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1 ESCLARECIMENTOS Olá! Você está recebendo a atualização de março do CADERNO SISTEMATIZADO DE PROCESSO PENAL. Bons estudos!! 2 PÁGINA 33 – Reformulamos o item 1.5. Limite Temporal, razão pela qual recomendados sua substituição pelo disposto abaixo. 1.5. LIMITE TEMPORAL É o tema mais importante dentro do princípio da presunção de inocência, sobretudo pelas alterações de entendimento do STF acerca da possibilidade ou não de execução provisória da pena. Toda a explicação foi retirada do site Dizer o Direito. 1º Período - Até fevereiro de 2009: É possível a execução provisória da pena. Até fevereiro de 2009, o STF entendia que era possível a execução provisória da pena. Desse modo, se o réu estivesse condenado e interpusesse recurso especial ou recurso extraordinário, teria que iniciar o cumprimento provisório da pena enquanto aguardava o julgamento. Os recursos extraordinário e especial são recebidos no efeito devolutivo. Assim, exauridas estão as instâncias ordinárias criminais é possível que o órgão julgador de segundo grau expeça mandado de prisão contra o réu (STF. Plenário. HC 68726, Rel. Min. Néri da Silveira, julgado em 28/06/1991). 2º Período – De fevereiro de 2009 a fevereiro de 2016: NÃO é possível a execução provisória da pena. No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 (Rel. Min. Eros Grau), mudou de posição e passou a entender que não era possível a execução provisória da pena. Obs.: o condenado poderia até aguardar o julgamento do REsp ou do RE preso, mas desde que estivessem previstos os pressupostos necessários para a prisão preventiva (art. 312 do CPP). Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas cautelarmente (preventivamente) e não como execução provisória da pena. Principais argumentos: • A prisão antes do trânsito em julgado da condenação somente pode ser decretada a título cautelar. • A execução da sentença após o julgamento do recurso de apelação significa restrição do direito de defesa. • A antecipação da execução penal é incompatível com o texto da Constituição. Esse entendimento durou até fevereiro de 2016. 3º Período – De fevereiro de 2016 a novembro de 2019: É possível a execução provisória da pena No dia 17/02/2016, o STF, ao julgar o HC 126292 (Rel. Min. Teori Zavascki), retornou para a sua primeira posição e voltou a dizer que era possível a execução provisória da pena. Principais argumentos: • É possível o início da execução da pena condenatória após a prolação de acórdão condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência. 3 • O recurso especial e o recurso extraordinário não possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP). Isso significa que, mesmo a parte tendo interposto algum desses recursos, a decisão recorrida continua produzindo efeitos. Logo, é possível a execução provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o julgamento do recurso. • Até que seja prolatada a sentença penal, confirmada em 2º grau, deve-se presumir a inocência do réu. Mas, após esse momento, exaure-se o princípio da não culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da decisão de segundo grau ao STJ ou STF não se prestam a discutir fatos e provas, mas apenas matéria de direito. • É possível o estabelecimento de determinados limites ao princípio da presunção de não culpabilidade. Assim, a presunção da inocência não impede que, mesmo antes do trânsito em julgado, o acórdão condenatório produza efeitos contra o acusado. • A execução da pena na pendência de recursos de natureza extraordinária não compromete o núcleo essencial do pressuposto da não culpabilidade, desde que o acusado tenha sido tratado como inocente no curso de todo o processo ordinário criminal, observados os direitos e as garantias a ele inerentes, bem como respeitadas as regras probatórias e o modelo acusatório atual. • É necessário equilibrar o princípio da presunção de inocência com a efetividade da função jurisdicional penal. Neste equilíbrio, deve-se atender não apenas os interesses dos acusados, como também da sociedade, diante da realidade do intrincado e complexo sistema de justiça criminal brasileiro. • “Em país nenhum do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica suspensa aguardando referendo da Suprema Corte”. 4º Período – entendimento atual: NÃO é possível a execução provisória da pena No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio), retornou para a sua segunda posição e afirmou que o cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos. Assim, é proibida a execução provisória da pena. Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP. Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente (preventivamente), e não como execução provisória da pena. Principais argumentos: • O art. 283 do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011, previa que “ninguém poderia ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.”. Esse artigo era plenamente compatível com a Constituição em vigor. • O inciso LVII do art. 5º da CF/88, segundo o qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, não deixa margem a dúvidas ou a controvérsias de interpretação. 4 • É infundada a interpretação de que a defesa do princípio da presunção de inocência pode obstruir as atividades investigatórias e persecutórias do Estado. A repressão a crimes não pode desrespeitar e transgredir a ordem jurídica e os direitos e garantias fundamentais dos investigados. • A Constituição não pode se submeter à vontade dos poderes constituídos nem o Poder Judiciário embasar suas decisões no clamor público. Importante consignar que o Pacote Anticrime alterou a redação do art. 283 do CPP, mas o conteúdo é basicamente o mesmo, passando a prever que: Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) É importante destacar que os tribunais deverão ficar atentos ao exercício abusivo do direito de recorrer, que visa, na realidade, postergar o trânsito em julgado e afastar a execução da pena. Como forma de coibir tal comportamento, o Pacote Anticrime incluiu o III ao art. 116 do CP que prevê que a prescrição não corre enquanto estiverem pendentes os embargos de declaração ou os recursos aos Tribunais Superiores, quando estes forem inadmissíveis. CP - Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: (...) III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e Por fim, a vedação da execução provisória da pena não impede a concessão antecipada dos benefícios prisionais ao preso cautelar. Súmula 716, STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Súmula 717, STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitadaem julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial. 1.6. