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TESES CÍVEL E ESPECIALIZADA______________________________________12 APLICAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE (ART. 303 E SS. DO CPC/15) NAS AÇÕES CIVIS PÚBLICAS, INCLUSIVE NA DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO AUTOR: ROGÉRIO RUDINIKI NETO___________________________________________13 ALIENAÇÃO PARENTAL, OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA E A ATUAÇÃO RESOLUTIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTORES: LAURO FRANCISCO DA SILVA FREITAS JÚNIOR E ALEXANDRE MARCUS FONSECA TOURINHO______________________________________________22 A LEI DO SINASE (LEI 12.594 DE 2012), UNIFICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS E O PRINCÍPIO DA SUBSUNÇÃO (ABSORÇÃO LÓGICA DE UMA MEDIDA POR OUTRA) AUTOR: EPAMINONDAS DA COSTA__________________________________________33 A EFETIVIDADE DA RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA POR ATOS LESIVOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AUTOR: RAFEAL PEREIRA_______________________________________________48 CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPRESCINDIBILIDADE DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO AUTORES: ALAN AYALA DA SILVA, WILSON JOSÉ GALHEIRA E SAMIA SAAD GALLOTTI BONAVIDES_____________________________________________________ 57 A DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA NA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTORA: FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADO____________________________65 ATUAÇÃO INTEGRADA DO SISTEMA DE JUSTIÇA E DA ACADEMIA NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE – IMPLANTAÇÃO DA REDE DE MEDIDORES DE QUALIDADE DO AR NO ESTADO DO ACRE SUMÁRIO AUTORES: CÁSSIA NOGUEIRA LIMA, GETÚLIO BARBOSA DE ANDRADE E PATRÍCIA DE AMORIM RÊGO______________________________________________ 82 IMPROPRIEDADE DA INSTAURAÇÃO DA “AÇÃO DE ACOLHIMENTO” OU “AÇÃO DE MEDIDA DE PROTEÇÃO”, PARA FINS DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL EMERGENCIAL AUTOR: EPAMINONDAS DA COSTA _______________________________________ 94 ART. 19-B DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI 8.069/90): POSSIBILIDADE DE ADOÇÃO POR PADRINHOS E DE APADRINHAMENTO POR PESSOAS HABILITADAS À ADOÇÃO AUTORAS: FERNANDA NAGL GARCEZ, MABIANE CZARNOBAI MESSAGE E MARILDA SCALON RODRIGUES ___________________________________________ 98 O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO REDE DE APOIO DAS CRIANÇAS FILHAS DE PRESAS: COMO APROXIMAR OS ARTIGOS 127 E 227 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL AUTORA: VIVIANE ALVES SANTOS SILVA _________________________________ 107 A APLICAÇÃO DA TEORIA DA ACTIO NATA ÀS AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTOR: MARCUS PAULO QUEIROZ MACÊDO _____________________________ 117 FUNDAMENTOS E DIRETRIZES PARA A DESTINAÇÃO ALTERNATIVA DE VERBAS PECUNIÁRIAS (CY-PRÈS) EM TERMOS DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA CELEBRADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR: ROGÉRIO RUDINIKI NETO _______________________________________ 128 O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA REPARAÇÃO DOS DANOS SOCIAIS PROVOCADOS POR DESASTRES TECNOLÓGICOS AUTOR: GUILHERME DE SÁ MENEGHIN __________________________________142 DOS PRECEDENTES VINCULANTES FIXADOS EM RECURSOS ESPECIAIS AVULSOS AUTORA: SAMIA SAAD GALLOTTI BONAVIDES__________________________ 153 MEDIAÇÃO ESCOLAR NUM CONTEXTO TRANSVERSAL DE PROPOSTA EDUCACIONAL AUTORA: TEREZINHA ANTÔNIA DE ALBUQUERQUE GOMES ______________162 DISCURSO DE ÓDIO E CAMINHOS PARA A EFETIVIDADE DA TUTELA DE DIREITOS HUMANOS NO ESPAÇO CIBERNÉTICO AUTOR: MOACIR SILVA DO NASCIMENTO JÚNIOR _______________________ 180 COLABORAÇÃO PREMIADA EM AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: UMA RELEITURA DO PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO AUTOR: RODRIGO MONTEIRO DA SILVA _________________________________195 TORTURA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA POR VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES _____________________________________212 BOLETIM DE OCORRÊNCIA DE FATOS ATÍPICOS E A CRIAÇÃO DE NÚCLEOS DE MEDIAÇÃO NA POLÍCIA JUDICIÁRIA AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES________________________________________229 O DIREITO FUNDAMENTAL À PROBIDADE ADMINISTRATIVA E A REDUÇÃO SALARIAL EM AFASTAMENTO CAUTELAR DO AGENTE PÚBLICO AUTORES: NIRVANA CAMPOS FREITAS DE MOURA E ORIANE GRACIANI DE SOUZA ___________________________________________________________________244 POLÍTICAS PÚBLICAS ARQUIVÍSTICAS E A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO: DEFESA DA GESTÃO DOCUMENTAL, DA INTEGRIDADE E DA MEMÓRIA AUTOR: SÉRGIO REIS COELHO ____________________________________________ 261 TIPOLOGIA: UMA ALTERNATIVA PARA A RESOLUTIVIDADE NO COMBATE À CORRUPÇÃO/ AUTOR: LUCIANO TAQUES GHIGNONE E MARIA CLARA MENDONÇA PERIM ______________________________________________________ 274 SUFRÁGIO DIRETO NA ESCOLHA DE CONSELHEIROS TUTELARES: EMBARAÇOS LEGAIS E MATERIAIS E ALTERNATIVAS VIÁVEIS AUTOR: EPAMINONDAS DA COSTA _______________________________________290 O MINISTÉRIO PÚBLICO E OS FUNDOS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA: OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL DO MEMBRO E DA PRÓPRIA INSTITUIÇÃO DE PROMOVER SUA REGULARIZAÇÃO, INCLUSIVE PARA RECEBIMENTO DE DOAÇÕES SUBSIDIADAS PELO IMPOSTO DE RENDA AUTOR: FLÁVIO TEIXEIRA DE ABREU JÚNIOR ______________________________296 PROTEU E A METAMORFOSE DA CORRUPÇÃO AMBIENTAL AUTORA: PRISCILA DA MATA CAVALCANTE ______________________________ 312 FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA E PROATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – FOCO NAS PUBLICAÇÕES PÚBLICAS, EM DEFESA DA PROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTORES: DANIEL HENRIQUE QUEIROZ DE AZEVEDO, BRUNO BECKEMBAUER SANCHES E FRANKLIN LOBATO PRADO____________________________________325 O EXERCÍCIO DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE PELO MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR: THIMOTIE ARAGON HEEMANN ___________________________________339 MULTAS DECORRENTES DA PRÁTICA DE INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS PREVISTAS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE AUTOR: MOACIR SILVA DO NASCIMENTO JÚNIOR_________________________353 A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA COMO FERRAMENTA DE EFICÁCIA SOCIAL NO FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS NÃO RELACIONADOS NO SUS AOS INDIVÍDUOS HIPERVULNERÁVEIS AUTOR: ELTON OLIVEIRA AMARAL ______________________________________ 363 CRIMINAL___________________________________________________372 A NULIDADE DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO CRIMINAL SEM A PRESENÇA DO MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR: GUSTAVO HENRIQUE HOLANDA DIAS KERSHAW__________________373 UMA DEFESA DA ATUAÇÃO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA CRIMINAL, ENQUANTO AGENTE POLÍTICO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL AUTOR: SALOMÃO ISMAIL FILHO _________________________________________380 EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA PARA FINS DE REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTORES: DINALVA SOUZA DE OLIVEIRA E MARCOS GIOVANE ÁRTICO ___386 CRIMES DE TRÂNSITO COM CULPA CONSCIENTE JUSTIFICAM ESFORÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA A MUDANÇA DAS LEIS AUTOR: CALIXTO OLIVEIRA SOUZA__________________________________398 A (A)TIPICIDADE DO PORTE DE ARMA INCAPACITADA E DO PORTE DE MUNIÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA BRASILEIRA AUTORES: ALFREDO PINHEIRO MARTINS NETO E NATÁLIA SILVEIRA SARMENTO_______________________________________________________________408 MORTES VIOLENTAS DE MULHERES: DESAFIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO COMBATE AO CRIME DE FEMINICÍDIO. AUTORAS: MARIANA DIAS MARIANO; MARIANA SEIFERT BAZZO ; ROBERTA FRANCO MASSA; SUSANA BROGLIA FEITOSA DE LACERDA E TICIANE LOUISE SANTANA PEREIRA_______________________________________________________ 417 DO SILÊNCIO DO RÉU PERANTE OS JULGAMENTOS DO TRIBUNAL DO JÚRI: O MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DO DIREITO FUNDAMENTAL DO RÉU A UM JULGAMENTO JUSTO. AUTOR: JEFFERSON MARQUES COSTA ____________________________________ 432 DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA O AJUIZAMENTO DA REVISÃO CRIMINAL, PÓS 1988: ANÁLISE CRÍTICA DO PAPEL DO PROMOTOR DE JUSTIÇA ENQUANTO DEFENSOR DA ORDEM JURÍDICA AUTOR: JOSÉ DA COSTA SOARES __________________________________________437 A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: A PROTEÇÃO DA CRIANÇAE A VIGÊNCIA DO ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL AUTORA: CLÁUDIA TÜRNER P. DUARTE ___________________________________440 AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA COMO ELEMENTO DE PROVA AUTORA: MARCELLE RODRIGUES DA COSTA E FARIA_____________________ 449 A LEGÍTIMA DEFESA ANTECIPADA E SUA (IN)ACEITAÇÃO PERANTE O TRIBUNAL DO JÚRI AUTOR: RODRIGO MONTEIRO DA SILVA _________________________________ 468 O CONTROLE DA FUNDAMENTAÇÃO JUDICIAL DO PROCEDIMENTO DOSIMÉTRICO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO: NECESSIDADE DE CONSIDERAÇÃO DO GRAU DE MANIFESTAÇÃO CONCRETA DAS ELEMENTARES DO