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parte 02 guarda alienação e alimentos

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DIREITO CIVIL 
DIREITO DE FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
2 
ÍNDICE TEMÁTICO 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
DIREITO DE GUARDA 
1 INTRODUÇÃO 
2 ESPÉCIES DE GUARDA 
2.1 COMPARTILHADA (CONJUNTA) 
2.2 UNILATERAL 
 
FILIAÇÃO E RECONHECIMENTO DE FILHOS 
1 NOÇÕES GERAIS E HISTÓRICAS SOBRE A FILIAÇÃO 
2 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA IGUALDADE ENTRE OS 
FILHOS 
3 PROVA DA MATERNIDADE 
4 CRITÉRIOS DETERMINANTES DA PATERNIDADE – 
INEXISTÊNCIA DE HIERARQUIA ENTRE OS CRITÉRIOS 
4.1 CRITÉRIO PRESUNTIVO 
4.2 CRITÉRIO BIOLÓGICO (O DNA) 
4.3 CRITÉRIO SOCIOAFETIVO 
5 RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO DE FILHOS – PERFILHAÇÃO 
6 O PROCEDIMENTO DE AVERIGUAÇÃO OFICIOSA 
7 RECONHECIMENTO JUDICIAL DE FILHOS (A AÇÃO DE 
INVESTIGAÇÃO DE PARENTALIDADE) 
8 RESPONSABILIDADE POR ABANDONO AFETIVO 
 
 
 
3 
ALIMENTOS 
1 NOÇÕES GERAIS SOBRE ALIMENTOS 
2.2 ESPÉCIES DE ALIMENTOS 
2.1 QUANTO À NATUREZA DOS ALIMENTOS 
2.2 QUANTO À CAUSA (ORIGEM) DOS ALIMENTOS 
2.3 QUANTO AO MOMENTO DE CONCESSÃO 
2.4 QUANTO À FINALIDADE 
3 CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS 
3.1 PERSONALÍSSIMO 
3.2 INTRANSMISSÍVEIS 
3.3 IRRENUNCIÁVEIS 
3.4 IMPRESCRITÍVEIS. IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO. 
PRESCRITIBILIDADE DA EXECUÇÃO. 
3.5 IMPENHORÁVEIS 
3.6 IRREPETÍVEIS (IRRESTITUÍVEIS) 
3.7 IRRETROATIVOS (FUTUROS) 
3.8 INCOMPENSÁVEIS. EXCEÇÃO QUANDO SE TRATAR DE DUAS 
OBRIGAÇÕES DE MESMA ORIGEM. 
3.9 A QUESTÃO DA NÃO SOLIDARIEDADE NA OBRIGAÇÃO DE 
ALIMENTOS 
4 SUJEITOS DOS ALIMENTOS 
4.1 CÔNJUGES E COMPANHEIROS 
4.2 PARENTES 
4.3 ALIMENTOS PARA O NASCITURO (ALIMENTOS GRAVÍDICOS 
– LEI 11.804/2008) 
5 FIXAÇÃO E REGRA DA EQUIDADE 
4 
6 AÇÃO DE ALIMENTOS 
7 A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS 
7.1 PROCEDIMENTO ESPECIAL 
7.2 POSSIBILIDADE DE PRISÃO CIVIL COM NATUREZA 
COERCITIVA (NÃO PUNITIVA) 
7.3 ATUALIDADE DA DÍVIDA 
7.4 PRAZO MÁXIMO 
7.5 NÃO EXONERAÇÃO DA DÍVIDA ALIMENTÍCIA E 
POSSIBILIDADE DE REPETIÇÃO DA MEDIDA PRISIONAL 
7.6 PRISÃO ESPECIAL EM CASOS EXCEPCIONAIS 
7.7 DECRETO EX OFFICIO 
8 RECURSOS REPETITIVOS ACERCA DO TEMA 
9 INFORMATIVOS 
 
ATUALIZADO ATÉ 17/10/2019 
 
DIREITO DE FAMÍLIA
i
 
Leitura recomendada: http://www.unirio.br/unirio/ccjp/arquivos/tcc/2017-1-tcc-pamela-
wessler-de-luna-rego-alienacao-parental 
Art. 698. Nas ações de família, o Ministério Público somente intervirá 
quando houver interesse de incapaz e deverá ser ouvido previamente 
à homologação de acordo. 
Art. 699. Quando o processo envolver discussão sobre fato 
relacionado a abuso ou a alienação parental, o juiz, ao tomar o 
depoimento do incapaz, deverá estar acompanhado por especialista. 
(Lei 12.318/2010) 
http://www.unirio.br/unirio/ccjp/arquivos/tcc/2017-1-tcc-pamela-wessler-de-luna-rego-alienacao-parental
http://www.unirio.br/unirio/ccjp/arquivos/tcc/2017-1-tcc-pamela-wessler-de-luna-rego-alienacao-parental
5 
 
Conceito 
A Lei n.° 12.318/2010, em seu art. 2º, assim conceitua a alienação parental: 
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua 
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause 
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
ALIENAÇÃO PARENTAL É... 
a) a interferência na formação psicológica da criança ou do 
adolescente. 
Repare que pode ser tanto com relação a crianças (até 12 anos) 
como adolescentes (de 12 a 18 anos). 
b) promovida ou induzida 
Esta interferência psicológica tanto pode ser direta, explícita 
(verbo: promover) como camuflada, instigada, sugerida (verbo: 
induzir). 
c) 
- por um dos genitores, 
- pelos avós ou 
- pelos que tenham o menor sob a sua autoridade, guarda ou 
vigilância 
Atente para o fato de que a alienação parental pode ser gerada 
por outras pessoas que não o pai ou a mãe, como é o caso dos 
avós, dos tios ou mesmo de uma pessoa que não seja parente 
biológico mas que tenha autoridade, guarda ou vigilância sob a 
criança ou adolescente. 
A pessoa que causa a alienação parental não precisa, 
necessariamente, ter a guarda do menor, podendo apenas deter 
autoridade ou vigilância sob a criança ou adolescente. 
d) para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao 
6 
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
A interferência psicológica exercida tem como objetivo: 
- fazer com que a criança ou adolescente repudie seu genitor ou 
- dificultar a criação ou preservação de vínculo afetivo entre o 
menor e seu genitor. 
 
Obs1: a situação mais comum observada na prática é a de que a 
vítima da alienação parental seja o pai. Justamente por isso, a 
lei utiliza a expressão “genitor”. No entanto, nada impede que a 
mãe do menor (genitora) seja alvo da alienação parental. 
 
Obs2: a lei fala claramente em “genitor”, dando a ideia de que 
a vítima da alienação parental seja o pai biológico da criança 
ou adolescente. A doutrina, entretanto, defende que, a despeito 
da literalidade da lei, a vítima da alienação pode ser outras 
pessoas ligadas ao menor, como os o pai socioafetivo, os avós, 
os tios, padrinhos, irmãos etc. 
 
Obs3: a lei chama de alienador a pessoa que promove ou induz 
a alienação parental e de alienado o indivíduo que é vítima da 
alienação. 
Site Dizer o Direito: fonte adotada. 
Explica Maria Berenice Dias: 
 
“O fato não é novo: usar filhos como instrumento de vingança pelo fim do 
sonho do amor eterno. Quando da ruptura da vida conjugal, se um dos 
cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, o 
sentimento de rejeição ou a raiva pela traição, surge um enorme desejo de 
vingança. Desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de 
descrédito do ex-parceiro perante os filhos. Promove verdadeira “lavagem 
cerebral” para comprometer a imagem do outro genitor, narrando 
maliciosamente fatos que não ocorreram ou não aconteceram da forma 
descrita. O filho é programado para odiar e acaba aceitando como verdadeiras 
as falsas memórias que lhe são implantadas. Assim afasta-se de quem ama e 
de quem também o ama.Esta é uma prática que pode ocorrer ainda quando o 
casal vive sob o mesmo teto. O alienador não é somente a mãe ou quem está 
com a guarda do filho. O pai pode assim agir, em relação à mãe ou ao seu 
companheiro. Tal pode ocorrer também frente a avós, tios ou padrinhos e até 
entre irmãos. 
 
7 
Nesse jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas, inclusive - com 
enorme e irresponsável frequência - a alegação da prática de abuso sexual.” 
(Alienação parental: uma nova lei para um velho problema! Disponível 
em: www.mariaberenice.com.br). 
Outras nomenclaturas 
A expressão síndrome da alienação parental (SAP) foi cunhada pelo psiquiatra 
norte-americano Richard Gardner, em 1985, para a situação em que a mãe ou 
o pai de uma criança a induz a romper os laços afetivos com o outro genitor, 
criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação a ele. 
 
A síndrome da alienação parental (SAP) também é chamada de: 
 Síndrome da implantação das falsas memórias; 
 Síndrome de Medeia; 
 Síndrome dos Órfãos de Pais Vivos; 
 Síndrome da Mãe Maldosa Associada ao Divórcio; 
 Reprogramação da criança ou adolescente; 
 Padrectomia. 
 
Por que ocorrem os atos de alienação parental? 
A prática revela que os atos de alienação parental normalmente ocorrem 
porque uma das partes não aceita o fim do relacionamento amoroso. Por conta 
da raiva, o ex-cônjuge ou a ex-companheira passa a querer se vingar do antigo 
parceiro e, para tanto, utiliza o filho tentando colocá-lo contra o genitor. 
Desse modo, o alienador procura excluir o genitor alienado da vida dos filhos 
das mais diversas formas, muitas vezes fazendo falsas acusações contra ele e 
assim implantando falsas percepções, falsas memórias no inconsciente da 
criança ou do adolescente. 
Quando este processo de alienação atinge seu cume, o menor passa a nutrir 
sentimentosnegativos em relação ao genitor alienado, além de guardar 
memórias e experiências exageradas ou mesmo falsas implantadas pelo 
genitor alienante que realiza verdadeira “lavagem cerebral” (brainwashing). 
Percebe-se, dessa feita, que, além do genitor alienado, a criança ou 
adolescente que sofre o processo de alienação parental também é vítima desta 
prática e experimenta diversas consequências nocivas. 
 