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E A EXECUÇÃO PROVISÓRIA NO TRIBUNAL DO JÚRI A 1ª Turma do STF já vinha decidindo no sentido de que a condenação pelo Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 anos de reclusão autorizava a execução provisória da pena. O Pacote Anticrime positivou o entendimento da 1ª Turma no art. 492, I, e do CPP, o que, segundo a doutrina, é um dispositivo de constitucionalidade questionada, uma vez que se admite a execução provisória de uma decisão de um juiz de primeiro grau. Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: I – no caso de condenação: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 5 e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 6 ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL DECORRENTES DO PACOTE ANTICRIME 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A vigência da Lei 13.964/2019, conhecida como Pacote Anticrime (PAC), ocorreu no dia 23 de janeiro de 2020, após uma vacatio legis de 30 dias. Importante salientar que na condição de Relator das ADI’s 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305, julgadas em 22/01/2020, ajuizadas em face da Lei n. 13.964/19, o Min. Luiz Fux suspendeu sine die a eficácia, ad referendum do Plenário, da implantação do juiz das garantias e de seus consectários (CPP, arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3º-E e 3º-F), afirmando, ademais, que a concessão dessa medida cautelar não teria o condão de interferir nem suspender os inquéritos e processos então em andamento, nos termos do art. 10, §2º, da Lei n. 9.868/95. 2. GESTÃO DA PROVA PELO MAGISTRADO O art. 3º-A do CPP, introduzido pela Lei 13.964/2019, veda a iniciativa acusatória e probatória do juiz. Vejamos: Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Obs.: Apesar de não tratar sobre o juiz das garantias o art. 3º-A também foi suspenso, o que causa estranheza na doutrina. O Brasil já adotava o sistema acusatório, conforme se depreende da interpretação do art. 129, I da CF, conferindo ao Ministério Público a função acusar. Pertinente diferenciarmos os sistemas inquisitorial e acusatório. SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO Funções de acusar, defender e julgar estão concentradas nas mãos de uma única pessoa (juiz inquisidor). Ocasionando claro comprometimento da imparcialidade. Há uma separação das funções de acusar, defender e julgar. A imparcialidade é preservada. O acusado é mero objeto do processo. O acusado é sujeito de direitos. A gestão da prova está concentrada nas mãos do juiz, que pode produzir provas de ofício em qualquer fase da persecução penal. O juiz não é dotado do poder de determinar de ofício a produção de provas, já que estas devem ser fornecidas pelas partes. Busca-se a verdade real Busca-se a verdade processual http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 7 2.1. VEDAÇÃO DA INICIATIVA PROBATÓRIA NA FASE INVESTIGATÓRIA Perceba que a vedação da iniciativa acusatória ocorre porque é incompatível com o sistema acusatório, adotado pela Constituição e positivado pelo art. 3º-A do CPP, que o juiz atue como protagonista. Ao contrário, o juiz deve ser espectador tanto na fase investigatória quanto na fase judicial, ou seja, atuar apenas quando for provocado, a fim de manter sua imparcialidade. Inclusive, ao logo dos anos, o STF proferiu inúmeras decisões neste sentido. EMENTA: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9034/95. LEI COMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE. HIERARQUIA SUPERIOR. REVOGAÇÃO IMPLÍCITA. AÇÃO PREJUDICADA, EM PARTE. "JUIZ DE INSTRUÇÃO". REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS PESSOALMENTE. COMPETÊNCIA PARA INVESTIGAR. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. IMPARCIALIDADE DO MAGISTRADO. OFENSA. FUNÇÕES DE INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DAS POLÍCIAS FEDERAL E CIVIL. 1. Lei 9034/95. Superveniência da Lei Complementar 105/01. Revogação da disciplina contida na legislação antecedente em relação aos sigilos bancário e financeiro na apuração das ações praticadas por organizações criminosas. Ação prejudicada, quanto aos procedimentos que incidem sobre o acesso a dados, documentos e informações bancárias e financeiras. 2. Busca e apreensão de documentos relacionados ao pedido de quebra de sigilo realizadas pessoalmente pelo magistrado. Comprometimento do princípio da imparcialidade e consequente violação ao devido processo legal. 3. Funções de investigador e inquisidor. Atribuições conferidas ao Ministério Público e às Polícias Federal e Civil (CF, artigo 129, I e VIII e § 2o; e 144, § 1o, I e IV, e § 4o). A realização de inquérito é função que a Constituição reserva à polícia. Precedentes. Ação julgada procedente, em parte” (ADI 1570. Relator Mn. Maurício Corrêa. Julgada em 12/02/2004. DJ 22/10/2004). EMENTA: “HABEAS CORPUS. Processo Penal. Magistrado que atuou como autoridade policial no procedimento preliminar de investigação de paternidade. Vedação ao exercício jurisdicional. Impedimento. Art. 252, incisos I e II, do Código de Processo Penal. Ordem concedida para anular o processo desde o recebimento da denúncia.” (HC 94.641, Rel. Min. Ellen Gracie. Julgado em 11/11/2008. Segunda Turma. DJe 05/03/2009) Importante consignar que, mesmo antes da Lei 13.964/2019, a doutrina entendia que o art. 156, I do CPP era inconstitucional, pois incompatível com o sistema acusatório e com o princípio da imparcialidade. Com o advento do Pacote Anticrime, principalmente pela redação do art. 3º-A do CPP, a doutrina entende que o art. 156, I do CPP foi tacitamente revogado. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, 8 adequação e proporcionalidade da medida; Tacitamente revogado pelo art. 3º-A (lembrar que a eficácia ainda está suspensa) 2.2. VEDAÇÃO DA INICIATIVA PROBATÓRIA NA FASE JUDICIAL Em relação à produção de prova na fase judicial, o Código de Processo Penal, em seus arts. 127, 156, II, 196, 209, 234, 241, 242, 366, autoriza a atuação do juiz de ofício. Observe os dispositivos: Art. 156: A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Art. 127: O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa. Art. 196: A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes. Art. 209: O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. § 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. § 2º Não será computada como testemunhaa pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa. Art. 234: Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível. Art. 241: Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. Art. 242: A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. Art. 366: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. Após as modificações trazidas pelo Pacote Anticrime, voltam as dúvidas acerca da validade ou não dos dispositivos mencionados acima. Vejamos: 9 1ªC (Antônio Scarance Fernandes e Gustavo Badaró) – a iniciativa probatória é compatível com o sistema acusatório e com a imparcialidade. 2ªC (Geraldo Prado) – a iniciativa probatória tanto na fase investigatória quanto na fase processual é inconstitucional, uma vez que há clara quebra da imparcialidade do juiz. Nas palavras de Geraldo Prado, citadas pelo Professor Renato Brasileiro: “quem procura sabe ao certo o que pretende encontrar e isso, em termos de processo penal condenatório, representa uma inclinação ou tendência perigosamente comprometedora da imparcialidade do julgador”. Por isso, com base na segunda corrente e diante da parte final do art. 3º-A do CPP, não se pode mais admitir a iniciativa probatória do magistrado. Portanto, os dispositivos acima teriam sido tacitamente revogados pelo Pacote Anticrime. Obs.: Apesar do entendimento acima, já há enunciados (sem efeito vinculativo, mas como orientação) PGJ-CGMP afirmando que não houve a revogação tácita. Enunciado n. 5 da PGJ-CGMP - O art. 3º-A do CPP não revogou os incisos I e II do art. 156 do mesmo diploma, salvo no caso do inciso I no que tange à possibilidade de determinar de ofício a produção antecipada da prova na fase investigatória”. 3. JUIZ DAS GARANTIAS 3.1. CONSIDERAÇÕES INCIAIS A figura do juiz das garantias, prevista no art. 3º-B, não estava no Projeto Moro e nem no Projeto Alexandre de Moraes, foi retirada do projeto do Novo Código de Processo Penal. Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo- lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Em qualquer Estado de Direito sempre existiu e sempre existirá a figura do juiz que controla a investigação e resguarda direitos individuais. Perceba, portanto, que não foi esta a novidade trazida pela Lei 13.964/2019, mas sim a que o juiz das garantias, que atua na fase investigatória, não poderá atuar na fase processual, nos termos do art. 3º-D do CPP. Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 3.2. CONCEITO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 10 De acordo com André Machado Maia, citado por Renato Brasileiro, “o juiz das garantias consiste na atribuição exclusiva, a um determinado órgão jurisdicional, da competência para o exercício da função de garantidor dos direitos fundamentais na fase pré-processual, com a consequente exclusão da competência desse magistrado para a sequência da persecução penal sob o contraditório” Com a entrada em vigor do juiz das garantias teremos: PERSECUÇÃO PENAL FASE INVESTIGATÓRIA FASE PROCESSUAL Juiz das Garantias Juiz da Instrução e Julgamento Atuação a partir da instauração de investigação criminal até o recebimento da peça acusatória, nos termos do art. 3º-C. Atuação a partir do recebimento da peça acusatória Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código 3.3. NATUREZA JURÍDICA A criação do juiz das garantias pode ser traduzida como uma nova espécie de competência funcional (distribuída de acordo com a função ou com a matéria apreciada pelo órgão) por fase do processo. 3.4. DISTINÇÕES a) Juiz das Garantias e DIPO DIPO são as centrais de inquéritos existentes em alguns Estados, ou seja, varas voltadas para a fase investigatória. Após o início do processo, a tramitação ocorrerá em outra vara. Não se confundem com o juiz das garantias porque no DIPO não há impedimento, isto é, o juiz que atuou na fase investigatória poderá atuar durante o processo. b) Juiz das Garantias e Juizado de Instrução No Juizado de Instrução existe um juiz que atua na fase investigatória e que possui iniciativa acusatória. O juiz seria um investigador, figura incompatível com o sistema acusatório que vigora no Brasil, já que nem mesmo o juiz das garantias poderá ter iniciativa acusatória. 3.5. FUNDAMENTO A criação do juiz das garantias fundamenta-se na imparcialidade do magistrado, princípio supremo do processo, segundo o qual o juiz não pode ter interesse (direito ou indireto) no resultado do processo. 11 A imparcialidade está prevista implicitamente na Constituição Federal, sendo um dos desdobramentos do devido processo legal, bem como expressamente na Convenção Americana de Direitos Humanos. CIDH, art. 8º: Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. Destaca-se que a imparcialidade se divide em: a) Subjetiva – íntimo da convicção do magistrado b) Objetiva – relacionada à Teoria da Aparência, não pode haver nenhum espaço de dúvida em relação à imparcialidade do juiz. Não basta ser imparcial, deve-se parecer imparcial. Na fase investigatória o juiz poderá, após o requerimento (nunca de ofício), por exemplo, determinar a intercepção telefônica, a busca e apreensão, a decretação da prisão temporária. Até o advento da Lei 13.964/2019, o juiz que julgaria o processo seria o mesmo que determinou tais procedimento, claramente, voluntariamente ou não, a atuação na fase investigatória influenciaria a atuação na fase processual, comprometendo a imparcialidade e prejudicando o direito de defesa do réu. Além disso, a figura do juiz das garantias está relacionada à Teoria da Dissonância Cognitiva (Bernd Schunemann), segunda a qual os seres humanos, voluntariamente ou não, tendem a buscar uma zona de conforto (consonância cognitiva) para tomada de decisões, desenvolvendo, assim, processos para evitar sentimentos incômodos (dissonância cognitiva). Em outras palavras, ao tomar uma decisão a tendência é que a pessoa se mantenha fiel a sua escolha, tendo em vista que todo e qualquer evento em sentido contrário causaria um desconforto. 