TIPO PENAL COMO FUNDAMENTO IDÔNEO PARA A EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE NA PRIMEIRA FASE DO PROCEDIMENTO DOSIMÉTRICO AUTORES: MATEUS SLEIMAN CASTRIANI QUIRINO E FRANCISCO DE ASSIS MACHADO CARDOSO ______________________________________________________484 O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO E A OITIVA DE IDOSOS NO SISTEMA JUDICIAL CRIMINAL BRASILEIRO AUTORES: LAURO FRANCISCO DA SILVA FREITAS JUNIOR E ALEXANDRE MARCUS FONSECA TOURINHO _____________________________________________492 TORTURA E EXCLUSÃO PROBATÓRIA AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________506 A APURAÇÃO DE TORTURA EM AMBIENTE PRISIONAL E O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES________________________________________ 522 MINISTÉRIO PÚBLICO E INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA: DESAFIOS E ALGUMAS PROPOSTAS AUTOR: MARCUS VINÍCIUS AMORIM DE OLIVEIRA________________________ _539 PLURALIDADE DE MORTES NO CRIME DE LATROCÍNIO E A IMPUTAÇÃO CRIMINOSA AUTORA: RUTH ARAÚJO VIANA ___________________________________________552 O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL E O POSTULADO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL. AUTOR: SAULO JERÔNIMO LEITE BARBOSA DE ALMEIDA__________________ 567 DA NECESSIDADE DE REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL PARA A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NOS CRIMES AMBIENTAIS AUTORES: MARCOS GIOVANE ÁRTICO E DINALVA SOUZA DE OLIVEIRA ___ 577 A TATUAGEM COMO LINGUAGEM NÃO VERBAL NO TRIBUNAL DO JÚRI. (MPPE- PE) AUTORA: ROSEMARY SOUTO MAIOR DE ALMEIDA________________________593 A PRONÚNCIA COMO LIMITE À DECISÃO DOS JURADOS MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS AUTOR: RAFAEL SCHWEZ KURKOWSKI___________________________________602 A UTILIZAÇÃO DO INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA COMO ALTERNATIVA PARA OBTENÇÃO DE PERSECUÇÃO PENAL TEMPESTIVA E EFETIVA EM PROCESSOS CRIMINAIS QUE APURAM VULTUOSOS DESVIOS DE VERBAS PÚBLICAS AUTORA: LETICIA LEMGRUBER FRANCISCHETTO________________________609 AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA SUPRIR OMISSÃO DE SENTENÇA CRIMINAL AUTOR: VILSON FARIAS____________________________________________________627 AS PRÁTICAS RESTAURATIVAS COMO ALTERNATIVA AO PROCESSO PENAL: DA PROPOSTA DE RESSIGNIFICAÇÃO DO CASO PENAL A UMA NECESSÁRIA CONCRETIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ULTIMA RATIO R AUTORES: SAMIA SAAD GALLOTTI BONAVIDES E MÁRIO EDSON PASSERINO FISCHER DA SILVA_________________________________________________________653 DIR. FUNDAMENTAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS_________________666 A REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA URBANA MEDIANTE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE DIREITO URBANÍSTICO AUTORA: ORIANE GRACIANI DE SOUZA___________________________________667 O ESTATUTO DA FAMÍLIA, SEUS ASPECTOS CONSTITUCIONAIS E O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DOS PRINCÍPIOS, DAS GARANTIAS E DIREITOS FUNDAMENTAIS: UM ESTUDO DE CASO AUTORAS: SAMMY BARBOSA LOPES E PATRÍCIA DE AMORIM RÊGO_________682 ORDENAMENTO DO ESPAÇO URBANO: EFETIVIDADE NA TUTELA DIFUSA DO DIREITO FUNDAMENTAL À SEGURANÇA PÚBLICA AUTORA: ALICE DE ALMEIDA FREIRE _____________________________________699 A NECESSIDADE DE CONTROLE EXTERNO DA INFRAESTRUTURA VIÁRIA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. AUTOR: CÁSSIO MATTOS HONORATO____________________________________715 O MINISTÉRIO PÚBLICO E O SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS: A SENTENÇA DO CASO FAVELA DE NOVA BRASÍLIA AUTORA: ELIANE DE LIMA PEREIRA ______________________________________729 IMPORTÂNCIA NA APLICAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA COMUNICAÇÃO DAS OCORRÊNCIAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA AUTOR: FABIANO MORAIS DE HOLANDA BELTRÃO ______________________742 O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL PELA PRIMEIRA INFÂNCIA AUTORA: LUCIANA PEREIRA GRUMBACH CARVALHO ____________________752 NOVOS HORIZONTES PARA O CONTROLE EXTERNO DA POLÍCIA AUTORA: CLÁUDIA TÜRNER P. DUARTE _________________________________ 762 A DIGNIDADE HUMANA DAS VÍTIMAS DA CRIMINALIDADE COMO FUNDAMENTO DAS OBRIGAÇÕES POSITIVAS DO ESTADO BRASILEIRO À MARGEM DE TRÊS DÉCADAS DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO EM FACE DO ART. 245 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL AUTOR: KLEDSON DIONYSIO DE OLIVEIRA _______________________________780 DESMILITARIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL: GESTÃO, TRANSPORTE DE PRESOS, REVISTAS E GERENCIAMENTO DE CONFLITOS PELA POLÍCIA MILITAR AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________797 PROGRAMA DE PREVENÇÃO A ROUBOS DE PASSAGEIROS NO TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO URBANO AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________809 A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE FAMILIARES DE PESSOAS DESAPARECIDAS – CORPOS IDENTIFICADOS E “NÃO RECLAMADOS” AUTORA: FERNANDA NICOLAU LEANDRO TERCIOTTI _____________________831 ATUAÇÃO DIALÓGICA: CAMINHO PARA EFETIVAÇÃO DO CARÁTER DE AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E INFLUENCIADOR /INDUTOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS AUTORA: SELMA MAGDA PEREIRA BARBOSA BARRETO_____________________845 A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA EFETIVAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MELHORIAS NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA COMO PROTEÇÃO DO BEM FUNDAMENTAL DA VIDA AUTOR: EDUARDO JOSÉ FALESI DO NASCIMENTO __________________________853 A BANALIZAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS E A DESESTRUTURAÇÃO DE SUA EXIGIBILIDADE AUTORA: LUDMILA DE PAULA CASTRO SILVA _____________________________865 O CONTROLE EXTERNO E A GARANTIA DA EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA: O CASO DO SERVIÇO DE VERIFICAÇÃO DE ÓBITO AUTORES: BRÁULIO GREGÓRIO CAMILO SILVA E ANDRÉA RODRIGUES ' AMIN___________________________________________________________________________879 POLÍTICA INS E ADMINISTRATIVA___________________________892 A INTEGRAÇÃO DAS CORREGEDORIAS-GERAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO ESFORÇO INSTITUCIONAL POR RESOLUTIVIDADE AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________893 SETORIZAÇÃO E CONVERGÊNCIA ESTRUTURAL COMO FATORES DE IMPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA NO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________913 CONTROLE CONCENTRADO E CONTROLE DIFUSO: MODALIDADES EFETIVAS DO CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________931 A REGULAÇÃO LEGISLATIVA DO CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________943 PROGRAMA DE ALINHAMENTO (E ENGAJAMENTO) DOS MEMBROS ADMINISTRATIVOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________958 A SEMESTRALIDADE DAS VISITAS ORDINÁRIAS NAS UNIDADES POLICIAIS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________975 REVISÃO E VALORIZAÇÃO DAS PROMOTORIAS CRIMINAIS AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES_________________________________________988 A INCONSTITUCIONALIDADE DA RECUSA DE PROMOTOR MAIS ANTIGO NA MOVIMENTAÇÃO FUNCIONAL POR REMOÇÃO AUTOR: JOÃO GASPAR RODRIGUES________________________________________1002 OS ENCARGOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DIANTE DA SUA MISSÃO CONSTITUCIONAL: REFLEXÕES E PROPOSTA PARA UMA DISTRIBUIÇÃO MAIS EQUILIBRADA DAS MÚLTIPLAS ATRIBUIÇÕES DOS SEUS ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO AUTORES: MURILO CEZAR SOARES E SILVA E WILLIAN BUCHMANN _______1012 OFERECIMENTO DOS CARGOS VAGOS DOS MEMBROSDO MP: DISCRICIONARIEDADE OU DEVER LEGAL? UMA REFLEXÃO SOBRE O ART. 62 DA LEI 8.625/1993” AUTOR: SALOMÃO ISMAIL FILHO _________________________________________1027 ATENDIMENTO AO PÚBLICO COMO EXERCÍCIO DA CIDADANIA AUTOR: JANINE BORGES SOARES _________________________________________1033 CONTROLE DE JURIDICIDADE DA REMOÇÃO INTERNA AUTOR: FREDERICO AUGUSTO DE OLIVEIRA SANTOS______________________1042 TRABALHOS SETORIAIS AUTOCOMPOSIÇÃO, MEDIAÇÃO E RESOLUTIVIDADE________1059 A ATUAÇÃO PREVENTIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO NA SITUAÇÃO DE CALAMIDADE PÚBLICA DOS BAIRROS DO PINHEIRO, BEBEDOURO E MUTANGE, EM MACEIÓ/ALAGOAS AUTOR: NATÁLIE CAROLINE DA SILVA, MARILIA RIBEIRO BARROS E ROSEMEIRE LOPES DE LOBO FERREIRA_____________________________________1060 DIALOGANDO NAS EMPRESAS AUTORA: LUCY ANTONELI DOMINGOS ARAUJO GABRIEL DA ROCHA______1062 POLÍCIA MILITAR – CAPACITAR PARA SERVIR – UMA VIA DE MÃO DUPLA AUTORA: LUANA AZERÊDO ALVES _______________________________________1065 CICLOS DE PESQUISA-AÇÃO E DE POLÍTICAS PÚBLICAS: O QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM A APRENDER COM A PESQUISA E A POLÍTICA PARA EFETIVAR DIREITOS SOCIAIS AUTOR: LEONARDO SEIXLACK SILVA _____________________________________1067 CARNAVAL DE RUA E SEGURANÇA PÚBLICA – CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE INTEGRAÇÃO E PREVENÇÃO AUTORA: ANDRÉA RODRIGUES AMIN_____________________________________1069 MINISTÉRIO PÚBLICO COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: PROJETO “PRESENTE, PROFESSOR!” COMO ESPAÇO DEMOCRÁTICO DE DIÁLOGO COM A COMUNIDADE ESCOLAR E COMO FORMA DE COMBATER A EVASÃO DE ESTUDANTES COM A COLABORAÇÃO