Buscar

ARTIGO TCC ETICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ÉTICA NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E PROFISSIONAIS ENTRE SERVIDORES PÚBLICOS, NO ATUAL CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO BRASILEIRO
Guilherme Silva Lima
Prof. Mestra Lilian Gavioli de Jesus 
RESUMO: Constantemente as mídias noticiam ocorrências de agentes públicos atuando em desacordo com o Estado Democrático de Direito, ferindo os preceitos constitucionais quanto à finalidade do serviço público, prejudicando toda a sociedade e denegrindo a imagem do país no âmbito nacional e internacional, além de permitir a disseminação de falta de respeito e profissional diante dos colegas de trabalho. Através de uma ampla pesquisa bibliográfica, este artigo teve como objetivo refletir sobre a ética nas relações interpessoais e profissionais dentro do serviço público. A título de considerações finais entende-se que colocar a ética no dia a dia social é o primeiro passo para incorporá-la no ambiente profissional, pois os bons valores constantemente vividos tornam-se costumes, e assim as relações tensas de convívio nas organizações públicas darão lugar a um ambiente agradável e motivador àqueles que servem à sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Ética - Serviço Público - Ética entre servidores públicos
1. INTRODUÇÃO
	
	Nos dias de hoje é muito comum ouvirmos falar em ética que se referem à maioria das profissões, a exemplo da jornalística, médica, relações públicas, e também do servidor público, entre outras. Isso significa dizer que cada uma destas profissões adota um padrão e que seus profissionais devem vivenciá-lo. Este padrão, geralmente, se apresenta de forma sistematizada e estruturada através dos chamados códigos de ética.
	A maioria das profissões estabelece um código de ética na tentativa de sistematizar e demonstrar os princípios de orientação para seus profissionais. É comum ouvirmos comentários, tais como “João é ético”. Com isso, estamos, em outras palavras, dizendo que ele age de maneira correta, aprovando, assim, a sua conduta.
	Tendo em vista que no atual contexto político brasileiro está cada vez mais difícil dizer que este ou aquele político ou servidor público é ético, este trabalho teve como objetivo refletir sobre a ética nas relações interpessoais e profissionais entre os servidores públicos. Desta forma, pretende-se entender como chegamos à condição atual e fomentar a definição, de forma transparente, de um padrão a ser efetivamente seguido pelos servidores. Promover a ética significa promover o conhecimento e observância desse padrão e que, para geri-la, necessário se faz criar as condições institucionais adequadas para a efetiva implantação desse padrão. A qualidade da relação interpessoal entre os colaboradores de uma organização é de suma importância para o bom desenvolvimento das tarefas, pois o respeito mútuo promove um ambiente mais favorável ao alcance dos objetivos.
Boas relações interpessoais entre os colaboradores melhora a qualidade do serviço público, tem repercussão positiva em toda a sociedade, tanto em nível nacional quanto internacional, pois aumenta a confiabilidade na administração, traz satisfação para os usuários, melhora a imagem do país frente aos demais Estados, influenciando a economia e a política.
	A falta de um trabalho ou de uma ação que desenvolva o sentimento ético, moral e de cidadania dentro das organizações, acaba por comprometer o desenvolvimento funcional do serviço público em todos os seus aspectos, pois, mesmo que a pessoa tenha excelente formação técnica, se não possuir ou não ser estimulado com valores morais e éticos, poderá ter sua atuação comprometida.
As relações tensas do convívio social estão sujeitas a conflitos que são gerados entre os servidores públicos, e cada um, a seu modo é obrigado a captar as descargas emocionais uns dos outros. São situações que contém as dimensões da situação- problema que constitui o objeto de análise deste artigo.
Este artigo aborda um tema de significativa relevância acerca da reflexão sobre a importância da ética nas Relações Interpessoais e Profissionais entre Servidores Públicos, no atual contexto sociopolítico brasileiro.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Breve Discurso sobre Valor, Moral e Ética
	Para o autor Rokeach (1973, p. 48) etimologicamente valor provém do latim valere, ou seja, que tem valor, custo. As palavras desvalorização, inválido, valente ou válido têm a mesma origem.
O conceito de valor frequentemente está vinculado à noção de preferência ou de seleção. Rokeach (1973, p. 48) define valor como:
uma crença duradoura em um modelo específico de conduta ou estado de existência, que é pessoalmente ou socialmente adotado, e que está embasado em uma conduta preexistente. A cultura, a sociedade e a personalidade antecedem os nossos valores e as nossas atitudes, sendo nosso comportamento a sua maior consequência.
	
	Os valores podem expressar os sentimentos e o propósito de nossas vidas, tornando-se muitas vezes a base de nossas lutas e dos nossos compromissos.
	Ética e moral são termos frequentemente utilizados no cotidiano, porém, definir o que significam, não é tarefa fácil. Basta perguntar se existe alguma distinção entre esses vocábulos para constatarmos que as pessoas se veem em dificuldade ao tentar explicar.
	Para Marcondes (1993, p. 9) “etimologicamente, a palavra ética origina-se do termo grego ethos, que significa o conjunto de costumes, hábitos e valores de uma determinada sociedade ou cultura”.
	Segundo Vázquez (1983, p. 12), ética “é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”.
