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DIREITO FAMÍLIA QUESTÕES 1 E 2 ADOÇÃO A BRASILEIRA

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ATIVIDADE AVALIATIVA A1 
CASO INTERDISCIPLINAR: 
DIREITO CIVIL: FAMÍLIA E SUCESSÕES 
 
CASO PRÁTICO 
Maria das Graças, mãe solteira de 03 filhos menores, moradora de uma comunidade no 
bairro da Penha, é demasiadamente carente de recursos financeiros e emocionais. 
Enfrenta, ainda, problemas sérios com uso de drogas e álcool, devendo receber 
tratamentos para sua recuperação. 
Em decorrência desse quadro crítico social, emocional e econômico dois dos seus filhos 
estão sob cuidados da família extensa e o recém-nascido, “Abreu” foi entregue a um casal 
de conhecidos de Maria: Francisco e Paulina. Francisco e Paulina, então, registram 
“Abreu” como se fosse seu filho natural e a vida segue com o casal criando Abreu como 
seu filho, amparando-o emocionalmente e materialmente até que, dois anos após o 
registro, o Conselho Tutelar da Penha recebe uma denúncia anônima de que o bebê estaria 
sofrendo maus-tratos. Em visita domiciliar, um dos conselheiros aponta em seu relatório 
a suspeita de que o bebê pudesse ser vítima da SDS (“Síndrome do bebê sacudido”), a 
despeito das veementes negativas de Francisco e Paulina. 
Não bastasse, vem à tona, igualmente, forte desconfiança de que o bebê não é, de fato, 
filho natural do casal, o que desencadeia a propositura, pelo Ministério Público, de 
“medida de proteção” ao bebê, visando à sua imediata institucionalização, até que se 
apure em regular instrução o que fazer. Realizados diversos exames, é afastada a hipótese 
da SDS, mas se confirma a ausência de vínculo genético entre o bebê e o casal Francisco 
e Paulina. 
 
QUESTÕES DE DIREITO DE FAMÍLIA 
Orientações: As respostas devem ser devidamente fundamentadas juridicamente, com a 
citação direta de ao menos uma doutrina e uma decisão judicial para atribuição de nota. 
 
1 – A medida intentada pelo Ministério Público será da competência da Vara da Família 
ou da Vara da Infância e Juventude? Por quê? Explique e fundamente. 
 
 
2 – Considerando os dados expostos no problema (sem que houvesse “medida de 
protetiva” em andamento) e dos recentes julgados proferidos pelo STJ e STF, pergunta-
se: a) os pais registrais poderiam ser considerados pais socioafetivos mesmo que os pais 
biológicos desejassem obter o reconhecimento de paternidade/maternidade? Explique e 
fundamente. 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
 
 
No caso em pauta temos a adoção à brasileira, e esta suscita 
inúmeras controvérsias doutrinaria e jurisprudencial, podendo fazer com que a 
pessoa seja objeto de ação civil pública que vise a anulação do ato jurídico, além 
disso de acordo com o Código Penal Brasileiro, é crime “dar parto alheio como 
próprio, registrar como seu o filho de outrem, ocultar recém-nascido ou substitui-
lo, suprindo ou alterando o direito inerente ao estado civil. Os pais provedores, 
adotivos ou biológicos, devem ser capazes de exercer uma apropriação real 
sobre o filho, ou seja, aceitam-na para lhe oferecer todos os cuidados. Como 
bem define Levinzon (2004, p 25), “toda filiação é, antes de tudo, uma adoção.” 
 QUESTÃO 1 
O Ministério Público possui papel fundamental nas relações de direito de 
família, tal importância se efetivou desde a promulgação do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, tendo em vista a substituição nº 6.697/79, o Ministério Público 
vem atuando com efetividade. 
O Ministério Público dispõe de características efetivas na tutela da criança e 
do adolescente, tal como: forma de autor, de interventor ou até mesmo fiscal da 
ordem jurídica. 
O Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), dispõe sobre as prerrogativas 
do Ministério Público. Qual sejam: Proceder ação civil de proteção dos interesses 
difusos, coletivos e individuais, relativos à infância e a adolescência; ação de 
alimentos, em favor da criança ou adolescente; ação de suspensão e destituição 
do pátrio poder, e ainda, instaurar inquérito policial, requisitar diligências etc. 
Quando tratamos de adoção, que há o interesse de criança, ora menor de 
idade, o Ministério Público também possui atuação, conjuntamente com a 
Vara da Infância e Juventude, conforme nos orienta Flávio Tartuce (2015)1, in 
verbis: 
 
