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Posse e propriedade

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Sumário 
1. Introdução ............................................................................................ 6 
2. Origem histórica da posse ................................................................... 7 
3. Conceito de posse ............................................................................... 8 
4. Teoria subjetiva da natureza da posse - Savigny, Friedrich Carl Von . 9 
5. Teoria objetiva da natureza da posse - Ihering, Rudolph Von .......... 10 
6. Teoria adotada no Brasil .................................................................... 11 
7. Da detenção ....................................................................................... 11 
8.1.1. Pena ......................................................................................... 11 
8.1.2. Não-plena ................................................................................. 12 
8.2. Própria ......................................................................................... 12 
8.3. Justa ............................................................................................ 12 
8.4. Boa-fé .......................................................................................... 13 
9. Efeitos da posse ................................................................................ 13 
9.1. Proteção Possessória .................................................................. 13 
9.1.1. Ação de manutenção de posse ................................................ 13 
9.1.2. Ação de reintegração ............................................................... 14 
9.1.3. Interdito proibitório .................................................................... 15 
9.2. Legítima defesa e justiça de mão própria ................................... 15 
9.2.1. Legítima defesa (art.25, CP) .................................................... 15 
 
 
 
 
9.2.2. Justiça de mão própria ............................................................. 16 
9.3. Frutos .......................................................................................... 16 
9.3.1. Posse de boa-fé ....................................................................... 16 
9.4. Benfeitorias .................................................................................. 17 
9.4.1. Posse de boa-fé ....................................................................... 17 
9.4.2. Posse de má-fé ........................................................................ 17 
9.5. Indenização pela perda ou deterioração da posse ..................... 17 
9.5.1. Posse de boa-fé ....................................................................... 17 
9.5.2. Na posse de má-fé ................................................................... 17 
10. Aquisição da posse .......................................................................... 18 
10.1. Modos originários ...................................................................... 18 
10.1.1. Apreensão .............................................................................. 18 
10.1.2. Exercício dos direitos ............................................................. 18 
10.2. Modos Derivados ....................................................................... 18 
10.2.1. Sucessão ................................................................................ 18 
10.2.2. Tradição .................................................................................. 18 
11. Perda da posse ................................................................................ 19 
12. Função social da posse ................................................................... 20 
13.1. Espécies .................................................................................... 21 
13.2. Proteção jurídica ........................................................................ 21 
 
 
 
 
13.3. Extinção ..................................................................................... 22 
14. Origem histórica da propriedade ..................................................... 22 
15. Conceito de propriedade ................................................................. 23 
16. Princípios fundamentais da propriedade ......................................... 23 
17. Aquisição da propriedade ................................................................ 24 
18. Modos de aquisição da propriedade ................................................ 25 
18.1. Usucapião: ................................................................................. 25 
19. Perda da propriedade ...................................................................... 26 
20. Direito de vizinhança ....................................................................... 27 
21.Conclusão ......................................................................................... 29 
22.Referências ....................................................................................... 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
1. Introdução 
O presente trabalho tem por objetivo abordar sobre a posse e a propriedade, 
mas concretamente traremos a sua origem histórica, seu conceito e o seu papel no 
direito civil levantando aspectos relevantes. Conhecer ambos institutos é fundamental 
para poder diferenciá-los. 
A metodologia utilizada para a elaboração desse trabalho foi a pesquisa em 
sites da internet e blogs de direito com o auxílio do Código Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
2. Origem histórica da posse 
A origem da posse é um tema com muitas divergências no campo jurídico, pois 
há estudiosos que apontam o direito romano como o primeiro a tratar das diferenças 
entre posse e propriedade e a estabelecer normas de proteção, uma vez que ela pode 
ser identificada desde a época primitiva da humanidade. 
Mas, ainda que a posse seja um dos institutos mais antigos da humanidade, 
antecedendo até mesmo a propriedade, Clóvis Bevilacqua (apud ASSIS NETO, 2014, 
p.1184), tem o seguinte pensamento: 
“Como estado de fato, detenção ou utilização das coisas do mundo externo, (a 
posse) antecedeu, historicamente, à propriedade. [...] Essa posse primitiva teve a sua 
fase coletivista como a propriedade. “os tempos primitivos não conheceram nem um 
sujeito individual do direito, nem uma coisa no sentido moderno da expressão” diz 
HERMANN POST, Grubdlagen des Rechts, p. 332. “Conheceram, apenas, a posse 
econômica de um bem utilizável, posse coletiva de uma tribo, cuja proteção está no 
fato de que o seu perturbador provocaria a cessação da paz e a vingança de sangue, 
se não se dessa a justa compensação”. Depois, com o desenvolvimento intelectual e 
econômico dos povos, a posse se distinguiu da propriedade, criando-se a relação de 
direito ao lado da relação de fato, que continuou a subsistir”. (SANTOS NETO, 2016) 
Por esta linha de pensamento, significa que: 
“os povos primitivos não tinham a ideia de propriedade, não era possível a 
entrega definitiva e em caráter de exclusividade de uma coisa a uma pessoa, a relação 
entre pessoa e coisa se dava, muitas vezes, de forma coletiva, o homem se apossava 
de um bem para se valer deles apenas na garantia de uma satisfação econômica 
imediata, não excluindo a possibilidade dos demais também utilizarem o mesmo bem 
para a mesma finalidade”. (SANTOS NETO, 2016) 
Estabelecer a origem da posse é uma das mais árduas e difíceis tarefas do 
direito, Maria Helena Diniz leciona que “não há entendimento harmônico a respeito da 
origem da posse como estado de fato legalmente protegido” (2010, p. 31 apud 
SANTOS NETO, 2016). 
Sendo a posse um poder de fato que uma pessoa tem sobre a coisa que traz 
consigo, Caio Mário da Silva Pereira aduz que o Direito Romano “foi particularmente 
8 
 
 
 
minucioso ao disciplinar este instituto. Tão cuidadoso que todosos sistemas jurídicos 
vigentes adotam-no por modelo” (2008, p. 15 apud SANTOS, 2016). 
Ou seja, os romanos entenderam que a posse deveria ser protegida 
independentemente do seu possuidor ser ou não proprietário da coisa, devendo 
conferir-lhe tratamento jurídico eficaz, protegendo-se a posse (estado de fato), 
protege-se também a propriedade (estado de direito). Neste sentido, as ideias e os 
conceitos oriundos do direito romano, tornaram-se fontes de inspiração para as teorias 
especialmente de Savigny, Ihering e Saleilles. 
 
