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Prévia do material em texto

5 5Comunicação e Dinamização de Grupos em FormaçãoMódulo
As pessoas podem duvidar do que diz, mas 
elas acreditarão no que faz.
Lewis Cass
5
Objetivos 9
Introdução 11
Comunicação: algumas definições 12
As funções da comunicação 14
Tipos de comunicação 15
 Tipos de comunicação no contexto de formação profissional 18
 Estilos pessoais de comunicação 19
 Estilo passivo 20
 Estilo agressivo 20
 Estilo assertivo 20
Elementos facilitadores da comunicação 21
 Fidelidade da Comunicação 21
 Nível de conhecimentos 22
 Sistemas sócio-culturais 22
 Tratamento e apresentação 23
Realização de conclusões 24
O feedback 24
Empatia 25
Escuta Ativa 26
Contributos para uma comunicação interpessoal eficaz 29
 Habilidades de transmissão 29
 Habilidades auditivas 29
 Habilidades de feedback 29
Como se pode comunicar 30
A Descomunicação 33
 Preconceitos, estereótipos e crenças 34
 Em grande medida, ouvimos o que queremos ouvir 35
 Barreiras à comunicação eficaz 35
Índice
Dinâmica de Grupo e Estilos de Liderança 39
 Definição de grupo 39
 O grupo na formação 40
 O que se sabe sobre os grupos 40
 Atividades de grupo 40
 Desenvolvimento do grupo 41
Estilos de Liderança 41
 Estilo Autoritário ou Autocrático 41
 Efeitos no Grupo 42
 Estilo “Deixa Andar” ou Liberal 42
 Efeitos no Grupo 42
 Estilo Democrático 43
 Efeitos no Grupo 43
Gestão da Comunicação Pedagógica 45
 Elementos em comunicação 45
A importância dos reforços positivos 47
Fatores inerentes à comunicação 47
 Fatores Pessoais 47
 Fatores Sociais 49
 Fatores Fisiológicos 51
 Fatores de Personalidade 51
 Fatores de Linguagem 52
 Fatores Psicológicos 53
Conflitos na relação pedagógica 54
 Significado de conflito na relação pedagógica 54
 A situação de formação possui um grande potencial de conflito 55
 Origens do conflito 56
 Heterogeneidade de idades, experiência ou escolaridade 56
 Luta pela liderança 56
 Relação de competição ou de sedução 56
 Características internas de cada indivíduo 56
Procedimentos de Prevenção do Conflito 57
Atitudes positivas 58
PNL - Programação Neurolinguística 61
Introdução 63
O que é PNL? 63
 Níveis Lógicos 65
Os Pressupostos Básicos da PNL 66
Sistemas Representacionais, as Âncoras e, a Técnica de Ancoragem 69
 Sistemas Representacionais 69
 As Âncoras 73
Técnica de Ancoragem 74
Calibragem e Movimentos Oculares 77
 Movimentos Oculares 78
O Rapport 81
 Dicas de auxiliares Neurolinguísticos 83
A Comunicação em PNL 87
Como melhorar a comunicação 89
 Exercício - O Ponto Cego 91
 Exercício – Indução de um estado de concentração 92
Conclusão 93
Bibliografia 94
Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja apto a:
Compreender a dinâmica formador-formandos-objeto de 
aprendizagem, numa perspetiva de facilitação dos processos de formação;
Compreender os fenómenos psicossociais, nomeadamente o da 
liderança, decorrentes nos grupos em contexto de formação;
Gerir diferentes grupos de trabalho, com fortes condições de 
potenciar a discriminação e bloquear a aprendizagem;
Compreender a dinâmica da individualidade de aprendizagem 
no seio de um grupo de trabalho;
Reconhecer a importância do mediador de grupos de trabalho.
OBJETIVOS
11
INTRODUÇÃO
Pretende-se, com este manual, auxiliar a sistematização de algumas 
noções introdutórias à formação. 
Assim, serão abordadas questões básicas da Relação Pedagógica face 
a um grupo de adultos/formandos em situação de ensino-aprendizagem. 
Contudo, a exploração dos temas em sala permite aprofundar, compreender 
e descobrir outras perspetivas relativamente aos diversos conteúdos.
A situação pedagógica é um contexto extremamente rico, onde a 
diversidade de experiências e a conjunção de diversas variáveis torna 
impossível a transmissão de "receitas pré-fabricadas".
Para além dos conhecimentos teóricos que possa adquirir, o formador 
terá de aliar o "bom senso", a sensibilidade e a flexibilidade necessárias a 
uma boa adaptação a cada situação, pois cada formando, cada grupo de 
formandos e cada formador são únicos. 
Torna-se, pois, pertinente abordar a temática da comunicação, 
condição indispensável à atividade do formador. Num enunciado simples 
(necessariamente incompleto, mas que será expandido ao longo do 
manual), a comunicação pode ser concebida como “qualquer processo 
através do qual uma informação é transmitida de um elemento para 
outro” (Roland & Françoise, 2001, pp. 156).
 É imperativo perceber a forma como se estrutura a comunicação, isto 
é, como o processo comunicacional se desenvolve, bem como as possíveis 
barreiras comunicacionais. 
Para com isto tornar a comunicação, em contexto formativo o mais 
eficaz possível, procurando transmitir os conteúdos a abordar com uma 
margem mínima de erro.
O Manual abordará transversalmente os conteúdos relativos ao tema 
da comunicação tentando percorrer a complexidade das dinâmicas 
estabelecidas em contexto formativo. Será também abordado o conceito de 
grupo e a suas implicações e importância, bem como os estilos de liderança. 
Para terminar explora-se a PNL como facilitador no processo da comunicação.
12
Formação
COMUNICAÇÃO: ALGUMAS DEFINIÇÕES
A comunicação envolve mais do que simples palavras e gestos trocados 
... mais do que simples mensagens enviadas por um emissor a um recetor 
... comunicar é muito mais que isso, há toda uma dinâmica subjacente que 
lhe confere uma complexidade, por vezes, 
pouco valorizada.
Talvez, por isso, e desde sempre, a 
comunicação tem sido objeto de estudo de 
diversas áreas do conhecimento científico.
Primeiro, na Grécia Antiga, com os 
estudos sobre a Retórica, posteriormente e 
até meados do século XXI, com estudiosos 
como Marshall McLuhan, Theodor Adorno 
e Paul Lazarsfeld, a trazerem esta discussão para o plano académico, 
o estudo da comunicação humana tem assumido um papel essencial 
no entendimento do comportamento humano e das interações que se 
estabelecem entre indivíduos.
É certo que, nem sempre, ao longo dos tempos, a comunicação foi 
entendida da mesma forma, mas foram as sucessivas discussões em 
torno do que é ou do que deve ser, que tornaram possível perceber hoje a 
complexidade deste conceito.
Primeiramente, as competências individuais de comunicação resultam 
de processos de aprendizagem, nomeadamente da aprendizagem social. 
A observação do comportamento comunicacional de outros indivíduos 
constitui uma fonte essencial de aquisição dos comportamentos 
operacionais que integram as principais competências da comunicação. 
Porém, a sua adequação aos diferentes contextos de interação social 
depende da obtenção de feedback por parte dos outros, e do controlo 
cognitivo sobre as condições e os efeitos da sua utilização.
O principal problema que se pode apontar em torno deste conceito 
é que, geralmente, a maioria das pessoas acha, que no domínio das 
competências de comunicação e relacionamento, no que lhes diz respeito, 
não há nenhum problema. Tomam por garantida a eficácia da sua 
comunicação, esquecendo, ou ignorando que o processo de comunicar a 
nossa realidade a outra pessoa tende a ser um empreendimento difícil e 
potencialmente equívoco. 
De facto, a comunicação humana é complexa por natureza, envolvendo 
simultaneamente o uso da linguagem oral, o comportamento não-verbal 
que a acompanha e a perceção do contexto em queocorre a interação.
Parece existir um acordo generalizado acerca do modelo que 
aparentemente melhor representa o processo de comunicação verbal, o 
qual passamos a apresentar. Desta forma, o processo de COMUNICAÇÃO 
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
13
assenta na existência de um código, o qual consiste num sistema de signos 
que conduz à organização de mensagens, permitindo que dois organismos, 
Emissor e Recetor, possam processar a informação nelas contida através 
de um processo de Descodificação. A comunicação seria consumada com 
a ocorrência de Feedback, o qual ocorre quando o resultado do impacto 
da mensagem do receptor é transmitido, voluntária ou involuntariamente, 
ao emissor. 
Assim, a comunicação consiste no processo de transmissão de 
uma mensagem codificada entre um emissor e um receptor, do seu 
consequente processamento e descodificação, e feedback relativo ao que 
foi efetivamente recebido (Cunha, Rego e Cardoso, 2006).
EMISSOR RECETOR
MENSAGEM
CODIFICAÇÃO
DESCODIFICAÇÃO
RESPOSTA
FEEDBACK
“Se está aceite que todo o comportamento, numa situação de interacção, 
tem valor de mensagem (ou seja, é comunicação), segue-se que, por muito 
que o indivíduo se esforce, é-lhe impossível não comunicar. Actividade 
ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui um valor de mensagem: 
influenciam outros, e estes, que por sua vez podem não responder a essas 
comunicações e, portanto, estão eles próprios comunicando. Deve ficar 
claramente entendido que a mera ausência de falar (...) Não constitui 
excepção ao que acabamos de dizer. (…) [Por exemplo] o passageiro 
de avião que se senta de olhos fechados [comunica que não quer falar a 
ninguém, nem que falem com ele]. (…) Tampouco podemos dizer que 
a ‘comunicação’ só acontece quando é intencional, consciente ou bem 
sucedida, isto é, quando ocorre uma compreensão mútua.” 
