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FACULDADE ANHANGUERA DE PASSO FUNDO PSICOLOGIA RELATÓRIO ESTÁGIO BÁSICO II Acadêmica: Marlene Pasqualin Zanon. Passo Fundo, 20 de maio de 2021. 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 1.1. Estagiário (a): Marlene Pasqualin Zanon 1.2. Período de estágio: 06/10/2020 a 08/04/2021 1.3. Supervisor (a) responsável: Profª Me. Desirê Pauletti Hagen 1.4. Colaborador na supervisão do estágio: Psicólogo Rodrigo Garcia Martins n° CRP 07/16128. 1.5. Identificação do local de estágio: Hospital Beneficente Dr. César Santos. Posto III, ala para tratamento de doentes mentais. Rua Alcides Moura, nº 100, no Bairro Popular em Passo Fundo. 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO Hospital Beneficente Dr. César Santos, foi inaugurado em 30 de dezembro de 1959 onde atende diariamente a população da cidade Passo Fundo e região, primando sempre pelo melhor atendimento. O atendimento iniciou-se no dia 02 de maio de 1960. Instala-se em um prédio de dois andares, sendo que a área total do terreno é de 6.000m² e a área total construída é de 4.927m², com estacionamento e acesso para ambulâncias. O hospital, de acordo com a política de saúde no Setor Médico Hospitalar, coordenada pela Secretaria de saúde Pública do município, visando atender a população carente das cidades por meio do Sistema Único Saúde (SUS), na defesa da saúde e assistência médico-social. Atualmente tem trinta e cinco leitos e um posto de enfermagem, destinados a pacientes do Sistema Único de Saúde. Também é realizado atendimento pediátrico e adultos 24 horas no Pronto Socorro, possuindo também serviços de psiquiatria, odontologia e cirurgia ambulatorial. O hospital atende na área psiquiátrica e clínica dispondo de 20 leitos para a área psiquiátrica e 5 leitos para clínica. Atendendo pacientes das mais variadas idades e demandas. Existe o serviço de desintoxicação química devido ao uso de drogas, como álcool e crack, esses pacientes são encaminhados pelos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de Passo Fundo e Região. Também são atendidas pessoas que chegam no pronto atendimento onde recebem um parecer do psicólogo da instituição para verificar se é caso de internação ou apenas um encaminhamento para serviços municipais de atendimento como CAPS-ad, CAPS-II ou CAPS- infantil. No setor das internações psiquiátricas os pacientes recebem atendimento junto a uma equipe multiprofissional (médicos clínicos gerais, psiquiatra, psicólogo, fisioterapeuta e enfermeiros). As internações entre homens e mulheres são todas na mesma ala dividida apenas em quartos separados, mas cada um em setores diferentes. O tempo de internação varia de 7 a 30 dias dependendo de cada caso individualmente. 3. INTRODUÇÃO O presente projeto, denominado Acolhimento Humanizado, trata-se do relato de uma intervenção de estagio básico II em psicologia, foi realizado no hospital Beneficente Dr. César Santos com o intuito de promover acolhimento, autonomia, sensações positivas como prazer e bem-estar durante um período de internação para os internados na ala psiquiátrica na instituição hospitalar. Seria aplicado uma interversão utilizando técnicas de psicoeducação, mas devido a atual situação que a pandemia de Covid 19 nos colocou, foi impossível aplicar técnicas de grupo, sendo assim foi optado por aplicar a técnica de escuta ativa individual com os pacientes em internação. A rotina hospitalar é voltada para as doenças físicas, não como o paciente se sentem em relação à própria doença e a si mesmo, sendo assim a psicologia vem com a finalidade de dar voz e autonomia para oportunizar o paciente em ter sua subjetividade manifestada, restituindo- lhe o lugar de sujeito que a medicina lhe afasta. A medicina se ocupa da função de focalizar a doença, já a psicologia está interessada na relação que o paciente estabelece com a doença, ou