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TERCEIRO SETOR NO BRASIL Alessandro Marco Beltrame Evonaldo Santos do Carmo Márcia Aparecida Costa RESUMO O presente trabalho apresenta a descrição de um estudo relacionado sobre o Terceiro Setor no Brasil, sua importância para a sociedade, a origem das Organizações Não Governamentais - ONG’s, e suas áreas de atuação. Apontam-se os diferentes tipos de organizações consideradas como terceiro setor no Brasil e no mundo e os trabalhos sociais e filantrópicos que desenvolvem. O intuito é de compreender o papel do Terceiro Setor e discutir as implicações sociais, políticas e econômicas a partir de sua introdução no Brasil; discute-se também a atuação de grupos de voluntários e a constituição de uma personalidade jurídica com o estudo de caso de uma empresa do Terceiro Setor e de um grupo de assistência social. Palavras-chave: Terceiro setor no Brasil; ação social; filantropia. INTRODUÇÃO O terceiro setor é o termo utilizado para designar as entidades sem fins lucrativos, de caráter não governamental, que junto com participações voluntárias de outras empresas ou pessoas contribuem com a prática de ações filantrópicas e cidadania. O termo advém dos setores produtivos e econômicos existentes na sociedade, dessa forma, o Estado é considerado o Primeiro Setor pelo desempenho de suas funções produtivas, econômicas e sociais, a iniciativa privada é considerada o Segundo Setor, por sua atuação nas áreas produtivas e econômicas, restando então o cunho de Terceiro Setor para as entidades que agem nas lacunas deixadas pelos dois primeiros setores, ou seja, as causas sociais que o Estado não dá conta de suprir. Essas entidades, constituídas com personalidade jurídica, agem coletivamente em prol do bem comum em áreas relegadas pelo poder público e são compostas por uma grande variedade de organizações que possuem tipos, objetivos e maneiras de funcionamento distintos, sendo representadas por fundações, associações, ONGs, conselhos comunitários, entidades religiosas, entre outras. A criação dessas organizações, seu crescimento e reconhecimento social se deu pois a ineficiência do Estado em combater o aumento das desigualdades sociais, os conflitos étnicos e diversos outros problemas que acometem a sociedade, passaram a sofrer atuação direta de entidades criadas para a ação social e a filantropia, dessa forma, a privatização dos serviços essenciais e a precarização dos serviços sociais, além da desregulamentação de políticas que visassem o bem estar da população propiciaram o surgimento de um terceiro setor que atuasse nas áreas em que o poder público e a iniciativa privada eram deficitários. O conceito de terceiro setor advém, principalmente, porque muitas organizações se especializaram com o trabalho de caridade, no entanto, essa especialização proporcionou uma profissionalização que passou a ser aproveitada pelo poder público, dessa forma, esse setor passou a constituir personalidade jurídica para, por meio da captação de financiamento público, continuar realizando as ações sociais que já praticavam sem esse financiamento. As necessidades do terceiro setor são semelhantes às do primeiro e segundo setor, há a mudança da natureza e da finalidade, pois o terceiro setor atua em áreas relegadas pelo poder público e vislumbram a transformação para um mundo melhor, além do fato de serem constituídas sem fins lucrativos. Como a área filantrópica consegue captar bons profissionais e despertar uma perspectiva de cunho social e de interesse por uma causa, o desejo de lutar e se dedicar a um ideal, o terceiro setor é compreendido como uma área que não busca o resultado financeiro. 1 METODOLOGIA O presente trabalho apresenta a descrição de um estudo relacionado sobre o Terceiro setor no Brasil com intuito de compreender seu papel. Neste caminho, discute-se: a origem do termo; sua introdução no Brasil; a origem das ONGs e grupos de voluntários no contexto nacional e internacional, sua introdução no Brasil, histórias e contribuições do Terceiro Setor. Para atingir tal objetivo geral, observam-se os seguintes objetivos específicos: (a) identificação sobre o Terceiro setor no Brasil e suas características; (b) descrição dos aspectos em relação sobre sua história e introdução no Brasil; (c) estudo de caso sobre a constituição de uma ONG; (d) análise dos resultados levantados por meio da pesquisa. Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo que se utiliza de métodos como: pesquisa bibliográfica e análise documental e histórica, discute- se a importância de constituição da personalidade jurídica para ser considerada um empresa do Terceiro Setor e as atuação de grupos de voluntários, para tanto, analisaremos o processo de constituição de uma ONG na cidade de São Caetano do Sul, no Estado de São Paulo, e de um grupo de voluntários da mesma cidade que faz o trabalho assistencial, mas sem personalidade jurídica. A Organização Não Governamental a ser pesquisada é a Rede Feminina de Combate ao Câncer e o grupo de voluntários é chamado de Corrente do Bem. A trajetória metodológica do presente trabalho é apresentada por meio da descrição de como uma ação voluntária pode gerar uma Organização Não Governamental que possui personalidade jurídica, sendo assim, pode-se entender esse estudo como: “[...] uma segunda aplicação é descrever uma intervenção e o contexto da vida real na qual ela ocorreu.” (YIN, 2010, p. 41) A coleta de informações que embasam o estudo de caso foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica e documental, que são definidas da seguinte forma. [...] referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. São identificados documentos (livros, acervos históricos, com o propósito de descrever e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características. As bases documentais permitem estudar tanto a realidade presente como o passado, com a pesquisa histórica.” (Cervo, Bervian e Silva, 2007, p. 60) Dessa forma, o objetivo geral do trabalho pode ser definido em contribuir para um entendimento mais amplo acerca da importância do Terceiro Setor do Brasil. 2 CARACTERÍSTICAS DO TERCEIRO SETOR O Terceiro Setor é formado por instituições de direito privado, sem fins lucrativos, e que buscam, dentro de suas finalidades, o alcance do bem-estar social. Essas entidades são constituídas de forma voluntária, pela união que pessoas que comungam de um mesmo interesse. Serão abordadas no presente trabalho algumas características das instituições que compõem o Terceiro Setor, quais sejam: Origem; voluntariado, e; evolução e surgimento no Brasil. 2.1 Terceiro Setor: Origem A origem das organizações do Terceiro Setor é uma característica bastante altruísta, pois elas nasceram em decorrência das intenções e ações realizadas pela sociedade civil organizada que se mobilizou em grupos, clubes, associações, e outras formas de agrupamento na busca de direitos sociais e na prestação de assistência social. Nesse sentido, o Terceiro Setor se assemelha ao Segundo Setor pela sua natureza privada, já que é composta de uma personalidade jurídica, mas, por auxiliar o Estado no cumprimento de suas atribuições sociais se assemelha ao Primeiro Setor por desenvolver ações de natureza pública. O Terceiro Setor ficou assim conhecido pela primeira vez nos Estados Unidos, esse foi o termo utilizado pelos americanos para designar e classificar as instituições criadas em organizações, associações, clubes e demais formas de agrupamento com a finalidade de, por meio do voluntariado, contribuir com ações sociais e filantrópicas. Já na Europa, esse termo passou a ser entendido como característica que faz referência à caridade. A história do terceiro setor no Brasil remete ao período colonial queregistrou, já em 1543, a implantação da Santa Casa de Misericórdia de Santos, essa foi uma iniciativa da Igreja Católica que praticava ações de assistência social nas áreas da saúde e educação, principalmente pelo caráter evangelizador que essas ações proporcionaram. No período colonial a Igreja Católica atuava na criação de asilos, orfanatos, santas casas e colégios, a maioria do trabalho era realizado pelo corpo clerical, composto de padres e freiras, mas contavam com grande atuação das senhoras da sociedade que praticavam ações voluntárias de caridade cristã. A origem do terceiro setor foi justamente a de suprir as necessidades básicas da população em áreas relegadas pelo poder público, dessa forma, clubes de senhoras, centros comunitários, ações da igreja, e diversos outros tipos de associações beneficentes foram criados para atuar filantropicamente e trabalhar em ações sociais em diversas áreas, no auxílio aos doentes, na alfabetização de pessoas, na arrecadação de alimentos e agasalhos aos mais necessitados e