 
 Cunha, m. P., Rego, a. & Cardoso, c. (2006)
14
Formação
AS FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO
Tal como vimos até agora, todos nós comunicamos permanentemente, 
não sendo possível pensar-se a vida sem comunicar. Como refere 
Watzlawick e colaboradores (1981, cit. Pereira 2008, pp. 52) todo o 
comportamento numa situação social tem valor de mensagem, o mesmo é 
dizer que é comunicação. A atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, 
tudo possui o valor de uma mensagem. A comunicação não só transmite 
informação, mas ao mesmo tempo impõe um comportamento, portanto, 
afeta o comportamento, residindo aqui a sua dimensão pragmática.
Desta forma, a comunicação não é um processo simples e linear, 
pelo contrário, é um processo complexo que envolve vários sistemas 
de comunicação que interagem entre si na codificação e descodificação 
das mensagens e que vão determinar uma multiplicidade de funções. O 
conhecimento dessas funções é imprescindível à compreensão de toda a 
riqueza dos processos comunicacionais. Neste sentido, passamos a expor 
as funções da comunicação.
 Função referencial: é a função principal da comunicação e 
diz respeito à troca de informações de determinado assunto, objeto 
ou acontecimento: desenvolve-se, essencialmente, através do mapa 
semântico da linguagem, embora em certas situações possa ser utilizado o 
modo não-verbal para acentuar, esclarecer ou ilustrar o que é dito através 
das palavras; neste caso, para que esta função seja atingida, é necessário 
que os interlocutores partilhem a mesma estrutura semântica e que haja 
coerência entre o comportamento verbal e não-verbal;
 Função interpessoal (ou expressiva): diz respeito ao que é 
comunicado no plano interpessoal; quando trocamos uma informação 
esta nunca é neutra em relação ao “mundo”, é sempre uma comunicação 
entre quem fala e os seus interlocutores; portanto, as informações trocadas 
não são apenas representações explícitas do conteúdo semântico, mas 
também da relação existente entre os participantes (estatuto social, poder, 
amor, hostilidade, afetividade, etc.); 
 Função de auto e heterorregulação (ou de verificação): esta 
função também denominada de instrumental ou de regulação é orientada 
para a concretização de determinados objetivos; para os atingir existem 
as seguintes possibilidades em termos linguísticos: a forma mais direta, 
expressa como “pedido” ou como “ordem” e a forma mais indireta, quando 
se associam à ação formas verbais como “convém”, “seria preciso”, ou “é 
necessário”, a adequabilidade destas formas depende de vários aspetos 
ligados ao contexto e aos participantes;
 Função de coordenação das sequências interativas permite: esta-
belecer o início e a manutenção da interação; neste âmbito a comunica-
ção não-verbal desempenha um papel fundamental, pois permite a 
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
15
ORAL
COMUNICAÇÃO 
VERBAL
ESCRITA
“segmentação” do fluxo do discurso e a sincronização das intervenções 
dos participantes;
 Função de metacomunicação: diz respeito à “comunicação sobre 
a comunicação” através do aspeto relacional, o que implica ter a noção 
de que o comportamento do próprio pode ser diferente do dos outros 
e evidenciar os aspetos relacionais inerentes à troca comunicativa; a 
comunicação não-verbal assume aqui também um lugar de destaque. 
Analisadas as várias funções da comunicação, convém referir que 
todo o acontecimento comunicacional pode desempenhar em simultâneo 
mais de uma função, pelo que a sua compreensão implica uma análise 
plurifuncional.
Convém sublinhar que a comunicação não é constituída apenas pela 
dimensão verbal, mas também pela não-verbal, constituindo a linguagem 
corporal uma dimensão fundamental da interação. Toda a comunicação 
tem um conteúdo e indica uma relação.
Como já tivemos oportunidade de verificar, a comunicação pode ser 
entendida como o ato de transmitir informação codificada por forma a que o 
recetor a descodifique e interprete. No decorrer deste processo a informação 
pode ser codificada e enviada por duas vias, a verbal e a não-verbal. 
Passaremos de seguida a analisar estes dois tipos de comunicação.
TIPOS DE COMUNICAÇÃO
Comunicação verbal
A comunicação é dinamizada 
pela linguagem e esta nasce daquilo 
que os indivíduos percebem uns 
dos outros. 
Contudo, a linguagem verbal já 
não detém na interação humana, 
o papel de exclusividade que 
tradicionalmente lhe era atribuído. 
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
16
Neste sentido, o valor da comunicação não depende apenas do 
valor semântico das palavras utilizadas, mas do impato intelectual e 
principalmente emocional que os símbolos expressos produzem no 
interlocutor (Finkler, 1982, cit. Maria, 2008, pp. 55). 
No entanto, a linguagem é considerada a forma mais complexa, eficaz 
e evoluída de comunicação e tem sido alvo de interesse ao longo de toda a 
história da humanidade. 
Comunicação não-verbal
Tal como referido anteriormente a comunicação não se refere apenas 
às palavras, à sua estrutura e sentido, mas também à vertente não-verbal, 
à linguagem do corpo e ao contexto onde é produzida, constituindo um 
sistema comunicacional único. 
Assim, quando as pessoas interagem entre si, a comunicação entre elas 
não passa só pelas palavras mas também pelas mensagens não-verbais, de 
natureza diversa, que as acompanham, podendo estas constituir só por si 
um ato de comunicação particularmente eficaz.
As mensagens não-verbais são determinantes nas relações interpessoais, 
podendo facilitar ou dificultar todo o processo de comunicação, pois, por 
vezes, surgem erros de descodificação o que condiciona as atitudes dos 
intervenientes. 
Para evitar estes erros devemos, então, ser coerentes e ter o mesmo 
significado do que exprimimos através dos gestos e das atitudes.
Postura
Gestos
Expressões 
faciais Intensidade e ritmo da voz
Outros movimentos corporais
Comunicação Não-verbal
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
17
1.
2.
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL:
O comportamento não-verbal, como járeferido, desempenha um papel 
muito importante nas dinâmicas comunicacionais que se estabelecem. 
Não só reforça o conteúdo da mensagem a transmitir oralmente, como 
leva a um complexo jogo de descodificação. 
A construção do significado da mensagem pelo recetor é influenciada 
pelos indicadores linguísticos e extra-linguísticos transmitidos pelo 
emissor, o que leva a um complexo processo de significação, em que o 
recetor se serve de diversos elementos como por exemplo, expectativas, 
hipóteses, crenças sobre o estado mental do interlocutor, juntamente 
com dados do ambiente e eventual informação proveniente das frases de 
diálogos que tenham estabelecido anteriormente. 
A linguagem não constitui apenas um meio de descrição neutra de 
coisas, ideias, ou acontecimentos, ela formata a representação que os 
outros constroem dos conteúdos das nossas mensagens.
Veja-se, por exemplo, como a linguagem utilizada por dois emissores 
reflete diferentes graus de poder face ao interlocutor:
“Peço desculpa, não sei como dizer isto… mas acho que não 
vou conseguir entregar-lhe o relatório no prazo. Tive um problema 
pessoal…, hum… e….. acho que não vou conseguir, desculpe…”
“Não vou poder acabar o relatório dentro do prazo. Tive uma 
urgência pessoal e é impossível terminar hoje. Entregar-lho-ei na 
próxima quinta-feira.”
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
18
É importante salientar a importância que devemos dar à Comunicação 
Não-Verbal pois ela formata a representação que os outros constrõem dos 
conteúdos das nossas mensagens…
TIPOS DE COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO 
PROFISSIONAL
Comunicação verbal Comunicação não-verbal
Não se deve falar nem muito 
baixo nem muito alto.
Não se devem cruzar braços ou 
pernas.
Não se deve falar nem muito 
depressa, nem muito devagar, 
deve ser-se equilibrado.
Olhar sempre para os 
formandos e não para um ponto 
abstrato.
Devem evitar-se as gírias, 
como por exemplo “pronto”, “ok”.
Não se deve gesticular 
demasiado, sempre o necessário.
Devem pronunciar-se 
corretamente as palavras, 
articulando corretamente todas as 
palavras.
Deve evitar-se ficar encostado 
a algum objeto, mas sim circular 
pela sala.
As variações do tom de voz 
devem ser mais graves ou mais 
agudas consoante a importância 
que queremos demonstrar num 
determinado tema.
Não deve utilizar gestos que 
demonstrem que se encontra 
nervoso, deve exibir confiança.
Não se deve utilizar um tom 
monocórdico.
Não deve mastigar pastilha 
elástica.
A linguagem deve ser adaptada 
ao público-alvo; não utilizar 
vocábulos que possam ser 
desconhecidos.
Não se deve olhar para o 
relógio excessivamente.
Não se devem colocar as mãos 
nos bolsos.
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
19
ESTILOS PESSOAIS DE COMUNICAÇÃO
Duas pessoas que querem dizer a mesma coisa podem fazê-lo de modo 
bastante distinto, sendo que os efeitos sobre os destinatários podem ser 
bastante diferenciados.
As pessoas têm determinadas tendências comunicacionais que podem 
facilitar ou dificultar o processo de comunicação.
Imagine uma situação em que um colaborador lhe pede para sair mais 
cedo do trabalho, por uma questão pessoal.
Qual seria a sua resposta mais provável, de entre as três seguintes?
• Sentia muito desconforto se tivesse que dizer ‘não’ e pedia-lhe desculpa.
• Reagiria de acordo com a avaliação da situação (do que está 
previsto, do serviço e dele).
• “Oiça lá, se eu lhe fizer este favor, abrirei um precedente e terei que 
fazê-lo a todas as pessoas que mo pedirem. Nem pense nisso”.
Nestas possibilidades estão patentes três estilos:
 O primeiro é de tipo PASSIVO.
 O segundo é de tipo ASSERTIVO.
 O terceiro é de tipo AGRESSIVO.
Cada um de nós tende a possuir um perfil misto, ou seja, caracterizado 
pela mistura dos três estilos. 
No entanto, enquanto alguns possuem um perfil “equilibrado”, outros 
revelam uma tendência mais vincada num dos estilos.
A pessoa é assim porque tem dificuldade em defender os seus interesses, 
em comunicar o que pensa e em entrar em desacordo com os outros (mas 
não porque não seja orgulhosa ou goste de ajudar). 
