Buscar

UNIDADE III

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Projetos em Educação 
Física Escolar I
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Pedro Xavier Russo Bonetto
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Principais Métodos de Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
• Introdução;
• Pesquisas Etnográficas: Características e Potencialidades;
• Pesquisa-Ação: Características e Potencialidades;
• Principais Referenciais de Análise Utilizados 
em Pesquisas na Área da Educação Física Escolar.
• Aprofundar a refl exão sobre estratégias metodológicas e analíticas das pesquisas, 
visando contemplar a complexidade dos problemas envolvidos no campo da Educação 
Física escolar.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Principais Métodos de 
Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Principais Métodos de Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
Introdução 
Aqui chegamos à segunda parte da disciplina. Nas unidades anteriores vimos 
sobre os paradigmas científicos moderno e emergente, vimos sobre as potencia-
lidades dessa perspectiva pós-moderna que destaca a importância do perfil quali-
tativo, das conclusões parciais, provisórias e contextuais. Também descrevemos o 
processo de elaboração de um problema de pesquisa, as ferramentas de coleta (ou 
dispositivos de produção) de dados e, por fim, dos referencias de análise.
Pesquisa
Cientí�ca
Per�l
Qualitativo
Per�l
Quantitativo
Números e 
Estatísticas
Referencial 
Teórico de 
Análise
Conclusões 
Provisórias 
Pesquisa
Cientí�ca
Dispositivos 
de Produção 
de Dados
Figura 1 - Esquema comparativo entre os perfis qualitativo e quantitativo
Como vimos, o planejamento das pesquisas chega ao que chamamos de “dese-
nhos de pesquisas”. Trata-se de elementos metodológicos selecionados e combina-
dos pelo pesquisador que fundamentarão a pesquisa. 
Tentamos demonstrar que os métodos de produção de dados ou as ferramentas 
de coleta de dados, tais como entrevistas, observações, diário de bordo, coleta de 
documentos, questionários, entre outras, carecem de um complemento interpreta-
tivo, ou seja, uma base teórica, um corpo de saberes, conceitos e formas de pensar 
que possam orientar e sobrepor os dados às suas potencialidades, estamos falando 
do referencial teórico. 
Como demonstramos na unidade 2, campos teóricos advindos das Ciências 
Humanas possuem forte relação com os métodos de pesquisa qualitativa. Por sua 
vez, dentro das Ciências Humanas existe uma gama enorme e quase infinita de 
campos teóricos.
Vimos também que no campo da Educação Física temos uma tradição clara de 
analisar os dados produzidos a partir de referenciais teóricos advindos das ciências 
8
9
biológicas, mas o paradigma emergente tem nos mostrado que cada vez mais a 
Educação Física escolar tem incorporado as discussões do campo da educação, da 
filosofia, da sociologia, da antropologia, entre outras. Essas aproximações não só 
são possíveis como são importantes para a compreensão da complexidade envolvi-
da em todas as áreas de intervenção. 
Sobre os referenciais, apresentamos o esquema que demonstra que ele se dá a 
partir de uma área de pesquisa abrangente, como uma disciplina ou campo de co-
nhecimento, mas precisa ser descrito a partir de recortes menores, geralmente por 
teorias específicas de determinados pensadores/autores. A partir daí, dependendo 
do tamanho da pesquisa, pode-se delimitar apenas alguns conceitos, obras ou mo-
mentos específicos da produção científica destes autores.
Teoria Crítica
Teoria da Ação Comunicativa
 (Jürgen Habermas)
- Ação Comunicativa
- A importância dos intercâmbios 
 comunicativos;
Criar uma alternativa racional à 
razão meramente instrumental
Consideração das opiniões das pessoas 
envolvidas em uma determinada decisão. 
