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55 - APOSTILA - POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

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Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
SANTOS, Renata Oliveira dos.
Políticas Públicas da Educação Básica.
Renata. Oliveira dos Santos.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 94 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
AUTORA
Professora Mestra Renata Oliveira dos Santos
●	 Mestra em Ciências Sociais - Universidade Estadual de Maringá. 
●	 Graduada em Ciências Sociais - Universidade Estadual de Maringá.
●	 Especialista em História e Sociedade - Universidade Estadual de Maringá.
●	 Especialista em Educação a Distância - UNIFAMMA - Centro Universitário 
Metropolitano de Maringá
●	 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Educação (PPE) - Universidade 
Estadual de maringá. 
●	 Integrante do Grupo de Pesquisa em Educação a Distância e Tecnologia 
(GPEaDTEC) - Universidade Estadual de maringá.
●	 Principais temas de interesses: Educação, Ensino de Sociologia, Políticas 
Públicas, Educação a Distância (EaD), Tecnologia, Comunicação.
Atualmente, Professora de Sociologia - Educação Básica. Professora de Ciências 
sociais	e	Áreas	afins	-	Ensino	Superior.	
●	 Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/7216942697334779
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=547B1C4C555717CB54271E59B736B834#
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caros Alunos e Alunas 
Sejam bem vindos a disciplina de Políticas Públicas da Educação Básica. 
O objetivo geral desta disciplina é contribuir para a formação acadêmica de vocês 
por meio do debate e conhecimento das política públicas de educação existente e em vigor 
no país. 
É de suma importância que vocês sejam capazes de tirar as vendas que comprem 
seus olhos quando o assunto é política. Ela é tão fundamental para nossa sociedade que 
até parece uma brincadeira (de muito mal gosto) que as pessoas acreditem que não seja 
necessário compreendê-la.
No nosso caso, vamos nos debruçar, sobre as políticas públicas de educação de 
maneira	geral	e	também,	especificamente,	sobre	a	educação	básica.	Para	isso,	devemos	
estar abertos a novos saberes e conhecimentos. 
Como estamos em constante construção, espero contribuir para o seu 
aperfeiçoamento	como	cidadão	e	também	professores	ou	futuros	profissionais	da	educação.	
Assim sendo, o que pretendo revelar a vocês é que a política faz parte do nosso cotidiano 
e por isso, precisa ser interpelada e questionada à todo mundo. 
Dessa maneira, o material didático de vocês está dividido da seguinte forma:
Na Unidade I vamos conversar um pouco sobre conceitos e concepção do que 
é	política?	Perpassando	pela	história	filosófica	e	social	de	 toda	a	construção	conceitual.	
Veremos	ainda	que	a	política	demanda	uma	teoria	específica	e	seu	estudo	é	realizado	por	
uma	ciência,	chamada	de	Ciência	Política.	Esse	recorte	teórico	nos	auxiliará	a	refletir	sobre	
as noções de poder e dominação. 
Dando sequência às nossas discussões adentraremos a Unidade II, que continuará 
refletindo	 sobre	 a	 questão	 tão	 política,	 porém	 agora,	 de	 maneira	 mais	 específica,	
apresentando o conceito de políticas públicas de educação e os seus desdobramentos na 
legislação	nacional.	Refletiremos,	mesmo	que	de	maneira	sucinta	sobre	a	Lei	de	Diretrizes	e	
Bases	da	Educação	Nacional,	assim	como,	das	especificações,	sobre	educação	existentes	
na Constituição Federal de 1988. Porém, até chegarmos a essas resoluções mais recentes, 
vamos fazer um breve apanhado histórico sobre as leis e decretos de políticas públicas em 
nosso país, a partir da década de 1930.
Já	na	Unidade	III,	iremos	debater	sobre	as	questões	de	financiamentos	da	educação	
brasileira e o peso das organizações e agências internacionais sobre esse processo. 
Por	 fim,	 na	 Unidade	 IV,	 vamos	 refletir	 sobre	 as	 políticas	 públicas	 de	 educação	
relacionado a formação e a valorização docente da educação básica. Para nos aproximarmos 
ainda mais das discussões realizadas recentemente vamos tomar por base o Plano Nacional 
de Educação (PNE) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 
Diante dessa primeira exposição, espero que vocês possam compreender que 
estudar política é uma necessidade e compreendê-la faz parte da formação não só de um 
professor crítico e engajado, mas de um cidadão que conhecer e defende a “coisa pública”.
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 7
Concepções e Princípios
UNIDADE II ................................................................................................... 28
Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
UNIDADE III .................................................................................................. 50
Financiamento da Educação Brasileira
UNIDADE IV .................................................................................................. 66
Profissionais da Educação Básica
7
Plano de Estudo:
•	Conceitos	e	Definições	de	Política.
• Campos de estudo das Ciências Políticas
• Política e Estado
• Poder x Dominação
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o	conceito	e	as	definições	do	que	Política.
• Compreender de que maneira a Ciências Políticas é importante da compreensão crítica 
da ideia de política.
• Refletir	sobre	a	questão	de	Estado,	Poder	e	Dominação.
UNIDADE I
Concepções e Princípios
Professora Mestra Renata Oliveira dos Santos
8UNIDADE I Concepções e Princípios
INTRODUÇÃO
Você já deve ter ouvido e até mesmo falado nas rodas de amigos ou familiares que: 
“Política	é	algo	que	não	se	discute”,	será	que	essa	afirmativa	é	mesmo	verdadeira?	
Nessa	unidade	vamos	refletir	sobre	a	importância	de	entender	o	que	é	política,	sua	
relação com o Estado, poder e dominação. A partir do olhar advindo da área responsável 
por seus inúmeros estudos, chamada de Ciências Políticas. 
O importante nessa nossa caminhada por essa temática é estar aberto para 
novas descobertas, transformação de pensamento e, principalmente, a inquietação para 
questionar. 
Tudo isso é imprescindível, para que você possa compreender a política baseada 
em	análises	críticas,	teóricas	e	científicas	e	não	se	manter	apenas	no	achismo.	
Quando	 estamos	 refletindo	 sobre	 questões	 políticas,	 nos	 voltamos	 para	 o	
entendimento da sociedade, suas necessidades e dilemas. Só assim, é possível lutar para 
que	hajam	modificados	para	a	realidade	de	muitos	grupos	socias.	
Por isso, que política deve ser debatida, SIM! Não baseada apenas no gosto de 
cada um por partido ou candidato, mas baseado em todo o processo político, propostas e 
ações	que	possam	modificar	a	realidade.
Convido você então a entender política por uma outra ótica. Pelo olhar de cidadão, 
que consciente do seu lugar, pode sugerir e opinar em sua própria sociedade.
BONS ESTUDOS.
9UNIDADE I Concepções e Princípios
1 AFINAL, O QUE É POLÍTICA?
Você já parou para pensar na importância de se compreender o que é política? Já 
se perguntou porque ela é tão necessária para a nossa sociedade? Já quis ser um político? 
Ou mediante a realidade tem um certo desânimoem falar qualquer coisa que se relacione 
a política?
São questões que muitas vezes estão no nosso dia-a-dia, porém não somos 
capazes de aprofundamos nossas inquietações e passamos a viver em uma realidade que 
não	entendemos,	mas	também	não	sabemos	como	modificar.	
Estudar Política é necessário, pois nos ajuda a entender que somos parte de uma 
sociedade,	refletidos	e	reflexos	da	vivência	social	que	possuímos,	começando	ainda	em	
um primeiro processo de socialização que ocorre, inicialmente, na família e depois nos 
encaminha para o segundo processo que será efetivado nas instituições sociais, como: 
Estado, Igreja e Escola.
Todos esses espaços sociais tende a nos revelar características particulares, 
repleto de regras e também de ações que serão direcionadas como direitos e deveres. Por 
essa razão, é que a política é fundamental para a dinâmica social.
Segundo Ribeiro (2010), o termo política tem como princípio o exercício de diferentes 
formas de poder e suas inúmeras consequências. Entretanto, esse poder muitas vezes não 
é tão visível, mas está ali inserido pelas ações e atitudes dos indivíduos. 
10UNIDADE I Concepções e Princípios
Até as discussões realizadas por Michael Foucault (2014), sobre a ideia de 
microfísicas do poder, considerava-se que ao falarmos de poder estávamos nos referindo 
apenas a questão política, porém veremos mais adiante, que o poder é exercido de maneira 
variada pelos indivíduo sobre o outro.
A complexidade do poder é que nos faz compreender a ação da política. Pois, a 
política	está	interligada	com	o	poder,	esse	tem	por	objetivo	modificar	o	comportamento	das	
pessoas, por meio de atos políticos baseado em decisões e nos interesses próprios de um 
grupo ou sujeito social.
Assim, ao pensarmos em política percebemos o quando ela é imposta pelos 
interesses pessoais ou sociais, que são transformados em objetivos, que se tornam decisões 
importantes para todos.
Será que você já compreendeu que toda e qualquer disputa política é permeada por 
variados interesses? Talvez, quando nos damos conta disso, somos capazes de entender 
o que move os políticos e suas ações. Todas as vezes que vemos uma campanha eleitoral 
ou o discurso de um político, precisamos entender como ele poderá nos ajudar em nossos 
interesses pessoais, se ele não for capaz de suprir nossas vontades pessoais ou de grupos, 
logo não será digno de votos. 
Não se engane a política é um jogo de interesse, em que os envolvidos precisam 
saber jogar, para se tornarem aptos a não serem iludidos por pessoas que dizem fazer 
aquilo que eles desejam, mas não acabam fazendo nada. 
Por exemplo, te convido a pensar em quais pessoas você votou nas últimas 
eleições? Quais delas podem satisfazer seus interesses? Quando você foi a urna, você 
pensou que estava votando em alguém que poderia entender suas necessidades? Se a 
sua resposta foi negativa para essas questões, talvez e infelizmente, você não consiga 
entender como alinhar seus interesses com o do seu candidato pode se de fato o que leve 
a uma mudança social. 