Por vezes, a pessoa sente-se incompreendida e julga que os outros é 
que deveriam saber onde podem chegar.
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
20
ESTILO PASSIVO
O indivíduo:
 Evita o conflito. 
 Desiste facilmente quando é desafiado.
 Não sendo capaz de alcançar os seus objetivos, acaba por ficar 
com sentimentos de culpa, ressentimentos e auto-imagem negativa.
A pessoa é assim porque tem dificuldade em defender os seus interesses, 
em comunicar o que pensa e em entrar em desacordo com os outros (mas 
não porque não seja orgulhosa ou goste de ajudar). 
Por vezes, a pessoa sente-se incompreendida e julga que os outros é 
que deveriam saber onde podem chegar.
ESTILO AGRESSIVO
O indivíduo: 
Tende a procurar alcançar os seus objetivos atacando os outros.
Faz ameaças, ataques pessoais, intimidações. É sarcástico.
Tem explosões emocionais. É hostil. Não coopera.
Tende a duvidar da sua capacidade de resolver 
construtivamente os problemas, isto é, através da confrontação 
direta, responsável e mútua.
 
ESTILO ASSERTIVO
O indivíduo: 
 É capaz de defender, construtivamente, os seus próprios 
direitos mas também os dos outros.
É franco e direto.
Acredita que a abertura e a transparência é preferível ao secretismo.
É firme na defesa dos seus ideais. 
A assertividade consiste em defender a nossa esfera 
individual, de forma direta, aberta e honesta, sem abusar da 
esfera individual do nosso interlocutor. 
Como postura típica: “Penso deste modo, sinto que isto 
deve ser feito desta maneira, mas estou disponível a ouvi-lo e a 
conhecer a sua posição”.
21
ELEMENTOS FACILITADORES DA COMUNICAÇÃO
FIDELIDADE DA COMUNICAÇÃO
Tanto no emissor como no recetor existem alguns fatores capazes de 
aumentar ou prejudicar a fidelidade da comunicação. 
As habilidades de comunicação para traduzir as intenções 
comunicativas são, por isso, fundamentais pois o emissor tem que utilizar 
capacidades codificadoras que lhe permitam, por exemplo, dispor as 
palavras de forma a expressar ideias com clareza, usar corretamente as 
regras gramaticais, pronunciar claramente, conseguir utilizar os vários 
canais à sua disposição, organizar o pensamento e as ideias claramente, 
etc.
 Atitudes
A predisposição ou tendência do indivíduo para se aproximar ou 
associar a um objeto ou para se afastar, dissociar do objeto, reflete-se de 
igual modo, na co-municação. A atitude que se tem para consigo próprio 
pode afetar a forma da comunicação e a sua qualidade.
 
Se o formador não se sente à vontade na matéria, ou pensa que não 
vai conseguir impressionar favoravelmente o grupo de formandos mais 
velhos do que ele, ao dirigir-se ao grupo poderá fazê-lo de modo confuso, 
"atrapalhando-se" na linha de raciocínio. Esta forma de comunicar 
certamente causará uma impressão negativa junto dos recetores. Por sua 
vez, a retenção da nova informação por parte do formando que confia 
nas suas capacidades, ou que acredita ter experiências interessantes para 
partilhar, é, muito possivelmente, facilitada pela sua atitude. 
A atitude perante o tema da comunicação é, por isso, um 
condicionamento a ter em conta. A simpatia ou aversão aos conteúdos 
pode afetar tanto a sua expressão, por parte do emissor, como a sua 
captação e assimilação, por parte do recetor. Se o tema se enquadrar no 
campo dos interesses e motivações de ambos, a qualidade de comunicação 
será mais conseguida.
Regra geral, quando os temas são do agrado do grupo de participantes, 
a motivação e a recetividade são beneficiadas à partida. 
Do mesmo modo, o entusiasmo do formador ao falar de 
algo que lhe agrada tem um efeito contagiante junto dos 
formandos. A atitude do emissor ou do recetor, para com 
o outro interlocutor, sendo positiva ou negativa, afeta, 
também, a trans-missão da mensagem ou a forma como 
o recetor a irá receber.
Todosnós tendemos a avaliar a fonte de informação. 
Se um formador ao apresentar-se no curso, diz ter uma formação 
académica em matemática, e que vai conduzir as sessões do módulo 
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
22
motivação humana, imediatamente a atitude avaliativa dos formandos 
penderá para o polo negativo no que respeita à preparação teórica do 
formador. Este aspeto da influência das atitudes será desenvolvido mais 
tarde, nas distorções comunicativas.
 Nível de conhecimentos
É difícil comunicar o que não se conhece. Por outro lado, se o emissor 
for ultra-especializado e empregar fórmulas comunicativas demasiado 
técnicas pode acontecer que o nível de conhecimentos do recetor lhe 
bloqueie o sucesso da intenção comunicativa. 
O conhecimento que o emissor possui sobre o próprio processo de 
comunicação influencia o seu comportamento comunicativo. 
Conhecendo as características do recetor, os meios pelos quais poderá 
produzir ou tratar as mensagens, os canais a utilizar, as suas próprias 
atitudes, etc., o emissor determina em parte, o percurso da comunicação, 
podendo contribuir para uma maior fidelidade.
 Sistemas sócio-culturais
Para além dos fatores pessoais, o meio social e cultural em que o 
emissor e o recetor se movem constitui um poderoso determinante do 
processo comunicativo. 
O papel social de cada um, o estatuto e prestígio, as crenças e valores 
culturais por eles interiorizados, os comportamentos aceitáveis ou não 
aceitáveis na sua cultura, tudo determina o tipo de comportamento 
comunicativo adotado. 
O sistema social e cultural dirige, em parte, a escolha dos objetivos que 
se tem a comunicar, a escolha das palavras, os canais que se usam para 
expressar as palavras. 
O emissor perceciona a posição social do recetor e molda o seu 
comportamento de acordo com ela. 
O formador comunica muito diferentemente com um grupo de 
gestores de vendas ou quadros superiores de uma empresa, com um 
grupo de jovens em formação pedagógica, com os seus amigos, com a sua 
esposa, ou outros.
 Mensagem
Existem três aspetos básicos a considerar na transmissão de informação: 
o código, o conteúdo e o tratamento e apresentação da mensagem.
 Código
O código é um grupo de símbolos ou sinais capaz de ser estruturado 
de modo a ter significado para alguém. A língua possui um conjunto de 
elementos - o vocabulário - e um conjunto de métodos que permitem 
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
23
combinar esses elementos de forma significativa - a sintaxe. Quando 
codificamos uma mensagem (função do Emissor) cabe-nos decidir quais 
os elementos a utilizar e como é possível combiná-los (antecipando o seu 
impacto no Recetor).
 Conteúdo
Equivale ao material da mensagem escolhido pelo Emissor para 
exprimir o seu objetivo de comunicação. Por exemplo, num livro, o 
conteúdo da mensagem abrange as afirmações do autor, as informações 
que apresenta, as conclusões que tira, os pontos de vista que propõe.
 Tratamento e apresentação
As decisões do Emissor quanto à forma, apresentação e conteúdo das 
mensagens cabem neste ponto. Para temas semelhantes, é possível usar de 
alguma flexibilidade e transformar os conteúdos, estilo de 
linguagem, canais e meios de comunicação, de acordo com 
as características da população a que se destinam. Não 
perdendo de vista as necessidades reais dos participantes, o 
Formador poderá enfatizar este ou aquele aspeto, tentando 
relacioná-lo com a experiência profissional, interesses e 
motivações dos seus formandos. 
A formalidade de postura e da linguagem utilizada 
deve variar consoante o padrão sociocultural médio do 
grupo. Para grupos cuja escolaridade é baixa, os termos 
técnicos e teóricos deverão ser cuidadosamente empregues; em grupos 
de profissionais aos quais é exigida uma apresentação formal e um 
relacionamento mais rígido na sua área de atividade, é prudente não 
descurar esta característica no modo como nos dirigimos aos formandos. 
A apresentação da mensagem deverá ser "brilhante"! Como?
• Criativa!
• Sintética!
• Objetiva!
• Multivariada: utilização de transparências, visionamento de 
vídeos, gravações áudio, revistas, escrita no quadro, recortes de 
jornais.
• Atraente: cuidada ao nível da composição gráfica, da variedade e 
conjugação de cores, do tempo de duração dos vídeos e do próprio 
tratamento dos conteúdos, conter entusiasmo, a comunicação oral 
deve ser estruturada e bem sequenciada.
24
Formação
Ao estruturar a mensagem que pretende transmitir aos formandos, o 
formador fornece um contexto geral, de introdução ao tema e que lhe 
confere um sentido, situa-o num todo mais vasto. 
Após o desenvolvimento e análise dos principais aspetos, o tema obriga 
a uma conclusão.
Concluir é: 
 - Fazer uma síntese global;
 - Acentuar os pontos essenciais;
 - Evitar incluir novos assuntos;
 - Avaliar os resultados alcançados, ao nível dos formandos e ao 
nível do formador;
 - Enfatizar os aspetos positivos, não esquecendo os objetivos 
menos conseguidos;
 - Relacionar o que foi dito e feito com o trabalho futuro.
A importância da síntese final, enfatizando as principais conclusões 
e pontos desenvolvidos, é tanto maior se pensarmos na estrutura da 
memória humana. A recetividade e a retenção são maiores para as 
informações transmitidas em primeiro e último lugar. Os políticos estão 
bem cientes deste facto, deixando para o meio do seu discurso aquilo que 
menos importa para os seus eleitores.
A repetição dos pontos essenciais e a síntese final ficarão muito mais 
sólidos na memória dos formandos do que o desenvolvimento ao longo 
da sessão.
O feedback é a reação do recetor ao comportamento do emissor. 
Fornece informação ao emissor sobre o impato da sua ação sobre o 
recetor, sobre o sucesso na realização do seu objetivo comunicativo. Ao 
responder, o recetor exerce controlo sobre as futuras mensagens que o 
emissor venha a codificar, promovendo a continuidade da comunicação. 
