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FACULDADE UNIÃO ARARUAMA DE ENSINO (FAC-UNILAGOS) BACHARELADO EM ENFERMAGEM CAROLINE PRATES GIRLAINE JACKELINE JULIANE CARDOSO JOÃO CARDOSO MAYARA CONCEIÇÃO THAMIRYS SOARES VALVAS E BULHAS CARDÍACAS; DEFEITOS CARDÍACOS VALVARES E CONGÊNITOS ARARUAMA – RJ 2019 CAROLINE PRATES GIRLAINE JACKELINE JULIANE CARDOSO JOÃO CARDOSO MAYARA CONCEIÇÃO THAMIRYS SOARES VALVAS E BULHAS CARDÍACAS; DEFEITOS CARDÍACOS VALVARES E CONGÊNITOS Trabalho da disciplina de Fisiologia do Curso de Enfermagem realizado na Faculdade União Araruama de Ensino. Professora Sílvia Pires. ARARUAMA – RJ 2019 SUMÁRIO Bulhas cardíacas Bulhas cardíacas normais Tipos Áreas da superfície torácica para ausculta das bulhas cardíacas normais Fonocardiograma Lesões valvulares causadas pela febre reumática. Abrangência, sintomas, consequência e tratamento Sopros cardíacos Dinâmica circulatória anormal nas valvulopatias Hipertrofia do ventrículo esquerdo Aumento do volume sanguíneo As lesões valvulares aórticas podem estar associadas a um fluxo sanguíneo coronariano inadequado Falência eventual do ventrículo esquerdo e desenvolvimento de edema pulmonar Dinâmica da estenose mitral e da regurgitação mitral Edema pulmonar na valvulopatia mitral Aumento do átrio esquerdo e fibrilação atrial Compensação na valvulopatia mitral inicial Dinâmica circulatória durante o exercício em pacientes com lesões valvulares Dinâmica circulatória anormal nos defeitos cardíacos congênitos O canal arterial aberto é uma derivação esquerda-direita Fechamento do canal arterial após o nascimento Dinâmica da circulação com persistência da abertura do canal arterial Recirculação pelos pulmões. Reserva cardíacas e respiratórias diminuídas. Bulhas cardíacas: sopro de maquinário Dinâmica circulatória anormal. Utilização da circulação extracorporal durante cirurgia cardíaca Hipertrofia cardíaca nas cardiopatias valvulares e congênitas Referência 1. BULHAS CARDÍACAS 1.1 Bulhas Cardíacas Normais Ao auscultar com estetoscópio o coração normal, ouve-se som descrito, em geral, como “lub, dub, lub, dub”. O “lub” está associado ao fechamento das valvas atrioventriculares (AV), no início da sístole, e o “dub” está associado ao fechamento das valvas semilunares (aórtica e pulmonar), no final da sístole. O som “lub” é referido como primeira bulha cardíaca, e o “dub” é referido como segunda bulha cardíaca, porque considera-se que o ciclo normal de bombeamento do coração comece quando as valvas AV se fecham, no início da sístole ventricular. 1.1. 2 Tipos 1.1.2.1 Primeira Bulha Cardíaca A Primeira Bulha Cardíaca está Associada ao Encerramento das Valvas AV. A primeira explicação sobre as causas das bulhas cardíacas foi a de que o “encontro” dos folhetos valvares produz vibrações. Entretanto, demonstrou-se que esse encerramento das valvas causa pouco ou nenhum som, pois o sangue entre os folhetos amortece o efeito desse choque e impede a produção significativa de som. Em vez disso, a causa desses sons é a vibração das valvas retesadas imediatamente após o fechamento, junto com a vibração das paredes adjacentes do coração e dos grandes vasos em torno do coração. Isto é, na geração da primeira bulha cardíaca, a contração dos ventrículos ocasiona, de início, o súbito refluxo do sangue contra as valvas AV (as valvas tricúspide e mitral), fazendo com que elas se fechem e curvem- se para os átrios até que as cordas tendíneas interrompam, de modo abrupto, essa protrusão retrógrada. 