seja, no destino sintomas, naquilo que o paciente vai fazer com sua doença e o significado que o mesmo, através da linguagem, vai conferir (CANTARELLI, 2009). O psicólogo hospitalar precisa ser ativo e dinâmico, adaptando-se aos mais diferentes settings e preparado para as mais inesperadas situações que a enfermidade pode trazer. O hospital é um ambiente onde a vida se desenrola no seu cotidiano e o psicólogo faz parte desta vivencia assumindo a função de suporte emocional esclarecendo duvidas aparando acolhendo e orientando o paciente e familiares. A disciplina de Estagio Básico II (aplicação da intervenção) foi realizada entre o fim do 5° semestre e inicio do 6° semestre, composto por 30 horas divididas em sete vistas ao hospital Beneficente Dr. César Santos no período do dia 06/10/2020 a 08/04/2021, supervisionada pelo psicólogo Rodrigo Garcia Martins. Inicialmente, ao chegar no hospital, éramos recepcionadas pelo Psicólogo Rodrigo, ele nos passava um relato contendo nome do paciente, número do leito, data de entrada, diagnóstico, exames e nome do médico que fez a internação. Ao receber estas informações selecionávamos alguns pacientes e seguíamos até os leitos iniciando uma conversa de forma individual. Após coletar alguns relatos, voltávamos para a sala do psicólogo Rodrigo onde ocorria a leitura, estudados e debates de cada caso. O estágio básico II possibilitou meu primeiro contado com o paciente, podendo ouvir suas queixas e começar a trabalhar com a primeira escuta, tendo a oportunidade de me preparar para identificar suas demandas. O objetivo desta escuta foi o acolhimento humanizado, cujo o foco está no paciente e na relação que o referido estabelece com a doença e a internação, proporcionando uma melhora em sua recuperação ocasionando uma melhor qualidade de vida. 4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS O Estágio Básico II (intervenção) em Psicologia foi composto por supervisão do psicólogo Rodrigo no hospital Beneficente Dr. César Santos, no período de 06/10/2020 a 08/04/2021. No Posto III ala para tratamento de doentes mentais junto da equipe multiprofissional foi executado o estágio, a ala dispõe de 20 leitos para a área psiquiátrica e 5 leitos para clínica. Atendendo pacientes das mais variadas idades e demandas, existe o serviço de desintoxicação química devido ao uso de drogas, como álcool e crack, esses pacientes são encaminhados pelos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de Passo Fundo e Região. 4.1 Apresentação do Hospital HBCS O primeiro dia de estágio foi em 06/10/2020, das 9h às 11h30min., neste dia fomos apresentados a toda estrutura do hospital, cômodo a cômodo, bem como o funcionamento básico da instituição. O supervisor, em comum acordo com cada estagiário, já no primeiro dia realizou um cronograma de datas e horários ocorreriam as atividades do estágio, ficando estabelecido um dia na semana. Dentro deste acordo foi colocado que iniciaríamos o estágio na primeira semana de novembro de 2020, pois o supervisor Rodrigo estaria saindo de férias na semana seguinte e assim poderíamos retornar à instituição apenas na data estabelecida. O supervisor expôs ainda a responsabilidades de cada estagiário em cumprir seus horários e alertou sobre o acesso a dados e informações sigilosas. Ainda sobre nossa postura de total ética perante a situação que vivenciaríamos naquela instituição, assim finalizando nosso primeiro dia de estágio. 