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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Resenha Crítica de Caso Renata Dorcelina Assis Fontes Trabalho da disciplina Urgência e Emergência em Saúde Mental Tutor: Prof. Caroline Moraes Soares Motta de Carvalho São Paulo 2020 A ANDARILHA Referência: DESCONHECIDO, Autor. A Andarilha. Disponível em: http://pos.estacio.webaula.com.br/Biblioteca/downloadArquivo.asp?CodAnexo=48326&NomeArquivoSistema=Biblioteca_48326&NomeArquivo=A%20Andarilha.doc&IdCurso=PG0076. Acesso em: 23 de março de 2020. O texto relata o caso de uma paciente com adoecimento mental progressivo e persistente, o que lhe ocasionou um histórico de internações e cuidados na RAPS (Rede de Atenção Psicossocial). A paciente tem 49 anos, natural do estado de Minas Gerais, tem uma filha e atualmente mora com ela, o genro, e seus dois netos pequenos. Tem sentimentos ambíguos referente à acolhida recebida pela filha, ao mesmo tempo em que se sente grata, também se sente como uma empregada pois toma conta das crianças e realiza todo o trabalho doméstico da casa. Relata que às vezes se sente uma intrusa devido o genro não gostar dela. Desde adolescente trabalha em cozinhas de restaurantes e casas de família, mas há alguns anos não consegue manter empregos formais por quadro de saúde clínica frágil. Ao todo teve três filhos, sendo que um morreu na gestação e outro nasceu morto, além de não ter criado a filha. Ela foi para o Rio de Janeiro trabalhar de doméstica e desde então faz uso prejudicial de álcool. Relata que tinha uma vida organizada e era uma mulher muito bonita, porém a filha estragou tudo quando veio morar com ela no Rio de Janeiro. Quando o companheiro com quem morava foi assassinado durante uma briga ela teve um surto e ficou internada em um hospital psiquiátrico na cidade de Belo Horizonte, vindo a sofrer um aborto. Tem um histórico de internações psiquiátricas, mas com poucos elementos de registros. Certa vez foi encontrada andando na rua nua, com sintomas persecutórios e sem saber quem era, nesta época já morava com a filha no Rio. Faz acompanhamento ambulatorial há seis anos no Grupo de Alcoolistas, tendo um bom vínculo e realiza acompanhamento psicoterapêutico individual de quinze em quinze dias, e mensalmente na psiquiatria. Tem discurso organizado e detalhista, gosta de falar sobre sua historia de vida. Relata que começou a beber desde muito cedo para esquecer os problemas de uma vida muito dura que ela levava, referenciando enfaticamente a morte da mãe e do assassinato de seu companheiro. Durante os anos que fez acompanhamento no Ambulatório foi possível observar que a paciente consegue ficar um bom tempo sem ingerir álcool conseguindo nesse período levar uma vida mais saudável, porém, quando volta a beber, o que geralmente ocorre após conflitos familiares, coloca-se em risco por ter uma relação muito intensa com a rua. Mesmo nesses momentos consegue procurar o Ambulatório para pedir ajudar, e após melhora relata o quanto se sente denegrida enquanto mulher, e o sentimento de medo que tem de homens fazerem alguma coisa com ela na rua, mas mesmo assim tem vergonha de voltar para a casa da filha. Já a filha diz se sentir dividida, pois ao mesmo tempo que quer cuidar da mãe, não sabe se quer aceitá-la em sua casa, devido ao estado que ela fica, o que causa problemas no relacionamento com o seu esposo. Durante seu tratamento no Ambulatório teve três internações, uma no Serviço de Álcool e Drogas do Hospital Psiquiátrico, e duas na Enfermaria, Nestes dois últimos casos ficou muito grave e apresentou sintomas de desagregação corporal, paranóia, e não conseguia reconhecer as pessoas ou lembrar-se de seu nome, também falava sobre demônios. Foi feito articulação com o CAPS para que ela pudesse tomar banho lá antes de voltar pra casa da filha, quando estivesse nessa situação. Também foi feita parceria com o CRAS da região para realizar um levantamento sobre a situação da paciente e verificar se há algum recurso de renda que se aplique no caso dela. Tais ações visam ampliar o seu ponto de apoio na rede de cuidado do território em que vive. Em certo momento foi necessário acionar uma unidade de acolhimento para adultos, pois a filha não aceitou continuar abrigando ela, porém a UA recusou recebê-la por não ter vaga disponível, porém após alguns diálogos ficou evidente que a UA estava com receio de acolher uma usuária com uso abusivo de álcool e que tenha demandas de saúde mental. Após leitura do texto é possível pensar sobre algumas possibilidades de melhoras no atual cuidado ofertado e olhar para outras questões que até o momento não forma cuidadas. No atual momento a principal demanda da paciente parece ser o uso abusivo de álcool que desencadeia o aparecimento de crises e impossibilita o estabelecimento de vínculos saudáveis e uma rotina que ofereça a promoção da saúde mental da paciente. Tendo em vista isso, seria interessante propor compartilhar o cuidado com o CAPS Álcool e Drogas, visando a redução de danos, cuidando assim da emergência atual. Aos poucos seria interessante inseri-la em outros serviços onde ela possa promover sua autonomia, aumentar o convívio social e inserir-se no território em que vive, cuidando assim da sua saúde biopsicossocial.
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