 3. Conceito de posse 
A posse é a exteriorização da propriedade, que é o principal direito real; existe 
uma presunção de que o possuidor é o proprietário da coisa. Olhando para vocês eu 
presumo que estas roupas e livros que vocês estão usando (possuindo) são de 
propriedade de vocês, embora possam não ser, possam apenas ser emprestadas, ou 
alugadas, por exemplo. A aparência é a de que o possuidor é o dono, embora possa 
não ser. 
A posse precisa ser estudada e protegida para evitar violência e manter a paz 
social; assim se você não defende seus bens (§ 1º do art. 1210, CC) e perde a posse 
deles, você não pode usar a força para recuperá-los, precisa pedir à Justiça. Você 
continua proprietário dos seus bens, mas para recuperar a posse da coisa esbulhada 
só através do juiz, para evitar violência. 
A posse existe no mundo antes da propriedade, afinal a posse é um fato que 
está na natureza, enquanto a propriedade é um direito criado pela sociedade; os 
homens primitivos tinham a posse dos seus bens, a propriedade só surgiu com a 
organização da sociedade e o desenvolvimento do direito. 
A posse é o estado de fato que corresponde ao direito de propriedade. 
Como a posse não é direito, a propriedade é mais forte do que a posse. 
Dizemos que a posse é uma relação de fato transitória, enquanto a propriedade é uma 
relação de direito permanente, e que a propriedade prevalece sobre a posse (súmula 
487 do STF: será deferida a posse a quem tiver a propriedade). 
No Código Civil, encontra-se sobre a posse nos artigos 1.196 ao 1.224. 
9 
 
 
 
4. Teoria subjetiva da natureza da posse - Savigny, Friedrich 
Carl Von 
Para Savigny, a posse é sempre fato, mas se torna direito quando se juridiciza. 
Sua teoria surgiu de uma tentativa de reconstrução da posse no Direito Romano. Para 
haver a configuração da posse, chamada por Savigny "posse civil", deve haver na 
relação fática dois elementos necessários: 
a) "corpus" (elemento material): possibilidade física de exercer sobre a coisa os 
poderes inerentes ao domínio (apreensão da coisa). 
b) "animus rem sibi habendi" ou "animus domini" (elemento espiritual): 
vontade de ter a coisa como sua, ou seja, não basta a possibilidade de exercer poder 
sobre a coisa, o sujeito da posse tem vontade de ser seu proprietário (e não apenas 
vontade de agir como se fosse o proprietário- "affectio tenendi"). 
Havendo, portanto, o corpus e o animus domini, configura-se a posse. 
Havendo o corpus, mas apenas o affectio tenendi, configura-se apenas detenção, 
fato desprovido de efeitos jurídicos (sem proteção), a que ele chama de "posse 
natural". 
Há também a possibilidade de haver apenas o corpus, configurando-se, então, 
nem a posse nem a detenção, mas apenas um fato de tença. No entanto, esta 
possibilidade, desconsiderada por Savigny, não tem relevância à ciência do direito, 
tendo em vista só existir entre elementos da natureza que não o homem: este só tem 
poder sobre uma coisa com alguma espécie de animus, tendo em vista a sua 
qualidade racional. 
Enfim, esta teoria, que se concentra no animus do possuidor, conceitua como 
posse a possibilidade física do possuidor de exercer sobre a coisa poderes inerentes 
à propriedade, desde que o possuidor possua a intenção de ser seu proprietário 
("animus domini"). Desconsidera, portanto, como posse as relações fáticas em que o 
sujeito detém a coisa sem "animus domini", ou seja, com "animo nomine aliene" 
(vontade de exercer poder sobre a coisa alheia), como ocorre nos casos de locação, 
comodato, etc, quando então são consideradas como detenção. Como se percebe, a 
teoria de Savigny elitiza a proteção possessória, sendo poucos os casos que se 
enquadram no seu conceito de posse. 
10 
 
 
 
POSSE = C + A 
DETENÇÃO = C + a 
5. Teoria objetiva da natureza da posse - Ihering, Rudolph Von 
Para Ihering, posse é a relação de fato entre pessoa e coisa para fim de sua 
utilização econômica, seja para si, seja cedendo-a para outrem, para ele a posse é 
sempre direito. 
Sua teoria surgiu da noção de destinação econômica da propriedade: o 
proprietário só pode utilizar economicamente a coisa que lhe pertence tendo sua 
posse, seja utilizando-a imediatamente (usando a coisa por si mesma), seja utilizando-
a mediatamente (cedendo a coisa a outrem). Assim, para haver a configuração da 
posse, deve haver dois elementos essenciais: 
a) "corpus" (elemento material): relação entre o sujeito e a coisa, exteriorizada 
como se fosse entre o proprietário e a propriedade, ou seja, uma relação fática com 
aparência de propriedade; 
b) "affectio tenendi" (elemento espiritual): vontade de agir como se fosse o 
proprietário, ou seja, vontade de proceder como procederia o proprietário da coisa (e 
não vontade de ser o proprietário da coisa- animus domini). 
A teoria objetiva de Ihering contrapõe-se veementemente à teoria subjetiva de 
Savigny, concentrando-se no "corpus" da posse, conceituando a posse como a 
relação fática que exterioriza a possibilidade de exercício de algum poder real sobre 
a coisa, repelindo o seu condicionamento ao "animus domini" (não há um verdadeiro 
condicionamento ao "affectio tenendi", visto ser este um elemento psicológico que 
exsurge naturalmente com a configuração do corpus): a posse existirá sempre que 
ocorrer a "exteriorização da propriedade" e deixará de existir sempre que essa 
exteriorização se extinguir. A detenção, nesta teoria, não se configura por uma 
diferença fática, mas apenas por uma diferença legal: haverá detenção quando houver 
preceito legal retirando a condição de posse de uma relação fática que poderia ser 
considerada como posse (são os servidores da posse, v.g., zelador). 
Enfim, esta teoria considera como posse relações fáticas que seriam 
consideradas apenas detenção pela teoria subjetivista, quais sejam elas as relações 
fáticas em que há poder sobre a coisa com "animo nomine aliene", como é o caso da 
11 
 
