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POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA - Apostila

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Prévia do material em texto

AUTORA
Professora Mestra Renata Oliveira dos Santos
●	 Mestra	em	Ciências	Sociais	-	Universidade	Estadual	de	Maringá.	
●	 Graduada	em	Ciências	Sociais	-	Universidade	Estadual	de	Maringá.
●	 Especialista	em	História	e	Sociedade	-	Universidade	Estadual	de	Maringá.
●	 Especialista	 em	 Educação	 a	 Distância	 -	 UNIFAMMA	 -	 Centro	 Universitário	
Metropolitano	de	Maringá
●	 Doutoranda	do	Programa	de	Pós	Graduação	em	Educação	(PPE)	-	Universidade	
Estadual	de	maringá.	
●	 Integrante	 do	 Grupo	 de	 Pesquisa	 em	 Educação	 a	 Distância	 e	 Tecnologia	
(GPEaDTEC)	-	Universidade	Estadual	de	maringá.
●	 Principais	 temas	 de	 interesses:	 Educação,	 Ensino	 de	 Sociologia,	 Políticas	
Públicas,	Educação	a	Distância	(EaD),	Tecnologia,	Comunicação.
Atualmente,	Professora	de	Sociologia	-	Educação	Básica.	Professora	de	Ciências	
sociais	e	Áreas	afins	-	Ensino	Superior.	
●	 Link	do	Currículo	na	Plataforma	Lattes:	http://lattes.cnpq.br/7216942697334779
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=547B1C4C555717CB54271E59B736B834#
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caros	Alunos	e	Alunas	
Sejam	bem	vindos	a	disciplina	de	Políticas	Públicas	da	Educação	Básica.	
O	objetivo	geral	desta	disciplina	é	contribuir	para	a	formação	acadêmica	de	vocês	
por	meio	do	debate	e	conhecimento	das	política	públicas	de	educação	existente	e	em	vigor	
no	país.	
É	de	suma	importância	que	vocês	sejam	capazes	de	tirar	as	vendas	que	comprem	
seus	olhos	quando	o	assunto	é	política.	Ela	é	tão	fundamental	para	nossa	sociedade	que	
até	parece	uma	brincadeira	(de	muito	mal	gosto)	que	as	pessoas	acreditem	que	não	seja	
necessário	compreendê-la.
No	nosso	caso,	vamos	nos	debruçar,	sobre	as	políticas	públicas	de	educação	de	
maneira	geral	e	também,	especificamente,	sobre	a	educação	básica.	Para	isso,	devemos	
estar	abertos	a	novos	saberes	e	conhecimentos.	
Como	 estamos	 em	 constante	 construção,	 espero	 contribuir	 para	 o	 seu	
aperfeiçoamento	como	cidadão	e	também	professores	ou	futuros	profissionais	da	educação.	
Assim	sendo,	o	que	pretendo	revelar	a	vocês	é	que	a	política	faz	parte	do	nosso	cotidiano	
e	por	isso,	precisa	ser	interpelada	e	questionada	à	todo	mundo.	
Dessa	maneira,	o	material	didático	de	vocês	está	dividido	da	seguinte	forma:
Na	Unidade	 I	 vamos	 conversar	 um	pouco	 sobre	 conceitos	e	 concepção	do	que	
é	política?	Perpassando	pela	história	filosófica	e	social	de	 toda	a	construção	conceitual.	
Veremos	ainda	que	a	política	demanda	uma	teoria	específica	e	seu	estudo	é	realizado	por	
uma	ciência,	chamada	de	Ciência	Política.	Esse	recorte	teórico	nos	auxiliará	a	refletir	sobre	
as	noções	de	poder	e	dominação.	
Dando	sequência	às	nossas	discussões	adentraremos	a	Unidade	II,	que	continuará	
refletindo	 sobre	 a	 questão	 tão	 política,	 porém	 agora,	 de	 maneira	 mais	 específica,	
apresentando	o	conceito	de	políticas	públicas	de	educação	e	os	seus	desdobramentos	na	
legislação	nacional.	Refletiremos,	mesmo	que	de	maneira	sucinta	sobre	a	Lei	de	Diretrizes	e	
Bases	da	Educação	Nacional,	assim	como,	das	especificações,	sobre	educação	existentes	
na	Constituição	Federal	de	1988.	Porém,	até	chegarmos	a	essas	resoluções	mais	recentes,	
vamos	fazer	um	breve	apanhado	histórico	sobre	as	leis	e	decretos	de	políticas	públicas	em	
nosso	país,	a	partir	da	década	de	1930.
Já	na	Unidade	III,	iremos	debater	sobre	as	questões	de	financiamentos	da	educação	
brasileira	e	o	peso	das	organizações	e	agências	internacionais	sobre	esse	processo.	
Por	 fim,	 na	 Unidade	 IV,	 vamos	 refletir	 sobre	 as	 políticas	 públicas	 de	 educação	
relacionado	a	formação	e	a	valorização	docente	da	educação	básica.	Para	nos	aproximarmos	
ainda	mais	das	discussões	realizadas	recentemente	vamos	tomar	por	base	o	Plano	Nacional	
de	Educação	(PNE)	e	a	Base	Nacional	Comum	Curricular	(BNCC).	
Diante	 dessa	 primeira	 exposição,	 espero	 que	 vocês	 possam	 compreender	 que	
estudar	política	é	uma	necessidade	e	compreendê-la	faz	parte	da	formação	não	só	de	um	
professor	crítico	e	engajado,	mas	de	um	cidadão	que	conhecer	e	defende	a	“coisa	pública”.
SUMÁRIO
UNIDADE	I	...................................................................................................... 6
Concepções e Princípios
UNIDADE	II	................................................................................................... 27
Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
UNIDADE	III	.................................................................................................. 49
Financiamento da Educação Brasileira
UNIDADE	IV	.................................................................................................. 65
Profissionais da Educação Básica
6
Plano de Estudo:
•	Conceitos	e	Definições	de	Política.
•	Campos	de	estudo	das	Ciências	Políticas
•	Política	e	Estado
•	Poder	x	Dominação
Objetivos de Aprendizagem:
•	Conceituar	e	contextualizar	o	conceito	e	as	definições	do	que	Política.
•	Compreender	de	que	maneira	a	Ciências	Políticas	é	importante	da	compreensão	crítica	
da	ideia	de	política.
•	Refletir	sobre	a	questão	de	Estado,	Poder	e	Dominação.
UNIDADE I
Concepções e Princípios
Professora Mestra Renata Oliveira dos Santos
7UNIDADE I Concepções e Princípios
INTRODUÇÃO
Você	já	deve	ter	ouvido	e	até	mesmo	falado	nas	rodas	de	amigos	ou	familiares	que:	
“Política	é	algo	que	não	se	discute”,	será	que	essa	afirmativa	é	mesmo	verdadeira?	
Nessa	unidade	vamos	refletir	sobre	a	importância	de	entender	o	que	é	política,	sua	
relação	com	o	Estado,	poder	e	dominação.	A	partir	do	olhar	advindo	da	área	responsável	
por	seus	inúmeros	estudos,	chamada	de	Ciências	Políticas.	
O	 importante	 nessa	 nossa	 caminhada	 por	 essa	 temática	 é	 estar	 aberto	 para	
novas	descobertas,	 transformação	de	pensamento	e,	principalmente,	a	 inquietação	para	
questionar.	
Tudo	isso	é	imprescindível,	para	que	você	possa	compreender	a	política	baseada	
em	análises	críticas,	teóricas	e	científicas	e	não	se	manter	apenas	no	achismo.	
Quando	 estamos	 refletindo	 sobre	 questões	 políticas,	 nos	 voltamos	 para	 o	
entendimento	da	sociedade,	suas	necessidades	e	dilemas.	Só	assim,	é	possível	lutar	para	
que	hajam	modificados	para	a	realidade	de	muitos	grupos	socias.	
Por	 isso,	que	política	deve	ser	debatida,	SIM!	Não	baseada	apenas	no	gosto	de	
cada	um	por	partido	ou	candidato,	mas	baseado	em	todo	o	processo	político,	propostas	e	
ações	que	possam	modificar	a	realidade.
Convido	você	então	a	entender	política	por	uma	outra	ótica.	Pelo	olhar	de	cidadão,	
que	consciente	do	seu	lugar,	pode	sugerir	e	opinar	em	sua	própria	sociedade.
BONS	ESTUDOS.
8UNIDADE I Concepções e Princípios
1 AFINAL, O QUE É POLÍTICA?
Você	já	parou	para	pensar	na	importância	de	se	compreender	o	que	é	política?	Já	
se	perguntou	porque	ela	é	tão	necessária	para	a	nossa	sociedade?	Já	quis	ser	um	político?	
Ou	mediante	a	realidade	tem	um	certo	desânimo	em	falar	qualquer	coisa	que	se	relacione	
a	política?
São	 questões	 que	 muitas	 vezes	 estão	 no	 nosso	 dia-a-dia,	 porém	 não	 somos	
capazes	de	aprofundamos	nossas	inquietações	e	passamos	a	viver	em	uma	realidade	que	
não	entendemos,	mas	também	não	sabemos	como	modificar.	
Estudar	Política	é	necessário,	pois	nos	ajuda	a	entender	que	somos	parte	de	uma	
sociedade,	refletidos	e	reflexos	da	vivência	social	que	possuímos,	começando	ainda	em	
um	primeiro	 processo	de	 socialização	que	ocorre,	 inicialmente,	 na	 família	 e	 depois	 nos	
encaminha	para	o	 segundo	processo	que	será	efetivado	nas	 instituições	sociais,	 como:	
Estado,	Igreja	e	Escola.
Todos	 esses	 espaços	 sociais	 tende	 a	 nos	 revelar	 características	 particulares,	
repleto	de	regras	e	também	de	ações	que	serão	direcionadas	como	direitos	e	deveres.	Por	
essa	razão,	é	que	a	política	é	fundamental	para	a	dinâmica	social.
Segundo	Ribeiro	(2010),	o	termo	política	tem	como	princípio	o	exercício	de	diferentes	
formas	de	poder	e	suas	inúmeras	consequências.	Entretanto,	esse	poder	muitas	vezes	não	
é	tãovisível,	mas	está	ali	inserido	pelas	ações	e	atitudes	dos	indivíduos.	
9UNIDADE I Concepções e Princípios
Até	 as	 discussões	 realizadas	 por	 Michael	 Foucault	 (2014),	 sobre	 a	 ideia	 de	
microfísicas	do	poder,	considerava-se	que	ao	falarmos	de	poder	estávamos	nos	referindo	
apenas	a	questão	política,	porém	veremos	mais	adiante,	que	o	poder	é	exercido	de	maneira	
variada	pelos	indivíduo	sobre	o	outro.
A	complexidade	do	poder	é	que	nos	faz	compreender	a	ação	da	política.	Pois,	a	
política	está	interligada	com	o	poder,	esse	tem	por	objetivo	modificar	o	comportamento	das	
pessoas,	por	meio	de	atos	políticos	baseado	em	decisões	e	nos	interesses	próprios	de	um	
grupo	ou	sujeito	social.
Assim,	 ao	 pensarmos	 em	 política	 percebemos	 o	 quando	 ela	 é	 imposta	 pelos	
interesses	pessoais	ou	sociais,	que	são	transformados	em	objetivos,	que	se	tornam	decisões	
importantes	para	todos.
Será	que	você	já	compreendeu	que	toda	e	qualquer	disputa	política	é	permeada	por	
variados	interesses?	Talvez,	quando	nos	damos	conta	disso,	somos	capazes	de	entender	
o	que	move	os	políticos	e	suas	ações.	Todas	as	vezes	que	vemos	uma	campanha	eleitoral	
ou	o	discurso	de	um	político,	precisamos	entender	como	ele	poderá	nos	ajudar	em	nossos	
interesses	pessoais,	se	ele	não	for	capaz	de	suprir	nossas	vontades	pessoais	ou	de	grupos,	
logo	não	será	digno	de	votos.	
Não	se	engane	a	política	é	um	jogo	de	interesse,	em	que	os	envolvidos	precisam	
saber	 jogar,	para	se	 tornarem	aptos	a	não	serem	 iludidos	por	pessoas	que	dizem	 fazer	
aquilo	que	eles	desejam,	mas	não	acabam	fazendo	nada.	
Por	 exemplo,	 te	 convido	 a	 pensar	 em	 quais	 pessoas	 você	 votou	 nas	 últimas	
eleições?	Quais	delas	podem	satisfazer	seus	 interesses?	Quando	você	 foi	a	urna,	você	
pensou	que	estava	votando	em	alguém	que	poderia	entender	suas	necessidades?	Se	a	
sua	 resposta	 foi	 negativa	para	essas	questões,	 talvez	e	 infelizmente,	 você	não	consiga	
entender	como	alinhar	seus	interesses	com	o	do	seu	candidato	pode	se	de	fato	o	que	leve	
a	uma	mudança	social.	
Para	quem	faz	parte	da	educação,	outro	exemplo,	é	necessário	estar	atento	aos	
planos	de	educação	ou	projeto	que	os	candidatos	apresentam,	só	assim	é	possível	modificar	
algo.	Quando	votamos	apenas	por	“gostamos”	do	candidato	muitas	vezes	esquecemos	o	
que	de	fato	ele	poderá	fazer	por	nós.	