 
 
Formas de promover ou induzir a alienação parental 
8 
A Lei prevê os seguintes exemplos de atos de alienação parental: 
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da 
paternidade ou maternidade (ex: implantar no filho a falsa ideia de que o pai 
não o ama); 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a 
criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra 
avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou 
adolescente; 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a 
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com 
familiares deste ou com avós. 
 
Obs1: este elenco legal é exemplificativo, podendo haver outros casos assim 
declarados pelo juiz ou constatados por perícia. 
 
Obs2: os atos de alienação parental podem ser praticados diretamente ou com 
auxílio de terceiros. 
 
Fundamentos para a proibição da alienação parental 
A prática de ato de alienação parental: 
 fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência 
familiar saudável; 
 prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo 
familiar; 
 constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente; e 
 constitui descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou 
decorrentes de tutela ou guarda. 
 
Reconhecimento da prática de alienação parental em juízo 
O reconhecimento da prática de alienação parental deve ser feito 
necessariamente em juízo. 
 
 
 
 
9 
 
Princípio a ser considerado na decisão judicial: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. GUARDA. 
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. 1 As decisões 
acerca da guarda de menores são SEMPRE tomadas exclusivamente no 
interesse deles, levando-se em conta todos os aspectos de seu 
desenvolvimento psicológico, moral e afetivo. 2 . Não há registro, até o 
presente momento, de violência, ameaça, alienação parental ou qualquer outro 
tipo de risco para a menor por parte do genitor. Em outras palavras, não há 
nos autos provas contundentes de que a criança esteja sendo submetida a 
condições inadequadas para o seu crescimento saudável, com a guarda 
compartilhada deferida ao genitor, ou de que este tenha faltado com quaisquer 
das obrigações impostas pelo art. 33 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
3. A modificação, em sede de juízo de cognição sumária, da guarda das 
menores, visa atender o princípio do melhor interesse da criança e do 
adolescente. 4 . Recurso conhecido e desprovido. 
 
 
Ação autônoma ou reconhecimento incidental 
A parte pode ingressar com uma ação autônoma pedindo este reconhecimento 
ou poderá formular pedido incidental em outra ação (ex: genitor, no bojo da 
ação de guarda, formula pedido incidental de reconhecimento de que a mãe da 
criança está praticando atos de alienação parental). 
 
O juiz pode reconhecer de ofício a prática de atos de alienação parental? 
SIM, a Lei faculta ao juiz esta possibilidade, desde que seja de forma 
incidental em um processo já instaurado. Ex: em uma ação de divórcio, 
durante a instrução, o juiz percebe que a mãe da criança tem praticado atos de 
alienação parental. 
 
Reconhecimento em qualquer momento processual 
A Lei afirma que o reconhecimento de ato de alienação parental pode ocorrer 
em qualquer momento 
 
Providências no caso de indício de alienação parental 
Se o juiz verificar e declarar a existência de indício de ato de alienação 
parental, o processo terá tramitação prioritária, e, ouvido o Ministério Público, 
serão determinadas, com urgência, as medidas provisórias necessárias para 
preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive 
10 
para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva 
reaproximação entre ambos, se for o caso. 
 
Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia mínima de 
visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo 
à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por 
profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das 
visitas. 
 
Perícia 
O juiz, se entender necessário, poderá determinar a realização de perícia 
psicológica ou biopsicossocial. 
O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, 
conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, 
exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da 
separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos 
envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta 
acerca de eventual acusação contra genitor. 
A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar 
habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico 
profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental. 
O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de 
alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, 
prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa 
circunstanciada. 
 
Medidas que poderão ser tomadas pelo juiz quando caracterizada a 
alienação parental: 
I - advertir o alienador; 
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua 
inversão; 
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
 
O juiz, de acordo com a gravidade do caso, PODERÁ CUMULAR mais de 
uma das medidas acima expostas. 
 
11 
Se ficar caracterizado que o alienador mudou abusivamente de endereço, ou 
que está inviabilizando ou obstruindo a convivência familiar, o juiz poderá 
determinar que o alienador fique com a obrigação de levar a criança ou 
adolescente para a residência do alienado quando da alternância dos períodos 
de convivência familiar. 
 
Competência 
O art. 8º da Lei determina que: 
Art. 8º A alteração de domicílio da criança ou adolescente é irrelevante para a 
determinação da competência relacionada às ações fundadas em direito de 
convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os genitores ou de 
decisão judicial. 
Julgamento Interessante! 
Alienação parental 
Pai que praticava alienação parental deve indenizar ex-mulher em R$ 50 
mil 
Mulher ingressou na Justiça alegando que ex-marido induziu filha a ter 
sentimentos negativos em relação à mãe. 
 
A 1ª câmara Cível do TJ/MS condenou um homem a indenizar a ex-
mulher por praticar alienação parental com a filha do casal. A 
condenação por danos morais foi fixada em R$ 50 mil. 
 
12 
De acordo com os autos, o casal se divorciou em 2002 e, a partir de 
então, o homem tentou reatar o relacionamento com a ex-mulher. 
Entretanto, ao não obter êxito, ele teria passado a induzir a filha do 
casal para que ela desenvolvesse sentimentos negativos em relação 
à mãe. 
Por esse motivo, em 2014, a mulher ingressou na Justiçacontra o ex-
marido, alegando que a alienação parental gerou graves abalos 
psicológicos à filha, que continua a sofrer com crises emocionais 
decorrentes da indução. A autora afirmou que havia sido denunciada 
injustamente a autoridades policiais pelo ex-marido, que buscava 
denegrir sua imagem. Por isso, pleiteou indenização por danos 
morais. 
Em sua defesa, o ex-marido alegou a prescrição da pretensão da 
autora. Ao julgar o caso, o juízo de 1º grau julgou improcedente o 
pedido formulado pela autora, que interpôs recurso. 
Ao analisar o recurso, a 1ª câmara Cível do TJ/MS considerou que a 
alienação parental não cessou por muitos anos seguintes, de acordo 
com os depoimentos da filha e da psicóloga que a atendia após o fim 
do relacionamento dos pais. Para o colegiado ficou comprovada a 
violação direta e intencional da obrigação do genitor de promover e 
estimular uma relação positiva e harmoniosa entre a criança e seu 
outro genitor. 
Em relação às acusações injustas feitas pelo ex-marido às 
autoridades policiais, a câmara entendeu que a conduta do apelado 
demonstra ser uma tentativa de atingir a ex-cônjuge, já que os 
motivos elencados pelo genitor em ir até a polícia com a criança são 
torpes e incoerentes. 
Com esse entendimento, o colegiado condenou o ex-marido a 
indenizar, por danos morais, a ex-mulher. 
"Considerando o ocorrido, a intensidade do dano, a duração do sofrimento, 
a repercussão e as consequências, bem como as condições pessoais das 
partes, fixo a indenização em R$ 50.000,00, pois mostra-se razoável. Tal 
valor deve ser corrigido pelo IGPM/FGV desde sua fixação até o efetivo 
pagamento, bem como juros de mora desde a citação." 
O número do processo não será divulgado em razão de segredo de Justiça. 
Informações: TJ/MS. 
13 
 
 
 
A prática de alienação parental é crime? Divergência!! 
Primeira corrente: 
NÃO. A Lei n.° 12.318/2010 previa a inclusão do parágrafo único ao art. 236 
do ECA estabelecendo como crime a conduta de quem apresentasse falso 
relato às autoridades cujo teor pudesse ensejar restrição à convivência de 
criança ou adolescente com genitor. 
Seria a criminalização de um dos atos de alienação parental. 
 
Ocorre que a previsão deste novo tipo penal foi vetada pelo Presidente da 
República sob as seguintes razões: 
“O Estatuto da Criança e do Adolescente já contempla mecanismos de 
punição suficientes para inibir os efeitos da alienação parental, como a 
inversão da guarda, multa e até mesmo a suspensão da autoridade parental. 
Assim, não se mostra necessária a inclusão de sanção de natureza penal, 
cujos efeitos poderão ser prejudiciais à criança ou ao adolescente, detentores 
dos direitos que se pretende assegurar com o projeto.” 
Desse modo, atualmente, não existe punição criminal específica para atos de 
alienação parental, podendo, no entanto, a depender do caso concreto, 
caracterizar algum dos tipos penais já previstos, como é o caso da calúnia. 
 
