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Aula 03 A Existência da Ética

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O Desafio da Existência Ética
Aula 03 
Prof.ª Jane Mafra
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Existência Ética
	Com a vitória da democracia escravista, no século V a.C., surgem na Grécia, particularmente em Atenas, os primeiros problemas éticos referentes à vida pública na pólis (cidade) ocasionados pelo novo regime político.
	É nesse sentido que a Ética relaciona-se de maneira primordial com a Política, isto é, com o comportamento humano na vida em sociedade.
	 Ou, como será definida mais tarde, como a práxis do bem comum.
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Existência Ética
	Originalmente, a pólis grega é a fortaleza dos homens livres, capazes de se defenderem, incluindo aí a defesa à propriedade da terra, porque o direito à cidadania, naquele momento histórico, é inseparável da posse da terra.
	A partir do século V a.C., a cidade-fortaleza se transforma na pólis democrática, na qual a nobreza, ligada à propriedade de terras, terá de repartir o poder com a aristocracia surgida do comércio. 
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Existência Ética
	A pólis se constitui como o Estado (cidade-estado) dos homens livres, que possuem o direito à cidadania, à proteção das leis e à participação nos destinos sociais (políticos, econômicos e militares) da cidade. 
	Dessa sociedade estão excluídos, portanto, os não livres: estrangeiros, mulheres, crianças e os escravos, que são considerados como instrumentos de trabalho (“mercadorias”: drapodon, que significa criatura vivente com pés humanos), equivalentes a um bem móvel do proprietário de terras. 
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Existência Ética
	Nesse período, a virtude objetiva – que fundamenta as relações humanas na polis – é a justiça. 
	Ela é a síntese de todas as virtudes morais subjetivas, pelo fato de conferir-lhes um sentido social. 
	É por ela que o homem virtuoso torna-se um bom cidadão. 
	Assim sendo a justiça é a virtude da sociedade e da cidadania.
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Existência Ética
	É nesse contexto que os jovens aristocratas devem ser preparados para a vida política, ou seja, para participarem das assembleias (agôn) em praça pública (ágora) sobre o destino da pólis.
	Para Platão, conhecer o Bem, significa tornar-se virtuoso. Aquele que conhece a justiça não pode deixar de agir de modo justo. 
	Dois pontos fundamentais emergem da discussão platônica sobre questões éticas. 
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Existência Ética
	O indivíduo que age de modo ético é aquele que é capaz de autocontrole, de “governar a si mesmo”.
	 Entretanto, a possibilidade de agir corretamente e de tomar decisões éticas depende de um conhecimento do bem, que é obtido pelo indivíduo por meio de um longo e lento processo de amadurecimento.
	Finalmente, em Aristóteles, aponta-se para uma educação sistemática, que enaltece os valores intelectuais e éticos subordinando os valores materiais e sensíveis. 
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Existência Ética
	A Ética a Nicômaco, de Aristóteles foi o primeiro tratado de ética da tradição ocidental e também pioneiro no uso do termo “ética” no sentido em que empregamos até hoje, como um estudo sistemático sobre as normas e os princípios que regem a ação humana e com base nos quais essa ação é avaliada em relação a seus fins. 
	Na concepção aristotélica, a felicidade está relacionada à realização humana e ao sucesso naquilo que se pretende obter, o que dá se aquilo que se faz é bem-feito, ou seja, corresponde à excelência humana e depende de uma virtude (areté) ou qualidade de caráter que torna possível essa realização.
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Existência Ética
	Algum tempo depois, a destruição da autonomia das cidades-estado, causada pela ascensão dos grandes impérios (macedônio e romano), leva os filósofos estóicos e epicuristas a não mais relacionar a Ética com a pólis, mas sim com o kósmos (universo) e assim, não depender mais de uma determinada comunidade, caracterizada por sua organização social.
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ATENÇÃO
	Compreende-se educação como atribuição do Estado a fim de dar condições para o cidadão (animal político) desenvolver suas potencialidades, participando da vida política e, com isso, atingir a felicidade. 
	Sua concepção é de que o homem, é um “animal político” submetido ao Estado que, pela educação, obriga-o a realizar a vida moral, pela prática das virtudes: a vida social é um meio, não o fim da vida moral. 
	A felicidade suprema consiste na contemplação da realização de nossa forma essencial (JAPIASSU, 2001).
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Mundo Medieval
	A passagem do mundo antigo para o mundo medieval ocorre por volta do século IV, quando o cristianismo torna-se a religião oficial, e o modelo escravista é substituído pelo regime de servidão.
	A fragmentação econômica e política é característica do mundo feudal, no qual a religião cristã desponta como a única fonte de unidade social.
	A Ética, nesse contexto, aparece profundamente impregnada por um sentimento religioso. 
	A natureza humana, que anteriormente achava sua realização na pólis, agora a encontra na transcendência do mundo, na cidade celeste.
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Mundo Medieval
	O cristão, além de ser cidadão do mundo, exercitar as qualidades e virtudes morais e defender uma ordem social justa, é, também, aquele que crê em Deus, criador de tudo e doador da vida, e, pela virtude da fé, espera que a vida histórica, pessoal e social tenha uma dimensão eterna.
	Surge, então, uma norma moral baseada na revelação de Deus. Essa acaba estabelecendo a Filosofia como serva da Teologia (philosophia ancilla theologiae). 
	Sendo assim, a Ética, no mundo medieval, é compreendida como uma doutrina moral, e a Justiça se aproxima da piedade e da santidade, condicionada pelas formulações sacras do Direito Canônico.
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Mundo Medieval
	Outra concepção filosófica importante na idade média é o tomismo. 
	O tomismo é a filosofia escolástica de São Tomás de Aquino (1225-1274), e que se caracteriza, sobretudo pela tentativa de conciliar o aristotelismo com o cristianismo. Procurando assim integrar o pensamento aristotélico e neoplatônico, aos textos da Bíblia, gerando uma filosofia do Ser, inspirada na fé, com a teologia científica.
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Mundo Medieval
	Dentro dessa perspectiva, o homem é um ser racional, social e político (concepção aristotélica) que participa da essência de seu criador e tem nele a causa suficiente para a sua existência (concepção tomista). 
	A existência do mal no mundo é fruto da capacidade de liberdade, inerente ao homem, e que o torna capaz de optar entre o bem e o mal, servindo-se dos atributos da vontade e da razão que são os fundamentos do agir humano e, portanto, de seu comportamento ético/moral. 
	Mas essa maneira de pensar ultrapassou os muros dos conventos e os monastérios e foi além da idade moderna. 
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Ética
	Somente o ser humano que conhece as normas morais de uma sociedade pode ser responsabilizado moralmente por suas ações, pois esse ser humano será capaz de escolher, decidir e agir de maneira consciente. 
	Assim sendo quem é ignorante dos códigos morais não poderá ser responsabilizado moralmente por suas ações.
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Ética
	Para que se possa falar em responsabilidade moral é necessário que o indivíduo tenha sua vontade livre e não aja por conta de uma coação externa ou de uma coação interna. 
	Por coação interna podemos discernir as patologias mentais que impedem o indivíduo de discernir entre o certo e o errado. Por coação externa podemos discernir as ameaças e os constrangimentos impostos por terceiros a alguém que então se vê obrigado a agir de uma forma que não escolheu livremente.
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