O feedback é, assim, um poderoso instrumento de influência ao nível de 
quem envia informação.
Se o feedback for compensador, o emissor mantém o seu 
comportamento; se não for, este modifica-o a fim de aumentar as suas 
REALIZAÇÃO DE CONCLUSÕES
O FEEDBACK
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
25
probabilidades de êxito. Se na comunicação frente-a-frente o feedback é 
máximo, no caso de canais como a televisão, o rádio, os jornais e revistas 
essa possibilidade é mínima. Neste caso, é o comportamento de compra 
dos consumidores que tem valor como feedback. O conhecimento e o uso 
do feedback aumentam a eficácia da comunicação interpessoal. As pessoas 
que são consideradas "boas comunicadoras" normalmente estão atentas aos 
sinais comunicativos do interlocutor; são boas observadoras de reações.
 A comunicação interpessoal dificilmente será satisfatória sem um 
elemento extremamente importante - a atitude empática. Um indivíduo tem 
capacidade empática se no decorrer da interação for capaz de sentir o que 
sentiria se estivesse na posição da outra pessoa.
De uma forma geral, podemos entender a 
empatia como a capacidade de inferir estados 
internos ou traços de personalidade do outro, 
comparando-os com as nossas próprias 
atitudes e, simultaneamente, tentar perceber 
o mundo tal como essa pessoa o percebe.
Esta atitude, que respeita o outro e a sua 
expressão, caracteriza-se por um esforço 
sincero de nos colocarmos no seu lugar, 
"vestirmos a sua pele", de compreender 
o seu contexto emocional e vivencial. 
O interlocutor sente, assim, a sua individualidade respeitada e a sua 
expressão não deformada. 
Esta confiança favorece a abertura dos indivíduos e estimula a 
comunicação. A atitude empática nasce espontaneamente com mais 
facilidade nalguns indivíduos do que noutros, mas pode ser adquirida 
através de "um trabalho sobre si próprio". 
Evitando conceitos ou julgamentos anteriores à mensagem em si e 
despindo a interação, tanto quanto possível de elementossubjetivos, 
consegue-se uma atitude de neutralidade orientada para o outro e excelente 
para uma comunicação efetiva. A empatia funciona também como uma 
técnica preventiva de conflitos ou interações hostis. Numa interação, o 
comportamento de um dos participantes influencia o comportamento do 
outro e vice-versa.
EMPATIA
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
26
“Comportamento gera comportamento”. 
É frequente esquecermo-nos de que a forma como os outros se 
comportam connosco resulta, a maior parte das vezes, da forma como nos 
comportamos em relação a eles. Uma atitude ativamente empática muito 
frequentemente produz reações da mesma natureza nos interlocutores. 
Partindo desta noção de que o nosso comportamento tem o poder de 
determinar, em parte, o comportamento dos outros, então, podemos induzir 
que controlando a nossa comunicação obteremos reações previsíveis no 
recetor. O comportamento não é algo pré-determinado, hereditário ou 
automático; os indivíduos podem escolher comportamentos e formas 
de comunicar que promovam a qualidade das interações interpessoais, 
particularmente em contexto de formação profissional. Para tal, basta 
estar atento e recetivo às mensagens que ocorrem no aqui e agora, atender 
às necessidades dos formandos e compreender o seu contexto emocional, 
evitando as distorções comunicativas.
FACTO: a observação de um rosto a exprimir 
emoções ativa em nós as áreas cerebrais que 
correspondem a essas emoções.
ESCUTA ATIVA
“Um colunista social conta a história de uma festa para que foi 
convidado. O hóspede preocupava-se tanto em suscitar impressões 
positivas nos seus convidados…que não ouvia o que eles diziam. O 
colunista decidiu pregar-lhe uma partida. Chegou à festa deliberadamente 
tarde. Quando entrou, explicou-se: “peço desculpa por este atraso, mas 
a verdade é que matei a minha mulher esta tarde e tive dificuldade em 
esconder o seu corpo na mala do carro”. O hóspede respondeu-lhe: “bem, 
o importante é que você chegou; agora a festa pode realmente começar”.
 Cardoso, M. P., Rego, A., & Cardoso, C. (2006)
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
27
Alguns fatores que podem levar o formador a não escutar ativamente:
-Preocupações com coisas alheias à formação;
-Preocupação excessiva em causar boa impressão;
-Ao ouvir, o formador está concomitantemente a pensar no que irá 
proferir, o que faz com que não escute com atenção;
-Desconcentração com adornos físicos quer no formando quer no 
formador, como por exemplo, a roupa, os movimentos corporais, jóias, 
relógio, etc.;
-Inquietação ou agitação por ter qualquer coisa mais para fazer;
-Desinteresse pelo tema abordado.
Não basta ouvir, é necessário entendermos o significado daquilo que 
ouvimos, ou seja, saber interpretar para podermos dar um feedback positivo.
“(…) A escuta é activa pela atenção que prestamos ao conjunto da ex-
pressão do outro, mas sobretudo pelo que captamos emocionalmente. A 
empatia não consiste em pensar e sentir o mesmo que o outro, mas em 
“estar” com ele, acompanhá-lo com o coração, compreende-lo e aceitá-
lo, em suma. Trata-se da aceitação dele como pessoa, para lá das suas 
convições ou condutas, com as quais podemos estar ou não de acordo.”
Xavier Guix (2008)
Escuta ativa = Feedback, desempenho e reforço positivo
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
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Formação
28
Se o formador escutar correctamente a mensagem emitida pelos 
formandos irá conseguir retribuir com um feedback e consecutivamente 
dar-lhes-á um reforço positivo, estimulando desta forma a sua participação 
e aprendizagem.
Caso o formador não ofereça feedback aos formandos pode acontecer:
 
O formando pode ficar apático, mostrando-se envergonhado e retraído 
em voltar a participar;
O formando poderá questionar o conhecimento e métodos pedagógicos 
do formador, pondo em causa, desta forma o aproveitamento da formação;
Mais uma vez…não basta ouvir, é necessário entendermos o significado 
daquilo que ouvimos, ou seja, sabermos interpretar para podermos dar 
um feedback positivo.
“O controlo da conversa é tido por quem escuta e não por quem fala”
Xavier Guix (2008)
Quanto mais envolvidos os formandos estiverem na formação maior 
será a inclusão da aprendizagem. 
Cabe ao formador utilizar os recursos e métodos pedagógicos 
adequados à estimulação do grupo.
29
CONTRIBUTOS PARA UMA COMUNICAÇÃO 
INTERPESSOAL EFICAZ
HABILIDADES DE TRANSMISSÃO 
 Usar linguagem apropriada e direta (evitar uso de calão, ou 
termos eruditos quando palavras simples forem suficientes);
 Fornecer informações tão claras e completas quanto possível;
 Usar canais múltiplos para estimular vários sentidos do recetor;
 Usar comunicação “facial” sempre que possível.
HABILIDADES AUDITIVAS
 Escuta ativa: a chave para essa escuta ativa é a vontade e a 
capacidade de escutar a mensagem completa (verbal e não-verbal), e 
responder apropriadamente ao conteúdo e à intenção (sentimentos e 
emoções) da mensagem. Como formador é importante criar situações 
que ajudem as pessoas a expressar o que realmente querem dizer.
 Empatia: a escuta ativa exige uma certa sensibilidade relativamente 
às pessoas com quem estamos a tentar comunicar. 
 Reflexão: uma das formas de se aplicar a escuta ativa é reformular 
sempre a mensagem que tenha recebido. A chave é refletir sobre o que foi 
dito sem incluir um julgamento, apenas para testar o seu entendimento 
da mensagem.
 Feedback: como a comunicação eficaz é um processo de troca 
bidirecional, o uso de feedback é mais uma forma de se reduzir falhas na 
comunicação e distorções.
HABILIDADES DE FEEDBACK
 Assegure-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior);
 No caso de feedback negativo, vá direto ao assunto, começar uma 
discussão com questões periféricas e rodeios pode conduzir à ansiedade 
ao invés de a minimizar;
 Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor;
 Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o recetor com 
excesso de informações ou críticas);
 Esteja preparado para receber feedback, visto que o seu 
comportamento pode estar a contribuir para o comportamento do recetor;
 Ao encerrar o feedback, faça um resumo e reflita sobre a sessão, 
para que o entendimento sobre o que foi dito seja o mesmo para os 
interlocutores. 
30
Formação
Movimentos, sons, imagens, palavras - como é que se pode comunicar?
Todo o comportamento é comunicação; as nossas ações são sempre passíveis 
de interpretação por parte dos outros, é-nos impossível não comunicar. 
Se está numa sala de espera antes de uma entrevista, e a secretária à sua 
frente mantém os olhos baixos e uma atitude concentrada, a mensagem 
captada é "não quero comunicar". 
Então, evitar a interação é todavia interagir: comunica-se essa intenção 
de evitamento de alguma forma, influencia-se o comportamento do outro 
de algum modo. O estilo comunicativo define a relação entre os agentes 
da comunicação.
O controlo do comportamento não-verbal é algo precioso para o formador.
Os gestos, as expressões, os olhares, a entoação de voz, são componentes 
da comunicação que devem estar em sintonia com o que se diz, auxiliando 
e antecipando a mensagem oral. 
As discrepâncias entre os dois níveis de comunicação - verbal e não verbal 
- dificultam a relação e originam, frequentemente, mal-entendidos e conflitos. 
Um comunicador expressivo recorre aos gestos como complemento e 
suporte da expressão oral.
A utilização do espaço
A gestão do espaço físico condiciona, de início, o desenrolar da comunicação.
Não é por acaso que a disposição em U é usualmente praticada na 
Formação. Esta é uma configuração facilitadora da comunicação. 
Todos os elementos do grupo se encontram face-a-face. Naturalmente 
os seus olhares convergem para o centro-frente, posição ocupada 
tradicionalmente pelo formador. 
Os formandos mais dominantes, extrovertidos, auto-confiantes 
tendem a ocupar posições centrais. 
