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SERVICO SOCIAL E TERCEIRO SETOR

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SERVIÇO SOCIAL E 
TERCEIRO SETOR
Professora Esp. Daniela Sikosrski
Professora Esp. Silviane Del Conte Curi
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; SIKOSRSKI, Daniela; CURI, Silviane Del Conte. 
Serviço Social e Terceiro Setor. Daniela Sikosrski; Silviane Del 
Conte Curi. 
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
192 p.
“Graduação - EaD”.
1. Serviço Social. 2. Terceiro Setor . 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0081-8 CDD - 22 ed. 658.048
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Diretoria de Pós-graduação e Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Direção de Operações
Chrystiano Minco�
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Designer Educacional
Lilian Vespa
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Robson Yuiti Saito
Qualidade Textual
Priscila Sousa
Ilustração
Marta Kakitani
Marcelo Goto
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
CU
RR
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U
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Professora Esp. Daniela Sikorski
Especialista em Políticas Sociais e Gestão de Serviços Sociais. Bacharel em 
Serviço Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2001). Docente 
do Curso de Serviço Social e Supervisora Acadêmica do Centro de Ensino 
Superior de Maringá, autora de livros e materiais pedagógicos para o 
Curso de Serviço Social. Gestora de Pessoas e Relacionamento no Hospital 
Gastroclínica de Londrina. Experiência na área de Serviço Social Educacional, 
Serviço Social Organizacional, Terceiro Setor, Responsabilidade Social, Gestão 
de Voluntariado, Qualidade e Acreditação Hospitalar.
Link: <http://lattes.cnpq.br/7555727127923107>.
Professora Esp. Silviane Del Conte Curi
Especialista em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal (2009). 
Agente Inovativa Brasil 2015/2017. Graduada em Serviço Social pelo Centro 
Universitário de Maringá (2007). Membro da Association of Fundraising 
Professionals (AFP), inscrita no Portal da Inovação do Governo Federal do 
Brasil, cadastrada na Associação Brasileira dos Captadores de Recursos 
(ABCR). Mentora nos programas: Inovativa Brasil, Founder Institute e Aliança 
Empreendedora. Docente nos cursos de Serviço Social e Gestão do Terceiro 
Setor na Unicesumar-PR. Atua na assessoria e consultoria em Projetos de 
Inovação e Impacto Social, na Inpar Soluções Empresariais, Humanas e Sociais 
Ltda, credenciada para Trabalho técnico social pela Caixa Econômica Federal. 
Tem experiência nas áreas de mentoria a projetos e startups com foco em 
demandas sociais, relacionamento, inovação e projetos de impacto social 
nas áreas de educação, saúde, assistência, esporte e lazer e em Processos de 
Gestão Jurídica e Contábil do Terceiro Setor.
Link: <http://lattes.cnpq.br/1840748555642852>.
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma etapa da sua formação professional. 
Esta é mais uma conquista e você é merecedor(a). Parabéns! Onde quer que você esteja, 
conte conosco para mais este estudo. É um prazer estarmos contigo neste processo de 
construção do conhecimento e com certeza teremos muito a aprender e a compartilhar!
O estudo sobre o Terceiro Setor é muito relevante na formação professional. Por isso, va-
mos conhecer e nos aprofundar neste tema, buscando sempre a qualidade profissional, 
se capacitando para o trabalho interdisciplinar, uma vez que a atuação no Terceiro Setor 
não é exclusividade do Serviço Social.
As reflexões e os estudos sobre o Terceiro Setor que realizaremos nos trarão informações 
atualizadas, proporcionando compreensão sobre as diversas possibilidades de atuação na 
área, uma vez que percebemos as contradições e desigualdades sociais de nossa socie-
dade, contrapondo-se a um cenário socioeconômico globalizado, de mudanças e desen-volvimento científico e tecnológico acelerado. Você já parou para pensar em tais contra-
dições? Como pode o ser humano ser capaz de grandes criações e ao mesmo tempo não 
dar conta de sanar tamanhas desigualdades? É neste contexto que o Terceiro Setor atua.
Para entendermos o Terceiro Setor, você precisa ter claro sua dimensão, seus componen-
tes, compreender o contexto em que está inserido global e localmente, investigar suas 
raízes e suas mudanças ao longo dos anos. É imprescindível adotarmos uma postura 
madura e aberta para que não nos enganemos imaginando que o Terceiro Setor é a úni-
ca solução dos problemas sociais, tomando para a si a responsabilidade que é do Estado 
no que diz respeito ao papel de formulador e executor das políticas sociais. Porém, não 
podemos negar a sua relevância nas tratativas em busca do enfrentamento das diversas 
manifestações da questão social de nosso país.
Sendo assim, o objetivo deste estudo é esclarecer a respeito do papel das organizações 
do terceiro setor em nossa sociedade, bem como dos profissionais que contribuem para 
sua execução.
Na Unidade I – “O Terceiro Setor” –, buscaremos conhecer as características e os concei-
tos que permeiam o terceiro setor, descrevendo o seu contexto sócio-histórico e cultural 
no mundo e no Brasil, bem como conhecer a respeito da organização sociojurídica dos 
setores que compõem a ordem sócio-política. 
Na Unidade II – “Estado, Sociedade e os papéis representados no Terceiro Setor” –, ire-
mos conhecer a respeito do papel do Estado e como ele se configura junto ao Terceiro 
Setor, o processo de Reforma do Aparelho do Estado brasileiro até a composição legal 
das organizações da sociedade civil, compreendendo o significado de sociedade civil e 
o contexto da cidadania em que o cidadão se orienta. Estudaremos sobre a contextuali-
zação das origens legais do Terceiro setor no Brasil, com base na Reforma Administrativa 
do Estado.
APRESENTAÇÃO
SERVIÇO SOCIAL E TERCEIRO SETOR
Na Unidade III – “Organizações do Terceiro Setor” –, vamos dedicar o nosso estu-
do para compreender como o Terceiro Setor foi se configurando juridicamente no 
Brasil, as qualificações e titulações vigentes atualmente. Veremos sobre as pessoas 
jurídicas consideradas sem fins lucrativos e quais destas são consideradas como Ter-
ceiro setor. 
Na Unidade IV – “Administração e Planejamento no Terceiro Setor” –, será apresenta-
do brevemente os elementos da administração e a sua aplicabilidade junto às orga-
nizações do Terceiro Setor, os novos desafios enfrentados pelo setor, bem como as 
oportunidades que existem na gestão capacitada e profissionalizada. Nesta unida-
de, também estudaremos sobre os documentos que são necessários à estruturação 
inicial da organização.
Na Unidade V – “O Serviço Social e o Terceiro Setor” –, você poderá conhecer um 
pouco mais sobre as atribuições e responsabilidades do profissional de serviço so-
cial junto às organizações do Terceiro Setor, bem como nas equipes interdisciplina-
res de trabalho. Analisaremos a importância do planejamento estratégico na prática 
profissional sobre as competências e habilidades que são exigidas aos profissionais 
do Terceiro Setor ou aos que pretendem ingressar nele.
Conto com você nesta etapa, sucesso! Bons estudos! 
Um grande abraço!
Professoras Daniela Sikorski e Silviane Del Conte Curi.
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
O TERCEIRO SETOR
15 Introdução
16 Características e Conceitos do Terceiro Setor no Mundo 
24 Fundamentação Histórica e Social do Terceiro Setor no Brasil 
32 Formas Organizativas da Ordem Sociopolítica 
38 Considerações Finais 
45 Referências 
47 Gabarito 
UNIDADE II
ESTADO, SOCIEDADE E OS PAPÉIS REPRESENTADOS NO TERCEIRO 
SETOR
51 Introdução
52 Estado e Sociedade Civil 
55 O Cidadão, a Cidadania e a Sociedade Civil 
60 Reforma do Estado e o “Terceiro Setor” no Brasil 
72 Considerações Finais 
79 Referências 
81 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR
85 Introdução
86 As Pessoas Jurídicas e as Entidades do Terceiro Setor 
103 Bases Legais do Terceiro Setor 
109 Organizações do Terceiro Setor, as Titulações e as Qualificações 
113 Considerações Finais 
120 Referências 
124 Gabarito 
UNIDADE IV
ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO NO TERCEIRO SETOR
127 Introdução
128 Checklist Básico do Terceiro Setor 
133 Gestão Para o Terceiro Setor: Desafios 
151 Gestão para o Terceiro Setor: Oportunidades 
155 Considerações Finais 
163 Referências 
164 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
O SERVIÇO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR
167 Introdução
168 Contribuições e Atribuições Profissionais do/da Assistente Social no Terceiro 
Setor
173 Equipes de Trabalho no Terceiro Setor: Multidisciplinares e Interdisciplinares 
177 Competências e Habilidades Necessárias ao Profissional do Terceiro Setor 
182 Considerações Finais 
190 Referências 
191 Gabarito 
192 Conclusão 
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Professora Esp. Daniela Sikorski
Professora Esp. Silviane Del Conte Curi
O TERCEIRO SETOR
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer as características, os conceitos e as definições sobre o 
Terceiro Setor.