3.6. INCONSTITUCIONALIDADE 3.6.1. Formal Em relação ao questionamentoacerca da inconstitucionalidade formal por vício de iniciativa, há dois posicionamentos. 1ª C – O juiz das garantias é inconstitucional, tendo em vista que a Lei 13.964/2019 originou- se de uma iniciativa do Poder Executivo, matéria de organização judiciária. Portanto, deveria ser regulamentada pelo próprio Poder Judiciário. STF MC na ADI 6298: (...) a criação do juiz das garantias não apenas reforma, mas refunda o processo penal brasileiro e altera direta e estruturalmente o funcionamento de qualquer unidade judiciária criminal do país. Nesse ponto, os dispositivos questionados têm natureza materialmente híbrida, sendo simultaneamente norma geral processual e norma de organização judiciária, a reclamar a restrição do artigo 96 da Constituição. 12 2ª C – O juiz das garantias é constitucional, tendo em vista que lei processual é aquela que versa sobre jurisdição, ação e processo. O juiz das garantias está relacionado à competência funcional por fase do processo, portanto, lei processual que pode ser feita por lei federal, nos termos do art. 22, I da CF. Foi o mesmo raciocínio utilizado em relação à Lei Maria da Penha quando criou os juizados de violência doméstica e familiar. Contudo, o entendimento não se aplica ao art. 3º-D, parágrafo único, em que há clara inconstitucionalidade formal, pois se trata de organização judiciária, ferindo o art. 96 da CF. Art. 3º-D, Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Nesse sentindo, o art. 3º-E do CPP que prevê a designação do juiz das garantias pelas normas de organização judiciária. Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Em suma, a criação do juiz das garantias por lei federal não é inconstitucional. Contudo, caberá às normas de organização judiciária a forma de sua implementação, seja através da criação de centrais de inquérito, com varas especializadas em investigação criminal. 3.6.2. Material Em relação à inconstitucionalidade material, em razão da autonomia financeira e administrativa do Poder Judiciária, observe as duas correntes: 1ª C (Ministro Fux) – ante o tamanho das mudanças que exige dois juízes para a persecução penal, haverá inúmeros impactos financeiros, por isso a inconstitucionalidade. 2ª C (Ministro Toffoli) – por mais despesas que a lei irá gerar, não haverá a necessidade de criação de novas varas, mas sim de adaptação dos recursos humanos já existentes. 3.7. INÍCIO DA EFICÁCIA Por conta da decisão do Ministro Fux, proferida no dia 22 de janeiro de 2020, a eficácia dos arts. 3º-A ao 3º-F está suspensa por tempo indeterminado. Caso não houvesse a decisão do Fux, o juiz das garantias estaria em vigência desde 23 de janeiro de 2020. Contudo, no dia 15 de janeiro de 2020, Dias Toffoli entendeu que teria eficácia após 180 dias da publicação da sua decisão. 3.8. APLICAÇÃO IMEDIATA AOS FEITOS EM ANDAMENTO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 13 No Projeto do Novo Código Penal há a previsão de que o juiz das garantias não se aplicaria aos processos em andamento. Contudo, tal previsão não foi repetida no Pacote Anticrime, podendo ser cogitada a sua aplicação a todos os processos em andamento, pois o juiz das garantias é norma de competência funcional, sendo espécie de competência absoluta, devendo ser aplicada imediatamente. Diante da ausência de previsão, Dias Toffoli, em 15 de janeiro de 2020, decidiu que: • Os processos já instaurados não haveria a modificação do juízo competente; • Nas investigações o juiz continuaria competente até o recebimento da denúncia, depois seria encaminhado para outro juiz. Obviamente que com a decisão do Ministro Fux, em 22 de janeiro de 2020, tal entendimento perdeu relevância, já que está com a eficácia suspensa. 3.9. COMPETÊNCIAS CRIMINAIS DO JUIZ DAS GARANTIAS Estão previstas nos incisos do art. 3º-B do CPP. Vejamos: a) Receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal b) Receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código O APF ocorrerá através da realização da audiência de custódia, introduzida ao CPP pelo art. 310. Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art312... http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 14 deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Eficácia suspensa c) Zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar queeste seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo d) Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal Não está restrito apenas ao inquérito policial. Qualquer início de investigação, a exemplo de uma portaria e do procedimento investigatório presidido pelo MP, deve ser informado ao juiz das garantias que irá verificar sua legalidade. A doutrina sustenta que o juiz também deve ser informado acerca do encerramento da investigação. e) Decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar Toda prisão provisória está sujeita a causa de reserva de jurisdição, devendo ser determinada, após o requerimento, pelo juiz das garantias. Destaca-se que o §1º do art. 3º-B foi vetado, tendo em vista que proibia a realização por vídeo conferência, f) Prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente Nada impede que seja realizada por videoconferência. g) Decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral o Prova antecipada – é produzida com a observância do contraditório real, mas em momento processual distinto do legalmente previsto ou ainda