Por	isso,	que	muitas	vezes	nos	sentimos	enganados,	a	partir	do	momento	que	temos	
consciência	da	 realidade	e	do	que	necessitamos,	é	que	nos	 tornamos	seres	pensantes	
socialmente	e	podemos	atuar	como	cidadãos	conscientes.	Assim,	o	ato	político	de	votar,	
transforma-se	numa	ação	determinante	para	manter	ou	modificar	a	sociedade.
10UNIDADE I Concepções e Princípios
Além	disso,	Ribeiro	 (2010),	acredita	que	política	está	muito	 relacionado	a	quem	
manda,	por	que	manda,	como	manda,	pois	mandar	não	é	nada	mais,	nada	menos	do	que	
decidir	e	isso	requer	apoio,	anuência	e	muitas	vezes	submissão	do	outro.	O	que	não	é	um	
processo	nada	fácil	ou	simples	de	ser	feito.
A	Política	então	pode	ser	vista	como	a	arte	da	 razão,	ou	a	arte	da	negociação,	
ou	apenas	a	arte	de	governar.	Assim,	quem	a	pratica	deve	 ter	 um	 “dom”	especial	 para	
governar,	uma	espécie	de	vocação	para	compreender	o	outro	e	alinhar	todos	os	interesses	
daquele	que	a	rege	com	aqueles	que	possibilitam	a	tomada	de	poder.	
Nesse	sentido,	veremos	mais	adiante,	que	ela	é	uma	ciência,	pois	quando	decidimos	
entender	 os	 processos	 que	 a	 desenvolve,	 a	 constrói,	 vamos	 entendê-la	 de	 maneira	
sistematizada,	filosófica	e	social.	
Mas	antes	disso,	devemos	afirmar	que	política	também	é	uma	forma	de	profissão.	
Os	 cargos	 políticos	 hoje	 são	 almejados	 muitas	 vezes	 por	 conta	 de	 sua	 rentabilidade.	
Em	nosso	país,	podemos	dizer	que	eles	se	tornaram	“cabides	de	empregos”,	o	que	nos	
revela	que	deixaram	de	ter	um	valor	de	fato,	para	transformar	a	realidade	em	nome	de	um	
bem	comum	a	todos,	passaram	a	ser	apenas	uma	profissão	que	se	dedica	a	influenciar	a	
coletividade	em	razão	de	seus	interesses	próprios	e	não	da	comunidade.
O	fato	é	que	mesmo	que	você,	sem	conhecer,	repita	sempre	que	detesta	política	é	
importante	frisar	que	a	todo	momento	a	fazemos	de	alguma	forma.	Em	constantes	tomadas	
de	decisões	do	dia-a-dia	estamos	fazendo	política,	por	que	tudo	se	resume	a	conquistar	os	
nossos	interesses	em	detrimento	da	aceitação	e	submissão	do	outro.	
Assim,	quando	você	diz	que	odeia	política,	na	verdade	você	não	se	transforma	em	
um	ser	“apolítico”,	mas	sim	indiferente	em	relação	a	sua	realidade	e	sociedade.	Ignorando	
tantas	coisas	que	precisam	ser	realizadas	para	que	a	sua	própria	realidade	venha	a	ser	
modificada.	A	forma	como	as	decisões	são	tomadas	nos	apresentam	o	que	elas	carregam,	
ou	seja,	qual	o	maior	interesse	ali	envolvido,	assim	a	apatia	ou	ter	uma	“atitude	blasé”,	não	
nos	parece	a	melhor	saída	para	as	questões	políticas	(RIBEIRO,	2010).
O	fazer	político	nos	permite	viver	em	sociedade	determinando	as	regras	e	como	
as	ações	devem	ser	direcionadas.	O	ser	político	deve	ser	aquele	que	compreende	a	ideia	
de	coletivo,	sociedade,	da	vivência	nas	cidades	ou	pólis,	como	eram	chamadas	na	grécia	
antiga,	podendo	viver	em	comunidade	sem	extrapolar	o	espaço	do	outro.	
Ideais	 como	 fraternidade,	 liberdade	 e	 igualdade	 utilizados	 durante	 a	 revolução	
francesa,	 nos	mostram	 o	 quanto	 importante	 é	 lutar	 por	 uma	 sociedade	mais	 igualitária	
capaz	de	respeitar	a	diversidade	e	a	convivência	entre	todos.
11UNIDADE I Concepções e Princípios
Porém,	é	claro	que	diante	de	sociedades	desiguais	essas	ações	parecem	utópicas	
e	muitas	vezes	só	acentuaram	ainda	mais	a	diferença	entre	aqueles	que	mandam	e	os	que	
obedecem.	Por	isso,	que	o	fazer	político	não	pode	se	distanciar	da	realidade,	pois	querendo	
ou	não	ele	entra	em	todas	as	nossas	relações	determinando	muitas	vezes	a	forma	como	
agimos	no	mundo.
O	processo	político	deve	estar	atento	a	todas	as	formas	de	variáveis	sociais,	senão	
corremos	o	risco	de	realizar	apenas	o	interesse	de	algumas	pessoas.	Por	exemplo,	quando	
pensamos	em	educação,	alguns	sujeitos	sociais	podem	acreditar	que	ela	nada	mais,	nada	
menos	pode	 ser	 entendida	por	meio	 do	mérito.	Quando	pensamos	nas	aprovações	em	
exames	de	vestibulares,	podemos	observar	quanto	discrepante	é	a	realidade	do	aluno	que	
teve	melhores	condições	de	estudos	em	relação	àqueles	vindo	de	uma	periferia.	A	quem	
diga	que	não	existam	diferenças	cognitivas,	e	 realmente	muitas	vezes	não	 tem	mesmo,	
porém	a	realidade	em	que	vivem	faz	toda	a	diferença.	Te	explico	o	por	que,	não	é	apenas	
a	vontade	de	estudar	que	conta	para	o	sucesso	de	alguém,	mas	também	entender	a	sua	
realidade,	como	as	oportunidades	de	estudos	podem	ser	ofertadas	e	principalmente	qual	a	
sua	condição	financeira.	
Por	isso,	que	após	a	divulgação	de	resultados	de	processos	seletivos,	vemos	que	
o	filho	da	empregada,	do	pedreiro,	da	dona	de	casa,	festeja	a	sua	aprovação	como	quase	
algo	impossível	é	que	ele	conseguiu	alcançar	uma	meta	que	muitas	vezes	era	descartada	
por	conta	da	sua	questão	social.	E	esse	esforço	todo	não	pode	ser	visto	como	mérito,	mas	
infelizmente,	como	uma	exceção,	que	infelizmente	não	é	para	todos.	
Mas	como	isso	tudo	tem	a	ver	com	o	processo	político?	Oras,	se	o	governo	não	é	
capaz	de	dar	condições	educacionais	que	não	diferencie	as	pessoas,	ele	é	culpado	pelo	
fato	de	que	a	universidade	pública,	muitas	vezes	é	ocupada	por	alunos	oriundos	de	escolas	
particulares,	enquanto	as	faculdades	privadas,	estão	repletas	de	pessoas	vinda	da	classes	
mais	baixas.	
Você	pode	estar	pensando,	mas	no	final	 todo	mundo	está	na	sala	de	aula,	e	eu	
posso	 te	 afirmar,	 mediante	 a	 um	 processo	 injusto	 e	 inexistente	 de	 decisões	 coerentes	
para	uma	educação	para	 todos,	a	 forma	como	esses	alunos	adentram	a	universidade	é	
completamente	diferente.	Volto	a	repetir,	não	é	uma	questão	de	cognição,	mas	de	como	o	
próprio	Estado,	por	meio	de	seus	processos	políticos	tem	prometidouma	educação,	laica,	
gratuita	e	de	qualidade	para	todos.	
Será	 que	 ficou	 confuso	 esse	 exemplo?	 Talvez,	 você	 esteja	 se	 perguntando	 o	
que	a	política	pode	 fazer	pelas	pessoas,	se	ela	é	marcada	por	 tanta	corrupção	e	ações	
12UNIDADE I Concepções e Princípios
desonestas?	Pois	bem,	quando	entendemos	que	somos	nós	que	fazemos	política,	fica	mais	
claro	pensar	que	ao	escolher	um	candidato,	estou	escolhendo	também	a	forma	como	ele	
pode	interferir	na	maneira	em	que	vejo,	compreendo	e	entendo	o	mundo	e	isso	pode	ser	
manipulado,	conforme	ele	perceba	o	meu	processo	de	conscientização	da	realidade:
a	Política	não	se	ocupa	de	todos	os	processos	de	formulação	e	tomada	de	
decisões,	mas	somente	daqueles	que	afetem,	de	alguma	forma,	a	coletivida-
de.	A	maior	parte	desses	processos,	como	se	pode	imaginar,	é	extremamente	
complicada.	 [...]	A	Política	não	é,	pois,	apenas	uma	coisa	que	envolve	dis-
cursos	políticos,	promessas,	eleições	e,	como	se	diz	frequentemente,	“muita	
sujeira”.	Não	é	uma	coisa	distinta	de	nós.	É	a	condução	de	nossa	própria	
existência	coletiva,	com	reflexos	imediatos	sobre	nossa	existência	individual,	
nossa	prosperidade	ou	pobreza,	nossa	educação	ou	falta	de	educação,	nos-
sa	felicidade	ou	infelicidade	(RIBEIRO,	2010,	p.	25-26).
Dessa	maneira,	odiar	política,	não	querer	compreendê-la	pode	ser	um	ato	que	não	
tende	a	prejudicar	o	outro,	mas	a	você	mesmo	e	o	fato	de	viver	em	coletividade.	A	Política	
precisa	ser	debatida	e	refletida	a	todo	momento,	para	que	as	tomadas	de	decisões	possam	
ser	realizar	de	maneira	coerente	e	consciente.
13UNIDADE I Concepções e Princípios
2 CIÊNCIAS POLÍTICAS
Segundo	Bonavides	 (2000,	 p.	 42):	 “A	Ciência	Política,	 em	 sentido	 lato,	 tem	por	
objeto	 o	 estudo	 dos	 acontecimentos,	 das	 instituições	 e	 das	 idéias	 políticas,	 tanto	 em	
sentido	teórico	(doutrina)	como	em	sentido	prático	(arte),	referido	ao	passado,	ao	presente	
e	às	possibilidades	futuras”.		É	um	ciência	que	tem	como	propósito	pensar	os	processos	
políticos	e	de	como	o	mesmo	pode	afetar	a	sociedade.
A	Ciências	Políticas	tem	como	objetivo	conhecer	e	refletir	sobre	as	instituições,	dos	
fatos	e	de	tudo	que	tem	a	ver	com	as	práticas	políticas	que	competem	questões	filosóficas,	
jurídicas	e	sociais.	
No	 caso	 da	Filosofia,	 os	 estudos	 realizados	 dão	 ênfases	 a	 investigar	 a	 origem,	
essências,	justificação	e	os	fins	do	Estado,	que	possibilite	compreender	a	gestão	e	atuação	
do	Poder.	Esse	que	vai	permear	toda	a	discussão	em	relação	a	formação	o	Estado.	
Já	diante	de	um	olhar	sociológico,	a	 ideia	de	Ciências	Política,	é	a	que	permeia	
toda	essa	unidade.	Para	a	Sociologia,	a	compreensão	da	política	se	dá	através	do	Estado	
baseado	 no	 fenômeno	 político,	 tendo	 em	Max	Weber	 seu	maior	 expoente	 que	 introduz	
discussões	que	vão	desde	a	racionalização	do	poder,	aparato	burocrático	administrativo,	
compreende	o	 tipo	de	autoridades	que	estão	presente	no	quadro	de	poder,	questiona	a	
administração	pública	e	como	influencia	os	interesses	transformados	em	atos	legislativos.	
Weber	 ao	 pensar	 no	 Estado,	 divide	 a	 sua	 percepção	 por	 meio	 do	 aparato	
administrativo	 e	 da	 violência	 legítima.	 Segundo	 ele,	 todo	 o	 ser	 administrativo	 perpassa	
14UNIDADE I Concepções e Princípios
por	uma	burocratização	e	racionalização	de	suas	ações,	enquanto	a	violência	legítima	se	
revela	pelas	ações	policiais	inquestionáveis	a	favor	do	Estado.	Como	isso	seria	possível?
É	possível	citar	alguns	exemplos	de	quando	a	ação	violenta	policial	se	tornou	uma	
violência	legitimada	pelo	Estado.	Exemplo	1:	a	ação	dos	policiais,	em	2016,	diante	de	um	
protesto	de	professores	no	Estado	do	Paraná.	Diante	de	uma	manifestação	contrária	aos	
desmandos	 do	 Estado	 sobre	 a	 previdência	 de	 seus	 servidores,	 muitos	 professores	 se	
reuniram	na	cidade	de	Curitiba,	para	protestar,	autorizados	pelo	Estado,	policiais	atacaram	
os	professores,	com	balas	de	borrachas,	gás	lacrimogêneo,	agressões	com	cassetetes	e	
até	armas	de	fogo.	Professores	ficaram	feridos	e	por	muitos	a	ação	foi	considerada	abusiva	
e	desastrosas.	Porém,	até	2020,	ninguém	foi	preso	pelo	ação,	em	alguns	casos,	policiais	
foram	até	mesmo	inocentados	em	nome	do	Estado.