 
 
locação, do comodato, etc; admitindo também, nestes casos, o fenômeno do 
desdobramento da posse, surgindo a classificação da posse em direta em indireta. 
Como se percebe, a teoria objetiva ampliou bastante a proteção possessória em 
relação à teoria subjetiva. 
POSSE = C + a 
DETENÇÃO = C + a - n 
 
6. Teoria adotada no Brasil 
A teoria que predominou nas legislações em todo o mundo, inclusive no Brasil, 
foi a teoria objetiva de Ihering. No entanto, no Brasil, como em todo o mundo, não 
pode se considerar que houve uma adoção pura da teoria objetiva, podendo ser 
encontradas concessões à teoria subjetiva 
 
7. Da detenção 
Então posse é menos do que propriedade, e DETENÇÃO é menos do que 
posse. Existe um estado de fato inferior à posse que é a detenção. 
A detenção é o estado de fato que não corresponde a nenhum direito (art.1198). 
Ex: o motorista da empresa de ônibus; o motorista doméstico em relação ao carro do 
patrão; o bibliotecário em relação aos livros, o caseiro de sua granja, casa de praia, 
etc. Tais pessoas não têm posse, mas mera detenção por isso jamais pode adquirir a 
propriedade pela usucapião dos bens que ocupam, pois só a posse prolongada enseja 
usucapião, a detenção prolongada não enseja nenhum direito. O detentor é o fâmulo, 
ou seja, aquele que possui a coisa em nome do verdadeiro possuidor, obedecendo 
ordens dele. Vide ainda art. 1208 que se refere à tolerância, ex: aquela pessoa que 
atravessa nossoterreno para encurtar caminho não adquire posse da passagem. 
 8. Classificação da posse 
8.1.1. Pena 
É a posse que ainda não foi desdobrada. 
 
12 
 
 
 
8.1.2. Não-plena 
É a posse resultante do desdobramento. Em caso de desmembramento, surge 
uma segunda classificação: 
a) Direta (imediata): surgida após o desdobramento, é a posse do novo 
possuidor; 
b) Indireta (mediata): surgida após o desdobramento, é a posse do possuidor 
anterior. 
A posse é passível de um fenômeno chamado desdobramento ou 
mediatização, através do qual o possuidor concede, mediante negócio jurídico válido, 
os poderes de sua posse a outrem, sem, no entanto, que sua posse se extinga. Este 
fenômeno que permite a coexistência de diversos titulares da posse, configura-se, na 
prática, inicialmente quando o proprietário do bem, tendo sua posse plena, mediatiza-
a através de um título obrigacional (ex.: contrato de locação), passando a não mais 
ter posse plena, mas a posse indireta (ou mediata) do bem. O contratante que recebeu 
então a posse do bem tem a posse direta (ou imediata). A partir desta fase inicial, a 
posse pode se mediatizar quantas vezes se quiser, bastando a vontade (declarada 
em negócio jurídico) de quem possui o bem e de quem quiser possuir. 
 
8.2. Própria 
É a posse titulada, ou seja, é a posse fundada em título causal. Ex.: a posse do 
locatário, que é fundada no contrato de locação (título do direito das obrigações). 
Não-própria: é a posse não-titulada. 
8.3. Justa 
É a posse isenta de vícios. 
Injusta: é a posse viciada, ou seja, decorrente de violência, clandestinidade ou 
precariedade. 
A Just idade da posse é avaliada, portanto, objetivamente: basta ver se houve 
a caracterização de vício ou não. Os vícios são: a) violência: obter-se a posse 
mediante ato de violência (esbulho), b) clandestinidade: obter-se a posse através de 
13 
 
 
 
subterfúgios, manobras que mascaram a obtenção; c) precariedade: obter-se a posse 
com abuso de confiança. 
 
8.4. Boa-fé 
É a posse sem vícios, ou a posse viciada em que o possuidor ignora o vício. 
Má-fé: é a posse sem vícios em que o possuidor a supõe viciada, ou a posse 
viciada em que o possuidor sabe do vício. 
A fé da posse é avaliada, portanto, subjetivamente em relação ao possuidor: 
deve-se ver se ele teve ou não a intenção de agir com maldade. 
 