	Assim, entende-se que ética é a ciência de uma forma específica de comportamento humano, do comportamento moral dos indivíduos na sociedade, ou seja, a forma como as pessoas agem e se relacionam na comunidade. Ela começa a existir a partir do instante em que questionamos a ação ou conduta que pretendemos praticar. É um fenômeno intrinsecamente humano, pois somente nós, seres humanos, possuímos capacidade de refletir sobre a ação que praticaremos, preocupando-se precisamente com os reflexos que ela irá produzir em relação a nós mesmos e ao grupo no qual o comportamento será externado.	Para Leonardo Boff (2010, p. 16):
Ethos, ética, em grego, designa a morada humana. O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.
	Desde a nossa tenra infância, estamos sujeitos à influência de nosso meio social, por intermédio da família, da escola, dos amigos, da igreja, do hospital, dos meios de comunicação de massa, etc. Vamos adquirindo, aos poucos, ideias morais. Sendo que o homem, mesmo antes de nascer, já se defronta com um conjunto de regras, normas e valores aceitos e praticados em seu grupo social. Assim diz Paul Ricoeur (2011, p. 8)
A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa “costume”. Aquilo que se consolidou ou se cristalizou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. A moral é fruto do padrão cultural vigente e incorpora as regras eleitas como necessárias ao convívio entre os membros dessa sociedade. Regras estas determinadas pela própria sociedade. (PAUL RICOEUR, 2011, p. 8)
2.2 A Ética na Idade Contemporânea
	De acordo com Valls (1993, p. 9), a ética pode ser considerada um dos segmentos da filosofia que desperta maior interesse na sociedade, pois diz respeito diretamente a nossa experiência cotidiana, levando-nos a uma reflexão sobre os valores que adotamos, o sentido dos atos que praticamos e a maneira pela qual tomamos decisões e assumimos responsabilidades em nossas vidas, com um olhar em nós e nos outros. A ética na idade contemporânea constitui-se em um período de grande progresso científico e valorização do ser humano concreto em toda a sua complexidade.
	Dentre os filósofos querepresentam este período, pode-se destacar Marx, Sartre e mais recentemente, Habermas. Karl Marx (1818-1883) inaugurou uma nova teoria moral baseada no real, na prática. Ao definir que nas relações de produção, o fator econômico determina as formas de consciência – os aspectos inerentes ao espiritual, das ideias políticas, jurídicas, filosóficas e de valores -, Marx deixa claro que as relações que os indivíduos mantêm com o mundo alteram-se constantemente, segundo o fluxo das transformações histórico-sociais e, principalmente, econômicas. Dessa forma, “a moral deixa de ser um conjunto de valores eternos e imutáveis aos quais os seres humanos deviam submeter-se e transforma-se em um conjunto de normas construídas a partir do próprio processo de desenvolvimento das sociedades, tornando-se temporais e espaciais” (VALLS, 1993, p. 16).
	Portanto, a moral sob a perspectiva marxista é relativa, porque condicionada ao momento e às condições históricas, sendo os princípios morais constituídos ou adaptados aos princípios da classe dominante, detentoras dos meios de produção e dos meios de comunicação de massa. Jean Paul Sartre (1905 – 1980) é considerado um dos expoentes do Existencialismo, concepção filosófica que parte do princípio que a existência precede a essência, ou seja, o indivíduo é aquilo que ele projeta ser. Como representante do existencialismo ateu, Sartre afirmava que o ser humano tem o direito de escolher o seu destino e a sua vida e por essa escolha é totalmente responsável pois, para ele não existe um ser sobrenatural, inclusive os valores, decorre dos seres humanos (VALLS, 1993, p. 25).
	Segundo Valls (1993, p. 28), para Sartre a ética baseia-se na liberdade como fim, pois são os seres humanos que vão atribuir valor ao mundo a partir de suas experiências concretas. Assim sendo, o valor do ato moral não se dá pela submissão a princípios estabelecidos e sim pelo uso que o sujeito fizer de sua liberdade. Só a liberdade decide, não havendo normas pré-estabelecidas, e a liberdade torna-se o fim da moral (VALLS, 1993, p. 32).
	Outro filósofo que contribuiu bastante com para o estudo sobre a ética na contemporaneidade foi Habermas. A ética por ele elaborada é defendida como a Ética do Discurso. Nela não há uma universalização da forma de agir à maneira kantiana, não há uma prescrição de comportamento moral a ser seguido por todos de forma categórica, mas a apresentação de alternativas para que sejam analisadas por todos e receba deles suas opiniões. A norma universal será aquela da vontade de todos. Desse modo, a Ética do Discurso afirma que as argumentações morais se inserem nos contextos do agir comunicativo, centrada nos diálogos e da argumentação (VALLS, 1993, p. 35).
	Após essa breve contextualização histórica, percebe-se que as doutrinas morais variam de acordo com as condições histórico-sociais e das concepções ideológicas hegemônicas de cada época.
