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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DEPARTAMENTODE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO OS MOVIMENTOSMIGRATÓRIOSEMMOÇAMBIQUE MARIA DE ASSUNÇÃO ARMANDO ROMÃO GEOGRAFIA GEOGRAFIA DE MOÇAMBIQUE 2º ANO QUELIMANE, MAIO, 2020 Os movimentos migratórios em Moçambique Introdução O presente ensaio bibliográfico visa debruçar o tema de movimentos migratórios em Moçambique, na vertente de vários autores, os movimentos migratórios constituem as deslocações periódicas ou definitivas de pessoas de um lugar para o outro. Elas constituem também uma das causas da distribuição espacial da população moçambicana. O processo de redistribuição da população é impulsionado pelas condições socioeconómicas. Por isso, a saída de pessoas de uma região para outra, afecta as taxas de natalidades, fecundidade, e a mão-de-obra, sobretudo no seu tamanho (nº total de pessoas) e sua estrutura ou composição (pessoas por sexo ou por grupo de idade). As migrações são hoje tidas sob múltiplas explicações e sob diferentes variáveis. Este ensaio tem o objectivo de dar a conhecer os motivos, causas, consequências dos movimentos, visto que é um problema que Moçambique enfrenta, em todos dias há movimentos migratórios sejam eles periódicos ou definitivos, é notável a movimentação de pessoas de um alado para o outro com certas finalidades que cada um o aflige. Fundamentação teórica Conceito e classificação das migrações As migrações costumam figurar como o lado visível de fenómenos invisíveis. Aparecem muitas vezes como a superfície agitada de correntes subterrâneas. Verdadeiros termómetros que, ao mesmo tempo, revelam e escondem transformações ocultas. Os grandes deslocamentos humanos, via de regra, precedem ou seguem mudanças profundas, seja do ponto de vista económico e político, seja em termos sociais e culturais. Os maremotos históricos provocam ondas bravias que deslocam em massa populações e povos inteiros. Numa palavra, a mobilidade humana é em geral um sintoma de grandes transições. Quando ela se intensifica, algo ocorreu ou está para ocorrer, ou melhor, algo está ocorrendo nos bastidores da história. (Gonçalves, 2001 p.1). Jansen (1969,60) citado por Gonçalves (2007) "afirma que as migrações constituem um problema demográfico, económico, político e sociológico" (p.30-31). Durante muito tempo o estudo das migrações foi feito de maneira fragmentada. Cada ramo das ciências procurou puxar para si a legitimidade explicativa dos fenómenos migratórios. Os teóricos da economia tentavam explicar o fenómeno tendo como base as disparidades de renda entre regiões; os cientistas sociais defendiam a tese segundo a qual as migrações deviam ser vistas como fenómeno macro, onde o transnacionalismo e a teoria das redes sociais ocupavam um lugar de destaque. As migrações, como qualquer outro fenómeno social, não podem ser explicadas com recurso a uma teoria isolada, mas sim como um fenómeno multidisciplinar e estrutural. Para sociólogos como Malthus, Marx, Durkheim e Weber a emigração era o resultado do desenvolvimento do capitalismo, expresso através do processo da industrialização e urbanização. Este processo tinha levado a que as comunidades rurais se deslocassem às grandes cidades à procura de emprego. Castiglioni (2009) "aponta as migrações como um fenómeno complexo, onde muitas das vezes as reflexões são diferentes, convergentes e divergentes" (p. 39-41). Migrações internas ou nacionais Designam-se por migrações internas aquelas que se realizam dentro de um mesmo país. Em Moçambique, as migrações internas são muito complexas, tanto em relação as suas causas quanto em relação ao sentido em que se processam, podem ser de vários tipos: de uma região para outra ou de uma mesma região. Podem ocorrer de uma zona rural para outra, do campo para cidade ou entre duas cidades. Além disso, essas migrações podem ser periódicas ou definitivas, o que nos dá uma ideia das dificuldades e complexidades. Classificação das migrações Migrações podem ser classificadas da seguinte maneira: Quanto a duração de tempo podem ser: temporárias, pendulares e definitivas. São migrações temporárias quando obedecem uma periodicidade, ou seja se forem feitas por um intervalo de tempo determinado Exemplo: Por dias, semanas, meses e anos. São migrações diárias ou pendulares, os movimentos de vaivém, típico dos grandes centros urbanos, onde diariamente uma grande massa, normalmente, de