etc, sempre sem fins lucrativos. Diante da amplitude de atuação desses tipos de grupos e do crescimento do número de participantes, o que era apenas uma ação solidária acabou por se tornar uma atuação profissional e personalidades jurídicas foram criadas para atender essa demanda. As pessoas jurídicas mais conhecidas do terceiro setor são as Organizações Não Governamentais – ONG’s, as Fundações e as Entidades Beneficentes. Diversos outros tipos de associações atuam no terceiro setor, no entanto, ou não recebem subsídio do Estado ou atuam de forma amadora, sem a profissionalização que caracteriza o terceiro setor institucionalizado. Dessa forma, essa área de atuação passou a ser chamada de “Terceiro Setor” para que pudesse ser diferenciada das ações governamentais, consideradas o “Primeiro Setor” e das ações da iniciativa privada que visam lucros, chamadas de “Segundo Setor”. 2.2 Características do Terceiro Setor: Voluntariado Uma particularidade a ser destacada na origem do Terceiro Setor é a participação do voluntariado, essas pessoas que atuam em prol das ações sociais são também as que cuidam da manutenção e da sobrevivência dessas organizações. Normalmente essa participação ocorre de forma direta no gerenciamento e nas atividades realizadas, contribuindo para que essas instituições busquem de forma mais efetiva a realização de seus objetivos sociais. Essa é a principal característica que difere o Terceiro Setor dos dois primeiros setores da sociedade, pois uma organização só nasce e cresce a ponto de compor o Terceiro Setor se houver a atuação de voluntários que se organizam em prol de uma causa. Com o crescimento da atuação dessas entidades, aponta-se a necessidade de institucionalização das mesmas, e da necessidade de auto administração, visto que o crescimento das atribuições e do número de voluntários exige um planejamento de atuação. Dessa forma, estas instituições se viram obrigadas a serem legalmente constituídas, assumindo personalidade jurídica e se estruturando de forma a gerir suas próprias atividades e recursos. Por esse aspecto, identifica-se que o agrupamento de pessoas, por si só, não cria uma organização do Terceiro Setor. É imprescindível que esta adquira natureza jurídica, podendo ser uma associação ou uma fundação, e que utilize boas práticas de gestão e de controle. Portanto, o Terceiro Setor é a um só tempo um conjunto de práticas e valores que privilegia e estimula a iniciativa individual ou coletiva, a solidariedade, a filantropia, a ajuda mútua, e o voluntariado, sem o interesse de obtenção de lucro. É a reunião de instituições que possuem natureza jurídica, com capacidade de autogestão, e que representam uma força econômica bem mais relevante do que em geral se imagina. Podemos citar como voluntariado as informações sobre um grupo de voluntários chamados Corrente do Bem, grupo esse, sem fins lucrativos, foi criado em São Caetano do Sul, no Estado de São Paulo, com intuito de ajudar as pessoas mais necessitadas. Esse grupo é composto de voluntários que visam ajudar as pessoas e entidades como casa de repouso de idosos, escolas, promoção da saúde e muito mais. A Corrente do Bem surgiu em janeiro de 2012 por meio da ação social de 5 (cinco) amigos e hoje esse grupo conta mais de 50 (cinquenta) voluntários, o objetivo desse grupo é realizar eventos beneficentes como Natal Feliz, Campanha do Agasalho e jantares beneficentes com o objetivo de levantar fundos que serão revertidos em assistência social. Esta observação caracteriza o momento inicial da pesquisa tendo em vista que um dos pesquisadores é também um dos fundadores da Corrente do bem, e que esse grupo de voluntários também realizam ações sociais para a Rede Feminina de Combate ao Câncer, que é a empresa do Terceiro Setor objeto de nosso estudo. Esse tipo de grupo de voluntários não é considerado como Terceiro Setor pois não tem personalidade jurídica constituída, mas possui potencial para constituir, pois realiza o trabalho com o qual diversas ONG’s, Fundações e outros tipos de Associações beneméritas iniciaram seus trabalhos. Em estudo realizado na Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, definiu-se o voluntário como ator social e agente de transformação, que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade; doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional. Ao analisar os motivos que mobilizam em