9. Efeitos da posse 
9.1. Proteção Possessória 
Com inspiração no Direito Romano, a proteção possessória no nosso direito 
está sustentada num tripé formado por três interditos possessórios: as ações de 
manutenção de posse, de reintegração de posse e o interdito proibitório. Estes 
interditos não se preocupam em discutir a propriedade do bem, mas sim em aplicar o 
princípio da conservação do fático ("quieta non movere"): apenas se propõem a 
solucionar rapidamente a agressão infringida à relação de poder entre a coisa e o 
agredido, independente do direito de propriedade. 
Às duas primeiras pode-se cumular pedido de indenização, tanto patrimonial 
como moral; à última pode-se cumular apenas pedido de indenização moral: 
 
 9.1.1. Ação de manutenção de posse 
A ação de manutenção de posse tem como pressuposto a turbação, ou seja, 
tem como pressuposto que o possuidor, no exercício da sua posse, tenha sofrido 
embaraços, mas sem perdê-la. 
Caso o turbador possua melhor posse que o turbado, existe uma condição à 
ação de manutenção de posse: que a posse do possuidor atual date de mais de ano 
e dia. Porém, isto se toma desnecessário tendo o possuidor atual melhor posse que o 
14 
 
 
 
turbador (entenda-se por "melhor" a posse fundada em justo título; se ambas forem 
fundadas em justo título ou não houver justo título, a posse mais antiga; se ambas as 
posses forem da mesma data, a posse atual). 
O procedimento aplicado a essa espécie de ação depende da data da turbação 
(CPC, art. 924): 
- Se a turbação for de menos de ano e dia: o procedimento a ser aplicado é o 
sumário, regido pelo CPC, artigos 920 ao 93l; 
- Se a turbação for de mais de ano e dia: o procedimento a ser aplicado deve 
ser o ordinário. 
No procedimento sumário, o possuidor postula ao juiz que lhe expeça mandado 
liminar de manutenção, devendo provar, porém (CPC, art. 927): 
a) a existência da sua posse e sua continuidade; 
b) a ofensa contra a posse, ou seja, a turbação; 
c) a data da turbação. 
O procedimento ordinário não perde seu caráter possessório (CPC, art. 924). 
 
9.1.2. Ação de reintegração 
A ação de reintegração tem como pressuposto o esbulho, ou seja, tem como 
pressuposto que o autor tenha sido desapossado do bem. 
Como na ação de manutenção de posse, caso o esbulhador possua melhor 
posse que o esbulhado, existe uma condição à ação de reintegração de posse: que a 
posse do esbulhado date de mais de ano e dia. Porém, isto se torna desnecessário 
tendo o esbulhado melhor posse que o esbulhador (entenda-se por "melhor" a posse 
fundada em justo título; se ambas forem fundadas em justo título ou não houver justo 
título, a posse mais antiga; se ambas as posses forem da mesma data, a posse atual). 
Assim, também como na ação de manutenção de posse, o procedimento 
aplicado a essa espécie de ação depende da data do esbulho (CPC, art. 924): 
- Se o esbulho for de menos de ano e dia: o procedimento a ser aplicado é o 
sumário, regido pelo CPC, arts.920 ao 931; 
- Se o esbulho for de mais de ano e dia: o procedimento a ser aplicado deve 
ser o ordinário. 
15 
 
 
 
No procedimento sumário, o possuidor postula ao juiz que lhe expeça mandado 
liminar de reintegração, devendo provar, porém (art. 927): 
a) a existência de posse sua e sua perda; 
b) a ofensa contra a posse, ou seja, o esbulho; 
c) a data do esbulho. 
O procedimento ordinário não perde seu caráter possessório (CPC, art. 924). 
 
9.1.3. Interdito proibitório 
O interdito proibitório tem como pressuposto ameaça de turbação ou esbulho 
(v.g., cartaz na frente do terreno dizendo o bem é de posse do Fulano, estando o 
Beltrano está na posse do bem). Consiste em uma defesa preventiva da posse pelo 
possuidor, a qual está ameaçada. O possuidor postula ao juiz que lhe expeça 
mandado proibitório, cominando multa pecuniária para o caso de descumprimento, 
devendo provar, porém: 
a) a existência da sua posse; 
b) a ameaça de ofensa contra a posse, seja turbação, seja esbulho. 
 
9.2. Legítima defesa e justiça de mão própria 
Conforme dispõe o Código Civil em seu art.188, não se constituem atos ilícitos 
os atos praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito 
reconhecido. 
A legítima defesa da posse e a justiça de mão própria podem ser exercidas: 
a) pelo possuidor direto; 
b) pelo representante legal; 
c) pelo servidor da posse; 
d) se também agredir a esfera jurídica do possuidor mediato, por este. 
9.2.1. Legítima defesa (art.25, CP) 
Se dá no mesmo momento da agressão à posse, seja ela turbação iminente 
ou. É um ato de defesa da posse que ocorre apenas no mundo fático, visto a incidência 
16 
 
 
 
de uma norma jurídica com efeito de pré-exclusão de juridicização (art.188). Ou seja, 
a norma inscrita no art.188 tem como efeito a pré-exclusão da juridicização da legítima 
defesa, defesa esta que, se não ocorresse este efeito da norma, se juridicizaria como 
ato ilícito (art.186). 
A legítima defesa deve, porém, além de tempestiva (no mesmo momento da 
agressão), ser adequada e proporcional, ou seja, ser razoável, respondendo o agente 
da legítima defesa pelos excessos cometidos. 
 
9.2.2. Justiça de mão própria 
Dá-se no momento em que o agente se confronta com o esbulho ("in ipso 
congressu"). É um ato de defesa da posse através do qual se exercita um direito 
excepcional de fazer justiça com as próprias mãos. 
Assim como a legítima defesa, deve, além de tempestiva (no momento do 
encontro do agente com o esbulho), ser adequada e proporcional, ou seja, ser 
razoável, respondendo o agenteda justiça de mão própria responder pelos excessos 
cometidos. 
 
9.3. Frutos 
Possui dois efeitos distintos, conforme a posse seja de boa-fé ou de má-fé. 
 
9.3.1. Posse de boa-fé 
O possuidor: 
1. tem direito aos frutos percebidos; 
2. tem direito à indenização pelas despesas do custeio dos frutos 
pendentes9.3.2. Posse de má-fé 
O possuidor: 
a) não tem direito aos frutos percebidos, devendo indenizar os que percebeu; 
b) tem direito à indenização pelas despesas de custeio dos frutos percebidos e dos 
frutos pendentes, em observância ao princípio da proibição ao enriquecimento ilícito. 
17 
 
 
 
9.4. Benfeitorias 
Possui dois efeitos distintos, conforme a posse seja de boa-fé ou de má-fé. 
 
9.4.1. Posse de boa-fé 
O possuidor: 
a) tem direito à indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias; 
b) tem o direito de retenção sobre as benfeitorias úteis e necessárias ("jus 
retentionis"); 
c) tem o direito de levantar sobre as benfeitorias voluptuárias ("jus tolendi"). 
 