Para quem faz parte da educação, outro exemplo, é necessário estar atento aos 
planos	de	educação	ou	projeto	que	os	candidatos	apresentam,	só	assim	é	possível	modificar	
algo. Quando votamos apenas por “gostamos” do candidato muitas vezes esquecemos o 
que de fato ele poderá fazer por nós. 
Por isso, que muitas vezes nos sentimos enganados, a partir do momento que temos 
consciência da realidade e do que necessitamos, é que nos tornamos seres pensantes 
socialmente e podemos atuar como cidadãos conscientes. Assim, o ato político de votar, 
transforma-se	numa	ação	determinante	para	manter	ou	modificar	a	sociedade.
11UNIDADE I Concepções e Princípios
Além disso, Ribeiro (2010), acredita que política está muito relacionado a quem 
manda, por que manda, como manda, pois mandar não é nada mais, nada menos do que 
decidir e isso requer apoio, anuência e muitas vezes submissão do outro. O que não é um 
processo nada fácil ou simples de ser feito.
A Política então pode ser vista como a arte da razão, ou a arte da negociação, 
ou apenas a arte de governar. Assim, quem a pratica deve ter um “dom” especial para 
governar, uma espécie de vocação para compreender o outro e alinhar todos os interesses 
daquele que a rege com aqueles que possibilitam a tomada de poder. 
Nesse sentido, veremos mais adiante, que ela é uma ciência, pois quando decidimos 
entender os processos que a desenvolve, a constrói, vamos entendê-la de maneira 
sistematizada,	filosófica	e	social.	
Mas	antes	disso,	devemos	afirmar	que	política	também	é	uma	forma	de	profissão.	
Os cargos políticos hoje são almejados muitas vezes por conta de sua rentabilidade. 
Em nosso país, podemos dizer que eles se tornaram “cabides de empregos”, o que nos 
revela que deixaram de ter um valor de fato, para transformar a realidade em nome de um 
bem	comum	a	todos,	passaram	a	ser	apenas	uma	profissão	que	se	dedica	a	influenciar	a	
coletividade em razão de seus interesses próprios e não da comunidade.
O fato é que mesmo que você, sem conhecer, repita sempre que detesta política é 
importante frisar que a todo momento a fazemos de alguma forma. Em constantes tomadas 
de decisões do dia-a-dia estamos fazendo política, por que tudo se resume a conquistar os 
nossos interesses em detrimento da aceitação e submissão do outro. 
Assim, quando você diz que odeia política, na verdade você não se transforma em 
um ser “apolítico”, mas sim indiferente em relação a sua realidade e sociedade. Ignorando 
tantas coisas que precisam ser realizadas para que a sua própria realidade venha a ser 
modificada.	A	forma	como	as	decisões	são	tomadas	nos	apresentam	o	que	elas	carregam,	
ou seja, qual o maior interesse ali envolvido, assim a apatia ou ter uma “atitude blasé”, não 
nos parece a melhor saída para as questões políticas (RIBEIRO, 2010).
O fazer político nos permite viver em sociedade determinando as regras e como 
as ações devem ser direcionadas. O ser político deve ser aquele que compreende a ideia 
de coletivo, sociedade, da vivência nas cidades ou pólis, como eram chamadas na grécia 
antiga, podendo viver em comunidade sem extrapolar o espaço do outro. 
Ideais como fraternidade, liberdade e igualdade utilizados durante a revolução 
francesa, nos mostram o quanto importante é lutar por uma sociedade mais igualitária 
capaz de respeitar a diversidade e a convivência entre todos.
12UNIDADE I Concepções e Princípios
Porém, é claro que diante de sociedades desiguais essas ações parecem utópicas 
e muitas vezes só acentuaram ainda mais a diferença entre aqueles que mandam e os que 
obedecem. Por isso, que o fazer político não pode se distanciar da realidade, pois querendo 
ou não ele entra em todas as nossas relações determinando muitas vezes a forma como 
agimos no mundo.
O processo político deve estar atento a todas as formas de variáveis sociais, senão 
corremos o risco de realizar apenas o interesse de algumas pessoas. Por exemplo, quando 
pensamos em educação, alguns sujeitos sociais podem acreditar que ela nada mais, nada 
menos pode ser entendida por meio do mérito. Quando pensamos nas aprovações em 
exames de vestibulares, podemos observar quanto discrepante é a realidade do aluno que 
teve melhores condições de estudos em relação àqueles vindo de uma periferia. A quem 
diga que não existam diferenças cognitivas, e realmente muitas vezes não tem mesmo, 
porém a realidade em que vivem faz toda a diferença. Te explico o por que, não é apenas 
a vontade de estudar que conta para o sucesso de alguém, mas também entender a sua 
realidade, como as oportunidades de estudos podem ser ofertadas e principalmente qual a 
sua	condição	financeira.	
Por isso, que após a divulgação de resultados de processos seletivos, vemos que 
o	filho	da	empregada,	do	pedreiro,	da	dona	de	casa,	festeja	a	sua	aprovação	como	quase	
algo impossível é que ele conseguiu alcançar uma meta que muitasvezes era descartada 
por conta da sua questão social. E esse esforço todo não pode ser visto como mérito, mas 
infelizmente, como uma exceção, que infelizmente não é para todos. 
Mas como isso tudo tem a ver com o processo político? Oras, se o governo não é 
capaz de dar condições educacionais que não diferencie as pessoas, ele é culpado pelo 
fato de que a universidade pública, muitas vezes é ocupada por alunos oriundos de escolas 
particulares, enquanto as faculdades privadas, estão repletas de pessoas vinda da classes 
mais baixas. 
Você	pode	estar	pensando,	mas	no	final	 todo	mundo	está	na	sala	de	aula,	e	eu	
posso	 te	 afirmar,	 mediante	 a	 um	 processo	 injusto	 e	 inexistente	 de	 decisões	 coerentes	
para uma educação para todos, a forma como esses alunos adentram a universidade é 
completamente diferente. Volto a repetir, não é uma questão de cognição, mas de como o 
próprio Estado, por meio de seus processos políticos tem prometido uma educação, laica, 
gratuita e de qualidade para todos. 
Será	 que	 ficou	 confuso	 esse	 exemplo?	 Talvez,	 você	 esteja	 se	 perguntando	 o	
que a política pode fazer pelas pessoas, se ela é marcada por tanta corrupção e ações 
13UNIDADE I Concepções e Princípios
desonestas?	Pois	bem,	quando	entendemos	que	somos	nós	que	fazemos	política,	fica	mais	
claro pensar que ao escolher um candidato, estou escolhendo também a forma como ele 
pode interferir na maneira em que vejo, compreendo e entendo o mundo e isso pode ser 
manipulado, conforme ele perceba o meu processo de conscientização da realidade:
a Política não se ocupa de todos os processos de formulação e tomada de 
decisões, mas somente daqueles que afetem, de alguma forma, a coletivida-
de. A maior parte desses processos, como se pode imaginar, é extremamente 
complicada. [...] A Política não é, pois, apenas uma coisa que envolve dis-
cursos políticos, promessas, eleições e, como se diz frequentemente, “muita 
sujeira”. Não é uma coisa distinta de nós. É a condução de nossa própria 
existência	coletiva,	com	reflexos	imediatos	sobre	nossa	existência	individual,	
nossa prosperidade ou pobreza, nossa educação ou falta de educação, nos-
sa felicidade ou infelicidade (RIBEIRO, 2010, p. 25-26).
Dessa maneira, odiar política, não querer compreendê-la pode ser um ato que não 
tende a prejudicar o outro, mas a você mesmo e o fato de viver em coletividade. A Política 
precisa	ser	debatida	e	refletida	a	todo	momento,	para	que	as	tomadas	de	decisões	possam	
ser realizar de maneira coerente e consciente.
14UNIDADE I Concepções e Princípios
2 CIÊNCIAS POLÍTICAS
Segundo Bonavides (2000, p. 42): “A Ciência Política, em sentido lato, tem por 
objeto o estudo dos acontecimentos, das instituições e das idéias políticas, tanto em 
sentido teórico (doutrina) como em sentido prático (arte), referido ao passado, ao presente 
e às possibilidades futuras”. É um ciência que tem como propósito pensar os processos 
políticos e de como o mesmo pode afetar a sociedade.
A	Ciências	Políticas	tem	como	objetivo	conhecer	e	refletir	sobre	as	instituições,	dos	
fatos	e	de	tudo	que	tem	a	ver	com	as	práticas	políticas	que	competem	questões	filosóficas,	
jurídicas e sociais. 
No	 caso	 da	Filosofia,	 os	 estudos	 realizados	 dão	 ênfases	 a	 investigar	 a	 origem,	
essências,	justificação	e	os	fins	do	Estado,	que	possibilite	compreender	a	gestão	e	atuação	
do Poder. Esse que vai permear toda a discussão em relação a formação o Estado. 
Já diante de um olhar sociológico, a ideia de Ciências Política, é a que permeia 
toda essa unidade. Para a Sociologia, a compreensão da política se dá através do Estado 
baseado no fenômeno político, tendo em Max Weber seu maior expoente que introduz 
discussões que vão desde a racionalização do poder, aparato burocrático administrativo, 
compreende o tipo de autoridades que estão presente no quadro de poder, questiona a 
administração	pública	e	como	influencia	os	interesses	transformados	em	atos	legislativos.	
Weber ao pensar no Estado, divide a sua percepção por meio do aparato 
administrativo e da violência legítima. Segundo ele, todo o ser administrativo perpassa 
15UNIDADE I Concepções e Princípios
por uma burocratização e racionalização de suas ações, enquanto a violência legítima se 
revela pelas ações policiais inquestionáveis a favor do Estado. Como isso seria possível?