direção ao trabalho voluntário, descobrem-se, entre outros, dois componentes fundamentais: o de cunho pessoal, a doação de tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática, e o social, a tomada de consciência dos problemas ao se enfrentar com a realidade, o que leva à luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa. Altruísmo, solidariedade e caridade reforçadas pelo ideal, pelas crenças, pelos sistemas de valores, e pelo compromisso com determinadas causas são componentes vitais do engajamento do voluntário. Não se deve esquecer, contudo, o potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento interior do próprio indivíduo. Quando nos referimos ao voluntário contemporâneo, engajado, participante e consciente, diferenciamos também o seu grau de comprometimento: ações mais permanentes, que implicam em maiores compromissos, requerem um determinado tipo de voluntário, e podem levá-lo inclusive a uma "profissionalização voluntária"; existem também ações pontuais, esporádicas, que mobilizam outro perfil de indivíduos. 2.3 Terceiro setor: evolução histórica e surgimento no Brasil Historicamente a ordem social, política e econômica vigente compreendia apenas dois setores: o público e o privado. De um lado ficava o Estado, considerado o primeiro setor produtivo administrativo, e do outro lado ficava o mercado, as empresas privadas, considerados o segundo setor produtivo econômico. Em movimentos da sociedade civil organizada, surge o terceiro setor, constituído por pessoas jurídicas não governamentais, sem fins lucrativos, cujo objetivo era suprir em forma de serviços as áreas nas quais o Estado era deficiente, contribuindo para o desenvolvimento social na forma de oferta de serviços básicos em diversas áreas, como saúde, educação, assistência social, etc. O Terceiro Setor ficou assim conhecido pela primeira vez nos Estados Unidos, esse foi o termo utilizado pelos americanos para designar e classificar as instituições criadas em organizações, associações, clubes e demais formas de agrupamento com a finalidade de, por meio do voluntariado, contribuircom ações sociais e filantrópicas. Já na Europa, esse termo passou a ser entendido como característica referente à caridade. Na história recente do Brasil, na Era Vargas, houve a promulgação de uma lei que declarou as entidades prestadoras de serviço social como entidades de utilidade pública, e em 1938 foi estabelecido que as instituições assistenciais inscritas no Conselho Nacional de Serviço Social poderiam receber financiamento do Estado para o desempenho de suas obras, porém, é a partir da década de 1990, com a redemocratização do país após o período da ditadura militar, que as iniciativas assistenciais iniciam uma atuação mais marcante na sociedade brasileira como forma de suprir a precária atuação do estado em atender as necessidades básicas da população. O Terceiro Setor surge então no Brasil como para ocupar um espaço que era relegado pelo poder público, mas se torna uma instituição que não é pública nem privada, é entendido como o conjunto de organismos, organizações ou instituições ou grupos sem fins lucrativos dotados de autonomia administrativa, tendo como objetivo principal atuar de forma voluntária junto à sociedade civil visando ao seu aperfeiçoamento. Nesse período, para Froes e Neto (1999, p.10), concomitantemente a uma expansão de sua atuação (fruto dos apelos sociais), houve também uma retração dos aportes financeiros, principalmente os internacionais na medida em que novas exigências foram impostas às empresas criadas no Terceiro Setor no que diz respeito à eficiência organizacional, planejamento, avaliação e prestação de contas. Por conta de tais exigências (com maior rigor no que tange a organização da empresa) muitas entidades e ONGs ficaram sem repasses de recursos por não se adaptarem aos novos padrões estabelecidos. Só a partir de meados da década de 1990 que surgiram as fundações e as associações. Devido às mudanças advindas das novas exigências do mercado e o surgimento do novo marco legal para o terceiro setor, as organizações perceberam a importância de melhorar a qualidade de suas ações, assim como investir na transparência de seus resultados a fim de expandir sua visibilidade aos olhos dos órgãos financiadores, aumentando sua credibilidade. Como ainda não existia no sistema normativo brasileiro, uma definição jurídica do que é o terceiro setor, isso igualava as diferentes entidades que dele faziam parte. Essa ausência normativa impactava diretamente no crescimento das instituições que realmente tinham finalidade e ação pública, sem objetivar o lucro. Ainda na década de 1990, momento no qual debates acalorados sobre essas questões foram intensificados, foi aprovada uma nova regulação para o setor. Com a Lei 9.790/99, também chamada de novo marco legal do terceiro setor, foram introduzidas na atual legislação relativa às organizações da sociedade civil importantes alterações, tais como: a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). 