Exemplo	2:	 cidade	do	Rio	de	Janeiro,	 2019,	em	uma	ação	desastrosa	a	polícia	
militar	atira	82	vezes	em	um	carro	branco	que	conduzia	uma	família	para	uma	festa,	em	um	
domingo	a	tarde.	Até	o	momento	ninguém	foi	preso	ou	acusado	da	morte	do	motorista	e	
morador	da	região	que	não	tinha	nenhum	problema	com	a	polícia.	
É	 dessa	maneira	 que	 a	 violência	 do	 Estado	 é	 tida	 como	 legítima,	 por	 em	 todo	
caso	esses	policiais	estão	a	serviço	dele	e	em	seu	dever	pode	valer	tudo,	mesmos	vidas	
inocentes.	
A	Ciências	Políticas	entendida	pela	ótica	sociológica	foi	referenciada	por	diferentes	
autores,	cada	um	acrescentou	um	pouco	mais	de	riqueza	a	essa	discussão.	Autores	que	
compreenderam	o	quanto	a	própria	história	das	mudanças	políticas	revelam	que	tipo	de	
análise	pode	ser	feita.	
Cada	tempo,	época,	período	e	contexto	tende	a	demandar	uma	atenção	singular	
sobre	as	questões	relacionadas	aos	processos	políticos.	Nesses	estudos	revela-se	a	ideia	
de	uma	estado	cada	vez	mais	dividido	por	classes	sociais	e	que	acentuam	as	injustiças,	
segregações	sociais	e	espaciais.	Além	disso,	a	análise	sobre	os	partidos	políticos	e	seus	
interesses	vão	evidenciar	a	importância	de	cada	voto	almejado	nas	eleições.	
Os	estudos	ainda	irão	chamar	atenção	para	os	movimentos	sociais	e	sua	eficácia	
dentro	do	Estado.	Movimentos	que	vão	promover	mudanças	ou	conservar	a	visão	do	Estado	
para	inúmeras	questões	sociais.
Chegamos	então	nos	estudos	ligados	às	mudanças	sociais,	que	apontam	a	busca	
de	 uma	 sociedade	mais	 igualitária	 e	 utópica.	 Perpassam	então	 pela	 própria	 história	 da	
constituição	do	Estado	que	pode	ser	absolutista,	liberal,	nacional,	neoliberal,	de	bem	estar	
social,	democrático,	totalitário	ou	ditatorial.	
15UNIDADE I Concepções e Princípios
Os	 propósitos	 do	 estudo	 das	 Ciências	 Políticas	 vai	 nos	 mostrando	 as	 facetas	
do	 Estado	 e	 como	 a	 sua	 construção	 pode	 ser	 compreendida	 mediante	 aos	 processos	
escolhidos.	
Ao	 entender	 os	 processos	 do	 Estado,	 podemos	 compreender	 como	 os	 seus	
interesses	estão	ali	expostos.	Por	exemplo,	a	questão	da	arte	ou	da	cultura	no	Brasil,	passa	
na	atualidade	por	um	desgastante	reconhecimento	de	sua	importância.	Mas,	afinal	pra	que	
serve	a	arte?	
Em	alguns	momentos	da	história	da	humanidade,	arte	foi	usado	como	um	recurso	
revolucionário,	conscientizador,	em	outros	como	manipulador	e	a	favor	de	um	Estado	muitas	
vezes	autoritário.	Pois	bem,	compreendendo	as	políticas	de	Estado	é	possível	entender	
quais	os	interesses	de	seus	governantes.
As	 Ciências	 Políticas	 também	 podem	 ser	 entendidas	 pelo	 viés	 jurídico.	 É	 a	
compreensão	do	Direito	Constitucional,	a	próprio	formação	das	normas	e	regras	do	Estado,	
nascendo	assim	uma	Teoria	Geral	do	Estado.
Para	Montenegro	(1959,	p.	208),	“O	papel	da	ciência	política,	portanto,	será	o	de	
fornecer	elementos	de	conhecimento	do	mundo	real	em	ação	ampla	que	supera	o	simples	
atavismo	ou	mera	militância”.	
Assim,	a	Ciências	Política	existe	por	meio	da	descrição,	interpretação,	crítica	aos	
fenômenos	 que	 correspondem	 às	 práticas	 do	 Estado.	 Tudo	 muito	 específico.	 Estudar	
política	por	essa	perspectiva	é	entendê-la	como	um	campo	único.
Um	 cientista	 político	 será	 muito	 diferente	 de	 um	 cientista	 natural,	 ele	 tem	 por	
“missão”	a	crítica	e	reflexão	de	um	objeto	mutável	o	tempo	todo.	Suas	interpretações	sobre	
as	questões	do	Estado	são	pontuais	ao	momento	observado.	Assim,	não	é	uma	ciência	
capaz	 de	 determinar	 o	 futuro,	 mas	 pode	 sim	 pensá-lo.	 Por	 essa	 razão,	 em	 diferentes	
períodos	históricos	foi	se	questionado	sua	necessidade	e	ou	autoridade.	
Entretanto,	 o	 fato	 de	 ter	 como	 objeto	 os	 processos	 políticos	 baseados	 na	 ideia	
do	podere	interesse	do	Estado,	permite	com	a	política	seja	vista	sim	como	um	objeto	a	
ser	 investigado	que	demanda	seu	próprio	método.	 Importante	na	Ciência	política	não	é	
reafirmar	perspectivas	históricas,	psicológicas	de	seus	envolvidos,	mas	sim	refletir	sobre	o	
Estado	como	um	todo,	em	seus	processos	que	tendem	a	afetar	o	coletivo.	
Assim,	ao	tentarem	a	aproximar	sua	discussão	de	uma	Sociologia	Política,	pode	
se	perceber	que	essa	seria	apenas	uma	ramificação	dos	próprios	originários	da	Ciências	
Política,	assim	os	objetivos	de	ambas	abordagens	são	bem	semelhantes	sobre	a	ênfase	
do	que	interessa	ao	debate	dessa	ciência:	“a)	o	poder	político,	o	comportamento	político	
16UNIDADE I Concepções e Princípios
(indivíduos	 e	 grupos),	 as	manifestações	 de	 autoridade	 (carismática,	 tradicional	 e	 legal,	
segundo	Max	Weber),	a	legalidade	e	legitimidade	do	poder	político;	b)	os	fatores	materiais	
do	poder	político:	o	território	e	a	população;	c)	as	origens	sociais	do	Estado	e	sua	penosa	
evolução,	 consagrando	 institutos	 que	 se	 desdobram	 historicamente,	 da	 escravidão	 à	
liberdade,	do	Estado	de	conquista	ao	Estado	de	cidadania	livre	(Oppenheimer);	d)	a	política	
científica,	volvida	basicamente	para	a	racionalização	do	poder	(a	função	política,	econômica	
e	social	das	burocracias	no	Estado	moderno),	a	tecnocracia;	e)	os	grupos	de	pressão	de	
todo	o	gênero,	 lícitos	e	 ilícitos,	que	atuam	à	sombra	dos	parlamentos	e	dos	ministérios,	
e	influem	nos	atos	legislativos	e	medidas	do	poder	executivo;	f)	a	luta	de	classes	e	seus	
efeitos	políticos,	as	tensões	sociais,	os	antagonismos	políticos	de	toda	espécie;	g)	a	crise	
dos	sistemas	de	governo,	os	regimes	políticos,	as	ideologias,	as	utopias,	a	liberdade	e	a	
autoridade	e	h)	o	inconformismo	social,	as	reformas,	as	revoluções	e	os	golpes	de	Estado”	
(BONAVIDES,	2000,	p.	61).	
Mediante	a	esses	tópicos	podemos	entender	então	que	tudo	que	envolve	o	processo	
de	formação,	expansão	e	consolidação	do	Estado	faz	parte	do	entendimento	da	política	e	
de	sua	ação	mediante	as	decisões	tomadas	com	o	propósito	do	benefício	do	coletivo.
17UNIDADE I Concepções e Princípios
3 PODER E ESTADO
No	que	compete	os	estudos	da	Ciências	Políticas	sem	dúvida	que	o	conceito	de	
Poder	é	uma	dos	mais	pesquisados	e	de	maior	 interesse	 tanto	para	 cientistas	políticos	
como	 sociólogo.	 Em	 sua	 definição	mais	 corrente,	 ele	 pode	 ser	 definido	 como	 um	 fator	
externo,	que	pode	ser	exercido	por	uma	pessoa	ou	um	grupo	de	pessoas,	ainda	de	caráter	
institucional,	pessoal	e	também	simbólico.	
Anteriormente,	comentei	que	o	poder	pode	estar	em	diferentes	estâncias,	como	é	
o	caso	das	relações	entre	pais	e	filhos,	professores	e	alunos,	chefias	e	funcionários,	nesse	
sentido	seu	significado	se	“encaixa”	da	perspectiva	Foucaultiano	de	microfísica	do	poder.	
Você	deve	estar	pensando:	“então	existe	poder	em	todos	os	lugares	e	relações?”	
Basicamente	sim.	Tudo	que	fazemos	está	permeado	por	alguma	relação	de	poder,	a	ideia	
de	quem	manda	e	quem	obedece	permanece	forte,	mesmo	que	“invisível”.	
Sociologicamente	 falando,	 o	 poder	 existe	 em	 todas	 as	 relações	 sociais,	 se	
manifestando	tanto	na	esfera	pública	quanto	privada.	
Em	relação	aos	estudos	da	Ciências	Políticas,	o	poder	é	visto	como	aquele	que	
constitui	todo	tipo	de	governo	e	que	necessita	ser	controlado	para	que	não	possa	se	tornar	
autoritário.	Um	bom	governo	precisa	estar	ciente	de	sua	relação	entre	diferentes	grupos	de	
interesses	e	preservar	a	autonomia	de	cada	um	deles,	que	impeça	que	alguns	indivíduos	
sejam	 prejudicados.	 Assim,	 busca-se	 promover	 o	 bem	 comum,	 em	 que	 o	 poder	 seria	
baseado	em	uma	justiça	equilibrada.
18UNIDADE I Concepções e Princípios
O	 fato	 é	 que	 quando	 nos	 atrevemos	 a	 falar	 sobre	 poder,	 não	 podemos	 deixar	
de	citar	o	pai	da	Filosofia	Política	moderna,	Nicolau	Maquiavel,	que	escreveu	uma	obra	
clássica	chamada	O	Príncipe,	que	pode	ser	entendido	como	uma	espécie	de	manual	que	
busca	instruir	o	príncipe	não	apenas	a	conquistar	o	poder,	como	também,	de	promover	sua	
manutenção,	compreendendo	os	meios	necessários	para	se	atingir	aquilo	que	é	necessário	
para	si.
Além	de	ser	uma	obra	que	pode	ser	entendida	como	um	manual	para	o	governante,	
o	livro	também	serve	para	ser	interpretado	pelo	povo	contra	os	possíveis	abusos	de	poder	
daqueles	que	os	governa.	
A	abordagem	proposta	por	Maquiavel	estava	baseada	na	noção	de	VIRTÚ,	não	
numa	virtude	de	origem	moral,	mas	sim	de	poderes	e	funções	que	envolviam	o	domínio	
políticos.	Poderia	ser	entendido	também	como	o	sucesso	de	um	Estado	que	deveria	ser	
admirado	e	imitado	pelos	demais	governantes.		Nesse	sentido,	tudo	que	fosse	necessário	
para	a	manutenção	desse	bem	estar	deveria	ser	realizado	em	nome	do	Estado,	os	meios	
utilizados	deveriam	justificar	as	ações	desse	monarca.	
Em	uma	das	partes	mais	significativas	do	O	Príncipe,	Maquiavel	“aconselha”	que	
esse	precisa	ter	uma	relação	de	equilíbrio	com	o	seu	povo.	Precisa	ser	tanto	amado	quanto	
temido,	e	se	não	conseguir	autocontole,	é	preferível	que	seu	povo	 tenha	medo	de	suas	
ações,	pois	segundo	Maquiavel,	ser	temido	é	muito	mais	garantido	do	que	amado,	pois	o	
amor	pode	ser	traiçoeiro.	Por	isso,	quando	necessária	a	violência	deveria	ser	aplicada	para	
demonstrar	o	poderio	do	governante.
Além	da	virtú,	que	seria	a	capacidade	de	se	conduzir	um	governo,	para	Maquiavel,	
o	 príncipe	 também	 deveria	 ter	 FORTUNA,	 para	 saber	 lidar	 com	 as	 mais	 variáveis	
circunstâncias	que	desafiam	a	estabilidade	do	político,	uma	relação	estreita	e	muito	pontual	
com	o	acaso,	o	azar	e	a	sorte.	
Dessa	maneira,	aquele	que	possuí	a	virtú	consegue	controlar	os	 imprevistos	da	
fortuna	e	isso	o	faz	ser	um	governante	completo	e	atento	para	todas	as	suas	funções	dentro	
do	seu	reinado	que	quanto	mais	vitorioso	e	próspero	se	expande	para	novas	conquistas.