trabalhadores e estudantes, desloca-se do subúrbio e da periferia urbana em direcção aos centros de prestação de serviços (industrial, comercial) e educacionais (escolas e universidades), regressando aos seus lares após a jornada laboral ou estudantil. Constituem exemplos bem elucidativos destes vaivéns, o que se sucede nas cidades moçambicanas de Maputo, Beira e Nampula entre outras cidades ou províncias. São migrações definitivas quando as pessoas se deslocam por um tempo indeterminado. Exemplo: Moçambicanos radicados na Província de Inhambane ou outras províncias que se instalaram definitivamente em Maputo ou outras províncias Moçambicanas). Sazonais - quando ocorrem durante a época das sementeiras até as colheitas ou a permanência de pessoas numa zona de construção de obras (Pontes, Estradas, Barragens) e no fim regressam ou vão noutros pontos. O êxodo rural - é o deslocamento de indivíduos, sobretudo jovens, do meio rural (campo) para o meio urbano (cidade). Em Moçambique, o êxodo rural é também muito comum. Suas causas e consequências são de grande importância sob todos os aspectos. As principais causas do êxodo rural em Moçambique são: as precárias condições de vida no campo (exemplo: deficiente acesso à educação, saúde, habitação, esgotamento de solos) e a atracção exercida pelas cidades (exemplo: acesso à educação, saúde, habitação, água). No entanto, nem sempre as cidades (por exemplo: Maputo, Beira e Nampula), conseguem absorver todas as necessidades básicas requeridas pelos exodistas. De facto, o crescimento das cidades é insuficiente para oferecer a todas as pessoas que se deslocam às cidades as condições como o emprego, moradia, escolas, assistência médico-social. Adicionando-se a isto, está a baixa qualificação profissional, o baixo nível de escolaridade e baixo padrão de vida dos migrantes, ainda teremos como consequências o surgimento de diversos problemas: a formação de bairros de lata, o desemprego e subemprego, a criminalidade, a prostituição, mendicidade, proliferação do comércio informal, agravamento das já precárias condições de saneamento do meio, entre outros problemas. Migrações entre zonas rurais - Este tipo de movimento populacional ocorrem com frequência nos casos em que, uma zona rural mais próspera que oferece melhores condições de vida, exerce atracção sobre aquelas onde as condições de trabalho e de vida são precárias. Nas Províncias, Distritos ou Localidades tem havido saída ou deslocações dos seus habitantes, para outros lugares, como também tem recebido pessoas oriundas de outros lugares deste modo, movimento migratório como: emigração (saída) e imigração (entrada) de pessoas de/para um determinado lugar e num dado período de tempo. Quanto a forma podem ser: voluntárias ou forçadas. São migrações voluntárias quando a decisão da mudança de residencial habitual é feita por vontade própria. São forçadas quando as pessoas são obrigadas a mudar da sua residência habitual. Quanto ao controlo podem ser: legais ou clandestina. São migrações legais quando se faz um registo e comunicação as entidades oficiais. São clandestinas quando as pessoas entram e residem num determinado espaço sem efectuar o registo legal. As causas das migrações As migrações não acontecem por mero acaso, elas têm motivações de natureza diversa, como: Causas naturais - mudanças climáticas, cheias, seca; Causas – económico - culturais - os desequilíbrios socioeconómicos entre diferentes regiões; Causas – politico - históricas - perseguições por várias motivações (étnicas, políticas,religiosas, etc.). As consequências das migrações As migrações têm como principais consequências (caso do êxodo rural) nos dois pólos: Pólo/lugar de partida verifica-se: Relativa redução da população com destaque para a massa juvenil económica e sexualmente activa; Envelhecimento precoce da população; Relativa redução da taxa de natalidade; Redução da produção e de produtividade. Pólo/lugar de chegada nota-se: Degradação da qualidade do ambiente; Surgimento de fenómenos anti-sociais (negócio de sexo, isto é, a prostituição, consumo de drogas, marginalidade, roubo); Dificuldades no atendimento da população nos serviços básicos sociais (escola, hospital, transporte, habitação e abastecimento de água, energia, alimentação); Desemprego e aumento exponencial da população. Crescimento efectivo da população Os movimentos migratórios, podemos estabelecer a diferença entre as entradas e saídas da população num