3 ESTUDO DE CASO Já citamos o grupo de voluntários que atuam em São Caetano do Sul e que, apesar de realizar um trabalho assistencial semelhante a de diversas empresas do Terceiro Setor, não pode ser considerada nesse grupo pois não possui constituição de natureza jurídica. Agora iniciamos o estudo de caso sobre a constituição da Organização Não Governamental - ONG, denominada Rede Feminina de Combate ao Câncer que atua na cidade de São Caetano do Sul, no Estado de São Paulo, desde 1971. Essa ONG iniciou suas atividades em 1971 com a iniciativa de duas senhoras, Sra. Carmem Prudente, idealizadora do projeto que formalizou o convite para sua amiga Sra. Santina Moretti, que prontamente aceitou. Ambas as senhoras imediatamente abraçaram a ideia de contribuir para o combate ao câncer, dessa forma, iniciaram com a realização de orientação sobre o câncer para a população, atuavam para a arrecadação de fundos para encaminhamento dos mais pobres para o Hospital do Câncer, e realizavam outras atividades decorrentes da assistência social ao paciente com câncer. Quando o projeto foi iniciado, era reconhecido apenas como uma regional de São Caetano do Sul da Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer, e as voluntárias trabalhavam em prol dos mais necessitados de forma a minimizar o impacto que o câncer acarreta na vida afetiva e financeira das famílias. Em 1998, mediante o reconhecimento do trabalho incansável desenvolvido pela Rede Feminina de Combate ao Câncer, e pela necessidade de um espaço maior para o atendimento ao público que crescia constantemente, a regional recebe do Prefeito de São Caetano do Sul, Dr. Luiz Olinto Tortorello e do Vice-Prefeito, Dr. Silvio Torres, um espaço físico para a instalação do grupo que já tinha crescido e que já alcançava grandes proporções. Em 1999 a Rede recebeu o auxílio de um grupo de artesãs que ofereceram seus serviços de mão de obra gratuita na confecção de crochê, tricô, pintura em tecido, bordados e outros trabalhos manuais, para, com a venda das peças, os fundos pudessem ser revertidos em prol da causa em que atuavam. Em maio de 2000, o Hospital do Câncer, por meio da Fundação Antônio Prudente, desvinculou todas as regionais do Hospital, isso valia tanto para as regionais estaduais quanto para as municipais, isto significava que o apoio financeiro, administrativo e de capacitação estava encerrado. A Rede Feminina de São Caetano do Sul não esmoreceu diante desse impacto, e resolveu dar continuidade às suas atividades, e para tanto, tornou-se independente. Lutando contra o tempo, os membros voluntários convocaram Assembleia, elegeram a diretoria, aprovaram o Estatuto e o Regulamento Interno e regularizaram todos os registros exigidos pela legislação. Para concretizar esse processo, os futuros diretores jurídicos da ONG, Dra. Maria Evani Souza de Moraes, juntamente com o Dr. Amaury Laselva, encarregaram-se da elaboração do estatuto, da constituição de pessoa jurídica e demais formalidades para a implantação de uma Organização Não Governamental. Dessa forma, a regional de combate ao câncer passa a ter o nome jurídico de Rede Feminina de Combate ao Câncer - São Caetano do Sul. Constituída a personalidade jurídica, as parcerias com o poder público se tornaram possível, e em 2001 a Rede passa a atuar com maior amplitude, principalmente para a conscientização da prevenção do câncer de mama, para tanto, monta um acervo com folhetos, encartes, revistas especializadas com referências bibliográficas para fornecer informações sobre os diferentes tipos de câncer, levando à comunidade o conhecimento sobre as causas e os tratamentos. O intuito era atuar muito além do amparo do doente e realizar a prevenção que poderia salvar muitas vidas. Nesse mesmo