DA SOCIEDADE E ATRAVÉS DO DIRECIONAMENTO DE TRANSAÇÕES PENAIS – PREMIAÇÃO PARA AS TRÊS ESCOLAS PÚBLICAS COM OS MELHORES ÍNDICES DE FREQUÊNCIA ESCOLAR EM CADA MÊS E PREMIAÇÃO PARA ESTUDANTES QUE SE DESTACAREM NAS DISCIPLINAS ESCOLARES, NAS COMPETIÇÕES ESPORTIVAS E NAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS. AUTOR: MÁRCIO FERNANDO MAGALHÃES FRANCA______________________1071 PROJETO REVIVER AUTORES: JOSÉLIA LEONTINA DE BARROS LOPES E ERICK RICARDO DE SOUZA FERNANDES _____________________________________________________________1073 PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO BEM VIVER NO MPPI AUTORAS: CLÉIA CRISTINA PEREIRA DE JANUÁRIO FERNANDES E FABRÍCIA BARBOSA DE OLIVEIRA______________________________1075 DIREITOS FUNDAMENTAIS E EFETIVIDADE__________________1077 CONCLUSÃO E FUNCIONAMENTO DAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DO PROINFÂNCIA EM CRISTALINA-GO AUTORA: ANDREA BEATRIZ RODRIGUES DE BARCELOS_____________________1078 PRIMEIRA INFÂNCIA PLENA NAS AVERIGUAÇÕES OFICIOSAS DE PATERNIDADE AUTORA: VIVIANE ALVES SANTOS SILVA__________________________________1080 CONSELHO TUTELAR SEM DIVISAS – AGINDO LOCALMENTE, PENSANDO GLOBALMENTE AUTORES: LUDMILLA EVELIN DE FARIA SANT’ANA CARDOSO E ADRIANO BARROZO DA SILVA_______________________________________________________1082 CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA PROFESSORES EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA – ABORDANDO O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA SALA DE AULA AUTORA: LUCIANA FERNANDES DE FREITAS_______________________________1084 DE MÃOS DADAS : VISIBILIDADE PARA TODOS E TODAS AUTORA: ELAINE CARVALHO CASTELO BRANCO __________________________1086 MPES GARANTINDO DIREITOS FUNDAMENTAIS POR MEIO DA TRANSPARÊNCIA E DOS METADADOS: UMA EXPERIÊNCIA COM PAINÉIS DE BI AUTORA: LUCIANA GOMES FERREIRA DE ANDRADE ______________________1088 A ADOÇÃO CONJUNTA DE IRMÃOS E A EXCEPCIONALIDADE DE SOLUÇÃO DIVERSA AUTORA: LUDMILA DE PAULA CASTRO SILVA ____________________________1090 CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES: CONSCIENTIZAR E PREVENIR AUTOR: SALOMÃO ISMAIL FILHO_________________________________________1092 INVESTIGAÇÃO E COMBATE À CORRUPÇÃO E AO CRIME ORGANIZADO______________________________________________1094 RETENÇÃO LIMINAR DE REMUNERAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS EM AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTOR: RODRIGO MONTEIRO DA SILVA___________________________________1095 A MEDIDA CAUTELAR DE PROTESTO COMO FORMA DE INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO EM AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTOR: RODRIGO MONTEIRO DA SILVA___________________________________1097 ALIENAÇÃO ANTECIPADA DE BENS EM PROCESSOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: NECESSÁRIO INSTRUMENTO DE EFETIVIDADE DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL AUTOR: RODRIGO MONTEIRO DA SILVA__________________________________1099 MONITORAMENTO E REPRESSÃO DE INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS PRATICADAS NO ESPAÇO CIBERNÉTICO AUTOR: MOACIR SILVA DO NASCIMENTO JÚNIOR ________________________1101 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ANPP) – ANÁLISE ESTATÍSTICA, ROTEIROS DE ATUAÇÃO E RESULTADOS PRELIMINARES NO ÂMBITO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS (2017-2019) AUTOR: LUCAS CÉSAR COSTA FERREIRA_________________________________1103 Síntese dogmática: aborda-se o tema da possibilidade de utilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente no âmbito processo coletivo. Analisamos as interações entre o código de processo civil e o microssistema de tutela coletiva, bem como a viabilidade de utilização deste instrumento pelo Ministério Público. 1.Microssistema brasileiro de processos coletivos (introdução) A tutela jurisdicional de direitos difusos e coletivos encontra-se dentro da ―segunda onda renovatória de acesso à justiça‖ na tipologia proposta por Mauro Cappelletti e Bryant Garth, precedida pela assistência judiciária gratuita para os pobres (―primeira onda‖) e sucedida pelo enfoque aos meios alternativos de solução de controvérsias, tais como a arbitragem, a conciliação e os juizados de pequenas causas, que formam a chamada ―terceira onda‖. 1 Como é evidente, tal como ocorre com as gerações (dimensões) de direitos fundamentais, uma onda de acesso à justiça não anula sua antecessora. As ―ondas‖ são, em verdade, fenômenos que devem se manifestar concomitantemente dentro de um efetivo sistema de tutela de direitos. Uma ação é considerada coletiva quando se analisa a dimensão do seu objeto litigioso. Do ponto de vista legal, o Brasil possui uma série de diplomas que tratam de facetas do processo coletivo, como a Ação Popular (regrada pela Lei 4.717/65, tratando-se de direito fundamental consagrado no art. 5.º, LXXXIII, da Constituição Federal); a Ação Civil Pública (Lei 7.347/85, garantida pelo art. 129, III, da CF) e o Código de Defesa do Consumidor (Lei 1 CAPPELLETI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. trad. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2002. APLICAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE (ART. 303 E SS. DO CPC/15) NAS AÇÕES CIVIS PÚBLICAS, INCLUSIVE NA DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO AUTOR E RESPONSÁVEL PELA DEFESA DA TESE: ROGÉRIO RUDINIKI NETO INSTITUIÇÃO: MPPR E-MAIL PARA CONTATO: rrneto@mppr.mp.br (TEL: 041 99647-7339) 13 8.078/90, cuja promulgação decorreu do comando imposto no art. 48 do ―Ato das Disposições Constitucionais Transitórias‖ da CF/88). 2 É importante destacar que o advento do Código de Defesa do Consumidor, ao estabelecer um canal diálogo com a lei que disciplina a ação civil pública, formou o chamado ―microssistema brasileiro de processos coletivos‖. O CDC inseriu o art. 21 na LACP, passando a prever que suas normas processuais aplicam-se às ações civis públicas. 1.1. Microssistema brasileiro de processos coletivos e o Código de Processo Civil No que interessa ao escopo deste trabalho, cumpre ressaltar que as normas do CPC/15 somente serão aplicáveis ao microssistema de tutela coletiva de forma subsidiária, conquanto não exista incompatibilidade com as peculiaridades do processo coletivo. Em algumas situações a inaplicabilidade do código processual será ululante, como se verifica, a título de exemplo, na manutenção do efeito suspensivo automático do recurso deapelação (art. 1.012, caput), regra que está em rota de colisão com o art. 14 da LACP, pelo qual, em razão da necessidade de imediata tutela dos interesses metaindividuais, o efeito suspensivo somente será concedido ao recurso quando o juiz for convencido da possibilidade de dano irreparável. De todo modo, com base em Antonio Gidi, em função dos maiores poderes hoje conferidos ao juiz, as normas próprias ao processo civil de natureza individual que eventualmente não guardem total compatibilidade com a tutela coletiva, podem passar por adaptações, ―favorecendo a criação de um sistema processual coletivo mais adequado à efetividade da tutela dos direitos de grupo‖. 3 2.Tutela de urgência no CPC/15 Dentro do conceito de tutelas de urgência encontram-se alocadas a tutela antecipada e tutela cautelar. Ocorre que a tutela antecipada é idônea a propiciar a própria satisfação do direito material veiculado no processo 4 . Como ensina Luiz Guilherme Marinoni: ―na verdade, a tutela antecipada tem a mesma substância da tutela final, com a única diferença 2 O chamado ―microssistema brasileiro de processos coletivos‖ ainda é composto por uma vasta plêiade de outros diplomas, tais como: Lei 9.913/89 (investidores do mercado imobiliário); Lei 8.069/90 (―Estatuto da Criança e do Adolescente‖); Lei 8.429/92 (―Lei de Improbidade Administrativa‖); Lei 10.257/01 (―Estatuto da Cidade‖); Lei 10.671/03 (―Estatuto do Idoso‖); Lei 10.671/03 (―Estatuto de Defesa do Torcedor‖); Lei 12.016/09 (―Mandado de Segurança‖); Lei 13.300/16 (―Mandado de Injunção‖) etc. 3 GIDI, Antonio. Rumo a um código de processo civil coletivo: a codificação das ações coletivas no Brasil. Rio de Janeiro: Forense: 2008, p. 376. 4 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela da evidência: soluções processuais diante do tempo da justiça. São Paulo: RT, 2017, p. 33. 14 de que é lastreada em verossimilhança e, por isso, não fica acobertada pela imutabilidade inerente à coisa julgada material‖. 5 Por sua vez, a tutela de natureza cautelar não tem o escopo de promover a satisfação do direito material antes da prolação de sentença de mérito; mas, tão somente, de criar meios para assegurar o direito buscado no processo (―na tutela cautelar há sempre referebilidade a uma tutela ou situação substancial acautelada‖). 6 Em que pese a possibilidade de concessão de tutela cautelar em caráter antecedente já existisse no código anterior, a tutela antecipada antecedente é uma inovação trazida pelo CPC/15 (art. 294, parágrafo único). No sistema da nova codificação processual apenas a tutela antecipada concedida em caráter antecedente, presentes os requisitos exigidos pela lei, é passível de se estabilizar (art. 304). 