4.2 Conversa com o Psicólogo O segundo dia de estágio foi em 04/11/2020 das 9h às 12h30min., neste dia conhecemos uma pouco mais da área de atuação do supervisor Rodrigo na internação hospitalar. Ele relatou que as internações, na maioria das vezes, são para contenção da crise momentânea, por isso o período é curto para não ocorra a perda de vinculo. A atuação da área do supervisor é na TCC, ele trabalha com o atendimento breve e focal, com estágios motivacionais (pré-contemplação, contemplação, preparação, ação, manutenção e recaída),buscando apenas o aqui e o agora do paciente. Isso ocorre porque dentro de internação, que pode durar entre 7 e 30 dias, não há tempo hábil de realizar uma terapia, não podendo ser resgatados traumas, não podendo serem trabalhados durante a internação. Sendo assim, o supervisor busca trabalhar no entendimento do paciente com o que aconteceu e que resultou na sua internação, o que se pode fazer para estabilizar seu quadro emocional, o ajudando a reorganizar-se para voltar ao convívio de forma estabilizada. Neste dia ocorreu a apresentação do funcionamento geral do local, onde tem-se uma equipe de multiprofissionais trabalhando em prol de pacientes que chegam debilitados e em crises severas, cada qual trabalha na sua devida função, buscando os direitos de cidadania daquele paciente, possibilitando a reabilitação, inclusão e autonomia sobre a vida. Depois de uma longa conversa com o supervisor, e também com a assistente social do hospital, conseguimos obter uma visão geral da forma como ocorrem os trabalhos no local, tendo sido encerrado mais uma manhã de aprendizado. 4.3 Observação de Atendimento entre Paciente/Psicólogo Supervisor. O terceiro dia de estágio foi em 18/11/2020, das 9h às 12h30min.. Ao chegar guardamos nossos pertences em um armário, colocamos nossos jalecos e o supervisor passou os relatórios de internações do dia. Haviam internados na ala III da psiquiátrica dezesseis pacientes, sendo onze homens com os mais variados tipos de transtornos mentais, os quais sejam alcoolismo, transtorno afetivo, dependência química e transtorno de personalidade, e cinco mulheres com depressão, depressão bipolar e esquizofrenia. Seguimos para os quartos para realizar as vistas, ao adentrar no quarto 305 verificamos que o paciente não estava em sua cama. Isso ocorre, pois, os internados possuem autonomia podendo sair e circular pelo hospital sem problemas algum. Sendo assim, sempre ao fazer as visitas, algumas vezes poderíamos não localizar o paciente em seu quarto. Seguimos para o quarto 308 para conversar com um paciente masculino ROF de 35 anos com diagnostico bipolar, internado apenas a 5 dias. No momento em que o supervisor conversou com o paciente foi percebido que estava molengo e grogue, sob efeito de fortes medicações e também apresentou noção espaço temporal comprometida, sabendo o ano que estávamos, mas o dia e o mês não. ROF estava acompanhado da esposa a qual relatou que era a primeira vez que o marido estava internado por doença mental, sendo ele um homem tranquilo e trabalhador que começou a apresentar sintomas logo após ter o carro roubado e em seguida ter perdido o emprego. Diante dos ocorridos na vida de ROF iniciou grande sentimento de tristeza, impotência e desespero por não mais estar provendo a família. ROF, diante de toda a situação, com sintomas a mais de uma semana, entrou em um surto severo o que a levou a tentativa de suicídio e como consequência a internação. Após finalizar a conversa seguimos para a sala do supervisor e discutimos o caso em questão. O supervisor colocou nos colocou a par da realidade do paciente, evidenciando que em alguns casos a pessoa, devido alguma frustação severa, acaba entrando em um quadro que traz dificuldades de aceitação da situação, levando a pessoa adoecer. No caso de ROF as dificuldades financeiras, a perda de um bem e a não aceitação da mulher estar provendo o lar (crenças enraizadas de que o homem deve sustentar financeiramente a família) levou ele a todo esse sofrimento psicológico. 