 ■ Descrever o contexto sócio-histórico e cultural do Terceiro Setor.
 ■ Compreender a organização do primeiro, segundo e Terceiro Setor.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Características e conceitos do Terceiro Setor no mundo
 ■ Fundamentação histórica e social do termo “Terceiro Setor” no Brasil
 ■ Formas organizativas da ordem sócio-política
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à Unidade I do livro “Serviço social e Terceiro 
Setor”!
Iniciaremos nosso estudo conhecendo um pouco a respeito de quais caracte-
rísticas o Terceiro Setor apresenta em alguns países e no Brasil, pois para olharmos 
para o tempo presente e compreendê-lo, precisamos observar os caminhos que 
percorreu até chegar onde está e ser como é hoje. Para isso, vamos observar os 
processos históricos e sociais que contribuíram para a formação jurídica das 
organizações que compõem o Terceiro Setor na atualidade. Sabemos que este 
espaço tem acolhido cada vez mais áreas profissionais e tem sido campo fértil 
para a construção das políticas públicas junto ao Estado.
Ao longo do trajeto, caro(a) acadêmico(a), você perceberá que existe uma 
grande diversidade de explicações e entendimentos a respeito dos conceitos sobre 
o Terceiro Setor, mas com as análises apresentadas irá conseguir diferenciá-lo do 
Primeiro e do Segundo setor, consolidando seu conhecimento para um mundo 
vasto de possibilidades de intervenção profissional.
Neste material, teremos a discussão pautada em diversos autores, para que 
você tenha condições de exercitar a sua capacidade de reflexão e aprofunde seu 
conhecimento sobre conceitos e definições do termo Terceiro Setor e a origem 
das organizações sem fins lucrativos, através dos tempos. Porém, não teremos 
condições e nem a pretensão de esgotar o tema, ainda há muito que se aprender a 
respeito, bem como as definições legais que permeiam as associações e fundações.
Nem sempre elas receberam o nome de organização sem fins lucrativos ou 
do Terceiro Setor, mas percorrendo a história percebemos sua existência desde 
muito tempo, nos formatos que eram possíveis em cada período, até os dias atu-
ais, no Brasil.
Venha conosco, explore este mundo de conhecimentos que está a sua espera! 
Introdução
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O TERCEIRO SETOR
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS DO TERCEIRO 
SETOR NO MUNDO
Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a)! Vamos iniciar nossa aproximação com o 
Terceiro Setor observando os conceitos atribuídos a ele e as características que 
assume pelo mundo afora e no Brasil. É preciso que nossa compreensão alcanceas configurações e os avanços do Terceiro Setor com base nas realidades histó-
ricas e culturais de cada território. 
Falando do Terceiro Setor, será comum entre as definições, os conceitos e 
o histórico das organizações, percebermos que muitas estavam (e muitas ainda 
estão) relacionadas às atividades caritativas, filantrópicas, voluntárias ou ao asso-
ciativismo comunitário. Embora seus objetivos tenham como foco as causas, as 
demandas dos indivíduos ou dos grupos de indivíduos, cada uma pode assu-
mir características distintas ou um conjunto de características que as diferencia. 
Neste sentido, é importante ressaltar que:
[…] a lógica mobilizadora e participativa que move o Terceiro Setor 
está presidida pela lei do amor que, considerado em sua dimensão es-
trutural, busca o cumprimento da lei desde a perspectiva do impulso 
moral que a assiste. O drama da solidariedade é o mesmo drama que 
acontece para cada ser humano; tem que sujar as mãos, como indicara 
Sartre, há de modelar-se em fórmulas políticas e econômicas alternati-
vas e viáveis (GONZALO, 1997, p.111).
Independente da posição geográfica das organizações que compõem o Terceiro 
Setor no mundo, elas têm por princípio realizar ações que agregam valor e efeti-
vidade ao contexto social, tais atividades são desenvolvidas em diversos setores e 
segmentos, como: saúde, educação, comunicação, segurança pública, defesa de direi-
tos, fortalecimento do grupo institucional, assistência social, arte, cultura, esporte 
e lazer, cultura, meio ambiente, respeito à diversidade, entre tantas outras áreas.
As instituições do Terceiro Setor vêm para fazer aquilo que o Estado 
Características E Conceitos Do Terceiro Setor No Mundo
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não consegue fazer, seja por sua própria omissão, seja por sua incapaci-
dade de atingir a todos. O Estado como tal é insubstituível e necessário. 
Cabe a todos então partir para a realização daquilo que ele não con-
segue fazer e cobrar uma ação que pode fazer. Diante destas institui-
ções, o Estado deve então garantir os direitos essenciais e universais das 
pessoas e também regular as relações entre as instituições e o próprio 
Estado (MEISTER, 2003, p.23).
Ao analisarmos os processos históricos, perceberemos que a criação das orga-
nizações desta natureza assumem características específicas e de acordo com a 
realidade social, política e cultural de cada país/continente; são os reflexos da for-
mação e constituição política e social, da realidade e das particularidades locais. 
Não podemos afirmar que exista uma regra que determine todas, não há homo-
geneidade nas características, nos formatos e nos conceitos, uma vez que estão 
ligadas às dinâmicas de cada sociedade em cada tempo, às demandas e às neces-
sidades de cada comunidade ou território em dado momento. 
[...] o crescimento do Terceiro Setor decorre de várias pressões, deman-
das e necessidades advindas das pessoas, como cidadãos, das institui-
ções e até dos próprios governos (SALAMON, 1998, p.5).
Com base nestas diferenças, “essa pluralidade não pode ser negligenciada, pois 
constitui uma das importantes particularidades desse fenômeno social nascente 
e indica sua enorme riqueza e complexidade.” (ANDION, 1998, p.14).
Contudo, para que possamos compreender o Terceiro Setor é necessário 
nos apropriarmos dos conceitos e das origens que permeiam suas definições, 
para termos condições de atuar com segurança nos diversos campos profissio-
nais que o setor pode abarcar. 
No caso dos profissionais do serviço social, até bem pouco tempo, havia 
uma visão que os afastava das organizações do Terceiro Setor, mas com a inser-
ção da possibilidade de contribuição do setor no campo da construção e gestão 
das políticas públicas dos diversos setores, a aproximação profissional foi essen-
cial para ambos, profissionais e o próprio setor. 
Cada vez mais o Terceiro Setor vem se configurando como um grande 
empregador de distintas profissões, com base nas causas em que atue, tais como 
o serviço social, a psicologia, a sociologia, a medicina veterinária, a engenharia 
ambiental, o direito, a administração, entre tantas outras. Porém, esta relação 
dos profissionais e as causas, discutiremos em outro momento.
O TERCEIRO SETOR
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Caro(a) aluno(a), há diversas maneiras de conceituar o Terceiro Setor, sendo 
assim, o quadro a seguir nos mostra a visão de alguns autores a respeito do que 
é o Terceiro Setor. 
Quadro 1 - Definições do Terceiro Setor
Maria Lúcia Pra-
tes Rodrigues 
(1998 p.31)
[...] por Terceiro Setor entenda-se [...] a sociedade civil que se organiza 
e busca soluções próprias para suas necessidades e problemas, fora da 
lógica do Estado e do mercado.
Rubem César 
Fernandes
 (1997 p.27)
[...] o Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, 
criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, no âmbito 
não governamental, dando continuidade a práticas tradicionais de 
caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido 
para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito 
de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil.
Fernando G. 
Tenório
(2001 p. 07)
Essas organizações não fazem parte do Estado, nem a ele estão 
vinculadas, mas se revestem de caráter público na medida em que 
se dedicam a causas e problemas sociais e em que, apesar de serem 
sociedades civis privadas, não têm como objetivo o lucro e, sim, o 
atendimento das necessidades da sociedade.
Lester Salamon
(1998, p.5, grifo 
nosso)
É uma imponente rede de organizações privadas autônomas, não 
voltadas à distribuição de lucros para acionistas e diretores, atenden-
do propósitos públicos, embora localizada à margem do aparelho 
formal do Estado... O crescimento do Terceiro Setor decorre de várias 
pressões, demandas e necessidades advindas das pessoas, como 
cidadãos, das instituições e até dos próprios governos. Ele reflete um 
conjunto nítido de mudanças sociais tecnológicas, aliado à contínua 
crise de confiança na capacidade do Estado.
Simone de 
Castro Tavares 
Coelho
(2000, p. 40- 58-
60- 69)
O Terceiro Setor pode ser definido como aquele em que as atividades 
não seriam nem coercitivas nem voltadas ao lucro. Suas atividades 
visam ao atendimento de necessidade coletivas, e muitas vezes, públi-
cas. Genericamente, a literatura agrupa nessas denominações todas as 
organizações privadas, sem fins lucrativos, e que visam à produção de 
um bem coletivo. [...] Portanto, essa característica [de prestação de ser-
viço público] deve vir sempre casada com outras duas: serem privadas, 
o que difere das instituições governamentais; e sem fins lucrativos, o 
que as diferencia das empresas inseridas no mercado.