Segunda Corrente: Trecho de Maria Berenice Dias 
“Apesar da regulamentação legal, tanto o descumprimento do regime 
de convivência como a prática de a alienação parental não impõe 
qualquer sanção a quem assim age. As consequências estabelecidas 
na lei (por exemplo, redução de prerrogativas, alteração da guarda ou 
suspensão da autoridade parental), são medidas que vêm em 
benefício do filho, em razão do agir indevido de um de seus pais. 
A lei 13.431/17, em vigor a partir de 05 de abril, estabelece o sistema 
de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou 
testemunha de violência. Reconhece como forma de violência 
psicológica os ato de alienação parental (art. 4º, II, b), sendo 
assegurado à vítima o direito de, por meio de seu representante legal, 
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI277944,11049-Agora+alienacao+parental+da+cadeia
14 
pleitear medidas protetivas contra o autor da violência, à luz do 
disposto no ECA e na Lei Maria da Penha (art. 6º e parágrafo único). 
O ECA assegura a crianças e adolescentes aplicação de medidas de 
proteção quando vítimas da omissão ou do abuso dos pais ou 
responsáveis (ECA, art. 98, II), atribuindo-lhes a obrigação de cumprir 
e fazer cumprir determinações judiciais (ECA, art. 22). Verificadas as 
hipóteses de maus-tratos, opressão ou abuso sexual, a autoridade 
judiciária pode determinar, como medida cautelar, o afastamento do 
agressor da moradia comum, além da fixação provisória de alimentos 
de que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do 
agressor (ECA, art. 130 e parágrafo único). 
A lei Maria da Penha autoriza o juiz a aplicar, além das medidas 
protetiva elencadas, medidas outras, sempre que a segurança da 
vítima ou as circunstâncias o exigirem (LMP, art. 22 e § 1º). Para 
garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, pode o juiz 
requisitar o auxílio da força policial (LMP, art. 22 § 3º) e, a qualquer 
momento, decretar a prisão preventiva do agressor, de ofício, a 
requerimento do Ministério Público ou mediante representação da 
autoridade policial (LMP, art. 20). E, agora, o descumprimento das 
medidas protetivas de urgência tornou-se infração penal 
(lei 13.641/18): pena de detenção de 03 meses a dois anos. 
Deste modo há que se reconhecer que nas mesmas penas incorre 
quem pratica atos de alienação parental, considerados como violência 
psicológica que afronta os direitos e garantias de crianças e 
adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. Descumprida 
medida protetiva que assegure, por exemplo, o exercício da guarda 
compartilhada, além de o juiz decretar a prisão preventiva do infrator 
– pai, mãe ou responsável – fica ele sujeito a processo criminal. 
Esta é a grande novidade. Reconhecida a alienação parental como 
violência psicológica, pode o juiz aplicar as medidas protetivas da Lei 
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI277944,11049-Agora+alienacao+parental+da+cadeia
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI277944,11049-Agora+alienacao+parental+da+cadeia
15 
Maria da Penha (Lei 13.431/2017, art. 4º, II, b) e art. 6º). Descumprida 
a medida imposta, além da prisão preventiva (LMP, art. 20) o 
alienador comete crime de desobediência (LMP, art. 24-A, 
acrescentado pela Lei 13.641/18). 
Ou seja, pela vez primeira é possível penalizar quem – ao fim e ao 
cabo – deixa de atentar ao melhor interesse dos filhos.”(Fonte: site 
migalhas) 
Qual a outra atualização legislativa? 
 
Comentários à Lei 13.715/2018, que ampliou as hipóteses de 
perda do poder familiar decorrente da prática de crimes 
 
Foi publicada no dia (26/09) mais uma importante novidade 
legislativa. 
 
Trata-se da Lei nº 13.715/2018, que trata sobre perda do 
poder familiar, alterando o Código Penal, o ECA e o Código 
Civil. 
 
Vamos entender o que mudou. 
 
I – ALTERAÇÃO NO CÓDIGO PENAL 
A Lei nº 13.715/2018 alterou a redação do inciso II do art. 92 do 
Código Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 92 prevê efeitos extrapenais específicos da condenação. 
Vejamos o que mudou: 
Código Penal 
16 
Antes da Lei 
13.715/2018 
Depois da Lei 
13.715/2018 
(atualmente) 
Art. 92. São também 
efeitos da condenação: 
(...) 
II - a incapacidade para 
o exercício do pátrio 
poder, tutela ou 
curatela, nos crimes 
dolosos, sujeitos à pena 
de reclusão, cometidos 
contra filho, tutelado ou 
curatelado; 
Art. 92. São também 
efeitos da condenação: 
(...) 
II - a incapacidade para 
o exercício dopoder 
familiar, da tutela ou da 
curatela nos crimes 
dolosos sujeitos à pena 
de reclusão cometidos 
contra outrem 
igualmente titular do 
mesmo poder familiar, 
contra 
filho, filha ou outro 
descendente ou contra 
tutelado ou curatelado; 
O que diz esse inciso II: 
Se o agente cometeu... 
- um crime doloso 
- sujeito à pena de reclusão 
- contra uma das pessoas listadas no inciso II, 
- o juiz, ao proferir uma sentença condenatória, 
- poderá determinar que o condenado perca o poder familiar, 
a tutela ou a curatela. 
 
Obs: não importa a quantidadeda pena nem se houve 
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos. O que interessa é que tenha sido um crime doloso 
cuja pena prevista em abstrato seja de reclusão. 
 
Vamos ver abaixo os aspectos que foram alterados na 
redação do inciso: 
 
“poder familiar” 
17 
A redação anterior falava em “pátrio poder”. Isso porque essa 
era a expressão utilizada no Código Civil de 1916. O Código 
Civil de 2002 substituiu “pátrio poder” por “poder familiar”. 
 
Desse modo, a alteração aqui foi apenas para atualizar a 
linguagem do Código Penal, não tendo havido uma mudança 
substancial. 
 
Conceito de Poder Familiar: 
Poder familiar é um conjunto de direitos e deveres conferido 
aos pais com relação ao filho menor de 18 anos (não 
emancipado), dentre eles o poder de dirigir a criação e a 
educação, de conceder consentimento para casar, de exigir 
que preste obediência, e outros previstos no art. 1.634 do 
CC. 
 
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos 
menores: 
I - dirigir-lhes a criação e educação; 
II - tê-los em sua companhia e guarda; 
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para 
casarem; 
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento 
autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o 
sobrevivo não puder exercer o poder familiar; 
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida 
civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem 
partes, suprindo-lhes o consentimento; 
18 
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os 
serviços próprios de sua idade e condição. 
 
“outrem igualmente titular do mesmo poder familiar” 
Aqui é novidade. 
O que isso quer dizer: se o agente comete o crime contra 
uma pessoa e esta vítima divide com o agente o poder 
familiar em relação a uma criança ou adolescente, então, 
neste caso, o condenado também poderá perder o poder 
familiar. 
Dito de forma direta: se o agente pratica o crime contra a 
mãe ou o pai de seu filho, ele poderá perder o poder familiar 
sobre o menor. 
Ex: João e Maria possuem um filho em comum (Lucas). Maria 
se separou de João, mas este nunca aceitou o rompimento. 
Determinado dia, João comete homicídio contra Maria. Ao ser 
condenado, João poderá perder o poder familiar em relação a 
Lucas. 
Vale ressaltar que isso vale tanto para o crime cometido pelo 
homem como pela mulher. Assim, se Maria tivesse matado 
João, ela também poderia ser condenada a perder o poder 
familiar. 
 
 
(Magistratura Estadual 2019 CESPE)Fábio e Eliana foram 
casados e tiveram um filho chamado Enzo. Após terem se 
divorciado, foi determinado judicialmente que ambos teriam a 
guarda do menino. Alguns meses após a separação, durante 
uma discussão por questões financeiras, Fábio chamou Eliana 
de prostituta, por ela estar em um novo relacionamento, e a 
agrediu, causando-lhe lesão corporal de natureza grave. 
À luz do Código Civil, é correto afirmar que Fábio 
A)poderá perder o poder familiar de Enzo por decisão 
judicial.* 
19 
B)poderá perder o poder familiar de Enzo somente se 
comprovado que ele agrediu também o menino. 
C)não poderá perder o poder familiar de Enzo, somente a sua 
guarda. 
D)não poderá perder nem o poder familiar de Enzo, nem a 
sua guarda. 
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: 
I - pela morte dos pais ou do filho; 
II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo 
único; 
III - pela maioridade; 
IV - pela adoção; 
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. 
 
 
 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a 
mãe que: 
I - castigar imoderadamente o filho; 
II - deixar o filho em abandono; 
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; 
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 
antecedente. 
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de 
adoção. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) 
 
CAUSA DE PERDA DO 
PODER FAMILIAR! 
AHAHAH 
20 
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder 
familiar aquele que: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) 
 
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder 
familiar: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) 
 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave 
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso 
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 
13.715, de 2018) 
 
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à 
pena de reclusão; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) 
 
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: 
(Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) 
 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave 
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso 
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 
13.715, de 2018) 
 
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a 
dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. (Incluído pela Lei 
nº 13.715, de 2018) 
 
“filha” 
Acréscimo absolutamente desnecessário e atécnico. 
Mesmo quando o Código falava apenas em “filho”, nunca se 
discutiu que isso incluía também a filha. Não é necessário que 
o texto legal flexione o gênero das palavras, sendo isso 
presumido, salvo se houver uma limitação expressa (ex: Lei 
Maria da Penha). 
A situação é tão esdrúxula que o legislador incluiu filha, mas 
não falou nada a respeito do tutelado e curatelado, que 
também estão no mesmo inciso. Isso significa que os crimes 
21 
contra a tutelada e a curatelada estão fora da previsão legal? 
Obviamente, que não. 
 
“outro descendente” 
É o caso do crime cometido contra o neto e bisneto. 
Trata-se de situação que não será tão comum na prática. É 
possível, no entanto, imaginar o seguinte exemplo: João 
possui dois filhos: Pedro (23 anos) e Isabela (6 anos). Pedro, 
por sua vez, tem uma filha de 5 anos (Letícia). João pratica 
estupro contra Letícia (sua neta). O juiz poderá condenar 
João a perder o poder familiar em relação a Isabela. 
Vale ressaltar que avô e avó não exercem poder familiar 
sobre neto/neta, mesmo que os pais do menor já tenham 
falecido ou tenham perdido, por algum motivo, o poder 
familiar. 
Poder familiar é um conjunto de direitos e deveres que os 
PAIS exercem sobre seus FILHOS menores. 
 
