Comentários A assertiva está correta. É o que se extrai do excerto do preâmbulo abaixo citado: Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, Sigamos com o conteúdo teórico. Isso denota que a nossa Constituição está alinhada à diretriz internacional de proteção aos Direitos Humanos. Destaca-se também do preâmbulo o quanto foram importantes e determinantes as Grandes Guerras Mundiais para o desenvolvimento e a consolidação da nossa disciplina. Vimos em aulas passadas que a cada atrocidade constata-se reação da sociedade contra atos violadores dos direitos humanos. A 2ª Guerra Mundial, nesse contexto, é fundamental para o desenvolvimento da ONU e, posteriormente, para o surgimento da DUDH. Ademais, os Direitos Humanos constituem os direitos que o homem possui pelo fato de ser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade que a ela é inerente. São direitos que não resultam de uma concessão da sociedade política, mas decorre exclusivamente da condição humana. Para a defesa desses direitos, a DUDH fala em relações amigáveis entre os Estados-membros e a compreensão de que a defesa dos direitos humanos e das Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques liberdades fundamentais devem ser compreendidos de maneira geral e irrestrita pela comunidade internacional. Para tanto, os membros devem se esforçar para estabelecer meios e instrumentos de implementação dos direitos assegurados ao longo do Documento, especialmente por intermédio do ensino e da educação quanto à importância dos Direitos Humanos. Nessa linha, nossa Constituição Federal incorporou ao seu Texto várias normas previstas na Declaração, deixando manifesto a intenção do Constituinte Originário em atingir a máxima efetividade e a máxima aplicabilidade dos Direitos Humanos. Quanto ao preâmbulo podemos destacar: Princípio da Igualdade Já nos primeiros dispositivos a DUDH consagra, lado a lado, o direito à igualdade e os direitos de liberdade, com destaque para a igualdade, que pode ser considerado como um princípio informador da DUDH. No art. VI a DUDH fala da igualdade perante a lei, ou seja, da igualdade em sentido formal. Aqui temos a manifestação do princípio da igualdade, sem considerar a disparidade entre as pessoas, o que justificaria o tratamento diferenciado. Contudo, princípio da igualdade na DUDH não deve ser meramente formal, mas uma igualdade material. É o que se extrai dos arts. I e II, que preveem a necessidade de adoção de mecanismos para igualar desníveis existentes na sociedade. Essa faceta da igualdade, em sentido material, revela o princípio da isonomia. Ademais, a DUDH rejeita qualquer distinção em razão do sexo, da língua, da religião, da opinião política, em decorrência da origem nacional, das condições sociais ou econômicas. Vale dizer, são repelidas quaisquer formas de discriminação. O fato ser de humano é suficiente para ser tratado como igual, não se justificando qualquer diferenciação. Portanto... •A dignidade – núcleo da DUDH – decorre da mera condição humana e independe de concessão política da sociedade. •As atrocidades decorrentes das Guerras Mundiais foram determinantes para o processo de internacionalização dos Direitos Humanos. •A comunidade deve se esforçar para criar meios de implementação dos direitos previstos na Declaração. PREÂMBULO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Vejamos uma questão sobre o tema. Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos por pessoas que desempenham funções públicas. Considerandoas disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. Não se pode impor tratamento diferenciado nem impedir a entrada nas dependências da administração pública à pessoa que exteriorize credo religioso por meio da utilização de palavras, sinais, símbolos ou imagens. Comentários A assertiva está correta, pois veda-se a discriminação em razão das crenças religiosas da pessoa, conforme se extrai do art. 2º, da DUDH: Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Direitos à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. O art. III, da DUDH, destaca três direitos de primeira dimensão: direito à vida, direito à liberdade e direito à segurança. Assim, combinando os arts. I a III, temos: A DUDH A CONSAGRA: o princípio da igualdade formal (igualdade perante a lei) o princípio da igualdade material (isonomia) Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques O direito à propriedade é prescrito apenas no art. XVI, da DUDH. A exemplo do que dissemos acima, essas regras foram trazidas de forma semelhante para a Constituição Federal, que prevê o art. 5º, caput: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Quanto aos direitos de propriedade, vejamos uma questão. Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos por pessoas que desempenham funções públicas. Considerando as disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. A apreensão de bem alheio não precisa ser formalmente justificada quando estiver evidente que o bem apreendido possa vir a ser utilizado para prejudicar a continuidade do serviço público. Comentários A assertiva está incorreta, pois o art. 17 prevê que ninguém será privado arbitrariamente de sua propriedade privada. Artigo XVII 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Além disso, o exercício das liberdades somente poderá ser restringida por lei, nos termos do art. 24: Artigo XXIV 1.Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. PRINCÍPIO/DIREITOS HUMANOS ESSENCIAIS Princípio da igualdade Direito à vida Direito à liberdade Direito à segurança Direito à propriedade Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Vedação à escravidão e à tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante Nos arts. IV e V, a DUDH veda a escravidão e a tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante. É importante registrar que, embora ventile-se que inexiste direito fundamental (e, por decorrência, humano de caráter absoluto), para parte da doutrina esses direitos são absolutos, não havendo hipótese em que possam ser flexibilizados. Dito de outra forma, não há situação que permita a colocação da pessoa em situação de escravidão ou a submissão à tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante. Portanto: Do mesmo modo, a Constituição Federal, no art. 5º, III, dispõe: III - Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Vejamos uma questões sobre o tema. Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos por pessoas que desempenham funções públicas. Considerando as disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. Medidas degradantes podem ser utilizadas para impedir a depredação do patrimônio público quando se revelarem a única maneira de se preservar o interesse social. Comentários A assertiva está incorreta, pois a DUDH não traz qualquer exceção ao tratamento degradante. Vejamos o que dispõe o art. 5º, da DUDH: Artigo V Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. PARA PARTE DA DOUTRINA DE DIREITOS HUMANOS a vedação à tortura e à escravidão constituem direitos humanos absolutos Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques A vedação à tortura consiste, segundo doutrina contemporânea, um direito humano de caráter absoluto, exceção à característica da relatividade dos Direitos Humanos. A DUDH, já nos dispositivos iniciais, procurou assentar que são proibidos quaisquer formas de escravidão, servidão ou submissão de pessoas à tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante. Direitos e Garantias Processuais A DUDH prevê: Sabe-se que o devido processo legal é o corolário maior do Direito Processual. Afirma-se que todos os demais direitos e garantias processuais decorrem do devido processo legal. A DUDH adota uma posição analítica, explicitando outros direitos e garantias processuais relevantes. O art. IX traz uma garantia penal de que a prisão, detenção ou exílio somente ocorrerá por intermédio do devido processo penal, de modo que ninguém será privado da liberdade de modo arbitrário. Vejamos uma questão sobre essa liberdade. Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 GARANTIAS PROCESSUAIS DA DUDH devido processo legal vedação à prisão/detenção/exílio arbitrários igualdade no processo imparcialidade do julgador publicidade dos atos processuais princípio da presunção de inocência princípio da irretroatividade da lei penal Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos por pessoas que desempenham funções públicas. Considerando as disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado; sendo assim, qualquer detenção deve ser formalmente justificada. Comentários A assertiva está correta, em razão do que prevê o art. 9º, da DUDH: Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. O dispositivo acima traz uma garantia penal de que a prisão, detenção ou exílio somente ocorrerá por intermédio do devido processo penal, de modo que ninguém será privado da liberdade de modo arbitrário. Sigamos com o conteúdo teórico. Na CF esse dispositivo é tratado de forma semelhante no art. 5º, LXI:LXI - Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. O art. X, da DUDH, assegura igual tratamento às partes envolvidas no processo e, especial, um juiz imparcial. Em direito processual, a violação à parcialidade do juiz – seja por impedimento, seja por suspeição – é motivo de nulidade do processo, denotando a importância referida a tal garantia. Além disso, o dispositivo exige que o processo seja público. Ademais, o art. XXI consagra dois princípios penais muito relevantes: princípio da presunção de inocência; e princípio da irretroatividade da lei penal. Com relação aos princípios supracitados, a CF os traz no art. 5º, nos seguintes incisos: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Antes de seguirmos, cumpre registrar que o princípio da irretroatividade da lei penal, segundo nosso ordenamento constitucional, é mais protetivo, uma vez que ganha um adjetivo. Melhor explicando: na DUDH somente há previsão do princípio da irretroatividade; na CF fala-se em princípio da irretroatividade maléfica. Vale dizer, a lei retroagirá se benéfica ao réu. Essa informação não consta da DUDH. Portanto, atenção! Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques A seguir uma questão sobre o princípio da inocência. Questão – CESPE/MPU - Técnico do MPU – Apoio Técnico Administrativo – Segurança Institucional e Transporte - 2015 A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta um catálogo de garantias que têm por escopo proteger os indivíduos de abusos cometidos por pessoas que desempenham funções públicas. Considerando as disposições dessa declaração, julgue os próximos itens. A presunção de inocência não socorre a quem tem maus antecedentes. Comentários A assertiva está incorreta, pois não há limitação à presunção de inocência em razão de condenações anteriores. Artigo XI 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Sigamos com o conteúdo teórico. O art. 10, da DUDH, assegura igual tratamento às partes envolvidas no processo e, especial, um juiz imparcial. Em direito processual, a violação à parcialidade do juiz – seja por impedimento, seja por suspeição – é motivo de nulidade do processo, denotando a importância referida a tal garantia. Ademais, o art. 11 consagra dois princípios penais muito relevantes: princípio da presunção de inocência e o princípio da irretroatividade da lei penal. Com relação aos princípios supracitados, a CF os traz no art. 5º, nos seguintes incisos: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; DUDH princípio da irretroatividade penal CF princípio da irretroatividade maléfica Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Cotejando a CF com a DUDH, cumpre registrar que o princípio da irretroatividade da lei penal, segundo nosso ordenamento constitucional, é mais protetivo, uma vez que ganha um adjetivo. Melhor explicando: na DUDH somente há previsão do princípio da irretroatividade; na CF fala-se em princípio da irretroatividade maléfica. Vale dizer, a lei retroagirá se benéfica ao réu. Vejamos, na sequência, uma questão que trata do princípio da legalidade, inerente às garantias processuais. Questão – FUNIVERSA/SESIPE-DF – Agente Penitenciário - 2015 Com relação aos direitos humanos, julgue os itens seguintes: Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, toda pessoa, no exercício de seus direitos e de suas liberdades, estará sujeita apenas às limitações determinadas por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e das liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. Comentários Para responder a essa questão devemos conhecer o disciplinado no artigo 24, item 2, da DUDH, o qual citamos ressaltando a relevância de se estudar a literalidade do documento para fins de prova: 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. Logo, como a assertiva constitui reprodução do dispositivo acima citado, resta correta a assertiva. O dispositivo acima consagra o princípio da legalidade, aplicável às relações privadas, segundo o qual as pessoas podem praticar todos os atos, excetos aqueles vedados por lei. Esse princípio é denominado também de princípio da legalidade genérica (fundado no art. 5º, II, da CF), para distingui-lo do princípio da legalidade aplicável à Administração Pública, que observa o art. 37, II, da CF. Direito à intimidade e à vida privada e à inviolabilidade domiciliar A DUDH trata desses direitos no art. XII, mesmos direitos adotados pela CF nos incisos abaixo: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, NINGUÉM nela podendo penetrar sem consentimento do morador, SALVO em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, DURANTE O DIA, por determinação judicial; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, SALVO, no último caso [comunicações telefônicas], por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Direito de ir e vir No art. XIII explicita-se a máxima do direito de liberdade, que é o direito de ir e vir. A DUDH explicita não apenas o direito de transitar livremente pelo país, bem como o direito de deixá-lo e, quando bem entender, retornar ao país de origem. Esse direito abrange: Direito de asilo O art. XV trata do direito de asilo, que na tradicional divisão de vertentes dos Direitos Humanos, consagra a vertente do Direito dos Refugiados. Em termos simples, o direito de asilo remete à prerrogativa conferida à pessoa que é alvo de perseguição política, racial ou por convicções religiosas em seu país de origem, de ser protegida por outros países. Do dispositivo é importante sabermos as duas hipóteses em que tal direito não poderá ser invocado. Não custa lembrar, mas a concessão de asilo é considerado um dos princípios que regem o Brasil nas relações internacionais. Vejamos o que dispõe o art. 4º, X, da CF: Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelosseguintes princípios: (...) X - concessão de asilo político. (...) Vejamos uma questão pertinente ao assunto. DIREITO DE TRANSITAR PELO PAÍS DIREITO DE DEIXÁ-LO LIVREMENTE DIREITO DE REGRESSAR AO PAÍS QUANDO DESEJAR NÃO PODERÁ SER INVOCADO O DIREITO DE ASILO EM crimes de direito comum atos contrários aos propósitos e princípio