determinado lugar. Conjugados todos estes movimentos (natural e migratório) teremos efectivamente o crescimento da população desse lugar, por exemplo: Crescimento efectivo (CE) será igual a natalidade, menos a mortalidade, mais a imigração, menos a emigração (CE=N-M+I-E). De referir que, as migrações podem influenciar positiva ou negativamente no crescimento efectivo da população duma determinada região. Crescimento natural ou saldo fisiológico A diferença entre o número de nascimentos e o número de óbitos representa o crescimento natural ou saldo fisiológico da população, ou seja: CN=N−M onde CN- Crescimento Natural; N - Natalidade; M - Mortalidade. Assim, a taxa de crescimento natural (TCN) obtém-se a partir da diferença entre a taxa da natalidade e a taxa de mortalidade, ou seja: TCN = TN – TM onde: TN - Taxa de Natalidade; TM - Taxa de Mortalidade. A taxa de crescimento natural da população varia ao longo do tempo, considerando-se baixa se for inferior a 10%o, média se estiver entre 10 e 20%o e elevada se for superior a 20%. A taxa de crescimento natural pode ser positiva, nula ou negativa, conforme a taxa de natalidade for superior, igual ou inferior à taxa de mortalidade respectivamente. No passado houve ocasiões em que a taxa de crescimento era negativa fundamentalmente, devido as precárias condições de vida, o que influenciava na elevação dos índices de mortalidade. Actualmente as taxas de crescimento natural são positivas em todo mundo. Crescimento Efectivo da População A nível mundial, o crescimento da população depende, obviamente, apenas do crescimento natural, ou seja da diferença entre a natalidade e a mortalidade. Porém, a nível regional, a evolução demográfica depende não só do crescimento natural como também dos movimentos migratórios. Se num dado país ou região, o número de imigrantes for inferior ao de emigrantes obviamente que a população vai diminuir e se acontecer o inverso haverá um aumento populacional. À diferença entre o número dos que imigram (I) e o dos que emigram (E) dá-se o nome de saldo migratório (SM). Isto é: SM= I - E Designa-se por crescimento efectivo (Cef) ou real a soma algébrica do crescimento natural (CN) e o saldo migratório (SM). Ou seja: Cef = CN+SM ou Cef = (N-M)+(I-E) A respectiva taxa é calculada através da seguinte fórmula: Tcef Tcef Conclusão Este saio que desenvolve o tema de movimentos migratórios em Moçambique, os movimentos migratórios são movimentos de indivíduos de um lugar para o outro com uma certa finalidade, as migrações podem ser classificadas quanto a duração de tempo que podem ser, temporárias, pendulares e definitivas, são migrações temporárias quando obedecem uma periodicidade, migrações diárias ou pendulares os movimentos de vaivém, migrações definitivas quando as pessoas se deslocam por um tempo indeterminado. As migrações sazonais quando ocorrem durante a época das sementeiras até as colheitas ou a permanência de pessoas numa zona de construção de obras (Pontes, Estradas, Barragens) e no fim regressam ou vão noutros pontos. O êxodo rural é o deslocamento de indivíduos, sobretudo jovens, do meio rural (campo) para o meio urbano (cidade). As migrações quanto a forma podem ser, voluntárias ou forçadas quanto ao controlo podem ser, legais ou clandestina. As causas das migrações, causas naturais - mudanças climáticas, cheias, seca, causas – económico – culturais, causas – politico – históricas. As consequências das migrações relativa redução da população com destaque para a massa juvenil económica e sexualmente activa, envelhecimento precoce da população, degradação da qualidade do ambiente, surgimento de fenómenos anti-sociais (negócio de sexo, isto é, a prostituição, consumo de drogas, marginalidade, roubo). Referências bibliográficas Castiglioni, Aurélia H. (2009), Migração: Abordagens Teóricas. In, Aragon. De Araújo,Manuel G. Mendes. ( 1999). Geografia dos povoamentos, assentamentos humanos rurais e urbanos. Livraria Universitária, Maputo. Gonçalves, Maria Ortelinda Barros. (2007), Desenvolvimento em Meio Rural – Contributos da Emigração e do Regresso.S/E, S/P. Luís E. (organizador). (S /A), Migração. Intrernacional na Pan-Amazónia. Belém, UFPA NAEA, (pp. 39-57). Nanjolo, Luís A.(S/A). Geografia da 9ª Classe. DINAME. Maputo. sa. Tembe, Graziela. (2001). Geografia 9ª Classe. Textos Editores. Maputo. Tembe, Graziela. (2008) Geografia 9ª classe. Texto Editores, Lda. Maputo.
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