Figura 2 - Exemplo de um referencial analítico e seus recortes
Vejamos aqui um exemplo de pesquisa e de utilização de um referencial teórico:
O CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O POSICIONAMENTO DOS SUJEITOS
Marcos Garcia Neira 
Resumo 
Sendo as práticas corporais textos da cultura, sua presença no currículo incita os 
alunos a assumirem posições de sujeito. Visando a compreender os processos de 
signifi cação desenvolvidos pelos alunos, foram realizadas observações das aulas mi-
nistradas para uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública 
ao longo de um semestre, além de entrevistas semiestruturadas com os discentes na 
tentativa de obter informações acerca de como lidaram com os conhecimentos vei-
culados. O material produzido, após confronto com os referenciais dos Estudos 
Culturais, evidencia que as aulas contribuíram para a modifi cação das representa-
ções dos participantes sobre o objeto de estudo, proporcionando o reconhecimento 
das identidades dos envolvidos nas práticas corporais tematizadas bem como a uma 
compreensão mais ampla dos seus signifi cados. 
Palavras-chave: Educação Física; Cultura; Identidade. 
Fonte: https://goo.gl/Xwyq81
9
UNIDADE Principais Métodos de Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
Aqui vemos que o autor utilizou como referencial o campo dos Estudos Cul-
turais, para tanto se baseou em autores e conceitos específicos deste referencial. 
A coerência argumentativa é construída a partir da utilização e construção textual 
baseada no pensamento de autores e conceitos que constituem este campo. 
Mas não há caminhos predeterminados, não há protocolos de análise, o que existe 
é uma utilização coerente e bem estruturada a partir de um campo teórico. 
Mais a diante no texto o autor demonstra quais perspectivas conceituais fez com 
que ele escolhesse esse determinado campo teórico. É aqui que ele justifica a es-
colha e se coloca em condição de concordância com o que é defendido no 
referencial utilizado. Por exemplo: 
Os Estudos Culturais fornecem subsídios para afirmar o caráter político 
do currículo da Educação Física. Incitam uma investigação mais rigoro-
sa que busque desvelar como se dão os processos de identificação/dife-
renciação travados no seu interior. Para os Estudos Culturais, revelar os 
mecanismos pelos quais se constroem determinadas representações é o 
primeiro passo para reescrever os processosdiscursivos e alcançar a for-
mação de outras identidades. (NEILSON; TREICHLER; GROSSBERG, 
2008; citados por NEIRA, 2016)
No artigo, é possível perceber também que o autor apresenta diversos conceitos, 
abordados por muitos autores do campo dos Estudos Culturais. Reparem que é um 
movimento de recorte do campo teórico, junto com outro movimento de continui-
dade no que se refere ao pensamento dos autores selecionados, desde que tenham 
relação com este problema de pesquisa específico. 
Por conta destes recortes possíveis e diferentes utilizações dentro de um referen-
cial teórico ou da combinação de diferentes referenciais na mesma pesquisa, afir-
mamos também que isso produz um número infinito de referências teóricas utiliza-
das. Diferentes pesquisadores, usando os mesmos referenciais, também produzirão 
conhecimentos diferentes, isso porque a pesquisa qualitativa é argumentativa, 
contextual e não busca exatidão, apenas coerência.
Importante!
Diferente dos dispositivos de produção de dados, a escolha e utilização do referencial 
analítico é algo bastante pessoal, geralmente se dá pela proximidade que o pesquisador 
ou a pesquisadora possuem de determinado campo teórico.
Importante!
 
Por isso também seria impossível descrever aqui como utilizar um referencial 
teórico analítico específico. O que fizemos na unidade anterior e que repetimos 
no exemplo acima citado ajuda quem está iniciando no ato de pesquisar, que é ler, 
observar e analisar como os pesquisadores mais experientes estão conduzindo suas 
pesquisas. Esse foi o nosso intuito ao destacar os artigos e solicitar as leituras e 
análises de seus problemas de pesquisa, dispositivos de produção de dados e refe-
renciais utilizados. 
10
11
Importante!
O que realmente ajuda quem está iniciando no ato de pesquisar, é observar como os 
pesquisadores mais experientes estão analisando suas pesquisas.
Importante!