durante o inquérito policial; o Prova irrepetível – é a prova que só pode ser produzida uma única vez, seja por razões óbvias (documentos) ou pelo seu desaparecimento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 15 h) Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo Estando o indivíduo preso, poderá ser prorrogado por mais 15 dias. Art. 3º-B, § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) i) Determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento O juiz das garantias poderá determinar o trancamento do inquérito policial, mas não poderá trancar o PIC. Isso ocorre porque ao determinar o trancamento do PIC o juiz poderá deparar-se com um crime de abuso de autoridade, um juiz de primeiro grau não detém competência em relação aos membros do MP. Assim apenas o tribunal poderá determinar o trancamento do PI, sob pena de violação à competência originária. j) Requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação; k) Decidir sobre os requerimentos de: o Interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação; o Afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; o Busca e apreensão domiciliar; o Acesso a informações sigilosas; o Outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; l) Julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; m) Determinar a instauração de incidente de insanidade mental; n) Decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; o) Assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; p) Deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 16 q) Decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação; r) Outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo 3.10. ABRANGÊNCIA DA COMPETÊNCIA DO JUIZ DAS GARANTIAS Está prevista no art. 3º-C do CPP. Vejamos: Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) a) Infrações de menor potencial ofensivo Não estão abrangidas pela competência do juiz das garantias. b) Tribunais De acordo com uma primeira corrente, nos Tribunais não se aplica o juiz das garantias, pois a colegialidade, por si só, já é um reforça à imparcialidade. Diversamente, uma segunda corrente entende que deveria ser aplicado. c) Júri Na decisão do Ministro Toffoli, a figura do juiz das garantias não seria aplicável no âmbito do Tribunal do Júri. d) Justiça Militar É cabível. e) Justiça Eleitoral A CF, em seu art. 121, prevê que lei complementar irá regulamentar a competência da Justiça Eleitoral. Desta forma, a sistemática do juiz das garantias não se aplica à Justiça Eleitoral f) Maria da Penha Conforme o Ministro Dias Toffoli, o juiz das garantias não se aplica no âmbito da Lei Maria da Penha. Obs.: NÃO existe a figura do MP das garantias, tendo em vista que o MP é parte, podendo atuar em todas as fases. Art. 3º-C § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 17 deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) No sistema anterior à Lei 13.964/2019, o inquérito policial era apensado ao processo, fazendo com que o juiz tivesse contato, com o §3º do art. 3º-C surgem duas correntes: 1ªC – não houve nenhuma alteração. O inquérito policial continuará integrando o processo judicial, nos termos do art. 12 e art. 155 do CPP. Sustentam que deve ser feita uma interpretação restritiva do §3º do art. 3º-C, CPP, pois a lei prevê que os “autos” citados no dispositivo não abrangem os autos do inquérito policial, pois não tramitam perante o juiz das garantias. 2ªC - entende que deverá haver a exclusão física do inquérito policial dos autos do processo judicial. 3.11. VEDAÇÃO ÀEXPLORAÇÃO DA IMAGEM DE PESSOA SUBMETIDA À PRISÃO COMO INSTRUMENTO DE SE CONCRETIZAR O RESPEITO À INTEGRIDADE MORAL DO PRESO O juiz das garantias deve assegurar as regras de tratamento dos presos, nos termos do art. 3º-F do CPP que está em consonância com o art. 13 da Lei de Abuso de Autoridade. Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 4. INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL EM FACE DE SERVIDORES VINCULADOS AOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA A Lei 13.964/2019 introduziu o art. 14-A ao Código de Processo Penal, vejamos sua redação: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 18 Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Destaca-se que não há novidade na redação do caput do art. 14-A do CPP, tendo em vista que todo investigado possui o direito, consagrado na Constituição Federal (art. 5º, LV), de constituir advogado. Além disso, a Súmula Vinculante 14 consagra o direito ao amplo acesso do defensor aos procedimentos investigatórios já documentados. O art. 14-A será aplicado aos servidores que utilizarem força letal no exercício de suas funções, vinculados aos seguintes órgãos de segurança pública: • Polícia Federal; • Polícia Rodoviária Federal; • Polícia Civil; • Polícia Militar; • Corpos de Bombeiros; • Polícias Penais Federais, Estaduais e Distrital; • Militares das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) no exercício de missões da garantia e da ordem. O §1º determina que o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório. Tecnicamente, a expressão “citado” foi utilizada de forma errada, uma vez que a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 19 citação é um ato de comunicação que dá ciência ao acusado sobre a instauração de um processo penal. Portanto, o termo “citação” deverá ser substituído pelo termo “notificação”. Caso o acusado não constitua defensor, a autoridade responsável pela investigação irá intimar a instituição a que pertence o investigado para que seja nomeado defensor. Salienta-se que os vetados §§ 3º, 4º e 5º previam que a defesa caberia preferencialmente à Defensoria, salvo nos locais em que não estivesse instalada. De acordo com as razões de veto, o a prioridade na defesa de agentes de segurança investigados por uso letal da força deve ser da Advocacia-Geral da União e das Procuradorias dos Estados, e não das Defensorias Públicas. Obs.: Na ADI 3022 o STF reconheceu a inconstitucionalidade de Lei Estadual que previa a atribuição da Defensoria Pública para a defesa dos servidores públicos. 