4.4 Conversa com o Paciente 01 Quarto dia de estágio, 25/11/2020, das 9h às 12h30min., guardamos nossos pertences e colocamos nossos jalecos, pois no ambiente hospitalar e necessário a utilização de jaleco. Neste dia nosso supervisor informou que iriamos iniciar nossos atendimentos sem sua presença, mas que ele estaria em sua sala o tempo todo para qualquer dúvida ou ajuda. Seguimos para uma conversa com o paciente LFB de 32 anos, em sua primeira internação, com diagnostico de transtorno de personalidade. O Paciente internou com crises de choro, anedonia e pensamentos suicidas. No momento da conversa o paciente apresentava humor estável, organização espaço-temporal, fluência verbal e cognição adequada. LFB relatou estar morando há apenas 4 meses em Passo Fundo com a mãe, a qual não conhecia pois foi criado com o pai em uma fazenda no Amazonas. LFB, depois de 32 anos vivendo com o pai, resolveu morar com a mãe, com isso, entrou em uma crise de depressão pelas dificuldades de adaptação enfrentadas. O paciente relatou que quando morava com o pai no Amazonas tinha grande dificuldades de sair de casa e ter uma vida social ativa, sempre preferiu, nos momentos de lazer, ficar isolado em seu quarto, também relatou ter pensamentos suicidas e realizado duas tentativas, uma com arma de fogo e outra com veneno de rato. O paciente mostrou-se estar consciente de suas dificuldades fazendo planos de que quando estiver melhor e ganhasse alta irá retomar seu emprego e comprar um veículo com a ajuda da mãe, podendo retomar sua vida. Em conversa com a supervisão com o psicólogo Rodrigo sobre o caso do paciente LFB, observamos uma grande dificuldade de adaptação familiar, afinal o paciente nunca manteve um contato materno e chegou em uma cidade totalmente diferente tendo que enfrentar frustações de uma família ideal que se tinha criando, entrando em uma realidade dura e cruel, assim colocando- o em uma crise. 4.5 Conversa com o Paciente 02 Quinto dia de estágio em 02/12/2020 das 9h às 12h30min.. Iniciamos o dia pegando o relatório dos pacientes internados e fazendo uma breve conversa com o supervisor do estágio. Rodrigo nos relatou que o mês de dezembro é sempre um mês com baixa demanda, ele acredita que o fato ocorra devido as festas de fim de ano. No relatório de internações verificamos que o hospital contava com doze pacientes internados, sendo seis homens e seis mulheres, com os mais variados diagnósticos, como dependência química, depressão, alcoolismo, borderline e bipolar. Seguimos para as visitas diárias, fomos para o quarto 311-1, paciente feminina, JC, 39 anos, casada e com diagnóstico de depressão transtorno bipolar com várias internações na instituição. JC internou com forte crise, disse fazer o uso de psicofármacos para transtorno bipolar há dez anos e parou por conta própria com a desculpa de que não precisava mais. No dia do atendimento mostrou-se com o humor alterado, estando bem chorosa, triste e sem ânimo, organização espaço-temporal, fluência verbal e cognição adequada. Casada há 18 anos, com três filhas, relacionamento bom e aparentemente família bem estruturada, mostrou baixa resistência á frustação. JC relatou que seus sintomas iniciaram ao sofrer a perda da avó há mais de 20 anos. Disse que quando tem crises não quer sair da cama, se irrita com barulhos e sente uma vontade enorme de ir para o sitio que pertencia a avó, com quem foi criada e já faleceu. Já tentou suicídio e tem pensamentos suicidas, relatou automutilação. Neste dia, devido a alguns empecilhos, não fizemos debate de caso. Assim finalizando a manhã de estágio. 4.6 Conversa com o Paciente 03 Sexto dia de estágio ocorreu em 29/03/2021 das 9h às 12h e das 13h às 17h. Iniciamos o dia guardando os pertences e colocando o jaleco, após, pegamos o relatório de internações e seguimos para as visitas. Chegamos ao quarto 309-1, paciente masculino, PVB, com 68 anos, primeira internação, sem ideação suicida, indo regularmente ao banheiro, paciente alimentando- se bem, bom sono, humor estável, organização espaço-temporal, fluência verbal e cognição adequada, nunca fez acompanhamento psicológico algum. Encontrava-se internado a sete dias com diagnóstico de alcoolismo. Segundo o paciente, é