As zonas intermédias ou mesmo 
extremidades são normalmentepreferidas pelos formandos mais 
tímidos, introvertidos. 
Os observadores passivos ficam, 
assim, resguardados do olhar do 
formador e dos colegas. A utilização 
que o formador fez do espaço é deveras 
importante na definição do estilo 
comunicativo do grupo. 
COMO SE PODE COMUNICAR
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
31
O formador que se coloca sentado atrás da sua mesa, ou num estrado, 
está defendido na sua "armadura" e transmite um distanciamento em 
termos de papel e estatuto em relação aos formandos.
A qualidade expressiva e a recetividade à comunicação é favorecida 
quando o formador: 
• Apoia a comunicação verbal com os gestos coordenativos, 
descritivos, etc;
• Desloca-se na sala, marcando o ritmo, aproxima-se e recua face 
aos formandos, acompanhando as próprias pausas, entoações e 
exclamações com o movimento e postura corporal;
• Solicita a atenção e/ou participação dos outros formandos com 
o olhar direto, com gestos apelativos (mas não inquisitivos), com 
uma atitude corporal recetiva.
Saber emitir facilita a comunicação
É fundamental para quem transmite informação conhecer bem o 
objetivo a comunicar.
A familiaridade do formador em relação aos temas a divulgar deverá 
ser elevada para que a comunicação resulte organizada, precisa, e de fácil 
entendimento por parte dos formandos. 
Consegue-se transmitir de forma mais atrativa aquilo que se domina. 
A flexibilidade de expressão, bem como a modelagem dos códigos e canais 
utilizados aos diferentes grupos de participantes, é mais trabalhada quando 
o formador se sente seguro dos objetivos e domina os temas em foco.
Possuindo ideias precisas e claras, 
as frases surgem mais organizadas 
e os significados são claros para 
quem os interpreta. Evita-se, assim, a 
comunicação ambígua, desordenada, 
pouco estimulante e confusa. O 
formador deve procurar relacionar 
as intervenções e comentários 
emergentes do grupo e, sempre que 
possível, enquadrar as intervenções 
marginais no debate ou na exposição 
da matéria.
Cuidar do nível não-verbal da comunicação é imprescindível a um 
bom comunicador. A mímica deve ser adequada às palavras e significados 
expressos oralmente. Se os olhos são "o espelho da alma", apresentar-se é 
olhar os outros nos olhos. 
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
32
Olhar enquanto se fala, reforça as palavras, aumentando o poder 
persuasor do discurso. Um olhar esquivo significa, eventualmente, 
desinteresse, fuga, falta de autoconfiança ou incompetência, provocando 
no interlocutor uma atitude de distanciamento e desagrado.
A imagem do formador deve ser cuidada. Não se trata de defender 
meras convenções. Como já foi referido, as pessoas tendem a classificar 
as outras segundo esquemas pré-determinados construídos e assimilados 
com base em determinantes socioculturais. 
Assim, mal entra na sala, o formador é avaliado pelos formandos num 
primeiro instante, a partir da sua imagem pessoal, da forma como se veste, 
da sua postura e do modo como se movimenta. 
Esta primeira impressão é importante para o desenvolvimento da 
relação pedagógica. Um formador bem apresentado é geralmente associado 
à competência, empenho profissional e respeito pela atividade exercida. 
No entanto, uma apresentação demasiadamente formal poderá ser 
algo inibitória para determinados grupos de características etárias ou 
socioeconómicas específicas. 
Saber ouvir facilita a comunicação
 Tal como já vimos, a comunicação interpessoal dificilmente será 
satisfatória se o emissor não adotar duas atitudes fundamentais: a escuta 
ativa e a atitude empática. Ser um ouvinte ativo significa: 
 Começar a ouvir desde a primeira palavra;
Escutar atentamente todas as opiniões;
Concentrar-se no que está a ser comunicado, e não se 
precipitar tentando adivinhar o que os seus interlocutores 
vão dizer;
Manifestar a sua atenção e recetividade através de 
comportamentos e sinais verbais ["sim, sim", "hum, 
hum"], acenando com a cabeça e olhando para quem fala;
Gerir os silêncios sem impaciência ou ansiedade;
Não interromper a comunicação do interlocutor, 
deixando-lhe espaço para se expressar;
Não interpretar o que o outro diz sem ter bases 
suficientes para o compreender , mas sim fazer perguntas 
e colocar questões de forma a suscitar a participação do interlocutor e 
obter esclarecimentos sobre o que ele quer expressar.
É, contudo, aconselhável não colocar questões diretas que possam ser 
sentidas pelos participantes como um pouco inquisidoras.
33
A DESCOMUNICAÇÃO
O significado da minha comunicação é medido 
pela resposta que obtenho do outro.
Xavier Guix (2008, pp 37)
Comunicar é uma arte de gerir mensagens, enviadas e recebidas, nos 
processos de interação. Mas não apenas, o tempo, o espaço, o meio físico 
envolvente, o clima relacional, o corpo, os fatores históricos da vida pessoal 
e social de cada indivíduo, as expetativas e os sistemas de conhecimento 
que moldam a estrutura cognitiva condicionam e determinam o “jogo” 
relacional do Ser Humano.
O processo comunicativo está longe de corresponder a uma circulação 
linear e objetiva de informação entre dois indivíduos ou grupos. Existem 
diversos fatores perturbadores da comunicação que o formador não deve 
desconhecer de modo a superá-los. O primeiro nível de distorção pode 
ocorrer logo na fonte ou emissor, e reside na diferença entre o que se quer 
transmitir e o que de facto se transmite. 
O código utilizado pode não ser o mais indicado para expressar as 
ideias ou objetivos a comunicar.
Se o formador quiser descrever uma máquina industrial, será melhor 
sucedido ao apresentar um esquema gráfico do que ao tentar transmitir 
oralmente como é que a máquina é construída, quantas peças, ligamentos, 
etc. é que a compõem. Por outro lado, poderá existir pouca objetividade 
na codificação, se a informação transmitida não é suficiente ou, pelo 
contrário, existe em excesso.
É o caso do formador que para explicar um conceito simples, produz um 
discurso muito extenso, repleto de termos técnicos e adjetivação excessiva. 
A adequação da mensagem ao recetor é outra questão extremamente 
importante. É preciso não esquecer que a comunicação é um processo 
bilateral, se se quiser que o recetor capte com clareza a mensagem.
A codificação deve ser adaptada ao repertório de conhecimentos, 
estatuto sociocultural e atitudes do recetor. No percurso entre a 
transmissão e a receção da mensagem outras interferências podem 
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
FPIF
Formação
34
surgir. Aquilo que transmitimos não será exatamente aquilo que o outro 
recebe, se ocorrerem ruídos/barulhos, conversas paralelas, comunicações 
simultâneas, ou outras interferências. Quando finalmente a mensagem 
chega ao recetor é ainda provável que exista alguma diferença entre 
aquilo que este recebe e o que pensa que recebeu. A atitude face ao 
emissor, a maior ou menor simpatia por este, pode afetar a recetividade 
e a interpretação da mensagem. Existe sempre uma atitude de avaliação 
da fonte de informação, das suas intenções e do grau de confiança que 
desperta ao recetor.
PRECONCEITOS, ESTEREÓTIPOS E CRENÇAS
Aquilo em que acreditamos ou pensamos acerca dos outros, e 
consequentemente avaliamos positiva ou negativamente, é muitas vezes 
adquirido através da perceção enviesada 
ou distorcida que fazemos da realidade. O 
Ser Humano tem absoluta necessidade de 
compreender o mundo e conferir ordem às coisas.
Para reduzir a incerteza, inerente à grande 
complexidade do universo social (e físico), 
os mecanismos mentais tendem a simplificar 
a realidade. Assim, arrumamos as pessoas 
em categorias, "gavetas" às quais atribuímos 
algumas características, acreditando que, a partir daí, podemos prever o 
seu comportamento.
Ao longo do nosso desenvolvimento vamos construindo imagens dos 
outros através dos conhecimentos apreendidos no seio da sociedade e da 
cultura onde nos inserimos. Aprendemos a classificar as pessoas segundo 
grupos sociaise a atribuir a cada um destes grupos características 
específicas. Estas crenças sociais poderão ser confirmadas ou infirmadas 
pela nossa experiência de vida. 
Transportamos, então, na mente, imagens, expetativas, ideias pré-
concebidas acerca da maneira como serão algumas das pessoas, situações ou 
eventos e que irão distorcer a perceção da realidade, num sentido subjetivo.
Quer isto dizer que vemos os indivíduos como representantes da 
imagem que fazemos das diferentes categorias sociais; este facto pode-nos 
conduzir a erros ao avaliar os outros.
Preconceito: atitude aprendida em relação a um objeto-alvo, envolvendo 
sentimentos negativos (não gostar ou ter medo), crenças negativas 
(estreótipos) que justificam a atitude e uma intenção comportamental de 
evitar, controlar, dominar ou eliminar o objeto-alvo.
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
35
Estereótipos: Generalizações sobre um grupo de pessoas no qual as 
mesmas características são atribuídas a todos os membros.
Crenças: atitude de adesão a uma proposição (sob a forma de enunciado 
ou de representação) cuja verdade nem sempre pode ser demonstrada.
No contexto pedagógico, a utilização abusiva de estereótipos e 
preconceitos no relacionamento com os participantes é nefasta, pois: 
 Limita a quantidade e qualidade da informação captada;
 Aumenta o risco de não se reagir à situação presente e à pessoa real e 
sim às nossas ideias pré-concebidas;
 Aumenta o risco de se elaborarem interpretações deturpadas dos 
acontecimentos;
 Torna o formador numa pessoa rígida, inflexível, com resistência à 
mudança;
 Origina situações potencialmente conflituosas, discriminações, mal-
entendidos, comunicações ambíguas e tensões negativas no grupo.