Ao	 longo	 da	 história	 da	 humanidade,	 após	 os	 escritos	 iniciais	 de	 Maquiavel,	 a	
questão	de	pensar	o	poder	por	meio	da	política	foi	se	tornando	relevante	para	outros	autores,	
que	vão	dar	origem	a	formação	do	Estado	Moderno,	que	cada	vez	mais	irá	se	distanciar	da	
figura	de	um	rei	ou	monarca	absoluto	e	ver	surgir	novas	formas	de	organização.	
Destacam	 se	 a	 partir	 dos	 séculos	 XVI	 -	 XVII,	 os	 chamados	 contratualistas,	
representados	por	Thomas	Hobbes,	John	Locke,	Jean-Jacques	Rousseau	e	Charles-Louis	
19UNIDADE I Concepções e Princípios
Montesquieu,	cada	um	deles	irá	pensar	a	ideia	de	Estado	e	política	em	suas	particularidades.	
Vejamos,	de	maneira	sucinta,	pontos	importantes	de	suas	teorias:
● Thomas Hobbes - (1588-1679):	para	esse	autor	os	homens	são	guiados	pelo	
sentimento	egoísta	que	se	revela	em	seu	estado	de	natureza,	assim	afirma	que:	
“O	homem	é	o	lobo	do	próprio	homem”,	para	solucionar	uma	possível	constância	
de	estado	de	guerra,	ele	sugere	que	para	viverem	em	harmonia,	os	homens	
deveriam	 renunciar	 ao	 seu	 estado	 de	 natureza,	 para	 sua	 autopreservação.	
Deveriam	preservar	o	estado	de	paz,	mantido	por	um	Estado	poderoso,	acima	
de	tudo	e	de	todos.
● John Locke - (1632-1704):	 Conhecido	 como	 o	 “pai”	 do	 liberalismo	 político,	
acredita	que	o	Estado	deve	ser	pensado	preservando	o	conjunto	de	individualidade	
de	cada	um,	assim	como,	a	propriedade	privada.	Por	isso,	defende	um	governo	
com	limites,	visto	como	um	agente	mediador	e	regulador.
● Jean-Jacques Rousseau - (1712-1778):	Sua	teoria	se	baseia	na	ideia	de	um	
contrato	social,	em	que	afirmar	que	o	ser	humano	seria	um	“bom	selvagem”,	
entretanto,	 a	 sociedade	 política	 seria	 responsável	 por	 corrompê-lo.	Por	 isso,	
deveria	 ser	 um	 construída	 uma	 sociedade	 por	 meio	 de	 contrato,	 ou	 seja,	 o	
consenso	entre	as	partes	envolvidas,	uma	associação	justa.
● Charles-Louis Montesquieu - (1689-1755):	 Pensando	 em	 uma	 sociedade	
civil,	 organizada,	era	necessário	 refletir	 sobre	a	distribuição	dos	poderes.	Se	
já	não	existe	mais	um	monarca	que	toma	conta	detudo,	se	fez	fundamental	o	
surgimento,	proposto,	por	esse	pensador	de	uma	teoria	dos	três	poderes.	Essa	
separação	fez	surgir	o	Estado	moderno	liberal,	pensado	por	meio	dos	poderes	
básicos:	 o	 Legislativo,	 o	 Executivo	 e	 o	 Judiciário.	 Existentes	 até	 hoje,	 cada	
um	 deve	 ser	 preservado	 em	 sua	 particularidade	 e	 autonomia.	 Porém,	 como	
percebemos	essa	divisão,	 infelizmente,	 não	 tem	garantido	que	seja	exercido	
com	bom	funcionamento	e	sem	corrupção.
Enfim,	quando	pensamos	o	poder	precisamos	também	analisar	como	em	contextos	
diferentes,	 ele	 vai	 se	 afirmando	 de	 maneiras	 diversas.	 A	 constituição	 dos	 primeiros	
pensadores	sobre	o	conceito	e	sua	ação	prática	nos	permite	ver	o	quanto	a	ideia	de	poder	
ainda	é	existente	em	nosso	cotidiano,	por	 isso	precisamos	entender	cada	vez	mais	sua	
ação	no	que	compete	às	políticas	públicas.
20UNIDADE I Concepções e Princípios
4 PODER X DOMINAÇÃO
Para	finalizar	a	nossa	unidade,	vamos	nos	aprofundar	um	pouquinho	mais	nessa	
ideia	 de	 poder,	mas	 com	 outra	 forma	 de	 olhar	 e	 perceber	 como	 ele	 se	 estabelece	 em	
sociedade.	
Vimos,	 anteriormente,	 como	 Max	Weber	 foi	 importante	 para	 pensar	 a	 ideia	 de	
Estado	e	sociedade	já	em	meados	do	século	XX,	nos	apresentando	uma	forma	particular	
de	entender	a	sociedade.	Bom,	nesse	momento	vamos	recorrer	novamente	ao	autor	para	
ver	como	ele	diferenciou	os	conceitos	de	poder	e	dominação.	
A	primeira	coisa	que	devemos	relembrar	dos	estudos	já	realizados	sobre	Weber,	é	
que	esse	autor	defendia	que	o	indivíduo	era	responsável	por	moldar	a	sociedade.	Para	ele,	
somos	nós,	com	nossas	ações	sociais,	que	determinamos	a	sociedade.	Por	essa	razão,	
seu	conceito	de	Ação	Social	nos	 revela	que	somos	movidos	por	sentidos	e	significados	
individuais	para	nossas	atitudes	e	todas	elas	podem	ser	explicadas	de	maneira	subjetiva.	
Para	ele,	a	ação	social,	pode	ser	pensada	a	partir	de	quatro	tipos:	
● Ação social racional em relação à fins	-	Tudo	que	realizamos	tem	com	objetivo	
um	fim,	por	exemplo,	ao	estudar	você	busca	um	diploma,	não	é	mesmo?	Pois	
bem,	é	por	causa	da	certificação	que	você	passa	por	todos	os	desafios	de	fazer	
uma	graduação.
21UNIDADE I Concepções e Princípios
● Ação social racional em relação à valores	-	Para	Weber	ser	honesto	e	gentil,	
por	 exemplo,	 são	ações	que	 racionalizamos	a	partir	 dos	 valores	 sociais	 que	
estão	embutidos	em	nossos	princípios	morais,	familiares	ou	de	crenças.
● Ação Afetiva	-	Os	nossos	sentimentos	não	são	racionais,	por	isso,	amor,	raiva	
são	vistos	como	ações	afetivas	marcada	pelo	impulso	subjetivo	de	cada	um.
● Ação tradicional -	são	ações	que	mantemos	por	costumes	ou	hábitos,	apenas	
repetindo	o	que	os	outros	fazem,	sem	questionamento.	Por	exemplo,	o	ato	de	
pedir	a	benção	para	familiares,	muitas	pessoas	ainda	os	fazem,	porém	será	que	
conseguem	compreender	seu	real	significado?
Weber	ainda	nos	ajuda	pensar	que	essa	ações	quando	compartilhada	por	outras	
pessoas,	podem	se	tornar	relações	sociais,	que	nos	permitem	vivem	em	coletividade.
Ao	pensar	na	coletividade,	Weber	se	deparou	com	o	Estado,	formado	por	diferentes	
indivíduos	e	interesses.	A	comunidade	é	formada	por	uma	divisão	de	poderes	que	forma	um	
conjunto	de	esferas	autônomas,	com	suas	próprias	regras,	sistemas	de	valores,	crenças	e	
etc.	Assim,	o	autor	refletiu	sobre:	classes,	estamentos	e	partidos,	para	pensar	a	distribuição	
de	poder.	
● Classes:	Não	será	vista	ainda	como	uma	divisão	social,	para	o	autor,	a	classe	
significa	a	aquisição	de	bens	e	serviços	que	são	próprios	de	um	mesmo	grupo.	
Podemos	 pensar	 como	 uma	 classe	 de	 aula,	 por	 exemplo,	 nela	 as	 pessoas	
estarão	 “unidas”	por	um	 interesse	comum,	ser	aprovado	no	ano	 letivo,	 terão	
suas	regras	particulares.	Nesse	sentido,	classe	é	 fazer	parte	desse	grupo	de	
pessoas.
● Estamentos:	Pode	ser	pensado	como	um	status,	ou	seja,	o	espaço	social	que	
ocupamos	a	partir	do	que	possuímos	e	como	essas	aquisições	nos	oferece	um	
lugar	na	sociedade.
● Partidos:	 esses	 são	 responsáveis	 apenas	 pela	 busca	 ou	 posse	 do	 poder	
institucional,	por	meio	das	eleições	e	do	voto.
Ao	pensar	a	sociedade	de	caráter	racionalizado	e	burocrático,	Weber	nos	permitiu	
compreendê-la	em	sua	organização.	Assim	seus	estudos	no	campo	político	fez	com	que	o	
entendimento	sobre	o	Estado,	em	seus	diferentes	níveis,	pudessem	ser	visto	desde	a		àrea	
administrativa	até	as	questões	de	território.	Entendeu	que	o	poder	se	estabelece	na	esfera	
22UNIDADE I Concepções e Princípios
pública,	através	da	racionalidade	burocrática	e	 também	por	meio	da	 forma	como	o	 líder	
dominar	o	seu	povo.	
Nesse	 momento,	 o	 autor	 nos	 convida	 a	 entender	 que	 poder	 e	 dominação	 são	
coisas	completamente	diferentes,	embora	sejam	muito	parecidos	em	seus	propósitos.	O	
que	o	autor	identifica	como	poder,	a	imposição	de	sua	própria	vontade	sobre	o	outro,	a	ideia	
genuína	de	quem	manda	e	quem	deve	obedecer,	a	opressão	em	relação	ao	outro.	
Já	a	dominação	é	uma	imposição	de	poder	que	pode	ser	“disfarçada”	pela	maneira	
como	ela	se	revela	ao	outro.	Dominar	é	a	capacidade	de	fazer	com	que	uma	vontade	pessoal,	
subjetiva,	 se	 transforme	 e	 se	 compartilha	 como	 vontade	 individual	 de	 outras	 pessoas.	
Dessa	maneira,	a	dominação	irá	exercer	um	poder	que	muitas	vezes	passa	desapercebido	
por	quem	apenas	a	reflete	como	sendo	sua	própria	vontade.	Ficou	confuso?	Vamos	então	
aos	tipos	de	dominação	legítimas,	propostas	pela	análise	de	Weber:
● Dominação Carismática:	o	líder	carismático	é	aquele	que	aclamado	pelo	povo	
pelo	seu	“dom”	ou	“dádiva”	que	o	diferencia	dos	demais	sujeitos	da	sociedade.	
Ele	possuí	um	convencimento	retórico.	São	atribuídos	a	ele	poderes	“especiais”,	
a	visto	como	um	herói	ou	heroína,	por	ter	algo	que	o	diferencia	dos	demais	seres	
humanos.	Esse	tipo	de	líder	pode	ser	identificado	em	diferentes	esferas	sociais.	
Pode	ser	o	atleta,	a	atriz,	o	político,	a	cantora,	o	padre,	o	pastor,	o	professor.	São	
pessoas	que	pelo	seu	carisma	podem	convencer	os	outros	sem	muito	esforço.
● Dominação Racional-Legal: essa	 é	 legitimada	 pela	 questão	 legal,	 ou	
seja,	 as	 regras	 e	 leis	 impostas	 que	 promovem	 uma	 racionalização	 nos	
processos	governamentais.	São	as	normas	que	devemos	seguir	 sem	muitos	
questionamentos.
● Dominação Tradicional:	assim	como,	na	ação	tradicional,	aqui	o	processo	de	
persuasão	ocorre	mediante	os	costumes,	valores	e	hábitos	definidos	de	maneira	
hierárquico	que	estabelece	a	relação	do	líder	e	de	seus	subordinados.
Por	fim,	a	dominação	tem	como	ação	promover	que	o	poder	possa	ser	exercido	por	
meio	de	questões	ideológicas	que	tende	a	esconder	a	realidade	ou	até	mesmo	incentivar	
a	 não	 existência	 de	 uma	 pensamento	 mais	 crítico.	 Quando	 dominados,	 deixamos	 de	
questionar	o	que	nos	parece	ser	a	nossa	própria	vontade,	mas	que	não	verdade	tem	sido	
manipulada	para	o	melhor	aproveitamento	e	realização	daqueles	que	estão	no	poder.	
23UNIDADE I Concepções e Princípios
Por	 isso,	 a	 importância	 de	 compreender	 os	 processos	 do	 campo	 político	 para	
identificarmos	se	estamos	contribuindo	para	uma	dominação	que	tende	a	nos	incapacitar	
para	o	entendimento	da	realidade.
SAIBA MAIS
Você	sabia	que	a	obra	“O	Príncipe”	foi	escrita	em	1513,	enquanto	Maquiavel	se	encon-
trava	exilado.	Entretanto,	seu	livro	só	foi	publicado	em	1532,	cinco	anos	após	a	sua	mor-
te.	O	livro,	que	é	um	manual	sobre	a	arte	de	governar,	foi	inspirado	pelo	estilo	político	de	
César	Bórgia,	que	foi	um	dos	mais	ambiciosos	comandantes	italianos,	e	que	Maquiavel	
trabalhou	junto	por	5	meses	quando	foi	embaixador.