Continuaremos fazendo esse trabalho aqui com destaque a dois métodos de 
pesquisa muito consagrados no âmbito da educação e da Educação Física escolar. 
Estamos falando das pesquisas etnográficas e da pesquisa-ação. 
Pesquisas Etnográficas: 
Características e Potencialidades 
“Etnografia é o estudo descritivo (graphos) da cultura (ethnos) de um 
grupo”. (MOLINA NETO, 2005, p.183)
Como adiantamos na unidade 2, a etnografia é um modo de investigação den-
so, que enfatiza o contato direto e prolongado do pesquisador com o local e o gru-
po que são alvo da pesquisa.
A etnografia é um dos métodos mais clássicos e importantes das pesquisas com 
o referencial das Ciências Humanas, inclusive nas pesquisas de Educação Física 
sobre grupos culturais e suas práticas corporais. Ela é oriunda do campo antropo-
lógico, mas hoje é influenciada por diversos outros campos teóricos, tais como a 
pós-modernidade, os Estudos Culturais, o pós-colonialismo, entre outras.
Importante!
A prática da etnografi a tem sua origem na Antropologia de fi ns do século XIX, quando 
alguns pesquisadores - dentre eles destacaram-se Bronislaw Malinowski e Franz Boas - 
decidem ir a campo e passar longos períodos de tempo junto aos nativos, realizando uma 
observação mais constante e minuciosa dos hábitos das tribos da época
Você Sabia?
O intuito é observar, reunir elementos e informações, se aproximando e vivendo 
com o grupo, buscando compreender aspectos relacionados às formas de vida, os 
modos de negociação, socialização, aprendizado, resistência, elaboração de artefa-
tos culturais, rituais, entre outras. 
Na etnografia, o processo da produção de conhecimento se dá, no campo, onde a 
postura do pesquisador deve ser bastante clara, ele se insere no grupo, entra no jogo, 
faz parte e se implica no processo e, no que se refere às perguntas e hipóteses, mesmo 
que se parta inicialmente de algum ponto norteador, no trabalho etnográfico, tem-se a 
clareza de que tais questões poderão ser alteradas como consequência dos contatos que 
vão sendo estabelecidos e estreitados com os sujeitos (FONSECA, 1999). 
11
UNIDADE Principais Métodos de Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
Tânia Braga (2001) afirma que os elementos diferenciadores entre a etnografia e outras 
formas de pesquisa qualitativa é a longa permanência dos pesquisadores em campo.
Importante!
O trabalho de campo prolongado é um dos pontos fundamentais ao se avaliar 
uma etnografia. 
Importante!
Quanto às técnicas de coleta de dados utilizadas, o interesse se volta tanto para 
os diferentes procedimentos instrumentais de coleta quanto para as análises e 
adequações destas duas, desde os períodos iniciais em campo, considerando que 
observar, registrar, gravar, entrevistar sejam formas das quais os etnógrafos 
lançam mão para construir suas investigações. Não é apenas isso que caracteriza e 
define a etnografia (BRAGA, 2001).
O método etnográfico geralmente se combina 
com diferentes métodos, mas impreterivelmente 
se dá por meio da observação, na elaboração de 
um registro em forma de um diário de bordo, que 
se trata de um material descritivo rico sobre o local 
e grupo cultural observado. 
A professora Tânia Braga afirma que embora a produção de documentos descri-
tivo-analíticos de particularidades de uma cultura seja finalidade da etnografia, seu 
sentido também não se esgota em um dado produto.
POR EXEMPLO: No item registro da etnografi a, no qual é enfatizada a elaboração 
do diário de campo, há procedimentos concomitantes durante a coleta de dados, 
encaminhamentos, alterações, dúvidas, redirecionamentos, o etnógrafo, ao escrever 
e ler seu diário de campo.
Na triangulação metodológica clássica etnográfica, observação/entrevista/aná-
lise documental, Braga (2001) destaca a importância de se coletar e dar valor à 
documentação escrita e iconográfica, inclusive os escritos autobiográficos, que po-
dem fornecer importantes elementos sobre uma determinada composição cultural, 
de determinados períodos, em diferentes realidades, de como foram/são construídas. 