7 Sobre o diploma processual hoje vigente, deve-se fixar a compreensão de que a tutela antecipada antecedente é postulada em momento anterior ao do ajuizamento da ação em que se buscará a tutela final. Nos termos da lei: ―nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo‖ (art. 303). Ao requerer uma tutela a ser concedida nestes termos, a parte autora deve demonstrar que o faz diante de situação de urgência excepcional (...) ―que não lhe permite apresentar desde logo os documentos e argumentos imprescindíveis à adequada propositura da ação voltada ao alcance da tutela – final – do direito‖. 8 Caso a tutela antecipada antecedente seja concedida e o réu não interponha o correspondente agravo de instrumento9, a medida se tornará estável (art. 304, caput). Caso a tutela em questão tenha sido concedida, mas o provimento não tenha se estabilizado em razão do agir do réu, caberá ao requerente aditar sua petição inicial no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de ter seu processo extinto sem resolução do mérito (art. 303, §2.º). 5 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela da evidência: soluções processuais diante do tempo da justiça. São Paulo: RT, 2017, p. 71. 6 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela da evidência: soluções processuais diante do tempo da justiça. São Paulo: RT, 2017, p. 88. 7 No ordenamento italiano, em certas situações, admite-se a estabilização da tutela antecipada incidental. (FICANHA, Gresiéli Taíse. Apontamentos sobre a estabilização da tutela antecipada no novo Código de Processo Civil. In: BONATO, Giovanni; SICA, Heitor Vitor Mendonça; CINTRA, Lia Carolina Batista. I Colóquio Brasil-Itália de Direito Processual Civil. Salvador: Jus Podivm, 2016, p. 523). 8 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela da evidência: soluções processuais diante do tempo da justiça. São Paulo: RT, 2017, p. 228. 9 Parcela significativa da doutrina sugere uma interpretação extensiva da expressão ―respectivo recurso‖ presente do art. 304 do CPC/15. Segundo tal intelecção, qualquer manifestação de descontentamento do réu para com a tutela antecipada concedida em caráter antecedente é idônea a obstar a estabilização da medida, como exemplo, é possível mencionar uma petição carreando um pedido de reconsideração. 15 Uma vez estabilizado, o provimento de urgência mantém sua eficácia sem estar condicionado a limites temporais. Todavia, tal medida somente se tornará imutável e indiscutível após o transcurso do prazo de dois anos previsto do art. 304, §5.º, durante o qual pode ser ajuizada ação destinada a rever a tutela antecipada estabilizada. 10 O CPC é expresso ao prever que o provimento estabilizado não está agasalhado pelo manto da coisa julgada material (art. 304, §6.º). Entende-se que a tutela de urgência estabilizada adquire uma definitividade similar, porém não idêntica, àquela da coisa julgada propriamente dita. Em outras palavras, passado o prazo bienal não mais será possível discutir o resultado concreto decorrente do provimento deferido de forma antecedente. Por outro lado, a tutela antecipada estabilizada não influenciará julgamentos futuros atinentes a direitos dependentes daquele veiculado no bojo da tutela de urgência. Em síntese, essa nova modalidade de estabilização identifica-se apenas com a chamada ―função negativa‖ da coisa julgada (aquele provimento não poderá mais ser discutido); não possuindo consequências tais como aquelas verificadas na chamada ―função positiva‖ da res judicata (juízes que decidirem casos posteriores não estão vinculados à decisão precedente). 11 3.Antecipação da tutela no processo coletivo Como visto alhures, antes da antecipação da tutela tornar-se uma regra geral no sistema processual brasileiro, já existiam disposições setoriais a permitir o emprego dessa técnica processual em algumas situações pontuais, inclusive na ação civil pública. Conforme o art. 12, caput, da Lei n.º 7.347/85, ―poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo‖. Desde logo, nota-se que a referida disposição não contempla os pressupostos a serem considerados pelo magistrado antes de conferir o provimento de urgência. Por evidente, a tutela não pode ser antecipada na ação civil pública sem que existam requisitos que norteiem a atividade do julgador, razão pela qual se defende a aplicação à espécie dos pressupostos trazidos no Código de Processo Civil (probabilidade do direito e perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo). Destarte, considerando o microssistema de tutela coletiva, é possível invocar também os requisitos 10 BONATO, Giovanni. Tutela anticipatoria di urgenza e sua stabilizzazione nel nuovo C.P.C. brasiliano: comparazionecom il sistema francese e com quello italiano. Revista da AGU. v. 15, n.º 4. Brasília: AGU, 2016, p. 40-42. 11 BONATO, Giovanni. Tutela anticipatoria di urgenza e sua stabilizzazione nel nuovo C.P.C. brasiliano: comparazione com il sistema francese e com quello italiano. Revista da AGU. v. 15, n.º 4. Brasília: AGU, 2016, p. 55-58. 16 trazidos no art. 84, §3.º, do Código de Defesa do Consumidor, que não destoam daqueles mencionados na codificação processual. Quanto à questão da irreversibilidade dos efeitos fáticos da tutela antecipada, observa-se que isso é inerente à própria natureza da medida em questão. A geração de efeitos fáticos irreversíveis, por si só, não pode impedir a concessão deste tipo de provimento de urgência, tendo-se em conta, especialmente, que a não concessão da tutela antecipada também poderá gerar prejuízos irreversíveis. 12 Todo esse raciocínio é aplicável à antecipação da tutela no âmbito do processo coletivo. 3.1. Aplicabilidade da tutela antecipada em caráter antecedente ao processo coletivo A técnica a tutela antecipada em caráter antecedente pode ser útil em diversas situações veiculadas em ações coletivas. A título de exemplo, a doutrina cita hipótese em que um navio cargueiro transportando espécies exóticas que podem desequilibrar o ecossistema nacional está prestes a atracar em porto brasileiro. Diante da complexidade do evento, o membro do Ministério Público com atribuições para atuar no caso não disporá de tempo suficiente para instruir inquérito civil destinado à colheita de dados para delimitação da demanda e obtenção de provas robustas para fundamentar a peça vestibular. Logo, será de grande valia o requerimento de tutela antecipada em caráter antecedente, de modo que, uma vez concedido o provimento de urgência, o legitimado coletivo terá tempo suficiente para elaborar a petição inicial da ação principal sem o risco de ajuizar uma demanda mal instruída e fadada ao fracasso. 13 Este exemplo pode sofrer múltiplas variações, como a situação em que um navio petroleiro em péssimo estado de conservação aproxima-se do litoral, com real risco de derramamento de óleo, atingindo o ecossistema costeiro e inviabilizando o trabalho de centenas de pescadores locais. Cogite-se, ainda, a imediata paralisação de uma indústria poluidora. Seguindo com os exemplos: um problema prático que poderia ter sido resolvido mediante o emprego da técnica da tutela antecipada em caráter antecedente ocorreu quando os Conselhos Tutelares dos Municípios vinculados à determinada comarca do interior paranaense deliberaram que suspenderiam totalmente suas atividades durante o recesso forense de fim de ano, sendo que essa informação foi tornada pública às vésperas do início do interregno de 12 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela da evidência: soluções processuais diante do tempo da justiça. São Paulo: RT, 2017, p. 123. 13 MOREIRA, Bockman Egon; BAGATIN, Andréia Cristina; ARENHART, Sérgio Cruz; FERRARO, Marcella Pereira. Comentários à Lei da Ação Civil Pública: revisitada, artigo por artigo, à luz do novo CPC e temais atuais. São Paulo: RT, 2016, p. 477. 17 interrupção. A total suspensão das atividades dos conselhos, além de representar violação às normas vigentes, colocava em risco a proteção dos direitos coletivos e individuais indisponíveis das crianças e adolescentes da localidade. Do ponto de vista processual, o membro do Ministério Público com atribuições para atuar no caso, ao manejar uma tutela antecipada em caráter antecedente sob as vestes de ação civil pública, poderia pleitear que as atividades dos Conselhos Tutelares não fossem suspensas por um dia sequer, sendo certo que, uma vez deferida e cumprida ordem judicial, bem como não havendo inconformismo dos acionados, a situação restaria pacificada e, com o encerramento do recesso forense, sequer haveria motivos para o prolongamento do processo. Ainda dentro do tema, trazemos à baila apenas mais um exemplo: determinado Promotor de Justiça plantonista, atuando em uma pequena comarca do interior, recebe denúncias de que teria sido organizada uma festa ―rave‖ em estabelecimento sem alvará de funcionamento, com vários ingressos vendidos a menores de idade, sendo que o anúncio do evento indica que haverá distribuição livre de bebidas alcoólicas, tudo isso somado a múltiplas e fundadas denúncias de que poderá ocorrer comércio de entorpecentes no local. Consta que a festa terá início nas próximas duas horas. Com vistas à tempestiva proteção dos direitos da infância e da juventude, da salubridade pública e das posturas municipais, a tutela de urgência de cunho antecedente será de grande valia, sendo certo que, uma vez concedida a ordem com a suspensão do evento, é muito provável que o manejo da ação principal sequer seja necessário. Por todo o exposto, em homenagem ao princípio da ―máxima amplitude‖ do processo coletivo 14 , com respaldo no art. 83 do CDC (―para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela‖), aplicável a todas as ações que fazem parte do microssistema de processos coletivos, entende-se que a técnica processual da tutela antecipada de caráter antecedente é perfeitamente compatível com o processo coletivo. 