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i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA IST – INSTITUTO SUPERIOR TUPY CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA AVALIAÇÃO DO USO DE PROGRAMAS CAD NO PROJETO DE MOLDE PARA TERMOPLÁSTICOS NA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA SILVIO RICARDO BENEDITO JOINVILLE 2010 ii SILVIO RICARDO BENEDITO AVALIAÇÃO DO USO DE PROGRAMAS CAD NO PROJETO DE MOLDE PARA TERMOPLÁSTICOS NA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA Dissertação apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Engenharia Mecânica do Instituto Superior Tupy, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Dr. Adilson José de Oliveira. JOINVILLE 2010 iii SILVIO RICARDO BENEDITO AVALIAÇÃO DO USO DE PROGRAMAS CAD NO PROJETO DE MOLDE PARA TERMOPLÁSTICOS NA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA _____________________________ Prof. Dr. Adilson José de Oliveira (Orientador) Instituto Superior Tupy ______________________________ Prof. Dr. Adriano Fagali de Souza Instituto Superior Tupy ______________________________ Prof. Dra. Izabel Cristina Zattar Universidade Federal do Paraná iv Dedico este trabalho a todos que me auxiliaram nos momentos difíceis e entenderam a importância do mesmo. Ao Prof. Dr. Adilson José de Oliveira, pelo esforço e contribuição nas orientações do trabalho, e em especial, a DEUS, à minha companheira e esposa Miriam e filhos Rafael e Guilherme pela compreensão e carinho demonstrados durante esta jornada e igualmente aos meus pais Rosa Ma e Benedito. v RESUMO Os termoplásticos possuem baixa densidade são isolantes térmicos e elétricos, resistentes ao impacto, facilmente moldáveis, altamente recicláveis, possuem baixo custo, e, portanto, além de apresentarem uma larga faixa de aplicação, promovem uma crescente demanda. Consequências do crescimento da demanda por produtos termoplásticos são a necessidades de especificações cada vez mais restritas, formas atrativas e redução no tempo de introdução no mercado. A integração do processo de desenvolvimento baseado em programas de computador – projeto e manufatura - é um dos requisitos para atender aos crescentes demandas. O objetivo desta pesquisa é determinar como programas CAD (projeto auxiliado por computador) são utilizados no projeto de moldes de injeção para termoplásticos na região nordeste Santa Catarina, segundo maior centro de projeto e produção de moldes no Brasil. A metodologia de pesquisa constitui-se de uma avaliação de campo realizada através de entrevistas nas empresas baseada em questionários. A comparação entre estado da arte em programas CAD e a real aplicação no setor de projeto das ferramentarias demonstrou que a cultura de projeto e a experiência profissional são barreiras para aplicação de técnicas de modelamento 3D em todas em fases do projeto. Identifica-se também que a subutilização de programas CAD e a carência de qualificação específica podem limitar a redução no tempo de projeto e na competitividade das empresas. Palavras-chave: Termoplásticos. Molde de injeção. Projeto de molde. Programas CAD. vi ABSTRACT Thermoplastics have low density, are thermal and electrical insulation, have high impact resistance, are easily processing, have high recycling and low cost, and so on, present a wide range of application and growing demand. This growing demand for thermoplastic products consequently causes the need to increasingly narrow specifications, aesthetic forms and reduction in time to market. The integration of the design and manufacturing development based on computer programs is one of requirement to support the growing to comply with requirements. The objective of this research is determinate as CAD programs (Computer-Aided Design) are used in the thermoplastic mold design in the northeast of Santa Catarina State, which is the second largest center for design and production of molds in Brazil. The research methodology consisted of a field survey conducted through interviews on company based on questionnaires. A comparison of state of the art CAD programs and the real application in the mold design department has shown that design culture and personal experience are barriers to implementation of 3D modeling techniques in all phases of the mold project. It also identified that underuse of the CAD program and the lack of specific skills may limit the reduction in design time and on business competitiveness. Keywords: Thermoplastic. Injection mold. Mold design. CAD program. vii LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 2.1 – Injeção do material plástico no molde ................................................... 5 Figura 2.2 – Estrutura básica do molde de injeção.................................................... 7 Figura 2.3 – Molde de três placas ............................................................................. 8 Figura 2.4 – Molde de partes móveis ........................................................................ 9 Figura 2.5 – Molde com núcleo rotativo..................................................................... 9 Figura 2.6 – Fluxo das atividades relacionadas com o projeto do molde ............... 11 Figura 2.7 – Sistema de injeção convencional e sequêncial ...................................14 Figura 2.8 – Modelo 3D destacando linha de solda................................................. 15 Figura 2.9 – Desenho 2D sem associatividade ....................................................... 17 Figura 2.10 – Modelamento por superfície .............................................................. 22 Figura 2.11 – Molde de injeção simplificado............................................................ 24 Figura 2.12 – Representação tipos de base de molde ............................................ 27 Figura 2.13 – Pinos de injetores .............................................................................. 27 Figura 2.14 – Linha guia do sistema de refrigeração............................................... 31 Figura 2.15 – Sistema de refrigeração ................................................................... 31 Figura 2.16 – Módulo do projeto de partição ........................................................... 32 Figura 2.17 – Ranhuras do pneu, tamanho pequeno, médio e grande ................... 33 Figura 2.18 – Configuração do posicionamento dos sulcos .................................... 34 Figura 2.19 – Especificações do projeto de um padrão de ranhura ....................... 35 Figura 2.20 – Modelo do pneu construído com o programa CAD 3D...................... 35 Figura 3.1 – Sequência das atividades para metodologia da pesquisa .................. 42 Figura 3.2 – Produto saboneteira ............................................................................ 