 
Essa perda do poder familiar abrange apenas o filho 
que foi vítima do crime ou o agente perderá o poder 
familiar com relação aos outros filhos que não foram 
ofendidos pelo delito? Ex: João praticou o crime contra 
seu filho Lucas; ocorre que ele também possui outros 
dois filhos menores de 18 anos. João, ao ser 
condenado, poderá perder o poder familiar em relação 
aos três filhos? 
SIM. Existe divergência na doutrina, mas essa é a posição 
que prevalece: 
“Essa incapacidade pode ser estendida para alcançar outros 
filhos, pupilos ou curatelados, além da vítima do crime. Não 
seria razoável, exempliflcativamente, decretar a perda do 
poder familiar somente em relação à filha de dez anos e idade 
estuprada pelo pai, aguardando fosse igual delito praticado 
contra as outras filhas mais jovens, para que só então se 
privasse o genitor desse direito” (MASSON, Cleber. Direito 
Penal. São Paulo: Método, 2018). 
22 
No mesmo sentido, o grande penalista Rogério Sanches 
Cunha (Manual de Direito Penal. Parte Geral. 4ª ed., 
Salvador: Juspodivm, 2016, p. 525). 
Tal conclusão ganha ainda mais força com a inclusão do 
descendente no rol do inciso II do art. 92 do CP. Isso porque 
os avós não detém poder familiar em relação aos netos. Logo, 
se o crime é cometido pelo avô contra o neto, o avô poderá 
perder o poder familiar em relação aos seus filhos menores, 
mesmo eles não sendo as vítimas do delito. 
 
Essa perda é temporária? Depois de o agente ter 
cumprido a pena e conseguido a reabilitação, é possível 
que ele retome o poder familiar? 
NÃO. A reabilitação,em regra, extingue (apaga) os efeitos 
secundários extrapenais específicos da sentença 
condenatória. 
O caso da perda do poder familiar, contudo, é uma exceção. 
Assim, a pessoa perdeu o poder familiar em decorrência de 
uma sentença penal condenatória não irá readquirir o poder 
familiar mesmo que cumpra toda a pena e passe pelo 
processo de reabilitação. 
Em outras palavras, essa perda do poder familiar é 
permanente. 
Isso está previsto na parte final do parágrafo único do art. 93 
do Código Penal: 
Art. 93 (...) 
Parágrafo único. A reabilitação poderá, também, 
atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 
92 deste Código, vedada reintegração na situação 
anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo 
artigo. 
 
A doutrina faz a seguinte distinção: 
• em relação à vítima do crime doloso e punido com reclusão, 
essa incapacidade é permanente. Assim, mesmo em caso de 
reabilitação é vedada a reintegração do agente na situação 
anterior (art. 93, parágrafo único, do CP). 
23 
• em relação aos outros filhos, pupilos ou curatelados, a 
incapacidade seria provisória, pois o condenado, se 
reabilitado, poderá voltar a exercer o poder familiar, tutela ou 
curatela. 
Nesse sentido: Masson, ob. cit. 
 
Os efeitos previstos no art. 92, II, do CP são 
automáticos? Em outras palavras, sempre que houver 
condenação por crime doloso sujeito à pena de 
reclusão cometido contra outrem igualmente titular do 
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro 
descendente ou contra tutelado ou curatelado, o 
condenado irá perder o poder familiar, a tutela ou a 
curatela? 
NÃO. Para que esse efeito da condenação seja aplicado, é 
indispensável que a decisão condenatória motive 
concretamente a necessidade da perda do poder familiar, da 
tutela ou da curatela. 
O parágrafo único do art. 92 expressamente afirma isso: 
Art. 92 (...) 
Parágrafo único. Os efeitos de que trata 
este artigo não são automáticos, 
devendo ser motivadamente declarados 
na sentença. 
 
II – ALTERAÇÃO NO ECA 
A Lei nº 13.715/2018 também alterou o ECA com a mesma 
finalidade da mudança que foi feita no Código Penal. 
Vejamos: 
ECA 
Antes da Lei 
13.715/2018 
Depois da Lei 
13.715/2018 
(atualmente) 
Art. 23. (...) 
(...) 
§ 2º A condenação 
criminal do pai ou da 
mãe não implicará a 
Art. 23. (...) 
(...) 
§ 2º A condenação 
criminal do pai ou da 
mãe não implicará a 
24 
destituição do poder 
familiar, exceto na 
hipótese de condenação 
por crime doloso, sujeito 
à pena de reclusão, 
contra o próprio filho ou 
filha. 
 
destituição do poder 
familiar, exceto na 
hipótese de condenação 
por crime doloso sujeito 
à pena de reclusão 
contra outrem 
igualmente titular do 
mesmo poder 
familiar ou contra filho, 
filha ou outro 
descendente. 
 
 
 
 
Se o pai/mãe do menor for condenado(a), ele(a) 
perderá, obrigatoriamente, o poder familiar? 
NÃO. 
• Regra: a condenação criminal do pai ou da mãe NÃO 
implicará a destituição do poder familiar. 
• Exceção: haverá perda do poder familiar se a condenação 
foi... 
- por crime doloso 
- sujeito à pena de reclusão 
- praticado contra outrem igualmente titular do mesmo poder 
familiar (ex: homem que pratica crime contra a mãe do seu 
filho) 
- praticado contra filho ou filha; ou 
- praticado contra outro descendente (ex: agente pratica o 
crime contra seu neto). 
 
 
 
 
 
 
III – ALTERAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL 
 
25 
Por fim, a Lei nº 13.715/2018 também alterou o Código Civil, 
inserindo um parágrafo único no art. 1.638 com a seguinte 
redação: 
 
Art. 1.638. (...) 
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder 
familiar aquele que: 
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder 
familiar: 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave 
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso 
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher; 
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à 
pena de reclusão; 
 
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave 
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso 
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher; 
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a 
dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. 
 
Se você observar bem, todas as hipóteses previstas neste 
novo parágrafo único do art. 1.638 do Código Civil já são 
contempladas pelo novo inciso II do art. 92 do Código Penal. 
Em outras palavras, todas as situações trazidas pelo Código 
Civil já ensejariam a perda do poder familiar como efeito da 
condenação criminal. Diante disso, indaga-se: qual seria a 
utilidade deste parágrafo único do art. 1.638 do CC? 
 
Rogério Sanches, de forma muito percuciente, encontra 
sentido e utilidade para o dispositivo afirmando que, se a 
situação se enquadrar em uma das hipóteses do parágrafo 
único do art. 1.638 do CC o autor do crime perderá o poder 
familiar mesmo antes de eventual sentença penal 
condenatória. As hipóteses do parágrafo único do art. 1.638 
26 
do CC são, portanto, autônomas e não dependem de 
sentença penal condenatória, podendo a perda do poder 
familiar ser decretada por decisão do juízo cível. Veja as suas 
palavras: 
 
“Neste caso, podemos traçar um paralelo com a condição de indignidade 
que exclui da sucessão os herdeiros que houverem sido autores, coautores 
ou partícipes de homicídio doloso contra a pessoa de cuja sucessão se 
tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente. No geral, a 
doutrina trata a indignidade como algo independente do juízo criminal, ou 
seja, a exclusão da sucessão pode ocorrer com base na prova produzida 
unicamente no juízo civil. É o que ensina Sílvio de Salvo Venosa: 
‘Não é exigida a condenação penal. O exame da prova será todo do juízo 
cível. Indigno é o que comete o fato e não quem sofre a condenação penal 
(Pereira, 1984, v. 6:30).’ (Direito Civil – Direito das Sucessões. 13ª ed. São 
Paulo: Atlas, 2013, pp. 62/63) 
A relevância da sentença criminal para o afastamento da indignidade existe 
apenas quando estabelecida a inexistência do fato ou quando afastada 
peremptoriamente a possibilidade de autoria. É, aliás, o que aponta o 
mesmo autor: 
‘No entanto, se o juízo conclui pela inexistência do crime ou declara não ter 
o agente cometido o delito, bem como se há condenação, isso faz coisa 
julgada no cível.’ 
Pensamos que o mesmo pode se dar nos casos de perda do poder familiar 
em virtude do cometimento dos crimes elencados no novo parágrafo único 
do art. 1.638, que, destaque-se, é composto pelo verbo praticar, sem 
nenhuma referência à necessidade de condenação.” 
(http://meusitejuridico.com.br/2018/09/25/lei-13-71518-altera-
dispositivos-codigo-penal-codigo-civil-e-eca-sobre-perda-poder-familiar/) 
 
Vigência 
A Lei 13.715/18 entrou em vigor na data de sua publicação 
(25/09/2018). 
 
 
(Ministério Público Estadual 2019) Perderá por ato judicial o poder familiar 
aquele que: 
I - castigar imoderadamente o filho. 
II - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. 
III - praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar 
estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. 
27 
IV - praticar contra filho, filha ou outro descendente, homicídio, feminicídio 
ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar 
de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar. 
A)Estão corretas apenas I e II. 
B)Estão corretas apenas III e IV. 
C)Estão corretas apenas I, II e IV. 
D)Estão corretas apenas II, III e IV. 
E)Todas estão corretas. * 
 
(Ministério Público 2018)Examine as assertivas abaixo e assinale a alternativa 
correta. 
I - No atual contexto do ordenamento jurídico, é possível afirmar que toda 
paternidade/maternidade é socioafetiva. 
II - A filiação, no direito brasileiro se fundamentano seguinte tripé: a 
igualdade entre os filhos, a desvinculação ao estado civil dos seus pais e a 
proteção integral do Estado, salvo a filiação decorrente da adoção. 
III - A adoção é um instituto mediante o qual se formarão novos vínculos 
jurídicos, dando à condição de adotante e adotado todos os direitos e 
obrigações de pais e filhos, inclusive com os mesmos direitos e deveres (art. 
41 do ECA),mas não rompe os vínculos parentais anteriores porque 
biológicos. 
IV - A posse do estado de filho seria uma construção doutrinária que está 
sendo aceita pela jurisprudência, para que se caracterize primeiro a 
afetividade como corolário básico das relações familiares, em detrimento de 
uma relação puramente biológica. 
A)I e II. 
B)I e III. 
C)II e III. 
D)I e IV.* 
E)III e IV. 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO DE GUARDA 
1. Introdução 
 A guarda é um direito-dever dos pais de manter os filhos 
menores e não emancipados em seu lar, garantindo-lhes a plena 
assistência moral e material. No momento da dissolução do 
casamento deve haver determinação quanto à guarda dos filhos. Sem 
regular a guarda dos filhos não pode ser decretado o divórcio pelo 
juiz. 
 Se o juiz determinar a guarda unilateral será necessário regular o 
direito de visitas. Se for compartilhada não será necessário. 
 