Gustavo Henri-
que Justino de 
Oliveira (2005, 
p.86)
O Terceiro Setor pode ser concebido como o conjunto de atividades 
voluntárias, desenvolvidas por organizações privadas não governa-
mentais e sem ânimo de lucro (associações ou fundações), realizadas 
em prol da sociedade, independentemente dos demais setores (Esta-
do e mercado), embora com eles possa firmar parcerias e deles possa 
receber investimentos (públicos e privados).
Fonte: a autora. 
Características E Conceitos Do Terceiro Setor No Mundo
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Segundo Salamon o Terceiro Setor pode existir a partir de três vertentes distin-
tas, a seguir:
Terceiro Setor como ideia: conceito que engloba os valores sociais, 
como o altruísmo, a iniciativa e o livre arbítrio, levando os indivíduos 
a agirem de forma a melhorarem suas vidas e a dos outros por meio da 
solidariedade.
Terceiro Setor como realidade: Um dilema: A diversidade do setor é tãoassombrosa, que nos induz a passar por alto as consideráveis similitudes 
que também existem nele. As pessoas ocupadas com o desenvolvimento 
não querem ser confundidas com as que se devotam à mera assistên-
cia. Associações civis que lutam por direitos humanos não se identificam 
com entidades religiosas ou corporações profissionais. Carecendo de um 
conceito unificador, o todo vem a parecer menor que as partes consti-
tuintes. Pouco organizado e capacitado enquanto capital humano.
Terceiro Setor como ideologia: o Terceiro Setor, como mitologia e ide-
ologia, substitui facilmente o Terceiro Setor como ‘realidade’ ou ‘ideia’ na 
mente de muitas pessoas. Convém mencionar aqui, quatro desses mitos: 
mito da insignificância ou incompetência, a noção de que as organizações 
do Terceiro Setor, na melhor das hipóteses, dispõe de bisonhas operações 
amadorísticas com um pouco de estofo para um impacto sustentado sobre 
os problemas cruciais que suas sociedades enfrentam; e, na pior, agitadores 
irresponsáveis interessados em apresentar exigências absurdas a fim de so-
lapar a autoridade governamental legítima; o mito do voluntarismo, a no-
ção de que as organizações sem fins lucrativos devem apoiar-se unicamente 
na ação voluntária não remunerada e a caridade privada, pois essas formas 
de ação seriam mais puras e mais eficientes para a solução dos problemas 
sociais do que a participação do Estado; o mito da virtude pura, a noção de 
que as organizações voluntárias são por natureza instrumentos com pro-
pósitos essencialmente públicos, responsáveis pelas camadas necessitadas 
e obedientes a normas democráticas; o mito da imaculada conceição, a no-
ção de que a filantropia e o voluntariado constituem fenômenos novos em 
quase todo mundo e de que a construção de um setor social podem, em 
consequência, ocorrer em solo virgem e copiar livremente modelos de fora 
(SALAMON apud VILLAS BÔAS NETO, 2003, p.46-47).
Para que tenhamos condições de analisar os diferentes posicionamentos teóricos, 
existem algumas discussões sobre outras bases autorais, iniciando por Anheir 
(apud Fernandes, 2002), que defende que a caracterização de uma organização 
como sendo do Terceiro Setor precisa apresentar entre suas características algu-
mas especificidades, sendo:
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Figura 1 - Características do Terceiro Setor.
Fonte: a autora adaptado de Fernandes (2002).
Em alguns casos, contraponto, noutros, afirmação e em outros como comple-
mento, Aragão (2009) emite a sua opinião a respeito das características que 
definem uma organização ser do Terceiro Setor, definindo que:
organização: precisa ter um certo grau de institucionalização e sistema-
tização documental, tais como: estatuto, endereço, sede, ter diretoria 
legalmente constituída, regimento, registros diversos.
privada: estar fora do aparelho do Estado enquanto instituição; pode 
firmar convênios ou parcerias com o poder público; deve ter condições 
de manter sua autonomia financeira e administrativa.
não distribuir lucros: não retornar nenhum ganho a seus associados; 
toda a receita recebida em doações, parcerias ou prestação de serviços 
deve ser aplicada na própria instituição e no atendimento de seus obje-
tivos institucionais.
autogovernada: ser apta a controlar suas atividades por meio de gestão 
própria.
trabalho voluntário: deve envolver algum tipo de participação volun-
tária em suas ações.
Caro(a) aluno(a), podemos constatar que existem pontos em comum com a 
discussão anterior, sobre o que caracteriza uma organização do Terceiro Setor, 
alterando a forma de apresentação do conceito do autor, mas para que a com-
paração seja mais rica, seguem mais algumas características distribuindo-as da 
seguinte maneira:
estruturadas: possuem certo nível de formalização de regras e proce-
dimentos, ou algum grau de organização permanente. São portanto, 
Prestar atendimento a uma 
diversidade e variedade de 
questões que afetam a 
sociedade (assistência social, 
saúde, meio ambiente, 
cultura, educação, lazer 
esporte etc). 
Manter um signi�cativo 
envolvimento do voluntariado, 
mesmo que seja somente a 
diretoria.
Ser Instituição de caráter 
privado mas desenvolvendo 
um trabalho de interesse 
público; separada 
institucionalmente do Estado 
podendo manter parceria 
com este, mas não depender 
exclusivamente dele.
Apresentar um mínimo de 
organização, de 
institucionalizacão, com 
registro em cartório, Cadastro 
Nacional de Pessoa Jurídica 
(CNPJ), endereço e sede 
própria.
Não ter �ns econômicos, de 
acordo com o código civil, 
não sendo distribuidora de 
lucros entre os seus diretores. 
Atender a pessoas que estão 
excluídas do processo 
produtivo, fora do mercado 
de trabalho, em situacão de 
vulnerabilidades social. 
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excluídas as organizações sociais que não apresentem uma estrutura 
interna formal.
privadas: essas organizações não tem nenhuma relação institucional 
com governos, embora possam dele receber recursos.
não distribuidoras de lucros: nenhum lucro gerado pode ser distribu-
ído entre seus proprietários ou dirigentes. Portanto, o que distingue 
essas organizações não é fato de não possuírem fins lucrativos, e sim, o 
destino que é dado a estes, quando existem. Eles devem ser dirigidos à 
realização da missão da instituição.
autônomas: possuem os meios para controlar sua própria gestão, não 
sendo controladas por entidades externas.
voluntárias: envolvem um grau significativo de participação voluntária 
(trabalho não remunerado). A participação de voluntários pode variar 
entre organizações e de acordo com a natureza da atividade por ela 
desenvolvida.
Existem situações que, mesmo em meio a tantas semelhanças, as ideias, as vezes, 
entram em conflito e nos confundem. É a diversidade de conceitos e configurações 
que dificultam a caracterização deste setor, uma vez que a origem e motivação 
de cada uma das diferentes instituições são, muitas vezes, incompatíveis na sua 
vertente ideológica. 
A exemplo desta incompatibilidade, podemos citar aquelas instituições que 
nascem e desenvolvem seu trabalho pautadas puramente no altruísmo e na bene-
volência, que tem suas atividades avaliadas por aquelas que visam à conquista e 
manutenção dos direitos humanos como um reforço da dependência e do con-
trole do indivíduo e das massas populacionais. Tais avaliações não anulam a 
relevância do trabalho desenvolvido por cada uma, pois em muitos casos é pre-
ciso do paliativo imediato a um determinado problema ou demanda, para que 
Exercite sua capacidade de reflexão e síntese, e tente escrever com suas pró-
prias palavras a definição para as organizações que fazem parte do Terceiro 
Setor, com as composições que vimos até aqui.
Fonte: a autora.
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se atinja um resultado a longo prazo, que realmente seja promotor de mudanças 
significativas na vida do indivíduo, do meio e/ou do contexto onde está inserido.
As organizações que atuam no campo social têm assumido ao mes-
mo tempo funções econômicas (pois geram emprego), políticas (pois 
constituem espaço de exercício de cidadania) e sociais (pois permitem 
que as pessoas atuem visando transformar a realidade em que vivem). 
(ANDION, 1998, p.8)
Para atender tais demandas, podemos afirmar que a sociedade se mobiliza e se 
organiza em instituições para atender aos interesses públicos, em áreas e seg-
mentos distintos, sem a participação direta do Estado, por este motivo são 
conhecidas como organizações não governamentais.
Para falarmos sobre a parte histórica, social e cultural que tanto colaborou, 
iniciaremos nossa observação das característicase dos formatos das organizações 
do Terceiro Setor nos Estados Unidos e, em seguida, na Europa, para poder-
mos compreender como elas se consolidaram no Brasil. Vamos à nossa jornada!