4. Tutela antecipada em caráter antecedente e defesa do patrimônio público Malgrado suas singularidades, a ação de improbidade administrativa (AIA) é considerada uma espécie de ação civil pública. A Lei 8.429/92 traz uma série de medidas de urgência típicas: (i) afastamento do agente público (art. 20, parágrafo único); (ii) indisponibilidade de bens (art. 7.º) e (iii) 14 DIDIER JR., Fredie; ZANETI JR., Hermes. Curso de Direito Processual Civil, v.4: processo coletivo. 9.ª ed. Salvador: Jus Podivm, 2014, p. 113. 18 sequestro de bens (art. 16). Todas essas medidas possuem natureza cautelar, razão pela qual, em que pese possam ser requeridas em caráter antecedente, estão fora do objeto de estudo deste trabalho. A própria possibilidade de antecipação de tutela na ação de improbidade administrativa exige maior atenção. Dúvida não há de que as sanções constantes do art. 12 da lei de regência (perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa civil e proibição de contratar com o Poder Público ou dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios) não poderão ser aplicadas de forma antecipada, em razão do princípio constitucional da não culpabilidade. 15 De fato, a Lei 8.429/1992 é toda estruturada com vistas à aplicação de sanções ao agente público. Todavia, caso no contexto de uma ação ímproba, seja constatada a prática de um ato administrativo eivado de nulidade, é possível cumular na mesma ação o pedido de declaração da nulidade do ato e o requerimento de aplicação de sanções ao agente. Nessa situação, não há óbices à formulação de pedido de antecipação de tutela. Pense-se no pleito de urgência consistente na suspensão de execução de obra ou do pagamento de despesas não autorizadas por lei. Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves vão ainda mais além, defendendo a possibilidade de se formular, de forma antecipada na ação de improbidade administrativa, pretensões mandamentais, como a ordem para imediata aplicação dos valores correspondentes às verbas mínimas em educação (conquanto previstas no orçamento), a determinação de prestação de contas ou a determinação de publicação de atos oficiais – omissões estas que também implicam sanções a serem aplicadas em sede de cognição exauriente. 16 Essas tutelas também podem ser requeridas em caráter antecedente. Como leciona a doutrina, nada obsta (...): ―a formulação de requerimento detutela antecipada em caráter antecedente (art. 303) apenas no que diz respeito à pretensão desconstitutiva (a anulação da licitação ou do concurso público, por exemplo) ou mandamental, ajuizando-se a ação de improbidade administrativa a posteriori, caso em que haverá clara conexão.‖ 17 Exemplificando com uma situação concreta: figure determinada licitação realizada de forma absolutamente fraudada, que gerou contrato de fornecimento de bens viciado, o qual permanece em execução, ocasionando constantes prejuízos ao erário. A fraude, inclusive, é constantemente noticiada na mídia local, sendo de conhecimento geral. Nesse 15 GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade administrativa. 9.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 1.142. 16 GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade administrativa. 9.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 1.142-1.144. 17 GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade administrativa. 9.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 1.144. 19 caso, o requerimento de uma tutela antecipada em caráter antecedente para suspender a execução do contrato e dos respectivos pagamentos terá o condão de estancar, de imediato, o prejuízo ao erário, de modo que o legitimado coletivo poderá, com mais calma, ajuizar em momento posterior a respectiva ação para imposição das sanções legais aos agentes públicos e particulares responsáveis. Ainda no âmbito exemplificativo, desta vez citando um caso real: recentemente foi noticiado no sítio do Ministério Público do Estado Paraná18 que o Tribunal de Justiça deu provimento a agravo de instrumento interposto pela Promotoria de Justiça de Iporã, no noroeste paranaense, determinando que a Prefeitura Municipal suspenda cinco procedimentos licitatórios até que seu portal da transparência seja regularizado. A medida foi requerida em sede tutela antecipada em caráter antecedente, de forma preliminar ao ajuizamento de futura ação por responsabilização por atos de improbidade administrativa. 5. Conclusão O acúmulo involuntário de serviço no Poder Judiciário faz com que a tutela de urgência seja a última salvaguarda de um direito coletivo lesionado ou ameaçado de lesão. Nos casos em que há um risco ainda maior de perecimento desse direito tutelado diante da falta de tempo hábil para a instrução do procedimento extrajudicial e elaboração de completa peça exordial, a tutela de urgência de natureza antecipatória nas ações civis públicas pode ser deferida em caráter antecedente (diante da aplicação subsidiária do Código de Processo Civil ao microssistema brasileiro de processos coletivos), sendo essa tutela, inclusive, passível de estabilização em muitos casos (art. 304 do CPC/15), o que contribui para a célere pacificação social, tratando-se de interessante instrumental processual à disposição do Ministério Público. 6. Proposta de enunciado Por força da aplicação subsidiária do CPC/15 ao microssitema de tutela coletiva e do princípio da máxima efetividade, admite-se a utilização da técnica da tutela antecipada antecedente em processos coletivos. 7. Referências bibliográficas 18 A notícia pode ser conferida no seguinte link: http://www.comunicacao.mppr.mp.br/2019/03/21315/Tribunal-de-Justica-atende-pedido-do-MPPR-e- determina-suspensao-de-licitacoes-em-Ipora-ate-que-prefeitura-regularize-seu-portal-da-transparencia.html 20 http://www.comunicacao.mppr.mp.br/2019/03/21315/Tribunal-de-Justica-atende-pedido-do-MPPR-e-determina-suspensao-de-licitacoes-em-Ipora-ate-que-prefeitura-regularize-seu-portal-da-transparencia.html http://www.comunicacao.mppr.mp.br/2019/03/21315/Tribunal-de-Justica-atende-pedido-do-MPPR-e-determina-suspensao-de-licitacoes-em-Ipora-ate-que-prefeitura-regularize-seu-portal-da-transparencia.html BONATO, Giovanni. Tutela anticipatoria di urgenza e sua stabilizzazione nel nuovo C.P.C. brasiliano: comparazione com il sistema francese e com quello italiano. Revista da AGU. v. 15, n.º 4. Brasília: AGU, 2016. CAPPELLETI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. trad. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2002. DIDIER JR., Fredie; ZANETI JR., Hermes. Curso de Direito Processual Civil, v.4: processo coletivo. 9.ª ed. Salvador: Jus Podivm, 2014. FICANHA, Gresiéli Taíse. Apontamentos sobre a estabilização da tutela antecipada no novo Código de Processo Civil. In: BONATO, Giovanni; SICA, Heitor Vitor Mendonça; CINTRA, Lia Carolina Batista. I Colóquio Brasil-Itália de Direito Processual Civil. Salvador: Jus Podivm, 2016. GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade administrativa. 9.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017. GIDI, Antonio. Rumo a um código de processo civil coletivo: a codificação das ações coletivas no Brasil. Rio de Janeiro: Forense: 2008. MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela da evidência: soluções processuais diante do tempo da justiça. São Paulo: RT, 2017. MOREIRA, Bockman Egon; BAGATIN, Andréia Cristina; ARENHART, Sérgio Cruz; FERRARO, Marcella Pereira. Comentários à Lei da Ação Civil Pública: revisitada, artigo por artigo, à luz do novo CPC e temais atuais. São Paulo: RT, 2015. 21 RESUMO O presente trabalho tem por objeto o estudo dos artigos 2º e 3º da Lei n. 12.318, de 26.08.2010, que dispõe sobre alienação parental, sob o enfoque do art. 227 da Constituição Federal de 1988 e da Convenção sobre os Direitos da Criança, relativamente ao Princípio do Melhor Interesse da Criança e o Princípio da Convivência Familiar, apontando, de forma efetiva, o papel do Ministério Público. Não tem por objetivo exaurir o assunto, mas apenas contribuir para a sua reflexão. Apresenta jurisprudência correlata e atualizada. Palavras-chave: Família. Princípios Constitucionais de Direito de Família. Alienação parental. Ministério Público. EXPOSIÇÃO 1. BREVE EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA NO BRASIL O Direito de Família é o ramo do direito que mais evolui perante as transformações da própria sociedade, bem como é o ramo do direito que mais sofre influência dos Direitos Humanos. O Direito de Família é o ramo mais próximo à vida que existe. Todo mundo nasce e vive em um seio familiar. Ousa-se a dizer que o Direito de Família é o mais humano de todos os ramos do direito. A família é e sempre será a base de qualquer sociedade 19 , o núcleo fundamental de toda organização social e jurídica, e que merece e precisa da mais ampla proteção do Estado. 19 Art. 226. CF. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. ALIENAÇÃO PARENTAL, OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA E A ATUAÇÃO RESOLUTIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO Alexandre Marcus Fonseca Tourinho 1 Lauro Francisco da Silva Freitas Junior 1 22 Sob a égide do Código Civil de 1916, o primeiro e o principal efeito do casamento era a constituição da família legítima. A família tinha como característica ser patriarcal, matrimonial, hierarquizada e heteroparental. Família, sexo e procriação só existiam se houvesse o casamento. Na época de filhos legítimos e ilegítimos, o Direito, dependendo do caso concreto, poderia incluir ou excluir as pessoas das relações sociais, familiares e até jurídicas, como no caso de sucessão. As famílias começaram a ser desfeitas a partir da lei 20 que permitiu o divórcio, mesmo que lentamente, ensejando o início das novas formações familiares. A Constituição Federal de 1988, reflexo da evolução da sociedade, da perda de interferência do Direito Canônico e da influência dos Direitos Humanos, promoveu uma mudança no Direito de Família com os artigos 226 e 227 e seus incisos. O conceito de família foi modificado e a ordem constitucionalincluiu o conceito de entidade familiar, ensejando novos modelos, não se limitando apenas a família decorrente do casamento. A família constituída pela união estável 21 e a monoparental 22 , formada por qualquer dos pais e seus descendentes, passaram a desfrutar também de especial proteção do Estado. A doutrina inovou denominando diversas outras formas de entidade familiar, tais como: família anaparental 23 , família avoenga 24 , família eudemonista 25 , família mosaico 26 , entre outras. O STF, fundamentando seus julgados nos Direitos Humanos, em especial no princípio da dignidade da pessoa humana, base de toda e qualquer sociedade democrática, reconheceu como entidade familiar, a família homoafetiva 27 , formada por pessoas do mesmo sexo. O divórcio 28 hoje é facilitado e toda essa evolução da sociedade e em especial da família refletiu nas relações pessoais entre os seus integrantes. Muitas crianças nascem de relações 20 Lei n. 6.515, de 26.12.1977. Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras providências. 21 Art. 226. §3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 22 §4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 23 Família constituída por parentes colaterais e que não descendem entre si, como por exemplo, irmãos e primos. 24 Família constituída pelos avós e netos. 25 Família formada a partir de laços de afeto. 26 Também denominada como família reconstituída. Ocorre quando uma pessoa e seus filhos (família monoparental) passam a viver em união estável ou casamento com uma nova família, com uma outra pessoa e seus filhos (família monoparental). É aquela família decorrente da pluralidade de relações parentais, dando origem a uma nova família. 27 O STF, em 05.05.2011, declarou procedente a ADIN 4277 E Arguição de Descumprimento Preceito Fundamental n. 132, com eficácia erga omnes e efeitos vinculante, conferindo interpretação conforme a CF ao art. 1723 da CC, a fim de declarar a aplicabilidade de regime da união estável às uniões entre pessoas do mesmo sexo. A Resolução n. 175 do CNJ determina que é vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. 28 CF/88. Art. 226, §6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. 23 eventuais e depois são objeto de disputa de pais, mais preocupados com os seus próprios sentimentos do que a formação familiar e psicossocial de seus filhos. 2. ALIENAÇÃO PARENTAL A expressão Síndrome da Alienação Parental – SAP foi utilizada pelo psiquiatra americano Richard Gardner, após análise de crianças na década de 1970 e introduzida nos processos dos Tribunais norte-americanos em 1985. [...] A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a ―lavagem cerebral, programação, doutrinação‖) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável. 29 No Brasil, o instituto da alienação parental foi previsto pela Lei n. 12.318, de 26.08.2010, trazendo a definição logo no artigo 2º, a saber (in verbis): Art. 2 o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. E em seguida, a lei exemplifica uma série de condutas do agente alienador ou com o auxílio de terceiros, sem contudo esgotá-las (in verbis): Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: I – realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; II – dificultar o exercício da autoridade parental; III – dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; IV – dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V – omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI – apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII – mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. Maria Berenice Dias (2011) doutrina que a alienação parental nada mais é do que: [...] uma lavagem cerebral feita pelo guardião, de modo a comprometer a imagem do outro genitor, narrando maliciosamente fatos que não ocorreram ou não aconteceram conforme a descrição feita pelo alienador. Assim, o infante passa aos poucos a se 29 Disponível em: <http://www.alienacaoparental.com.br/textos-sobre-sap-1/o-dsm-iv-tem-equivalente>. Acesso em: 10 maio 2017. 24 http://www.alienacaoparental.com.br/textos-sobre-sap-1/o-dsm-iv-tem-equivalente convencer da versão que lhe foi implantada, gerando a nítida sensação de que essas lembranças de fato ocorreram. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre o genitor e o filho. Restando órfão do genitor alienado, acaba o filho se identificando com o genitor patológico, aceitando como verdadeiro tudo o que lhe é informado. (DIAS, 2011, p. 463) 30 . A alienação parental consiste na conduta de um dos genitores, dos avós ou de quem tenha autoridade sobre a criança ou adolescente, em interferir na sua formação psicológica, objetivando que o menor repudie o outro genitor ou cause prejuízo ao vínculo afetivo mantido com este e seus familiares. A alienação parental pode ocorrer no seio de toda e qualquer forma de entidade familiar, e não somente naquelas advindas da dissolução matrimonial. O conceito trazido pela lei identifica o agente alienador, que pode ser qualquer um dos pais, os avós ou qualquer pessoa que conviva com a criança e que exerça autoridade sobre ela. É certo que nas relações dos genitores onde ainda há muitas mágoas pelo fim da relação amorosa, aqueles que são os titulares do poder familiar e que são os responsáveis pela formação e educação de uma criança ou de um adolescente, são os que mais praticam a alienação parental, violando o direito fundamental de convivência saudável e de afeto nas relações da criança e do adolescente perante o seu genitor e de seu grupo familiar. É de conhecimento de todo operador do Direito que atua nas Varas de Família, que quanto maior o grau de insatisfação e mágoa entre os genitores, maiores são as probabilidades de crianças e adolescentes serem expostos a alienação parental e litígios no Judiciário. Nas separações amigáveis, onde vigora aparente cordialidade entre os genitores, a situação pode ser alterada pelo passar do tempo e em virtude de fatos supervenientes,tais como um novo relacionamento de um dos genitores ou o nascimento de outro filho, situações estas que refletem na vida entre pais e filhos. A alienação parental se materializa pelas mais diversas condutas do agente alienador, tais como: impedir uma viagem da criança com o seu genitor, não avisar sobre um evento no colégio, afirmar que o genitor irá buscar para passear em determinada hora, mas o genitor não está ciente do passeio fazendo a criança esperar, criticar a religião do genitor, fazer comentários perversos a respeito do sobrenome do genitor, etc. Nas situações de alienação parental, a conduta mais grave de todas, é a de incutir falsas memórias, inclusive falsas denúncias de abuso sexual do genitor em relação à criança ou adolescente. 30 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das famílias. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011. 25 Euclides de Oliveira (2015), ao escrever a respeito da conduta do agente alienador, doutrina 31 : [...] Os diferentes nomes que podem ser ajuntados bem demonstram como se pratica a alienação parental: ―lavagem cerebral‖ (pela influência nefasta na mente do filho), ―implantação de falsas memórias‖ (pela introdução de elementos fantasiosos e prejudiciais ao outro cônjuge, fazendo o filho acreditar que sejam fatos verdadeiros, por isso motivadores de seu afastamento), pressão psicológica‖ (chegando às raias da coação moral, por impingir ao filho conduta danosa ao outro genitor, ―relação de influência‖ (que é pouco, diante da carga de força negativa empregada contra a mente do filho em formação), ―fazer a cabeça da criança‖ (no sentido do comum de desviar a liberdade de expressão e direcionar a conduta pessoal de outrem) etc. (OLIVEIRA, 2015, p. 282). Diversas são as formas de se praticar a alienação parental. O legislador, por sua vez, buscando encontrar soluções para o fim deste problema social e jurídico, editou a lei da alienação parental, sendo caracterizada como um marco na legislação, trazendo inclusive consequências judiciais 32 para o alienador, como a perda do poder familiar e suspensão do direito de visita, visando à convivência familiar saudável e harmoniosa. Apesar da guarda compartilhada ser a regra atual no ordenamento jurídico pátrio, ainda prevalece na prática a guarda unilateral da mãe. E mesmo na guarda compartilhada é possível a ocorrência da alienação parental. Entretanto, nem a guarda compartilhada e nem a lei da alienação parental são garantias do fim desta prática promovida por inúmeros pais, avós e terceiros 33 . A disputa da guarda de filhos, utilizando como arma o discurso do ―amor‖ acarreta a alienação parental e só acabará quando as feridas do fim do relacionamento cicatrizarem e os genitores olharem primeiramente para os seus filhos e depois para si mesmos. 