Obs.: no CC/16 a guarda dos filhos não poderia ser deferida ao 
cônjuge considerado culpado pelo fim do casamento. Já no CC/02 foi 
consolidado o entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de 
que a culpa pelo fim do casamento não impede o exercício da guarda. 
 
29 
 O direito de guarda previsto no art. 33, do ECA, diz respeito a 
criança ou adolescente em situação de exposição. Quando os pais 
estão no exercício do poder familiar a guarda é regulamentada pelo 
CC (art. 1.584, CC). 
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, 
poderá ser: 
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou 
por qualquer deles, em ação autônoma de separação, 
de divórcio, de dissolução de união estável ou em 
medida cautelar; 
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades 
específicas do filho, ou em razão da distribuição de 
tempo necessário ao convívio deste com o pai e com 
a mãe. 
§ 5º. Se o juiz verificar que o filho não deve 
permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a 
guarda a pessoa que revele compatibilidade com a 
natureza da medida, considerados, de preferência, o 
grau de parentesco e as relações de afinidade e 
afetividade.(alterado em 2014) 
 
Espécies de Famílias: 
 Família Natural: é a união de qualquer dos ascendentes e seus 
descentes. 
 Família Extensa ou Ampliada: alcança, além da família natural, 
todos os parentes próximos que convivem com a criança 
mantendo com ela vínculos de afetividade. 
30 
 Família Substituta: é a família nascida dos institutos jurídicos da 
guarda, da tutela e da adoção. (É a medida excepcional, somente 
ocorrendo quando qualquer outra tentativa se demonstrar 
ineficaz). 
OBS: os meios de colocação em família vão desde a guarda até a 
adoção, passando pela tutela. 
OBS: A guarda é forma de conversão de uma situação fática (guarda 
de fato) em jurídica (guarda regulamentada). Pode ser autônoma, 
como quando se pede ao Judiciário a guarda de um menor; ou 
derivada ou dependente, quando vinculada a uma medida de tutela, 
adoção. 
 
Guarda Autônoma Guarda acessória 
É atribuída de forma excepcional, 
como meio de regular uma 
situação de necessidade pontual 
do sujeito, não estando vinculada 
a um processo de concessão de 
tutela ou adoção. 
OBS: A guarda gera direitos entre 
o guardião e o protegido, a 
exemplo do reconhecimento a um 
neto de ser enquadrado como 
dependente do seu avô guardião, 
fazendo jus à pensão por 
morte.(TRF 1ª Região.) 
É aquela que se dá em processos 
(de forma liminar ou incidental) de 
tutela ou adoção*. 
*Exceto em adoção internacional, 
pois nesta não há guarda 
provisória. 
 
31 
 
Fonte: https://veja.abril.com.br/brasil/guarda-compartilhada-o-que-muda-com-a-nova-lei/ 
 
“Guarda é um poder-dever exercido no interesse da prole.”MHD 
2. Espécies de Guarda 
 
2.1 Compartilhada (Conjunta)
1
 
 
 É a hipótese em que os pais exercem simultaneamente a guarda 
dos filhos menores. O menor ficará no lar de apenas um dos pais, mas 
o outro participará ativamente do cotidiano do menor. Esta espécie de 
guarda funciona bem quando há harmonia entre os pais. 
 O entendimento doutrinário majoritário é no sentido de que a 
guarda compartilha não deve ser imposta pelo juiz se ambos os pais 
não a desejarem. Entretanto, o STJ já decidiu em sentido contrário, ou 
seja, o juiz pode impor a guarda compartilhada. 
 
 
 
 
1A banca CESPE considerou correta, na prova do TJDFT/2016, a seguinte alternativa: “Mesmo com o 
estabelecimento do regime de guarda compartilhada, é possível a fixação da pensão alimentícia em 
desfavor de um dos genitores.” 
32 
2.2 Unilateral 
 
 É aquela deferida a apenas um dos pais. O juiz deverá conceder 
a guarda ao pai que apresente melhor condição de exercê-la (isto não 
significa condição material). O juiz deve levar em consideração o afeto 
existente entre os filhos e os genitores; a saúde, segurança e 
educação do menor. 
 Atenção: eventualmente a guarda pode ser deferida a outra 
pessoa que não os pais 
 Obs.: guarda alternada é a hipótese em que a criança passa um 
período com cada um dos pais. 
 O que é aninhamento? É uma espécie de guarda alternada, em 
que a criança permanece no mesmo domicílio (ninho) e os pais é que 
se mudam por um período para o domicílio da criança. 
 Em regra, o juiz competente para julgar as demandas 
relacionadas com a guarda é o juízo da família. Entretanto, quando for 
aplicável a guarda prevista no ECA a questão deverá ser decidida 
pelo juízo da infância e da juventude. 
 
 
 
Lei 13.058/2014: determina que, quando não houver acordo entre 
a mãe e o pai quanto à guarda do filho, o juiz aplicará a guarda 
compartilhada 
 
Sobre o que trata a Lei? 
33 
A Lei n. 13.058/2014 altera alguns artigos do Código Civil para 
estabelecer o significado da expressão “guarda compartilhada” e 
dispor sobre sua aplicação. 
Antes de verificar o que dispõe a lei, vamos relembrar alguns 
conceitos sobre guarda. 
Espécies de guarda 
Existem quatro espécies de guarda, duas delas estão previstas no 
Código Civil e duas outras são criações da doutrina que, apesar de 
não serem fixadas judicialmente, algumas vezes são verificadas na 
prática. 
a) UNILATERAL (EXCLUSIVA): 
Ocorre quando o pai ou a mãe fica com a guarda e a outra pessoa 
possuirá apenas o direito de visitas. 
Segundo a definição do Código Civil, a guarda unilateral é aquela 
“atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua” (art. 
1.583, § 1º). 
Ainda hoje é bastante comum. 
Ex: João e Maria se divorciaram; ficou combinado 
que Maria ficará com a guarda da filha de 5 anos e o 
pai tem direito de visitas aos finais de semana. 
 
Vale ressaltar que, se for fixada a guarda unilateral, o pai ou a mãe 
que ficar sem a guarda continuará com o dever de supervisionar os 
interesses dos filhos. Para possibilitar tal supervisão, qualquer dos 
genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou 
prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou 
34 
situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e 
psicológica e a educação de seus filhos (§ 5º do art. 1.583). 
Pensando nisso, a Lei n. 13.058/2014 acrescentou no art. 1.583 do 
Código Civil o § 6º prevendo que os estabelecimentos públicos e 
privados são obrigados a prestar informações a qualquer dos 
genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 
(duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não 
atendimento da solicitação. 
b) COMPARTILHADA (CONJUNTA):Ocorre quando o pai e a mãe são responsáveis pela guarda do filho. 
A guarda é de responsabilidade de ambos e as decisões a respeito do 
filho são tomadas em conjunto, baseadas no diálogo e consenso. 
Segundo o Código Civil, entende-se por guarda compartilhada “a 
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e 
da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder 
familiar dos filhos comuns.” (art. 1.583, § 1º). 
É considerada a melhor espécie de guarda porque o filho tem a 
possibilidade de conviver com ambos e os pais, por sua vez, sentem-
se igualmente responsáveis. 
Vale ressaltar que nessa espécie de guarda, apesar de tanto o pai 
como a mãe possuírem a guarda, o filho mora apenas com um dos 
dois. 
Ex: João e Maria se divorciaram; ficou combinado que 
a filha do casal ficará morando com a mãe; apesar 
disso, tanto Maria como João terão a guarda 
compartilhada (conjunta) da criança, de forma que ela 
35 
irá conviver constantemente com ambos e as decisões 
sobre ela serão tomadas em conjunto pelos pais. 
 