1.1.2.2 Segunda Bulha Cardíaca A Segunda Bulha Cardíaca está associada ao Encerramento das Valvas Pulmonar e Aórtica. Resulta do fechamento súbito das valvas semilunares (i. e., as valvas aórticas e pulmonares) ao final da sístole. Quando as valvas semilunares se fecham, elas se curvam para trás, em direção aos ventrículos, e seu estiramento elástico repuxa o sangue para as artérias, causando curto período de reverberação do sangue para frente e para trás, entre as paredes das artérias e das valvas semilunares, assim como também entre essas valvas e as paredes ventriculares. As vibrações ocorrem nas paredes das artérias e, então, são transmitidas principalmente ao longo das artérias. A duração de cada uma das bulhas cardíacas é pouco maior que 0,10 segundo — a primeira bulha, de cerca de 0,14 segundo, e a segunda, de cerca de 0,11 segundo. A razão da segunda bulha ser mais breve é que as valvas semilunares estão mais retesadas que as valvas AV, de modo que vibram por período de tempo mais curto que as valvas AV. A frequência audível (timbre) da primeira e da segunda bulhas cardíacas, como mostrado na começa na menor frequência que o ouvido pode detectar, cerca de 40 ciclos/s e atinge em torno de 500 ciclos/s. Quando aparelhos eletrônicos especiais são utilizados para registrar esses sons, sem dúvida alguma, a maior proporção desses registros está em frequências e níveis sonoros abaixo do limiar audível, descendo até 3 a 4 ciclos/s e atingindo picos de aproximadamente 20 ciclos/s, como ilustrado pela área sombreada inferior. Por essa razão, grandes porções das bulhas cardíacas podem ser registradas eletronicamente nos fonocardiogramas, mesmo que não possam ser auscultadas. A segunda bulha cardíaca tem normalmente frequência maior que a primeira por duas razões: (1) O retesamento das valvas semilunares, em comparação com o retesamento muito menor das valvas AV; e (2) o maior coeficiente elástico das paredes arteriais retesadas que constituem as principais câmaras vibratórias para a segunda bulha, em comparação às câmaras ventriculares menos elásticas e mais frouxas que formam o sistema vibratório para a primeira bulha cardíaca. O clínico utiliza essas diferenças para distinguir as características especiais das duas bulhas respectivas. 1.1.2.3 Terceira Bulha Cardíaca A Terceira Bulha Cardíaca é produzida no Início do Terço Médio da Diástole. A terceira bulha cardíaca ressonante e fraca é ouvida no início do terço médio da diástole. Explicação lógica, porém, não comprovada, desse som, é a oscilação do sangue para frente e para trás entre as paredes dos ventrículos, iniciada pelo influxo de sangue dos átrios. Isso é análogo à água saindo da torneira para um saco de papel; a água entra reverberando para frente e para trás entre as paredes do saco, causando sua vibração. Acredita-se que a razão de a terceira bulha não ocorrer até o terço médio da diástole seja o fato de que, na parte inicial da diástole, os ventrículos não estão cheios, o bastante, para criar a pequena quantidade de tensão elástica necessária à reverberação. A frequência desse som é, em geral, tão baixa que não se pode ouvir; contudo, ele pode, muitas vezes, ser registrado no fonocardiograma. 1.1.2.4 Bulha de Contração Atrial (Quarta Bulha Cardíaca) Uma bulha cardíaca atrial pode, algumas vezes, ser registrada no fonocardiograma, porém ela quase nunca pode ser auscultada devido às suas amplitudes e às frequências muito baixas — em geral, 20 ciclos/s ou menos. Esse som ocorre quando os átrios se contraem e, presumivelmente, é causado pelo influxo de sangue nos ventrículos que desencadeiam vibrações similares às da terceira bulha cardíaca. Em pessoas que obtêm benefícios da contração atrial para o enchimento ventricular, devido a uma diminuição da complacência da parede ventricular e a um aumento da resistência ao seu enchimento, é comum uma quarta bulha cardíaca. 1.1.3 Áreas da Superfície Torácica para Ausculta das Bulhas Cardíacas Normais A ausculta cardíaca é um exame físico, realizado corretamente pelo Médico cardiologista. Os sons que identificamos entre diferentes ausculta cardíacas são diferentes sonsquem pode dá uma diagnóstico e médico cardiologista: Focos : iniciar procurando o ângulo de Louis (proeminência entre o manúbrio e o corpo do esterno). Área Aórtico: (2º espaço a direita, linha paraesternal) se situa acima ao longo da aorta, devido a transmissão de sons. Área Pulmonar: (2º espaço a esquerda, linha paraesternal) se situa também acima, ao longo da artéria pulmonar. Área Tricúspide: (5º espaço a esquerda, linha paraesternal) sobre o ápice do ventrículo direito. Área Mitral: (5º espaço ao lado do tricúspide linha hemiclavicular) se situa sobre o ápice do ventrículo esquerdo, que é proporção cardíaca mais próxima da superfície do tórax; o coração está girando de modo que o restante do ventrículo esquerdo está mais posteriormente. 