	Atualmente, a ética se ocupa e pretende o aperfeiçoamento do ser humano no sentido deste poder buscar melhoria contínua junto à sociedade para ser melhor sempre. Neste aspecto, é importante reforçar que o trabalho, enquanto necessidade humana, é um dos elementos mediadores da relação homem e sociedade. Acerca disso, Morin (2001, p. 41) constata:
a organização do trabalho deve oferecer aos trabalhadores a possibilidade de realizar algo que tenha sentido, de praticar e desenvolver suas competências, de exercer seus julgamentos e seu livre-arbítrio, de conhecer a evolução de seus desempenhos e se ajustar. O trabalhador precisa não só ajustar-se, mas também ajustar a tarefa e as condições de realização da mesma às suas necessidades, seus desejos, suas capacidades e seu modo de ser. (MORIN, 2001, p. 41)
2.3 Ética nas relações interpessoais
	É possível afirmar que o ser humano é dotado de razão e por isso é o principal responsável pela iniciativa de seus atos com vistas a buscar o bom e o justo ou, por outro lado, a maldade e a injustiça. É importante lembrar que: bom, mau, justo, injusto, não são universais e diferenciam-se de acordo com a cultura, a época, o grupo social e muitas outras variáveis. Contudo, não se pode negar a existência de dois valores dos quais se pode afirmar que são universais: a vida humana e decorrente desta a importância do outro. Esse princípio, que também é conhecido como princípio da alteridade (alter, em latim, significa “outro”), implica dizer que o ser humano necessita viver em grupo, tem no seu semelhante um igual, com os mesmos direitos básicos que ele próprio. Diz Souza Filho, (2004, p. 25):
A vida nos ensina que ninguém, ou quase ninguém, pode viver totalmente isolado não somente por causa das necessidades afetivas, mas também por causa das necessidades materiais. É muito difícil para uma só pessoa produzir todas as coisas de que necessita para sobreviver dignamente. A necessidade de conviver com os outros nos leva à necessidade de estabelecermos relações que permitam a sobrevivência de todos os que compõem a coletividade (SOUZA FILHO, 2004, p. 25).
	
	Isso significa que na prática os meus direitos e interesses não podem ser absolutos na medida em que entram em conflito com os interesses e direitos de outros com os quais necessito conviver. Acerca deste tema Souza Filho (2004, p. 29) ainda menciona:
A análise da Ética e do Relacionamento Interpessoal permite perceber facilmente os pontos de contato entre esses temas e a necessidade imperiosa de ser respeitada ininterruptamente a dignidade de todas as pessoas. É preciso lembrar que uma das maiores exigências sociais na atualidade, no campo dos negócios públicos e privados, é a vivência irrestrita de valores não hedonistas, voltados para o bem estar da coletividade e que tem o ser humano como a maior e incalculável riqueza de uma sociedade. As implicações daí decorrentes devem ser profundas na escala de valores individuais, organizacionais e sociais, de sorte que a cidadania não negligenciada, mas preservada, estimulada e promovida. (SOUZA FILHO, 2004, p. 29).
	
	Os relacionamentos interpessoais são influenciados além das dimensões afetivas e cognitivas por aspectos que estão presentes em todas as organizações como econômicos, políticos, psicológicos e a cultura organizacional. As maneiras como as pessoas relacionam-se, os olhares, os gestos, as formas de tratamento fazem parte das relações sociais. Para que em um ambiente de trabalho esse relacionamento alcance sucesso é preciso que haja diálogo franco em que os envolvidos dediquem à atenção que lhe é solicitada e se coloquem no lugar do outro. Desta forma, o autor Costa (2002, p. 36) menciona:
As relações interpessoais é um dos elementos que contribuem para a formação do relacionamento real na organização. A humanização no ambiente de trabalho é de fundamental importância para as organizações que o trabalhador precise ser reconhecido e respeitado como ser humano. Eis uma das questões fundamentais em Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), o bem estar do trabalhador. Aí, subentendem-se vários aspectos como o relacionamento interpessoal, um ambiente de trabalho agradável e uma boa remuneração como reconhecimento pelo serviço prestado (COSTA, 2002, p. 36)
	A prestação de serviço nas organizações públicas está balizada a partir de princípios constitucionais estabelecidos através dos quais se deve ter a preocupação por parte de todos os envolvidos no sentido de se buscar desenvolver relações interpessoais e profissionais de qualidade para que o serviço prestado tenha eficiência e eficácia para a sociedade, de maneira a possibilitar que os objetivos e metas definidas nos planejamentos estratégicos do órgão sejam alcançados e gerem resultados satisfatórios. Assim, Corrêa (1993, p. 57) menciona:
O papel social da organização pública é a prestação de serviços com qualidade, responsabilidade pelo atendimento ao público e a economia de seus recursos sem esquecer é claro de seus princípios fundamentais como a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. (CORREA, 1993, p. 57)
	
	Os relacionamentosinterpessoais e profissionais existentes na organização dependem também da atuação dos gestores, os quais precisam desenvolver habilidades e competências de liderança na organização, de maneira a envolver e estimular a motivação entre os servidores diretos e indiretos através de uma liderança participativa eficaz capaz de direcionar e coordenar os elementos essenciais para a realização de tarefas e procedimentos que visem o alcance de objetivos institucional. As habilidades do gestor devem estar direcionadas à resolução de conflitos internos, observando os objetivos estratégicos estabelecidos e e os recursos públicos disponíveis, para agir de forma eficiente, e também criar estratégias de controle avaliar e mensurar os resultados de sua atuação e da atuação dos colaboradores. Para Monteiro (1991, p. 17):
As principais decisões sobre a administração de pessoal estão fora do poder do gestor. Os reajustes salariais dependem de um ato governamental. As negociações sindicais estão igualmente dependentes. A admissão é por concurso público e as demissões e punições só podem ser efetivadas por inquérito administrativo. Por outro lado, sabe-se que gerenciar instituições públicas não é a mesma coisa de operacionalizar organizações privadas, seja referente às suas opções, às questões de compatibilidade dos objetivos e aos problemas de restrições e proibições. Enquanto o administrador de empresas privadas pode redefinir as metas da organização, modificar sua estrutura e mudar seu pessoal; o gestor público deve, diante dos desafios, ter habilidades para operar restritamente dentro de metas, com recursos, que sempre escassos, fixados por lei, com funcionários controlados e protegidos pelo sistema jurídico, além da constante pressões. (MONTEIRO, 1991, p. 17)
	
2.4. Ética no serviço público
	Convém registrar que a própria natureza do servidor público indica os valores fundamentais do serviço público que decorrem primeiro e especialmente do seu caráter público e de sua relação com o colega de trabalho e com o público, que deve ser a mais legítima, retribuindo a confiança depositada.