ano, a Rede firmou parceria com a Clínica de Psicologia Insight para que os doentes e seus familiares pudessem receber, gratuitamente, o suporte psicológico e o atendimento psicoterápico individual, tão necessário às famílias acometidas pelo choque de ter um doente com câncer. Para aqueles que já haviam realizado o tratamento do câncer, a Rede passou a oferecer o serviço de fisioterapeutas, por meio de convênio, para o atendimento às mulheres mastectomizadas, que reunidas em grupos, recebiam o apoio psicológico e o treinamento de exercícios fisioterápicos necessários para sua recuperação. A atuação da Rede se ampliou e em 2002 foi organizado um grupo de voluntárias, sob a coordenação da Sra. Lair Jung Dias, para atuar diretamente no Hospital Pan-Heliópolis, no setor de cabeça e pescoço, estas voluntárias agiam no apoio, no amparo, no auxílio e no acompanhamento dos pacientes carentes em tudo o que fosse necessário para minimizar o sofrimento destes. Em 2004 a Dra. Maria Evani Souza de Moraes foi eleita presidente da Rede,conforme preconiza o estatuto aprovado em assembleia. Já em 2005, o cargo de Diretor Jurídico da ONG é compartilhado entre o Dr. Amaury Laselva, e o Dr. Paulo João Beneveto. Ambos atuavam na orientação dos pacientes carentes portadores de câncer em relação aos seus direitos, orientando-os a procurar os órgãos específicos para conseguir a isenção de passagem de ônibus, saque do FGTS e do PIS, etc. Em 2006, por meio de uma doação em dinheiro da Sra. Odaléia Conde de Brito Lowe, a Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Caetano do Sul conquista sua sede própria na Rua Rafael Correia Sampaio, 354 - Bairro Santo Antônio - São Caetano do Sul/SP. Neste ano a profissionalização da atuação da ONG é uma constante, e seus membros começam a participar de congressos e seminários na área de voluntariado para conhecer os casos de sucesso, as práticas assertivas e para discutir formas de ajudar ao paciente com câncer. Para tanto, um grupo foi enviado para o 1º Encontro do Voluntariado de Câncer do Estado de São Paulo. Em 2007 a ONG é indicada ao prêmio Mulheres em Destaque em 02 (duas) categorias, a melhor empresa do Terceiro Setor do ano e a melhor decoração de Natal da sede. A Rede ganhou o prêmio de melhor decoração, mérito da voluntária Ângela Tasca, e passou a ser reconhecida no meio do terceiro setor. Em 2008 a Sra. Milza Maria da Cunha Martins Garcia é eleita e assume a presidência da ONG para ao biênio 2008/2010. Nesse mesmo ano, a Rede envia seus membros para o 7º Congresso das Redes Femininas, em Fortaleza. Em 2009, com o falecimento da presidente da ONG, a Vice- Presidente, Sra. Lucia Maria C. de Oliveira Leite assume a presidência até 2010. Nesse ano aconteceu a realização do 1º Simpósio Onco-Psicológico do ABC, promovido com a parceria da Rede. Em 2010 é eleita uma nova gestão, desta feita, a Sra. Lucia Maria C. de Oliveira Leite foi eleita presidente e com ela, toda uma nova diretoria para a ONG. As voluntárias da Rede puderam participar, neste ano, do 8º Congresso das Redes Femininas de Maceió. Ao completar 40 anos, em 2011, a Rede Feminina de Combate ao Câncer ganhou um prêmio da Pró Vida - Central Geral do Dízimo. Este prêmio aconteceu depois de 03 (três) anos de estudo sobre a ONG. O prêmio consistia em todo o material de construção para a realização da reforma da sede, todo o mobiliários, eletrodomésticos e equipamentos de informática. O prêmio contemplou até mesmo todo o material de escritório que a ONG necessitaria e a troca de portas e janelas da sede. Pela segunda vez a ONG tinha seu trabalho reconhecido e premiado, o que só fortaleceu a convicção de seus voluntários sobre a importância de suas atuações. Nesse mesmo ano a tesoureira da ONG, Sra. Marlene Depólito Santi ganhou o prêmio Movimento Acolher - uma categoria de prêmio da empresa Natura Cosméticos S.A. O prêmio era no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) que foi utilizado para o pagamento da mão de obra na reforma e reestruturação da sede da ONG, que durou até 2012, quando a nova sede da rede feminina foi reinaugurada. Em 2013 a ONG lançou o Livro “08 de Março” com relatos de pacientes de câncer de mama que passaram pela ONG e em junho deste ano promoveu a palestra “Câncer de Mama”, que foi aberta para a população. Em agosto desse mesmo ano o Troféu Personalidade do ABCD teve como homenageada a presidente