43 Figura 3.3 – Grupo de perguntas ............................................................................ 45 Figura 3.4 – Corpo-de-prova de tração ................................................................... 46 Figura 3.5 – Travessas ........................................................................................... 46 Figura 3.6 – Hélice ................................................................................................. 47 Figura4.1 – Número de ferramentarias por ramo de atuação ................................ 48 Figura 4.2 – Número de funcionários do setor de projetos ..................................... 49 Figura 4.3 – Fases do projeto do molde no pré-projeto .......................................... 52 Figura 4.4 – Uso dos programas CAD no pré-projeto ............................................ 53 Figura 4.5 – Fases do projeto do molde - desenvolvimento ................................... 54 viii Figura 4.6 – Fase que demanda mais tempo no projeto do molde ......................... 55 Figura 4.7 – Programa CAD utilizada no projeto do molde .................................... 56 Figura 4.8 – Motivos pelo não uso dos módulos específicos .................................. 58 Figura 4.9 – Desafios na utilização do programa CAD 2D ..................................... 60 Figura 4.10 – Necessidade do desenho 2D no projeto do molde ........................... 61 Figura 4.11 – Dificuldade na utilização do programa CAD 3D ................................ 61 Figura 4.12 – Erros mais frequentes no projeto do molde .......................................64 Figura 4.13 – Futuro e inovações tecnológicas ...................................................... 64 Figura 4.14 – Projeto do molde do produto 1 ......................................................... 66 Figura 4.15 – Análise de ângulo de inclinação ....................................................... 68 Figura 4.16 – Operação booleana de subtração do produto na cavidade .............. 68 Figura 4.17 – Operação booleana de subtração para cavidade fixa ...................... 69 Figura 4.18 – Operação booleana de subtração para cavidade móvel .................. 70 Figura 4.19 – Análise de inclinação ........................................................................ 71 Figura 4.20 – Análise da linha de fechamento ........................................................ 72 Figura 4.21 – Superfície de fechamento ................................................................. 73 Figura 4.22 – Ferramenta tooling splite .................................................................. 74 Figura 4.23 – Cavidade móvel e Fixa extraídas ..................................................... 74 Tabela 2.1 – Atividades propostas para as fases do projeto ................................... 10 Tabela 2.2 – Comparativo entre modelagem de superfície e de sólidos. ............... 23 Tabela 2.3 – Comparação do tempo de modelamento ........................................... . 39 Equação 3.1 - Tamanho da amostra ...................................................................... 44 Tabela 3.1 – Valores de confiança .......................................................................... 45 Tabela 4.1 – Análise e comparação entre métodos ................................................ 75 ix LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS B-rep – Boundary representation CAD – Desenho (projeto) auxiliado por computador CAM – Manufatura auxiliada pelo computador CAE – Engenharia Auxiliada por Computador CAI – Inspeção Auxiliada por Computador CNC – Comando Numérico computadorizado CSG – Constructive Solid Geometry DIN – Deutsches Institut für Normung. (Instituto alemão de normas técnicas) IGES – Initial Graphics Exchange Specification PDF – Portable Document Format PMJ – Prefeitura Municipal de Joinville x SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................4 2.1 GENERALIDADES.................................................................................................4 2.2 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE INJEÇÃO DE TERMOPLÁSTICOS....4 2.3 CONCEPÇÃO E PROJETO DE MOLDES PARA TERMOPLÁSTICOS ................6 2.4 DESAFIOS DO PROJETO DE MOLDES PARA INJEÇÃO..................................12 2.5 SISTEMA CAD NO PROJETO DO MOLDE.........................................................15 2.5.1 Práticas de modelamento em sistema CAD 3D ............................................21 2.5.2 Recursos nos programas CAD 3D para projeto de moldes.........................25 2.5.3 Implantação dos programas CAD 3D nas indústrias de molde ..................36 3 METODOLOGIA APLICADA..................................................................................38 3.1 MÉTODO DE PESQUISA ADOTADO..................................................................38 3.2 DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA .............................................39 3.3 FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DESENVOLVIDAS..............................................41 3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS E ABORDAGEM DA EMPRESA ......44 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................48 4.1 GENERALIDADES...............................................................................................48 4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS FERRAMENTARIAS (Perguntas grupo 1) .................48 4.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DO MOLDE (Perguntas grupo 2) ...............50 4.4 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO (Perguntas grupo 3).................................55 4.5 DESAFIO E PERSPECTIVA NO PROJETO DO MOLDE (Perguntas grupo 4) ...59 4.6 APLICAÇÃO DO MÓDULO DE AUXÍLIO AO PROJETO DO MOLDE................67 4.6.1 Modelamento Manual ......................................................................................67 4.6.2 Modelamento com Módulo de Auxílio ...........................................................71 4.6.3 Análise da Aplicação e Comparação dos Métodos ......................................75 5 CONCLUSÕES.......................................................................................................77 5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................................78 REFERÊNCIAS..........................................................................................................79 APÊNDICES ............................................................................................................ 