ESTADOS UNIDOS
Nos Estados Unidos, de acordo com Fernandes (2002), o termo Terceiro Setor faz 
parte do vocabulário sociológico corrente. No idioma native, tem sua tradução 
em “Third Sector” e identifica as organizações sem fins lucrativos e as organiza-
ções de caráter voluntário. Existem ainda outras terminologias que eram usadas 
para designar as organizações que compunham o Terceiro Setor, como podemos 
confirmar em Villas Boas Neto (2003):
non profit organizations: (organizações não governamentais), que di-
zem respeito àquelas instituições cujo lucro/benefícios financeiros não 
podem ser repassados ou distribuídos aos seus associados e/ou direto-
res. A expressão Organização Não Governamental (ONG) proveniente 
da Europa continental, teve sua origem pelas Nações Unidas. Contudo, 
na América Latina o que se difundiu foi a terminologia Organização da 
Sociedade Civil e Terceiro Setor.
charites: (significa caridade), termo inglês utilizado e nos remete a um 
conceito de conotação religiosa.
filantropia: termo mais moderno com a mesma conotação do termo 
“sem fins lucrativos”. (NETO, 2003)
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As organizações nascem com os mesmos objetivos e tendo clara sua distinção 
entre as ações estatais. Elas refletem a busca da sociedade civil organizada no 
atendimento do bem comum, das causas coletivas. Embora atualmente tais con-
ceitos caracterizam grande parte das instituições e organizações do Terceiro Setor, 
estão direcionadas para mudanças, que veremos mais adiante.
O Terceiro Setor acaba assumindo características de complemento ao papel 
do Estado, gerando distanciamento de sua conotação política e do caráter reivin-
dicatório, como é visto em outros países. Aqui, o Estado atua como um suporte, 
regulador e financeiro para um parcela significativa das organizações no país.
EUROPA
Na Europa, as organizações não governamentais nascem com a forte motiva-
ção de ajudar no desenvolvimento de países menos desenvolvidos. Este apoio se 
efetiva através de parcerias das organizações européias com os países, através de 
suas organizações não governamentais, impulsionando a criação de outras inú-
meras organizações no Brasil e no mundo. 
Essas organizações atuam em setores diversos tais como – saúde, edu-
cação, transporte, lazer, desenvolvimento urbano, proteção do meio 
ambiente, serviços domésticos, alimentação etc. – tendo como objetivo 
principal a promoção social. Em termos gerais, elas assumem diversas 
nomenclaturas e formas jurídicas. Na França, predomina a forma asso-
ciativa; em Quebec, as organizações comunitárias; na Itália, as coopera-
tivas; na América Latina e no Brasil, as organizações não governamen-
tais populares (ANDION, 1998, p.14, grifo da autora).
As organizações se formam a partir da união de pessoas que se associam em 
prol de uma causa comum àquele grupo. Na Europa, o movimento associativo é 
identificado por duas tradições: a tradição romana, que se concretizou a partir 
do surgimento das confrarias religiosas, dos partidos políticos e das corpora-
ções da Idade Média; a tradição germânica está bastante atrelada às guildas que 
tinham funções políticas, econômicas e sociais, e tinham características de pro-
teção mútua, ética comercial e direitos do comércio. 
O TERCEIRO SETOR
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FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL DO 
TERCEIRO SETOR NO BRASIL
No Brasil, as organizações do Terceiro Setor nasceram pautadas em um movi-
mento reivindicatório e politizado, visando a garantia de direitos, e não na 
filantropia, como nos Estados Unidos. Mas cabe esclarecer que a filantropia 
existiu e existe no Brasil, porém não foi o fator fundante do setor no nosso país.
De acordo com Villas Boas Neto (2003), o Terceiro Setor no Brasil se cons-
trói como um conjunto organizacionalmente diferenciado no bojo do processo 
de democratização, sendo em sua maioria remanescentes dos movimentos sociais 
que atuaram na resistência aos governos totalitários e das entidades que substi-
tuíram ou complementaram o papel do Estado, no esforço de estabelecer algum 
grau de equidade social.
Em nosso país, o Terceiro Setor começou a ser utilizado para as entidades 
que realizavam os trabalhos que até aquele momento estavam atreladas à Igreja. 
Contudo, diante do fato de que as atividades da igreja trabalhavam mais com ati-
vidades vinculadas à caridade em escolas, hospitais, asilos, creches e orfanatos, 
não atendendo a todas as demandas da sociedade que se estendiam para outros 
setores, como habitação, defesa e garantia de direitos. As instituições iniciam 
suas ações a partir destas últimas demandas e operam no sentido de construir 
uma sociedade mais justa.
De acordo com Salamon (2005), esse tipo de atividade [voluntária] estava 
presente na China na Antiguidade e foi fortalecida e institucionalizada sob 
o Budismo desde o século VII. No Japão, a atividade filantrópica remonta ao 
período Budista e a primeira fundação japonesa moderna, a Sociedade da 
Gratidão que foi estabelecida em 1829, cerca de um século antes da primei-
ra fundação norte-americana.
Fonte: adaptado de Salamon (2005, p.10).
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Caro(a) aluno(a), para que possamos entender melhor o presente, vamos fazer 
um pequeno passeio pelo passado. Visitaremos fases e alguns períodos históricos 
pelos quais o Brasil atravessou, para que tenhamos condições de compreender a 
atuação do Terceiro Setor nos dias de hoje. 
Neste quadro-resumo do Conselho Regional de Administração, vemos a 
identificação do principal ator social atuando junto às demandas da população 
e distinguimos quais eram os paradigmas de cada período.
Quadro 2 - Histórico da atuação social
PERÍODO ATOR SOCIAL PARADIGMA
Séc. XIX
Estado Oligárquico
Igreja Caridade Cristã
Séc. XX – 1930
Estado Populista
Igreja e Estado Caridade Estatal
Séc. XX – 1964
Estado autoritário
Estado e Sociedade Controle Estatal
Séc. XX – 1988
Estado Democrático
Sociedade e Estado Cidadania
Fonte: Conselho Regional de Administração (2011, on-line). 
Porém, caro(a) aluno(a), para cada período citado anteriormente, temos uma 
configuração, e, para conhecermos melhor, as estudaremos agora.
O TERCEIRO SETOR
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ESTADO OLIGÁRQUICO E A REPÚBLICA VELHA
O Estado Oligárquico inicia no ano de 1889 e segue até 1930. Nesta época, os 
problemas sociais que atingiam a população não eram atendidos. Aqueles que 
fossem pobres não possuíam direitos efetivos e dependiam de forma contundente 
da caridade alheia, inclusive da Igreja Católica que se institui enquanto mono-
pólio, já que, muitas vezes, havia a indiferença e ausência por parte do Estado. 
E as instituições que foram criadas tinham a finalidade de atender aos menos 
favorecidos, aqueles que não tinham condições básicas de sobrevivência e tra-
balho, hoje, vulneráveis socioeconomicamente. 
Conforme adentramos no contexto histórico, percebemos a existência de 
ações da sociedade civil organizada, mesmo antes da Proclamação da República 
(15/11/1889), e o trabalho era realizado por instituições vinculadas à Igreja, 
como caridade e benesse. 
Essas intervenções cristãs eram financiadas pelos setores oligárquicos e a 
Igreja assume, quase que complementamente, a função de “ajuda aos necessitados”, 
período em que iniciam as primeiras ações de saúde,que culminam na constru-
ção das Santas Casas de Misericórdia. A primeira Santa Casa de Misericórdia foi 
construída na Vila de Santos, em 1943.
Com a chegada da industrialização no Brasil, as primeiras discussões sobre 
os direitos sociais começam a surgir, e como afirma Meister (2003, p.28) “apa-
rece a própria pobreza como uma realidade produzida e mantida socialmente”.
O fim do Estado Oligárquico foi marcado por fatores históricos e sociais, tais 
como: a própria crise da Oligarquia, a ascensão dos movimentos sociais urba-
nos em busca de direitos e, em 1917, a greve geral da indústria e a fundação do 
Partido Comunista.
No final da década de 1920, esses movimentos urbanos ganham impulso 
e poder, compondo-se como um novo agente político e ganhando visibilidade 
neste novo cenário da história que se desenhava. A chegada dos imigrantes, na 
década de 1930, contribuiu imensamente para que estes movimentos ganhas-
sem corpo, uma vez que eles vinham da Europa com sua formação política clara 
e passaram a também reivindicar por direitos. 
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ESTADO POPULISTA E A REPÚBLICA NOVA
Período que vai do ano de 1946 a 1964, sob a liderança de Getúlio Vargas, conhe-
cido como “pai dos pobres”, se caracterizou como um Estado Corporativo, 
populista, autoritário e nacionalista. 
O Estado assume uma política clientelista, pautada na caridade. “O Estado 
busca então uma estratégia de atrelar às iniciativas autônomas e emergentes da 
sociedade civil, tornando-as aparelhos paraestatais a serviço do fortalecimento 
do seu próprio poder” (VILLAS BOAS NETO, 2003, p.34).
Foi criado o sistema de ensino público, a carteira de trabalho, o sufrágio uni-
versal, na assistência aos pobres, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), e no 
atendimento a economia e capacitação de mão de obra, os serviços do Sistema S: 
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI (1942), Serviço Nacional 
de Aprendizagem Comercial – SENAC.