É possível citar alguns exemplos de quando a ação violenta policial se tornou uma 
violência legitimada pelo Estado. Exemplo 1: a ação dos policiais, em 2016, diante de um 
protesto de professores no Estado do Paraná. Diante de uma manifestação contrária aos 
desmandos do Estado sobre a previdência de seus servidores, muitos professores se 
reuniram na cidade de Curitiba, para protestar, autorizados pelo Estado, policiais atacaram 
os professores, com balas de borrachas, gás lacrimogêneo, agressões com cassetetes e 
até	armas	de	fogo.	Professores	ficaram	feridos	e	por	muitos	a	ação	foi	considerada	abusiva	
e desastrosas. Porém, até 2020, ninguém foi preso pelo ação, em alguns casos, policiais 
foram até mesmo inocentados em nome do Estado.
Exemplo 2: cidade do Rio de Janeiro, 2019, em uma ação desastrosa a polícia 
militar atira 82 vezes em um carro branco que conduzia uma família para uma festa, em um 
domingo a tarde. Até o momento ninguém foi preso ou acusado da morte do motorista e 
morador da região que não tinha nenhum problema com a polícia. 
É dessa maneira que a violência do Estado é tida como legítima, por em todo 
caso esses policiais estão a serviço dele e em seu dever pode valer tudo, mesmos vidas 
inocentes. 
A Ciências Políticas entendida pela ótica sociológica foi referenciada por diferentes 
autores, cada um acrescentou um pouco mais de riqueza a essa discussão. Autores que 
compreenderam o quanto a própria história das mudanças políticas revelam que tipo de 
análise pode ser feita. 
Cada tempo, época, período e contexto tende a demandar uma atenção singular 
sobre as questões relacionadas aos processos políticos. Nesses estudos revela-se a ideia 
de uma estado cada vez mais dividido por classes sociais e que acentuam as injustiças, 
segregações sociais e espaciais. Além disso, a análise sobre os partidos políticos e seus 
interesses vão evidenciar a importância de cada voto almejado nas eleições. 
Os	estudos	ainda	irão	chamar	atenção	para	os	movimentos	sociais	e	sua	eficácia	
dentro do Estado. Movimentos que vão promover mudanças ou conservar a visão do Estado 
para inúmeras questões sociais.
Chegamos então nos estudos ligados às mudanças sociais, que apontam a busca 
de uma sociedade mais igualitária e utópica. Perpassam então pela própria história da 
constituição do Estado que pode ser absolutista, liberal, nacional, neoliberal, de bem estar 
social, democrático, totalitário ou ditatorial. 
16UNIDADE I Concepções e Princípios
Os propósitos do estudo das Ciências Políticas vai nos mostrando as facetas 
do Estado e como a sua construção pode ser compreendida mediante aos processos 
escolhidos. 
Ao entender os processos do Estado, podemos compreender como os seus 
interesses estão ali expostos. Por exemplo, a questão da arte ou da cultura no Brasil, passa 
na	atualidade	por	um	desgastante	reconhecimento	de	sua	importância.	Mas,	afinal	pra	que	
serve a arte? 
Em alguns momentos da história da humanidade, arte foi usado como um recurso 
revolucionário, conscientizador, em outros como manipulador e a favor de um Estado muitas 
vezes autoritário. Pois bem, compreendendo as políticas de Estado é possível entender 
quais os interesses de seus governantes.
As Ciências Políticas também podem ser entendidas pelo viés jurídico. É a 
compreensão do Direito Constitucional, a próprio formação das normas e regras do Estado, 
nascendo assim uma Teoria Geral do Estado.
Para Montenegro (1959, p. 208), “O papel da ciência política, portanto, será o de 
fornecer elementos de conhecimento do mundo real em ação ampla que superao simples 
atavismo ou mera militância”. 
Assim, a Ciências Política existe por meio da descrição, interpretação, crítica aos 
fenômenos	 que	 correspondem	 às	 práticas	 do	 Estado.	 Tudo	 muito	 específico.	 Estudar	
política por essa perspectiva é entendê-la como um campo único.
Um cientista político será muito diferente de um cientista natural, ele tem por 
“missão”	a	crítica	e	reflexão	de	um	objeto	mutável	o	tempo	todo.	Suas	interpretações	sobre	
as questões do Estado são pontuais ao momento observado. Assim, não é uma ciência 
capaz de determinar o futuro, mas pode sim pensá-lo. Por essa razão, em diferentes 
períodos históricos foi se questionado sua necessidade e ou autoridade. 
Entretanto, o fato de ter como objeto os processos políticos baseados na ideia 
do poder e interesse do Estado, permite com a política seja vista sim como um objeto a 
ser investigado que demanda seu próprio método. Importante na Ciência política não é 
reafirmar	perspectivas	históricas,	psicológicas	de	seus	envolvidos,	mas	sim	refletir	sobre	o	
Estado como um todo, em seus processos que tendem a afetar o coletivo. 
Assim, ao tentarem a aproximar sua discussão de uma Sociologia Política, pode 
se	perceber	que	essa	seria	apenas	uma	ramificação	dos	próprios	originários	da	Ciências	
Política, assim os objetivos de ambas abordagens são bem semelhantes sobre a ênfase 
do que interessa ao debate dessa ciência: “a) o poder político, o comportamento político 
17UNIDADE I Concepções e Princípios
(indivíduos e grupos), as manifestações de autoridade (carismática, tradicional e legal, 
segundo Max Weber), a legalidade e legitimidade do poder político; b) os fatores materiais 
do poder político: o território e a população; c) as origens sociais do Estado e sua penosa 
evolução, consagrando institutos que se desdobram historicamente, da escravidão à 
liberdade, do Estado de conquista ao Estado de cidadania livre (Oppenheimer); d) a política 
científica,	volvida	basicamente	para	a	racionalização	do	poder	(a	função	política,	econômica	
e social das burocracias no Estado moderno), a tecnocracia; e) os grupos de pressão de 
todo o gênero, lícitos e ilícitos, que atuam à sombra dos parlamentos e dos ministérios, 
e	influem	nos	atos	legislativos	e	medidas	do	poder	executivo;	f)	a	luta	de	classes	e	seus	
efeitos políticos, as tensões sociais, os antagonismos políticos de toda espécie; g) a crise 
dos sistemas de governo, os regimes políticos, as ideologias, as utopias, a liberdade e a 
autoridade e h) o inconformismo social, as reformas, as revoluções e os golpes de Estado” 
(BONAVIDES, 2000, p. 61). 
Mediante a esses tópicos podemos entender então que tudo que envolve o processo 
de formação, expansão e consolidação do Estado faz parte do entendimento da política e 
de sua ação mediante as decisões tomadas com o propósito do benefício do coletivo.
18UNIDADE I Concepções e Princípios
3 PODER E ESTADO
No que compete os estudos da Ciências Políticas sem dúvida que o conceito de 
Poder é uma dos mais pesquisados e de maior interesse tanto para cientistas políticos 
como	 sociólogo.	 Em	 sua	 definição	mais	 corrente,	 ele	 pode	 ser	 definido	 como	 um	 fator	
externo, que pode ser exercido por uma pessoa ou um grupo de pessoas, ainda de caráter 
institucional, pessoal e também simbólico. 
Anteriormente, comentei que o poder pode estar em diferentes estâncias, como é 
o	caso	das	relações	entre	pais	e	filhos,	professores	e	alunos,	chefias	e	funcionários,	nesse	
sentido	seu	significado	se	“encaixa”	da	perspectiva	Foucaultiano	de	microfísica	do	poder.	
Você deve estar pensando: “então existe poder em todos os lugares e relações?” 
Basicamente sim. Tudo que fazemos está permeado por alguma relação de poder, a ideia 
de quem manda e quem obedece permanece forte, mesmo que “invisível”. 
Sociologicamente falando, o poder existe em todas as relações sociais, se 
manifestando tanto na esfera pública quanto privada. 
Em relação aos estudos da Ciências Políticas, o poder é visto como aquele que 
constitui todo tipo de governo e que necessita ser controlado para que não possa se tornar 
autoritário. Um bom governo precisa estar ciente de sua relação entre diferentes grupos de 
interesses e preservar a autonomia de cada um deles, que impeça que alguns indivíduos 
sejam prejudicados. Assim, busca-se promover o bem comum, em que o poder seria 
baseado em uma justiça equilibrada.
19UNIDADE I Concepções e Princípios
O fato é que quando nos atrevemos a falar sobre poder, não podemos deixar 
de	citar	o	pai	da	Filosofia	Política	moderna,	Nicolau	Maquiavel,	que	escreveu	uma	obra	
clássica chamada O Príncipe, que pode ser entendido como uma espécie de manual que 
busca instruir o príncipe não apenas a conquistar o poder, como também, de promover sua 
manutenção, compreendendo os meios necessários para se atingir aquilo que é necessário 
para si.
Além de ser uma obra que pode ser entendida como um manual para o governante, 
o livro também serve para ser interpretado pelo povo contra os possíveis abusos de poder 
daqueles que os governa. 
A abordagem proposta por Maquiavel estava baseada na noção de VIRTÚ, não 
numa virtude de origem moral, mas sim de poderes e funções que envolviam o domínio 
políticos. Poderia ser entendido também como o sucesso de um Estado que deveria ser 
admirado e imitado pelos demais governantes. Nesse sentido, tudo que fosse necessário 
para a manutenção desse bem estar deveria ser realizado em nome do Estado, os meios 
utilizados	deveriam	justificar	as	ações	desse	monarca.	
Em	uma	das	partes	mais	significativas	do	O	Príncipe,	Maquiavel	“aconselha”	que	
esse precisa ter uma relação de equilíbrio com o seu povo. Precisa ser tanto amado quanto 
temido, e se não conseguir autocontole, é preferível que seu povo tenha medo de suas 
ações, pois segundo Maquiavel, ser temido é muito mais garantido do que amado, pois o 
amor pode ser traiçoeiro. Por isso, quando necessária a violência deveria ser aplicada para 
demonstrar o poderio do governante.