85 1 1 INTRODUÇÃO Os termoplásticos são moldáveis a quente e possuem baixa densidade, boa aparência, são isolantes térmicos e elétricos, resistentes ao impacto, possuem baixo custo e, portanto, apresentam uma larga faixa de aplicações. Na indústria automobilística, por exemplo, existe uma tendência a substituição de componentes metálicos por termoplásticos – normalmente reforçados com fibras – em função da redução de massa e da facilidade de reciclagem. No Brasil, o consumo de termoplásticos aumentou gradativamente ao longo da última década. O consumo cresceu a uma taxa média de 3,6% ao ano e o número de empregados no setor aumentou 6,1% ao ano no período de 2000 a 2008. O setor alimentício, construção civil, embalagens, agrícola, utilidades domésticas, higiene e limpeza, calçados, eletroeletrônico, cosmético, automobilístico e brinquedos são, em ordem decrescente, os principais segmentos que demandam produtos termoplásticos (ABIPLAST, 2008; FERNANDES e DOMINGUES, 2007; MARKARIAN, 2007; SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Uma consequência do crescimento no segmento é a necessidade de produtos com especificações cada vez mais restritas além de formas mais atrativas ao consumidor. Esta realidade reflete diretamente na indústria de moldes para injeção de termoplásticos, a qual, segundo Mascarenhas (2002), é a responsável por 32% dos produtos termoplásticos produzidos no país. Especificações dimensionais mais estreitas normalmente limitam o número de ciclos ao qual o moldepara injeção é submetido antes de manutenção. Formas atrativas estão associadas às curvas e às superfícies complexas, ou seja, quando o raio de curvatura se altera ao decorrer da entidade, de maneira não uniforme. Nestes casos, cada ponto da geometria possui um raio de curvatura distinto e independente dos adjacentes. Estas curvas também não podem ser representadas simplesmente com entidades tais como círculos, raios e retas (SOUZA e ULBRICH, 2009; RADZEVICH, 2008). A realidade dos projetos de moldes para injeção de termoplásticos envolve a combinação de complexos componentes mecânicos, elétricos, pneumáticos e hidráulicos com o objetivo de atender aos requisitos dos produtos. Ainda, pequenas diferenças na forma do produto – tais como uma reentrância ou um furo lateral – podem promover significativa alteração do projeto. A quantidade, a taxa de produção e o material do componente injetado também têm forte influência na concepção do 2 molde de injeção. O projeto do molde é uma tarefa subjetiva e depende muito da experiência e da atualização tecnológica dos responsáveis. Outro desafio no segmento é a escassez de literatura confiável sobre metodologias de projeto de moldes para injeção de termoplásticos (JONES, 2008). O tempo de projeto e construção do molde de injeção é, em muitos casos, o fator preponderante para que uma ferramentaria – empresa responsável pelas etapas mencionadas – receba um pedido de compra, inclusive em relação ao preço. Uma forma de reduzir os esforços, evitar equívocos de projeto e, assim, minimizar o tempo de disponibilidade dos moldes de injeção no mercado é a integração da cadeia produtiva com programas de computadores. Especificamente na área do projeto, esta integração refere-se à utilização de programas CAD e CAE (Projeto Auxiliado por Computador e Engenharia Auxiliada por Computador, respectivamente). Em muitos países, a aproximação entre fornecedores de CAD e usuários já é realidade. No Brasil, as características do mercado são distintas. O setor de ferramentarias é muito pulverizado, pois, estima-se existirem mais de duas mil empresas do ramo. Dessas, muitas ainda estão na época de programas de CAD de duas dimensões e não demonstram tanta disposição para investir em soluções atualizadas. O projeto 3D pode proporcionar vantagens como: geração de vistas automáticas, alterações de projeto de forma mais simples, compartilhamento e integração de informações com demais áreas da empresa, além de um suporte adequado a utilização de curvas e de superfícies complexas (SANT’ANNA, 2009; SIQUEIRA, 2008). Os três principais centros do país para projetos e produção de moldes, matrizes e ferramentas direcionadas à indústria de transformação de termoplásticos são: a região do ABCD, no estado de São Paulo; o nordeste de Santa Catarina; e a região serrana do Rio Grande do Sul, nessa ordem. Em Santa Catarina, são 450 razões sociais e 3600 trabalhadores (DIHLMANN, 2009). Contudo, um reduzido número de ferramentarias tem infraestrutura para realizar projetos de moldes para termoplásticos, e informações da utilização de programas CAD para esta atividade são restritas. Diante deste contexto esta região torna-se um excelente campo para pesquisas e investigações, pela sua representatividade dentro deste universo das indústrias de moldes. 3 Dentro deste contexto o objetivo desta pesquisa é determinar como programas CAD são utilizados no projeto de moldes de injeção para termoplásticos na região nordeste de Santa Catarina. Como objetivos específicos, têm-se: a) Determinar os desafios da utilização de programas CAD 2D e 3D no projeto de molde para termoplásticos; b) Identificar as dificuldades envolvidas com a transição do projeto de molde em programas CAD 2D para 3D; c) Identificar a utilização de recursos exclusivos para projeto de molde para termoplásticos em programas CAD 3D. Esta dissertação está estruturada em cinco capítulos descritos a seguir. O primeiro capítulo apresenta a introdução, na qual se contextualiza o estudo representando o cenário da indústria de moldes de injeção de termoplásticos na região nordeste de Santa Catarina e as principais características da problemática que abrange o tema, os objetivos gerais, específicos e a organização do documento. O segundo capítulo trata-se de uma revisão bibliográfica na qual são apresentadas as principais tecnologias e ciências envolvidas na manufatura de moldes de injeção de termoplásticos, o estado da arte da tecnologia CAD e a relação com as atividades de projeto. No terceiro capítulo descrevem-se à metodologia aplicada nas etapas de desenvolvimento da pesquisa de campo, os critérios de avaliação, os procedimentos e os recursos empregados na execução desta atividade. O quarto capítulo apresenta os principais resultados e as discussões as quais foram comparadas ao referencial teórico da pesquisa apresentada anteriormente e finalizando este capítulo um comparativo entre o os métodos de modelamento manual versus modelamento com módulo de auxílio ao projeto. Na sequência apresentam-se as considerações finais da dissertação no quinto capítulo, destacando-se as conclusões finais do trabalho. Os aspectos importantes são evidenciados, além de sugestões para futuros trabalhos. Por fim são listadas as referências bibliográficas desta dissertação e ao final, encontram-se no apêndice as informações adicionais para documentação e esclarecimentos. 