Fonte:	a	autora.
REFLITA
O Analfabeto Político - Bertold Brecht	
“O	pior	analfabeto	é	o	analfabeto	político.	Ele	não	ouve,	não	 fala,	nem	participa	dos	
acontecimentos	políticos.	Ele	não	sabe	o	custo	de	vida,	o	preço	do	feijão,	do	peixe,	da	
farinha,	do	aluguel,	do	sapato	e	do	remédio	dependem	das	decisões	políticas.
O	analfabeto	político	é	tãoburro	que	se	orgulha	e	estufa	o	peito	dizendo	que	odeia	a	
política.	Não	sabe	o	imbecil	que	da	sua	ignorância	política,	nasce	a	prostituta,	o	menor	
abandonado,	e	o	pior	de	todos	os	bandidos,	que	é	o	político	vigarista,	pilantra,	corrupto	
e	lacaio	das	empresas	nacionais	e	multinacionais”.
Fonte:	Disponível	em:	
<https://www.portalraizes.com/o-analfabeto-politico-uma-reflexao-bastante-atual-de-bertolt-brecht/>	
Acesso	em:	25.Jan.2020.
Ao	ler	o	poema,	você	consegue	refletir	se	é	uma	analbeto	político?
https://www.portalraizes.com/o-analfabeto-politico-uma-reflexao-bastante-atual-de-bertolt-brecht/
24UNIDADE I Concepções e Princípios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes	mesmo	de	entrarmos	de	cabeça	sobre	a	 temática	das	políticas	públicas	de	
educação,	optamos	por	uma	breve	 reflexão	sobre	como	se	desenvolveu	os	conceitos	de:	
política,	ciências	política,	poder,	Estado	e	dominação.	
Partimos	 do	 pressuposto	 que	 era	 de	 relevante	 importância	 fazer	 esse	 primeiro	
caminhar	para	que	as	próximas	descobertas	fizessem	ainda	mais	sentido	para	o	nosso	estudo.	
Sobre	o	conceito	de	política	podemos	perceber	que	estamos	cotidianamente	inseridos	
nessa	ação.	Fazemos	política	o	tempo	todo,	pois	estamos	sempre	em	contato	com	o	outro,	
negociando,	alguma	coisa.	Sendo	ela	uma	arte	da	 razão,	nos	permite	direcionar	a	 forma	
como	vemos	a	vida	e	entendemos	a	nossa	relação	com	o	outro.	
Por	 isso,	entender	política	é	 tão	 importante,	por	que	ela	nos	 faz	perceber	de	que	
maneira	as	tomadas	de	decisões	são	realizadas,	baseadas	em	que	tipo	de	interesse.	Afinal,	a	
política	é	também	um	processo	individual	que	se	desenvolve	numa	proposta	de	coletividade.	
Nesse	sentido,	entender	os	processos	políticos	deve	ser	feito	por	meio	de	métodos	
e	 teorias	que	priorize	uma	compreensão	 fora	da	 ideia	de	 “achismos”	ou	gostos	pessoais.	
Hoje	estamos	vivendo	uma	polarização	política	que	tem	nos	impedido	de	fazer	de	fato	uma	
reflexão	crítica	sobre	os	processos	e	a	formação	do	Estado,	isso	por	que	as	pessoas	não	
usam	as	 ferramentas	ou	 realizam	as	 leituras	 indicados	por	aqueles	que	 transformaram	o	
campo	político	em	uma	ciência,	chamada	de:	Ciências	Políticos.
Como	ressaltamos,	pensar	a	política	brasileira	ou	mundial	não	é	algo	que	podemos	
fazer	apenas	“gostando	ou	não”	de	um	determinado	partido	político,	mas	sim	sendo	capaz	de	
entender	a	dimensão	dos	processos	políticos.
Esse	processos	estão	sempre	repletos	de	formas	de	poder,	que	não	pode	ser	definido	
como	um	conceito	único	e	imutável.	Poder	existe	em	todos	os	lugares	e	para	os	pensadores	
da	Sociologia,	qualquer	relação	social	é	mantida	por	uma	relação	de	poder.	Como	afirma,	
Foucault	(2014),	o	poder	se	multiplica	em	suas	microfísicas,	ou	seja,	nas	relações	humanas	
em	que	haja	a	propensão	de	alguém	mandar	enquanto	o	outro	obedece.
Por	fim,	vimos	que	o	poder	pode	ser	entendido	em	uma	outra	“roupagem”,	através	
da	dominação,	essa	não	é	apenas	exercida	pela	vontade	particular,	mas	sugerida	como	uma	
vontade	de	todos.
25UNIDADE I Concepções e Princípios
LEITURA COMPLEMENTAR 
Quando	 falamos	 de	 política	 podemos	 compreendê-la	 em	 suas	 diferentes	
representações.	Uma	das	formas	mais	recentes	de	entendê-la	pode	ser	através	de	uma	
fenômeno	político	chamado	de	Ativismo	digital.	
Leia	o	texto	indicado	e	reflita.
DESLANDES.	Suely	Ferreira.	O ativismo digital e sua contribuição para a descentralização política.	
2018.	Disponível	em:
<http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n10/1413-8123-csc-23-10-3133.pdf>	Acesso	em:	25.Jan.2020.
http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n10/1413-8123-csc-23-10-3133.pdf
26UNIDADE I Concepções e Princípios
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO:
• Título:	A	Revolução	dos	Bichos
• Autor:	George	Orwell
• Editora:	Companhia	das	Letras
• Sinopse: Verdadeiro	clássico	moderno,	concebido	por	um	dos	
mais	influentes	escritores	do	século	20,	“A	Revolução	dos	Bichos”	é	
uma	fábula	sobre	o	poder.	Narra	a	insurreição	dos	animais	de	uma	
granja	contra	seus	donos.	Progressivamente,	porém,	a	revolução	
degenera	numa	tirania	ainda	mais	opressiva	que	a	dos	humanos.	
Escrita	em	plena	Segunda	Guerra	Mundial	e	publicada	em	1945	
depois	 de	 ter	 sido	 rejeitada	 por	 várias	 editoras,	 essa	 pequena	
narrativa	 causou	 desconforto	 ao	 satirizar	 ferozmente	 a	 ditadura	
stalinista	numa	época	em	que	os	soviéticos	ainda	eram	aliados	do	
Ocidente	na	luta	contra	o	eixo	nazifascista.De	fato,	são	claras	as	
referências:	o	despótico	Napoleão	seria	Stálin,	o	banido	Bola-de-
Neve	seria	Trotsky,	e	os	eventos	políticos	-	expurgos,	instituição	de	
um	estado	policial,	deturpação	tendenciosa	da	História	-	mimetizam	
os	que	estavam	em	curso	na	União	Soviética.Com	o	acirramento	
da	Guerra	Fria,	as	mesmas	razões	que	causaram	constrangimento	
na	época	de	sua	publicação	levaram	A	revolução	dos	bichos	a	ser	
amplamente	 usada	 pelo	Ocidente	 nas	 décadas	 seguintes	 como	
arma	ideológica	contra	o	comunismo.	O	próprio	Orwell,	adepto	do	
socialismo	e	 inimigo	de	qualquer	 forma	de	manipulação	política,	
sentiu-se	incomodado	com	a	utilização	de	sua	fábula	como	panfleto.
FILME/VÍDEO
• Título:	Leões	e	Cordeiros.
• Ano:	2007.
• Sinopse:	Um	professor	idealista,	um	senador	e	uma	jornalista	de	
TV	envolvidos	em	diferentes	aspectos	na	guerra	no	Afeganistão.	
O	professor,	Stephen	Malley,	tenta	convencer	um	de	seus	alunos	
mais	 promissores	 a	 assumir	 uma	 posição	 e	 mudar	 o	 curso	 de	
sua	 vida.	 Um	 senador,	 Jasper	 Irving,	 que	 pretende	 vender	 sua	
“mais	 nova	 estratégia	 de	 guerra”	 a	 uma	 incrédula	 jornalista	 de	
um	noticiário	de	TV.	Do	outro	 lado	do	mundo,	dois	ex-alunos	do	
professor	estão	presos	atrás	das	linhas	inimigas	no	Afeganistão.	
Três	histórias	interligam-se	para	enfocar	que	as	nossas	decisões	
determinam	o	nosso	futuro	pessoal	e	dentro	da	sociedade.
27
Plano de Estudo:
•	Conceitos	e	Definições	de	Políticas	Públicas
•	Definição	de	Políticas	Públicas	no	Brasil
•	Breve	histórico	do	Políticas	Públicas	de	Educação
•	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional.
Objetivos de Aprendizagem:
•	Conceituar	e	contextualizar	o	que	são	políticas	públicas
•	Compreender	os	tipos	de	políticas	públicas	no	brasil,	em	especial,	as	relacionadas	a	
educação.
•	Refletir	sobre	a	importância	da	LDB	para	as	políticas	públicas	de	educação.
UNIDADE II
Políticas Públicas: Aspectos Legais da 
Educação Básica no Brasil
Professora Mestra Renata Oliveira dos Santos
28UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
INTRODUÇÃO
Ao	continuar	as	nossas	descobertas	sobre	o	“mundo”	das	Ciências	Políticas	e	da	
Política	de	maneira	geral,	vamos	agora		nos	aprofundarmos	cada	vez	mais	nas	chamadas	
políticas	públicas	relacionadas	a	educação	brasileira.
Para	isso	iniciaremos	a	nossa	discussão	aprendendo	sobre	o	conceito	de	políticas	
públicas,	para	compreendermos	qual	a	diferença	e	importância	delas	em	relação	as	demais	
políticas	realizadas	pelo	governo.
Depois	 vamos	 refletir	 sobre	 as	 diferenças	 entre	 políticas	 públicas	 e	 políticas	
públicas	de	educação,	 com	o	objetivo	de	percebemos	que	cada	esfera	 social	 demanda	
uma	necessidade,	um	olhar,	mais	aguçado	sobre	a	realidade	que	a	rodeia.	
Sabemos	 que	 a	 educação	 sempre	 foi	 um	projeto	 político,	mas	 que	muito	 ainda	
falta	a	ser	feito	para	que	ela	possa	de	fato	ser	entendida	como	uma	prioridade	de	qualquer	
governo.	Por	 isso,	 é	muito	 importante	 refletir	 sobre	 como	esse	projeto	político	 tem	sido	
desenvolvido	em	nosso	país.
Para	isso,	vamos	fazer	um	breve	histórico	sobre	as	políticas	públicas	de	educação	
no	Brasil	e	seu	desenvolvimento	até	a	chegada	da	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	
Nacional	-	LDB	de	1996.
Assim,	 ao	 pensarmos	 historicamente	 sobre	 esse	 tipo	 de	 política	 poderemos	
perceber	de	que	maneira	ela	é	imprescindível	para	o	desenvolvimento	do	país	e	de	toda	a	
população.	Afinal,	não	é	de	hoje	que	concluímos	que	a	educação	deve	ser	uma	prioridade	
governamental,	mas	que	a	mesma	precisa	ser	pensada	na	realidade	existente	para	quede	
fato	possa	ser	para	TODOS.
BONS	ESTUDOS!
29UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
1 POLÍTICAS PÚBLICAS: O QUE SÃO?
O	exercício	 que	 fizemos,	 anteriormente,	 foi	 pensar	 sobre	 a	 Política.	 Vimos	 que	
ela	pode	ser	entendida	como	arte	da	razão	ou	a	arte	de	governar.	Sendo	assim,	quando	
falamos	 de	Política	 pública	 estamos	 utilizando	 de	 uma	 expressão	 que	 tem	 por	 objetivo	
determinar	uma	situação	específica	da	política.	
Por	isso,	se	quisermos	conhecer	de	fato	sua	definição,	se	faz	necessário		entendermos	
a	etimologia	das	palavras	que	compõe	essa	expressão.	Assim,	quando	falamos	de	Política	
remetemos	a	palavra	em	sua	origem	grega,	politikó,	que	revela	a	condição	de	participação	
da	pessoa	que	sendo	livre	nas	decisões,	pode	tornar	as	decisões	necessárias	em	relação	
aos	rumos	da	cidade,	a	pólis.	Vale	ressaltar	que	no	período	grego	a	liberdade	não	era	uma	
coisa	para	todos,	muito	menos	a	condição	de	cidadão,	esse	era	um	privilégio	apenas	de	
homens	atenienses	e	de	posses.	
No	 que	 compete	 a	 palavra	 pública	 sua	 origem	 revela-se	 latina,	 e	 tem	 como	
significado	povo	e	do	povo.	Dessa	maneira,	a	expressão	política	pública,	do	ponto	de	vista	
etimológico	das	palavras	que	a	compõem,	refere-se	à	participação	do	povo	nas	decisões	
da	cidade,	do	território.	