9.4.2. Posse de má-fé 
O possuidor: 
a) tem direito à indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, 
b) tem o direito de levantar sobre as benfeitorias voluptuárias ("jus tolendi"); 
 
9.5. Indenização pela perda ou deterioração da posse 
Possui dois efeitos distintos, conforme a posse seja de boa-fé ou de má-fé. 
 
9.5.1. Posse de boa-fé 
O possuidor de boa-fé tem o dever de indenizar apenas a perda ou deterioração 
do bem a que deu causa. 
 
9.5.2. Na posse de má-fé 
O possuidor de má-fé tem o sempre o dever de indenizar a perda ou 
deterioração do bem, ainda que não tenha dado causa. 
 
 
18 
 
 
 
10. Aquisição da posse 
A posse pode ser adquirida de modo originário ou derivado. 
 
10.1. Modos originários 
Nos modos originários de aquisição de posse não há deslocamento de 
titularidade. A titularidade adquirida pelo possuidor nada tem a ver com a titularidade 
anterior que recaia sobre o bem. 
 
10.1.1. Apreensão 
Aquisição da posse pela tomada do poder de fato sobre a coisa, pela tomada 
da coisa para si. Exemplo: ladrão que rouba uma bolsa. 
 
10.1.2. Exercício dos direitos 
É a aquisição da posse pela possibilidade de exercer o poder contido num 
direito. 
 
10.2. Modos Derivados 
Nos modos derivados de aquisição de posse há deslocamento da titularidade 
do possuidor anterior para o novo, transmitindo-se todas as suas características. 
 
10.2.1. Sucessão 
1. Sucessão a título universal 
2. Sucessão a título particular 
 10.2.2. Tradição 
a) Tradição material (ou real ou efetiva): ocorre quando há a entrega da coisa, 
em observância a um negócio jurídico causal, isto é, é a passagem física do corpus, 
19 
 
 
 
no mundo fático, realizando o que já se consumou no mundo jurídico através de um 
negócio jurídico causal. 
b) Tradição ficta: a) Tradição simbólica: ocorre com a feitura de gestos que 
apontam inequivocamente o propósito de se transmitir a posse (exemplo: a entrega 
da chave do carro); b) Tradição consensual: ocorre com a modificação apenas do 
animus do possuidor, por causa de duas hipóteses: - traditio brevi manu: o possuidor 
que tinha a posse da coisa em nome alheio passa a possuir a coisa própria, ou seja, 
houve uma modificação apenas no animus do possuidor, que antes agia como se a 
coisa fosse sua (affectio tenendi) e passou agir como proprietário da coisa (animus 
domini). Exemplo: o locatário que compra o imóvel em que é inquilino; - constitutum 
possessorium (constituto possessório): o possuidor que tinha a posse da coisa própria 
passa a ter apenas a posse direta, ou seja, houve uma modificação apenas no animus 
do possuidor, que antes agia como proprietário da coisa (animus domini) e passou a 
agir apenas como se a coisa fosse sua (affectio tenendi). Exemplo: alienação fiduciária 
de um carro. 
 
11. Perda da posse 
São hipóteses de perda da posse: 
a) Abandono: é a perda da posse pelo desaparecimento do corpus e do animus, 
devido a ato de vontade do possuidor, visando livrar-se da coisa. O possuidor 
exterioriza seu intento de livrar-se da posse, rompendo voluntariamente sua 
proximidade física com a coisa. 
b) Tradição: é a perda da posse pelo desaparecimento do corpus e do animus, 
devido à entrega da coisa pelo possuidor a outrem por motivo de negócio jurídico 
causal. É o título causal que dirá se a perda da posse é total ou se há apenas o 
desdobramento. 
c) Perda da coisa: é a perda da posse pelo desaparecimento do corpus, devido 
ao desaparecimento da coisa. Com a perda coisa, há uma ruptura da proximidade 
física do possuidor com a coisa. 
d) Destruição: é a perda da posse pelo desaparecimento do corpus, devido à 
destruição da coisa. 
20 
 
 
 
e) Posse de outrem: é a perda da posse pelo desaparecimento do corpus, 
devido à posse de outrem, afastando a posse anterior. 
f) Extra comercialidade: é a perda da posse pelo desaparecimento do corpus, 
devido ao fato do bem ter sido posto fora do comércio. A extra comercialidade pode 
ser decretada através da lei (exemplo: não é permitida a posse de bens 
contrabandeados). 
g) Constituto possessório: é a perda da posse pelo desaparecimento do 
animus, devido a um negócio causai com "cláusula constituti". O possuidor deixa de 
ter posse plena para ter apenas posse direta (não-plena). 
 
12. Função social da posse 
Muito se fala em função social da propriedade, mas esquecem da figura da 
função social da posse que também é estabelecida no ordenamento jurídico brasileiro. 
Como exemplo o artigo 1228, §4° que trata da desapropriação por posse trabalho ou 
por posse pró-labore. Como requisitos: Imóvel de extensa área e considerável número 
de pessoas por mais de 5 anos, com posse ininterrupta e de boa-fé realizando nessa 
área obras e serviços de interesse social. 
Não é espécie de usucapião, em virtude do artigo 1228, §5° falar em 
pagamento. Posição majoritária que o instituto deve ser aplicado em virtude da função 
social da posse. Se os possuidores são de baixa renda a indenização deve ser paga 
pelo estado e não se aplica a bem público, depois com novo entendimento, aplica-se 
à bens públicos dominicais. 
Outro exemplo de função social da posse, é o artigo 1238 que trata da 
Usucapião Extraordinário, onde traz a redução do prazo para 10 anos se o possuidor 
usar o imóvel como moradia ou realizar obras ou serviços de caráter produtivo. O 
artigo 1242, parágrafo único também tem redução do prazo de 10 para 5 anos a 
usucapião ordinário pela destinação ao bem. Sendo assim, se consagra tal 
possibilidade de atribuir função social ao instituto da posse. 
21 
 
 
 
13. Composse 
A composse se verifica quando duas ou mais pessoas exercem, ao mesmo 
tempo, poderes possessórios sobre a mesma coisa. 
De acordo com o art. 1.199 do Código Civil, "se duas ou mais pessoas 
possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, 
contanto que não excluam os dos outros compossuidores". 
Admite-se a composse em todos os casos em que ocorre o condomínio. 
 