	Os servidores públicos são profissionais que possuem um vínculo de trabalho profissional com órgãos e entidades do governo.
	Dentro do setor público, todas as atividades do governo afetam a vida de um país. Por isso, é necessário que os servidores apliquem os valores éticos para que os cidadãos possam acreditar na eficiência dos serviços públicos. Existem normas de conduta que norteiam o comportamento do servidor, dentre elas estão os chamados códigos de ética. Assim, é missão dos servidores públicos serem leais aos princípios éticos e as leis acima das vantagens financeiras do cargo e ou qualquer outro interesse particular.
	A ética pode ser considerada um dos segmentos da filosofia que desperta maior interesse na sociedade, pois diz respeito diretamente a nossa experiência cotidiana, levando-nos a uma reflexão sobre os valores que adotamos, o sentido dos atos que praticamos e a maneira pela qual tomamos decisões e assumimos responsabilidades em nossas vidas, com um olhar em nós e nos outros.
	Avançando um pouco mais nos nossos estudos sobre Ética compreendemos que é a disciplina que estuda os princípios e valores norteadores da conduta humana. De acordo com o Professor d’Alva (2004, p.39):
A ética é uma reflexão sobre o fazer, antes de fazer, procurando fazer bem. É entendida como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. (DALVA, 2004, p.39).
	O mundo vive uma fase onde a Ética, em todas as suas dimensões, está perdendo força, produzindo uma visão suja de imoralidade que polui o trabalho, as famílias, as cidades, as religiões, os países. O artigo Ética e Compromisso do Servidor Público Federal, do Procurador Federal Bruno César da Luz Pontes nos traz a demonstração da influência e da importância da ética e do compromisso do servidor público para o desenvolvimento do país e da Administração Pública, e assim menciona:
As consequências estão aí, nos insultando: guerras, terrorismo, ameaças nucleares, violência, corrupção, sofrimento. Só para se ter uma vaga noção do que a falta de ética causa à nossa sociedade, o Professor Marcos Gonçalves da Silva, da Faculdade Getúlio Vargas, fez um estudo e constatou que se a conta da corrupção fosse dividida com todos os brasileiros, o custo, para cada um, corresponderia a R$ 6.658,00 (seis mil seiscentos e cinqüenta e oito reais) por ano, impedindo que a renda per capita do brasileiro salte de aproximadamente R$ 7.000,00 (sete mil reais) para R$ 9.500,00 (nove mil e quinhentos reais).
Um mesmo estudo da Fundação Getúlio Vargas, coordenado pelo Professor Marcos Fernandes, diz que a corrupção custa para o Brasil, anualmente, 3,5 bilhões de reais. Não é por outro motivo que se diz que o Brasil tem fome de ética, mas passa fome pela falta dela. (Artigo Ética e Compromisso do Servidor Público Federal, pág. 1)
	Acerca da situação dos servidores públicos, o Procurador Federal ainda afirma que além dos dados globais, lembra que no Brasil o respeito com os serviços públicos e com as instituições públicas está caminhando para um nível perigoso, e diz:
[…] Está caminhando para um local onde há desconfiança e até chacota para com a vida funcional do servidor público. Por isso, espero sinceramente que as palavras aqui proferidas sirvam para afagar o coração de tantas pessoas que querem valorizar a ética e dar exemplos para seus filhos e para a sociedade, mesmo rodeadas de imoralidades. Que sirva para encorajar ainda mais o servidor público que não está satisfeito com a imagem que a sociedade tem da Administração Pública, para fazer dele um instrumento de aperfeiçoamento e dignidade para o próprio serviço público. (Artigo Ética e Compromisso do Servidor Público Federal, pág. 1)
	A ética é algo de natureza intrínseca, portanto, o que mais importa é a vontade e o desejo de viver a ética de forma intensa e sistemática e isso precisa emanar de forma natural do fundo de nossa alma, resgatando os sentimentos mais profundos e colocando-os a serviço de um projeto maior em que o “eu” une-se aos “nós”, como diz Chiavenato (2005, p.44):
Sob um aspecto genérico, a ética é uma preocupação com o comportamento: uma preocupação de considerar não somente o próprio bem-estar pessoal, mas também o das outras pessoas. Isso lembra a velha regra dourada: não faça aos outros aquilo que você não deseja que os outros lhe façam. Viver a ética é buscar a paz interior do nosso ser em sintonia com a paz social. É viver em harmonia, em busca da felicidade. A ética se ocupa e pretende o aperfeiçoamento do ser humano. Precisamos, a cada dia, buscar essa melhoria, sermos melhores do que fomos. A ética nos orienta e traça caminhos para a nossa conduta na missão de escolher a solidariedade e não o egoísmo, o bem e não o mal, a verdade e não a mentira.