31 OLIVEIRA, Euclides de. Alienação parental e as nuances da parentalidade: guarda e convivência familiar. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Tratado de direito das famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015. p. 282. 32 TJPA-0060303) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE PERDA DE PODER FAMILIAR C/C SUSPENSÃO DO DIREITO DE VISITAS. SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO. CORRETA. DOCUMENTOS QUE COMPROVAM GRAVE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA E ABUSO SEXUAL REALIZADOS PELO PAI BIOLÓGICO EM RELAÇÃO À MENOR. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I - A destituição do poder familiar é uma medida de proteção, para que o desenvolvimento integral previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente seja assegurado, de maneira que se deve observar primordialmente o melhor interesse da criança. II - Existem provas cabais de que o apelante descumpriu com seus deveres de pai em relação à filha, não havendo dúvidas de que o próprio genitor submeteu a filha a grave violência psicológica e abuso sexual, conforme depoimentos, estudo técnico e laudo pericial. III - Inexiste qualquer prova nos autos de que a genitora da menor tenha realizado alienação parental, conforme afirma o apelante. Por outro lado, em relatório de atendimento da criança no CREAS foi verificado indícios e indicadores de síndrome de alienação parental do pai em referência à mãe, com difamação, agressividade sem motivo aparente e uso de frases prontas e xingamentos. IV - O apelante é um homem agressivo, estando, inclusive, respondendo por crime de violência doméstica contra a genitora da menor e questão. Além disso, não presta qualquer assistência moral e emocional em favor da filha, o que implica necessariamente na ausência de vínculo e, sobretudo, na sua impossibilidade de prover os cuidados necessários ao desenvolvimento da mesma. V - Considerando o melhor interesse da criança e em consonância com o parecer Ministerial, voto pelo conhecimento e Desprovimento do presente recurso. (Apelação n. 00077358220138140028 (160559), 1ª Câmara Cível Isolada do TJPA, Rel. Gleide Pereira de Moura. j. 30.05.2016, DJE 09.06.2016). 33 TJBA-0038232) AGRAVO DE INSTRUMENTO. MENOR. TRANSFERÊNCIA DA GUARDA PROVISÓRIA PARA OS AVÓS PATERNOS, ASSEGURADO O DIREITO DE VISITA ASSISTIDA AOS GENITORES. ACUSAÇÕES DE ABUSO SEXUAL E ALIENAÇÃO PARENTAL RECÍPROCAS. DECISÃO PRIMÁRIA PAUTADA EM CRITÉRIOS DE PRUDÊNCIA E RAZOABILIDADE. PRESERVAÇÃO DOS INTERESSES DA CRIANÇA. NECESSIDADE. RECURSO IMPROVIDO. Não merece reproche a decisão primária que, pautada em critérios de prudência e razoabilidade, transfere a guarda provisória de menor aos avós paternos, até que sejam melhor esclarecidas as acusações de abuso sexual e alienação parental trocadas pelos genitores, aos quais fora assegurado o direito de visita assistida, por se tratar de medida que, por ora, se revela mais adequada para a preservação dos interesses da criança. (Agravo de Instrumento n. 0025379- 06.2015.8.05.0000, 5ª Câmara Cível/TJBA, Rel. Marcia Borges Faria. Publ. 09.09.2016). 26 3. PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA E ALIENAÇÃO PARENTAL O princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no art. 1º da Constituição Federal, princípio este fundamental em nosso ordenamento jurídico e que sustenta o Estado Democrático de Direito, serviu de fundamento para as transformações no Direito de Família. Maria Berenice Dias, doutrina 34 : [...] Na medida em que a ordem constitucional elevou a dignidade da pessoa humana a fundamento da ordem jurídica, houve uma opção expressa pela pessoa, ligando todos os institutos a realização de sua personalidade. Tal fenômeno provocou a despatrimonialização e a personalização dos institutos, de modo a colocar a pessoa humana no centro protetor do direito. (DIAS, 2009, p. 61-63). E nesse contexto, o constituinte originário estabeleceu diversos dispositivos que visam proteger a criança e o adolescente nos aspectos sociais, familiares e educacionais, objetivando proteger essa fase da vida tão importante na formação de cada ser e desenvolver cidadãos preparados para construir uma sociedade livre, justa e solidária. O art. 6º da Constituição Federal de 1988 determina a proteção da infância como direito social, devendo ser garantida pelo Estado, pela sociedade e pela família. A Convenção sobre os Direitos da Criança de 1990 reconhece que para o pleno e harmonioso desenvolvimento da personalidade da criança, a mesma deve crescer no seio da família, em um ambiente de felicidade, amor e compreensão 35 . O art. 227 da CF/88 estabelece o princípio do melhor interesse da criança, sendo um reflexo do caráter da proteção integral da doutrina dos direitos da criança e do adolescente, previsto no art. 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente 36 . Paulo Lobo (2015) doutrina sobre o Princípio do Melhor Interesse da Criança 37 : [...] O princípio do melhor interesse significa que a criança – incluído o adolescente, segundo a Convenção Internacional dos Direitos da Criança – deve ter seus interesses tratadoscom prioridade, pelo Estado, pela sociedade e pela família, tanto na elaboração quanto na aplicação dos direitos que lhe digam respeito, notadamente nas relações familiares, como pessoa em desenvolvimento e dotada de dignidade. Em verdade, ocorreu uma completa inversão de prioridades, nas relações entre pais e filhos, seja na convivência familiar, seja nos casos de situações de conflitos, como nas separações de casais. O pátrio poder existia em função do pai; já o poder familiar existe em função e no interesse do filho. Nas separações dos pais o interesse do filho era secundário ou irrelevante; hoje, qualquer decisão deve ser tomada considerando seu melhor interesse. (LOBO, 2015, p. 123). 34 DIAS. Berenice. Manual de direito das famílias: princípios do direito de família. 5ª edição revista, atualizada e ampliada. 2ª tiragem. São Paulo Revista dos Tribunais, 2009. p.61-63. 35 Decreto n. 99.710, de 21.11.1990. Preâmbulo. Reconhecendo que a criança, para o pleno e harmonioso desenvolvimento de sua personalidade, deve crescer no seio da família, em um ambiente de felicidade, amor e compreensão. 36 Lei n. 8.069, de 13.07.1990. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. 37 LÔBO, Paulo. Direito de família e os princípios constitucionais. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Tratado de direito das famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015. 27 A jurisprudência vem aplicando o Princípio do Melhor Interesse da Criança nos diversos processos de Direito de Família, bem como na aplicação da Lei de Alienação Parental. TJBA-0039480) APELAÇÕES CÍVEIS SIMULTÂNEAS. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DE CADA CASO. AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES DA MÃE EM EXERCER A GUARDA UNILATERAL OU COMPARTILHADA. ATRIBUIÇÃO DA GUARDA UNILATERAL AO PAI. DIREITO DE VISITAS DESACOMPANHADAS. NECESSIDADE DE AMPLIAÇÃO. ALIENAÇÃO PARENTAL. OCORRÊNCIA. ADVERTÊNCIA. CABIMENTO. 1. A fixação da guarda dos filhos menores, no caso de separação do casal, deve atender ao princípio do melhor interesse da criança, diante de sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Somente o exame atento das circunstâncias de cada caso concreto, com sensibilidade, poderá revelar a melhor solução para a criança, de modo que não há falar em preferência pela mãe, inclusive em face do princípio constitucional da igualdade entre os genitores. 2. Constatada a inaptidão da mãe para o exercício da guarda unilateral ou mesmo compartilhada, revela-se acertada a sentença que determina a permanência dos filhos menores sob a guarda unilateral do pai, sobretudo quando amparada em relatórios psicossociais, lavrados por profissionais qualificados e imparciais. 