O fim deste período é marcado pela própria crise do Estado Corporativista, que 
esbarrou na associação dos setores industriais ao capital externo e o fortaleci-
mento dos sindicatos que cobravam pelas reformas prometidas pelo governo, 
esgotando o sistema.
A Igreja mantém sua importância no campo da assistência aos pobres, 
complementada agora pela presença do Estado. Apesar destes avanços, na 
prática, os pobres ainda não se constituem como sujeitos deste direito. O 
clientelismo permanece como política oficial. A caridade dos cristãos para 
com seus fiéis é em parte substituída pela “caridade” do Estado e pela soli-
dariedade administrativa. Os pobres continuam sendo objeto de bondade 
de algum senhor.
Fonte: Villas Boas Neto (2003, p.34).
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ESTADO AUTORITÁRIO E A REPÚBLICA MILITAR 
Período compreendido entre 1964 a 1985, foi marcado pelo rompimento do 
Estado com a sociedade. O Estado passa a assumir as políticas sociais como único 
executor, tornando ilegal e clandestina qualquer tipo de organização da socie-
dade. Estava neste patamar qualquer atitude ou pensamento que ele [o Estado] 
não pudesse controlar e exercer seu poder autoritário, fazendo da participação 
cívica da sociedade, algo nulo.
Como nos demais setores do governo, o regime militar adota, na área 
social, uma postura controladora criando grandes estruturas hierarqui-
zadas e centralizadas com vistas a reduzir drasticamente a pobreza e as 
diferenças regionais: INPS; BNH; COBAL; CEME; MOBRAL; etc. Tais 
políticas compensatórias distributivas e de integração nacional mobili-
zaram pesados recursos públicos (VILLAS BOAS NETO, 2003, p. 35).
A repressão do movimento sindical, iniciado no período anterior, faz surgir uma 
ampla gama de outros movimentos sociais autônomos, que assumem caráter 
libertador, revolucionário e politizador com o apoio e aval da Igreja. Com isto 
posto, a partir do final da década de 1960, 
[...] tem início um trabalho que se gesta dentro das igrejas o qual toma 
vulto, com o volver dos anos, passando, mais tarde, a denominar-se ins-
tituições do Terceiro Setor, isto é, organizações sociais sem fins lucrati-
vos, ONGs (organizações não governamentais), fundações, institutos, 
etc. elas realizam tarefas que a Igreja e o Estado não conseguem mais 
atender devido às grandes demandas sociais (MEISTER, 2003, p.28).
A Igreja nesta época, ainda independente, não mantinha nenhum tipo de relação ou 
qualquer diálogo com o Estado, e auxiliou na reorganização da sociedade civil com a 
consolidação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e a Teologia da Libertação. 
É à Igreja Católica, contudo, mais particularmente à Teologia da Liber-
tação, que devemos o ímpeto maior do movimento (de emancipação 
do indivíduo). O fechamento do Estado pelo exército deixou também 
a Igreja Católica fora dos círculos mais íntimos do poder. Nesta época, 
o Vaticano convoca os católicos a buscarem, positivamente, uma sin-
tonia com os sinais dos tempos. Em resposta ao Concílio Vaticano II, 
os bispos, latino-americanos reuniram-se em Medelin, Colômbia, em 
1968,e proclamaram a doutrina de que a boa nova do evangelho impli-
cava uma ‘opção preferencial pelos pobres’. Assim nasceu o movimento 
inspirado na Teologia da Libertação, apostando no valor a um tempo 
sagrado e profético das Comunidades Eclesiais de Base (FERNANDES, 
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apud VILLAS BOAS NETO, 2003, p. 36).
A sociedade passou a se mobilizar de forma invisível, no contexto das comu-
nidades, onde estavam os círculos bíblicos, os grupos de jovens, cursos de 
alfabetização, grupos de reflexão, associações populares de produção e autoa-
juda, os clubes de mães, espaços onde a formação de líderes acabava acontecendo. 
Essa mobilização social se pautava na reivindicação por soluções à falta de água, 
energia elétrica, saneamento básico, habitação, trânsito, preços praticados, polui-
ção, entre tantas outras necessidades abandonadas e tão conhecidas nossas até 
os dias atuais. E que para Fernandes (2002, p. 20): 
Sua emergência é de tal relevância que se pode falar de uma “virtual 
revolução” a implicar mudanças no modo de agir e pensar. As relações 
entre o Estado e mercado, que tem dominado a cena pública, hão de 
ser transformadas pela presença desta terceira figura – as associações 
voluntárias. Não se pode dizer, é claro, que a atividade dos cidadãos 
ou que a vida associativa sejam invenções destes dias. Ao contrário, há 
quem prefira denominá-las “o primeiro setor” justamente para enfati-
zar sua antecedência lógica e histórica. A novidade estaria nos núme-
ros, em expansão geométrica, e nos padrões de relacionamento.
Neste pano de fundo emergem as primeiras organizações não governamen-
tais, de caráter público. Caráter público porque visavam o bem da população e 
tinham o objetivo de lutar pela democracia, por direitos e qualidade de vida. As 
relações sociais e interpessoais se fortalecem pautadas no sentimento de ajuda, 
colaboração mútua e solidariedade. Estas organizações:
[…] passam a unir-se a organizações internacionais e instituições que 
de certo modo possam fornecer subsídio e auxílio na organização das 
instituições no Brasil. O auxílio de organizações internacionais exige 
que se estabeleça uma instituição dotada de personalidade jurídica 
(MEISTER, 2003, p.29).
Com o afastamento do Estado da solução dos problemas sociais, há o fortaleci-
mento e a criação das organizações que passaram a prestar serviços para atender 
tais demandas. Com isto, o Estado afasta-se da obrigatoriedade de investir na 
área, se eximindode custear tais ações, o que intensifica ainda mais o surgimento 
e desenvolvimento das organizações de interesse público de caráter privado no 
Brasil, e o controle do Estado perde força, instaurando as bases para a Nova 
República. Em 15 de janeiro de 1985 foi eleito o novo presidente do país, encer-
rando o regime autoritário instaurado.
O TERCEIRO SETOR
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ESTADO DEMOCRÁTICO E A NOVA REPÚBLICA
Iniciada no ano de 1985, a Nova República traduz parte do sentimento de liber-
dade da nação. O Estado e a sociedade pretendiam redimensionar seu papel nas 
políticas sociais. Com o fim do regime militar, os movimentos sociais organiza-
dos ainda imbuídos na luta e garantia de direitos acabam por propiciar discussões 
para assegurar a liberdade por meio de uma nova Constituição. A consolida-
ção da democracia se concretiza em 1988, com a promulgação da Constituição 
Federal, que procura em seus artigos ampliar os espaços e meios de participa-
ção popular e das organizações não governamentais, na sociedade e no poder 
público, inaugura-se o Estado Democrático.
Trata-se de uma tentativa de fazer o movimento inverso da nossa tra-
dição histórica: o de construir o Estado a partir da sociedade e sob 
o controle dela. Podemos reconhecer os indicadores deste movimento 
nas Leis como o: Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Orgânica 
de Assistência Social, na disseminação dos Conselhos para definir as 
diretrizes públicas, no próprio processo de fortalecimento dos municí-
pios (VILLAS BOAS NETO, 2003, p.39).
Nesse processo, os movimentos sociais agora intervindo como organizações sem 
fins lucrativos, já com conhecimento acumulado a respeito do atendimento de 
determinadas demandas da população e da sociedade, tendo o Estado reconhe-
cido tais iniciativas e compreendendo o papel de interlocutoras e parceiras na 
execução das políticas públicas, propõe sua efetivação na função de tal papel, em 
1995 com a Reforma Administrativa do Estado brasileiro, emergem estes novos 
atores na execução das políticas sociais.
O Estado busca redefinir seu papel como fornecedor, e não necessaria-
mente como executor das políticas sociais. Busca-se, com isso, dimi-
nuir o seu tamanho, ampliar e fortalecer as organizações civis. É neste 
ambiente que devem ser compreendidas as Leis que instituíram mais 
tarde as Organizações Sociais (OS) e as Organizações da Sociedade Ci-
vil de Interesse Público (OSCIPs) e o Programa Comunidade Solidária 
(TERRA, apud VILLAS BOAS NETO, 2003, p.39).