	
	Em alguns órgãos públicos os servidores passam a maior parte do seu dia no local de trabalho. Assim, é na vivência cotidiana que o homem se apropria dos instrumentos, da linguagem e dos costumes que serão indispensáveis a sua sobrevivência e adaptação a determinado grupo, que neste caso, são os colegas de trabalho. Heller (1972, p. 17) menciona:
A vida cotidiana é a vida do homem inteiro, ou seja, o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade. Nela colocam-se “em funcionamento” todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, ideias, ideologias.
2.5. Principais problemas ético-profissionais entre os servidores públicos no Brasil
	As relações sociais em geral estão sujeitas às harmonias e aos conflitos de acordo com as afinidades das ideias, dos princípios éticos e morais. No trabalho não é diferente, inclusive, em função da competitividade, segregação e muitas vezes do autoritarismo, as relações se estabelecem em clima de hostilidade.
	Assim, o convívio socialnas repartições públicas também está sujeito a conflitos e cada servidor a seu modo é obrigado a captar as descargas emocionais uns dos outros. Segundo Tavares (2012, p. 2), inúmeros fatores desencadeiam os principais problemas (chamados de sofrimento) que afetam as relações interpessoais e profissionais no serviço público.
Figura 1. Esquema sintético da Representação social do sofrimento no trabalho
A percepção da injustiça no ambiente de trabalho é o aspecto mais relevante relacionado ao sofrimento no trabalho. As situações identificadas como injustas relacionam-se a: (a) desigualdade salarial; (b) desigualdade na atribuição de tarefas e responsabilidades entre os servidores e entre os diferentes setores da instituição (TAVARES, (2012, p. 5).
	Para Tavares (2012, p. 17) além das situações citadas, o não reconhecimento pelo trabalho, a falta de autonomia no trabalho e a estagnação profissional também são fatores que levam ao sofrimento do servidor.
O não reconhecimento compõe-se da ideia segundo a qual o desempenho profissional do servidor não é considerado institucionalmente de forma suficiente, seja por não haver a prática cotidiana do retorno da avaliação da qualidade do trabalho, seja pelo fato de a qualidade do trabalho desenvolvido não ser sistematicamente levada em conta para promoções ou acréscimos salariais, em um plano de carreira. Tal aspecto é visto como algo que repercute no bem-estar das pessoas na medida em que frustra, em variados graus, o desenvolvimento das potencialidades profissionais individuais e as expectativas em longo prazo e que não proporciona à pessoa a vivência de ser valorizado por aquilo que faz (TAVARES, 2012, p. 18).
	A falta de autonomia no trabalho, em que em decorrência da combinação do grande volume de trabalho com os prazos, a forma de execução e desenvolvimento das tarefas acaba por restringir, tornando o trabalho, sempre que possível mais mecânico e repetitivo. Em decorrência disso, é diminuída também a autonomia para regular o ritmo e as pausas de descanso. Além disso, o formalismo, próprio dos procedimentos de trabalho do judiciário, torna mais rígidos os padrões de cumprimento das tarefas, deixando pouca margem a criações e modificações nos procedimentos de trabalho (TAVARES, 2012, p. 21).
	Outro problema é a estagnação profissional. Este sofrimento existe pelo fato de que a ascensão profissional só pode ocorrer através de concurso público ou mediante nomeações para cargos em comissão e funções gratificadas. Apesar do acréscimo salarial significativo decorrente de uma nomeação, mesmo que para assistente, a posição profissional do nomeado é incerta e de fato mostra-se inconstante no decorrer do tempo (TAVARES, 2012, p. 24).
	Assim, são comuns os casos de pessoas que já ocuparam funções de chefia, assessoramento e direção por determinado período, ao fim do qual, no entanto, voltaram a seus cargos e tarefas anteriores. A instabilidade da posição profissional e a eterna possibilidade de voltar à estaca-zero são uma importante categoria explicativa do sofrimento no trabalho. (TAVARES, 2012, p. 25).
	Por fim, dentre muitos outros, temos ainda a opressão por parte dos superiores, também servidores, em posição de chefia, direção e assessoria, e ocorre sob a forma de repreensão excessiva, podendo configurar-se como maltrato, punição e humilhação do servidor quando este comete erros; exigências de produtividade tendo como base a ameaça declarada ou não, controle restritivo sobre a comunicação e expressão dentro do ambiente de trabalho e sobre a necessidade de ausentar-se da mesa de trabalho para ir ao banheiro, ir almoçar ou fazer pausas de descanso durante a jornada (TAVARES, 2012, p. 29).
2.6. Ética como instrumento de construção profissional
	Segundo Elizete Passos (2007, p. 29), Ética Profissional “caracteriza-se como um conjunto de normas e princípios que tem por fim orientar a relação dos profissionais com seus pares, destes com seus clientes, com sua equipe de trabalho, com as instituições a que servem, dentre outros”. Para esta autora:
Pode-se afirmar que é uma reflexão pessoal que define diretrizes orientadoras do procedimento laboral, buscando um comportamento condizente com as normas da profissão e a expectativa do cliente. Como a atitude ética é a preocupação com o resultado feliz das ações praticadas para o bem comum, a Ética Profissional, visa, logicamente, a esta mesma preocupação, com a utilidade social do trabalho. É a busca de um “adequado servir” através da eficiência nas ações profissionais e no inter-relacionamento com o cliente, sempre carregado de expectativas, emoções e conflitos. Porém, o homem é um ser uno, que exerce inúmeros papéis na sociedade, como o de pai (mãe), esposo (a), filho (a) e o de profissional. Para a execução de todos estes papéis ele carrega consigo princípios e valores fundamentais adquiridos ao longo da vida. Ao se iniciar em uma profissão, já na idade adulta, o homem é influenciado pela ética orientadora de sua vida pessoal (PASSOS, 2007, p. 29).