Além da virtú, que seria a capacidade de se conduzir um governo, para Maquiavel, 
o príncipe também deveria ter FORTUNA, para saber lidar com as mais variáveis 
circunstâncias	que	desafiam	a	estabilidade	do	político,	uma	relação	estreita	e	muito	pontual	
com o acaso, o azar e a sorte. 
Dessa maneira, aquele que possuí a virtú consegue controlar os imprevistos da 
fortuna e isso o faz ser um governante completo e atento para todas as suas funções dentro 
do seu reinado que quanto mais vitorioso e próspero se expande para novas conquistas.
Ao longo da história da humanidade, após os escritos iniciais de Maquiavel, a 
questão de pensar o poder por meio da política foi se tornando relevante para outros autores, 
que vão dar origem a formação do Estado Moderno, que cada vez mais irá se distanciar da 
figura	de	um	rei	ou	monarca	absoluto	e	ver	surgir	novas	formas	de	organização.	
Destacam se a partir dos séculos XVI - XVII, os chamados contratualistas, 
representados por Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau e Charles-Louis 
20UNIDADE I Concepções e Princípios
Montesquieu, cada um deles irá pensar a ideia de Estado e política em suas particularidades. 
Vejamos, de maneira sucinta, pontos importantes de suas teorias:
● Thomas Hobbes - (1588-1679): para esse autor os homens são guiados pelo 
sentimento	egoísta	que	se	revela	em	seu	estado	de	natureza,	assim	afirma	que:	
“O homem é o lobo do próprio homem”, para solucionar uma possível constância 
de estado de guerra, ele sugere que para viverem em harmonia, os homens 
deveriam renunciar ao seu estado de natureza, para sua autopreservação. 
Deveriam preservar o estado de paz, mantido por um Estado poderoso, acima 
de tudo e de todos.
● John Locke - (1632-1704): Conhecido como o “pai” do liberalismo político, 
acredita que o Estado deve ser pensado preservando o conjunto de individualidade 
de cada um, assim como, a propriedade privada.Por isso, defende um governo 
com limites, visto como um agente mediador e regulador.
● Jean-Jacques Rousseau - (1712-1778): Sua teoria se baseia na ideia de um 
contrato	social,	em	que	afirmar	que	o	ser	humano	seria	um	“bom	selvagem”,	
entretanto, a sociedade política seria responsável por corrompê-lo. Por isso, 
deveria ser um construída uma sociedade por meio de contrato, ou seja, o 
consenso entre as partes envolvidas, uma associação justa.
● Charles-Louis Montesquieu - (1689-1755): Pensando em uma sociedade 
civil,	 organizada,	era	necessário	 refletir	 sobre	a	distribuição	dos	poderes.	Se	
já não existe mais um monarca que toma conta de tudo, se fez fundamental o 
surgimento, proposto, por esse pensador de uma teoria dos três poderes. Essa 
separação fez surgir o Estado moderno liberal, pensado por meio dos poderes 
básicos: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Existentes até hoje, cada 
um deve ser preservado em sua particularidade e autonomia. Porém, como 
percebemos essa divisão, infelizmente, não tem garantido que seja exercido 
com bom funcionamento e sem corrupção.
Enfim,	quando	pensamos	o	poder	precisamos	também	analisar	como	em	contextos	
diferentes,	 ele	 vai	 se	 afirmando	 de	 maneiras	 diversas.	 A	 constituição	 dos	 primeiros	
pensadores sobre o conceito e sua ação prática nos permite ver o quanto a ideia de poder 
ainda é existente em nosso cotidiano, por isso precisamos entender cada vez mais sua 
ação no que compete às políticas públicas.
21UNIDADE I Concepções e Princípios
4 PODER X DOMINAÇÃO
Para	finalizar	a	nossa	unidade,	vamos	nos	aprofundar	um	pouquinho	mais	nessa	
ideia de poder, mas com outra forma de olhar e perceber como ele se estabelece em 
sociedade. 
Vimos, anteriormente, como Max Weber foi importante para pensar a ideia de 
Estado e sociedade já em meados do século XX, nos apresentando uma forma particular 
de entender a sociedade. Bom, nesse momento vamos recorrer novamente ao autor para 
ver como ele diferenciou os conceitos de poder e dominação. 
A primeira coisa que devemos relembrar dos estudos já realizados sobre Weber, é 
que esse autor defendia que o indivíduo era responsável por moldar a sociedade. Para ele, 
somos nós, com nossas ações sociais, que determinamos a sociedade. Por essa razão, 
seu	conceito	de	Ação	Social	nos	 revela	que	somos	movidos	por	sentidos	e	significados	
individuais para nossas atitudes e todas elas podem ser explicadas de maneira subjetiva. 
Para ele, a ação social, pode ser pensada a partir de quatro tipos: 
● Ação social racional em relação à fins - Tudo que realizamos tem com objetivo 
um	fim,	por	exemplo,	ao	estudar	você	busca	um	diploma,	não	é	mesmo?	Pois	
bem,	é	por	causa	da	certificação	que	você	passa	por	todos	os	desafios	de	fazer	
uma graduação.
22UNIDADE I Concepções e Princípios
● Ação social racional em relação à valores - Para Weber ser honesto e gentil, 
por exemplo, são ações que racionalizamos a partir dos valores sociais que 
estão embutidos em nossos princípios morais, familiares ou de crenças.
● Ação Afetiva - Os nossos sentimentos não são racionais, por isso, amor, raiva 
são vistos como ações afetivas marcada pelo impulso subjetivo de cada um.
● Ação tradicional - são ações que mantemos por costumes ou hábitos, apenas 
repetindo o que os outros fazem, sem questionamento. Por exemplo, o ato de 
pedir a benção para familiares, muitas pessoas ainda os fazem, porém será que 
conseguem	compreender	seu	real	significado?
Weber ainda nos ajuda pensar que essa ações quando compartilhada por outras 
pessoas, podem se tornar relações sociais, que nos permitem vivem em coletividade.
Ao pensar na coletividade, Weber se deparou com o Estado, formado por diferentes 
indivíduos e interesses. A comunidade é formada por uma divisão de poderes que forma um 
conjunto de esferas autônomas, com suas próprias regras, sistemas de valores, crenças e 
etc.	Assim,	o	autor	refletiu	sobre:	classes,	estamentos	e	partidos,	para	pensar	a	distribuição	
de poder. 
● Classes: Não será vista ainda como uma divisão social, para o autor, a classe 
significa	a	aquisição	de	bens	e	serviços	que	são	próprios	de	um	mesmo	grupo.	
Podemos pensar como uma classe de aula, por exemplo, nela as pessoas 
estarão “unidas” por um interesse comum, ser aprovado no ano letivo, terão 
suas regras particulares. Nesse sentido, classe é fazer parte desse grupo de 
pessoas.
● Estamentos: Pode ser pensado como um status, ou seja, o espaço social que 
ocupamos a partir do que possuímos e como essas aquisições nos oferece um 
lugar na sociedade.
● Partidos: esses são responsáveis apenas pela busca ou posse do poder 
institucional, por meio das eleições e do voto.
Ao pensar a sociedade de caráter racionalizado e burocrático, Weber nos permitiu 
compreendê-la em sua organização. Assim seus estudos no campo político fez com que o 
entendimento sobre o Estado, em seus diferentes níveis, pudessem ser visto desde a àrea 
administrativa até as questões de território. Entendeu que o poder se estabelece na esfera 
23UNIDADE I Concepções e Princípios
pública, através da racionalidade burocrática e também por meio da forma como o líder 
dominar o seu povo. 
Nesse momento, o autor nos convida a entender que poder e dominação são 
coisas completamente diferentes, embora sejam muito parecidos em seus propósitos. O 
que	o	autor	identifica	como	poder,	a	imposição	de	sua	própria	vontade	sobre	o	outro,	a	ideia	
genuína de quem manda e quem deve obedecer, a opressão em relação ao outro. 
Já a dominação é uma imposição de poder que pode ser “disfarçada” pela maneira 
como ela se revela ao outro. Dominar é a capacidade de fazer com que uma vontade pessoal, 
subjetiva, se transforme e se compartilha como vontade individual de outras pessoas. 
Dessa maneira, a dominação irá exercer um poder que muitas vezes passa desapercebido 
por	quem	apenas	a	reflete	como	sendo	sua	própria	vontade.	Ficou	confuso?	Vamos	então	
aos tipos de dominação legítimas, propostas pela análise de Weber:
● Dominação Carismática: o líder carismático é aquele que aclamado pelo povo 
pelo seu “dom” ou “dádiva” que o diferencia dos demais sujeitos da sociedade. 
Ele possuí um convencimento retórico. São atribuídos a ele poderes “especiais”, 
a visto como um herói ou heroína, por ter algo que o diferencia dos demais seres 
humanos.	Esse	tipo	de	líder	pode	ser	identificado	em	diferentes	esferas	sociais.	
Pode ser o atleta, a atriz, o político, a cantora, o padre, o pastor, o professor. São 
pessoas que pelo seu carisma podem convencer os outros sem muito esforço.
● Dominação Racional-Legal: essa é legitimada pela questão legal, ou 
seja, as regras e leis impostas que promovem uma racionalização nos 
processos governamentais. São as normas que devemos seguir sem muitos 
questionamentos.
● Dominação Tradicional: assim como, na ação tradicional, aqui o processo de 
persuasão	ocorre	mediante	os	costumes,	valores	e	hábitos	definidos	de	maneira	
hierárquico que estabelece a relação do líder e de seus subordinados.