5. NOVO PROCEDIMENTO DO ARQUIVAMENTO O Pacote Anticrime alterou a redação do art. 28 do CPP. Vejamos: Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Importante consignar que a eficácia do art. 28, caput, do CPP, na redação dada pela Lei n. 13.964/19, foi suspensa em virtude de medida cautelar concedida pelo Min. Luiz Fux nos autos da ADI n. 6.305 (22/01/2020). Determinou, ademais, nos termos do art. 11, §2º, da Lei n. 9.868/99, que a redação revogada do art. 28 do CPP permaneça em vigor enquanto perdurar esta medida cautelar. ARQUIVAMENTO ANTES DA LEI 13.964/2019 APÓS A LEI 13.964/2019 O Ministério Público apresentava uma promoção de arquivamento ao juiz. O Ministério Público DETERMINA o arquivamento Juiz HOMOLOGAVA. Remessa dos autos à instância de revisão. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 20 No sistema anterior, conforme visto, o arquivamento passava pelo juiz o que contrariava o sistema acusatório, uma vez que o controle acerca da denúncia e do arquivamento deveria ser feito diretamente pelo MP. Além disso, contrariava também a imparcialidade, tendo em vista que o juiz poderia discordar do arquivamento, remetendo aos autos ao Procurador-Geral. Caso o PGJ oferecesse denúncia o mesmo juiz que rejeito o arquivamento seria o responsável pela instrução e julgamento, o que compromete a imparcialidade. 5.1. (IM) POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ART. 28 PELO JUIZ Imagine, por exemplo, que o Promotor entenda que não é caso de transação penal ou de suspensão condicional de processo, o juiz não poderá conceder de ofício. Contudo, poderá remeter os autos para a instância de revisão, mesmo que sua figura não esteja mais prevista no art. 28 do CPP. Portanto, apenas de o juiz não estar mais previsto no art. 28 do CPP continua sendo possível a sua atuação nos casos em que há discordância do Ministério Público, nos termos da Súmula 696 do STF: Súmula nº 696, STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do CPP. 5.2. COMUNICAÇÃO ACERCA DO FIM DO INQUÉRITO Após a determinação do arquivamento, o MP deverá comunicar à vítima, ao investigado e à autoridade policial. Apesar de o art. 28 do CPP não prever, a comunicação também deve ser feita ao juiz das garantias, tendo em vista que deve ser informado da instauração do inquérito, nada mais lógico do que saber do arquivamento. De acordo com Renato Brasileiro, a comunicação ao juiz das garantias deve ser imediata, a fim de que cesse eventual medida cautelar em curso. 5.3. INSTÂNCIA MINISTERIAL No âmbito do Ministério Público Estadual, a instância de revisão caberá ao Procurador-Geral de Justiça, nos termos do art. 10, IX, “d”, da Lei Orgânica do MP. No âmbito do MPF e do MPDFT, como integram o MPU, a instância de revisão ministerial será feita pelas câmaras de coordenação de revisão. Importante consignar que caberá à instância ministerial: a) Confirmar o arquivamento, homologando-o; b) Requisitar diligências; c) Designar outro Promotor para oferecer denúncia. 21 5.4. REEXAME NECESSÁRIO E POSSIBILIDADE DE MANIFESTAÇÃO DA VÍTIMA O encaminhamento para a instância ministerial é obrigatório, trata-se de um reexame necessário. Discordando do arquivamento, a vítima ou seu represente legal, no prazo de 30 dias, poderá apresentar suas razões. Segundo Renato Brasileiro, o investigado também pode apresentar as razões, devendo o §1º do art. 28 do CPP ser interpretado extensivamente. 5.5. RECURSOS CONTRA O ARQUIVAMENTO Antes da Lei 13.964/2019, quando o juiz determinasse o arquivamento do inquérito, nos crimes contra a economia popular e contra a saúde pública (art. 7º da Lei 1.521/51), haveria recurso de ofício e recurso em sentido estrito no caso de contravenção penal. Com as alterações promovidas pelo Pacote Anticrime, como não compete mais ao juiz homologar ou não o arquivamento, não caberá recurso, salvo no caso de determinação de arquivamento pelo PGJ em relação às hipóteses de competência originária. 6. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 6.1. PREVISÃO LEGAL O Pacote Anticrime incluiu o art. 28-A ao CPP, a fim de tratar acerca do acordo de não persecução penal. Vejamos a sua redação: Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art46 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art46 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art46 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art45 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art45 22 semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecuçãopenal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 23 eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 6.2. CONCEITO Segundo Renato Brasileiro, “o acordo de não persecução penal é um negócio jurídico de natureza extrajudicial, necessariamente homologado pelo juiz competente, celebrado pelo MP e o autor do delito, necessariamente assistido por um defensor, que confessa formal e circunstanciadamente a prática de um delito, sujeitando-se ao cumprimento de certas condições não privativas de liberdade, em troca do compromisso do Parquet de não oferecer denúncia, declarando-se ao final a extinção da punibilidade, se o acordo for cumprido”. 6.3. FUNDAMENTO Parte da premissa de que é inviável acusar todos, trabalha-se com uma racionalização do processo penal. O Ministério Público deve preocupar-se com os crimes mais graves, trabalhando com o princípio da oportunidade. 6.4. ORIGEM O acordo de não persecução penal teve origem com a Resolução 181 do CNMP, que sofria críticas por conta de eventual inconstitucionalidade, já que cabe à União legislar sobre Processo Penal. Com o advento do Pacote Anticrime, não há mais discussões acerca da sua inconstitucionalidade. 6.5. DISCRICIONARIEDADE Assim como a transação e a suspensão condicional do processo, o acordo de não persecução penal é um instituto de natureza consensual, tratando-se de uma discricionariedade. Nesse sentindo, o Enunciado 19 CNPG http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 24 Enunciado 19 – O acordo de não persecução penal é faculdade do MP que avaliará, inclusive em última análise (§ 14), se o instrumento é necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime no caso concreto. 