4 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Durante este capítulo apresentar-se-ão algumas considerações gerais sobre o processo de injeção de termoplásticos, moldes de injeção e particularmente sobre seu projeto, concepção e as questões que norteiam o seu desenvolvimento. 2.1 GENERALIDADES Para o projeto de moldes para injeção de termoplásticos normalmente é caracterizado por profissionais com larga experiência, tipicamente treinados durante anos em ambientes com demais profissionais com ampla dedicação à área de conhecimento. Referências sobre metodologias de projeto de moldes de injeção para termoplásticos são escassas, a área é caracterizada pelo empirismo e pelo senso de coerência. Estes atributos aumentam o tempo de desenvolvimento e têm implicações diretas nos prazos e custos finais do ferramental (MA, 2003 e TONG; CHU , 2005; TANG et al. 2006). O suporte de programas CAD pode auxiliar em muitas atividades desde a concepção ao detalhamento do ferramental, minimizando esforços e reduzindo o tempo de finalização do projeto. Além disso, promove a integração da cadeia produtiva, tanto com áreas de simulação e, principalmente, com a área de manufatura. O objetivo deste capítulo é discorrer sucintamente sobre o projeto de molde para termoplásticos e como variáveis geométricas, quantidade e taxa de produção além do material injetado têm influência na sua concepção. Suportado com estas informações, descreve-se recursos de programas CAD específicos para a atividade, com o propósito de minimizar o tempo e o custo do projeto, e consequentemente, de toda a cadeia produtiva. 2.2 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE INJEÇÃO DE TERMOPLÁSTICOS A injeção de termoplástico possibilita, em uma única operação, a confecção de produtos de formas complexas e com um processo amplamente automatizado. Além disso, produtos injetados podem ter os mais diferentes tamanhos, desde microcomponentes para instrumentos de alta precisão até pára-choques de veículos (STOECKHERT E MENNIG, 1998). 5 A injeção de termoplásticos é um processo intermitente e que segue um ciclo definido por quatro fases principais: preenchimento, recalque, resfriamento e extração. A fase de preenchimento inicia-se com o abastecimento do funil da injetora com o polímero e aditivos apropriados, os quais serão aquecidos e injetados no molde, conforme mostra a figura 2.1. Consequentemente,a cavidade, a qual define a geometria do produto, é preenchida com o polímero no estado viscoso. Após o preenchimento da cavidade, começa a fase do recalque, na qual é aplicada uma quantidade adicional de polímero na cavidade, também no estado viscoso e sob pressão, com o objetivo de compensar a contração durante a solidificação. Esta fase é seguida pelo resfriamento, na qual a cavidade é refrigerada até que o produto injetado tenha rigidez suficiente para ser removido. Finalmente, a última fase do processo é a extração, quando o molde é aberto e o produto é extraído da cavidade. Assim o molde pode ser fechado e inicia-se um novo ciclo (TANG et al, 2006; MANRICH, 2005). Figura 2.1 - Injeção do material plástico no molde Fonte: Adaptado de Shoemaker (2006). O processo de injeção de termoplásticos é uma combinação de variáveis de tempo, temperatura e pressão. Segundo Jones (2008), torna-se improvável a realização de um projeto de molde eficiente sem conhecimento em quatro áreas principais: materiais termoplásticos, processos de injeção, técnicas de manufatura do ferramental e funcionamento das máquinas-ferramenta para injeção. Apenas para fornecer uma idéia da dificuldade do projeto de moldes para injeção, 6 comercialmente, existem mais de mil diferentes classes de materiais termoplásticos com uma ampla variedade de características de processamento (TADMOR e GOGOS, 2006). 2.3 CONCEPÇÃO E PROJETO DE MOLDES PARA TERMOPLÁSTICOS Como em qualquer outra área de desenvolvimento de projeto, os requisitos para permanência das empresas no mercado são a melhorias contínuas nos processos, aumentos da eficiência, produtos e serviços de qualidade e redução do tempo de projeto e processo do produto. O tempo de produção de um ferramental completo é um dos desafios da área moldes de injeção. Segundo Dihlmann (2009), o molde de um painel de um automóvel, por exemplo, precisa ser encomendado com um ano de antecedência. A concepção do projeto de moldes para injeção de termoplásticos é fortemente influenciável pelas características geométricas do produto e também pela produção estimada. Segundo Jones (2008), produtos com tolerâncias estreitas requerem uma maior atenção na definição da quantidade de peças a serem produzidas. Em geral, quanto maior o número de cavidades, menor vai ser o controle geométrico do produto final. Essas variações ocorreram por aumento demasiado na pressão, temperatura, canais de alimentação entre outros. Muitas vezes a quantidade estimada de produtos são maiores que as possíveis, apenas para atrair o possível cliente. Todas as informações devem ser criteriosamente estudadas, pois por intermédio dessas definições será realizada a escolha do tipo de molde necessário. Os moldes de injeção estão aqui relacionados de acordo com a norma DIN E1670, com a seguinte denominação “Moldes de Injeção e Compressão de Componentes”. Com as suas nomenclaturas de: molde de duas placas, moldes de três placas ou placa flutuante, molde com partes móveis, moldes com canal quente, moldes sanduíche e moldes com núcleo rotativo. CENTIMFE (2003) e GASTROW (1990). Segundo Jones (2008), os moldes de duas placas são mais simples, compostos da parte móvel e da fixa, e são os mais utilizados. A placa com as cavidades é presa, ao lado fixo da máquina injetora e a outra com os machos, ao lado móvel. Podem ser utilizados todos os tipos de entrada. É conveniente para 7 injetar grandes áreas, promove facilidade de desenvolvimento, custo mais baixo comparado com os outros tipos de moldes. Durante a etapa de projeto deve ser analisada toda a possibilidade de utilização do molde de duas placas, antes de serem considerados outros projetos mais complexos. A figura 2.2 mostra a estrutura básica do molde nas quais os componentes estão representados na sua estrutura de montagem. Figura 2.2 - Estrutura Básica do Molde de Injeção Fonte: Adaptado de Harada (2004). Os moldes de três placas, além das tradicionais placas fixas e móveis, apresentam uma terceira placa central também conhecida como flutuante. Esta placa tem como função separar o canal de distribuição do componente injetado e consequentemente não necessita da etapa posterior de retirada do canal de alimentação do componente injetado. Este tipo de molde é utilizado para componentes com necessidades de múltiplos pontos de injeção, auxiliando o equilíbrio do fluxo. Como desvantagem, destaca-se o maior custo de produção e maior manutenção quando comparado ao molde de duas