Entretanto,	 sabemos	 que	 esse	 tipo	 de	 participação	 assumiu	 feições	 distintas,	
no	 tempo	 e	 no	 lugar,	 cada	 contexto	 histórico	 tem	 sua	 particularidade	 e	 assim,	 ela	 tem	
se	apresentado	de	forma	direta	ou	 indireta	(por	representação).	Mas	o	que	devemos	ter	
30UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
sempre	em	mente	é	que	para	que	ela	possa	ser	concretizada	é	imprescindível	a	presença	
de	uma	estado.	
Um	mundo	cada	vez	mais	globalizado	fez	surgir	uma	sociedade	cada	vez	antenada	
com	as	suas	necessidades.	Diante	disso,	o	conhecimento	e	 reflexão	sobre	as	questões	
das	políticas	públicas	tem	se	modificado	a	cada	nova	década,	pois	estamos	vivendo	em	
governos	de	caráter	democrático	que	proporciona,	ou	pelo	menos	deveria	proporcionar,	
uma	maior	participação	do	povo	nas	questões	governamentais.	
A	parceria	povo	e	Estado	é	o	que	permite	que	o	governo	possa	 ter	estabilidade	
para	governar,	por	isso	é	necessário	que	as	políticas	públicas	sejam	de	fato	pensadas	e	
exercidas	para	o	bem	de	todos.		
Assim	como	outros	conceitos	definir	as	políticas	públicas	em	uma	única	expressão	
é	muito	complicado,	por	essa	razão	optamos	aqui	pode	reproduzir	duas	maneiras	que	se	
complementam	ao	pensarmos	sobre	elas.	Para	Souza	 (2003,	p.	13):	a	definição	estaria	
relacionada	 “Campo	do	conhecimento	que	busca,	ao	mesmo	 tempo,	 “colocar	o	governo	
em	ação”	e/ou	analisar	essa	ação	(variável	 independente)	e,	quando	necessário,	propor	
mudanças	no	rumo	ou	curso	dessas	ações	e	ou	entender	por	que	o	como	as	ações	tomaram	
certo	 rumo	 em	 lugar	 de	 outro	 (variável	 dependente).	 Em	 outras	 palavras,	 o	 processo	
de	 formulação	de	política	pública	é	aquele	através	do	qual	 os	governos	 traduzem	seus	
propósitos	em	programas	e	ações,	que	produzirão	resultados	ou	as	mudanças	desejadas	
no	mundo	real”.
Já	para	Azevedo	(2003,	p.	38):	“política	pública	é	tudo	o	que	um	governo	faz	e	deixa	
de	fazer,	com	todos	os	impactos	de	suas	ações	e	de	suas	omissões”.	
Mediante	a	esses	 fragmento	é	possível	então	compreendermos	que	as	políticas	
públicas	são	as	ações	governamentais	pensadas	e	realizadas	para	o	bem	comum,	assim,	
se	não	somos	capazes	de	entender	sobre	política	e	suas	ramificações,	podemos	acabar	
sendo	dominados	por	governos	autoritários	e	corruptos,	sem	nenhuma	realização	efetivada	
de	transformação	ou	mudança	na	sociedade.	
Então	 ao	 pensarmos	 em	 políticas	 públicas	 podemos	 afirmar	 que	 elas	 seriam	
a	 expressão	 máxima	 dos	 governos,	 que	 necessitam	 do	 povo	 para	 entender	 suas	
particularidades	e	colocar	em	prática	aquilo	que	precisa	ser	modificado.	Por	isso,	é	essencial	
que	haja	uma	organização	social	capaz	de	permitir	uma	relação	clara	entre	governo	e	povo,	
onde	esse	possa	compreender	seu	espaço	nas	decisões	políticas	e	o	governo	entender	o	
que	de	fato	seu	povo	deseja.	Voltamos	aqui	é	pensar	que	a	política	é	feita	de	interesses,	
mas	precisamos	saber	de	quem.
31UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
Mas	será	que	existem	apenas	um	tipo	de	políticas	públicas?	Para	Azevedo	(2003),	
elas	 podem	 ser	 entendidas	 em	 três	 categorias:	 as	 redistributivas,	 as	 distributivas	 e	 as	
regulatórias.	Vejamos	então	as	especificidades	de	cada	uma:
●	 Redistributivas:	são	aquelas	relacionadas	permitem	a	redistribuição	de	renda,	
por	 meio	 de	 financiamentos	 de	 serviços	 e	 equipamentos.	 Elas	 podem	 ser	
compreendidas	 por	 meio	 dos	 programas	 como:	 FIES,	 bolsa	 família,	 renda	
mínima	para	água	e	luz,	Minha	Casa	-	Minha	Vida	e	tantos	outros	programas	
que	 contribuem	 para	 diminuição	 das	 desigualdades	 sociais.	 Elas	 deveriam	
ser	financiadas	por	aqueles	que	possuem	renda	maior	que	a	grande	parte	da	
população,	 entretanto,	 acaba	 sendo	 incorporada	 aos	 gastos	 de	 projetos	 da	
união	e	assim	há	um	maior	gasto	na	conta	do	Estado.	Assim,	muitos	acabam	
achando	 que	 esses	 programas	 sociais,	 quando	 não	 usufruídos	 por	 ele,	 são	
onerosos	demais	para	a	sociedade,	se	colocam	contra	a	essas	bolsas	como	se	
elas	fossem	desnecessárias.
●	 Distributivas:	são	as	ações	cotidianas	de	qualquer	governo,	representadas	pela	
à	oferta	de	equipamentos	e	serviços	públicos,	de	forma	pontual	ou	setorial	e	que	
são	determinadas	pela	necessidade	social	ou	a	pressão	dos	grupos	de	interesse.	
Nesse	sentido,	obras	em	escolas	ou	creches,	manutenção	da	limpeza	da	cidade	
com	podas	de	árvores,	 rios	e	córregos,	o	desenvolvimento	de	programas	de	
conscientização	 ambiental	 são	 alguns	 dos	 exemplos	 das	 políticas	 públicas	
distributivas.	
●	 	Regulatórias:	essas	são	responsáveis	pela	elaboração	das	leis	que	irão	autorizar	
os	 governos	 a	 fazerem	 ou	 não	 determinada	 política	 pública	 redistributiva	 ou	
distributiva.	Assim,	se	elas	necessitam	da	ação	do	poder	executivo	para	serem	
realizadas,	 a	 política	 pública	 regulatória	 é	 fundamental	 na	 ação	 do	 poder	
legislativo.	Por	isso,	que	importante	que	estejamos	atentas	a	esse	tipo	de	política	
pública,	pois	ela	revela	o	quanto	o	governo	vê	“necessidade”	ou	não	em	sua	
execução.	Nada	mais	é	que	aquelas	possíveis	leis,	que	muitas	vezes	lutamos	
e	achamos	fundamentais	para	o	andamento	da	sociedade	e	que	permanecem	
anos	sem	nenhuma	resolução.	Ao	entendermos,	a	necessidade	da	ação	política,	
começamos	a	 perceber	 o	 quanto	 ainda	os	 interesses	 governamentais	 ou	 de	
grupos	majoritários	podem	prejudicar	a	execução	de	uma	determinada	política	
pública.
32UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
Podemos	 concluir	 então,	 que	 as	 políticas	 públicas	 deverão	 ser	 entendidas	 pela	
relação	direta	entre	sociedade	e	governo.	Esse	sendo	capaz	de	ouvir	as	necessidades	de	
seu	povo	tende	a	promover	maneiras	para	que	as	desigualdades	socais	e	a	justiça	social	
possam	ser	encaradas	como	um	ato	prioritário	para	a	manutenção	de	sua	governabilidade.	
Por	 isso,	 como	 ressalta	Oliveira	 (2010,	 p.	 09):	 “O	 que	 distingue	 política	 pública	
da	 política,	 de	 um	modo	 geral,	 é	 que	 esta	 também	 é	 praticada	 pela	 sociedade	 civil,	 e	
não	 apenas	 pelo	 governo.	 Isso	 quer	 dizer	 que	 política	 pública	 é	 condição	 exclusiva	 do	
governo,	no	que	se	refere	a	toda	a	sua	extensão	(formulação,	deliberação,	implementação	
e	monitoramento)”.	
Assim,	 um	 governo	 que	 busca	 ser	 mais	 igualitário,	 tem	 nas	 políticas	 públicas	
um	 caminho	 para	 a	 realização	 de	 projetos	 que	 atendam	as	mais	 variadas	 inquietações	
relacionadas	às	múltiplas	questões	sociais	existentes,	sendo	incapaz	de	fechar	os	olhos	
para	elas.
33UNIDADEII Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO
Espero	 que	 você	 tenha	 compreendido	 a	 importância	 das	 políticas	 públicas,	 em	
especial,	que	tenha	ficado	bem	claro	que	elas	são	tudo	aquilo	que	o	governo	pode	ou	não	
fazer	 em	prol	 das	 necessidades	 de	 sua	 população.	Novamente,	 gostaria	 de	 ressaltar	 a	
importância	que	existe	na	relação	entre	governo	e	sociedade.	Por	que	deve	ser	ouvindo	a	
sociedade,	seu	povo	que	o	governante	conseguiria	se	manter	no	poder	ou	dar	continuidade	
a	sua	governabilidade.	
Por	essa	razão,	mesmo	que	não	seja	o	foco	desse	material,	é	necessário	dizer	o	
quão	 fundamentais	 são	 os	Movimentos	 Sociais.	 Esses	 de	 caráter	 dinâmicos,	mutáveis,	
diversos,	 tem	 protagonizados	 muitas	 vezes	 o	 start	 inicial	 de	 inúmeros	 diálogos	 entre	
governo	e	povo.
Dessa	 maneira,	 não	 podemos	 enxergar	 essas	 manifestações	 como	 ações	 de	
reprovações,	 por	 que	 são	 a	 partir	 deles	 que	 o	 governo	 pode	 vislumbrar	 a	 sociedade	 e	
também	 dialogar	 com	 ela.	 Muitas	 das	 políticas	 públicas	 existentes	 hoje	 no	 Brasil,	 são	
frutos	desses	movimento	sociais,	pois	vieram	a	ser	executadas	após	mais	reivindicações	
necessárias	para	o	funcionamento	da	sociedade.	
Quando	 uma	 política	 pública	 é	 aprovada,	 ela	 carrega	 em	 si	 e	 deve	 carregar	
sempre,	resquícios	das	ideias	de	muitas	pessoas,	envolvidas	diretamente	com	a	injustiça	
e	desigualdade	social.	Você	já	reparou	que	para	algo	mudar	em	nosso	cotidiano,	as	vezes,	
é	preciso	muito	barulho?	Pois	bem,	o	barulho	causado	pelos	movimento	sociais	tem	como	
34UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
propósito,	justamente,	acordar	o	mundo	coisas	importantes	e	que	estão	sendo	esquecidas,	
principalmente,	por	aqueles	que	estão	no	poder.
Assim,	se	você	deseja	entender	uma	lei	posta	em	sociedade	ou	a	sua	modificação,	
fica	a	dica	de	procurar	antes	pela	sua	história,	conhecer	os	grupos	sociais	envolvidos	e	
compreender	de	que	maneira	a	luta	empreendida	levaram	a	um	novo	direcionamento	de	
ações	para	a	transformação	social.
As	políticas	públicas	podem	mudar	seu	bairro,	sua	cidade,	seu	país	e	servirem	de	
exemplos	para	o	mundo,	como	uma	espécie	de	modelo	para	o	que	seja	preciso	para	que	
haja	uma	modificação	geral,	global	da	sociedade.	
Para	qualquer	esfera	social	existe	um	tipo	de	política	pública,	de	caráter	econômico,	
para	a	segurança	pública,	de	saúde	e	etc.	Nos	interessa	nesse	momento,	aprendermos	um	
pouco	mais	sobre	as	chamadas	políticas	públicas	de	educação.	Mas,	afinal	o	que	seriam	
elas?
Segundo	 Oliveira	 (2010,	 p.	 04):	 “Se	 “políticas	 públicas”	 é	 tudo	 aquilo	 que	 um	
governo	faz	ou	deixa	de	fazer,	políticas	públicas	educacionais	é	tudo	aquilo	que	um	governo	
faz	ou	deixa	de	fazer	em	educação”.	Entretanto,	nos	lembra	o	autor	que	“educação	é	um	
conceito	muito	amplo”,	porém	ao	pensarmos	em	políticas	públicas	de	educação	estamos	
direcionando	e	afunilando	a	maneira	como	pensar	as	questões	educacionais.	
Podemos	compreender	que	as	políticas	públicas	de	educação	terão	como	interesses	
as	questões	escolares	e	também	acadêmicas,	esse	será	o	foco	central	dessas	políticas.	
Pensar	a	escola,	as	universidades	e	faculdades,	refletir	sobre	como	elas	se	desenvolvem	
e	o	que	é	necessário	para	esse	desenvolvimento,	 serão	as	perspectivas	encarada	pela	
políticas	públicas	de	educação.	
A	 ação	 governamental	 sobre	 elas	 devem	 estar	 sempre	 ao	 alcance	 do	 nosso	
entendimento,	para	que	de	fato	possamos	cumprir	o	que	a	Constituição	Federal	Cidadã	de	
1988,	prioriza	em	seu	artigo	205:
“A	educação,	direito	de	 todos	e	dever	do	Estado	e	da	 família,	será	promovida	e	
incentivada	com	a	colaboração	da	sociedade,	visando	ao	pleno	desenvolvimento	da	pessoa,	
seu	preparo	para	o	exercício	da	cidadania	e	sua	qualificação	para	o	trabalho”.	(BRASIL,	
1988,	Art.	205).