Nesta direção, uma etnografia, ou “descrição densa”, busca contemplar quatro 
características (GEERTZ, 1989; citado por DAOLIO e OLIVEIRA, 2007): 
1. a etnografi a é interpretativa; 
2. o que ela interpreta é o fl uxo do discurso social; 
3. a interpretação envolvida consiste em tentar salvar o “dito” num tal discur-
so da sua possibilidade de extinguir-se e fi xá-lo em formas pesquisáveis e; 
4. ela é microscópica.
12
13
Por fim, segundo Fonseca (1999), as análises advindas da etnografia devem ser 
tratadas como hipóteses a serem “exploradas/discutidas” ao lado de outras, servindo 
para oferecer uma alternativa, abrindo o leque de interpretações possíveis, mas não 
para fechar o assunto ou criar novas fórmulas dogmáticas. Ou seja, em uma etnogra-
fia, não se tem o objetivo de esgotar o assunto, pois os dados fornecem percepções 
que nos permitem apenas um olhar parcial sobre determinado grupo cultural.
Para saber mais, explore o artigo disponível em: https://goo.gl/1j7CY7
Ex
pl
or
Pesquisa-Ação: 
Características e Potencialidades 
David Tripp (2005), grande especialista deste método, afirma sobre o seu con-
texto histórico que é pouco provável que algum dia venhamos a saber quando ou 
onde teve origem esse método, simplesmente porque as pessoas sempre investiga-
ram a própria prática com a finalidade de melhorá-la. 
De modo geral, constitui-se, como o próprio nome sugere, um método de pes-
quisa bastante ativo, pois envolve não apenas a observação, coleta de informações, 
análise de documentos e elaboração de registros.
Um ciclo no qual se aprimora a prática pela oscilação sistemática entre agir no 
campo da prática e investigar a respeito dela. Planeja-se, implementa-se, descre-
ve-se e avalia-se uma mudança para a melhora de sua prática, aprendendo mais, 
no correr do processo, tanto a respeito da prática quanto da própria investigação.
Ciclo da 
Pesquisa-Ação
Ação
Investigação
AGIR para 
implantar a 
melhora 
planejada
PLANEJAR
uma melhora
da prática
Melhorar e 
DESCREVER os 
efeitosda ação
AVALIAR os 
resultados da 
ação
Figura 3 – Ciclo da pesquisa-ação
Nesta perspectiva, a pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para 
o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas 
pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos. 
13
UNIDADE Principais Métodos de Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
O pesquisador, neste método, está diretamente e propositalmente ligado ao ob-
jeto de estudo, que justamente, por isso, busca intervir, contribuir, alterá-lo junto 
com os sujeitos investigados. 
EXEMPLO DE INTERVENÇÃO DE UMA PESQUISA-AÇÃO: O presente estudo foi desenvolvido 
junto às turmas do Ciclo Inicial do Ensino Fundamental que no total abrangeu cerca de 223 
alunos, de 6 e 11 anos de idade, matriculados em uma escola pública municipal situada na 
região periférica da cidade de Osasco (SP) e que atende prioritariamente a uma comunidade 
socioeconomicamente desfavorecida e caracterizada pela grande incidência de filhos de mi-
grantes nortistas e nordestinos. 
Leia o artigo na íntegra, disponível em: https://goo.gl/GTzN2R 
Ex
pl
or
A solução de problemas, por exemplo, começa com a identificação do proble-
ma, o planejamento de uma solução, sua implementação, seu monitoramento e a 
avaliação de sua eficácia. 
É como um estudo de caso, um autoestudo, menos preocupado com os aspectos 
teóricos e mais focado na prática de alguma experiência. O registro se assemelha 
a um relato de uma prática compartilhada, cheio de descrições e ações toma-
das em conjunto entre pesquisador-sujeitos.