3. Em respeito à vontade dos filhos, deve ser resguardado e ampliado o direito de visitação, fora da residência paterna e sem vigilância, a fim de que aqueles possam cultivar e reforçar os laços afetivos com a mãe. 4. Verificada a prática de atos de alienação parental pelos genitores, deve o magistrado aplicar uma das sanções previstas no art. 6º, da Lei n. 12.318/2010, com atenção aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo certo que a advertência é a mais branda dentre elas. Apelo do autor improvido. Apelo da ré parcialmente provido. (Apelação n. 0000051- 93.2014.8.05.0199, 3ª Câmara Cível/TJBA, Rel. Rosita Falcão de Almeida Maia. Publ. 05.10.2016). Neste julgado a seguir, em obediência ao Princípio do Melhor Interesse da Criança e a presença de indícios da alienação parental praticada pelo genitor e avó paterna, a guarda passou a ser exercida pela mãe. TJMS-0038578) AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE DIVÓRCIO – ALTERAÇÃO DA GUARDA DOS FILHOS MENORES – PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DAS CRIANÇAS – INDÍCIOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL EXERCIDO PELO PAI – PARECER PSICOSSOCIAL – DEMONSTRAÇÃO DE CONDIÇÕES FINANCEIRAS E PSICOLÓGICAS DA GENITORA PARA EXERCER A GUARDA SOBRE OS FILHOS – DECISÃO MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO. Em face do princípio do melhor interesse da criança, somando-se ao fato de haver fortes indícios de que os menores estão sofrendo alienação parental por parte do pai e avó paterna, a fim de impedir o convívio com a mãe, a alteração da guarda provisória, para que passe a ser exercida pela genitora, é medida que se impõe. (Agravo de Instrumento n. 1408215- 14.2016.8.12.0000, 1ª Câmara Cível do TJMS, Rel. Divoncir Schreiner Maran. j. 13.09.2016). O Estatuto da Criança e do Adolescente objetiva assegurar à criança e ao adolescente todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e a absoluta prioridade dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à 28 profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária 38 . A Lei n. 12.318/2010, que dispõe sobre a alienação parental, estabelece no art. 3º, in verbis: Art. 3 o A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda. Para garantir o direito fundamental da dignidade da pessoa humana à criança e ao adolescente, é necessário assegurar uma convivência familiar sadia, um ambiente de harmonia, amor e equilíbrio, o que na maioria das vezes, em virtude de tudo o que envolve uma separação e o grau de mágoas e insatisfações recíprocas, não se faz presente e acarreta danos e sacrifícios dos filhos. O Princípio da Convivência Familiar, estabelecido no art. 227 da CF/88, art. 1513 do Código Civil 39 e art. 9.3 da Convenção sobre os Direitos da Criança 40 , estabelece que os Estados Partes respeitarão o direito da criança que esteja separada de um ou de ambos os pais de manter regularmente relações pessoais e contato direto com ambos, a menos que isso seja contrário ao interesse maior da criança. O princípio assegura que a criança e o adolescente têm direito à convivência familiar que não se limita a relação de pai e mãe e filho, devendo-se estender por toda a família 41 , como avós, tios e primos. 38 Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamentodesumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. 39 Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. 40 9.3 Os Estados Partes respeitarão o direito da criança que esteja separada de um ou de ambos os pais de manter regularmente relações pessoais e contato direto com ambos, a menos que isso seja contrário ao interesse maior da criança. 41 TJSC-0388026) DIREITO DE FAMÍLIA E ECA - REVOGAÇÃO DE VISITAS – AVÓS PATERNOS – CONDUTAS DESABONADORAS – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO – ATRITOS ENTRE AS FAMÍLIAS MATERNA E PATERNA – PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – VISITAS MANTIDAS. 1. O direito da criança e do adolescente à convivência familiar está expressamente consagrado pela Lei n. 8.069/1990, e não se limita ao convívio com os genitores, devendo ser interpretado de forma a abranger os demais parentes, como avós e colaterais, para garantir ao infante ambiente que lhe assegure o desenvolvimento integral. 2. Deve ser indeferido o pedido de revogação de visitas se não comprovados os comportamentos desabonadores narrados na peça inicial, em especial quando constatado que eventual resistência da criança às visitas se deve à constante alienação 'parental' promovida pelos familiares 29 Sob a influência do princípio, a doutrina mais moderna substitui a expressão ―direito de visita‖ do genitor não guardião por direito de convivência. O princípio assegura que a criança e o adolescente tem o direito à convivência familiar junto ao seu genitor não guardião e sua família, não podendo o guardião impedir o acesso ao outro e sua família, com restrições inapropriadas. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO A recomendação nº 32, de 5 de abril de 2016, dispõe sobre a uniformização e atuação do Ministério Público Brasileiro, através de políticas e diretrizes administrativas que fomentem o combate à síndrome de Alienação Parental que compromete o direito à convivência familiar da criança, adolescente, pessoas com deficiência e incapazes de exprimir a sua vontade. Ao recomendar aos membros do Ministério Público que busquem pelos meios dispostos ao seu alcance, alerta o CNMP pela necessidade da ação ministerial sempre buscando a resolutividade dos problemas atinentes ao tema, desenvolvendo projetos que objetivem a conscientização pública sobre a importância da guarda compartilhada como meio de evitar a alienação parental, realização de palestras e divulgações esclarecedoras e pedagógicas sobre o tema, junto à sociedade, buscando a efetivação dos vínculos familiares e parentais. É evidente, que a mera intervenção judicial, independente de promovida pelo Ministério Público ou pelos litigantes, goza de distância abissal à solução do problema, podendo, ainda, servir como instrumento de agravação dos prejuízos causados às crianças vítimas da alienação, que ficam expostas exageradamente ao litígio. Claro que o promotor de justiça tem legitimidade para promover demandas decorrentes da alienação parental, no entanto, em razão da gravidade do problema, a simples inversão da guarda ou mesmo a punição do pai alienador, com o afastamento da criança, não pode ser apontada como solução viável, melhor seria buscar desconstruir a imagem do agressor buscando sempre a reaproximação da família. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 70-A, traz a solução mais adequada ao melhor interesse da vítima, ao propor o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente. Para tanto, o Promotor de Justiça, além de procurar articular a rede de proteção, poderá promover campanhas junto a comunidade do local de sua atuação visando a identificação da que detém a guarda da infante. (Apelação n. 0001907-41.2009.8.24.0037, 5ª Câmara de Direito Civil do TJSC, Rel. Luiz Cézar Medeiros. j. 18.07.2016). 30 alienação parental, buscando instruir dirigentes e professores das escolas municipais e estaduais, tornando-os difusores de conhecimento e denúncias de casos. Identificada a alienação, sem a necessidade de promoção de medida judicial, os envolvidos poderão ser chamados ao Ministério Público, onde a equipe técnica formada por psicólogos e assistentes sociais poderá buscar a melhor orientação à família, procurando separar os casos de abuso ou violência que justifique a reação da criança. CONCLUSÃO É certo que a alienação parental existe em todas as formas de família e o pai e a mãe são os principais sujeitos ativos na violação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente. O fim da relação amorosa dos pais reflete diretamente na relação que os genitores passam a ter com seus filhos. Há uma inversão de valores e de comportamentos, pois os que mais deveriam proteger, os que mais amam, são os mesmos que violam os princípios e os agridem psicologicamente. O legislador, preocupado com a evolução da sociedade e em especial com a realidade das novas formas de família, editou a lei sobre alienação parental como mais um mecanismo de proteção dos direitos fundamentais da criança e do adolescente. A aplicação da lei que dispõe sobre alienação parental é essencial para a garantia desses direitos e constituí um dos grandes desafios do Ministério Público. Este, em seus atos, sempre deve estar atento aos Princípios do Melhor Interesse da Criança e o da Convivência Familiar, desapegando de meras ações judiciais, para buscar a resolução da questão que transcende as paredes das cortes judiciais. PROPOSTA DE ENUNCIADO No enfrentamento dos casos de alienação parental o Promotor de Justiça deve evitar as demandas judiciais, procurando aparelhar e treinar a rede de proteção, especialmente, os personagens da educação, para identificar e tratar os referidos casos. REFERÊNCIAS BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004. DIAS, Berenice. Manual de direito das famílias: princípios do direito de família. 5. ed. rev., atual. e amp. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. 31 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011. ______. Alienação parental: um crime sem punição. In: ______ (Coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 54-60. FARIAS, Cristiano Chaves de. A família parental. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Tratado de direito das famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015. p. 247-253. GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de família – as famílias em perspectiva constitucional. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 6. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2016. v. 6. LÔBO, Paulo. Direito de Família e os Princípios Constitucionais. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Tratado de direito das famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015. p. 123. OLIVEIRA, Euclides de. Alienação parental e as nuances da parentalidade: guarda e convivência familiar. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Tratado de direito das famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015. p. 282. TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito de família. 8. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Método, 2013. v. 5. TRINDADE, Jorge. Síndrome da Alienação Parental. In: DIAS, Maria Berenice. (coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 58-67. 32 Síntese Dogmática: A exegese do art. 45 da Lei do Sinase aponta que a unificação de medidas
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