placas. Este tipo de molde não é indicado para componentes de grandes dimensões devido à necessidade de um maior curso de abertura do molde. A figura 2.3 mostra um exemplo de molde de 8 três placas, onde se percebe os canais de alimentação separado do produto pela placa intermediaria, (HARADA, 2004; JONES, 2008). Figura 2.3 - Moldes de três placas Fonte: Provenza (1993). Além dos tipos de moldes existentes e relacionados anteriormente, existem dispositivos auxiliares que contribuem no projeto e fabricação dos moldes de injeção de termoplásticos, possibilitando alguns tipos de peças de serem produzidas por este processo. Moldes com sistemas auxiliares de gavetas são utilizados quando possuem componentes que se movimentam em direções diferentes da abertura do molde. São aplicados quando há reentrâncias e cavidades nas peças a serem moldadas dificultando a extração do produto da cavidade. Um exemplo de moldes com partes móveis é apresentado na figura 2.4. As setas indicam o sentido de abertura das gavetas. Como vantagem principal pode-se obter geometrias com variados detalhes (reentrâncias ou rebaixos). Já o custo de manutenção mais elevado é uma desvantagem quando comparado com molde de duas ou três placas que não possuem este dispositivo (PROVENZA, 1993). 9 Figura 2.4 - Moldes com partes móveis Fonte: Adaptado de Sacchelli (2007). Os moldes com dispositivo auxiliar de extração por núcleo rotativo são utilizados para componentes injetados que possuem regiões com roscas. O movimento rotativo do macho forma a rosca pretendida no produto conforme mostra no detalhe da figura 2.5 A. Depois, no detalhe B, o macho realiza um movimento de rotação contrária liberando o produto. Os sistemas de acionamentos utilizados são do tipo de cremalheira ou engrenagens planetário (PROVENZA, 1993). Figura 2.5 - Moldes com núcleo rotativo Fonte: Adaptado de Provenza (1993). Contudo, além dos tipos de moldes e dispositivos auxiliares registrados anteriormente, é importante comentar sobre os componentes funcionais e de suporte. Conforme Altan (apud OLIVEIRA, 2007, p. 05), os componentes funcionais 10 são os que fazem parte das cavidades e insertos de um molde. Estes estão relacionados diretamente com as formas dos produtos a serem produzidos. Com isso quanto mais complexa a geometria do produto a ser injetado, maior será o tempo dedicado a estes componentes. Já os componentes de suporte são os que auxiliam e asseguram o perfeito funcionamento e montagem do mecanismo de injeção, alinhamento, aquecimento e resfriamento do molde, podendo estes serem produzidos por componentes padronizados. Portanto o tempo de fabricação de um molde é concentrado principalmente no projeto e fabricação dos componentes funcionais. Sobre as fases que compõe o projeto do molde de injeção, vários autores têm proposto modelos para orientação, conforme observado na tabela 2.1. Entretanto, de acordo com Sacchelli (2007), não existe convergência sobre as fases que devem ser seguidas no desenvolvimento do projeto de moldes de injeção de termoplásticos. Tabela 2.1 - Atividades propostas para as fases do projeto. Fonte: Sacchelli (2007).11 Sacchelli (2007) propõe um modelo de referência sistematizado para desenvolvimento integrado de moldes de injeção de termoplásticos. A estrutura sugerida relaciona as etapas desenvolvidas durante a execução do projeto do molde, distribuídas através do projeto informacional, conceitual, preliminar e o detalhamento. A figura 2.6 representa o fluxograma das atividades desenvolvidas nas fases de projeto. Durante a etapa do projeto informacional são analisadas as necessidades do cliente, identificando características do produto e da máquina de injeção. Nesta etapa ainda estão adicionadas a inspeção e análises de projetos similares, estabelecendo as especificações de projeto (número de cavidades, tipo de molde entre outros). Na sequência, tem-se a fase conceitual com a definição da linha de partição, os sistemas e o leiaute das cavidades. A fase do projeto preliminar é caracterizada pela realização do projeto dos sistemas - alimentação, refrigeração, extração e saída de gases. Complementando este ciclo de atividades, encontra-se a etapa de detalhamento, ocorrendo às distribuições das projeções - vistas, cortes, secções, das cavidades e demais sistemas e componentes. Figura 2.6 - Fluxo das atividades relacionadas com o projeto do molde Fonte: Adaptado de Sacchelli (2007) 12 2.4 DESAFIOS DO PROJETO DE MOLDES PARA INJEÇÃO No segmento da indústria de moldes de injeção tornou-se necessário acompanhar a evolução do mercado, no qual, o tempo de entrada do produto com redução nas etapas de desenvolvimento são requisitos fundamentais para a sobrevivência dessas empresas – denominadas ferramentarias. A redução do tempo para a etapa de projeto tem se tornado maior desafio (THERRIEN, 2009). Com o objetivo de minimizar o tempo de desenvolvimento no segmento de moldes de injeção, Kimura et al. (2004) e Nakao et al. (2002) descrevem metodologias aplicadas em casos reais, no projeto e na manufatura de moldes de injeção, para aparelhos de telefones celulares. Entre as atividades propostas estão: a) métodos para rápida e eficiente recuperação de soluções técnicas aplicadas em projetos anteriores; b) padronização de etapas do projeto; c) automatização de atividades de detalhamento de projetos e minimização do tempo demandado em atividades inter-relacionadas por problemas de comunicação. Os resultados foram avaliados na complexidade da real aplicação industrial, e mostrou uma redução substancial do tempo para levar o molde a produção. A aplicação do processo baseado na decisão relacionados ao projeto reduziu em torno de 9% o número de operações nessa etapa. Desafios técnicos também demandam novos conceitos e quebras de paradigmas no projeto, manufatura e processamento na injeção de termoplásticos. Um exemplo é a espessura de parede cada vez menor nos produtos. Por um lado, a utilização de menores espessuras nos produtos promove vantagens significativas como economia de material, redução nos custos de produção e na massa do produto. Entretanto, sob o ponto de vista de processo, a redução da espessura da parede do produto resulta em uma maior dificuldade de preenchimento da cavidade. Esta dificuldade está relacionada à solidificação de uma parte do termoplástico, o qual faz o primeiro contato com a superfície da cavidade, e restringe a passagem do restante do material, ainda no estado viscoso, o qual deve preencher as demais regiões da cavidade. Este fato promove maiores taxas de cisalhamento no material injetado e, consequentemente, elevadas tensões na peça (SONG ET AL., 2007). Spina (2004) descreve que a produção de produtos com paredes finas requer elevadas pressões de injeção e força de fechamento do molde, fatores