1.2 Fonocardiograma Traçado obtido por fonocardiografia em que ficam registados todos os sons da atividade cardíaca, que é um microfone projetado para detectar sons de baixa frequência colocado sobre o tórax. 2. LESÕES VALVULARES CAUSADAS PELA FEBRE REUMÁTICA. A febre reumática (FR) é uma sequela de infecção na garganta que não foi devidamente tratada e causada pela bactéria Streptococcus beta hemolítico do Grupo A. Pode afetar o coração, o cérebro, as articulações e o tecido subcutâneo. 2.1 Abrangência, Sintomas, Consequência e Tratamento Quem pode ter febre reumática? A febre reumática pode ocorrer em qualquer idade, mas os mais acometidos são crianças acima de 5 anos e adolescentes. Para apresentar a febre reumática, é preciso ter predisposição genética e, por isso, apenas cerca de 3% daqueles que tem infecção na garganta pelo Streptococcus apresentam a doença. Quais os principais sintomas causadas pela lesões da febre reumática? As principais manifestações são decorrentes do comprometimento inflamatório de articulações, coração, SNC e pele. Podem ocorrer manifestações inespecíficas como febre, indisposição e palidez. As manifestações mais características são artrite, cardite, nódulos subcutâneos e eritema marginado (eritema cutâneo róseo, evanescente, não pruriginoso, que pode ser desencadeado por banho morno). Quais são as consequências da doença? As mais temidas consequências da febre reumática são as sequelas cardíacas que sucedem às crises agudas. Essas complicações correspondem principalmente às lesões das válvulas mitral e aórtica, que podem se tornar muito fechadas (estenose) ou abertas (insuficiência). As lesões valvulares reumáticas são as mais freqüentes lesões cardíacas nos jovens, sendo causa de cerca de 40% das cirurgias cardíacas realizadas no Brasil. Como é feito tratamento? O primeiro passo para o tratamento da febre reumática é a erradicação do estreptococos com o uso de antibióticos. Os melhores resultados são conseguidos com penicilina G benzatina em dose única. As manifestações articulares sem outras complicações podem ser tratadas com aspirina ou antiflamatórios não hormonais (ibuprofeno, naproxeno). As manifestações cardíacas requerem uso de corticóide; dependendo da gravidade do quadro podem ser feitos corticóides via oral (prednisona) ou endovenoso na forma de pulsoterapia (metilprednisolona). . Para o tratamento da coréia podem ser utilizados o haloperidol ou o ácido valpróico, ambos com bons resultados. Para evitar que ocorram novos curtos após o controle da fase aguda, é necessário que seja feita a profilaxia que deve ser iniciada na fase aguda, após 10 dias da erradicação dos estreptococos. A droga de primeira escolha é a penicilina G benzatina na dose de 1.200.000 UI a cada 3 semanas. 2.2 Sopros Cardíacos Os Sopros Cardíacos são Causados por Lesões Valvulares. As bulhas cardíacas existem quando as valvas apresentam uma anormalidade no exame de fonocardiograma. SOPRO SISTÓLICO DA ESTENOSE AÓRTICA O sangue é liberado do ventrículo esquerdo por pequena abertura da valva aórtica. Durante a ejeção a pressão sanguínea no ventrículo esquerdo se altera, enquanto a pressão na aorta permanece normal. O sangue turbulento colide contra as paredes da aorta e provoca grande vibração e sopro de grande amplitude e muitas das vezes essas vibrações sonoras podem ser sentidas a mão na parte superior do tórax. SOPRO DIASTÓLICO DA REGURGITAÇÃO AÓRTICA Durante esse processo de regurgitação aórtica não se ouve nenhum som anormal na sístole, mas no processo da diástole o sangue passa na aorta em uma alta pressão para o ventrículo esquerdo resultando em grande turbulência. SOPRO SISTÓLICO DA REGURGITAÇÃO MITRAL Nesse processo de regurgitação mitral o sangue flui pela fala mitral para o átrio esquerdo durante o processo da sístole. É transmitido para o átrio esquerdo, o tórax fica muito