O Terceiro Setor, começa a ganhar corpo e reconhecimento, e passa a se carac-
terizar por estar 
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[...] composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas 
pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não governamen-
tal, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filan-
tropia e de mecenato e expandindo o seu sentido para outros domí-
nios, graças sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de 
suas múltiplas manifestações na sociedade civil. (FERNANDES, apud 
VILLAS BOAS NETO, 2003, p. 46)
Neste período, as características assumidas pelo Terceiro Setor refletiam suas 
origens de mobilização e solidariedade, que passaram a assumir atividades e 
funções que, até então, podiam ser desenvolvidas apenas pelo Estado. A conso-
lidação do Terceiro Setor:
[...] reflete, de certa forma, o amadurecimento da sociedade que busca 
consolidar sua sustentabilidade com base numa relação de parceria com 
demais setores sem, contudo, gerar uma relação de dependência a um de-
les. Desloca-se, portanto, na tutela do Estado ou da hegemonia religiosa 
para tornar um conjunto de organizações autônomas profissionalizadas 
e não governamentais. (TERRA, apud VILLAS BOAS NETO, 2003, p.46)
Maturidade traduzida na liberdade, na autonomia e na habilidade dos cidadãos de se 
articular respondendo às demandas sem estar sujeito unicamente ao poder público, 
mas podendo desenvolver ações em parceria com ele e com o segundo setor, para 
minimizar as demandas. O que segundo Fernandes (apud VILLAS BOAS NETO, 
2003, p.38), “descobriu-se assim que as atividades de interesse público podem ser exer-
cidas fora do governo e em medidas que ultrapassam as expectativas de uma vida”.
Caro(a) aluno(a), em resumo até aqui, definir o Terceiro Setor é algo bas-
tante complexo, pois ele assumiu características e nomes diferenciados a cada 
época e lugar, mas podemos dizer que são:
 ■ organizações que nasceram pautadas no atendimento de uma causa que 
fosse comum a um grupo de pessoas ou de organizações;
 ■ não possuem finalidades lucrativas, mas podem utilizar o excedente econô-
mico somente na realização ou manutenção de sua atividade-fim (objetivo);
 ■ muitas têm a participação massiva de voluntários.
Existem ainda algumas características que precisamos conhecer para agregar a 
estes conhecimento. Por hora, vamos a parte da formação jurídica para situar 
onde o Terceiro Setor está inserido.
O TERCEIRO SETOR
Reprodução proibida. A
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FORMAS ORGANIZATIVAS 
DA ORDEM SOCIOPOLÍTICA 
Caro(a) acadêmico(a), conversamos bastante sobre o Terceiro Setor, mas ainda 
não esclarecemos o motivo pelo qual este segmento da economia é chamado 
por este nome. Já faz uma ideia da razão para o nome? Vamos, então, aos fatos!
Para situarmos o Terceiro Setor no contexto econômico, precisamos delinear a 
estrutura jurídica que pauta a formação de sociedades e associações no nosso país. 
Para isso, trataremos um pouco a respeito das regras do Código Civil Brasileiro 
(2002). O Código Civil é o conjunto de normas, que orientadas pela Constituição 
Federal, determina os direitos e deveres das pessoas físicas e jurídicas, no que se 
refere aos bens e às relações estabelecidas entre eles. Ele traz clara a definição de 
sociedades, como sendo grupos sociais que se criam uma personalidade jurídica 
com a intenção de concretizar finalidades (lícitas e sociais) e se estruturam a par-
tir de seus objetivos. Por este motivo é importante que as organizações saibam o 
motivo para o qual nasceram.
As organizações e/ou instituições, como conhecemos no nosso cotidiano, 
são representações sociais de coletivos, que Maranhão & Macieira (2010, p. 1-2) 
definem como: 
[...] quaisquer grupos socialmente constituídos e organizados, tais 
como fábrica, loja, escola, governo (federal, estadual, distrital ou muni-
cipal), hospital, família, indivíduo, supermercado, creche, clube, escola 
de samba, instituição de caridade, etc…, com uma finalidade comum.
Ou seja, qualquer grupo de pessoas ou mesmo de organizações, que se aliem 
buscando atingir um objetivo que lhes seja comum, para estes autores, é denomi-
nado de organização ou instituição devido à representação coletiva do objetivo, 
dos compromissos assumidos entre si:
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[...] num sentido mais geral, as organizações são constituídas de indi-
víduos, que formam os grupos, que formam as empresas, que formam 
uma nação, cujo conjunto juridicamente organizado forma um estado 
ou país. Diz-se que um estado ou país, com relação ao ponto de vista 
social, pode formar uma ou mais nações, cada qual por sua vez, ao 
longo do tempo forma um determinado “tecido social” que tem carac-
terísticas comportamentais próprias, cujo aspecto é conhecido como 
cultura (MARANHÃO & MACIEIRA, 2010, p. 1-2).
São estes coletivos e o seu movimento que organizam e reorganizam a socie-
dade através dos tempos, alterando costumes e determinando os rumos do 
desenvolvimentosocial, econômico e financeiro de uma época. Estas alianças 
estabelecidas, visando objetivos e finalidades comuns, também delineiam as suas 
estruturas jurídicas. Para constituir-se enquanto pessoa jurídica é necessário o 
registro formal, e todas as organizações se estruturam a partir de um cadastro, 
o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Esse cadastro delimita o âmbito 
de atuação daquela organização. A pessoa jurídica pode ser de Direito Público 
ou de Direito Privado.
É sobre estas pessoas jurídicas de direito público e de direito privado que 
conversaremos. As de direito público, são o que conhecemos por Primeiro Setor. 
Nas pessoas jurídicas de direito privado, encontramos o Segundo e o Terceiro 
Setor, conforme estudaremos seguir.
CONHECENDO O PRIMEIRO SETOR
Chamamos as pessoas jurídicas de direito público de administração pública e 
órgãos públicos, e podemos dizer que são todas as organizações que compõem 
as esferas de governo. De acordo com o Código Civil, elas se dividem em direito 
público interno e direito público externo. A definição do Código Civil no art. 44 
afirma que são “pessoas jurídicas de direito público interno: a União; os Estados, 
o Distrito Federal e os territórios; os municípios; as autarquias, inclusive as asso-
ciações públicas; as demais entidades de caráter público criadas por lei”. 
O TERCEIRO SETOR
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As instituições que compõem o direito público interno são o que conhecemos por 
Primeiro Setor, são as organizações governamentais, aquelas que foram criadas 
para desenvolver, regulamentar e fiscalizar tarefas sociais com o direcionamento 
do governo da esfera a qual estiver vinculada.
A administração pública pode ainda se dividir em direta e indireta. A admi-
nistração pública direta é composta pela Presidência da República, seus órgãos 
de consulta (Conselho da Defesa Nacional e Conselho da República), seus 
órgãos de assessoramento imediato (Conselho de Governo, Alto Comando das 
Forças Armadas e Consultoria Geral) e os órgãos de assistência direta e ime-
diata (Secretarias setoriais), bem como os Ministérios setoriais (BRASIL, 1990). 
Em cada um destes órgãos existem muitos outros componentes, como: conse-
lhos, departamentos, secretarias, institutos, comissões, coordenadorias e centros. 
Já a administração pública indireta é composta por órgãos que desempe-
nham de forma descentralizada as funções de Estado nas esferas de governo. São 
criados por lei, tem personalidade jurídica própria (registro no CNPJ e outras 
formalidades) e tem uma finalidade específica, nascem com um objetivo fixo. 
Exemplos de autarquias no nível federal temos o Banco do Brasil, o Conselho 
de Desenvolvimento Científico (CNPq), universidades federais e o Instituto 
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Ainda podemos citar as 
fundações públicas e as agências executivas e reguladoras. O Primeiro Setor está 
composto pelos órgãos da administração pública. 
As pessoas jurídicas de direito público externo são os Estados estrangeiros 
e as pessoas regidas pelo direito internacional público. Para Jean Touscoz, o 
Direito Internacional “é o conjunto de regras e de instituições jurídicas que 
regem a sociedade internacional e que visam estabelecer a paz e a justi-
ça e a promover o desenvolvimento”. São, portanto, os acordos, tratados e 
convenções que garantem as regras de convivência entre países, estados e 
pessoas de nações distintas.
Fonte: Albuquerque (2000). 
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CONHECENDO O SEGUNDO SETOR
Caro(a) aluno(a), a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado inicia 
com a inscrição no respectivo registro civil da pessoa jurídica (cartório), muito 
similar quando nasce uma criança e precisamos registrar a existência legal no 
cartório de registro civil de pessoas físicas. Porém, a personalidade jurídica, para 
ser registrada, deve conter em um documento formal (contrato social ou esta-
tuto), os objetivos para os quais foi criada e os limites de sua atuação naquele 
tema. Esse documento é a prova inicial de seu “nascimento” e das suas inten-
ções lícitas e sociais do grupo que a criou.
Naquele instante, no lugar da pessoa particular de cada contratante, 
este ato de associação produz um corpo moral e coletivo, composto 
de tantos membros como a assembleia de votantes, o qual recebe neste 
mesmo ato sua unidade, seu eu comum, sua vida e sua vontade. Esta 
pessoa pública que se forma assim pela união de todas as outras rece-
beu antes o nome de cidade e agora recebe o nome de república ou de 
corpo político, chamado por seus membros Estado, quando é passivo: 
soberano, quando é ativo, poder, comparando-o com seus semelhantes 
(ROUSSEAU, 1960, p. 25-26).
A diferença entre as pessoas jurídicas de direito público para as pessoas de direito 
privado, é que para as últimas, o interesse é isolado do dos outros, não é um inte-
resse comum e coletivo, mas privado. 