que tornam processamento ainda mais difícil. Além disso, múltiplos pontos de injeção são 13 necessários para processamento de produtos com paredes finas e formas complexas. A presença de múltiplos pontos de injeção promove, em consequência, o surgimento de linhas de soldagem no produto. Atribui-se às linhas de soldagem a redução da resistência mecânica e o incremento das tensões residuais. Diante das referidas dificuldades, Javierre et al. (2006) descreve que o projeto do sistema de alimentação deve ser alterado. Ao contrário dos tradicionais canais de alimentação “frios”, deve-se utilizar canais de alimentação “quentes”. Neste sistema, o termoplástico circula em sistemas de alimentação aquecidos – interna ou externamente – de tal modo que a redução de temperatura não se torne significativa para o processo. Este sistema é mais dispendioso e complexo do que os canais de alimentação frios, mas promove as seguintes vantagens: a) eliminação da variação de temperatura no canal de alimentação; b) queda de pressão no sistema de alimentação é baixa; c) maior liberdade para a localização de pontos de injeção; d) eliminação de resíduos de materiais provenientes de canais de alimentação. Entretanto, mesmo com o sistema de alimentação com canais “quentes”, o material injetado circula livremente para o preenchimento da cavidade. O fluxo de material no preenchimento da cavidade pode tornar-se turbulento e promover características indesejadas no produto. Como alternativa, pode-se modificar os bocais de injeção com a introdução de válvulas e obstruções. Com a utilização de um sistema de controle, o fluxo de material na cavidade pode ser controlado utilizando a abertura e fechamento das válvulas ao longo do ciclo de injeção. O principal objetivo deste recurso é a eliminação de linhas de soldagem e a geração de fluxo unidirecional durante o preenchimento. A figura 2.7 representa os sistemas de injeção convencional e o sequencial. Na representação da figura superior observa- se que na região do ponto de injeção o preenchimento é radial, este tipo de situação pode causar o empenamento da peça. Os pontos centrais terminam seu preenchimento antes das extremidades, a um encontro de fluxo causando linha de solda no produto. Observa-se na figura 2.7 (inferior) o padrão de injeção é sequêncial, verifica-se que o preenchimento é linear, eliminando o defeito de empenamento. Neste processo não há colisão de fluxo, eliminando os defeitos de linha de solda. 14 Figura 2.7 - Sistema de injeção convencional (superior) e sequênciada (inferior) Fonte: Javierre et al. (2005). A determinação da forma dos canais de alimentação e pontos de injeção são outros elementos para otimização no projeto, principalmente nos moldes com canais de alimentação “frios”. O comprimento e o diâmetro do canal devem ser mantidos nos valores mínimos possíveis de forma economizar material injetado. Entretanto, a determinação deste valor mínimo deve considerar a queda de pressão de injeção na cavidade e taxa de resfriamento de modo evitar a solidificação no canal. Valores padronizados em função da espessura de parede média da peça são utilizados para dimensionamento do diâmetro do canal. Novamente, a adoção destes valores está baseada em conhecimento empírico e com grande possibilidade de dimensionamento excessivo. Por outro lado, a função do ponto de injeção é permitir que o material injetado entre na cavidade e evite que o componente não tenha rebarbas e defeitos superficiais advindos do fluxo. A dificuldade no caso do ponto de injeção é a determinação da melhor localização em relação à geometria da peça. Fatores como a eliminação de “jatos diretos” (quando o polímero no estado viscoso não entra em contato com as paredes e consequentemente vai para o fundo da cavidade formando defeitos), marcas de injeção na peça, pontos de separação de fluxo e linhas de solda na peça devem ser considerados (MANRICH, 2005). Simulações do fluxo de material na cavidade normalmente promovem uma ideia do comportamento diante de diferentes configurações. 15 2.5 SISTEMA CAD NO PROJETO DO MOLDEO projeto e fabricação de moldes de injeção é um processo oneroso muitas vezes determinado pelo empirismo, incluindo alterações repetidas do ferramental. Para alterar esta situação tem-se procurado apoio aos programas CAD, para aprimoramento do processo (TANG et al, 2006). De acordo com Isaza (2008) e Silva (2001), muitas ferramentas de complemento – CAE e CAM, não são perfeitamente interligadas ao CAD. Com isso, a implantação acarreta uma dispendiosa transferência de dados, fato que ocasiona muitas vezes erros, os quais comprometem a fabricação do produto final. O uso interligado dessas tecnologias com um perfeito sincronismo é de vital importância para seu bom funcionamento, evitando desta forma atrasos e gastos associados aos retrabalhos no desenvolvimento de moldes. Os sistemas CAE, utilizados no auxílio de projetos de moldes de injeção, reduzem consideravelmente eventuais erros que podem ocorrer durante o preenchimento das cavidades dos moldes de injeção (PINTO, 2002). Para a realização desta simulação a presença do modelo CAD 3D da peça injetada, auxiliará neste desenvolvimento. Como exemplo desta aplicação, Mascarenhas et al. (2003) analisa alguns problemas que possam ocorrer durante o preenchimento da cavidade do molde. A figura 2.8 ilustra uma análise de preenchimento, destacando um defeito de linha de solda na peça. Este defeito sugere que o ponto de injeção não está localizado em um local que possa comprometer a qualidade do produto. Figura 2.8 - Modelo 3D destacando linha de solda Fonte: Adaptado de Mascarenhas et al (2003). 16 O exemplo apresentado na figura 2.8 evidencia a vantagem de utilizar o modelamento no sistema CAD 3D, já que com sistema CAD 2D não há possibilidade de fazer essa simulação, pelo fato do mesmo não possuir as características de volume e massa na sua estrutura. Segundo Penna (2008, p. 125), um dos recursos importantes disponíveis em alguns programas CAD, e que contribuem para o projeto e manufatura dos moldes de injeção, é a possibilidade de comparação de geometrias geradas por ele com as importadas por máquinas e equipamentos de medição 3D. Isto permite, por exemplo, que se tenha um controle dimensional dos moldes. Devido ao elevado custo de produção é importante que cada fase da sua produção seja detalhadamente controlada. Com este recurso de comparação de geometrias há possibilidade de verificar se o molde que esta sendo manufaturado está conforme as especificações e tolerâncias requeridas no projeto. Diante dessas informações percebe-se a importância de um modelamento 3D e o uso desta tecnologia dentro do processo produtivo. Já os programas CAD 2D, conforme Pahl (2005), têm por características utilizarem combinações de elementos