	Os valores relativos à honestidade, à solidariedade humana, à fraternidade, à fidelidade provirão geralmente da experiência ética e moral que o profissional já vivenciou como indivíduo. As relações interpessoais e profissionais são distintas em diversas entidades, e influenciam no comportamento dos colaboradores, entretanto, cada um tem sua particularidade, bem como afirma Elizete Passos (2007, p. 41):
Um homem egoísta, avesso a relacionamentos interpessoais e arrogantes, o será como advogado, funcionário público ou qualquer outra profissão que exerça. Da mesma forma, um ser altruísta, solidário e responsável, o será no exercício de sua profissão. A ética pessoal torna-se, assim, um instrumento de construção da ética profissional. A sua forma de ver o mundo, o grau de valor que oferece às relações, seus limites históricos, culturais e individuais influenciam decisivamente no resultado de seu trabalho.
	A Constituição Federal, enquanto Lei Maior é o diploma legal que estabelece as normas fundamentais, devendo todos os cidadãos conhecê-la, para que possam exercer seus direitos e cumprir com as suas obrigações. Acerca da criação de códigos de ética profissionais, explica Elizete Passos, (2007, p. 42):
Para evitar que a conduta profissional seja baseada somente nos valores pessoais, instituíram-se os Códigos de Éticos regulamentadores das profissões. São normas estandardizadas, já comprovadas pela prática social como eficazes e norteadoras das ações laborais. São documentos que regulamentam a profissão, estabelecendo de forma objetiva e específica, os direitos e deveres e demonstrando para a sociedade e os próprios servidores as atitudes morais consideradas adequadas e inadequadas no desempenho de suas funções. Conhecer a legislação que trata da ética profissional torna-se primordial para o servidor, porque anterior à adequação aos procedimentos de sua atividade, deve haver o conhecimento sobre os preceitos que fundamentam o seu ofício. (PASSOS, 2007, p. 42).
	O destaque do Código de Ética Profissional no presente artigo é a necessidade do agir com dignidade e zelo por parte dos servidores, tendo compromisso com a sociedade que o paga e que é a beneficiária de seus serviços. A autora Elizete Passos, 2007 traz grandes entendimentos no que se refere a esta questão:
Desta forma o ato profissional torna-se tão relevante que sai do mero controle da consciência ética de cada sujeito para ser controlada pela própria sociedade, ciente de seus direitos e detentora de regras de conduta que devem ser seguidas para um profissional e uma profissão serem vistos como possuidores de uma dimensão moral e respeitável.[...]
[…] A partir da regulamentação deste tipo de Código de Ética, detecta-se a ideia de que o homem não é obrigado a resolver todos os problemas que lhe são propostos, mas deve conhecer seus limites e as obrigações do exercício de sua profissão. Para tanto, qualquer profissional e mais especificamente a de servidor público necessita ter em mente que a ética profissionaldeve derivar da estrutura moral do homem. Cabe ao “ser humano profissional” agir com lealdade, probidade, moderação e dignidade. A lealdade é a transparência nas ações, o uso da boa-fé, fundamentada na ideia de que toda pessoa tem direito à verdade e o servidor público não deve omiti-la ou falseá-la.[...]
[…] A probidade é a integridade de caráter, o viver honestamente. A moderação está associada a uma postura de prudência, de evitar que o interesse pessoal supere o bem comum, que a profissão torne-se um mero negócio. A dignidade é a reputação profissional, é o agir com respeito a si mesmo e ao outro. Estes valores devem nortear o serviço público uma vez que deste é exigido efetividade, interesse e competência, traduzidos na qualidade do serviço prestado, na cortesia para com os clientes, na preservação dos recursos de trabalho, no respeito à hierarquia e na coerência entre os princípios do servidor e da organização. [...]
[…] Desta forma, cabe ao servidor, inicialmente, realizar uma autoanálise. Concretizaro célebre conselho de Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”, é o primeiro passo para a autocrítica necessária ao exercício ético-profissional, remetendo o homem a um confronto entre seus valores individuais, os fundamentos de seu ofício e a expectativa final que a sociedade credibiliza ao serviço público. [...]
[…] A ética profissional coadunada à ética pessoal consiste, portanto, em uma forma de ser no mundo, que é aprendida e incorporada pelo homem e só assim poderá ser posta em prática em casa, no meio social, nas organizações de trabalho e em todos os momentos de sua vida e não apenas quando for conveniente para resultar em benefícios particulares. (PASSOS, 2007).
	O espírito de cooperação, cordialidade, honestidade e respeito devem permear o comportamento de todos aqueles que trabalham com e para o público, independente de ocuparem cargo de provimento efetivo ou em comissão. Assim, é interessante observar o sentido da expressão “servidor público” que, em sua versão mais singela, significa estar a serviço da coletividade.