Questão (MPE/2017/Cespe) A guarda compartilhada implica igualdade de tempo 
de convívio da criança com cada um de seus genitores, a fim de evitar ofensa ao 
princípio da igualdade. (F) 
OBS:Art. 1583, CC - § 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com 
os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre 
tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos (Tempo de 
convívio dividido de forma equilibrada não quer dizer necessariamente igual ou 
quantificado necessariamente de forma igual. Há que se observar o melhor 
interesse da criança e do adolescente, bem como as circunstâncias do caso 
concreto). 
OBS: Em dezembro de 2014, foi sancionada a Lei nº 13.058 que torna a guarda 
compartilhada uma regra, até mesmo nos casos de discordância entre os pais 
do menor de idade. A lei, que visa dividir a responsabilidade sobre a criança 
entre o casal e impedir que desentendimentos entre os pais acabem afetando a 
rotina da criança, mudou bastante a dinâmica das famílias depois de uma 
separação. Em suma, não se trata apenas de igualdade de tempo, mas sim de 
divisão de responsabilidades. 
Questão (TJMG/Consulplan/ 2017)Em decorrência da evolução histórica nas 
relações familiares, o pátrio poder perdeu força e foi substituído pelo poder 
familiar que constitui um conjunto de direitos e deveres exercidos igualmente 
pelos pais. Dentre os efeitos do poder familiar, está o da guarda dos filhos 
menores ou maiores incapazes. Com relação à guarda dos filhos, está correto 
afirmar que a guarda compartilhada caracteriza-se pela responsabilização 
conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob 
o mesmo teto, sobre os filhos menores ou incapazes. (V) 
 
36 
(DPE/AC 2017/CESPE)Será vedado ao juiz impor a guarda compartilhada caso 
um dos genitores declare que não deseja exercer a guarda do menor.(V) 
GUARDA COMPARTILHADA 
Aplicação obrigatória da guarda compartilhada 
REGRA: o CC determina que, quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à 
guarda do filho, o juiz deverá aplicar a guarda compartilhada (art. 1.584, § 2º). 
EXCEÇÕES: Não será aplicada a guarda compartilhada se: a) um dos genitores declarar 
ao magistrado que não deseja a guarda do menor; b) um dos genitores não estiver apto 
a exercer o poder familiar. 
 
O § 2º do art. 1.584 afirma que “encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder 
familiar”, será aplicada a guarda compartilhada. O que significa essa expressão: “genitores 
aptos a exercer o poder familiar”? Quando o genitor não estará apto a exercer o poder 
familiar? A guarda compartilhada somente deixará de ser aplicada quando houver 
inaptidão de um dos ascendentes para o exercício do poder familiar, fato que deverá 
ser declarado, prévia ou incidentalmente à ação de guarda, por meio de decisão judicial 
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/12/2016. Info 
595). 
 
O § 2º do art. 1.584 somente admite duas exceções em que não será aplicada a guarda 
compartilhada. A interpretação desse dispositivo pode ser relativizada? É possível 
afastar a guarda compartilhada com base em peculiaridades do caso concreto mesmo 
que não previstas no § 2º do art. 1.584 do CC? O STJ está dividido, havendo decisões 
em ambos os sentidos: 
 
1ª) NÃO. A guarda compartilhada apresenta força vinculante, devendo ser obrigatoriamente 
adotada, salvo se um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar ou se um deles 
declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor (STJ. 3ª Turma. REsp 
1626495/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/09/2016). 
 
2ª) SIM. As peculiaridades do caso concreto podem servir como argumento para que 
não seja implementada a guarda compartilhada. Ex: se houver dificuldades geográficas 
(pai mora em uma cidade e mãe em outra, distante). Isso porque deve-se atentar para o 
princípio do melhor interesse dos menores. Assim, as partes poderão demonstrar a 
existência de impedimento insuperável ao exercício da guarda compartilhada, podendo 
o juiz aceitar mesmo que não expressamente previsto no art. 1.584, § 2º. A aplicação 
obrigatória da guarda compartilhada pode ser mitigada se ficar constatado que ela será 
prejudicial ao melhor interesse do menor (STJ. 3ª Turma. REsp 1605477/RS, Rel. Min. 
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/06/2016). STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.994-RJ, 
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/12/2016 (Info 595). 
 
 
37 
 
 
 
c) ALTERNADA 
Ocorre quando o pai e a mãe se revezam em períodos exclusivos de 
guarda, cabendo ao outro direito de visitas. 
Em outras palavras, é aquela na qual durante alguns dias a mãe terá 
a guarda exclusiva e, em outros períodos, o pai terá a guarda 
exclusiva. 
Ex: João e Maria se divorciaram; ficou combinado que durante uma 
semana a filha do casal ficará morando com a mãe (e o pai não pode 
interferir durante esse tempo) e, na semana seguinte, a filha ficará 
vivendo com o pai (que terá a guarda exclusiva nesse período). 
“Essa forma de guarda não é recomendável, eis que pode trazer 
confusões psicológicas à criança. Com tom didático, pode-se dizer 
que essa é a guarda pingue-pongue, pois a criança permanece como 
cada um dos genitores por períodos ininterruptos. Alguns a 
denominam como a guarda do mochileiro, pois o filho sempre deve 
arrumar a sua malinha ou mochila para ir à outra casa. É altamente 
inconveniente, pois a criança perde seu referencial, recebendo 
tratamentos diferentes quando na casa paterna e na materna.” 
(TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume único. São Paulo: 
Método, 2015, p. 1224). 
 
 
 
 
38 
d) ANINHAMENTO (NIDAÇÃO) 
Ocorre quando a criança permanece na mesma casa onde morava e 
os pais, de forma alternada, se revezam na sua companhia. 
Assim, é o contrário da guarda alternada, já que são os pais que, 
durante determinados períodos, se mudam. 
 
Ex: João e Maria se divorciaram; ficou combinado que 
a filha do casal ficará morando no mesmo 
apartamento onde residia e no qual já possui seus 
amiguinhos na vizinhança. Durante uma semana, a 
mãe ficará morando no apartamento com a criança (e 
o pai não pode interferir durante esse tempo). Na 
semana seguinte, a mãe se muda temporariamente 
para outro lugar e o pai ficará vivendo no apartamento 
com a filha. 
Defendida por alguns como uma forma de a criança não sofrer 
transtornos psicológicos por ter que abandonar o meio em que já vivia 
e estava familiarizada. Apesar disso, é bastante rara devido aos 
inconvenientes práticos de sua implementação. 
A palavra “aninhamento” vem de “aninhar”, ou seja, colocar em um 
ninho. Transmite a ideia de que a criança permanecerá no mesmo 
ninho (mesmo lar) e os seus pais é quem se revezarão em sua 
companhia. 
Como já dito acima, o Código Civil somente fala em unilateral oucompartilhada (art. 1.583), mas as demais espécies também existem 
na prática. 
 
39 
Como é definida a espécie de guarda que será aplicada? 
a) A guarda será definida por consenso entre o pai e a mãe; ou 
b) se não houver acordo, será decretada pelo juiz. 
Quando o magistrado for fixar a guarda, deverá levar em consideração 
as necessidades específicas do filho e a distribuição de tempo 
necessário ao convívio deste com o pai e a mãe. 
 
 
 
 Princípios envolvidos: convivência e melhor interesse da criança 
e do adolescente. 
RECURSO ESPECIAL - DIREITO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE - PEDIDO DE GUARDA FORMULADO POR AVÔ - 
CONSENTIMENTO MATERNO - PAI FALECIDO - DEFERIMENTO 
40 
DA MEDIDA - POSSIBILIDADE, DESDE QUE OBSERVADO O 
MAIOR INTERESSE DO MENOR - RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. In casu, deve-se considerar que não se está diante daquilo que se 
convencionou chamar de "guarda previdenciária", é dizer, daquela que 
tem como finalidade tão-somente angariar efeitos previdenciários. 
2. A finalidade meramente "previdenciária" não pode ser o objetivo da 
pretendida modificação de guarda. Ao revés, a outorga de direitos 
previdenciários em razão da colocação do petiz sob a guarda de 
outrem é apenas uma de suas implicações. 
3. Como pode acontecer em processos desta natureza, vale dizer, 
onde se controvertem direitos da criança e do adolescente, o princípio 
do maior interesse é, de fato, o vetor interpretativo a orientar a decisão 
do magistrado. 
4. Para fins de fixação de tese jurídica, deve-se admitir, de forma 
excepcional (artigo 31, § 1º, primeira parte c/c § 2º, do ECA) o 
deferimento da guarda de menor aos seus avós que o mantêm e, 
nesta medida, desfrutam de melhores condições de promover-lhe a 
necessária assistência material e efetiva, mormente quando 
comprovado forte laço de carinho, como ocorreu na espécie. 
5. Recurso especial provido. (REsp 1186086 / RO) 2011. 
Sempre que possível, deve ser tentada a conciliação 
Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em sede de 
medida cautelar de guarda ou em outra sede de fixação liminar de 
guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mesmo que provisória, será 
proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as partes perante 
o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir a concessão 
de liminar sem a oitiva da outra parte (art. 1.585 do CC). 
41 
Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o 
significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude 
de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo 
descumprimento de suas cláusulas (§ 1º do art. 1.584) como uma 
forma de estimular o acordo. 
 
Caso não tenha havido acordo, qual é a espécie de guarda que o 
juiz deverá preferencialmente determinar? 
Essa foi uma das alterações impostas pela Lei n. 13.058/2014. 
Com a novidade legislativa, a situação agora passa a ser a seguinte: 
Regra: quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à 
guarda do filho, o juiz irá aplicar a guarda compartilhada. 
Exceções: 
Não será aplicada a guarda compartilhada se: 
a) um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar; ou 
b) um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda 
do menor. 
 
A doutrina em geral aplaude essa inovação legal? 
Não. Antes mesmo de ser sancionada a lei, o projeto de lei já recebeu 
críticas de diversos doutrinadores. Isso porque ela praticamente impõe 
aos pais algo que, na prática, não funciona se não for consensual. 
A guarda compartilhada exige como pressuposto que haja um mínimo 
de convivência harmônica entre os pais, já que as decisões a respeito 
do filho deverão ser tomadas em conjunto, com base no diálogo e 
consenso. 
42 
Ora, se os pais da criança não gozam de uma relação harmoniosa, é 
extremamente improvável que consigam dialogar e decidir, de forma 
amistosa, pontos conflituosos em relação ao filho, como, por exemplo, 
a escola em que ele irá estudar, o tempo que cada um passará com a 
criança, as obrigações de cada genitor etc. 
Na guarda compartilhada muito pouco adianta que tais cláusulas 
sejam impostas pelo juiz porque o Poder Judiciário não terá condições 
de acompanhar, na prática, o cumprimento de tais medidas e a sua 
efetividade será mínima se não houver disposição e compromisso dos 
pais em respeitá-las. 
Enfim, apesar de a guarda compartilhada ser a espécie ideal, ela tem 
que ser conquistada com a conscientização e nunca pela imposição, o 
que gerará um efeito inverso e talvez acirre o relacionamento já 
desgastado dos pais da criança. 
 