das Nações Unidas Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Questão – FUNIVERSA/SESIPE-DF – Agente Penitenciário - 2015 Com relação aos direitos humanos, julgue os itens seguintes: Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o direito de asilo pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum. Comentários O direito de asilo é disciplinado pela DUDH, no artigo 14, do seguinte modo: Artigo XIV 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Do destacado devemos compreender que existem duas hipóteses em que o direito de asilo não poderá ser invocado. Não poderá ser invocado o direito caso o sujeito seja perseguido pela prática de crimes de direito comum ou em razão da prática de atos contrários aos propósitos e princípios da ONU. Desse modo, a assertiva está incorreta, pois ao contrário do afirmado, trata-se de hipótese em que o direito de asilo não poderá ser invocado. Direito de Nacionalidade A DUDH, no art. XV, assegura a todas as pessoas uma nacionalidade. Desse modo, repudia-se toda e qualquer medida que implique na condição de apátrida do sujeito. Para tanto, veda a cassação da nacionalidade de forma arbitrária. Além disso, assegura o direito de mudar de nacionalidade, se assim quiser o cidadão. Os direitos de nacionalidade são descritos de forma analítica nos arts. 12 e 13, da CF. Vejamos a seguir uma questão do assunto. Questão – CESPE/DEPEN – Direitos Humanos e Cidadania – Agente Penitenciário Federal – 2015 Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. Embora afirme que toda pessoa tem direito à nacionalidade, a DUDH reconhece o direito dos governos de, arbitrariamente, privar alguém de sua nacionalidade. Comentários Essa é uma assertiva que poderíamos responder sem mesmo conhecer a literalidade dos dispositivos. Privar alguém arbitrariamente de determinado direito não é tolerável num Estado de Direito. De todo modo, quanto aos direitos de nacionalidade, o art. 15, da DUDH, traça apenas uma diretriz geral, enunciando que todos têm o direito a uma nacionalidade, de modo que ninguém será arbitrariamente privado da sua, muito menos obrigado a mudá-la. Vejamos: Artigo XV 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Logo, a assertiva está incorreta. Direito de constituir família O art. XVI, da DUDH, refere-se a direito de segunda dimensão, relacionando-se aos direitos de família. Assegura a Resolução que a todas as pessoas – sem quaisquer discriminações e com iguais direitos – a faculdade de contrair matrimônio e de constituir família. Direito à liberdade de expressão Consectário do direito de liberdade, a liberdade de expressão é expressamente prevista nos arts. XVIII e XIX da DUDH, sendo assegurada também em nosso Texto Constituição de forma muito semelhante. Nesse contexto, vejamos o art. 5º, VI, da Constituição: VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. A liberdade de pensamento refere-se ao direito de exprimir suas ideias, relativas à ciência, à religião etc. Trata-se de liberdade de conteúdo intelectual e supõe o contato do indivíduo com seus semelhantes. Há outra norma semelhante entre os incisos do art. 5º: IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Na vida em sociedade, o homem constantemente se relaciona e se comunica com as pessoas em geral exprimindo suas opiniões. As opiniões podem determinar relações mútuas na comunidade em que se insere a pessoa. Entretanto, em razão Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques de suas opiniões são inaceitáveis violações a direitos ou tolhimento de direitos por motivo de discriminação. Vejamos a seguir uma questão do assunto. Questão – CESPE/DEPEN – Direitos Humanos e Cidadania – Agente Penitenciário Federal – 2015 Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. A liberdade de pensamento e de expressão e a liberdade de religião constituem pilares da DUDH. Comentários Sobre o assunto, a DUDH disciplina dois artigos: Artigo XVIII Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. Notem que os consectários do princípio da liberdade, quais sejam: liberdade de expressão, de pensamento e de religião são previstos na DUDH. Evidentemente que os direitos de liberdade são um dos pilares mais importantes da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os direitos de liberdades, direitos de primeira dimensão, juntamente com os direitos relacionados à igualdade, constituem a base da DUDH. Logo, a assertiva está correta. Direito de reunião Também relacionado com a liberdade, o art. XX, da DUDH, disciplina o direito de reunião. Destaca o Documento Internacional que o direito de reunião é assegurado para fins pacíficos e a adesão deve ser voluntária. Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 175 DIREITOS HUMANOS – DPU teoria e questões Aula 02 – Prof. Ricardo Torques Na Constituição Federal, art. 5º, são vários os incisos que consubstanciam o direito de reunião e a liberdade de associação. São eles: XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização,
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