aposentado, casado há 45 anos, possui duas filhas, uma de 32 anos, residente em Passo Fundo, que é casadae tem dois filhos, a outra mora no Maranhão, casada e possui três filhos, o paciente apresentou boa estrutura familiar. PVB relatou nunca ter problemas com álcool, mas há aproximadamente um ano começou a beber cachaça e cerveja escondido da família, devido a atritos com o genro. Relatou por diversas vezes não ser alcoólatra, que bebia de vez em quando e que não precisava mais permanecer no hospital, que iria ganhar alta, que estava apenas esperando o médico e a filha chegar para ir embora. Logo após o tempo que ficamos conversando, sua filha chegou trazendo um lanche. Em conversa com a filha, ela falou que iria conversar com o médico responsável Dr. Benica (psiquiatra do HBCS), mas que seu pai não iria sair do hospital pois precisava de um tempo maior de internação. PVB disse não aguentar mais ficar ali, que queria ir para casa, que estava com muitas saudades dos netos e que já estava bom. Logo em seguida a filha se despediu e foi ao encontro do médico. O paciente então relatou que tudo começou devido a não aguentar mais ver a filha passar maus tratos pelo marido, que moram todos no mesmo terreno e que sua filha trabalha de dia, mas quando chega em casa é feita de empregada, ficando responsável por cuidar das crianças e ainda das atividades do lar, sem receber ajuda alguma do marido. Conversamos por um bom tempo com o paciente, orientando e sugerindo que ao sair da internação procurasse uma terapia para que pudesse receber ajuda de um profissional, assim conseguindo lidar com suas frustações. Finalizada a conversa com o paciente PVB retornamos para a sala do psicólogo supervisor e iniciamos a discussão do caso. No caso foi observado uma estrutura familiar boa, mas que a mudança de rotina (a aposentaria do paciente) colocou-o diante de situações que não visualiza antes. Ao se aposentar, o paciente passou a estar mais em casa e a cuidar dos netos para que a filha pudesse trabalhar. Devido à pandemia as crianças não iam à escola e ele passou a ver no casamento da filha problemas que o incomodavam, se frustrando e levando-o a beber escondido. Em debate com o psicólogo supervisor e a assistente social foi observado uma dependência financeira por parte da filha, o que torna a situação ainda mais difícil. O paciente não recebeu alta naquele dia pois havia a necessidade de um período maior de tratamento, sendo convencido a dar continuidade ao tratamento. 4.7 Conversa com o Paciente 04 Sétimo dia de estágio ocorreu em 30/3/2021, das 9h às 12h e das 13h30min às 17:00. Iniciamos o dia com uma breve conversa com psicólogo supervisor, pudemos tirar dúvidas e o relatório de internações do dia, assim seguindo para as vistas (interversões). Ao chegar no quarto 310-1, paciente feminina, 56 anos, NPS, com várias internações no HBCS e duas internações no Bezerra, com diagnostico depressão e transtorno borderline. Há uns 23 anos, relatou que seus problemas iniciaram ao perder a mãe e após sair de uma relação por traição. Desde então NPS nunca mais conseguiu ter uma estabilidade emocional, piorando depois de uma segunda separação há uns 8 anos. A paciente tem dois filhos, uma menina de 23 anos e um menino de 38 anos que possui um relacionamento difícil e conturbado. A paciente em vários momentos da entrevista falava da dificuldade de relacionamento afetivo com os filhos, mas principalmente com a filha, NPS relatou não falar com a filha em torno de 2 anos, mesmo morando no mesmo pátio, e com o filho tem contato, mas muito pouco. A paciente, em diversos momentos, mostrou-se chorosa e aflita, seus olhos ficavam marejados ao falar da situação, disse não entender muito e menos aceitar o modo como a filha, o filho e irmãs a tratam, sem nenhuma atenção ou consideração. A paciente relatou ter pensamentos e planejamento de ideação suicida por diversas