Regras sobre a guarda compartilhada trazidas pela lei 
Além de fixar a guarda compartilhada como prioridade, a lei também 
trouxe algumas regras para disciplinar essa espécie de guarda. 
Vejamos: 
 
 
 
Tempo de convivência 
43 
Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser 
dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo 
em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos (§ 2º do art. 
1.583). 
 “Sou pai, não visita!” 
Orientação técnico-profissional 
Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de 
convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a 
requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação 
técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à 
divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe (§ 3º do art. 
1.584 do CC). 
Assim, com a ajuda de psicólogos, assistentes sociais e outros 
profissionais, o juiz já deverá estabelecer as atribuições que caberão a 
cada um dos pais e o tempo de convivência com o filho. 
Ex: João irá buscar o filho no colégio todos os dias às 12h; no período 
da tarde, a criança continuará na companhia do pai e às 18h, ele 
deverá deixá-lo na casa da mãe. 
 
E se os pais morarem em cidades diferentes? 
44 
A Lei estabeleceu que a cidade considerada base de moradia dos 
filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos (§ 3º 
do art. 1.584). 
 
 
Dever de os estabelecimentos públicos e privados prestarem 
informações aos pais 
Tanto na guarda compartilhada como na guarda unilateral, tanto o pai 
como a mãe possuem o direito de acompanhar e fiscalizar a educação 
e saúde de seus filhos. 
Pensando nisso, e a fim de evitar qualquer embaraço, a Lei n. 
13.058/2014 acrescentou o § 6º ao art. 1.584 do CC, com a seguinte 
redação: 
§ 6º Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a 
prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos 
destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 
500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da 
solicitação. 
Essa regra vale mesmo que o pai (ou a mãe) que esteja requerendo a 
informação não detenha a guarda do filho. Ex: João e Maria 
divorciaram-se e a mãe ficou com a guarda exclusiva da criança; 
45 
determinado dia, João foi até o colégio de sua filha para ter 
acesso às notas do boletim escolar, tendo a escola negado 
acesso afirmando que somente a mãe poderia obtê-lo. Esse 
estabelecimento de ensino poderá ser multado na forma do § 6º 
do art. 1.584 do CC. O mesmo vale para um hospital, por 
exemplo. 
Essa multa deve ser cobrada na via judicial (Justiça Estadual / 
Vara de Família), devendo o pai (ou a mãe) comprovar que fez a 
solicitação não atendida. 
 
Descumprimento das regras 
A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de 
cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a 
redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor. (§ 4º do art. 
1.584). 
 
 
A guarda pode ser deferida para outra pessoa que não seja o pai 
ou a mãe? 
SIM. Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda 
do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele 
compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de 
preferência, o grau de parentesco e as relações deafinidade e 
afetividade (§ 5º do art. 1.584). 
O exemplo mais comum dessa situação é a guarda atribuída aos 
avós. 
46 
 
Poder familiar 
Por fim, a Lei n. 13.058/2014 alterou o art. 1.634 do Código Civil, que 
trata sobre o poder familiar. Vejamos o que mudou: 
 
 
 
 
Nova Redação Redação Anterior 
Art. 1.634. Compete a ambos os 
pais, qualquer que seja a sua 
situação conjugal, o pleno 
exercício do poder familiar, que 
consiste em, quanto aos filhos: 
A redação do caput do art. 
1.634 foi apenas atualizada, não 
tendo havido modificação 
substancial. 
Art. 1.634. Compete aos pais, 
quanto à pessoa dos filhos 
menores: 
I - dirigir-lhes a criação e a 
educação; 
Não houve alteração, sendo 
exatamente a mesma redação do 
inciso I anterior. 
II - exercer a guarda unilateral ou 
compartilhada nos termos do art. 
1.584; 
47 
A redação desse inciso II foi 
melhorada, suprimindo a 
expressão “companhia” que não 
era adequada, mantendo-se 
apenas “guarda”. Confira o inciso 
II anterior: 
II - tê-los em sua companhia e 
guarda; 
III - conceder-lhes ou negar-lhes 
consentimento para casarem; 
Não houve alteração, sendo 
exatamente a mesma redação do 
inciso III anterior. 
IV - conceder-lhes ou negar-lhes 
consentimento para viajarem ao 
exterior; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
É possível a fixação de astreintes para forçar a genitora que está 
com a guarda da criança a respeitar o direito de visita do pai? 
segunda-feira, 8 de maio de 2017 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Luiz e Cristiane foram casados e possuem um filho em comum: Lucas, de 7 
anos. 
Com o divórcio, a guarda da criança ficou com a mãe. No entanto, o ex-casal 
celebrou um acordo homologado pela Justiça regulamentando o direito de 
visitas do pai. 
Ocorre que Cristiane descumpre reiteradamente o direito de visitas 
estipulado no acordo, criando embaraços para que o pai tenha contato com 
o garoto. 
Diante disso, Luiz ajuizou ação de cumprimento de regime de visitas 
alegando que não está conseguindo exercer o direito de visitação por 
obstáculos causados por Cristiane. O autor pede que o juiz determine que a 
ré cumpra rigorosamente o acordo, sob pena de aplicação de multa diária. 
 
O pedido de Luiz poderá ser acolhido? É possível a aplicação de astreintes 
(ex: multa diária) para o descumprimento de acordo judicial que 
regulamenta direito de visita? 
SIM. 
É válida a aplicação de astreintes quando o genitor detentor da guarda da 
criança descumpre acordo homologado judicialmente sobre o regime de 
visitas. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.481.531-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 
16/2/2017 (Info 599). 
49 
 
Normalmente, as astreintes são utilizadas para a tutela de direitos 
patrimoniais. No entanto, nada impede que seja fixada multa cominatória 
para tutelar direitos extrapatrimoniais, como é o caso do direito de visitação. 
Esse é o entendimento da doutrina: 
"O direito de visitas gera uma obrigação de fazer infungível, obrigação 
personalíssima, que deve ser cumprida pessoalmente. Nada impede que seja 
buscado o adimplemento, mediante aplicação da chamada astreinte: tutela 
inibitória, mediante a aplicação de multa diária. Nada mais do que um 
gravame pecuniário imposto ao devedor renitente para que honre o 
cumprimento de sua obrigação. Instrumento de pressão psicológica, 
verdadeira sanção, destinada a desestimular a resistência do obrigado, de 
modo que ele se sinta compelido a fazer o que está obrigado." (DIAS, Maria 
Berenice. Manual de Direito das Famílias. 10ª ed. São Paulo: RT, 2015, p. 
539). 
 
Cabe ressaltar que o CPC/2015 autoriza, de modo expresso, a aplicação de 
multa em caso de descumprimento de obrigação de natureza não 
obrigacional ou existencial: 
Art. 536. No cumprimento de sentença que 
reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou 
de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a 
requerimento, para a efetivação da tutela 
específica ou a obtenção de tutela pelo resultado 
prático equivalente, determinar as medidas 
necessárias à satisfação do exequente. 
(...) 
50 
§ 6º O disposto neste artigo aplica-se, no que 
couber, ao cumprimento de sentença que 
reconheça deveres de fazer e de não fazer de 
natureza não obrigacional. 
 
Outro mecanismo que poderia ser utilizado para que o não guardião da 
criança exercesse o seu direito de visitação, seria a utilização busca e 
apreensão. No entanto, essa medida, levando-se em consideração sempre o 
melhor interesse da criança e do adolescente, pode se mostrar drástica e 
prejudicial para a criança que poderia ser levado a força por uma ordem 
judicial, inclusive com a utilização da polícia para a sua efetivação. Dessa 
forma, as astreintes se mostram como um meio muito mais eficaz e menos 
traumatizante para a criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
Menor sob guarda é dependente para fins previdenciários 
 
Beneficiários 
Em um regime de previdência, seja o regime geral (administrado pelo INSS), 
seja o regime próprio (destinado aos servidores públicos), quando falamos 
em “beneficiários da previdência”, essa expressão abrange duas espécies: 
segurados e dependentes. 
 
Segurados Dependentes 
São pessoas que, em razão de 
exercerem um trabalho, emprego 
ou cargo, ficam vinculadas 
diretamente ao Regime de 
Previdência. 
São as pessoas que recebem uma 
proteção previdenciária pelo fato 
de terem uma relação com o 
segurado. 
Estão vinculados diretamente ao 
Regime de Previdência. 
Estão vinculados de forma reflexa, 
em razão da relação que possuem 
com o segurado. 
Ex: o servidor público federal, em 
virtude do cargo por ele 
desempenhado, vincula-se ao 
regime próprio de previdência dos 
servidores federais. 
Ex: a esposa do servidor público 
federal é beneficiária do regime 
previdenciário próprio na 
qualidade de dependente. 
 
Dependentes 
O que são os dependentes para fins previdenciários? 
Os dependentes são pessoas que, embora não contribuindo para a 
seguridade social, podem vir a receber benefícios previdenciários, em virtude 
52 
de terem uma relação de afeto (cônjuge/companheiro) ou parentesco com o 
segurado. 
 
 
 
Quais os benefícios que os dependentes receberão? 
Quem define isso é a lei. Em geral, todos os regimes de previdência preveem 
a pensão por morte como um benefício que os dependentes recebem 
quando ocorre o falecimento do segurado. 
 