13.1. Espécies 
a) Composse pro diviso é aquela em que há uma divisão de fato da posse para 
utilização pacífica do direito de cada compossuidor; 
 b) Composse pro indiviso é aquela em que todos os compossuidores exercem, 
ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, os poderes de fato; 
 c) Composse simples é aquela em que cada um dos compossuidores pode 
exercer sozinho o poder de fato sobre a coisa, sem prejuízo do exercício de tal poder 
pelos demais compossuidores; 
 d) Composse em mão comum é aquela em que somente todos os 
compossuidores, em conjunto, podem exercer o poder de fato sobre a coisa. 
13.2. Proteção jurídica 
Dispõe o art. 1.199, do Código Civil, “Se duas ou mais pessoas possuírem coisa 
indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não 
excluam os dos outros compossuidores”. 
Entende-se, assim, possível ao compossuidor valer-se dos interditospossessórios para proteger sua posse. Pode a companheira, por exemplo, defender-
se pelos interditos possessórios em face do companheiro, seu compossuidor, que a 
coloca para fora do imóvel antes habitado em comunhão. 
Com relação a terceiros, qualquer dos compossuidores poderá usar os 
remédios possessórios, tal como acontece no condomínio (art. 1.314 do CC). 
Desta forma, também, nenhum dos compossuidores pode excluir a posse do 
outro compossuidor ou dar posse a terceiro sem anuência dos demais. 
22 
 
 
 
 13.3. Extinção 
A composse extingue-se por vontade das partes, que podem intentar ação 
declaratória para delimitar o âmbito da posse, ou quando o motivo que assim a fez 
desaparece, como ocorre, por exemplo, na partilha da herança, em que cada 
compossuidor recebe seu quinhão. 
 
14. Origem histórica da propriedade 
Constituição de 1824 “Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos 
dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a 
propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte: 
XXII. É garantido o Direito de Propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem 
público legalmente verificado exigir o uso, e emprego da Propriedade do Cidadão, 
será ele previamente indenizado do valor dela. A Lei marcará os casos, em que terá 
que julgar esta única exceção, e dará as regras para se determinar a indenização.” 
Na Constituição de 1823 começou a garantia do direto da propriedade, mas 
não tinha uma função social, um direito fundamental, individual, pleno e absoluto. 
Lei nº 601 de 18 de setembro de 1850, que ficou conhecida como a Lei de 
Terras, com os acontecimentos da época o Brasil se viu obrigado a regulamentar a 
posse de terras, assim as terras não poderiam mais ser doadas, e sim compradas. 
Em 1916 no Código Civil, preocupava-se apenas em “proteger” o bem jurídico 
da atuação violenta e abusiva do Estado, numa clara manifestação da separação 
clássica entre Direito Público e Direito Privado. 
A Constituição de 1934 previa, em seu art. 113, 17, a garantia ao direito de 
propriedade. 
A Constituição, de 1967 após a Emenda Constitucional n. 01/69 e o Ato 
Institucional n. 5, a propriedade (art. 153, § 22) sobre a desapropriação por 
necessidade ou utilidade pública ou por interesse social e sobre a requisição 
administrativa. 
 Já o Código Civil de 2002, seguindo os passos da Constituição Federal de 
1988, prevê expressamente a funcionalização da propriedade, abandonado o caráter 
23 
 
 
 
individualista e absoluto tão presente no Código anterior, apesar de presumi-la plena 
e exclusiva, até prova em contrário (art. 1.231, CC/02). Assim, dispõe que: 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o 
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
§1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas 
finalidades econômicas, sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade 
com o 
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio 
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do 
ar e das águas. (...) §3º O proprietário pode ser privado da sua coisa, nos casos de 
desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como 
no de requisição, em caso de perigo público iminente. (Código Civil de 2002) 
 
15. Conceito de propriedade 
Direito de Propriedade é o direito quem a pessoa física ou jurídica tem, dentro 
dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, 
bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha; Diniz (2002, p. 119) 
A Propriedade está previsto no art. 1228 do parágrafo ao 5 do Código Civil, 
assim podendo entender que o direito da propriedade é a garantia que a pessoa física 
ou jurídica tem de seu bem, assim sendo estabelecidas normas pelo ordenamento 
jurídico. 
 
16. Princípios fundamentais da propriedade 
a) Oponibilidade erga omnes: o direito de propriedade é oposto contra qualquer 
pessoa da sociedade humana que o viole – caráter absoluto. 
b) Publicidade: o direito de propriedade só é oponível quando se torna público, 
e a propriedade se torna pública pelo registro. O registro dá publicidade à propriedade. 
c) Perpetuidade: o direito de propriedade é perpétuo. Não é obrigatório. A 
propriedade só desaparece por vontade do proprietário ou por determinação legal. 
Existe uma exceção que é a propriedade resolúvel. 
24 
 
 
 
d) Exclusividade: não é um princípio absoluto. Exceção: condomínio. 
e) Elasticidade: a propriedade pode se distender ao máximo ou comprimir ao 
máximo à vontade do proprietário. Quando o proprietário detém todos os poderes, há 
a propriedade plena. Quando um dos poderes é retirado do proprietário, chama-se 
propriedade limitada, o mesmo que direito reais sobre coisas alheias. Ex: superfície, 
usufruto, hipoteca. 
 