6.6. DIREITO INTERTEMPORAL A consequência do cumprimento integral do acordo de não persecução penal é a extinção da punibilidade, matéria de direito penal. Como se sabe, a lei penal benéfica retroage. Diante disso, indaga-se: o acordo de persecução penal será aplicado aos processos em andamento? A orientação do Ministério Público é de que caberá acordo de não persecução penal para fatos praticados antes da vigência da Lei 13.964/2019, desde que não tenha sido oferecida denúncia. Portanto, em relação aos processos em andamento (com oferecimento da denúncia) não será possível a aplicação. Enunciado 20 CNPG - Cabe acordo de não persecução penal para fatos ocorridos antes da vigência da Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. 6.7. REQUISITOS Para a celebração do acordo de não persecução penal devem ser observados alguns requisitos, são eles: a) Viabilidade da persecução penal; b) Infração penal cometida sem violência ou grave ameaça A violência ou grave ameaça, citada no art. 28-A, deve ser praticada na conduta. Portanto, em crimes culposos, ainda que resultem violência contra pessoa, será cabível o acordo. Enunciado 23 CNPG - É cabível o acordo de não persecução penal nos crimes culposos com resultado violento, uma vez que nos delitos desta natureza a conduta consiste na violação de um dever de cuidado objetivo por negligência, imperícia ou imprudência, cujo resultado é involuntário, não desejado e nem aceito pela agente, apesar de previsível. c) Confissão d) Infração penal com pena mínima inferior a 4 anos As causas de aumento e diminuição devem ser levadas em consideração. Enunciado 29 CNPG - Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o artigo 28-A, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto, na linha do que já dispõe os enunciados sumulados nº 243 e nº 723, respectivamente, do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal. 25 6.8. VEDAÇÕES O acordo de não persecução penal não poderáser celebrado quando: a) Cabível transação penal; b) O agente for reincidente; c) O agente for criminoso habitual, reiterado ou profissional, salvo quando as infrações anteriores forem insignificantes O criminoso habitual, referido no art. 28, §2º, II do CPP, não se confunde com crime habitual, em que uma conduta isolada não será suficiente para a caracterização de uma infração penal, a exemplo do exercício ilegal de profissão. Salienta-se que há uma contradição na utilização da expressão “exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas”, tendo em vista que em uma primeira leitura leva ao entendimento que seria a aplicação do Princípio da insignificância. Entretanto, como se sabe, o princípio da insignificância exclui a tipicidade material, portanto, não haveria como existir uma infração penal pretérita. Por isso, a melhor leitura da expressão “insignificância”, de acordo com Renato Brasileiro, é no sentido de infração de menor potencial ofensivo. Enunciado 21 CNPG – Não caberá o acordo de não persecução penal se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas, entendidas estas como delitos de menor potencial ofensivo. d) Agente beneficiado com acordo de não persecução penal, transação ou suspensão condicional nos últimos 5 anos; e) Crime for praticado no âmbito de violência doméstica e familiar (qualquer vítima – homem ou mulher) f) Crime praticado contra mulher por razões da condição de sexo feminino, independentemente se no contexto ou não da violência doméstica ou familiar A Resolução 181 do CNMP vedava o acordo de não persecução penal para os crimes hediondos e equiparados, o art. 28-A não trouxe tal previsão. Segundo Renato Brasileiro, apesar da falta de previsão expressão, deve-se entender que não será cabível. Salienta-se que o art. 116, IV do CP, com redação dada pelo Pacote Anticrime, prevê que não correrá a prescrição enquanto o acordo de persecução penal estiver sendo cumprido. Por fim, na vigência da Resolução 181 do CNMP não era possível a aplicação do acordo para os crimes militares. Não há tal vedação no art. 28-A do CPP, podendo ser celebrado segundo Renato Brasileiro. 6.9. CONDIÇÕES 26 O acordo de não persecução penal não envolve a aplicação de pena, mas impõe condições não privativas de liberdade, que serão observadas pelo juiz da execução penal. a) Confissão formal e circunstancial da prática criminosa Perceba que na transação e na suspensão condicional do processo não é necessária a confissão. Ademais, a confissão não poderá ser utilizada como reconhecimento de culpa, nesse sentido o §12 do art. 28-A do CPP Art. 28-A, § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Havendo a rescisão do acordo, pelo descumprimento das condições, a confissão poderá ser utilizada em eventual processo. b) Reparação do dano ou restituição da coisa c) Renunciar voluntariamente a bens d) Prestação de serviços à comunidade e) Pagamento de prestação pecuniária f) Cumprimento de outras condições indicadas pelo MP 6.10. CONTROLE JURISDICIONAL O acordo é celebrado entre o MP e o autor do delito, mas necessariamente deverá ser homologado pelo Poder Judiciário. 6.11. RESCISÃO E CUMPRIMENTO O não cumprimento das condições do acordo é causa de rescisão do acordo. Com o cumprimento integral do acordo, haverá a extinção da punibilidade. 6.12. RECURSO Caberá RESE contra decisão que recusar a homologação da proposta de acordo de não persecução penal. Art. 581 Caberá recurso, no sentindo estrito, da decisão, despacho ou sentença: (...), XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 27 7. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL 7.1. CONCEITO Trata-se de um acordo de não persecução penal transportado para a Lei de Improbidade Administrativa. LIA Art. 17, § 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo de não persecução cível, nos termos desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) A redação original do art. 17, §1º da Lei 8.429/1992 previa que não seria possível transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade administrativa. Na doutrina havia divergência acerca do cabimento. O Pacote Anticrime acabou com tal discussão. 