Além de tudo isso, como ficou claro pelos conceitos, 
a adoção sempre depende de sentença judicial no 
atual sistema, seja relativa a maiores ou menores, 
devendo esta ser inscrita no registro civil mediante 
mandado (art. 47 do ECA). O PROCESSO DE 
ADOÇÃO CORRE NA VARA DA INFÂNCIA E 
 
1TARTUCE. Flávio Manual de direito civil: volume único /. 5. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015, p.989. 
 
 
JUVENTUDE NOS CASOS DE MENORES E NA 
VARA DA FAMÍLIA EM CASOS DE MAIORES, 
SEMPRE COM A INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO, pois se trata de questão relativa à estado 
de pessoas e a ordem pública. (TARTUCE, 2015, 
p.989). 
 
O ECA - Estatuto da Criança e adolescente, dispõe sobre a competência 
da Justiça da Infância e da Juventude: 
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é 
competente para: 
I - CONHECER DE REPRESENTAÇÕES 
PROMOVIDAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, 
PARA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL 
ATRIBUÍDO A ADOLESCENTE, APLICANDO AS 
MEDIDAS CABÍVEIS; 
... 
III - CONHECER DE PEDIDOS DE ADOÇÃO E 
SEUS INCIDENTES; 
... 
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, 
perda ou modificação da tutela ou guarda; (Brasil, Lei 
Nº 8.069, De 13 De Julho De 1990 Estatuto da 
Criança e do adolescente) 
 
Vejamos o posicionamento do Tribunal de Justiça: 
 
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. 1ª VARA 
CÍVEL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E 2ª VARA 
CÍVEL DE FAMÍLIA, AMBAS DA COMARCA DE 
CAPANEMA. AÇÃO DE ADOÇÃO. COMPETÊNCIA 
ESTABELECIDA EXPRESSAMENTE NO ART. 148, 
III DO ECA. COMPETÊNCIA DA VARA 
ESPECIALIZADA. 1 - A matéria de competência da 
Justiça da Infância e da Juventude, não pressupõe, 
em todos os casos, a existência de risco ao menor. 
Em verdade, nas hipóteses dos incisos do artigo 
148 do ECA, a competência do juízo especializado 
é incondicionada. Basta que haja subsunção 
entre o fato - no presente caso, o pedido de 
adoção - e a norma (art. 148, III do ECA) que 
restará cristalina a competência da Vara 
 
 
Especializada. 2 - Conflito Negativo conhecido para 
declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara 
Cível da Comarca de Capanema. 
(2015.04058367-60, 152.703, Rel. CELIA REGINA 
DE LIMA PINHEIRO, Órgão Julgador TRIBUNAL 
PLENO, Julgado em 2015-10-21, Publicado em 2015-
10-28) 
 
Conclusão, há de ressaltar a importância da atuação do Ministério Público 
quando há interesse de crianças e adolescentes. Segundo o Estatuto da Criança 
e do adolescente, o Ministério Público atuará comunitariamente com a Vara da 
Infância e Juventude, conforme prevê o art. 148 do ECA, e a jurisprudência 
Tribunal de Justiça. 
BIBLIOGRAFIA 
 
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias/ 5ª edição revista, 
atualizada e ampliada – São Paulo – Editora Revista dos Tribunais Ltda. 
 
CARDOSO, Jéssica Ferreira. O papel do Ministério Público no contexto do 
direito da criança e do adolescente. Disponível em : 
<https://jus.com.br/artigos/67759/o-papel-do-ministerio-publico-no-contexto-do-
direito-da-crianca-e-do-adolescente> Acesso em 13.mar.2020. 
 
TARTUCE. Flávio Manual de direito civil: volume único /. 5. ed. rev., atual. e 
ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015, p.989. 
 