simples tais como pontos, linhas e circunferências. Estes programas são os pioneiros na era CAD e conhecidos por não terem nenhuma associatividade entres as vistas construídas. Por exemplo, qualquer alteração feita em umas das vistas do desenho técnico não haverá alteração automática nas demais vistas. Contudo, estes programas têm sido utilizados na elaboração de desenhos de circuitos, projetos de circuitos integrados e diagramas nos quais não há necessidade de informações volumétricas. Segundo Foggiatto et al. (2008), os programas CAD 2D foram projetados para suprir a deficiência que existia no desenho manual que era um processo moroso e de difícil reaproveitamento de dados. Este sistema vem sendo utilizado ainda nos dias de hoje, muitas vezes de forma errônea, tendo uma abordagem similar ao processo manual. A figura 2.9 representa um desenho 2D formado por linhas e não há uma associação entre elas, características dos desenhos 2D. Realizada uma alteração na peça na medida de 60 que passa para 50, o que promove a necessidade de modificar os elementos de forma individual por não haver uma associatividade entre eles. 17 Figura 2.9 - Desenho 2D sem associatividade Segundo Souza e Ulbrich (2009), os programas CAD podem ser classificados em função da sua possibilidade de aplicação, sendo de cunho tecnológico e de grande valia para entendimento desta tecnologia: a) programa CAD de pequeno porte são mais específicos para uso em representações geométricas em 2D não necessitando a comunicação com outro sistema Cax, podendo citar CAM (Computer Aided Engineering), CAI (Computer Aided Inspection). As geometrias criadas por esta classe são de baixa ordem: círculos, retas, raios devido sua simplicidade matemática para representação. É um programa que depende muito da habilidade do usuário, utilizado como uma prancheta eletrônica. b) programa CAD de médio porte entre suas principais características é a realização de geometrias em três dimensões (perspectivas). Esta classe de programa permite obter informações objetos como: volume, massa, centro de gravidade. Possibilidade de comunicação com outros programas e geração de sistema de engenharia em 2D (vistas), diretamente do modelo 3D. Podem-se considerar umas das classes que mais tem se desenvolvido nos últimos tempos, segundo os autores. São programas independentes de outros módulos e que permitem a comunicação com outros programas Cax. Como um exemplo desta integração tem-se a conversão do modelamento 3D para o CAM, gerando as trajetórias para a usinagem em máquinas CNC. Este sistema dependendo do seu desenvolvimento pode possuir características de modelamento paramétrico e associativo. c) programa CAD de grande porte são os programas mais robustos e englobam todos os recursos dos dois programas anteriores. São desenvolvidos por grandes corporações, em geral estes programas são compostos por vários módulos que envolvem CAD, CAM, CAI, 18 CAE enfim a cadeia Cax. Outra característica importante deste programa é o recurso de modelamento híbrido. Permite o uso da técnica de modelamento em sólidos ou superfícies no mesmo ambiente proporcionando uma maior versatilidade durante esta etapa de projeto. Os programas CAD 3D surgiram com a necessidade de suprir as deficiências nos programas 2D devido à grande similaridade com a metodologia utilizadas no processo manual. A forma na concepção do projeto mudou relativamente, necessitando das empresas um investimento em treinamento e equipamento. No entanto, a versatilidade do modelamento 3D traz alguns benefícios: visualização e rotação do projeto, criação de famílias de peças, detecção de colisão e interferências, modelamento de movimento e animação, cálculos de propriedades de massa e volume, suporte à análise pelo método de elementos finitos e suporte a geração de trajetórias de ferramentas para máquina CNC (FOGGIATTO, et al. 2008) e (SOLIDWORKS CORPORATION, 2006). Como acontece em todas as novas situações e transformações, não é diferente no meio tecnológico. Normalmente as mudanças de programas CAD nas ferramentarias, também podem trazer certos desconfortos que precisam ser superados no decorrer do processo. Para Galvão (2007, p. 20) é aceitável que a desconfiança surja sempre que existe uma abordagem a uma nova tecnologia, pois a sua introdução implica sempre mudança, quer na organização ou entre os processos de produção. Contudo, esta mudança de paradigmas tem que existir, para competir de forma eficaz no mercado atual da indústria de moldes de injeção, tanto no âmbito nacional como internacional. Para tanto é imprescindível utilizar todos os recursos disponíveis de tecnologia, ou seja, os recursos atuais de suporte à fabricação (toda cadeia CAD/CAE/CAM/CNC/CAI). A utilização da ferramenta CAD 3D pode agilizar o processo de fabricação tanto do produto como o ferramental. No programa CAD 2D há uma dificuldade de visualização, os projetos são modificados e reinterpretados durante a etapa de concepção do produto. Entretanto, na execução do projeto CAD 3D, os projetistase engenheiros podem após o modelamento gerar as vistas de formas bem mais simplificada. E estas ajudarão na documentação do projeto ao longo de sua criação (CHANG, et al, 2006) e (SCHMITZ, 2008). 19 Segundo Galvão (2007), os benefícios da implantação do projeto CAD 3D ultrapassam o próprio projeto, interferindo na concepção final do produto, como descreve a seguir: a) Placas 3D: o processo de furação deixa de ser manual ocupando um elemento humano e passa a ser automatizado em máquinas CNC; b) Redução progressiva do desenho em papel pela criação de uma única base de dados, evitando o uso de cópias desatualizadas durante o processo de produção; c) Postos de consulta e controle: os terminais visualizadores possibilitam o acesso às informações do molde, sem investimento adicional, uma vez que a maioria dos programas CAD traz consigo estes recursos. d) Projetar e modelar para a fabricação: agilidade no processo de fabricação do molde. A verdadeira vantagem do projeto de molde CAD 3D só é verificada após o reajuste e adaptação dos processos restantes de fabricação, de forma a potencializar, ao máximo, a modelamento tridimensional (3D) de todos os componentes do molde (GALVÃO, 2007) A utilização de bibliotecas interligadas com todo o processo de fabricação de moldes tem resultado numa redução significativa de tempo de produção. Esse gerenciamento pode ser feito por programas auxiliares ao modelador padrão (programas para fabricação) (KONG et al., 2003). O recurso de criação de bibliotecas “on-line” agiliza e economiza de maneira muito significativa a criação de projetos 3D, baseados em padrões e normas industriais ou em catálogos de fabricantes. A parametrização é outro fator importante neste processo de fabricação. Ao alterar qualquer