da ONG, Sra. Marlene D. Santi. Em 2015 a Rede ofereceu um show com Diogo Nogueira, cuja renda foi revertida para o apoio ao paciente com câncer. Em maio de 2015 a ONG recebeu novo prêmio, o Prêmio Carpe Dien, que tem como foco principal o reconhecimento pela responsabilidade social e promoção dos serviços prestados à sociedade. Em 2016 a Sra. Vera L. Fedato Monari é eleita para a presidência do biênio 2016-2018. A nova presidente trouxe novidades para a ONG, uma delas, aconteceu em outubro para a conscientização do Outubro Rosa e além de palestras na sede da ONG, foi promovida a venda de guarda-chuvas cor de rosa. Em novembro a equipe participou do XI Congresso Nacional em Recife. Hoje a ONG Rede Feminina de Combate ao Câncer atua no encaminhamento de pacientes para entidades especializadas, tais como o Hospital PAM-Heliópolis, o Instituto de Oncologia da Faculdade de Medicina do ABC, Hospital Mário Covas e Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho. Realiza ainda os agendamentos para consultas; custeia os exames necessários; realiza encaminhamentos para cirurgias e tratamentos de radio e quimioterapia; presta serviço de apoio psicológico aos pacientes e seus familiares; distribui medicamentos e alimentos aos pacientes necessitados; age na conscientização dos direitos dos pacientes com câncer e muito mais. Procurando auxiliar de forma integral aos pacientes e suas famílias nesse momento tão difícil da vida. A Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Caetano tem seus recursos adquiridos com voluntariado, por meio de arrecadação com campanhas que vão desde venda de produtos recebidos em doação até a promoção de shows e jantares beneficentes e as parcerias firmadas com instituições públicas e privadas. O grupo de voluntários Corrente do Bem atua junto com a Rede Feminina no preparo e distribuição de jantares beneficentes para arrecadação de recursos. A Rede Feminina hoje conta com 110 voluntárias, com o apoio da Clínica Insighte de fisioterapeutas. A ONG é cadastrada no Centro de Voluntários de São Paulo, e todas as voluntária devem, obrigatoriamente, participar de cursos no Hospital das Clínicas, sob a coordenação da Sra. Ermantina Ramos, presidente da UNACCAM, e sob a supervisão do Prof. Dr. Aristodemo Pinotti. A UNACCAM é a sigla para a frase: “União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama” e foi criada em 29 de agosto de 2001 com o objetivo de atuar no combate do câncer de mama em todo o Estado de São Paulo. Visa formar voluntários capacitados para oferecer apoio aos pacientes e ao mesmo tempo divulgar as principais formas de prevenção dessa doença. A composição da diretoria da Organização Não Governamental Rede Feminina de Combate ao Câncer - São Caetano do Sul está discriminada no organograma abaixo: Figura 1 - Organograma da ONG Rede Feminina de Combate ao Câncer CONSIDERAÇÕES FINAIS O surgimento, o crescimento e o reconhecimento das empresas do Terceiro Setor se deu pois estes atuavam em áreas esquecidas pelo Estado. E por atuar em substituição ao Estado, também chamado de Primeiro Setor, e por possuir natureza filantrópica que não visava lucros, não poderia se equiparar às empresas privadas, o chamado Segundo Setor, estas empresas acabaram sendo chamadas de Terceiro Setor. Essas empresas se especializaram no combate às desigualdades sociais, em acolher os necessitados e promover capacitação e cidadania e em colaborar na resolução de diversos outros problemas que acometem a sociedade. As empresas do Terceiro Setor adquiriram diversos formatos, de acordo com as áreas em que atuavam, dessa forma, surgiram fundações para contribuir com a educação dos mais necessitados, surgiram ONG’s que prestavam serviços diversos, surgiram Entidades Beneméritas como as Santas Casas para contribuir com os doentes mais necessitados. Independentemente de seu formato, as empresas do Terceiro Setor foram criadas para a atuação direta de entidades criadas para a ação social e a filantropia, pois o Estado não dava conta de suprir os serviços essenciais, o que tornavam precários os serviços sociais prestados à população. Na falta de políticas que visassem o bem estar da população grupos de voluntários começaram a agir para amenizar os problemas sociais e propiciaram o surgimento de um terceiro setor que atuasse nas áreas em que o poder público e a iniciativa privada eram deficientes. O