profundo que não se ouve som algum de modo direto sobre o átrio. Consequentemente o som da regurgitação mitral é transmitida para a parede torácica. SOPRO DIASTÓLICO DA ESTENOSE MITRAL O sangue passa com dificuldade no átrio esquerdo para a valva esquerda através da valva mitral estenosada e como a pressão dificilmente se eleva que consequentemente os sons anormais são ouvidos na estenose mitral. FONOCARDIOGRAMAS DE SOPROS VALVULARES Os fonocardiogramas mostra que os sopros variam durante os diferentes trechos da sístole e diástole, a duração de cada sopro é relativo. Os sopros da estenose aórtica e a regurgitação mitral acontece durante a sístole. Enquanto os sopros da regurgitação aórtica e da estenose mitral acontece durante a diástole. 3. DINÂMICA CIRCULATÓRIA ANORMAL NAS VALVULOPATIAS Dinâmica da Circulação na Estenose Aórtica e na Regurgitação Aórtica Na estenose aórtica, o ventrículo esquerdo em contração falha em se esvaziar de modo adequado, enquanto na regurgitação aórtica, o sangue flui, retrogradamente, para o ventrículo, vindo da aorta após o ventrículo já ter bombeado o sangue para a aorta. Por conseguinte, em qualquer um dos casos, o volume efetivo do débito sistólico cardíaco fica reduzido. Acontecem várias compensações importantes que podem diminuir a gravidade dos defeitos circulatórios. Algumas dessas compensações são discutidas nas seções seguintes. 3.1 Hipertrofia do Ventrículo Esquerdo Tanto na estenose aórtica quanto na regurgitação aórtica, a musculatura ventricular esquerda se hipertrofia, devido ao aumento da carga do trabalho ventricular. Na regurgitação, a câmara ventricular esquerda também aumenta para conter todo o sangue regurgitado da aorta. Algumas vezes, a massa muscular ventricular esquerda se eleva por quatro a cinco vezes, produzindo hipertrofia cardíaca esquerda. 3.2 Aumento do Volume Sanguíneo Outro efeito que ajuda a compensar a diminuição do bombeamento efetivo pelo ventrículo esquerdo é o aumento do volume de sangue. Esse volume aumentado é o resultado de: (1) leve diminuição inicial na pressão arterial; e, (2) reflexos circulatórios periféricos induzidos por essa redução. Esses mecanismos, em conjunto, diminuem o débito renal de urina, fazendo com que o volume sanguíneo aumente e a pressão arterial média retorne ao normal. 3.3 As Lesões Valvulares Aórticas Podem Estar Associadas A Um Fluxo Sanguíneo Coronariano Inadequado Quando uma pessoa tem estenose da valva aórtica, o músculo ventricular precisa desenvolver uma tensão elevada para gerar uma alta pressão intraventricular, necessária para forçar o sangue através da válvula estenosada. Essa ação aumenta a carga de trabalho e o consumo de oxigênio do ventrículo, o que exige incremento do fluxo sanguíneo coronariano para fornecer esse oxigênio. Entretanto, a tensão elevada da parede ventricular provoca quedas acentuadas no fluxo coronariano durante a sístole, particularmente sobre os vasos subendocárdicos. A pressão diastólica aórtica diminui durante a regurgitação aórtica, o que pode reduzir também o fluxo sanguíneocoronariano e provocar isquemia do miocárdio. 3.4 Falência Eventual do Ventrículo Esquerdo e Desenvolvimento de Edema Pulmonar Nos estágios iniciais da estenose aórtica ou da regurgitação aórtica, a capacidade intrínseca do ventrículo esquerdo, de se adaptar a cargas cada vez maiores, impede anormalidades significativas da função circulatória no indivíduo em repouso, além do aumento do trabalho necessário do ventrículo esquerdo. Além do estágio crítico nessas lesões da valva aórtica, o ventrículo esquerdo não pode, finalmente, acompanhar a demanda do trabalho. Como consequência, o ventrículo esquerdo se dilata e o débito cardíaco começa a cair; ao mesmo tempo, o sangue se acumula no átrio esquerdo e nos pulmões acima do ventrículo esquerdo em falência. 