 As atitudes, e em particular, as crenças e os estereótipos servem a 
necessidade fundamental do Ser Humano de simplificar o mundo de 
modo a conseguir prever e orientar-se nas relações com as pessoas e 
situações, mesmo quando a informação presente é escassa;
 Preconceitos, estereótipos e crenças também podem dificultar a 
compreensão objetiva e clara do momento presente, do comportamento 
dos outros e comprometer a "atitude profissional", de recetividade e 
neutralidade, que o formador e todas as pessoas que lidam com outras na 
sua profissão devem adotar.
EM GRANDE MEDIDA, OUVIMOS O QUE QUEREMOS OUVIR
Estão sempre presentes na interação comunicativa expectativas e ideias 
pré-concebidas acerca do que as pessoas são e daquilo que querem dizer. 
Porque muitas vezes não "estamos a ver" o Sr. X a afirmar tal coisa, mesmo 
que ele o faça, acabamos por não o perceber. 
A perceção que cada indivíduo tem da realidade e das outras pessoas 
é sempre seletiva: mesmo inconscientemente, os nossos mecanismos 
percetivos filtram a informação privilegiando aquela que, por alguma 
razão, tem mais a ver com os nossos interesses, rejeitando e distorcendo 
outra, para que não colida com aquilo em que acreditamos ou conhecemos. 
BARREIRAS À COMUNICAÇÃO EFICAZ
 Sobrecarga de informação: quando temos mais informações do 
que aquelas que conseguimos processar, ordenar e utilizar.
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Formação
36
 Tipo de informações: as informações que se identificam com o 
nosso autoconceito tendem a ser melhor recebidas e aceites do que dados 
que venham contradizer o que já sabemos. Em muitos casos negamos 
aquelas que contrariam as nossas crenças e valores.
 Fonte de informação: como algumas pessoas contam com mais 
credibilidade do que outras (status), temos tendência a acreditar nessas 
pessoas e desconfiar de informações recebidas de outras.
 Localização física: a localização física e a proximidade entre 
emissor e recetor também influenciam a eficácia da comunicação.
 Atitude defensiva: uma das principais causas de muitas falhas de 
comunicação ocorre quando um ou mais dos participantes assume uma 
postura defensiva. Indivíduos que se sintam ameaçados ou sob ataque tenderão 
a reagir de forma a diminuir a probabilidade de entendimento mútuo. 
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
37
A RETER…
Podemos concluir que a comunicação é um conceito extremamente 
complexo, que envolve a difícil tarefa de pôr em comum a nossa 
realidade com a de outrem;
Envolve um complexo processo constituído por um emissor, 
um recetor, uma mensagem codificada, seguida de um processo de 
descodificação e de feedback;
Que se torna essencial desenvolver/reforçar competências ao nível 
do relacionamento interpessoal e da comunicação;
Podemos concluir que a comunicação é gerida por várias funções, 
sendo que a cada uma delas corresponde a determinados elementos;
Em suma, podemos concluir que as pessoas têm determinadas 
tendências comunicacionais que influenciam determinantemente 
o processo comunicacional. A postura que melhor se ajusta e que 
maximiza o potencial de uma conversa é uma postura de assertividade. 
A assunção deste estilo comunicacional caracteriza-se pela defesa do 
nosso ponto de vista sem desrespeitar o ponto de vista do interlocutor.
O comportamento dos formandos, a sua postura, expressões, humor, 
brincadeiras ou sarcasmos, questões, dúvidas, afirmações e opiniões, 
enfim, toda a riqueza da situação face-a-face em termos de feedback, 
é extremamente útil para o formador regular e corrigir a sua forma de 
comunicar com o grupo.
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38
TESTA OS TEUS 
CONHECIMENTOS…
Classifique as seguintes afirmações de acordo com a sua 
veracidade:
___ Atitudes, postura e tom de voz são exemplos de elementos não-
verbais da comunicação.
___ Empatia significa aceitar tudo o que nos dizem.
___ Ser assertivo é declinar, sem analisar ou tentar perceber, toda a 
informação que não está de acordo com a nossa opinião.
Complete a seguinte afirmação de modo a que faça sentido.
O processo de comunicação assenta na existência de um ____________, 
o qual consiste num sistema de signos que conduz à organização 
de mensagens, permitindo que dois organismos, _____________ e 
____________, possam processar a informação nelas contida através de 
um processo de ____________ .
1)
2)
39
DEFINIÇÃO DE GRUPO
Enquanto ser sociável, o Homem vive em relação com os seus 
semelhantes, relações essas que podem ocorrer de várias formas e em 
diversos contextos. Em função dessas relações, os indivíduos aglomeram-
se em grupos. Assim sendo podemos entender um grupo como um 
conjunto de pessoas diferentes mas que, contudo, se identificam, pois 
partilham, por exemplo, os mesmos objetivos e necessidades.
Os elementos do grupo regulam as suas interações adotando as mesmas 
cren-ças, normas, regras e padrões de comportamento. Só assim é possível 
existir interdependência e cooperação, de modo a se atingir os objetivos 
ou satisfazer as necessidades do grupo.
Todas as pessoas pertencem a um número considerável de grupos: o 
departamento da empresa, a família, os amigos, os vizinhos, a equipa de 
futebol, os escuteiros, o partido político, etc.
O indivíduo comporta-se como membro de um grupo desde que 
tenha consciência que partilha dos mesmos valores, regras e objetivos, 
característicos dos outros elementos que formam o grupo. Não é preciso 
conhecer todos os adeptos do clube de futebol para sentirmos "que é o 
nosso clube", e comprar o respetivo emblema. Basta reconhecermo-nos 
como adepto, como membro desse grupo.
DINÂMICA DE GRUPO
E ESTILOS DE LIDERANÇA
Todos os pequenos grupos, 
enquanto entidade viva e 
dinâmica, evoluem, 
ultrapassando diversas etapas ou 
fases de 
desenvolvimento durante o seu 
período de vida.
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Formação
40
O GRUPO NA FORMAÇÃO
O grupo é uma realidade poderosa nas situações formativas. O formador 
necessita de saber lidar com essa realidade. As funções do formador são as 
de regular as atividades do grupo, canalizar as suas energias, garantir um 
clima propício à aprendizagem.
As técnicas de trabalho em grupo permitem,ainda, desenvolver as 
capacidades de comunicação dos formandos. No grupo desenvolve-se 
um maior número de interações verbais e são os formandos os atores 
dessas interações.
As atividades que um grupo de formação realiza contribuem para a 
produção de novos saberes, para novas práticas e para o desenvolvimento 
de cada elemento desse grupo.
O QUE SE SABE SOBRE OS GRUPOS
Na bibliografia científica existente sobre este tema encontramos 
alguns indicadores que importa trazer para aqui. Passemos a refletir a 
partir desta informação.
Um grupo de trabalho intelectual produz resultados superiores quando 
comparado com apenas um elemento. O grupo tem ao dispor um maior 
número de informações, maior variedade de ideias, e a discussão dessas 
ideias gera novas ideias.
Os indivíduos que trabalham em grupo aprendem mais do que 
sozinhos. Este facto deve-se à sinergia, à osmose social (tendência para 
aceitar as regras do grupo) e ao acréscimo de ideias a circular. Memoriza-
-se melhor o que se aprende em grupo.
As decisões tomadas em grupo tendem a tornar-se comportamentos 
estáveis.
ATIVIDADES DE GRUPO
Existem várias maneiras de organizar as atividades de formação em 
grupo. Apresentam-se, a seguir, as mais habituais: 
 Grupo simples/mesma tarefa - todos os grupos realizam a mesma 
proposta de trabalho. As diferentes abordagens vão enriquecer o trabalho final;
 Grupo/multifunção - cada elemento do grupo realiza uma tarefa 
que faz parte de uma atividade do grupo, mais complexa, articulada a 
outras atividades de outros grupos;
 Grupo/tarefas diferentes - num projeto, cada grupo realiza 
atividades que vão ter significado, quer durante o processo, quer na fase 
final do projeto.
Podem ainda utilizar-se as energias do grupo para aperfeiçoar ativida-
des/soluções para problemas. 
Cada grupo vai, sucessivamente, experimentar melhorar as soluções 
propostas por um outro grupo. 
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
41
O mesmo acontece com o grupo de formação. Na primeira etapa, que 
poderemos designar a génese do grupo, o conjunto de formandos não é 
muito mais do que um aglomerado de pessoas.
DESENVOLVIMENTO DO GRUPO
 Desenvolvimento orientado para a tarefa;
 Desenvolvimento orientado para a relação.
As forças implicadas no desenvolvimento orientado para a tarefa 
produzem comportamentos que visam a prossecução do objetivo - 
elaborar, analisar, trocar informação, sintetizar.
De seguida, debruçar-nos-emos nos Estilos de Liderança transmitidos 
pelo formador ao executar o seu papel no grupo de formação.
ESTILO AUTORITÁRIO OU AUTOCRÁTICO
• O formador concentra o poder de decisão em relação aos objetivos, 
conteúdos e métodos de trabalho.
• Explica por etapas e não fornece uma visão global das tarefas.
• Situa-se fora do grupo e não se envolve com as tarefas. Mantém o 
distanciamento máximo necessário à imposição do seu estatuto de 
líder.
• Sanciona distrações e interações. Mantém a comunicação centrada 
nos conteúdos programáticos, impedindo a expressão individual.
• É o pólo emissor e recetor das mensagens, controlando as redes de 
comunicação.
• Controla resultados por feedback individual.
• Enfatiza erros.
• Não reforça sucessos.
• A avaliação assume a forma de crítica individualizada.
• Atitudes de avaliação, orientação e interpretação.
ESTILOS DE LIDERANÇA
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Formação
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 Efeitos no grupo
• Produção elevada em quantidade.
• Clima do Grupo negativo e nível motivacional baixo.
• Não há expressão dos conflitos que permanecem latentes.
• Não há lugar para a criatividade e expressão individual.
 
ESTILO “DEIXA ANDAR” OU LIBERAL
• O formador apresenta o conjunto das tarefas mas delega todo o 
poder de decisão ao grupo quanto aos métodos de trabalho.
• Situa-se fora do grupo, sentindo-o como uma ameaça.