conceito de terceiro setor advém, principalmente, porque muitas organizações se especializaramcom o trabalho de caridade, o que favoreceu uma especialização e proporcionou a profissionalização que passou a ser aproveitada pelo poder público, dessa forma, esse setor passou a constituir personalidade jurídica para, por meio da captação de financiamento público, continuar realizando as ações sociais que já praticavam sem esse financiamento. Por esse aspecto, identifica-se que o agrupamento de pessoas, por si só, não cria uma organização do Terceiro Setor. É imprescindível que esta adquira natureza jurídica, podendo ser uma associação ou uma fundação, e que utilize boas práticas de gestão e de controle. Esse conceito foi ilustrado no presente trabalho, pudemos verificar a atuação de um grupo de voluntários composto por mais de 50 pessoas que atuam em ações sociais e filantropia, o grupo Corrente do Bem, que apesar da ampla atuação, não são considerados como parte do Terceiro Setor por não terem personalidade jurídica. No Anexo I do presente trabalho disponibilizamos imagens desse grupo em atuação. Pudemos também analisar a constituição de um empresa do Terceiro Setor a Rede Feminina de Combate ao Câncer em São Caetano e verificar que o início da empresa aconteceu de forma similar a tantos outros, ou seja, um grupo de voluntários se organizando para fazer o bem, mas que diante da falta de incentivos e financiamento se viu obrigada a adquirir personalidade jurídica para poder captar mais recursos e atuar com maior profissionalismo. No Anexo II disponibilizados imagens dessa ONG em ação. Dessa forma, conclui-se que o Terceiro Setor é a um só tempo um conjunto de práticas e valores que privilegia e estimula a iniciativa individual ou coletiva, a solidariedade, a filantropia, a ajuda mútua, e o voluntariado, sem o interesse de obtenção de lucro. É a reunião de instituições que possuem natureza jurídica, com capacidade de autogestão, e que representam uma força econômica bem mais relevante do que em geral se imagina. Os dois casos apresentados no presente trabalho demonstram que a especialização e a profissionalização do trabalho voluntário se faz necessário para a constituição de um empresa do Terceiro Setor, mas demonstram também que o ser humano com consciência social pode fazer muito pelo seu próximo, inclusive assumir as funções do Estado em assistência social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRINQ. Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente. Disponível em: https://www.fadc.org.br/#f551c54a-5efa-4d9f-a939- 6b70435cc9d5. Acesso em: 02/04/2019. CARDOSO, R. Fortalecimento da sociedade civil. In: Terceiro Setor: desenvolvimento nacional sustentado. São Paulo, Paz e Terra, 1997. CARVALHO, N. V. Autogestão: O Nascimento das ONGs. São Paulo: Editora Brasiliense, 1995. CERVO. Amado L. BERVIAN. Pedro A. Metodologia Científica. 5º ed. Editora Pearson. Porto Alegre, 2007. CORRENTE DO BEM. Disponível em: https://www.facebook.com/amigosdacorrentedobem/. Acesso em 02/04/2019. MACHADO FILHO, C.A.P. Responsabilidade Social Corporativa e a Criação de Valor para as Organizações: Um Estudo Multicasos. Tese de Doutorado, São Paulo, 2002. NETO. Francisco Paulo de. FROES. César. Responsabilidade Social e Cidadania Empresarial: A Administração do Terceiro Setor. Qualitymark Editora. Rio de Janeiro, 1999. REDE. Rede Feminina de Combate ao Câncer em São Caetano do Sul. Disponível em: http://www.redefeminina.org.br/. Acesso em 01/04/2019. https://www.fadc.org.br/#f551c54a-5efa-4d9f-a939-6b70435cc9d5 https://www.fadc.org.br/#f551c54a-5efa-4d9f-a939-6b70435cc9d5 https://www.facebook.com/amigosdacorrentedobem/ http://www.redefeminina.org.br/ ANEXO I Figura 2. Grupo Corrente do Bem durante o preparo de um jantar beneficente. Figura 3. Voluntários do grupo Corrente do Bem. Figura 4. Alessandro Marco Beltrame, um dos voluntários do grupo Corrente do Bem com o Deputado Estadual Thiago Aurichio Junior na noite da Paella Solidária ANEXO II Figura 5 - Palestra sobre o Outubro Rosa na Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Caetano do Sul/SP. Figura 6 - Jantar beneficente promovido pela Rede Feminina de Combate ao Câncer. Figura 7 - Entrega de Kit de mantimentos para as famílias necessitadas. Organização Não Governamental Rede Feminina de Combate ao Câncer.
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