2.7 Lealdade e compromisso do servidor público
	O art. 16, inciso II, da Lei 8.112/90, diz que é dever do servidor público “ser leal às instituições a que servir”. A alínea “c” do inciso XIV da Seção II do Capítulo I do Anexo do Decreto 1171/94 (Código de Ética), também se refere à “lealdade do servidor”.
	Ser leal à instituição é ter compromisso público com ela; é, em suma, assumir conduta que vai beneficiar a instituição e o desenvolvimento da sua função. O artigo Ética e Compromisso do Servidor Público Federal, do Procurador Federal Bruno César da Luz Pontes nos traz a demonstração da influência e da importância da ética e do compromisso do servidor público para o desenvolvimento do país e da Administração Pública, e assim menciona:
O servidor público leal e compromissado com a sua instituição fica preocupado todos os dias com a imagem dela. Fica preocupado com as críticas que a sociedade faz aela, e se realmente há razão. Dá dicas, observa o dia-a-dia dentro da instituição, e verifica se algo está errado. Reclama com o Chefe do servidor que maltrata alguma pessoa, que não é cortês. Fica indignado quando fazem chacota com a sua instituição, porque está verdadeiramente preocupado com a grandiosidade dela.
O servidor público compromissado com a instituição respeita cada centavo que ela lhe paga, e se sente no direito de reclamar de algo errado. Fica grato porque seu sustento sai dali, daquela instituição, e por isso aprende a gostar dela. Reconhece internamente que a sua experiência de vida, seus conhecimentos dos trâmites burocráticos do Poder Público, seus conhecimentos de legislação, de inter-relação humana e da missão pública da sua carreira, estão ligados diretamente à sua instituição e tudo que ela proporcionou a ele. [...]
Assim, o servidor público só pode estar comprometido se ele guardar profundo respeito à sua instituição, e, assim, manter-se preocupado permanentemente com ela. Portanto, meu caro leitor servidor público, quando ouvir alguém falar mal da sua instituição, saiba que estão falando mal do lugar de onde tira o seu sustento, do lugar onde o Senhor resolveu passar a maior parte da sua vida. (Artigo Ética e Compromisso do Servidor Público Federal)
	
	Assim, o servidor público compromissado com a instituição, quando escuta uma crítica a ela, trata logo de tomar as providências para afastar o equívoco que vem sendo praticado internamente, se a crítica tem alguma razão de ser. O servidor público descompromissado, no entanto, apenas escuta a crítica e, absorto, até concorda com ela, sem mover uma palha sequer para sua instituição se aperfeiçoar. Desta forma, o Procurador Federal ainda exemplifica:
Darei um exemplo prático de como a falta de compromisso com a instituição pode prejudicá-la.
Imaginem a mudança de poder no Planalto. Imaginem que saia do poder o PT, e entre o PSDB. Quantas vezes nos deparamos com isto nos Municípios, nos Estados e na União, e presenciamos abismados, que a Administração Pública simplesmente pára.
A sociedade logo pensa que a paralisação é causada, única e exclusivamente,
porque é preciso um tempo para que as novas pessoas se adaptem às novas funções, para que conheçam a realidade do órgão ou da entidade. É claro que isto é verdade, mas poucos sabem que, sorrateiramente, muitos servidores descompromissados com a instituição, e extremamente compromissados com suas subjetividades, fazem de tudo para prejudicar o novo integrante do poder, porque simplesmente está vinculado à outra agremiação política.
Quantos servidores públicos, há anos em um cargo em comissão, ao serem substituídos, impõem uma série de dificuldades ao novo integrante do cargo? Quantos servidores, hierarquicamente inferior ao novo Chefe, se indispõem sistematicamente, criando uma série de problemas, sem se preocupar com a imagem da instituição e com a continuidade do serviço público?
Servidor público que é compromissado com a instituição não se porta desta forma. Pode até discordar e ficar revoltado porque o novo Chefe não tem condições técnicas e morais, e tentar demonstrar para o superior do mesmo a situação, mas não pode, jamais, se indispor voluntariamente para o cumprimento das suas obrigações, causando ineficiência da sua repartição.
É claro que não quero voar sobre brancas nuvens da ingenuidade, e desconsiderar o espírito de sobrevivência do ser humano, e muito menos se esquecer dos problemas estruturais, logísticos e remuneratórios do Poder Público brasileiro, em especial do Poder Executivo Federal.
Minha intenção é despertar o leitor para o necessário compromisso que o servidor público deve ter com a sua instituição, porque ele deve muito a ela: deve o salário, a formação, a experiência pública adquirida e um intransigente respeito! (Artigo Ética e Compromisso do Servidor Público Federal)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Muitos já tentaram em vão eclodir na mente do ser humano a necessária esperança de que o mundo ético é possível e será eficaz para aperfeiçoar a sociedade. Muitos já tentaram amainar os famintos de felicidade, com conceitos cheios de beleza e retórica.
	Talvez por isso é que Valls (1993) tenha dito que a ética é aquilo que todo mundo sabe o que é, mas que não é fácil de explicar quando alguém pergunta. O importante não é conceituar ética; é vivê -la com intensidade. Não é, em absoluto, se consagrar diante de um conceito que está no fundo d’alma; é, sim, resgatar os sentimentos mais profundos, colocando-os a serviço da humanidade.
	A ética, então, é muito mais que uma investigação daquilo que é bom; ética é, além da investigação, uma oportunidade para se encontrar a paz social, a organização da sociedade e a aproximação da felicidade. Há mais além da investigação do que é bom, e só o ser humano pode alcançar.