3.5 Dinâmica da Estenose Mitral e da Regurgitação Mitral Em pessoas com estenose mitral, o fluxo sanguíneo do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo é impedido e, nos casos de regurgitação mitral, muito do sangue que fluiu para o ventrículo esquerdo, durante a diástole, reflui para o átrio esquerdo na sístole, em vez de ser bombeado para a aorta. Portanto, quaisquer dessas condições reduzem o movimento efetivo de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo. 3.6 Edema Pulmonar na Valvulopatia Mitral O acúmulo de sangue no átrio esquerdo provoca aumento progressivo da pressão atrial esquerda, o que resulta, eventualmente, no desenvolvimento de edema pulmonar grave. porque a vasculatura linfática pulmonar aumenta muitas vezes e pode retirar líquido dos tecidos pulmonares com extrema rapidez. 3.7 Aumento do Átrio Esquerdo e Fibrilação Atrial O aumento da pressão atrial esquerda na valvulopatia mitral causa aumento progressivo do átrio esquerdo, o que eleva a distância que o impulso elétrico excitatório cardíaco deve percorrer na parede atrial. Essa via pode ficar, eventualmente, tão longa que predispõe ao desenvolvimento de movimentos circulares do sinal excitatório. Esse desenvolvimento reduz ainda mais a eficácia do bombeamento cardíaco, ocasionando debilidade cardíaca ainda maior. 3.8 Compensação na Valvulopatia Mitral Inicial Como ocorre também na valvulopatia aórtica e em muitos tipos de cardiopatia congênita, o volume do sangue aumenta na valvulopatia mitral devido, principalmente, à diminuição da excreção de líquido e de sal pelos rins. Esse aumento do volume sanguíneo eleva o retorno venoso para o coração, ajudando, assim, a superar o efeito da debilidade cardíaca. Portanto, após compensação, o débito cardíaco pode cair apenas minimamente até os estágios finais da valvulopatia mitral, mesmo que a pressão atrial esquerda esteja aumentando. Enquanto a pressão atrial esquerda aumenta, o sangue começa a se acumular nos pulmões, talvez, por toda a extensão de volta à artéria pulmonar. Além disso, o edema incipiente dos pulmões causa constrição arteriolar pulmonar. 3.9 Dinâmica Circulatória durante o Exercício em Pacientes com Lesões Valvulares Durante o exercício, grande quantidade de sangue venoso retorna ao coração vinda da circulação periférica. Por conseguinte, todas as anormalidades dinâmicas que ocorrem nos diferentes tipos de valvulopatia são bastante exacerbadas. Mesmo em pessoas com cardiopatia valvular leve, nas quais os sintomas podem ser irreconhecíveis no repouso, muitas vezes os sintomas graves aparecem durante o exercício intenso. Por exemplo, nos pacientes com lesões da válvula aórtica, o exercício pode causar insuficiência ventricular esquerda aguda, seguida de edema pulmonar agudo. 4. DINÂMICA CIRCULATÓRIA ANORMAL NOS DEFEITOS CARDÍACOS CONGÊNITOS Ocasionalmente o coração ou seus vasos sanguíneos associados são malformados durante a vida fetal, anomalia congênita, existem três tipos principais de anomalia congênitas: (1) estenose do canal do fluxo sanguíneo em algum ponto no coração ou em grande vaso estreitamente associados; (2) anomalia que permite que o sangue reflua do lado esquerdo do coração ou aorta para o lado direito do coração ou a artéria pulmonar, reduzindo assim o fluxo pela circulação sistêmica referida como derivação (shunt)esquerda-direita; (3) Anomalia que permite o sangue flua diretamente do lado direito para o lado esquerdo do coração, reduzindo assim o fluxo pelos pulmões referida como derivação(shunt) direito-esquerdo. 4.1 O Canal Arterial Aberto é uma Derivação Esquerda-Direita Durante a vida fetal os pulmões ficam colapsados e a compressão elástica dos pulmões que mantem os alvéolos colapsados conserva a maior parte dos vasos sanguíneos pulmonares também colapsados. Assim a resistência ao fluxo sanguíneo pelos pulmões é tão grande que a pressão arterial pulmonar é alta no feto. 4.2 Fechamento do Canal Arterial após o Nascimento Imediatamente após o nascimento do lactante começa a respirar, os pulmões inflam, não apenas os alvéolos se enchem com o ar, mas também a resistência ao fluxo sanguíneo pela árvore vascular pulmonar diminui de modo muito acentuado, permitindo que a pressão arterial pulmonar se eleve devido à interrupção repentina do flux sanguíneo da aorta pela placenta. 