TJ-PA-CC: 000242747.2012.8.140013 BELÉM, Relator: Célia Regina de Lima 
Pinheiro, Data de Julgamento: 21/10/2015, TRIBUNAL PLENO, Data de 
Publicação: 28/10/2015. 
http://gsa-index.tjpa.jus.br/consultas/search?q=cache:1KxVDT-
9qyMJ:177.125.100.71/acordao/20150405836760++inmeta:dt_julgamento:daterange:20
15-10-21..+inmeta:dt_publicacao:daterange:2015-10-28..&ie=UTF-
8&client=consultas&proxystylesheet=consultas&site=jurisprudencia&lr=lang_pt&acce
ss=p&oe=UTF-8 
 
 
 QUESTÃO 2 
De início observemos o posicionamento dos doutrinadores, emrelação a 
temática abordada, Rodrigo da Cunha Pereira, ensina: 
 
“Lugar de pai, lugar de mãe, lugar de filhos, sem entretanto, 
estarem necessariamente ligados biologicamente. Tanto é 
assim, uma questão de “lugar”, que um indivíduo pode 
https://jus.com.br/artigos/67759/o-papel-do-ministerio-publico-no-contexto-do-direito-da-crianca-e-do-adolescente
https://jus.com.br/artigos/67759/o-papel-do-ministerio-publico-no-contexto-do-direito-da-crianca-e-do-adolescente
http://gsa-index.tjpa.jus.br/consultas/search?q=cache:1KxVDT-9qyMJ:177.125.100.71/acordao/20150405836760++inmeta:dt_julgamento:daterange:2015-10-21..+inmeta:dt_publicacao:daterange:2015-10-28..&ie=UTF-8&client=consultas&proxystylesheet=consultas&site=jurisprudencia&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8
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ocupar o lugar de pai ou mãe, sem que seja o pai ou mãe 
biológico. Exatamente por ser uma questão de lugar, de 
função exercida, que existe o milenar instituto de adoção”. 
(PEREIRA, 2007, p.8). 2 
 
O fato é que a partir da Constituição Federal de 1988, vários outros princípios 
passaram a colorir o direito da família dentre estes destacam-se: melhor 
interesse da criança e do adolescente, o da convivência familiar, o da 
paternidade responsável e o do planejamento familiar. 
O instituto da adoção é a expressão máxima do princípio da 
socioafetividade, porém este não o é único que preenche seu conteúdo, ou seja, 
a compreensão da adoção deve ser em conformidade com os todos os demais 
princípios, anteriormente, mencionados. O vínculo socioafetivo aparece como 
uma força jurídica expressiva e, por essa razão, merece atenção e 
regulamentação. Afinal, o artigo 1593 do Código Civil admite não somente o 
parentesco consanguíneo, mas também o civil de outra origem. 
A questão da socioafetividade no âmbito do direito de família que tem levado 
os tribunais olhar com outra perspectiva jurídica a adoção à brasileira. 
Neste momento destacamos o princípio da convivência familiar, ou seja, nos 
dias atuais o sentido da adoção é garantir à criança o direito ao seu 
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social em condições de 
liberdade e de dignidade no seio de uma família. 
 
Silvio Venosa e Maria Berenice Dias, diante do conceito de adoção, in 
verbis: 
“A adoção é modalidade artificial de filiação que busca 
imitar a filiação natural. Daí ser também conhecida como 
filiação civil, pois não resulta de uma relação biológica, mas 
de manifestação de vontade, conforme o sistema do 
Código Civil de 1916, ou de sentença judicial, conforme o 
atual sistema”. (VENOSA, 2010, p.1483). 3 
 
 “A adoção é um ato jurídico em sentido estrito, cuja 
eficácia está condicionada à chancela judicial. Cria um 
vínculo fictício de paternidade-maternidade-filiação entre 
 
2PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Cf. Família, direitos humanos, psicanálise e inclusão 
social.Revista Brasileira de Direito de Família.a.IV,nº16, jan.-mar, 2003, pg 08 
 
 
3 VENOSA, Silvio de Salvo. Código Civil interpretado. São Paulo: Atlas, 2010. p. 1.483 
 
 
pessoas estranhas, análogo ao que resulta da filiação 
biológica.” (DIAS, 2009, p.434)4 
 
 
A adoção a brasileira, é conhecida como uma adoção ilegal, sendo ela 
uma adoção pelo qual a família biológica entrega da criança a um terceiro, que 
fará o registro da criança, como se filho fosse, sem ao menos ter passado por 
um processo de adoção judicial. 
Tal medida poderá ser enquadrado na esfera penal: 
 
Artigo 242, do Código Penal - Dar parto alheio como próprio; 
registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido 
ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao 
estado civil. 
Pena – reclusão, de 2 a 6 anos. 
 