Diante	 disso	 é	 que	 o	 “	 fazer	 educacional”	 deve	 ser	 visto	 como	 essencial	 para	
sociedade,	 escolas,	 universidades	 e	 faculdades	 devem	 ser	 pensadas	 em	 toda	 sua	
complexidade	que	perpassam	as	questões	de	ensino-aprendizagem	a	professores,	família,	
comunidade	e	ações	do	estado.	Essas	poderão	ser	realizadas	por	meio	das	obras	estruturais,	
35UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
contratação	de	profissionais,	valorização	de	formação	de	professores,	o	desenvolvimento	
das	matrizes	 curriculares,	 reflexões	 sobre	a	gestão	escolar,	 além	de	muitas	discussões	
sobre	a	avaliação	e	da	qualidade	do	ensino.	
Tudo	isso	deve	estar	presente	nas	discussões	de	políticas	públicas	de	educação	
pois,	a	formação	escolar	não	incide	apenas	no	fazer	em	sala	de	aula,	mas	em	todos	os	
fatores	e	aspectos	que	permitem	que	o	ato	desse	fazer,	que	deve	ser	pensado	em	suas	
inúmeras	particularidades.	
Entende-se	por	políticas	públicas	educacionais	aquelas	que	regulam	e	orien-
tam	os	sistemas	de	ensino,	instituindo	a	educação	escolar.	Essa	educação	
orientada	(escolar)	moderna,	massificada,	remonta	à	segunda	metade	do	sé-
culo	XIX.	Ela	se	desenvolveu	acompanhando	o	desenvolvimento	do	próprio	
capitalismo,	e	chegou	na	era	da	globalização	resguardando	um	caráter	mais	
reprodutivo,	haja	vista	a	redução	de	recursos	investidos	nesse	sistema	que	
tendencialmente	acontece	nos	países	que	implantam	os	ajustes	neoliberais	
(OLIVEIRA,	2010,	p.	09).
A	crítica	que	o	autor	faz	está	muito	relacionado	ao	fato	que	as	políticas	públicas	
educacionais	 revelam	 o	 quanto	 os	 governos	 desejam	 ou	 não	 o	 seu	 desenvolvimento.	
Historicamente	falando,	o	desenvolvimento	das	sociedades	modernas,	a	partir	do	século	
XX,	baseada	cada	vez	mais	na	crescente	expansão	da	globalização	e	de	novas	 formas	
de	governos	adeptos	pelo	Neoliberalismo	tem	revelado	o	quanto	essa	“filosofia	política”,	
tende	a	fazer	da	educação,	assim	como	de	outras	esferas	sociais,	meios	de	privatizações	
estatais,	ou	seja,	retirar	do	Estado	sua	maior	responsabilidade.	
Assim,	se	não	cabe	ao	Estado,	a	exclusividade	das	decisões	sobre	saúde,	segurança	
ou	educação,	como	tudo	será	feito?	Essa	questão	é	muito	importante	a	ser	pensada,	pois	
com	mais	alguns	blocos	mundiais	se	destacam,	mais	influências	eles	conseguem	exercer	
em	país	economicamente	menores	e	que	vão	aderir	a	programas	de	educação,	por	exemplo,	
em	que	nada	beneficiará	a	nossa	realidade,	pois	esses	são	projetados	para	sociedades	
diferentes.	 Falaremos	 disso	 mais	 adiante	 quando	 iremos	 pensar	 sobre	 avaliações	 e	
qualidade	de	ensino,	porém	é	preciso	já	começarmos	a	refletir	de	que	maneira,	os	nossos	
problemas	educacionais	são	diferentes,	de	uma	suposta	homogeneização	mundial	sobre	
educação.
36UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL (I)
Como	 vimos	 até	 agora,	 a	 ideia	 de	 política	 pública	 está	 baseada	 na	máxima	 de	
que	o	Estado	deve	estar	em	ação.	No	caso,	da	educação,	essas	políticas	seria	reveladas	
a	partir	da	ideia	de	um	Estado	em	ação	em	relação	às	questões	educacionais.	Elas	estão	
relacionadas	com	tudo	aquilo	que	incide	sobre	educação,	ou	seja,	em	âmbito	escolar,	desde	
a	sua	estrutura	até	a	formação	dos	professores,	planos	de	carreiras	e	etc.
Para	entendermos	o	desenvolvimento	histórico	das	políticas	públicas	de	educação	
no	Brasil,	se	faz	necessário	compreendermos	a	nossa	própria	história.	Não	podemos	jamais	
esquecer	os	meandros	que	formaram	a	nossa	trajetória	histórica	e	como	tudo	isso	incide	na	
formação	de	uma	nação	tardiamente.	
Quando	recorremos	ao	nosso	passado	histórico,	devemos	nos	lembrar	que	somos	
um	país	de	durante	388	anos	foi	palco	apenas	para	colônia	portuguesa,	um	governo	de	
exportação	e	exploração,	marcado	pela	dizimação	dos	indígenas	e	a	escravidão	maciça	de	
escravos	advindos	da	África.	
Durante	 todo	esse	período	 falar	 sobre	educação	no	Brasil	 é	 compreendê-la	por	
meio	das	obras	Jesuíticas,	comandadas	pelaigreja	católica,	com	o	objetivo	de	catequizar	
e	educar	a	todos	por	meio	do	evangelho.	Em	nada	essa	primeira	educação	no	Brasil	tem	
a	ver	com	algum	tipo	de	política	pública	de	Estado,	era	apenas	a	demonstração	do	poder	
baseado	na	colonização	portuguesa.
37UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
Depois	 disso,	 alguns	 outros	 formatos	 de	 educação	 vão	 surgir,	 mas	 em	 comum	
serão	destinadas	apenas	aqueles	que	podem	“pagar”,	ou	seja,	a	educação	era	um	privilégio	
para	a	classe	mais	rica	brasileira,	que	além	de	não	se	importar	com	o	desenvolvimento	de	
educação	para	toda	população,	ainda	possuía	recursos	para	enviar	seus	filhos	para	estudar	
fora	do	país.
Com	a	abolição	da	escravatura	em	1888,	e	a	proclamação	da	República	em	1889,	
uma	nova	configuração	surge	no	país.	Sendo	uma	república,	passamos	agora	a	não	mais	
sermos	governado	por	uma	rei	ou	monarca,	mas	temos	a	constituição	de	uma	forma	de	
governo,	que	em	sua	origem,	tem	como	objetivo	a	formação	de	um	Estado	que	tem	no	povo	
seu	governador/	representante	soberano.	
Dentro	dessa	nova	lógica	é	que	os	estudos,	pesquisa,	sobre	a	questão	das	políticas	
públicas	no	Brasil,	datam	do	final	do	século	XIX	e	início	do	século	XX,	uma	preocupação	
com	a	área	da	educação	ou	com	políticas	voltadas	para	uma	educação	que	deveria	ser	
almejada	e	alcançada	por	qualquer	cidadão	brasileiro.
Nomes	importante	fazem	parte	desse	movimento	em	prol	da	educação	brasileira,	
um	deles	é	Anísio	Teixeira,	que	irá	buscar	com	outras	pessoas	pensar	a	inserção	de	políticas	
educacionais	que	possam	acabar	com	a	falta	de	educação	no	país.	A	própria	aura	instalada	
por	Getúlio	Vargas	com	um	projeto	de	Nacionalismo	no	país,	permite	vislumbrar	a	educação	
como	essencial	para	o	desenvolvimento,	como	um	todo,	do	Brasil.
Como	 dito,	 anteriormente,	 é	 muito	 importante	 que	 a	 gente	 possa	 atrelar	 todas	
as	mudanças	ocorridas	a	ação	de	movimentos	sociais	que	em	cada	período	e	contexto	
histórico	vão	dar	o	 tom	necessário	as	ações	políticas.	Não	seria	diferente	na	década	de	
1930,	podemos	destacar	a	Manifesto	dos	Pioneiros	da	Educação	Nova	que	encabeçados	
por	figuras	como	Fernando	de	Azevedo	e	Anísio	Teixeira	vão	descortinar	as	necessidades	
da	educação	brasileira.	
Um	 documento	 que	 priorizava	 a	 administração	 escolar	 como	 importante	 e	 as	
medidas	que	deveriam	ser	tomadas	a	longo	prazo	para	o	desenvolvimento	de	uma	educação	
nacional.	Ele	exaltava	o	exercício	dos	direitos	dos	cidadãos	brasileiros	no	que	compete	à	
educação,	pautada	numa	educação	pública,	única,	laica,	gratuita	e	obrigatória.
É	possível	afirmar	que	foi	a	partir	de	1930,	que	as	políticas	públicas	de	educação	
brasileira	 passou	 a	 ser	 encarada,	 de	 fato,	 como	 um	 projeto	 de	 governo,	 implementada	
pela	Reforma	Francisco	Campo	várias	decisões	foram	tomadas	pelo	governo.	Destaca-se	
alguns	decretos,	segundo	Santos	(2011,	p.	03):
38UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
●	 Decreto	 19.850,	 de	 11	 de	 abril	 de	 1931,	 que	 criou	 o	 Conselho	 Nacional	 de	
Educação;	
●	 Decreto	19.851,	de	11	de	abril	 de	1931,	que	dispôs	sobre	a	organização	do	
ensino	superior	no	Brasil	e	adotou	o	regime	universitário.	
●	 Decreto	19.852,	de	11	de	abril	 de	1931,	que	dispôs	sobre	a	organização	da	
Universidade	do	Rio	de	janeiro.
●	 Decreto	19.890,	de	18	de	abril	 de	1931,	que	dispôs	sobre	a	organização	do	
ensino	secundário.
●	 Decreto	19.941,	de	30	de	abril	de	1931,	que	instituiu	o	ensino	religioso	como	
matéria	facultativa	nas	escolas	públicas	do	país.	
●	 Decreto	20.158,	de	30	de	junho	de	1931,	que	organizou	o	ensino	comercial	e	
regulamentou	a	profissão	de	contador.	
●	 Decreto	21.241,	de	14	de	abril	de	1932,	que	consolidou	as	disposições	sobre	a	
organização	do	ensino	secundário.
A	situação	política	no	Brasil,	nesse	período,	é	marcada	em	1937,	pela	instalação	
de	Vargas	no	poder	 e	 o	 fechamento	do	Congresso	Nacional.	Criou-se	nesse	período	a	
chamadas	 “Leis	Orgânicas	de	Ensino”	que	 tiveram	um	peso	 importante	na	ampliação	e	
flexibilização	da	reforma	anterior.	Entre	os	decretos	propostos,	(SANTOS,	2011,	p.05):
●	 	Decreto-lei	4.048,	de	22	de	janeiro	de	1942,	Lei	Orgânica	do	Ensino	Industrial.
●	 Decreto-lei	 4.073,	 de	30	de	 janeiro	de	1942,	 que	 cria	o	Serviço	Nacional	 de	
Aprendizagem	Industrial	(SENAI).	
●	 Decreto-lei	4.244,	de	9	de	abril	de	1942,	Lei	Orgânica	do	Ensino	Secundário.	
●	 Decreto-lei	6.141,	de	28	de	dezembro	de	1943,	Lei	Orgânica	do	Ensino	Comercial.
●	 Decretos-leis	8.529	e	8.530,	de	2	de	dezembro	de	1946,	Lei	Orgânica	do	Ensino	
Primário	e	Normal,	respectivamente.
●	 Decreto-lei	8.621	e	8.622,	de	10	de	janeiro	de	1946,	cria	o	Serviço	Nacional	de	
Aprendizagem	Comercial	(SENAC).
●	 Decreto-lei	9.613,	de	20	de	agosto	de	1946,	Lei	Orgânica	do	Ensino	Agrícola.
Diante	desse	contexto	histórico,	de	um	país	submerso	a	um	governo	autoritário	e	
que	permaneceria	com	o	apoio	de	formas	conservadoras,	até	1945	no	poder,	as	questões	
educacionais	 começaram	 a	 ser	 permeadas	 sobre	 a	 ideia	 de	 seriam	 elas	 as	 grandes	
39UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
“salvadoras”	dos	problemas	nacionais.	Uma	afirmação	que,	 infelizmente,	permanece	até	
hoje	sem	nenhuma	mudança,	que	a	faça	ser	realidade.
No	período	que	compete	a	década	de	1940	até	1961,	as	discussões	sobre	a	educação	
no	Brasil	vão	ganhar	força	na	oposição	entre	os	aqueles	que	viam	na	educação	um	lugar	
de	conservação	da	tradição	e	dos	“bons	costumes”	do	país	versus	aos	movimentos	sociais	
que	se	dedicavam	a	uma	educação	libertadora	e	emancipadora,	baseados	na	educação	
popular	e	outros	projetos	que	emergiam	das	necessidade	pujante	de	uma	educação	para	
todos	no	país.