Por	fim,	a	dominação	tem	como	ação	promover	que	o	poder	possa	ser	exercido	por	
meio de questões ideológicas que tende a esconder a realidade ou até mesmo incentivar 
a não existência de uma pensamento mais crítico. Quando dominados, deixamos de 
questionar o que nos parece ser a nossa própria vontade, mas que não verdade tem sido 
manipulada para o melhor aproveitamento e realização daqueles que estão no poder. 
24UNIDADE I Concepções e Princípios
Por isso, a importância de compreender os processos do campo político para 
identificarmos	se	estamos	contribuindo	para	uma	dominação	que	tende	a	nos	incapacitar	
para o entendimento da realidade.
SAIBA MAIS
Você sabia que a obra “O Príncipe” foi escrita em 1513, enquanto Maquiavel se encon-
trava exilado. Entretanto, seu livro só foi publicado em 1532, cinco anos após a sua mor-
te. O livro, que é um manual sobre a arte de governar, foi inspirado peloestilo político de 
César Bórgia, que foi um dos mais ambiciosos comandantes italianos, e que Maquiavel 
trabalhou junto por 5 meses quando foi embaixador.
Fonte: a autora.
REFLITA
O Analfabeto Político - Bertold Brecht 
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos 
acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da 
farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a 
política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor 
abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto 
e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.
Fonte: Disponível em: 
<https://www.portalraizes.com/o-analfabeto-politico-uma-reflexao-bastante-atual-de-bertolt-brecht/>	
Acesso em: 25.Jan.2020.
Ao	ler	o	poema,	você	consegue	refletir	se	é	uma	analbeto	político?
https://www.portalraizes.com/o-analfabeto-politico-uma-reflexao-bastante-atual-de-bertolt-brecht/
25UNIDADE I Concepções e Princípios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes mesmo de entrarmos de cabeça sobre a temática das políticas públicas de 
educação,	optamos	por	uma	breve	 reflexão	sobre	como	se	desenvolveu	os	conceitos	de:	
política, ciências política, poder, Estado e dominação. 
Partimos do pressuposto que era de relevante importância fazer esse primeiro 
caminhar	para	que	as	próximas	descobertas	fizessem	ainda	mais	sentido	para	o	nosso	estudo.	
Sobre o conceito de política podemos perceber que estamos cotidianamente inseridos 
nessa ação. Fazemos política o tempo todo, pois estamos sempre em contato com o outro, 
negociando, alguma coisa. Sendo ela uma arte da razão, nos permite direcionar a forma 
como vemos a vida e entendemos a nossa relação com o outro. 
Por isso, entender política é tão importante, por que ela nos faz perceber de que 
maneira	as	tomadas	de	decisões	são	realizadas,	baseadas	em	que	tipo	de	interesse.	Afinal,	a	
política é também um processo individual que se desenvolve numa proposta de coletividade. 
Nesse sentido, entender os processos políticos deve ser feito por meio de métodos 
e teorias que priorize uma compreensão fora da ideia de “achismos” ou gostos pessoais. 
Hoje estamos vivendo uma polarização política que tem nos impedido de fazer de fato uma 
reflexão	crítica	sobre	os	processos	e	a	formação	do	Estado,	isso	por	que	as	pessoas	não	
usam as ferramentas ou realizam as leituras indicados por aqueles que transformaram o 
campo político em uma ciência, chamada de: Ciências Políticos.
Como ressaltamos, pensar a política brasileira ou mundial não é algo que podemos 
fazer apenas “gostando ou não” de um determinado partido político, mas sim sendo capaz de 
entender a dimensão dos processos políticos.
Esse	processos	estão	sempre	repletos	de	formas	de	poder,	que	não	pode	ser	definido	
como um conceito único e imutável. Poder existe em todos os lugares e para os pensadores 
da	Sociologia,	qualquer	relação	social	é	mantida	por	uma	relação	de	poder.	Como	afirma,	
Foucault (2014), o poder se multiplica em suas microfísicas, ou seja, nas relações humanas 
em que haja a propensão de alguém mandar enquanto o outro obedece.
Por	fim,	vimos	que	o	poder	pode	ser	entendido	em	uma	outra	“roupagem”,	através	
da dominação, essa não é apenas exercida pela vontade particular, mas sugerida como uma 
vontade de todos.
26UNIDADE I Concepções e Princípios
LEITURA COMPLEMENTAR 
Quando falamos de política podemos compreendê-la em suas diferentes 
representações. Uma das formas mais recentes de entendê-la pode ser através de uma 
fenômeno político chamado de Ativismo digital. 
Leia	o	texto	indicado	e	reflita.
DESLANDES. Suely Ferreira. O ativismo digital e sua contribuição para a descentralização política. 
2018. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n10/1413-8123-csc-23-10-3133.pdf>	Acesso	em:	25.Jan.2020.
http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n10/1413-8123-csc-23-10-3133.pdf
27UNIDADE I Concepções e Princípios
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO:
• Título: A Revolução dos Bichos
• Autor: George Orwell
• Editora: Companhia das Letras
• Sinopse: Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos 
mais	influentes	escritores	do	século	20,	“A	Revolução	dos	Bichos”	é	
uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma 
granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução 
degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos. 
Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 
depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena 
narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura 
stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do 
Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.De fato, são claras as 
referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-
Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de 
um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam 
os que estavam em curso na União Soviética.Com o acirramento 
da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento 
na época de sua publicação levaram A revolução dos bichos a ser 
amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como 
arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do 
socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, 
sentiu-se	incomodado	com	a	utilização	de	sua	fábula	como	panfleto.
FILME/VÍDEO
• Título: Leões e Cordeiros.
• Ano: 2007.
• Sinopse: Um professor idealista, um senador e uma jornalista de 
TV envolvidos em diferentes aspectos na guerra no Afeganistão. 
O professor, Stephen Malley, tenta convencer um de seus alunos 
mais promissores a assumir uma posição e mudar o curso de 
sua vida. Um senador, Jasper Irving, que pretende vender sua 
“mais nova estratégia de guerra” a uma incrédula jornalista de 
um noticiário de TV. Do outro lado do mundo, dois ex-alunos do 
professor estão presos atrás das linhas inimigas no Afeganistão. 
Três histórias interligam-se para enfocar que as nossas decisões 
determinam o nosso futuro pessoal e dentro da sociedade.
28
Plano de Estudo:
•	Conceitos	e	Definições	de	Políticas Públicas
• Definição	de	Políticas	Públicas	no	Brasil
• Breve histórico do Políticas Públicas de Educação
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o que são políticas públicas
• Compreender os tipos de políticas públicas no brasil, em especial, as relacionadas a 
educação.
• Refletir	sobre	a	importância	da	LDB	para	as	políticas	públicas	de	educação.
UNIDADE II
Políticas Públicas: Aspectos Legais da 
Educação Básica no Brasil
Professora Mestra Renata Oliveira dos Santos
29UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
INTRODUÇÃO
Ao continuar as nossas descobertas sobre o “mundo” das Ciências Políticas e da 
Política de maneira geral, vamos agora nos aprofundarmos cada vez mais nas chamadas 
políticas públicas relacionadas a educação brasileira.
Para isso iniciaremos a nossa discussão aprendendo sobre o conceito de políticas 
públicas, para compreendermos qual a diferença e importância delas em relação as demais 
políticas realizadas pelo governo.
Depois	 vamos	 refletir	 sobre	 as	 diferenças	 entre	 políticas	 públicas	 e	 políticas	
públicas de educação, com o objetivo de percebemos que cada esfera social demanda 
uma necessidade, um olhar, mais aguçado sobre a realidade que a rodeia. 
Sabemos que a educação sempre foi um projeto político, mas que muito ainda 
falta a ser feito para que ela possa de fato ser entendida como uma prioridade de qualquer 
governo.	Por	 isso,	 é	muito	 importante	 refletir	 sobre	 como	esse	projeto	político	 tem	sido	
desenvolvido em nosso país.
Para isso, vamos fazer um breve histórico sobre as políticas públicas de educação 
no Brasil e seu desenvolvimento até a chegadada Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional - LDB de 1996.
Assim, ao pensarmos historicamente sobre esse tipo de política poderemos 
perceber de que maneira ela é imprescindível para o desenvolvimento do país e de toda a 
população.	Afinal,	não	é	de	hoje	que	concluímos	que	a	educação	deve	ser	uma	prioridade	
governamental, mas que a mesma precisa ser pensada na realidade existente para que de 
fato possa ser para TODOS.
BONS ESTUDOS!
30UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
1 POLÍTICAS PÚBLICAS: O QUE SÃO?
O	exercício	 que	 fizemos,	 anteriormente,	 foi	 pensar	 sobre	 a	 Política.	 Vimos	 que	
ela pode ser entendida como arte da razão ou a arte de governar. Sendo assim, quando 
falamos de Política pública estamos utilizando de uma expressão que tem por objetivo 
determinar	uma	situação	específica	da	política.	
Por	isso,	se	quisermos	conhecer	de	fato	sua	definição,	se	faz	necessário		entendermos	
a etimologia das palavras que compõe essa expressão. Assim, quando falamos de Política 
remetemos a palavra em sua origem grega, politikó, que revela a condição de participação 
da pessoa que sendo livre nas decisões, pode tornar as decisões necessárias em relação 
aos rumos da cidade, a pólis. Vale ressaltar que no período grego a liberdade não era uma 
coisa para todos, muito menos a condição de cidadão, esse era um privilégio apenas de 
homens atenienses e de posses. 
No que compete a palavra pública sua origem revela-se latina, e tem como 
significado	povo	e	do	povo.	Dessa	maneira,	a	expressão	política	pública,	do	ponto	de	vista	
etimológico das palavras que a compõem, refere-se à participação do povo nas decisões 
da cidade, do território. 
Entretanto, sabemos que esse tipo de participação assumiu feições distintas, 
no tempo e no lugar, cada contexto histórico tem sua particularidade e assim, ela tem 
se apresentado de forma direta ou indireta (por representação). Mas o que devemos ter 
31UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
sempre em mente é que para que ela possa ser concretizada é imprescindível a presença 
de uma estado. 