Tal prática é conhecida e realizada há milênios em nosso país, estes 
“pais ilegais” optam pelo procedimento mais fácil, por não acreditarem no 
sistema de adoção do poder judiciário, ou até mesmo, por desconhecer que 
tal conduta é ilegal. O jurista Joacinay Nascimento (2014), publicou um artigo 
jurídico relatando sobre as causas que levam a esse ato, in verbis: 
 
“Como já destacado, independentemente do 
procedimento escolhido para se adotar um estranho e 
torná-lo como filho, o objetivo da adoção nada mais é do 
que aumentar a família, seja por amor ou simplesmente 
em razão de querer continuar com a genealogia; 
entretanto, mesmo existindo amparo jurídico para a 
consolidação de tal ato, é importante levarmos em 
consideração alguns fatores que conduzem a tal prática 
da adoção ilegal, como o desejo de ter para si um novo 
membro na família, a sensibilidade em face do abandono 
infantil que ocorre em nossa sociedade e o afeto com 
crianças.” (NASCIMENTO, 2014)5 
 
 
4 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5. ed. São Paulo: RT, 2009. p. 434. 
 
5 NASCIMENTO, Joacinay Fernanda do Carmo. Adoção à brasileira. Âmbito 
Jurídico. Disponível em: <http://www.ambito-
jurídico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14879>. Acesso em: 
13.mar.2020 
 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14879
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14879
 
 
Neste interim, devemos compreender que há uma outra modalidade no 
âmbito do direito de família que tem levado os tribunais olhar com outra 
perspectiva jurídica a adoção à brasileira, a questão da socioefetividade. 
Vejamos a visão de Tartuce sobre o tema: 
 
A valorização prática do afeto como valor jurídico remonta 
ao brilhante trabalho de João Baptista Villela, jurista de 
primeira grandeza, escrito em 1979, tratando da 
desbiologização da paternidade. Na essência, o trabalho 
procura dizer que o vínculo familiar constitui mais um 
vínculo de afeto do que um vínculo biológico. Assim surge 
uma nova forma de parentesco civil, a parentalidade 
socioafetiva, baseada na posse de estado de filho: “A 
PATERNIDADE EM SI MESMA NÃO É UM FATO DA 
NATUREZA, MAS UM FATO CULTURAL. EMBORA A 
COABITAÇÃO SEXUAL, DA QUAL PODE RESULTAR 
GRAVIDEZ, SEJA FONTE DE RESPONSABILIDADE 
CIVIL, A PATERNIDADE, ENQUANTO TAL, SÓ NASCE 
DE UMA DECISÃO ESPONTÂNEA. Tanto no registro 
histórico como no tendencial, a paternidade reside antes no 
serviço e no amor que na procriação. As transformações 
mais recentes por que passou a família, deixando de ser 
unidade de caráter econômico, social e religioso, para se 
afirmar fundamentalmente como grupo de afetividade e 
companheirismo, imprimiram considerável esforço ao 
esvaziamento biológico da paternidade. Na adoção, pelo 
seu caráter afetivo, tem-se a prefigura da paternidade do 
futuro, que radica essencialmente a ideia de liberdade.” 
(TARTUCE, 2015, p.998). 
 
Vejamos o posicionamento dos tribunais sobrea temática, 
 
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. HABEAS CORPUS. 
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DE MENOR. 
APARENTE ADOÇÃO À BRASILEIRA E INDÍCIOS DE 
BURLA AO CADASTRO NACIONAL DE ADOÇÃO. 
PRETENSOS ADOTANTES QUE REUNEM AS 
QUALIDADES NECESSÁRIAS PARA O EXERCÍCIO DA 
GUARDA PROVISÓRIA. VÍNCULO SOCIOAFETIVO 
PRESUMÍVEL NO CONTEXTO DAS RELAÇÕES 
FAMILIARES DESENVOLVIDAS. OBSERVÂNCIA DO 
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR. 
2- Conquanto a adoção à brasileira evidentemente não se 
revista de legalidade, a regra segundo a qual a adoção 
deve ser realizada em observância do cadastro nacional 
de adotantes deve ser sopesada com o princípio do 
melhor interesse do menor, admitindo-se em razão 
deste cânone, ainda QUE EXCEPCIONALMENTE, a 
concessão da guarda provisória a quem não respeita 
 
 
a regra de adoção. (STJ. Terceira Turma. Data do 
julgamento: 27/02/2018. HC 385507/PR. Ministra Nancy 
Andrighi) 
 