vezes. Disse ter procurado ajuda e solicitou sua internação, pois não aguentara mais a situação em que vive, tem forte desejo em melhorar, mas não sabe como fazer isso. Depois de muito tempo de escuta, pude perceber a carência afetiva que NPS se encontrava, devido seu diagnóstico e suas dificuldades incentivei-a a procurar uma terapia, pois falou que se sentiu muito melhor e mais leve após nossa conversa. Posteriormente segui para a sala do supervisor onde debatemos o caso da paciente NPS. Acredito que este caso foi muito enriquecedor para minha escuta. O supervisor Rodrigo colocou-nos a visão diante do caso e mostrou vários pontos que irá trabalhar com a paciente, ajudando-a no enfrentamento de suas patologias. O supervisor percebeu que apesar de um quadro difícil e complicado de falta de estabilidade emocional, a paciente mostrou-se em estágio de contemplação (estágios motivacionais), ela possuía a ideia do prejuízo que ela causara em si própria e na sua família, mas não sabe o que fazer para mudar. Sendo assim, o psicólogo, depois de estabilizar emocionalmente a paciente, vem com ajuda de metas, a curto prazo, para mostrar as possibilidades de ajuda para o quadro. 5. CONCLUSÃO Devido as grandes dificuldades que a pandemia Covid-19 trouxe a toda população mundial no ano de 2020, também enfrentei inúmeros obstáculos e dificuldades para finalizar meu estagio básico II, mas com muita paciência e determinação e seguindo todos os critérios de cuidados consegui finaliza-lo de forma significativa. A técnica da escuta ativa, que foi a que pude aplicar nos pacientes internados com diagnósticos de transtornos mentais, foi enriquecedora e me trouxe uma gama de conhecimento posto que pude vivenciar situações bem diferenciadas e desafiadoras. Em algumas supervisões, discutimos a ideia de que o psicólogo hospitalar deve tratar inicialmente da estabilidade emocional do paciente, para após ir guiando- o ao foco do aqui e agora, sugerindo- o, com pequenas ações, que ele é capaz de ter autonomia e dar sequência em sua vida no momento em que retornar ao meio social. A oportunidade de conhecer e acompanhar um pouco mais da rotina de internação destes pacientes me ajudou a compreender o quão se faz importante o processo da ajuda multiprofissionais, afinal cada profissional mostrou ter fatores primordiais período de internação. As orientações dadas pelo supervisor Rodrigo, que permitia a discussão, correção e entendimento de todos os casos estudados, foram de suma importância para o enriquecimento de meus conhecimentos, obtendo do supervisor todo o suporte necessário para meu aprendizado prático e teórico. Da minha parte também um grande empenho por conhecer, discutir e compreender os casos relatados e discutidos em supervisão, a singularidade de cada caso me proporcionou significativas aprendizagens o que para meus futuros estágios trarão grande relevância. Acredito que meus objetivos e os ideais propostos pela disciplina foram alcançados de forma clara e objetiva, foram promovidos momentos de acolhimento, reflexão e descontração durante a escuta ativa no âmbito hospitalar, trazendo um grande aprendizado para minha vida profissional e aprimoramento para futuras praticas na área de estágios durante o curso de psicologia. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBÊS, C. O Acolhimento como Rede de Conversações. 2007. Disponível em: http://teleduc.cinted.ufrgs.br/cursos/aplic/index.php?cod_curso=608. Acesso em: 20 de abril de 2021. BECK, Judith S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 1997. BENEVIDES, R.; PASSOS, E. Humanização na saúde: um novo modismo? Interface BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização. Brasília: Secretaria de Atenção à Saúde, 2013. CANTARELLI, Ana Paula Silva. Novas abordagens da atuação do psicólogo no contexto hospitalar. Rev. 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