17. Aquisição da propriedade 
A aquisição pode ser feita de forma ORIGINÁRIA ou DERIVADA. 
O modo de aquisição a título originário é um ato próprio, ocorre quando a coisa 
se encontra desvinculada de qualquer relação com o titular anterior e sem que haja 
relevância com o antecessor. 
 O caso típico de modo originário de aquisição de propriedade é a usucapião. 
O usucapiente não recebe a coisa do usucapido. Seu direito de aquisição não decorre 
do antigo proprietário, mas do direito resultante da sentença. 
Quanto à desapropriação, também é considerada uma aquisição originária, já 
que independe da vontade do proprietário. O Estado não compra a coisa, ele a 
incorpora por ato próprio. O Estado não paga um preço e sim uma indenização. 
Outro exemplo de aquisição originária é a acessão. 
 A aquisição derivada ocorre quando a transmissão é feita de um proprietário a 
outro, por ato inter vivos ou causa mortis. A coisa chega ao adquirente com as 
mesmas características anteriores, não se extingue o ônus. Ex: Servidão, hipoteca, 
compra e venda e doação. 
 A aquisição também pode ser GRATUITA ou ONEROSA. A gratuita se dá 
quando a propriedade é adquirida sem contraprestação, como no caso da doação. Na 
onerosa, existe uma contraprestação, como na compra e venda. 
 A aquisição da propriedade também pode ser SINGULAR ou UNIVERSAL. No 
primeiro caso, se refere a uma coisa determinada, como comprar uma casa. No 
segundo caso, se adquire uma universalidade de direitos. Exemplo: sucessão aberta. 
25 
 
 
 
18. Modos de aquisição da propriedade 
18.1. Usucapião: 
É modo originário de aquisição do domínio, através da posse mansa e pacífica, 
seu principal elemento, por determinado lapso de tempo. Constitui direito à parte e 
independente de qualquer relação jurídica com o anterior proprietário. Fundamenta-
se no propósito de consolidação da propriedade, estimulando a paz social e diminui 
para o proprietário o ônus da prova de domínio. É modo de premiar a quem produz na 
terra, na opinião de Silvio Rodrigues. Ocupando-a e pondo-a a produzir. 
Há várias espécies de usucapião: 
a) Usucapião extraordinária- é aquela que se adquire quando há má-fé, 
em quinze anos, mediante prova de posse mansa e pacífica e ininterrupta, art. 
1.238, CC; 
b) Usucapião ordinária- é aquela que se confere ao possuidor de boa-fé, 
em dez anos, mediante prova de posse mansa e pacífica acompanhada de 
justo título, art. 1.242 CC. 
No novo Código Civil, temos ainda a usucapião rural e a urbana: 
c) Rural- 5 anos de ocupação sem oposição de imóvel rural, não superior 
a 50 hectares, desde que a torne produtiva com seu trabalho, e nela resida sem 
que seja proprietário de outro imóvel; 
d) Urbana- 5 anos de ocupação sem oposição de imóvel urbano de até 
250 m² utilizando para fins de moradia sem que seja proprietário de outro 
imóvel. 
Temos ainda outra forma de usucapião, que ocorre quando alguém adquire um 
imóvel através de um título anterior devidamenteregistrado, só que descobre que 
aquele era falso. Assim, anulando-se o instrumento, anula-se o registro. Pelo princípio 
da continuidade, ficou sem ser proprietário, passa a ser posseiro e pode adquirir 
novamente o imóvel em 5 anos, a partir do cancelamento. 
O Estatuto das Cidades prevê a usucapião individual e a coletiva, sendo esta 
última aquela que favorece as comunidades carentes. 
 O novo Código reduziu os prazos da usucapião, todavia aplica-se a regra do 
art. 2.028 do CPC. 
26 
 
 
 
O art. 1238 do CPC, § único, diminuiu o tempo da usucapião extraordinária de 
15 para 10 anos. Já o art. 1.242, parágrafo único, estabelece o prazo de 5 anos 
quando alguém perde o registro anterior; serve para dar oportunidade ao proprietário 
nos 2 anos acrescidos para reivindicar a posse. É uma segurança jurídica. 
O segundo modo de adquirir a propriedade imóvel é o registro do título 
aquisitivo. O registro também é regido por princípios gerais como constitutividade, 
prioridade, continuidade, publicidade, legalidade, especialidade etc. 
O terceiro modo de adquirir a propriedade é pelas acessões. Há cinco 
modalidades de acessões no Código Brasileiro: I- por formação de ilhas; II- por 
aluvião; III- por avulsão; IV- por abandono de álveo; V- por plantações ou construções. 
Art. 1.248 do CC. 
Acessões são acréscimos que a coisa sofre no seu valor ou no volume em 
razão de elemento externo. 
 
19. Perda da propriedade 
A perda da propriedade ocorre pela alienação, renúncia, abandono, 
perecimento do imóvel ou desapropriação. 
Alienação é um contrato oneroso bilateral, mediante a transferência da coisa. 
É uma forma de extinção subjetiva do domínio, em que o titular desse direito, por 
vontade própria, transmite a outrem seu direito sobre a coisa. Essa transmissão pode 
ser a título gratuito, como a doação, ou oneroso, como a compra e venda. 
Renúncia é um ato unilateral, pelo qual o proprietário declara, expressamente, 
o seu intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa, em favor de terceira pessoa 
que não precisa manifestar sua aceitação. Em se tratando de bem imóvel, a renúncia 
tem que ser por escritura pública e deve ser levada a registro. 
Abandono é o ato unilateral, sem qualquer formalidade, em que o titular do 
domínio se desfaz, voluntariamente, do seu imóvel, porque não quer mais continuar 
sendo, por várias razões, o seu dono; é necessária a intenção abdicativa; simples 
negligência ou descuido não a caracterizam. No abandono, não há conhecimento de 
terceiros. 
27 
 
 
 
O perecimento do imóvel é a extinção do direito de propriedade, pela perda da 
coisa que lhe servia de objeto. Pode decorrer de ato involuntário, se resultante de 
acontecimentos naturais, quando o mar invade um terreno, ou de ato voluntário do 
titular do domínio, como no caso de destruição. 
Desapropriação é o ato involuntário de perda da propriedade privada, por 
intervenção do Poder Público, fundado em necessidade pública, utilidade pública ou 
interesse social, adquirindo-o, mediante prévia e justa indenização. 
 