Para o Código Civil (2002, art.44), as pessoas jurídicas de direito privado são: 
“as associações; as sociedades; as fundações; as organizações religiosas; os parti-
dos políticos; as empresas individuais de responsabilidade limitada”, ou seja, são 
de direito privado todas as formas associativas que não forem de direito público. 
Isso às vezes confunde um pouco, pois esse é o chamado Segundo Setor. E percebe-
mos que nesse bojo estão todo o tipo de organizações, com ou sem fins lucrativos. 
O que as diferencia está no art. 53 do Código Civil (2002), que define as cons-
tituição das associações: “pela união de pessoas que se organizem para fins não 
econômicos”; e das fundações, no art. 62, que além de não ter finalidades lucra-
tivas, o seu instituidor/fundador deve fazer por meio de uma escritura pública 
ou procuração “uma dotação de bens livres, especificando o fim a que se des-
tina”, e esta finalidade não poderá ser alterada nunca.
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Já as sociedades com seu formato pautado nas finalidades, podem ser civis, 
conjugais, empresariais, cooperativas, religiosas, pias, morais, comerciais, mer-
cantis, científicas ou literárias, e devem ser padronizadas de acordo com as regras 
específicas às suas finalidades originárias. O fato de termos no rol das “socie-
dades” algumas organizações que não detém finalidade lucrativa, promove um 
certo conflito de informações.
De acordo com a ordem sociopolítica, até bem pouco tempo, haviam dois seto-
res – o primeiro (público) e o segundo (privado) –, e no segundo setor estão todas 
as instituições, independente de terem ou não finalidades lucrativas e/ou de seus 
objetivos. As instituições sem fins lucrativos, de acordo com o Código Civil, são pes-
soas jurídicas de direito privado, bem como as que possuem finalidades lucrativas.
Então, resumindo, as organizações sem fins lucrativos e as empresas de caráter 
lucrativo são ambas oriundas do Segundo Setor. No entanto, para que houvesse 
uma distinção no que se refere às suas causas e à sua forma organizativa, por 
desenvolverem no âmbito privado, atividades que seriam de interesse público, 
passaram a ser conhecidas como Terceiro Setor, conforme veremos a seguir.
CONHECENDO O TERCEIRO SETOR
Conforme estudamos até aqui, as organizações que se enquadram no Terceiro Setor, 
pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, são as associações, funda-
ções, institutos e as organizações religiosas. No entanto, precisamos deixar claro, que 
existem outras formas associativas que compõem as organizações sem fins lucra-
tivos. E, historicamente, as organizações sem fins lucrativos receberam por muito 
tempo, como já vimos, o nome de organizações não governamentais, as ONGs.
Quala diferença entre as pessoas jurídicas de direito privado? Todas distri-
buem lucros?
Fonte: A autora.
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Para Paes (2009), o Terceiro Setor nasce do dualismo entre Estado, socie-
dade e mercado (este último, como iniciativa particular), a :
[...] ideia é que nele se situem organizações privadas com adjetivos po-
líticos, ocupando pelo menos em tese uma posição intermediária que 
lhes permita prestar serviços de interesse social sem as limitações do 
Estado, nem sempre evitáveis, e as ambições do Mercado, muitas vezes 
inaceitáveis (PAES, 2009, p. 3).
São instituições que prestam serviços de interesse social, mas sem as ambições 
mercadológicas e lucrativas, e sem os limites burocráticos e legais do Estado. Ou 
seja, o Terceiro Setor está situado no Código Civil como organização privada 
se diferenciando do Estado legalmente, e tem na sua estrutura o fato de não ter 
fins lucrativos, se distanciando dos interesses diretos do mercado, “[...] trata-se 
de um setor intermediário entre o Estado e o mercado, entre o setor público e o 
privado, que compartilha de alguns traços de cada um deles” (MOREIRA, 1997, 
p.33). Sobre a organização da sociedade em setores, Costa (2003) pontua que:
[...] o ponto de vista de que a sociedade pode ser organizada a partir de 
três setores está se consolidando. Mais do que simplesmente a adoção 
de um novo conceito, isso denota uma nova mentalidade, apoiada no 
reconhecimento da importância das iniciativas que surgem espontane-
amente no seio da sociedade civil e de que o “modelo dualista” não é 
suficiente para oferecer respostas plenas aos dilemas sociais da atuali-
dade. (SILVA, 2001, p. 20)
O Estado não dando conta e o mercado não tendo interesse em atender à tota-
lidade das demandas sociais abrem espaço para que as organizações sem fins 
lucrativos, de forma articulada com os dois setores, se organizem e atuem na 
solução das necessidades.
A sociedade se caracteriza cada vez mais pela existência de fenômenos 
associativos que são alheios à lógica do mercado e à lógica do Estado, 
porque caem fora da esfera mercantil e da esfera política, na medida em 
que não se regem nem pelo benefício nem pela autoridade. Esse con-
junto de iniciativas constitui essa realidade que nem é administrada, 
nem é mercantil. Se no setor estatal domina a coesão e no econômico 
o lucro, no ‘Terceiro Setor’ domina o ‘voluntarismo’. (MEISTER apud 
WUTHNOW, 2003, p. 21-22)
Os movimentos associativos que agregavam as pessoas e possuíam como obje-
tivo o bem comum da sociedade – ou de uma parcela dela – não atuam sob o 
lógica lucrativa do mercado, ou a rigidez do Estado, mas em conjunto com ambos 
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recebendo recursos financeiros e trabalho voluntário. Deste modo, concluímos que 
o Terceiro Setor é formado por instituições (associações ou fundações privadas) 
não governamentais que expressam a vontade da sociedade civil organizada em 
solucionar os problemas sociais e conta com a participação de voluntários para 
promover atendimentos de interesse público em diferentes áreas e segmentos. 
Embora os três setores pareçam estar separados, eles atuam de forma com-
plementar, totalmente interligados e interdependentes. Eles compõem a realidade 
dialética em constante processo, em transformações gradativas.
Caro(a) aluno(a), neste estudo identificamos cada um dos três setores, com 
suas tarefas e compromissos “com e na” sociedade. Iremos prosseguir com nossa 
jornada pelo conhecimento a partir daqui, olhando com mais atenção para o 
Terceiro Setor e as regras que o delimitam, e como ele se fortaleceu enquanto 
instituição de atendimento de demandas sociais. Parabéns, concluímos a pri-
meira etapa de nossa travessia, nos vemos adiante, bons estudos!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), encerramos aqui a primeira fase do nosso trabalho de conhecer 
as origens do Terceiro Setor no mundo. Mesmo que o termo ainda não estivesse 
claro, as ações ao longo do tempo sempre foram a de minimizar as mazelas sociais, 
embora atualmente tenhamos organizações em defesa de direitos ambientais. 
Contudo, nos períodos que tivemos a oportunidade de observar, as finalidades 
estavam pautadas em alguma ação de cunho social.
Conhecemos algumas das características e definições do Terceiro Setor, mas 
para isto fizemos uma breve visita ao Primeiro e Segundo Setores, para compre-
ender o posicionamento de cada um deles na sociedade e o papel desempenhado 
por cada um. Os diversos autores que nos fizeram companhia contribuíram para 
enriquecer nosso conhecimento ao longo do trajeto, cada um com suas defi-
nições, mas nos dando subsídios para compreender que trata-se de um setor 
Considerações Finais
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ligado principalmente à sociedade, às pessoas e ao voluntariado, que participa 
das atividades de responsabilidade do Estado, executando-as, mas não o exime 
de suas responsabilidades.
Os paralelos efetuados com os períodos históricos do nosso país nos servi-
ram para que pudéssemos perceber o quanto o contexto de cada época define a 
postura do Estado e da sociedade naquele tempo. Nos aproximamos dos con-
ceitos que permeiam as organizações de caráter social no mundo e no Brasil, e 
percebemos o percurso desde a caridade, a benesse, a política populista, até che-
gar na luta e efetivação de direitos civis e sociais no Brasil. Ao longo do tempo 
houve transformações e muitas ainda estão acontecendo.
Conversamos sobre a organização sociopolítica, com base no Código Civil 
Brasileiro (2002), que dá nome ao setor e à sua formação jurídica, as pessoas 
jurídicas de direito público e de direito privado, este último, onde se situam as 
organizações que compõem o chamado Terceiro Setor. 
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, adquirimos bastante conhecimento, mas 
aprofundaremos ainda mais ao longo de nosso livro. Ainda há muito que acres-
centar, sem que o assunto se esgote. 
40 
1. A respeito do Terceiro Setor, ainda não temos conceitos pré-definidos, mas 
uma discussão sobre sua composição e formas de atuação. Em nosso estudo 
conhecemos algumas definições utilizadas para o setor, entre o final da década 
de 1990 e o início dos anos 2000. Estas definições afirmam que:
I. O Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas 
pelo Estado.