Um mundo cada vez mais globalizado fez surgir uma sociedade cada vez antenada 
com	as	suas	necessidades.	Diante	disso,	o	conhecimento	e	 reflexão	sobre	as	questões	
das	políticas	públicas	tem	se	modificado	a	cada	nova	década,	pois	estamos	vivendo	em	
governos de caráter democrático que proporciona, ou pelo menos deveria proporcionar, 
uma maior participação do povo nas questões governamentais. 
A parceria povo e Estado é o que permite que o governo possa ter estabilidade 
para governar, por isso é necessário que as políticas públicas sejam de fato pensadas e 
exercidas para o bem de todos. 
Assim	como	outros	conceitos	definir	as	políticas	públicas	em	uma	única	expressão	
é muito complicado, por essa razão optamos aqui pode reproduzir duas maneiras que se 
complementam	ao	pensarmos	sobre	elas.	Para	Souza	 (2003,	p.	13):	a	definição	estaria	
relacionada “Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo 
em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor 
mudanças no rumo ou curso dessas ações e ou entender por que o como as ações tomaram 
certo rumo em lugar de outro (variável dependente). Em outras palavras, o processo 
de formulação de política pública é aquele através do qual os governos traduzem seus 
propósitos em programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas 
no mundo real”.
Já para Azevedo (2003, p. 38): “política pública é tudo o que um governo faz e deixa 
de fazer, com todos os impactos de suas ações e de suas omissões”. 
Mediante a esses fragmento é possível então compreendermos que as políticas 
públicas são as ações governamentais pensadas e realizadas para o bem comum, assim, 
se	não	somos	capazes	de	entender	sobre	política	e	suas	ramificações,	podemos	acabar	
sendo dominados por governos autoritários e corruptos, sem nenhuma realização efetivada 
de transformação ou mudança na sociedade. 
Então	 ao	 pensarmos	 em	 políticas	 públicas	 podemos	 afirmar	 que	 elas	 seriam	
a expressão máxima dos governos, que necessitam do povo para entender suas 
particularidades	e	colocar	em	prática	aquilo	que	precisa	ser	modificado.	Por	isso,	é	essencial	
que haja uma organização social capaz de permitir uma relação clara entre governo e povo, 
onde esse possa compreender seu espaço nas decisões políticas e o governo entender o 
que de fato seu povo deseja. Voltamos aqui é pensar que a política é feita de interesses, 
mas precisamos saber de quem.
32UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
Mas será que existem apenas um tipo de políticas públicas? Para Azevedo (2003), 
elas podem ser entendidas em três categorias: as redistributivas, as distributivas e as 
regulatórias.	Vejamos	então	as	especificidades	de	cada	uma:
●	 Redistributivas: são aquelas relacionadas permitem a redistribuição de renda, 
por	 meio	 de	 financiamentos	 de	 serviços	 e	 equipamentos.	 Elas	 podem	 ser	
compreendidas por meio dos programas como: FIES, bolsa família, renda 
mínima para água e luz, Minha Casa - Minha Vida e tantos outros programas 
que contribuem para diminuição das desigualdades sociais. Elas deveriam 
ser	financiadas	por	aqueles	que	possuem	renda	maior	que	a	grande	parte	da	
população, entretanto, acaba sendo incorporada aos gastos de projetos da 
união e assim há um maior gasto na conta do Estado. Assim, muitos acabam 
achando que esses programas sociais, quando não usufruídos por ele, são 
onerosos demais para a sociedade, se colocam contra a essas bolsas como se 
elas fossem desnecessárias.
●	 Distributivas: são as ações cotidianas de qualquer governo, representadas pela 
à oferta de equipamentos e serviços públicos, de forma pontual ou setorial e que 
são determinadas pela necessidade social ou a pressão dos grupos de interesse. 
Nesse sentido, obras em escolas ou creches, manutenção da limpeza da cidade 
com podas de árvores, rios e córregos, o desenvolvimento de programas de 
conscientização ambiental são alguns dos exemplos das políticas públicas 
distributivas. 
●	 Regulatórias: essas são responsáveis pela elaboração das leis que irão autorizar 
os governos a fazerem ou não determinada política pública redistributiva ou 
distributiva. Assim, se elas necessitam da ação do poder executivo para serem 
realizadas, a política pública regulatória é fundamental na ação do poder 
legislativo. Por isso, que importante que estejamos atentas a esse tipo de política 
pública, pois ela revela o quanto o governo vê “necessidade” ou não em sua 
execução. Nada mais é que aquelas possíveis leis, que muitas vezes lutamos 
e achamos fundamentais para o andamento da sociedade e que permanecem 
anos sem nenhuma resolução. Ao entendermos, a necessidade da ação política, 
começamos a perceber o quanto ainda os interesses governamentais ou de 
grupos majoritários podem prejudicar a execução de uma determinada política 
pública.
33UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
Podemos concluir então, que as políticas públicas deverão ser entendidas pela 
relação direta entre sociedade e governo. Esse sendo capaz de ouvir as necessidades de 
seu povo tende a promover maneiras para que as desigualdades socais e a justiça social 
possam ser encaradas como um ato prioritário para a manutenção de sua governabilidade. 
Por isso, como ressalta Oliveira (2010, p. 09): “O que distingue política pública 
da política, de um modo geral, é que esta também é praticada pela sociedade civil, e 
não apenas pelo governo. Isso quer dizer que política pública é condição exclusiva do 
governo, no que se refere a toda a sua extensão (formulação, deliberação, implementação 
e monitoramento)”. 
Assim, um governo que busca ser mais igualitário, tem nas políticas públicas 
um caminho para a realizaçãode projetos que atendam as mais variadas inquietações 
relacionadas às múltiplas questões sociais existentes, sendo incapaz de fechar os olhos 
para elas.
34UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO
Espero que você tenha compreendido a importância das políticas públicas, em 
especial,	que	tenha	ficado	bem	claro	que	elas	são	tudo	aquilo	que	o	governo	pode	ou	não	
fazer em prol das necessidades de sua população. Novamente, gostaria de ressaltar a 
importância que existe na relação entre governo e sociedade. Por que deve ser ouvindo a 
sociedade, seu povo que o governante conseguiria se manter no poder ou dar continuidade 
a sua governabilidade. 
Por essa razão, mesmo que não seja o foco desse material, é necessário dizer o 
quão fundamentais são os Movimentos Sociais. Esses de caráter dinâmicos, mutáveis, 
diversos, tem protagonizados muitas vezes o start inicial de inúmeros diálogos entre 
governo e povo.
Dessa maneira, não podemos enxergar essas manifestações como ações de 
reprovações, por que são a partir deles que o governo pode vislumbrar a sociedade e 
também dialogar com ela. Muitas das políticas públicas existentes hoje no Brasil, são 
frutos desses movimento sociais, pois vieram a ser executadas após mais reivindicações 
necessárias para o funcionamento da sociedade. 
Quando uma política pública é aprovada, ela carrega em si e deve carregar 
sempre, resquícios das ideias de muitas pessoas, envolvidas diretamente com a injustiça 
e desigualdade social. Você já reparou que para algo mudar em nosso cotidiano, as vezes, 
é preciso muito barulho? Pois bem, o barulho causado pelos movimento sociais tem como 
35UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
propósito, justamente, acordar o mundo coisas importantes e que estão sendo esquecidas, 
principalmente, por aqueles que estão no poder.
Assim,	se	você	deseja	entender	uma	lei	posta	em	sociedade	ou	a	sua	modificação,	
fica	a	dica	de	procurar	antes	pela	sua	história,	conhecer	os	grupos	sociais	envolvidos	e	
compreender de que maneira a luta empreendida levaram a um novo direcionamento de 
ações para a transformação social.
As políticas públicas podem mudar seu bairro, sua cidade, seu país e servirem de 
exemplos para o mundo, como uma espécie de modelo para o que seja preciso para que 
haja	uma	modificação	geral,	global	da	sociedade.	
Para qualquer esfera social existe um tipo de política pública, de caráter econômico, 
para a segurança pública, de saúde e etc. Nos interessa nesse momento, aprendermos um 
pouco	mais	sobre	as	chamadas	políticas	públicas	de	educação.	Mas,	afinal	o	que	seriam	
elas?
Segundo Oliveira (2010, p. 04): “Se “políticas públicas” é tudo aquilo que um 
governo faz ou deixa de fazer, políticas públicas educacionais é tudo aquilo que um governo 
faz ou deixa de fazer em educação”. Entretanto, nos lembra o autor que “educação é um 
conceito muito amplo”, porém ao pensarmos em políticas públicas de educação estamos 
direcionando e afunilando a maneira como pensar as questões educacionais. 
Podemos compreender que as políticas públicas de educação terão como interesses 
as questões escolares e também acadêmicas, esse será o foco central dessas políticas. 
Pensar	a	escola,	as	universidades	e	faculdades,	refletir	sobre	como	elas	se	desenvolvem	
e o que é necessário para esse desenvolvimento, serão as perspectivas encarada pela 
políticas públicas de educação. 
A ação governamental sobre elas devem estar sempre ao alcance do nosso 
entendimento, para que de fato possamos cumprir o que a Constituição Federal Cidadã de 
1988, prioriza em seu artigo 205:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, 
seu	preparo	para	o	exercício	da	cidadania	e	sua	qualificação	para	o	trabalho”.	(BRASIL,	
1988, Art. 205).
Diante disso é que o “ fazer educacional” deve ser visto como essencial para 
sociedade, escolas, universidades e faculdades devem ser pensadas em toda sua 
complexidade que perpassam as questões de ensino-aprendizagem a professores, família, 
comunidade e ações do estado. Essas poderão ser realizadas por meio das obras estruturais, 
36UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
contratação	de	profissionais,	valorização	de	formação	de	professores,	o	desenvolvimento	
das	matrizes	 curriculares,	 reflexões	 sobre	a	gestão	escolar,	 além	de	muitas	discussões	
sobre a avaliação e da qualidade do ensino. 