4.3 Dinâmica da Circulação com Persistência da Abertura do Canal Arterial Durante os primeiros meses de vida do lactante a persistência do canal arterial em geral não produz nenhuma anormalidade funcional grave. Porém quando a criança crescer, ocorre aumento progressivo do diferencial entre alta pressão na aorta e a menor pressão na artéria pulmonar, com aumento correspondente do refluxo de sangue da aorta para a artéria pulmonar. 4.4 Recirculação pelos Pulmões. Nas crianças de mais idade, com persistência do canal arterial, metade a dois terços do sangue aórtico refluem por esse canal para artéria pulmonar e a seguir pelos pulmões, e por fim voltando ao ventrículo esquerdo e aorta, passando pelos pulmões e pelo lado esquerdo do coração, duas ou mais vezes a cada passada pela circulação sistêmica. 4.5 Reserva Cardíacas e Respiratórias Diminuídas. Os principais efeitos da persistência do canal arterial sobre o paciente são as diminuições das reservas cardíacas e respiratórias. O ventrículo esquerdo está bombeando aproximadamente duas ou mais vezes o débito cardíaco normal, e o máximo que ele pode bombear após hipertrofia cardíaca é cerca de quatro a sete vezes o normal. Por conseguinte, durante o exercício, o fluxo sanguíneo efetivo pelo restante do corpo nunca pode aumentar até os níveis necessários pela atividade vigorosa. Mesmo com o exercício moderadamente vigoroso, é provável que o indivíduo se sinta fraco, podendo até mesmo desmaiar por causa da insuficiência cardíaca momentânea. As altas pressões nos vasos pulmonares, causadas pelo excesso de fluxo pelos pulmões, podem também levar à congestão pulmonar e ao edema pulmonar. 5. BULHAS CARDÍACAS: SOPRO DE MAQUINÁRIO No recém-nascido com persistência do canal arterial, ocasionalmente nenhum som cardíaco anormal é ouvido devido à quantidade do fluxo reverso de sangue pelo canal arterial poder ser insuficiente para causar sopro cardíaco. Porém, enquanto a criança cresce, alcançando a idade de 1 a 3 anos, um sopro sibilante e áspero começa a ser ouvido na área da artéria pulmonar do tórax. Esse som é muito mais intenso durante a sístole, quando a pressão aórtica é alta, e muito menos intenso durante a diástole, quando a pressão aórtica cai para níveis baixos, de modo que o sopro aumenta e diminui a cada batimento do coração, criando o denominado sopro de maquinário 5.1 Tratamento Cirúrgico O tratamento cirúrgico da persistência do canal arterial é simples; é preciso somente ligar o canal persistente ou dividi-lo e, a seguir, fechar as duas extremidades. Na prática, essa foi uma das primeiras cirurgias cardíacas realizadas com sucesso. ATetralogia de Fallot é uma Derivação Direita Esquerda A tetralogia de Fallot ela consiste na causa mais comum de “bebês azuis”. A maior parte do sangue não passa pelos pulmões, de modo que o sangue aórtico é, em sua maior parte, sangue venoso não oxigenado. Nessa condição, quatro anormalidades do coração ocorrem simultaneamente: (1)A aorta origina-se do ventrículo direito, em vez do esquerdo, ou se sobrepõe a orifício no septo, recebendo sangue de ambos os ventrículos. (2) Como a artéria pulmonar é estenosada, passam quantidades de sangue muito inferiores às normais do ventrículo direito para os pulmões; em vez disso, a maior parte do sangue passa diretamente para a aorta, desviando-se, assim, dos pulmões.(3)O sangue do ventrículo esquerdo flui pelo orifício do septo ventricular para o ventrículo direito, e, a seguir, para a aorta ou então diretamente para a aorta sobreposta a esse orifício.(4) Como o lado direito do coração deve bombear grandes quantidades de sangue contra a alta pressão na aorta, sua musculatura é muito desenvolvida, causando aumento no ventrículo direito. 6. DINÂMICA CIRCULATÓRIA ANORMAL. É prontamente aparente que a principal dificuldade fisiológica ocasionada pela tetralogia de Fallot é a derivação do sangue que passa pelos pulmões sem ser oxigenado. O diagnóstico da tetralogia de Fallot é baseado geralmente: (1) no fato de que a pele do lactente está cianótica (azul); (2) na medida da alta pressão sistólica no ventrículo direito, registrada por meio de cateter; (3) em alterações características do perfil radiológico do coração, mostrando aumento do ventrículo direito; e (4) em angiogramas (radiografias) mostrando fluxo sanguíneo anormal através do orifício do septo interventricular e na aorta sobreposta a ele, porém com fluxo bem menor pela artéria pulmonar estenosada. 