20. Direito de vizinhança 
Diante dos infinitos, e mais diferentes casos de conflitos entre vizinhos, a 
legislação brasileira estabeleceu regras, direitos e deveres, para que moradores que 
residam próximos não venham a conviver em uma verdadeira e constante “guerra”. 
A previsão do Direito de Vizinhança, que, grosseiramente falando, nada mais é 
do que limitações ao uso da propriedade imóvel, edificou emaranhado de normas no 
Código Civil brasileiro de 2002 (CC/02) visando coordenar e regular a convivência 
pacífica dos moradores vizinhos. 
Tais previsões encontram-se do art. 1.277 ao 1.313, do CC/02 e traz diversas 
seções normativas elencando os direitos e deveres dos moradores quando se trata 
de respeitar e limitar suas ações ao se deparar com as propriedades vizinhas. 
Pode ser citado como exemplos, o que fazer quando há risco do prédio vizinho 
ruir (art. 1280, CC/02 – Do Uso Anormal da Propriedade), a quem pertence a árvore, 
ou parte da árvore, quando esta encontra-se entre duas propriedades vizinhas (art. 
1282, CC/02 – Das Árvores Limítrofes), o direito de abrir passagem na propriedade 
do vizinho quando o morador não tiver acesso a estrada (art. 1285, CC/02 – Da 
Passagem Forçada), o direito de acesso à água quando o morador não tiver por força 
das propriedades vizinhas (art. 1288 ao 1296, CC/02 – Das Águas), dentre outros 
diversos, cujos quais, inclusive, podem até mesmo não estar positivados em lei. 
É importante ressaltar que os imóveis vizinhos não são apenas considerados 
aqueles confinantes, ou, em outras palavras, “parede com parede”, visto que os 
imóveis que se localizam próximos também são abraçados pela legislação pertinente, 
28 
 
 
 
desde que o ato praticado por um morador venha a repercutir na esfera de propriedade 
do outro morador, cansando-lhe incômodo, frustração ou prejuízos. 
Na maioria dos conflitos e dos problemas entre vizinhos, deve-se buscar a via 
judicial para saná-los. Isso porque se na prática, hipoteticamente falando, a 
convivência já não é fácil, solucionar problemas advindos da vizinhança se torna 
quase que impossível. 
O Superior Tribunal de Justiça já proferiu uma série de decisões acerca do tema 
do Direito de Vizinhança e, dentre elas, podemos encontrar diversas situações do 
cotidiano, daquelas que jamais imaginaríamos encontrar no Judiciário. Questões, por 
exemplo, que envolvem o subsolo, uso indevido do imóvel, ruídos de vizinhos, 
acidentes geográficos, interesse público, infiltrações, e assim por diante. 
Em sua grande maioria, envolve situações em que o morador vizinho praticou 
atos que prejudicaram o sossego, a saúde ou a segurança do (s) outro (s) proprietário 
(s), de modo que se a questão ultrapassar esses três pontos, nos afastamos das 
regras atinentes ao Direito de Vizinhança. 
Relevante informar que o Direito de Vizinhança é uma externação do direito de 
propriedade, que vigora sob a ótica da função social da propriedade, devendo ser 
levada em consideração, sem sombra de dúvidas, a BOA-FÉ na (s) conduta (s) entre 
vizinho (s). 
Por fim, apropriado informar algumas das principais Ações que são 
movidas/ajuizadas para salvaguardar os Direitos de Vizinhança, podendo serem 
aduzidas as seguintes: 
a) Ações que visam defender a posse do morador= AÇÕES POSSESSÓRIAS; 
b) Ação que visa obstar/impedir algo, como uma construção, ainda em seu 
início= NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA; 
c) Ações que visam demarcar algum território ou dividi-lo= AÇÃO 
DEMARCATÓRIA e AÇÃO DIVISÓRIA; 
d) Ações que têm como objetivo condenar o vizinho morador a fazer, não fazer, 
dar coisa certa ou incerta= AÇÕES CONDENATÓRIAS. 
Ademais de outras ações que não possuem um título específico, mas que 
advêm da legislação aplicável ao caso. 
29 
 
 
 
21.Conclusão 
 Ambos institutos são de suma importância para o seio social e sua integração 
ao ordenamento jurídico também, pois assim gera a solução de conflitos e o 
entendimento da sociedade para com eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
22.Referências 
https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=19596 
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/direitos-reais/aula-2-5/ 
https://m.migalhas.com.br/depeso/277565/a-posse-no-direito-brasileiro 
https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/2/Composse 
https://jus.com.br/artigos/65071/direito-de-vizinhanca 
https://www.conjur.com.br/2008-jan-
30/funcao_social_propriedade_garantir_direitos 
http://esmec.tjce.jus.br/wp-content/uploads/2014/12/Roberta-Chaves-
Braga.pdf 
file:///C:/Users/mary/Downloads/67828-Texto%2520do%2520artigo-89259-1-
10-20131125%2520(2).pdf 
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1824-1899/constituicao-35041-25-
marco-1824-532540-publicacaooriginal-14770-pl.htm 
http://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/16/direitosreais_75.pdf

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