Tripp (2005) cita algumas características deste método: 
• a pesquisa-ação começa com um reconhecimento;
• a pesquisa-ação produz um ciclo interativo;
• investigação-ação é utilizada em cada fase;
• a reflexão é essencial para o processo de pesquisa-ação; 
• a pesquisa-ação tende a ser participativa.
Para saber mais, acesse o artigo disponível em: https://goo.gl/oNfpH1
Ex
pl
or
Principais Referenciais de 
Análise Utilizados em Pesquisas 
na Área da Educação Física Escolar 
É importante destacarmos que o campo da Educação Física escolar é um campo re-
lativamente novo, que está se transformando continuamente. É fácil lembrarmos quan-
do o referencial epistemológico da área e de quase a totalidade das pesquisas e análises 
se referendavam na área das ciências biológicas, dentre elas: anatomia, biomecânica, 
aprendizagem motora, desenvolvimento motor, fisiologia, entre outras. Mais recente-
mente, sobretudo, a partir da década de 1980, a Educação Física passou a ser analisada 
e influenciada por alguns campos teóricos advindos das ciências humanas. 
14
15
Destaca-se aqui o trabalho desenvolvido pelos professores Jocimar Daólio que 
inicia no âmbito nacional um debate importante da Educação Física e a área da 
Antropologia a partir de alguns conceitos (como o de cultura) de Marcel Mauss 
e Clinford Geertz; Mauro Betti que publica uma importante obra denominada 
de “Educação Física e sociedade” (1991); Micheli Ortega Escobar, Valter Bracht, 
Elizabeth Varjal, Celi Taffarel, Cármen Lucia Soares e Lino Castellani Filho, o 
chamado Coletivo de Autores, que em 1992, a partir do livro Metodologia do En-
sino de Educação Física, aproximam a Educação Física escolar da teoria crítica da 
educação, a partir da chamada Pedagogia Histórico-crítica de Dermeval Saviani; 
Elenor Kunz, que produziu a importante obra “Transformação didático-pedagógica 
do esporte” fundamentada na teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas; e 
mais recentemente Kátia Rúbio e Yara de Carvalho que organizam uma importante 
obra sobre a Educação Física e as ciências humanas (2001). 
Da década de 1980 até hoje, a produção acadêmica sobre Educação Física e as 
ciências humanas expandiu-se muito. Tanto em relação ao número de pesquisa-
dores e pesquisadoras que estão se influenciando e produzindo materiais a partir 
desta intersecção, quanto em relação à quantidade de campos teóricos utilizados. 
Temos desde a teoria crítica tradicional do materialismo histórico dialético até cam-
pos teóricos mais contemporâneos como o pós-estruturalismo e a teoria queer.
Grosseiramente falando, o pós-estruturalismo é um aglomerado de produções fi losófi cas 
que, baseados na centralidade da linguagem, dos discursos e enunciados, combate teoriza-
ções científi cas e fi losófi cas que se fundam em visões realistas, neutras e naturalizadas de 
mundo. Para o pós-estruturalismo, a linguagem constitui o mundo real, organiza o pensa-
mento, mas cobra o preço de limitá-lo ao que já é dado culturalmente. 
Ex
pl
or
Como dissemos, é comum que as áreas de intervenção pedagógica, como a 
Educação Física, façam uso da produção teórica desenvolvida por tais campos, 
advindos especificamente da Filosofia, Linguística, Antropologia, Sociologia, Psico-
logia, entre outras, tal como a área da Educação tem feito há tempos. 