É o segurado quem escolhe quem são seus dependentes para fins 
previdenciários? 
NÃO. A relação dos dependentes é definida pela legislação previdenciária. 
Assim, não é o segurado quem os indica. É a própria lei quem já prevê 
taxativamente quem tem direito de ser considerado dependente (art. 16 da 
Lei nº 8.213/91). 
 
Os dependentes precisam se cadastrar no INSS? 
Somente no momento em que forem receber o benefício. Antes de terem 
direito ao benefício, os dependentes do segurado não se inscrevem na 
autarquia previdenciária. 
 
 
 
 
 
53 
 
 
 
Classes de dependentes: 
A Lei divide os dependentes em três classes: 
 
1ª 
CLASSE 
a) Cônjuge 
b) Companheiro (hétero ou 
homoafetivo) 
c) Filho menor de 21 anos, 
desde que não tenha sido 
emancipado; 
d) Filho inválido (não importa a 
idade); 
e) Filho com deficiência 
intelectual ou mental ou 
deficiência grave (não importa a 
idade). 
Para que recebam os 
benefícios 
previdenciários, os 
membros da 1ª classe 
NÃO precisam provar 
que eram 
dependentes 
economicamente do 
segurado (a 
dependência 
econômica é 
presumida pela lei). 
2ª 
CLASSE 
Pais do segurado. Para que recebam os 
benefícios 
previdenciários, os 
membros da 2ª e 3ª 
classes PRECISAM 
provar que eram 
dependentes 
economicamente do 
segurado. 
3ª 
CLASSE 
a) Irmão menor de 21 anos, 
desde que não tenha sido 
emancipado; 
b) Irmão inválido (não importa a 
idade); 
c) Irmão com deficiênciaintelectual ou mental ou 
54 
deficiência grave (não importa a 
idade). 
 
Guarda 
Concessão da guarda para pessoa diversa dos pais 
A legislação prevê algumas hipóteses em que a criança ou o adolescente 
pode ser colocado sob a guarda de uma pessoa que não seja nem seu pai 
nem sua mãe. 
A concessão da guarda é uma das formas de colocação do menor em família 
substituta, sendo concedida quando os pais não apresentarem condições de 
exercer, com plenitude, seus deveres inerentes ao poder familiar, seja por 
motivos temporários ou permanentes. 
A concessão da guarda para terceiros implica, necessariamente, a perda do 
poder familiar pelos pais? 
NÃO. A concessão da guarda, diferentemente da tutela, “não implica em 
destituição do poder familiar, mas sim, transfere a terceiros componentes de 
uma família substituta provisória a obrigação de cuidar da manutenção da 
integridade física e psíquica da criança e do adolescente.” (ROSSATO, Luciano 
Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da Criança 
e do Adolescente. Comentado artigo por artigo. 6. ed. São Paulo: RT, 2014, p. 
187). 
 
Hipóteses 
Existem três hipóteses em que a guarda poderá ser deferida a outras pessoas 
que não sejam os pais da criança ou adolescente: 
a) quando tramitar processo judicial para que a criança ou adolescente seja 
adotado ou tutelado, situação em que poderá ser colocado, liminar ou 
55 
incidentalmente, sob a guarda do adotante ou tutor (art. 33, § 1º do ECA). 
Nesse caso, a guarda destina-se a regularizar juridicamente a situação de 
quem já está, na prática, cuidando do menor. O ECA fala que a guarda 
“destina-se a regularizar a posse de fato”; 
b) quando essa transferência da guarda for necessária para atender a 
situações peculiares ou para suprir a falta eventual dos pais ou responsável 
(art. 33, § 2º do ECA). Ex: pais irão fazer uma longa viagem para o exterior, 
ficando a criança no Brasil; 
c) quando o juiz verificar que nem o pai nem a mãe estão cumprindo 
adequadamente o dever de guarda do filho, situação em que deferirá a 
guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, 
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de 
afinidade e afetividade (art. 1.584, § 5º do CC). 
 
Responsabilidades do guardião 
A pessoa que recebe a guarda, chamada de “guardião” (ou “detentor da 
guarda”), tem a obrigação de prestar assistência material, moral e 
educacional à criança ou adolescente. 
O guardião, no exercício de suas responsabilidades inerentes à guarda, tem o 
direito de fazer prevalecer suas decisões em relação ao menor, podendo, 
para isso, opor-se em relação a terceiros, inclusive aos próprios pais da 
criança ou adolescente (art. 33, caput, do ECA). 
 
Guarda e efeitos previdenciários 
A criança ou adolescente que está sob guarda é considerada dependente do 
guardião? 
Para responder a esta pergunta é necessário fazer um histórico da legislação. 
56 
 
Lei 8.069/90 
Em 1990, foi editado o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 
8.069/90) prevendo que sim. Veja o que estabelece o § 3º do art. 33 do ECA: 
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, 
para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. 
 
Redação original da Lei 8.213/91 
Em 1991, foi publicada a Lei nº 8.213/91, que trata sobre os Planos de 
Benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Essa Lei elencou, 
em seu art. 16, quem seriam as pessoas consideradas dependentes dos 
segurados. O § 2º do art. 16 previu que o menor que estivesse sob guarda 
judicial deveria ser equiparado a filho e, portanto, considerado como 
dependente do segurado. 
Em outras palavras, a redação original da Lei nº 8.213/91 dizia que o menor 
sob guarda era considerado dependente previdenciário do guardião. 
 
MP 1.523/96 e Lei 9.528/97 
Em 1996, foi editada a MP 1.523/96, que alterou a redação do § 2º do art. 16 
da Lei nº 8.213/91 e excluiu o menor sob guarda do rol de dependentes. 
A justificativa dada para esta alteração foi a de que estavam ocorrendo 
muitas fraudes. O avô(ó), já aposentado, obtinha a guarda de seu neto(a) 
apenas para, no futuro, deixar para ele(a) pensão por morte, quando 
falecesse. A criança continuava morando com seus pais e esta guarda era 
obtida apenas para fins previdenciários. Dessa forma, a intenção do Governo 
foi a de acabar com os efeitos previdenciários da guarda. 
57 
A referida MP foi, posteriormente, convertida na Lei nº 9.528/97. 
 
ECA não foi alterado, o que gerou polêmica 
Ocorre que o legislador alterou a Lei nº 8.213/91, mas não modificou o § 3º 
do art. 33 do ECA. 
Assim, os advogados continuaram defendendo a tese de que o menor sob 
guarda permanece com direitos previdenciários por força do ECA. 
O INSS, por sua vez, argumentava que o art. 33, § 3º do ECA foi derrogado 
implicitamente pela Lei nº 9.528/97. Segundo a autarquia, a Lei nº 8.213/91, 
com redação dada pela Lei nº 9.528/97, é lei posterior e mais especial do que 
o ECA. Assim, no conflito entre a atual redação do art. 16 da Lei nº 8.213/91 
e o art. 33, § 3º da Lei nº 8.069/90 deveria prevalecer o primeiro diploma, 
ante a natureza específica da norma previdenciária. 
A jurisprudência oscilava, ora em um sentido, ora em outro. A questão, no 
entanto, foi agora pacificada pela Corte Especial do STJ. 
A criança ou adolescente que está sob guarda é considerada dependente do 
guardião? A guarda confere direitos previdenciários à criança ou 
adolescente? Se o guardião falecer, a criança ou adolescente que estava 
sob sua guarda poderá ter direito à pensão por morte? 
SIM. 
Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao benefício da pensão 
por morte mesmo se o falecimento se deu após a modificação legislativa 
promovida pela Lei nº 9.528/97 na Lei nº 8.213/91. 
O art. 33, § 3º do ECA deve prevalecer sobre a modificação legislativa 
promovida na lei geral da Previdência Social, em homenagem ao princípio 
da proteção integral e preferência da criança e do adolescente (art. 227 da 
CF/88). 
58 
STJ. Corte Especial. EREsp 1141788/RS, Min. Rel. João Otávio de Noronha, 
julgado em 07/12/2016. 
 
O ECA não é uma simples lei, uma vez que representa política pública de 
proteção à criança e ao adolescente, verdadeiro cumprimento do 
mandamento previsto no art. 227 da CF/88. 
Não é dado ao intérprete atribuir à norma jurídica conteúdo que atente 
contra a dignidade da pessoa humana e, consequentemente, contra o 
princípio de proteção integral e preferencial a crianças e adolescentes, já que 
esses postulados são a base do Estado Democrático de Direito e devem 
orientar a interpretação de todo o ordenamento jurídico. 
Desse modo, embora a lei previdenciária seja norma específica da 
previdência social, não menos certo é que a criança e adolescente contam 
com proteção de norma específica que confere ao menor sob guarda a 
condição de dependente para todos os efeitos, inclusive previdenciários. 
Logo, prevalece a previsão do ECA trazida pelo art. 33, § 3º, mesmo sendo 
anterior à lei previdenciária. 
 
Este entendimento vale também para o Regime Próprio de Previdência 
Social? 
SIM. Mesmo antes da decisão Corte Especial acima explicada, já havia 
precedentes do STJ neste sentido: 
(...) 1. O menor sob guarda judicial de servidor público do qual dependa 
economicamente no momento do falecimento do responsável tem direito à 
pensão temporária de que trata o art. 217, II, b, da Lei 8.112/90. 
2. O art. 5º da Lei 9.717/98 deve ser interpretado em conformidade com o 
princípio constitucional da proteção integral à criança e ao adolescente (CF, 
59 
art. 227), como consectário do princípio fundamental da dignidade humana e 
base do Estado Democrático de Direito, bem assim com o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90, art. 33, § 3º). (...) 
STJ. Corte Especial. MS 20.589/DF, Rel. Min. Raul Araújo,

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