Tudo isso deve estar presente nas discussões de políticas públicas de educação 
pois, a formação escolar não incide apenas no fazer em sala de aula, mas em todos os 
fatores e aspectos que permitem que o ato desse fazer, que deve ser pensado em suas 
inúmeras particularidades. 
Entende-se por políticas públicas educacionais aquelas que regulam e orien-
tam os sistemas de ensino, instituindo a educação escolar. Essa educação 
orientada	(escolar)	moderna,	massificada,	remonta	à	segunda	metade	do	sé-
culo XIX. Ela se desenvolveu acompanhando o desenvolvimento do próprio 
capitalismo, e chegou na era da globalização resguardando um caráter mais 
reprodutivo, haja vista a redução de recursos investidos nesse sistema que 
tendencialmente acontece nos países que implantam os ajustes neoliberais 
(OLIVEIRA, 2010, p. 09).
A crítica que o autor faz está muito relacionado ao fato que as políticas públicas 
educacionais revelam o quanto os governos desejam ou não o seu desenvolvimento. 
Historicamente falando, o desenvolvimento das sociedades modernas, a partir do século 
XX, baseada cada vez mais na crescente expansão da globalização e de novas formas 
de	governos	adeptos	pelo	Neoliberalismo	tem	revelado	o	quanto	essa	“filosofia	política”,	
tende a fazer da educação, assim como de outras esferas sociais, meios de privatizações 
estatais, ou seja, retirar do Estado sua maior responsabilidade. 
Assim, se não cabe ao Estado, a exclusividade das decisões sobre saúde, segurança 
ou educação, como tudo será feito? Essa questão é muito importante a ser pensada, pois 
com	mais	alguns	blocos	mundiais	se	destacam,	mais	influências	eles	conseguem	exercer	
em país economicamente menores e que vão aderir a programas de educação, por exemplo, 
em	que	nada	beneficiará	a	nossa	realidade,	pois	esses	são	projetados	para	sociedades	
diferentes. Falaremos disso mais adiante quando iremos pensar sobre avaliações e 
qualidade	de	ensino,	porém	é	preciso	já	começarmos	a	refletir	de	que	maneira,	os	nossos	
problemas educacionais são diferentes, de uma suposta homogeneização mundial sobre 
educação.
37UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL (I)
Como vimos até agora, a ideia de política pública está baseada na máxima de 
que o Estado deve estar em ação. No caso, da educação, essas políticas seria reveladas 
a partir da ideia de um Estado em ação em relação às questões educacionais. Elas estão 
relacionadas com tudo aquilo que incide sobre educação, ou seja, em âmbito escolar, desde 
a sua estrutura até a formação dos professores, planos de carreiras e etc.
Para entendermos o desenvolvimento histórico das políticas públicas de educação 
no Brasil, se faz necessário compreendermos a nossa própria história. Não podemos jamais 
esquecer os meandros que formaram a nossa trajetória histórica e como tudo isso incide na 
formação de uma nação tardiamente. 
Quando recorremos ao nosso passado histórico, devemos nos lembrar que somos 
um país de durante 388 anos foi palco apenas para colônia portuguesa, um governo de 
exportação e exploração, marcado pela dizimação dos indígenas e a escravidão maciça de 
escravos advindos da África. 
Durante todo esse período falar sobre educação no Brasil é compreendê-la por 
meio das obras Jesuíticas, comandadas pela igrejacatólica, com o objetivo de catequizar 
e educar a todos por meio do evangelho. Em nada essa primeira educação no Brasil tem 
a ver com algum tipo de política pública de Estado, era apenas a demonstração do poder 
baseado na colonização portuguesa.
38UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
Depois disso, alguns outros formatos de educação vão surgir, mas em comum 
serão destinadas apenas aqueles que podem “pagar”, ou seja, a educação era um privilégio 
para a classe mais rica brasileira, que além de não se importar com o desenvolvimento de 
educação	para	toda	população,	ainda	possuía	recursos	para	enviar	seus	filhos	para	estudar	
fora do país.
Com a abolição da escravatura em 1888, e a proclamação da República em 1889, 
uma	nova	configuração	surge	no	país.	Sendo	uma	república,	passamos	agora	a	não	mais	
sermos governado por uma rei ou monarca, mas temos a constituição de uma forma de 
governo, que em sua origem, tem como objetivo a formação de um Estado que tem no povo 
seu governador/ representante soberano. 
Dentro dessa nova lógica é que os estudos, pesquisa, sobre a questão das políticas 
públicas	no	Brasil,	datam	do	final	do	século	XIX	e	início	do	século	XX,	uma	preocupação	
com a área da educação ou com políticas voltadas para uma educação que deveria ser 
almejada e alcançada por qualquer cidadão brasileiro.
Nomes importante fazem parte desse movimento em prol da educação brasileira, 
um deles é Anísio Teixeira, que irá buscar com outras pessoas pensar a inserção de políticas 
educacionais que possam acabar com a falta de educação no país. A própria aura instalada 
por Getúlio Vargas com um projeto de Nacionalismo no país, permite vislumbrar a educação 
como essencial para o desenvolvimento, como um todo, do Brasil.
Como dito, anteriormente, é muito importante que a gente possa atrelar todas 
as mudanças ocorridas a ação de movimentos sociais que em cada período e contexto 
histórico vão dar o tom necessário as ações políticas. Não seria diferente na década de 
1930, podemos destacar a Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova que encabeçados 
por	figuras	como	Fernando	de	Azevedo	e	Anísio	Teixeira	vão	descortinar	as	necessidades	
da educação brasileira. 
Um documento que priorizava a administração escolar como importante e as 
medidas que deveriam ser tomadas a longo prazo para o desenvolvimento de uma educação 
nacional. Ele exaltava o exercício dos direitos dos cidadãos brasileiros no que compete à 
educação, pautada numa educação pública, única, laica, gratuita e obrigatória.
É	possível	afirmar	que	foi	a	partir	de	1930,	que	as	políticas	públicas	de	educação	
brasileira passou a ser encarada, de fato, como um projeto de governo, implementada 
pela Reforma Francisco Campo várias decisões foram tomadas pelo governo. Destaca-se 
alguns decretos, segundo Santos (2011, p. 03):
39UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
●	 Decreto 19.850, de 11 de abril de 1931, que criou o Conselho Nacional de 
Educação; 
●	 Decreto 19.851, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização do 
ensino superior no Brasil e adotou o regime universitário. 
●	 Decreto 19.852, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização da 
Universidade do Rio de janeiro.
●	 Decreto 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização do 
ensino secundário.
●	 Decreto 19.941, de 30 de abril de 1931, que instituiu o ensino religioso como 
matéria facultativa nas escolas públicas do país. 
●	 Decreto 20.158, de 30 de junho de 1931, que organizou o ensino comercial e 
regulamentou	a	profissão	de	contador.	
●	 Decreto 21.241, de 14 de abril de 1932, que consolidou as disposições sobre a 
organização do ensino secundário.
A situação política no Brasil, nesse período, é marcada em 1937, pela instalação 
de Vargas no poder e o fechamento do Congresso Nacional. Criou-se nesse período a 
chamadas “Leis Orgânicas de Ensino” que tiveram um peso importante na ampliação e 
flexibilização	da	reforma	anterior.	Entre	os	decretos	propostos,	(SANTOS,	2011,	p.05):
●	 Decreto-lei 4.048, de 22 de janeiro de 1942, Lei Orgânica do Ensino Industrial.
●	 Decreto-lei 4.073, de 30 de janeiro de 1942, que cria o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial (SENAI). 
●	 Decreto-lei 4.244, de 9 de abril de 1942, Lei Orgânica do Ensino Secundário. 
●	 Decreto-lei 6.141, de 28 de dezembro de 1943, Lei Orgânica do Ensino Comercial.
●	 Decretos-leis 8.529 e 8.530, de 2 de dezembro de 1946, Lei Orgânica do Ensino 
Primário e Normal, respectivamente.
●	 Decreto-lei 8.621 e 8.622, de 10 de janeiro de 1946, cria o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Comercial (SENAC).
●	 Decreto-lei 9.613, de 20 de agosto de 1946, Lei Orgânica do Ensino Agrícola.
Diante desse contexto histórico, de um país submerso a um governo autoritário e 
que permaneceria com o apoio de formas conservadoras, até 1945 no poder, as questões 
educacionais começaram a ser permeadas sobre a ideia de seriam elas as grandes 
40UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
“salvadoras”	dos	problemas	nacionais.	Uma	afirmação	que,	 infelizmente,	permanece	até	
hoje sem nenhuma mudança, que a faça ser realidade.
No período que compete a década de 1940 até 1961, as discussões sobre a educação 
no Brasil vão ganhar força na oposição entre os aqueles que viam na educação um lugar 
de conservação da tradição e dos “bons costumes” do país versus aos movimentos sociais 
que se dedicavam a uma educação libertadora e emancipadora, baseados na educação 
popular e outros projetos que emergiam das necessidade pujante de uma educação para 
todos no país.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, foi instaurada mediante a muitos 
protestos, mesmo tendo saído do papel, ela não cumpria a ideia proposta de pensar uma 
educação para todos. Pelo contrário ela fortaleceu o ensino privado e limitou a expansão 
do ensino público (SANTOS, 2011). Em 1962, foi proposto o primeiro Plano Nacional de 
Educação, para ser cumprido em 8 anos. 
Entretanto, é importante mais uma vez retornarmos a história do Brasil, para 
lembramos que em 1964, as questões políticas no país tomaram um novo rumo, instalou-se 
no poder a Ditadura Militar, que permaneceria até 1985.