Aqui destacaremos alguns exemplos de referenciais analíticos bastante utilizados 
nas pesquisas em Educação Física: 
• Materialismo Histórico Dialético (Teoria Crítica Marxista);
• Teoria Crítica (Escola de Frankfurt);
• Teoria da Ação Comunicativa (Jürgen Habermas);
• Teorias Psicológicas/psicanálise (Freud, Lacan, Winnicott, entre outros); 
• Hermenêutica Filosófica (Clássica, Contemporânea, Hans-George Gadamer, 
entre outros);
• Sociologia Contemporânea (Boaventura de Sousa Santos, Zygmunt Bauman); 
• Teoria Pós-crítica da área da Educação (Tomaz Tadeu da Silva, Alfredo Veiga-Neto, 
Marlucy Paraíso, Ana Canen, Vera Candau, Sandra Mara Corazza, entre outras);
• Estudos feministas (Simone de Beauvoir, Alice Walker, Bell Hooks, entre outras);
15
UNIDADE Principais Métodos de Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
• Estudos étnicos-raciais, negros e de minorias (Diversos autores); 
• Estudos Pós-coloniais (Homi Bhabha, Franz Fanon, entre outros); 
• Estudos antropológicos (Clássicos, contemporâneos etc.); 
• Estudos Culturais (Stuart Hall, Raymond Williams, Carolina Escosteguy, entre outros); 
• Pós-estruturalismo (Michel Foucault, Jacques Derrida, Julia Kristeva, Gilles 
Deleuze, entre outros);
• Análise de Conteúdo (Laurence Bardin);
• E muitos outros. 
Exemplos de pesquisas qualitativas 
na área da Educação Física escolar
Exemplo 1:
O TRABALHO DOCENTE NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA: 
ANÁLISE DE ALGUNS FATORES CONDICIONANTES E SUAS RESTRIÇÕES 
PARA O DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Luiz Gustavo Bonatto Rufino
Resumo
O estudo analisa alguns elementos condicionantes e restrições ao trabalho do-
cente relacionados ao desenvolvimento da prática pedagógica na Educação Física, 
a partir das compreensões de cinco professores participantes de um processo de 
formação continuada. Optou-se pela pesquisa qualitativa, tendo como técni-
ca de coleta de dados a realização de 16 grupos focais, gravados, transcritos 
e analisados a partir da análise de conteúdo. Os resultados indicaram que as 
dificuldades relacionadas ao plano de carreira e condições de infraestrutura inci-
dem diretamente na prática profissional. Além disso, a elaboração de currículos 
institucionais tem gerado novos dilemas aos professores, sobretudo relacionados 
ao protagonismo frente aos processos decisórios durante as ações profissionais. 
Conclui-se que é necessário repensar o trabalho docente tendo em vista a profis-
sionalização do ensino. Para isso, deve-se olhar para a formação de professores 
de dentro para fora, valorizando o estatuto profissional da docência e a relação 
proveniente dessa interação com o trabalho.
RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto. Movimento, Porto Alegre, v. 23, n. 4., p. 1257-1270, 
out./dez. de 2017. 
Fonte: https://goo.gl/yNrHbr
16
17
Exemplo 2:
O CURRÍCULO CULTURAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM AÇÃO: 
EFEITOS NAS REPRESENTAÇÕES CULTURAIS DOS ESTUDANTES 
SOBRE AS PRÁTICAS CORPORAIS E SEUS REPRESENTANTES
Marcos Ribeiro das Neves
A presente investigação procura identificar os efeitos do currículocultural 
nos sujeitos da educação, através da análise das significações elaboradas 
sobre as práticas corporais tematizadas, bem como sobre seus representan-
tes. Enquanto projeto formativo, o currículo cultural pretende influenciar 
na constituição de identidades solidárias e a favor das diferenças. Afinal, 
na luta por uma sociedade menos desigual, o currículo se configura como 
um artefato cultural importante, pois nele se forjam os cidadãos e cidadãs. 
É por meio dele, também, que determinados saberes são validados enquanto 
outros ficam à margem. Na perspectiva cultural da Educação Física, o currí-
culo visa a construir uma proposta onde os distintos patrimônios culturais 
corporais sejam reconhecidos através da tematização das práticas corporais 
que coexistem no cenário social, bem como a valorização dos significados 
produzidos por seus representantes. Para a realização da pesquisa, foi de-
senvolvida uma etnografia e uma autoetnografia de aulas de Educação 
Física culturalmente orientadas em escolas públicas da capital paulista. 