	Agir de forma correta, sem discriminações, respeitando todo ambiente tocado no relacionamento comercial acaba gerando um clima de confiança, que acelera o processo de negociação. o futuro irá escolher somente aqueles que sabem imprimirseu espectro responsável como os agentes de mudança. São exemplos e devem ser seguidos por quem deseja alcançar sucesso no mercado.
	Não há mistério algum em ser ético. A norma principal parece retirada dos 10 mandamentos bíblicos: não faça ao outro aquilo que não deseja que façam contigo. Simples e objetivo, todo o restante das normas é redundante, pois reflete esse principio básico de ser responsável no lidar com o próximo (seja ele quem for), agindo, sempre, da mesma maneira que você gostaria de ser tratado por outra pessoa/ empresa.
	Assim, colocar a ética no dia a dia social é o primeiro passo para incorporá-la no ambiente profissional. Uma pessoa que age de forma ética, nas pequenas coisas que enfrenta no seu dia, também agirá, de maneira correta, dentro da instituição. para tanto, primeiro, é necessário um movimento de divulgação do que significa uma cultura organizacional baseada na ética..
	Apenas tenha em mente que o gestor é o exemplo maior para todos. Sua forma de lidar com seus colaboradores, clientes e fornecedores irá migrar, automaticamente, para todo ambiente que o observa atentamente. Desta forma, ao implantar um programa de ética profissional em seu órgão/entidade, deve-se identificar se o próprio gestor está agindo de forma ética.
	O mal-estar que toma forma nas relações sociais de trabalho vem sendo estudado sob múltiplos pontos de vista e a partir de vários conceitos. Uma corrente que vem obtendo bastante destaque é aquela que se constrói a partir do conceito de assédio moral no trabalho.
	Está nas mãos dos servidores púbicos, em cada movimento burocrático, em cada atendimento aos cidadãos deste país, em cada comportamento dentro da repartição, em cada cumprimento de uma obrigação, a responsabilidade de melhorar este país, na medida em que pode e deve melhorar a Administração Pública.
	Um profissional comprometido com a ética não se deixa corromper em nenhum ambiente, ainda que seja obrigado a viver e conviver com ele. O profissional tem o dever ético de ser honesto integralmente, pois transgredindo os princípios da honestidade, não prejudica só seu usuário, mas toda uma classe e até uma sociedade. 
Tanto é contra a ética a aceitação de tarefa sem conhecimento, como aquela com plenitude deste, mas aplicada para lesar o interesse de terceiros.
	As leis de cada profissão são elaboradas com o intuito de proteger os profissionais da categoria como um todo e os indivíduos que dependem desse profissional, assim, a ética profissional é um conjunto de normas de condutas que regem a prática de qualquer profissão.
	Está ainda nas mãos destes a escolha do caminho do desperdício, da imoralidade, da negligência, da descortesia, ou o caminho da glória, do exemplo, da ética.
4. REFERÊNCIAS
Artigo Ética e Compromisso do Servidor Público Federal, do Procurador Federal Bruno César da Luz Pontes nos traz a demonstração da influência e da importância da ética e do compromisso do servidor público para o desenvolvimento do país e da Administração Pública, 2014. p. 1.
BOFF, Leonardo. Ética e Moral: a busca dos fundamentos. Lonardo Boff, Vozes, 2010, p. 16.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. .3ªed. p. 44. editora Elsevier/2010-RJ
COSTA, Wellington Soares da. Humanização, Relacionamento Interpessoal e Ética Caderno de Pesquisas em Administração. São Paulo, V. 11, nº 1, p.17-21, janeiro/março 2004. Disponível em www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/v11n1art2.pdf. Acesso em 04/04/2016.
CORRÊA, Rossi Augusta Alves. Qualidade de Vida, Qualidade do Trabalho, Qualidade do Atendimento Público e Competitividade. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 113 - 23, jan/mar. 1993.
DALVA, Oscar. Ética individual & Ética Profissional. ABC, 2004, p. 44.
Dissertação de mestrado da atual mestre em saúde ambiental, Daniela Sanches Tavares, da Universidade de São Paulo, cujo tema é O sofrimento no trabalho entre servidores públicos em um Tribunal Judiciário Federal. 2012.
HELLER, Agnes. Cotidiano e individualidade. Paz e Terra, 1972, p. 17.
MARCONDES, Álvaro L. M. O que é Ética? Editora Brasiliense, 1993, p. 9.
MORIN EM – Os sentidos do trabalho. Rev. Administração Emp 2001, p. 41.
MONTEIRO, J. P. Novos estudos humeanos. Nova Cultural, 1991, p. 17.
PASSOS, Elizete. Ética nas organizações. 1.ed., São Paulo: Atlas, 2007.
ROKEACH M. The nature of human values. New York: The Free Press, 1973, p. 48.
ROCOEUR, Paul. Herminêutica e ideologias. Paul Rocoeur. Vozes, 2011, p. 8.
SOUZA FILHO, Oscar d’Alva. Ética Individual e Ética Profissional.4.ed. Rio-São Paulo-
Fortaleza: ABC Editora, 2004, p. 25.
VASQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. 6° Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A, 1983. p. 12.
VALLS, Álvaro L. M. O que é Ética? Editora Brasiliense, 1993.

Outros materiais