A	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	de	1961,	foi	instaurada	mediante	a	muitos	
protestos,	mesmo	tendo	saído	do	papel,	ela	não	cumpria	a	ideia	proposta	de	pensar	uma	
educação	para	todos.	Pelo	contrário	ela	fortaleceu	o	ensino	privado	e	limitou	a	expansão	
do	ensino	público	(SANTOS,	2011).	Em	1962,	foi	proposto	o	primeiro	Plano	Nacional	de	
Educação,	para	ser	cumprido	em	8	anos.	
Entretanto,	 é	 importante	 mais	 uma	 vez	 retornarmos	 a	 história	 do	 Brasil,	 para	
lembramos	que	em	1964,	as	questões	políticas	no	país	tomaram	um	novo	rumo,	instalou-se	
no	poder	a	Ditadura	Militar,	que	permaneceria	até	1985.
Nesse	período,	é	 importante	dizer	que	as	agências	 internacionais	como:	 	Fundo	
Monetário	Internacional	-	FMI,	Organização	das	Nações	Unidas	-	ONU,	Banco	Internacional	
para	a	Reconstrução	e	o	Desenvolvimento	-	BIRD	passaram	a	interferir	muito	nas	resoluções	
de	vários	setores	brasileiros	e	isso	não	seria	diferente	em	relação	a	educação.	
As	recomendações	dessas	agências	deveriam	ser	absorvidas	pelo	regime	militar,	
que	priorizou,	neste	momento,	uma	política	desenvolvimentista	para	a	 reorganização	do	
Estado.	Alguns	dispositivos	foram	criados	para	educação,	(SANTOS,	2011,	p.	07):
●	 Lei	4.464,	de	9	de	novembro	de	1964,	que	regulamentou	a	participação	estudantil.
●	 Lei	4.440,	de	27	de	outubro	de	1964,	que	institucionalizou	o	salário-educação.
●	 Decreto	 57.634,	 de	 14	 de	 janeiro	 de	 1966,	 que	 suspendeu	 as	 atividades	 da	
UNE.	
●	 Lei	5.540,	de	28	de	novembro	de	1968,	que	fixou	as	normas	de	organização	e	
funcionamento	do	ensino	superior.	
●	 Lei	 5.692,	 de	 11	 de	 agosto	 de	 1971,	 que	 fixou	 as	 diretrizes	 e	 bases	 para	 o	
ensino	de	1º	e	2º	graus.
Além	 dessas	 Leis,	 devemos	 citar,	 a	 de	 número:	 5.692/71,	 que	 provocou	
transformações	 profundas	 que	 foram	 modificadas	 a	 pouco	 tempo	 no	 país,	 são	 elas:	
40UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
ampliação	da	obrigatoriedade	escolar	para	oito	anos;	instituição	da	obrigatoriedade	da	faixa	
etária	de	7	aos	14	anos;	profissionalização	automática	no	segundo	grau;	extinção	do	exame	
de	admissão	no	ginásio.		
Porém,	 como	o	 regimecomeçou	a	dar	 sinais	de	 sua	 falência,	 ainda	no	final	 da	
década	de	1970,	 é	 possível	 constatar	 que	as	mudanças	não	proporcionaram	um	maior	
investimento	na	educação.	A	política	baseada	no	chamado	 “milagre	econômico”	não	 foi	
capaz	também	de	promover	uma	educação	melhor	pro	país.	Essa	constatação	virou	uma	
das	maiores	bandeiras	dos	Movimentos	Sociais	da	década	de	1980.
Algumas	entidades	científicas	foram	abertas	e	elas	levantaram	a	bandeira	de	luta	
priorizando	alguns	pontos	decisivos	para	uma	mudanças	educacionais:	melhoria	da	qualidade	
na	educação,		valorização	e	qualificação	dos	profissionais	da	educação,	democratização	da	
gestão,	financiamento,	ampliação	da	escolaridade	obrigatória	(SANTOS,	2011).	
Novamente,	vários	campos	sociais	se	uniram	e,	assim	como,	ocorrido	em	1932,	com	
o	Manifesto	dos	Pioneiros,	após	a	retirada	do	poder	em	1985,	dos	militares,	a	sociedade	
civil,	novamente,	percebeu	sua	importância	para	lutar	pela	educação.	Denvo,	os	caminhos	
históricos	do	Brasil	vão	nos	ajudar	a	pensar	sobre	essas	políticas,	a	partir	da	Constituição	
Federal	de	1988	e	a	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	de	1996.
41UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
4 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NO BRASIL (II)
Seguimos	 nosso	 resgate	 histórico	 e	 chegamos	 a	 1988,	 na	 efervescência	 pós	 a	
derrocada	da	ditadura	militar,	vivemos	o	momento	necessário	para	uma	nova	constituição,	
estamos	inseridos	num	processo	de	redemocratização	que	promete	devolver	ao	povo	seu	
lugar	 de	direito	 em	uma	sociedade	democrática.	Sendo	assim,	 a	Constituição	de	1988,	
chamada	 de	 Constituição	 Cidadã,	 emergirá	 como	 o	 documento	 indispensável	 para	 a	
reconstrução	da	história	do	país,	em	todos	os	seus	aspectos	e	esferas	sociais.
Segundo	o	MEC,	ao	olharmos	a	constituição,		a	partir	do	Capítulo	III:	Da	Educação,	
Da	Cultura	e	Do	Desporto,	podemos	vislumbrar	o	que	o	documento	nos	permite	pensar	
sobre	 a	 educação.	 Já	 citamos	acima	o	 artigo	 205,	 até	 o	 artigo	 214,	 somos	 convidados	
a	 refletir	 sobre	a	educação	em	diferentes	estâncias,	 como	um	projeto	escolar,	em	suas	
funções	em	relação	a	gestão	escolar,	as	 tarefas	 reservadas	a	universidade	e	por	fim,	a	
questão	dos	investimentos,	marcados	pela	presença	ou	não	da	iniciativa	privada.
A	 Constituição	 Federal	 Cidadã,	 sem	 dúvida	 é	 um	 documento	 muito	 importante	
para	pensarmos	o	país	como	um	todo,	no	caso	da	educação,	reacendeu	a	esperanças	de	
mudanças	necessárias	para	que	finalmente	saísse	do	papel	a	ideia	de	uma	educação	para	
todos.
Assim,	a	década	de	1990	foi	marcada	pela	emergência	de	movimentos	pró	educação	
que	se	alinhavam	os	desejos	e	lutas	já	travadas	por	muitos	pesquisadores	na	década	anterior.	
Nesse	sentido,	a	construção	de	uma	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional,	foi	
42UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
sendo	disputada	por	dois	grupos	diferentes.	Não	podemos	dizer	que	eram	grupos	opostos,	
mas	cada	um	deles	tinha	uma	maneira	distinta	de	pleitear	as	reformas	educacionais.	
Depois	de	muitas	disputas,	a	LDB	aprovada	em	1996,	foi	a	defendida	pelo	então	
Senador	 Darcy	 Ribeiro	 (PDT/RJ),	 que	 não	 atendeu	 inúmeras	 reivindicações	 propostas	
pelos	grupos	sociais	na	década	de	1980:	
“Várias	bandeiras	que	foram	levantadas	durante	o	movimento	acabaram	distorcidas	
ou	completamente	descaracterizadas	de	sua	ideia	original,	como	por	exemplo:	capacitação	
de	professores	foi	traduzida	em	profissionalização;	participação	da	sociedade	civil	assumiu	
a	forma	de	articulação	com	empresários	e	ONGs;	descentralização	significou	desobrigação	
do	Estado;	autonomia	ganhou	contorno	de	liberdade	para	captação	de	recurso;	melhoria	
da	 qualidade	 da	 educação	 traduziu-se	 em	 adequação	 ao	mercado,	 sendo	 que	 o	 aluno	
transformou-se	em	consumidor”	(SANTOS,	2011,	p.	08).
A	partir	da	Lei	nº	9394/96	-	LDB-	definiu	a	abrangência	da	educação	brasileira	da	
seguinte	maneira:
		
●	 Educação	infantil	constituída	pela	creche	para	crianças	de	zero	a	três	anos	e	
pré-escolas	para	crianças	de	quatro	a	seis	anos;	
●	 Ensino	fundamental	constituído	por	oito	anos;
●	 Ensino	médio	constituído	por	três	séries.	
Novamente,	não	podemos	esquecer	a	própria	história	política	do	país,	o	período	da	
década	de	1990,	foi	marcado	pela	primeira	eleição	para	presidência,	pós	ditadura,	sendo	
eleito	o	Presidente	Fernando	Collor	de	Mello,	que	em	1992	sofreu	um	impeachment	por	
inúmeras	denúncias	de	corrupção.	Assumiu	em	seu	lugar,	o	vice,	Itamar	Franco.	Em	1994,	
com	novas	eleições,	assumiu	o	Presidente	Fernando	Henrique	Cardoso,	esse	promoveu	
o	delinear	de	um	novo	governo,	ancorado	nas	questões	econômicas,	tendo	o	Plano	Real	
como	sua	maior	contribuição	a	sociedade	brasileira,	em	relação	à	educação,	o	governo	
estava	cada	vez	mais	alinhado	aos	Organismos	Internacionais,	como	vimos	anteriormente,	
FMI,	ONU,	BIRD,	 essas	agências	 vão	dar	 a	 tônica	de	 como	será	 pensada	a	 educação	
brasileira.	
Temos	que	ressaltar	que	proposta	do	governo	FHC,	seguiam	as	orientações	dessas	
agências,	que	projetavam	a	necessidade	de	um	governo	que	priorizasse	a	diminuição	dos	
gastos	públicos,	a	privatização	das	empresas	estatais		e	os	serviços	prestados	pelo	Estado	
43UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
e	que	 fosse	capaz	de	encontrar	novas	 fontes	de	 renda.	Talvez	agora	você	compreenda	
o	que	Santos	(2011),	nos	propõe	refletir	acima	na	citação,	de	que	as	ideias	iniciais	sobre	
a	educação	tomaram	uma	nova	dimensão,	isso	ocorre	justamente	por	a	política	nacional	
está	baseada	nesses	organismos/	agências	de	fomentos	internacionais,	cuja	a	orientação	
era	deixar	de	lado	a	proposta	de	uma	Estado	de	Bem	estar	social,	em	que	o	governo	seria	
responsável	pelas	questões	básicas	sociais	para	um	governo	caracterizado	pelo	Estado	
Mínimo.	
Isso	significava	dar	uma	autonomia	cada	vez	maior	aos	Estados	e	Municípios	a	
gerência	de	seus	recursos:	
É	com	este	foco	que	a	LDB	de	1996,	Lei	nº	9.394/96,	sinalizou	claramente	
para	mudanças	nas	responsabilidades	dos	entes	federados	quanto	à	manu-
tenção	e	ao	desenvolvimento	do	ensino	em	seus	diferentes	níveis.	O	teor	da	
citada	lei	induz	fortemente	à	descentralização	da	educação,	direcionando	os	
seus	gastos	por	intermédio	da	criação	do	Fundo	de	Manutenção	e	Desenvol-
vimento	do	Ensino	Fundamental	e	da	Valorização	do	Magistério	–	FUNDEF	
(Oliveira,	2008).	A	atenção	do	FUNDEF	voltada,	exclusivamente,	para	o	Ensi-
no	Fundamental,	somada	à	definição	de	Parâmetros	Curriculares	Nacionais	
e	à	instituição	do	Sistema	Nacional	de	Avaliação	da	Educação	Básica	(SAEB)	
parecem	mostrar	quais	os	direcionamentos	do	governo	em	relação	à	política	
educacional	 na	época.	Ou	 seja,	 direcionavam-se	os	gastos	para	o	Ensino	
Fundamental	como	estratégia	de	preparação	de	mão-de-obra	para	o	merca-
do	de	trabalho;	ao	mesmo	tempo,	instituíam-se	os	Parâmetros	Curriculares	
e	o	Sistema	Nacional	de	avaliação,	de	maneira	que	um	certo	tipo	de	controle	
fosse	mantido	pelo	governo	(SANTOS,	2011,	p.10).
O	governo	passa	então,	por	meio	das	avaliações,	gerenciar	o	“rendimento”	escolar,	
ou	seja,	as	provas	serão	feitas	como	uma	forma	de	medir	a	aplicabilidade	de	recursos	e	
seus	resultados.	Falar	em	qualidade	da	educação	passa	a	ser	diretamente	relacionado	com	
os	seus	resultados,	mas	o	que	de	fato	isso	tende	a	revelar?
Com	a	 chegada,	 em	2003,	 do	Presidente	 Luiz	 Inácio	 Lula	 da	Silva,	 novamente	
haverá	modificação	na	educação	nacional.	Em	um	primeiro	momento	essas	modificações	
não	puderam	ocorrer,	pois	muitas	ações	ainda	estavam	atreladas	aos	acordos	realizados	
entre	o	governo	FHC	e	as	agências	nacionais.	
Ao	longo	desse	governo,	muitas	coisas	foram	se	modificando,	no	caso	da	educação	
foram	propostas	ações	de	médio	e	a	longo	prazo,	encabeçadas	a	princípio	pelo	Ministro	
da	Educação	Tarso	Genro	e,	posteriormente,	Fernando	Haddad.	Para	Santos	(2011,	p.	10)	
destacam

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