O material produzido foi submetido à análise cultural e confrontado 
com a teorização pós-crítica. De um modo geral, os resultados permitem 
afirmar que o currículo cultural em ação exerce uma influência nas signifi-
cações proferidas pelos estudantes acerca das práticas corporais tematizadas 
e os sujeitos que delas participam. Contrariando as expectativas iniciais que 
centravam o processo nas atividades de ampliação mediante o contato com 
outras representações, o processo de ressignificação acontece desde o mape-
amento, perpassa as vivências e se fortalece, de maneira especial, naquelas 
atividades de aprofundamento em que são desenvolvidas situações didáticas 
voltadas para a desconstrução de representações pejorativas. Também se 
concluiu que os professores exercem um papel fundamental nesse processo 
ao se mostrarem abertos às representações dos estudantes, sem imposição 
de significados e garantindo-lhes o espaço para livre expressão.
NEVES, Marcos Ribeiro das. O currículo cultural de Educação Física em ação: efeitos 
nas representações culturais dos estudantes sobre as práticas corporais e seus repre-
sentantes. 2018. 198 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universida-
de de São Paulo, São Paulo. 2018.
Fonte: https://goo.gl/s1u7PN
17
UNIDADE Principais Métodos de Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
Exemplo 3
O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM AÇÃO: ANÁLISE DO PROCESSO 
DE SIGNIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS CORPORAIS POR PARTE DOS SUJEITOS
Letícia Araújo 
Marcos Garcia Neira
Resumo
O currículo não é um instrumento neutro, pois carrega em si a intencionalidade da 
constituição dos sujeitos em conformidade com um determinado projeto social. 
O objetivo da presente pesquisa foi analisar o processo de significação das mani-
festações corporais privilegiadas no currículo da educação física e identificar que 
posições de sujeito assumem diante dessas manifestações. Para tanto, utilizou da 
análise qualitativa, com observação participante de aulas de Educação Física 
e entrevista semiestruturada com alunos. O material recolhido foi confron-
tado com a construção teórica de Charles Taylor. Conclui-se que os processos 
de significação das manifestações corporais passam por elementos fundamentais 
como a abertura ao diálogo sobre o fenômeno cultural estudado e os discursos que 
emergem durante o trabalho realizado em sala de aula, o reconhecimento das iden-
tidades presentes na comunidade e a fusão de horizontes entre os sujeitos do cur-
rículo, e que as posições de sujeito assumidas diante dessas manifestações devem 
estar atreladas a esses elementos para que os sujeitos a assumam com propriedade.
ARAUJO, L.; NEIRA, M. G. O currículo da Educação Física em ação: análise do processo de 
significação das práticas corporais por parte dos sujeitos. Iniciação, v. 4, p. 1-17, 2014.
Fonte: https://goo.gl/YKNg3n 
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Etnografia da prática escolar
ANDRÉ MEDA. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995. 
Educação Física e sociedade
BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo, Movimento, 1991.
O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa
GEERTZ C. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis: 
Vozes, 1997.
Educação física e ciências humanas
CARVALHO Y. M. RUBIO, K. (org.) Educação física e ciências humanas. São 
Paulo: Hucitec, 2001. 
19
UNIDADE Principais Métodos de Pesquisas Qualitativas 
em Educação Física Escolar
Referências
BRAGA, T. M. F. G. Origens e questões da etnografia educacional no Brasil: 
um balanço de teses e dissertações (1981-1998). 2001. 308 f. Tese (Doutorado em 
Educação). Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo, 2001.
DAOLIO, J. OLIVEIRA, R. C. de. Pesquisa Etnográfica em Educação Física: uma 
(re)leitura possível. Revista brasileira Ciência e Movimento. 15(1): 137-143, 2007. 
FONSECA C. Quando cada caso NÃO é um caso: pesquisa etnográfica e educa-
ção. In: Revista Brasileira de Educação; n.10: p.58-78, 1999. 
MOLINA NETO V. Etnografia (verbete). In: GONZÁLEZ FJ, FENSTERSEIFER PE 
(organizadores). Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Unijuí. p.183-185; 2005.
TRIPP, D. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005
20

Continue navegando