7.2. REQUISITOS São requisitos para a celebração do acordo de não persecução cível: a) Confissão da prática do ato de improbidade administrativa b) Compromisso de reparação integral do dano c) Compromisso de transferência não onerosa de bens d) Aplicação de uma ou mais das sanções previstas no art. 12 da LIA, a exemplo do perdimento de bens, da suspensão de direitos políticos, da multa, da proibição de contratar com o Poder Público. 7.3. LEGITIMIDADE Não há na Lei de Improbidade a menção de quem são os legitimados para celebrar o acordo de não persecução cível. O art. 17-A previa apenas a legitimação apenas do Ministério Público, mas foi vetado pelo Presidente da República, sob o argumento de que como a legitimidade para propor a ação de improbidade não é de exclusividade do MP, não há sentindo lhe conferir legitimidade exclusiva para a celebração do acordo. Assim, no entender de Renato Brasileiro, o correto é entender que todos os legitimados para propor a ação de improbidade podem celebrar acordo de não persecução cível. 8. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS E RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS A seguir iremos analisar alguns dispositivos do CPP, alterados pelo Pacote Anticrime, que tratam das medidas assecuratórias e da restituição das coisas apreendidas. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art6 28 8.1. ALIENAÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS Antes do Pacote Anticrime, as coisas apreendidas seriam alienadas após o decurso de 90 dias, contados do trânsito em julgado. Não existe mais tal previsão, observe a nova redação do art. 122 do CPP: Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as coisas apreendidas serão alienadas nos termos do disposto no art. 133 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo perdimento tenha sido decretado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão diversa em lei especial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 8.2. DESTINAÇÃO DE OBRAS DE ARTE O art. 124-A foi incluído pelo Pacote Anticrime, prevendo que as obras de artes, quando o crime não tiver vítima certa, podem ser destinadas a museus. Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdimento de obras de arte ou de outros bens de relevante valor cultural ou artístico, se o crime não tiver vítima determinada, poderá haver destinação dos bens a museus públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 8.3. FINALIZAÇÃODO SEQUESTRO O art. 133 trata da finalização do sequestro, o valor apurado será recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, quando não couber a lesado ou terceiro de boa-fé e previsão diversa em lei especial. Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo perdimento tenha sido decretado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão diversa em lei especial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 8.4. UTILIZAÇÃO DE BENS SEQUESTRADOS, APREENDIDOS http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 29 Os bens apreendidos e/ou sequestrados poderão ser utilizados pelos órgãos de segurança pública. Consiste em espécie de medida cautelar, mediante prévia autorização judicial, para atividades de prevenção e repressão ao crime, desde que constatado o interesse público. Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou repressão da infração penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua utilização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do bem pelos demais órgãos públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o qual estará isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua utilização, que deverão ser cobrados de seu responsável. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação de perdimento dos bens, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz poderá determinar a transferência definitiva da propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o bem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Importante consignar que a medida do art. 133-A do CPP poderá ser decretada tanto na fase investigatória quanto na fase judicial. 9. DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO Encontra-se prevista no art. 157, §5º do CPP. Vejamos: Art. 157, § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Em 2008, a Lei 11.690/2008, incluiu a mesma previsão através do art. 157, §4º que à época foi vetado pelo Presidente da República. Por mais que o juiz determine o desentranhamento e a inutilização da prova, o mero contato com a prova possui o condão de prejudicar o julgamento, já que terá exercido, voluntariamente ou não, influência na decisão. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 30 De acordo com Renato Brasileiro, o dispositivo deve ser utilizado com cautela, principalmente, em relação à boa-fé das partes, a fim de que não ocorra a mudança do juiz natural. Justamente, por isso, que o dispositivo se encontra com a eficácia suspensa. 10. CADEIA DE CUSTÓDIA A cadeia de custódia foi introduzida pelo Pacote Anticrime. Apesar disso, já vinha sendo enfrentada pelo STJ e era tratada pela Resolução 82/2014 da Secretaria Nacional de Segurança Pública. 10.1. CONCEITO Trata-se da documentação formal de uma evidência, por exemplo quem apreendeu, quem periciou, como foi acondicionada etc. O melhor exemplo de quebra de cadeia de custódia foi o de O.J. Simpson, acusado de duplo homicídio doloso, tudo levava a crer que era culpado, mas houve diversas irregularidades na obtenção da prova, o que acarretou a sua absolvição. Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A cadeia de custódia inicia-se com: • Preservação do local do crime, a fim de evitar a contaminação; • Procedimentos policiais, a exemplo do encontra de uma arma de fogo em uma blitz da Polícia Militar; • Procedimentos periciais, por exemplo ao examinar um computador o perito indica fotos de pedofilia. 10.2. ETAPAS Encontram-se previstas no art. 158-B do CPP. Vejamos a redação do dispositivo legal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 31
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