• Faz pacto de não incomodar se não o incomodarem.
• Não intervém nas crises ou afirma-se de forma incoerente.
• Não controla resultados. Se solicitado utiliza uma falsa atitude não-
diretiva: "O que é que acha?"; "Faça como lhe parecer melhor..."
• Exerce uma falsa liderança, demitindo-se do seu papel.
 Efeitos no grupo
• A comunicação é, num primeiro momento, elevada, chegando à 
euforia.
• Posteriormente, a comunicação anárquica é substituída por 
descontentamento e desmotivação.
• O grupo corre o risco de se desmembrar e afastar-se por completo 
das atividades e objetivos estipulados.
• A produção é muito diminuta.
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
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ESTILO DEMOCRÁTICO
• O poder de decisão não está concentrado no formador. O grupo 
possui certa autonomia na tomada de decisões.
• O grupo participa na fixação dos objetivos e métodos de trabalho.
• O formador intervém nas crises mais relevantes.
• É o grupo e cada um dos seus membros que controla os resultados.
• Atitudes de apoio, exploração, interpretação e empatia.
• A comunicação é abundante, existindo alternância de papéis de 
emissor e recetor dentro do grupo.
 Efeitos no grupo
• A produtividade é elevada, embora possa não atingir os níveis do 
estilo autoritário.
• Em compensação, a criatividade é estimulada e o grupo consegue 
encontrar novas fórmulas e soluções não aprendidas.
• O clima afetivo é positivo e há maior motivação.
• O grupo torna-se coeso e adquire uma verdadeira identidade.
 
A RETER…
Um grupo é um conjunto de dois ou mais indivíduos com um 
objetivo comum; interdependentes; que adotam regras, normas e 
sanções que regulam o seu comportamento no âmbito do grupo; onde cada 
um desempenha um papel; e coopera para que o grupo atinja o seu objetivo;
O formador ou animador gere a vida do grupo, assegurando que as 
suas diferentes funções se realizam e que os objetivos são alcançados;
O formador pode adotar diferentes estilos de gestão do ambiente 
pedagógico, autoritário, liberal ou democrático, com diferentes 
consequências na produtividade e no clima psicológico do grupo;
Os líderes são peças fundamentais no desenvolvimento, caminho 
escolhido e identidade de cada grupo.
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Formação
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TESTA OS TEUS 
CONHECIMENTOS…
Classifique as seguintes afirmações de acordo com a sua veracidade:
___ No Estilo autoritário ou autocrático o líder situa-se dentro do 
grupo e envolve-se em todas as tarefas do grupo. 
___ No Estilo “deixar andar” ou liberal o líder apresenta o conjunto das 
tarefas mas delega todo o poder de decisão ao grupo quanto a métodos 
de trabalho.
1)
45
A comunicação é uma das dimensões principais no universo do 
Homem. A capacidade de comunicar oferece a cada Ser Humano a 
possibilidade de concretizar o seu desenvolvimento 
psíquico e social pleno e permite a existência de 
grupos, organizações, sociedades e culturas. 
A comunicação é, desta forma, um fenómeno 
dinâmico e evolutivo, cujo principal objetivo é 
permitir a interação entre indivíduos ou grupos. 
Neste sentido, o processo comunicativo diz respeito 
ao conjunto de técnicas verbais e não-verbais capazes 
de influenciar ou manipular o ambiente social.
 No mesmo sentido, o contexto de ensino-
aprendizagem é um ambiente de comunicação por 
excelência. Da comunicação gerada no seio do 
grupo em formação depende o sucesso da aprendizagem, o concretizar 
dos objetivos pedagógicos, o clima afetivo e o nível motivacional do grupo 
e a realização pessoal do formador. 
Torna-se vital para o futuro do Formador de Topo conhecer os 
fundamentos do processo comunicativo e algumas das suas implicações, para 
que lhe seja possível gerir a comunicação de forma positiva, desenvolvendo 
uma relação pedagogicamente eficaz com os seus formandos. 
ELEMENTOS EM COMUNICAÇÃO
Num sistema de comunicação estão presentes os seguintes 
componentes: emissor ou fonte, mensagem, canal, recetor, feedback ou 
reação. Iremos seguidamente dar enfâse a cada um deles e analisar a sua 
inter-relação.
 Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação): afigura quem 
pensa, codifica e envia a mensagem.O emissor é quem inicia o processo de 
comunicação. A codificação da mensagem pode ser feita transformando 
o pensamento que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos 
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.
 Canal de transmissão da mensagem: é a ligação entre o emissor e 
o recetor e representa o meio através do qual é transmitida a mensagem. 
Existe uma grande variedade de canais de transmissão, cada um deles 
com vantagens e inconvenientes: destacam-se o presencial (no caso do 
emissor e recetor estarem frente a frente), o telefone, os meios eletróni-cos 
e informáticos, a rádio, a televisão, entre outros.
 Recetor da mensagem: representa quem recebe e descodifica 
a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção que a descodificação 
da mensagem resulta naquilo que efetivamente o emissor pretendia 
GESTÃO DA COMUNICAÇÃO PEDAGÓGICA
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Formação
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enviar (por exemplo, em diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter 
significados diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recetores 
para a mesma mensagem.
 Ruídos: representam obstruções, mais ou menos intensas, ao 
processo de comunicação e podem ocorrer em qualquer uma das suas 
fases. De-nominam-se ruídos internos se ocorrem durante as fases 
de codificação ou descodificação e externos se ocorrerem no canal de 
transmissão. Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal 
de transmissão utilizado e consoante as características do emissor e do 
recetor, sendo, por isso, um dos critérios utilizados na escolha do canal de 
transmissão quer do tipo de codificação.
 Feedback (ou retro-informação): representa a resposta do recetor 
ao emissor da mensagem e pode ser utilizada como uma medida do 
resultado da comunicação. Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal 
de transmissão.
Modelo Linear de Comunicação
Prof. Flávia Guimarães
Emissor
Recetor
Feedback
Feedback
Ruído
Ruído
Ideia Codificação
Decodificação Receção Transmissão
Compreensão
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Recetor
Feedback
Feedback
Um Estudo de Caso para Refletir 
“Ausência de elogios”
“A minha diretora esconde as suas emoções. Nunca elogia nada que eu 
faço. Convenci um cliente muito importante a passar cerca de trezentos 
mil dólares por ano de faturação para quase o dobro. A sua reação quando 
lhe contei não foi ‘bom trabalho’, mas: “é claro que aceitaram a tua oferta 
– era um bom negócio”. 
Não havia qualquer emoção na sua voz, nem calor ou entusiasmo. 
Depois limitou-se a afastar-se. Quando contei aos outros gestores de 
vendas a minha venda, todos eles me felicitaram. Foi a maior venda da 
minha vida, e a minha diretora não reconheceu todo o trabalho que fiz 
para conseguir o negócio.
Comecei a sentir que devia haver alguma coisa errada comigo, mas 
outras pessoas sentem o mesmo acerca dela. Nunca mostra qualquer 
sentimento positivo ou dá qualquer encorajamento, nem em pequenas 
coisas nem em coisas grandes. (…) A nossa equipa é produtiva, mas não 
existe qualquer sentido de ligação com ela”.
O recurso a reforços positivos por parte do formador para com os 
formandos é uma forma importante de facilitar a aprendizagem e captar 
a atenção dos mesmos.
A IMPORTÂNCIA DOS REFORÇOS POSITIVOS 
Conhecer alguns dos fatores que podem constituir barreiras à 
compreensão, ao sentir e ao agir dos atores sociais que pretendem interagir é 
o propósito que nos orienta. Assim, podemos equacionar uma estrutura de 
variáveis que, nos processos de comunicação humana, tanto podem facilitar 
como bloquear ou constituir fontes de ruído nas relações face-a-face.
FATORES PESSOAIS
Compreendem um conjunto de aspetos que passamos a referir. O 
nível de profundidade de conhecimento que o indivíduo tem e revela 
no decorrer da conversa, ou, o nível de conhecimento que os outros 
intervenientes lhe atribuem ou reconhecem ter sobre o assunto a tratar. 
Este aspeto pode conduzir à maior ou menor credibilidade a atribuir ao 
FATORES INERENTES À COMUNICAÇÃO
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Formação
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emissor e trazer-lhe um estatuto que pode marcar o desempenho do seu 
papel enquanto comunicador.
Outro aspeto a considerar nos fatores pessoais diz respeito à aparência 
do sujeito. Não há nesta matéria aspetos morais a considerar, no que se 
refere a padrões de referência. Podemos, no entanto, dizer que não é 
insignificante, para a maioria das pessoas, a aparência do outro. O aspecto 
cuidado, ou não, o parecer este ou aquele tipo profissional, o estar ou não 
enquadrado num ou noutro grupo marca a relação. Mais não seja pelas 
expectativas que provoca, sobretudo, nas primeiras impressões.
Outro aspeto dos fatores pessoais é a postura corporal. Naturalmente 
que, nesta matéria, há sempre posturas próprias, eminentemente 
individuais. Mas o que interessa aqui ressaltar são, sobretudo, as posturas 
corporais que, apesar de pessoais, fazem parte de um léxico social, às quais 
é possível atribuir significados também sociais. É o caso de uma postura 
que, em determinados contextos se espera que não seja excessivamente 
rígida ou excessivamente descontraída. Determinados grupos têm 
expectativas, por vezes muito elevadas, relativamente às formas que o 
corpo deve adotar. Caso contrário, corre-se o risco de não ser identificado 
com o grupo em causa, ou ser considerado como um outsider do mesmo.
Também o movimento corporal se insere nos fatores pessoais que podem 
constituir barreiras à comunicação. Sobretudo em grupos fechados, ou em 
comunidades pouco abertas ao exterior, a vigilância sobre o movimento 
corporal dos indivíduos é exercida de forma expectante. Os códigos, 
por vezes rígidos, de determinados meios sociais coagem os indivíduos 
à moderação ou à exuberância a que o corpo deve obedecer nos seus 
movimentos. Certos movimentos do corpo, ou de zonas do corpo, podem ser 
interpretados como insinuações de ordem sexual em determinados meios, 
enquanto que noutros os mesmos movimentos podem ser considerados 
como indicadores de agilidade ou de graciosidade. O importante a reter é 
a ideia de que a forma como o corpo ocupa o espaço tem um significado 
social e cultural que, em determinados contextos, o seu valor pode facilitar 
ou constituir fator de obstrução às relações entre os indivíduos.