II. Entende-se por Terceiro Setor, a sociedade civil que organizada, busca solu-
ções próprias para suas necessidades e seus problemas
III. Entende-se por Terceiro Setor a sociedade civil organizada que atua fora da 
lógica do Estado e do mercado.
IV. Trata-se de uma imponente rede de organizações de caráter privado e autô-
nomo, que não visam à distribuição de lucro.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
2. Sobre o Terceiro Setor, embora não haja ainda um conceito único e formal a 
respeito, existem características que de certo modo definem sua organização. 
Assim, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) nas características do Terceiro Setor:
( ) Poder firmar convênios ou parcerias com o poder público, apesar de 
manter sua autonomia financeira e administrativa.
( ) Se organizam a partir da participação direta do Estado .
( ) São de caráter privado, sem fins lucrativos.
Assinale a alternativa correta:
a) V; V; F.
b) F; F; V.
c) V; F; V.
d) F; F; F.
e) V; V; V.
41 
3. O Brasil atravessou por períodos históricos que nos fornecem subsídios para 
uma análise social da postura da sociedade frente às demandas sociaisem 
cada época. Assinale a alternativa CORRETA a respeito da relação do Es-
tado no atendimento a tais demandas durante o século XX e respectivos 
paradigmas.
a) No Estado Populista, as demandas sociais eram atendidas pela caridade cristã.
b) No Estado Oligárquico, as demandas sociais eram atendidas pela caridade 
estatal.
c) No Estado Autoritário, as demandas sociais eram atendidas com base na ca-
ridade estatal.
d) No Estado democrático, o atendimento de demandas sociais se dá por meio 
do exercício da cidadania.
e) No Estado da República Velha, as demandas não eram atendidas nem pelo 
estado nem pela igreja.
4. Um grupo de pessoas se alia visando objetivos comuns. Tais objetivos definem 
sua estrutura jurídica, se terão fins lucrativos, ou se serão sem fins lucrativos. 
Porém, para que se organize formalmente precisa realizar seu cadastro de pes-
soas jurídica. Com base no enunciado, a pessoa jurídica se divide em:
a) De direito público ou direito privado.
b) Associação ou uma fundação.
c) Organização ou uma empresa.
d) De direito público interno e externo.
e) De direito privado com fins lucrativos.
5. O segundo setor faz parte da composição sociopolítica das organizações jurí-
dicas, que possui em sua estrutura informal, o Primeiro, o Segundo e o Terceiro 
Setor. A respeito do Segundo Setor, qual documento assegura a prova de 
que a organização tanto com fins lucrativos quanto sem fins lucrativos co-
meçou a existir?
a) Estatuto e/ou CNPJ.
b) Contrato social e/ou estatuto.
c) O código civil brasileiro.
d) O registro no conselho.
e) A registro municipal.
42 
Quando o Estado fracassa
Por que ocorreu agora esse florescimento de atividade no Terceiro Setor? Quatro cri-
ses e duas mudanças revolucionárias convergiram, tanto para limitar o poder do Estado 
quanto para abrir o caminho para esse aumento na ação voluntária organizada.
O primeiro desses impulsos é a percebida crise do moderno welfare state. Ao longo da 
última década, o sistema de proteção governamental aos idosos e aos economicamente 
desafortunados, que se havia moldado nos anos 50 no Ocidente desenvolvido, deixa de 
funcionar. [...] Mais do que simplesmente proteger os cidadãos dos riscos, o welfare state 
estava, na opinião de vários políticos e analistas, reprimindo a iniciativa, absolvendo as 
pessoas da responsabilidade individual e estimulando a dependência da população em 
relação ao Estado.
Acompanhando a crise do welfare state está a crise de desenvolvimento. Os choques 
do petróleo dos anos 70 e a recessão do início da década de 80 mudaram, radicalmente, 
as perspectivas para os países em desenvolvimento. Na África sub-Saara, na Ásia Oci-
dental e em partes da América Latina, rendas médias per capita começaram a cair. [...] 
Apesar do progresso em alguns lugares [...], os problemas de desenvolvimento torna-
ram-se tão dramáticos que uma em cada cinco pessoas no mundo vive em condições 
de pobreza absoluta.
[...] Uma crise ambiental global também estimulou muitas iniciativas privadas, preo-
cupadas com as consequências da pobreza contínua e crescente dos países em desen-
volvimento, levando-os a destruir o meio ambiente e os recursos naturais para resolver 
a sobrevivência imediata. [...] Em algumas áreas, como na Europa Central e na Europa 
Oriental, chuva ácida e poluição do ar e da água ameaçavam suprimentos alimentares, 
reduzindo significativamente a expectativa de vida.
À medida que esses e outros aspectos da crise ambiental se fizeram aparentes, cidadãos 
tornaram-se crescentemente frustrados com o governo e ávidos por organizar suas pró-
prias iniciativas. 
Finalmente uma quarta crise – a do socialismo – também contribuiu para o crescimento 
do Terceiro Setor. Embora a promessa do socialismo estivesse sob suspeita há muito tem-
po, a substituição do crescimento econômico retardatário por recessão na década de 70 
ajudou a destruir a legitimidade de que o sistema comunista ainda detinha. Esse fracasso 
conduziu à busca de novas formas de satisfazer necessidades sociais e econômicas, o que 
estimulou a criação de empreendimentos cooperativos orientados para o mercado e de 
um conjunto de organizações não governamentais que oferecem serviços e veículos para 
a expressão individual, desvinculados de um Estado crescentemente desacreditado.
43 
Além dessas quatro crises, dois movimentos de mudanças estruturais também expli-
cam o recente crescimento das organizações do Terceiro Setor. O primeiro é a dramática 
revolução nas comunicações ocorrida durante os anos 70 e 80. A invenção e ampla 
disseminação de computador, cabo de fibra óptica, fax, televisores e satélites abriram, 
mesmo às regiões mais remotas do mundo, as conexões de comunicação necessárias 
à organização de massa e à ação coordenada. Além disso, esse desenvolvimento foi 
acompanhado por significativo incremento das taxas de alfabetização e educação. 
No mundo em desenvolvimento, as taxas de alfabetização de adultos, aumentaram de 
43% para 60%, entre 1960 a 1985; considerando-se apenas a população masculina, o 
crescimento foi de 71%.
A expansão combinada de alfabetização e comunicação tornou mais fácil às pessoas 
organizarem-se e mobilizarem-se. Comunicações entre capitais e regiões remotas, que 
antes levavam dias, agora levam apenas alguns minutos. Regimes autoritários, que con-
trolavam suas redes de comunicação com sucesso, tornaram-se incapazes de impedir o 
fluxo de informação por meio de antenas parabólicas e fax. Militantes isolados podem 
mais facilmente fortalecer sua convicção, trocar experiências e manter conexões com 
colegas simpatizantes em seus próprios países e no exterior.
O último fator crítico para o crescimento do Terceiro Setor foi o crescimento econômico 
considerável ocorrido durante os anos de 60 e início da década de 70, além da conse-
quente mudança social acionada por ele. Durante esse período, a economia mundial 
cresceu à taxa de 5% a ano, com todas as regiões compartilhando essa expansão. De 
fato, a taxa de crescimento da Europa Oriental, da União Soviética e dos países em de-
senvolvimento superou aquelas das economias industriais de mercado. Esse crescimen-
to não somente permitiu a melhoria material e engendrou várias novas expectativas po-
pulares, mas também ajudou a criar, na América Latina, na Ásia e na África, considerável 
classe média urbana cuja liderança foi essencial para a emergência de organizações 
privadas sem fins lucrativos. Portanto, se a crise econômica, em última instância, levou 
a classe média à ação, o crescimento econômico prévio criou a classe média que se or-
ganizaria para reagir.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Terceiro Setor: História e Gestão de Organizações
Antonio Carlos Carneiro de Albuquerque
Editora: Summus Editorial
Sinopse: A obra faz uma análise histórica e conceitual do Terceiro Setor no 
Brasil e na América Latina, explicitando conceitos importantes para quem 
quer conhecer mais profundamente o tema: a história dos movimentos 
sociais e das ONGs; os desa� os enfrentados por essas instituições; as 
pesquisas mais recentes na área; o planejamento, a gestão de recursos 
humanos e o marketing social; os aspectos legais e tributários e a captação 
de recursos, entre outros. 
O artigo “Terceiro Setor brasileiro: em busca de um quadro de referência” de Carlos 
Eduardo Guerra Silva (2010) faz uma discussão muito interessante para compararmos 
os pontos de vista a respeito do tema. Aproveite!
Web: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/apb468.pdf>
REFERÊNCIAS
45
ALBUQUERQUE, C. D. Curso de Direito Internacional Público. 12. ed. rev. e ampl. 
São Paulo: Renovar, 2000.
ANDION, Carolina. Gestão em organizações da economia solidária: contornos de 
uma problemática. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, n. 32. p.7-
25. jan./fev. 1998. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/
article/viewFile/7680/6246>. Acesso em: 16 out. 2017. 
ARAGÃO, P. S. Gestão da política municipal de assistência social em Londrina 
(2001 a 2007): avanços

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