6.1 Tratamento Cirúrgico. A tetralogia de Fallot pode usualmente ser tratada, com sucesso, pela cirurgia. A cirurgia comum é abrir a estenose pulmonar, fechar o defeito do septo e reconstruir a via de fluxo na aorta 6.2 Causas das Anomalias Congênitas Uma das causas mais comuns de defeitos cardíacos congênitos é a infecção viral na mãe, durante o primeiro trimestre de gravidez, quando o coração fetal está sendo formado. Os defeitos são particularmente propensos a se desenvolver quando a mãe expectante contrai rubéola. Alguns defeitos congênitos do coração são hereditários, pois o mesmo defeito é observado em gêmeos idênticos, como também em gerações sucessivas. 7. UTILIZAÇÃO DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPORAL DURANTE CIRURGIA CARDÍACA A ideia de profundir os órgãos tem como finalidade manter os órgãos em condições de vitalidade. A circulação extracorpórea é um recurso conceitualmente simples, seguro e de fácil manuseio. Ela é utilizada na cirurgia cardíaca para desviar o sangue não oxigenado do paciente e devolver o sangue reoxigenado para a sua circulação. Essa técnica é feita por uma bomba oxigenadora (máquina coração – pulmão). 7.1 As finalidades da bomba oxigenadora Desviar a circulação do coração e dos pulmões, oferecendo ao cirurgião um campo sem sangue; Realizar todas as trocas gasosas para o corpo enquanto o sistema cardiopulmonar do paciente está em repouso; Filtrar, reaquecer e resfriar o sangue; Circular o sangue filtrado e oxigenado de volta para os sistema arterial. Antes do início da circulação extracorpórea, o paciente necessita ser anticoagulado para neutralizar a cascata da coagulação pelo contato sanguíneo com tubos e circuitos não endotelizados. Isso é possível por meio de administração intravenosa de heparina. Em seguida, o sangue é bombeado das veias cavas, da cavidade torácica e dos ventrículos para dentro da bomba oxigenadora. Um oxigenador em seguida remove o dióxido de carbono do sangue e adiciona o sangue e adiciona o oxigênio. Finalmente o sangue passa por meio de um filtro que remove as bolhas de ar outros embolas antes de retornar esse sangue para o corpo através da aorta. 8. HIPERTROFIA CARDÍACA NAS CARDIOPATIAS VALVULARES E CONGÊNITAS Constitui-se num mecanismo adaptativo do coração, em resposta a um aumento de sua atividade ou de sobrecarga funcional. De maneira sucinta, podemos dizer que esta adaptação pode se dar em resposta: Aumento de necessidade metabólica impõe um aumento do débito cardíaco. Aumento da carga pressórica ou o volume, condição observada como resposta adaptativa a condições patológicas como a hipertensão arterial, estenose ou coartação da aorta. Resultante de mecanismo intrínseco de natureza genética, tais como as hipertrofias idiopáticas que podem ocorrer mesmo na ausência de sobrecargas. O resultado desse aumento de trabalho do coração traduz-se num aumento de massa cardíaca devido ao crescimento dos miócitos e estroma conjuntivo. Quando relacionada a condições fisiopatológicas, como a hipertensão arterial, a hipertrofia cardíaca assume importância devido ao fato de que, sua presença associa-se ao aumento de risco de morbimortalidade, tendo como consequência a ocorrências da morte súbita, arritmias ventriculares, isquemia miocárdica e disfunção ventricular sistólica e diastólica. Portanto, a presença de hipertrofia constitui-se em um importante fator de risco. REFERÊNCIA GUYTON, Arthur C., e HALL, John E., Tratado de Fisiologia Médica – VALVAS E BULHAS CARDÍACAS; DEFEITOS CARDÍACOS VALVARES E CONGÊNITOS – 2017, capítulo 23 página 849. Elsevier Editora Ltda – 13ª EDIÇÃO. Conhecimento sem Fronteiras (2017). Acessado em 23 de outubro de 2019.
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