O contacto visual é também ele um fator pessoal que, apesar de 
tudo, pode obstruir a interação e provocar momentos de embaraço ou, 
até, de pânico. O direcionamento, o tempo, o contexto, a oportunidade, 
a intensidade, o status de quem olha ou de quem é olhado impõem um 
quadro interpretativo, que cada cultura se encarrega de transmitir aos 
seus membros, pelo processo de socialização. Os indivíduos sabem, por 
intuição, os parâmetros que condicionam o contacto visual; aprenderam 
e interiorizaram, no decorrer do tempo, as regras e os mecanismos de 
censura que o processo do olhar implica em sociedade.
A expressão facial é mais um fator pessoal com repercussões no campo 
dos relacionamentos. Os códigos sociais e culturais também aqui se fazem 
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
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sentir. As expetativas e as previsões comportamentais que os indivíduos 
fazem uns dos outros passam pelas mensagens emitidas pela expressão 
facial. A expressão facial é, talvez, um dos meios de comunicação 
mais importante nas relações interpessoais, quer para confirmação de 
expectativas, quer para afirmação de determinados estados de espírito, 
sejam eles espontâneos ou premeditados. A importância dada socialmente 
à expressão facial pode determinar, por vezes, a vida de um cidadão. Em 
determinados contextos, pode ser fatal ou fundamental uma expressão 
de ódio, de desprezo, de raiva, de desqualificação, de preocupação, de 
simpatia, de compreensão, de alegria, de bem-estar, de aceitação, etc.
A fluência com que os indivíduos falam ou discursam, bem como a 
articulação, a modulação, o ritmo ou o timbre que 
emprestam à sua voz não escapam à observação 
social e cultural de determinados meios. Sãoindicadores pessoais que os restantes atores têm 
em conta nas relações sociais que estabelecem. 
As matrizes em vigor em cada sistema social 
dizem aos indivíduos, muitas vezes, a forma 
como devem interpretar não só a personalidade 
como também o carácter e o meio social de 
origem do orador. Claro está que, neste processo de adivinhação muitos 
erros e equívocos condicionam as relações interpessoais, constituindo, por 
isso mesmo barreiras à comunicação não desprezíveis.
FATORES SOCIAIS
Temos vindo a abordar fatores de origem pessoal que podem afetar a 
dimensão social das relações. Debrucemo-nos agora, por instantes, sobre 
alguns fatores sociais, cuja origem a consideramos também social. É o caso 
da flexibilidade ou da rigidez dos sistemas de conhecimento, que impregnam 
e condicionam as formas como os indivíduos pensam o mundo.
Os sistemas de conhecimento condicionam e são condicionados por 
uma multiplicidade de fatores. A educação é um deles, ao inculcar nos 
indivíduos deter-minados princípios como certos e absolutos. Não se 
pretende com isto fazer a apologia da relatividade axiológica, e muito 
menos fazer a apologia de determinados princípios educacionais, aqui e 
agora. A importância desta abordagem permite-nos perceber, de forma 
objetiva, a marca que podem ter os princípios e os valores na visão dos 
sujeitos, e isso é importante porque, entre outros aspetos, a forma como 
cada um vê o mundo pontua as sequências comunicacionais. Havendo 
fortes discrepâncias na pontuação das interações entre os indivíduos, 
maior a probabilidade de ocorrência de equívocos e de conflitos nos 
processos de comunicação.
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Formação
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Mas não são só os princípios e os valores da educação a determinar os 
olhares do mundo. A cultura que marca a origem de cada ator social dá aos 
indivíduos uma orientação normativa às suas formas de pensar, de sentir 
e de agir. Por isso, os padrões de cultura que embebem o trajeto pessoal e 
social dos indivíduos geram, frequentemente, aproximação ou afastamento 
entre si. Como é sabido, a diferença resultante dos padrões culturais pode, 
em casos extremos, redundar em conflitos e incompreensões, devido a 
desfasamentos na interpretação das diferenças culturais. Entendemos, por 
isso, que a presença física por si só dos indivíduos não evita os conflitos 
relacionais. Só a compreensão, mediante processos de conhecimento, das 
características de cada padrão cultural permitem uma (re)aprendizagem 
das diferenças, as quais podem constituir motivos de comunicação e 
convívio, sem riscos de perda de identidade cultural e social.
As crenças ocupam no panorama dos fatores sociais que condicionam 
os sistemas de conhecimento um lugar proeminente. Pode dizer-se que 
elas são princípio, meio e fim dos sistemas de conhecimento. Se tivermos 
em conta que, sobretudo, as crenças que assentam na ignorância ou que 
tomam como certos determinados princípios podem gerar guerras ou 
conflitos difíceis de sanar, perceber-se-á a sua importância nos estudos 
sociológicos. Mas as crenças podem igualmente pontuar os ritmos de vida 
pessoal e social, ao nível dos estilos de vida, das escolhas de parceiros, 
de métodos relacionais e, até, de decisões de vida ou de morte, pessoal 
ou de familiares dependentes de quem toma a decisão. As crenças 
podem igualmente levar certos indivíduos a acreditar que não vale a 
pena considerar a vida como um bem, já que a sua passagem pela terra é 
efémera, ou então porque após a morte haverá um paraíso mais agradável 
para viver. A complexidade das crenças na vida das pessoas é, pois, um 
dos fatores que mais riscos pode trazer às relações interpessoais e, por 
consequência, barreiras à comunicação.
As normas sociais são em cada sociedade um fator de duplo sentimento: 
amor e ódio. As normas sociais parametrizam os comportamentos, e por 
isso dão aos atores sociais segurança e previsibilidade nas relações entre 
si. Por isso, todas as sociedades, com maior ou menor firmeza, adotam 
mecanismos de controlo e de sanções para a cumprimento das suas 
regras. As normas sociais, através do processo de socialização, dizem aos 
indivíduos como devem estar no mundo, ao nível orgânico, psíquico, 
social, cultural e simbólico. A coação que as normas sociais exercem sobre 
os indivíduos provoca-lhes o receio de serem ou virem a ser considerados 
desviantes do sistema em que estão inseridos. Por essa razão, é previsível a 
importância que têm as normas sociais nos padrões de relacionamento e 
de comunicação entre os diferentes agentes e atores sociais.
Os dogmas religiosos, sobretudo quando rejeitam tudo o que possa ir 
contra determinadas convicções, são um dos fatores sociais que podem 
Módulo Nº 5
Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
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constituir barreiras à intercompreensão humana. A História está repleta 
de maus exemplos sobre esta matéria 
e, apesar dos avanços tecnológicos de 
comunicação, ainda não foi possível, 
com frequência e em determinadas 
zonas, desenvolver contextos propícios 
à comunicação. Não estão, naturalmente 
em causa os dogmas em si mesmos, visto 
que não há religiões sem dogmas. Estão 
em causa os dogmas que, por princípio, 
em vez de constituírem um fator de 
aglutinação e desenvolvimento humano, provocam a desagregação social, 
o subdesenvolvimento e a ignorância, que só trazem infelicidade.
 
FATORES FISIOLÓGICOS
Nem todos os aspetos da fisiologia humana constituem barreiras à 
comunicação e nem todos os indivíduos valorizam os mesmos fatores 
como entraves à interação. Todavia, há sujeitos que, portadores de 
determinado handicap, ou têm eles mesmos dificuldade na interação 
com os outros, ou são os outros que lhes provocam dificuldades. Estamos 
perante situações de dificuldade comunicacional com origem em 
perceções marcadamente pessoais ou com origem em padrões cognitivos 
resultantes de determinados meios sociais ou culturais. De qualquer forma, 
interessa salientar a dificuldade que constitui para alguns interlocutores a 
conversa sobre determinados assuntos que versem, de forma assumida ou 
tangencial, a deficiência na sua comunicação.
FATORES DE PERSONALIDADE
A comunicação é, com frequência, complicada, senão mesmo 
impossível, quando esta procura ocorrer no seio das chamadas 
personalidades difíceis. Há, neste campo, um conjunto de aspetos que 
conviria referenciar como potenciadores de bloqueios à comunicação 
entre os indivíduos. Um deles diz respeito à conhecida auto-suficiência. 
De facto, torna-se complicado interagir com sujeitos que presumem saber 
tudo sobre determinado assunto.
Por outro lado, a ideia que alguns sujeitos têm de que uma palavra 
aplicada por diferentes pessoas terá de ter, natural e forçosamente, o 
mesmo significado entre elas é uma das barreiras à comunicação, que 
toma a designação de avaliações congeladas.
A confusão que constantemente alguns sujeitos fazem entre aquilo 
que é do foro objetivo e aquilo que é do subjetivo provoca não só 
dificuldades de compreensão por parte dos outros membros do sistema 
comunicacional como, não raras as vezes, conflitos. Esta confusão entre 
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Formação
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aquilo que é eminentemente a realidade concreta dos factos e as opiniões 
que sobre eles se possam ter é razão mais que suficiente para provocar 
paralisações no processo de entendimento entre os diferentes atores.
Se a tudo isto juntarmos a chamada tendência à complicação 
de alguns atores na cena da vida, ficaremos com uma ideia de 
quão complexas são as redes comunicacionais e relacionais dos 
sistemas sociais.
FATORES DE LINGUAGEM
Para além de tudo o que já foi dito sobre os diferentes fatores que 
podem constituir dificuldades ao relacionamento humano, podemos 
ainda equacionar os fatores de linguagem. O uso constante de palavras 
abstratas por parte de determinados comunicadores é motivo frequente 
de desorientação e equívocos de compreensão entre os formandos.
Não são também raras

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