Nesse período, é importante dizer que as agências internacionais como: Fundo 
Monetário Internacional - FMI, Organização das Nações Unidas - ONU, Banco Internacional 
para a Reconstrução e o Desenvolvimento - BIRD passaram a interferir muito nas resoluções 
de vários setores brasileiros e isso não seria diferente em relação a educação. 
As recomendações dessas agências deveriam ser absorvidas pelo regime militar, 
que priorizou, neste momento, uma política desenvolvimentista para a reorganização do 
Estado. Alguns dispositivos foram criados para educação, (SANTOS, 2011, p. 07):
●	 Lei 4.464, de 9 de novembro de 1964, que regulamentou a participação estudantil.
●	 Lei 4.440, de 27 de outubro de 1964, que institucionalizou o salário-educação.
●	 Decreto 57.634, de 14 de janeiro de 1966, que suspendeu as atividades da 
UNE. 
●	 Lei	5.540,	de	28	de	novembro	de	1968,	que	fixou	as	normas	de	organização	e	
funcionamento do ensino superior. 
●	 Lei	 5.692,	 de	 11	 de	 agosto	 de	 1971,	 que	 fixou	 as	 diretrizes	 e	 bases	 para	 o	
ensino de 1º e 2º graus.
Além dessas Leis, devemos citar, a de número: 5.692/71, que provocou 
transformações	 profundas	 que	 foram	 modificadas	 a	 pouco	 tempo	 no	 país,	 são	 elas:	
41UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
ampliação da obrigatoriedade escolar para oito anos; instituição da obrigatoriedade da faixa 
etária	de	7	aos	14	anos;	profissionalização	automática	no	segundo	grau;	extinção	do	exame	
de admissão no ginásio. 
Porém,	 como	o	 regime	começou	a	dar	 sinais	de	 sua	 falência,	 ainda	no	final	 da	
década de 1970, é possível constatar que as mudanças não proporcionaramum maior 
investimento na educação. A política baseada no chamado “milagre econômico” não foi 
capaz também de promover uma educação melhor pro país. Essa constatação virou uma 
das maiores bandeiras dos Movimentos Sociais da década de 1980.
Algumas	entidades	científicas	foram	abertas	e	elas	levantaram	a	bandeira	de	luta	
priorizando alguns pontos decisivos para uma mudanças educacionais: melhoria da qualidade 
na	educação,		valorização	e	qualificação	dos	profissionais	da	educação,	democratização	da	
gestão,	financiamento,	ampliação	da	escolaridade	obrigatória	(SANTOS,	2011).	
Novamente, vários campos sociais se uniram e, assim como, ocorrido em 1932, com 
o Manifesto dos Pioneiros, após a retirada do poder em 1985, dos militares, a sociedade 
civil, novamente, percebeu sua importância para lutar pela educação. Denvo, os caminhos 
históricos do Brasil vão nos ajudar a pensar sobre essas políticas, a partir da Constituição 
Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.
42UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
4 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NO BRASIL (II)
Seguimos nosso resgate histórico e chegamos a 1988, na efervescência pós a 
derrocada da ditadura militar, vivemos o momento necessário para uma nova constituição, 
estamos inseridos num processo de redemocratização que promete devolver ao povo seu 
lugar de direito em uma sociedade democrática. Sendo assim, a Constituição de 1988, 
chamada de Constituição Cidadã, emergirá como o documento indispensável para a 
reconstrução da história do país, em todos os seus aspectos e esferas sociais.
Segundo o MEC, ao olharmos a constituição, a partir do Capítulo III: Da Educação, 
Da Cultura e Do Desporto, podemos vislumbrar o que o documento nos permite pensar 
sobre a educação. Já citamos acima o artigo 205, até o artigo 214, somos convidados 
a	 refletir	 sobre	a	educação	em	diferentes	estâncias,	 como	um	projeto	escolar,	em	suas	
funções	em	relação	a	gestão	escolar,	as	 tarefas	 reservadas	a	universidade	e	por	fim,	a	
questão dos investimentos, marcados pela presença ou não da iniciativa privada.
A Constituição Federal Cidadã, sem dúvida é um documento muito importante 
para pensarmos o país como um todo, no caso da educação, reacendeu a esperanças de 
mudanças	necessárias	para	que	finalmente	saísse	do	papel	a	ideia	de	uma	educação	para	
todos.
Assim, a década de 1990 foi marcada pela emergência de movimentos pró educação 
que se alinhavam os desejos e lutas já travadas por muitos pesquisadores na década anterior. 
Nesse sentido, a construção de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foi 
43UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
sendo disputada por dois grupos diferentes. Não podemos dizer que eram grupos opostos, 
mas cada um deles tinha uma maneira distinta de pleitear as reformas educacionais. 
Depois de muitas disputas, a LDB aprovada em 1996, foi a defendida pelo então 
Senador Darcy Ribeiro (PDT/RJ), que não atendeu inúmeras reivindicações propostas 
pelos grupos sociais na década de 1980: 
“Várias bandeiras que foram levantadas durante o movimento acabaram distorcidas 
ou completamente descaracterizadas de sua ideia original, como por exemplo: capacitação 
de	professores	foi	traduzida	em	profissionalização;	participação	da	sociedade	civil	assumiu	
a	forma	de	articulação	com	empresários	e	ONGs;	descentralização	significou	desobrigação	
do Estado; autonomia ganhou contorno de liberdade para captação de recurso; melhoria 
da qualidade da educação traduziu-se em adequação ao mercado, sendo que o aluno 
transformou-se em consumidor” (SANTOS, 2011, p. 08).
A	partir	da	Lei	nº	9394/96	-	LDB-	definiu	a	abrangência	da	educação	brasileira	da	
seguinte maneira:
 
●	 Educação infantil constituída pela creche para crianças de zero a três anos e 
pré-escolas para crianças de quatro a seis anos; 
●	 Ensino fundamental constituído por oito anos;
●	 Ensino médio constituído por três séries. 
Novamente, não podemos esquecer a própria história política do país, o período da 
década de 1990, foi marcado pela primeira eleição para presidência, pós ditadura, sendo 
eleito o Presidente Fernando Collor de Mello, que em 1992 sofreu um impeachment por 
inúmeras denúncias de corrupção. Assumiu em seu lugar, o vice, Itamar Franco. Em 1994, 
com novas eleições, assumiu o Presidente Fernando Henrique Cardoso, esse promoveu 
o delinear de um novo governo, ancorado nas questões econômicas, tendo o Plano Real 
como sua maior contribuição a sociedade brasileira, em relação à educação, o governo 
estava cada vez mais alinhado aos Organismos Internacionais, como vimos anteriormente, 
FMI, ONU, BIRD, essas agências vão dar a tônica de como será pensada a educação 
brasileira. 
Temos que ressaltar que proposta do governo FHC, seguiam as orientações dessas 
agências, que projetavam a necessidade de um governo que priorizasse a diminuição dos 
gastos públicos, a privatização das empresas estatais e os serviços prestados pelo Estado 
44UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
e que fosse capaz de encontrar novas fontes de renda. Talvez agora você compreenda 
o	que	Santos	(2011),	nos	propõe	refletir	acima	na	citação,	de	que	as	ideias	iniciais	sobre	
a educação tomaram uma nova dimensão, isso ocorre justamente por a política nacional 
está baseada nesses organismos/ agências de fomentos internacionais, cuja a orientação 
era deixar de lado a proposta de uma Estado de Bem estar social, em que o governo seria 
responsável pelas questões básicas sociais para um governo caracterizado pelo Estado 
Mínimo. 
Isso	significava	dar	uma	autonomia	cada	vez	maior	aos	Estados	e	Municípios	a	
gerência de seus recursos: 
É com este foco que a LDB de 1996, Lei nº 9.394/96, sinalizou claramente 
para mudanças nas responsabilidades dos entes federados quanto à manu-
tenção e ao desenvolvimento do ensino em seus diferentes níveis. O teor da 
citada lei induz fortemente à descentralização da educação, direcionando os 
seus gastos por intermédio da criação do Fundo de Manutenção e Desenvol-
vimento do Ensino Fundamental e da Valorização do Magistério – FUNDEF 
(Oliveira, 2008). A atenção do FUNDEF voltada, exclusivamente, para o Ensi-
no	Fundamental,	somada	à	definição	de	Parâmetros	Curriculares	Nacionais	
e à instituição do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) 
parecem mostrar quais os direcionamentos do governo em relação à política 
educacional na época. Ou seja, direcionavam-se os gastos para o Ensino 
Fundamental como estratégia de preparação de mão-de-obra para o merca-
do de trabalho; ao mesmo tempo, instituíam-se os Parâmetros Curriculares 
e o Sistema Nacional de avaliação, de maneira que um certo tipo de controle 
fosse mantido pelo governo (SANTOS, 2011, p.10).
O governo passa então, por meio das avaliações, gerenciar o “rendimento” escolar, 
ou seja, as provas serão feitas como uma forma de medir a aplicabilidade de recursos e 
seus resultados. Falar em qualidade da educação passa a ser diretamente relacionado com 
os seus resultados, mas o que de fato isso tende a revelar?
Com a chegada, em 2003, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, novamente 
haverá	modificação	na	educação	nacional.	Em	um	primeiro	momento	essas	modificações	
não puderam ocorrer, pois muitas ações ainda estavam atreladas aos acordos realizados 
entre o governo FHC e as agências nacionais. 
Ao	longo	desse	governo,	muitas	coisas	foram	se	modificando,	no	caso	da	educação	
foram propostas ações de médio e a longo prazo, encabeçadas a princípio pelo Ministro 
da Educação Tarso Genro e, posteriormente, Fernando Haddad. Para Santos (2011, p. 10) 
destacam nesse governo as seguintes propostas: 
45UNIDADE II Políticas Públicas: Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil
●	 O Programa Universidade para Todos – PROUNI, lançado em 2004, consiste 
em concessão de bolsas de estudo

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