 
APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO DE FAMÍLIA -APELAÇÃO 
CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE 
REGISTRO CIVIL. ADOÇÃO À BRASILEIRA E 
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA CARACTERIZADAS. 
RECURSO IMPROVIDO. 
1. O reconhecimento voluntário de paternidade, com 
ou sem dúvida por parte do reconhecente, é 
irrevogável e irretratável (arts.1609e 1610do Código 
Civil), somente podendo ser desconstituído mediante 
prova de que se deu mediante erro, dolo ou coação, 
vícios aptos a nulificar os atos jurídicos em geral. (AC Nº 
70040743338, TJRS). 
2. Caracterizadas a adoção à brasileira e a 
paternidade socioafetiva, o que impede a anulação do 
registro de nascimento da ré pelo pai registral, mantém-
se a improcedência da ação. (TJPI. Data do julgamento: 
26/05/2015. AC nº 201000010064408 PI 
201000010064408. Relator Desembargador Brandão de 
Carvalho.) 
 
Diante o exposto, podemos notar que mesmo havendo ilegalidade no ato 
da adoção à brasileira, há a possibilidade de o entendimento ser distinto da 
norma jurídica, ou seja, os tribunais estão utilizando o princípio do melhor 
interesse do menor para as decisões. Havendo a possibilidade no caso em tela, 
de Francisco e Paulina, ora pais registrais, serem considerados pais 
socioafetivos, tendo em vista o infante possuir um vínculo efetivo e consolidado 
com a atual família registral. 
Outrossim, o Doutrinador Damásio de Jesus, explica que há a 
possibilidade de diminuição de pena e até mesmo o perdão judicial (2011), in 
verbis: 
 
O parágrafo único do art. 242 do CP prevê uma causa de 
diminuição de pena, consistente em o agente realizar a 
conduta impelido por motivo de reconhecida nobreza. O 
privilégio aplica-se a todas as modalidades de conduta 
descritas no caput. Reconhecida nobreza significa 
motivo que demonstre humanidade, altruísmo, 
generosidade por parte do agente. Existindo tais 
motivos, é possível ao juiz atenuar ou até conceder o 
perdão judicial. Embora o CP empregue a expressão 
“podendo o juiz deixar de aplicar a pena”, o perdão 
judicial constitui um direito do réu e não simples faculdade 
judicial, no sentido de o juiz poder aplicá-lo ou não, 
 
 
segundo o seu puro arbítrio. Desde que presentes 
circunstâncias favoráveis ao réu, o magistrado está 
obrigado a não aplicar a pena (DAMÁSIO, 2011, p.253) 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. https://pt.scribd.com/document/355482792/14-
Adocao-a-Brasileira-e-a-Verdade-No-Registro-Civil 
 
CABETTE, Eduardo Luiz Santos; RODRIGUES, Raphaela Lopes. Adoção a 
brasileira crime ou causa nobre. Disponível em: 
<https://www.migalhas.com.br/depeso/293739/adocao-a-brasileira-crime-ou-
causa-nobre> Acesso em:13. Mar.2020. 
 
NASCIMENTO, Joacinay Fernanda do Carmo. Adoção à brasileira. Âmbito 
Jurídico.Disponível em: 
<http://www.ambitojurídico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_i
d=14879>. Acesso em: 13.mar.2020 
 
TARTUCE. Flávio Manual de direito civil: volume único /. 5. ed. rev., atual. e 
ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
 
VILLELA, João Baptista. Desbiologização da paternidade. Separada da 
Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo 
Horizonte, ano XXVII, n. 21 (nova fase), maio 1979 
https://pt.scribd.com/document/355482792/14-Adocao-a-Brasileira-e-a-Verdade-No-Registro-Civil
https://pt.scribd.com/document/355482792/14-Adocao-a-Brasileira-e-a-Verdade-No-Registro-Civil
https://www.migalhas.com.br/depeso/293739/adocao-a-brasileira-crime-ou-causa-nobre
https://www.migalhas.com.br/depeso/293739/adocao-a-brasileira-crime-ou-causa-nobre
http://www.ambitojurídico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14879
http://www.ambitojurídico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14879

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