peça de uma série de produtos amarrados ao mesmo projeto, automaticamente terão suas medidas ou formas ajustadas (SCHMITZ, 2008). As vantagens do uso do sistema CAD 3D, em comparação ao sistema CAD 2D, conforme Galvão (2007) e Schmitz (2008) são relatadas a seguir: a) Agilidade no processo de alteração de projeto: Os programas de modelamento (3D), na sua maioria, oferecem uma associação paramétrica, que permite que todos os componentes de projetos que fazem parte de qualquer interferência estejam relacionados. No momento em que é realizada uma alteração em qualquer componente, será 20 automaticamente alterada em todos os componentes associados. O uso do projeto parametrizado tem sido utilizado pelas indústrias de moldes para a projeção de formas complexas, auxiliando nos pedidos de alterações de engenharia. A parametrização funciona como uma planilha numérica, ao armazenar as associações entre os componentes de projetos e tratá-los como equações matemáticas. Portanto, ao fazer qualquer alteração, o sistema automaticamente executa de maneira muito semelhante a uma planilha que recalcula qualquer alteração numérica; b) Automatização do desenho (criação de vistas e seções, listas de peças): Diminui a necessidade de detalhar e cotar os desenhos a 2D, pois todos os componentes do molde podem ser executados em 3D (quantas vezes acontece que um molde já está em fase de acabamento e ainda estão finalizando desenho 2D, para efeito de documentação); c) Visualização e rotação do projeto: o entendimento de um desenho 3D se torna mais lógico devido a possibilidade de manipulação e visualização do componente ou montagem; d) Criação de famílias de peças: o uso de bibliotecas ajuda no desenvolvimento do projeto do molde, juntamente com a utilização de componentes padrões; e) Dimensionamento e cálculos: analisar possíveis colisões e interferências através de movimento e animação. Cálculos de propriedades de massa, volume e análise de elementos finitos, podendo verificar possíveis pontos de fragilidade no produto ou no molde; f) Capacidade de gerar caminhos de máquina CNC: a redução de tempos na fase de programação CNC. A vantagem de visualização também é comentada por Korn (2006) e Siqueira (2008). Para auxiliar na visualização do programa projeto CAD 3D, as empresas podem fazer uso do formato “Portable Document Format” (PDF). Estes programas são fornecidos pela empresa Adobe Systems Incorporated. A partir da versão 7.07 pode-se ter a visualização de um arquivo CAD 3D, com a extensão PDF. Com este recurso, clientes podem ter em seus computadores detalhes de seus projetos em 3D, sem a necessidade dos programas CAD de origem. As trocas de informações nas fases iniciais de concepção do molde podem ser de grande ajuda para evitar erros futuros. O repasse ao cliente de informações pode ser realizado via internet, 21 através de comentários incluídos nos próprios arquivos PDF. A facilidade de visualização em 3D pelo cliente para o entendimento de detalhes do projeto é um fator importante a ser observado. O criador deste arquivo PDF, pode ter o controle de informações como: ferramentas de medir, transparência para visualizar montagens internas, utilização de comentários em forma de notas, data de validade e visualização rotacionada. Com este último recurso permite-se analisar o produto de qualquer ângulo, facilitando qualquer posição de verificação de detalhes. A agilidade de alterações e correções sugeridas pelo cliente torna-se muito mais eficientes. Para empresas fabricantes de moldes de injeção que trabalham no sistema CAD 2D, há vários motivos importantes a serem considerados para que optem por fazer a execução do projeto utilizando os programas CAD 3D. O projeto do molde para peças com geometrias complexas em programas 2D, exige um tempo relativamente maior quando comparado com o sistema 3D. Muitas vezes torna-se quase que impossível a sua realização devido à complexidade do produto. Outro fator determinante, principalmente quando se fala em retrabalho, é a associatividade e parametrização. Uma das características importantes do projeto no programa CAD 3D á associatividade bidimensional e a parametrização. Na primeira tem-se a característica que todos os elementos de um modelo estejam associados ou conectados. O mesmo ocorre no projeto parametrizado, armazenando todas as características e dimensões como parâmetros de projetos. Desta forma, ocorre uma maior flexibilidade em uma eventual alteração durante a etapa de desenvolvimento do molde. Com essas características citadas anteriormente as alterações serão mais rápidas e precisas (SOLIDWORKS CORPORATION, 2006). 2.5.1 Práticas de modelamento em sistema CAD 3D Segundo Galvão (2007), podem ser analisadas principalmente três práticas de modelamento utilizando os programas CAD 3D, aplicadas nas indústrias de moldes (superfície, sólido e híbrido). As escolhas destas práticas dependem da habilidade do usuário, complexidade e forma da peça e também liberdade de criação. As empresas devem realizar uma avaliação sobre as características dos programas para a sua utilização. Outro fator importante, e merece uma atenção especial, é a necessidade de flexibilidade imposta pelas próprias características dos 22 moldes e diversidade de modelos do cliente. Estas práticas de modelamento 3D descreve-se a seguir. O modelamento geométrico da peça através de superfície utiliza formulações matemáticas que permitem uma criação livre, exigidas nas formas complexas. Como exemplo de modelamento de superfícies pode ser analisado a figura 2.10, que possui curvas complexas, indicadas neste tipo de modelamento. De acordo com Rutkauskas (2005), este tipo de modelamento geralmente não é paramétrico, ou seja, conforme definido anteriormente, não é possível alterar a peça apenas modificando um parâmetro ou uma determinada dimensão da peça. As geometrias criadas em um modelador de superfície não possuem espessura (a geometria é uma casca). Com estas característicasobjetos modelados com estas técnicas, podem ser fechados, mas em seu interior não há informações matemáticas. Diante dessa situação, durante o modelamento podem ocorrer erros ao serem analisados com outras peças ao seu redor, pelo fato da não possuírem informações internas (SOUZA e ULBRICH, 2009; RUTKAUSKAS, 2005). Figura 2.10 – Modelamento por superfície Fonte: Rutkauskas (2005). A técnica de modelamento sólido é representada principalmente por duas técnicas: CSG (Constructive Solid Geometry) e a B-Rep (Boudary Representation). A representação interna de um objeto sólido é normalmente utilizada para classificar o programa, é através desta que ocorre o armazenamento do modelo (SILVA, 2006). 23 A técnica de modelamento por CSG, é caracterizada pela construção do objeto sólido por elementos primitivos (cilindros, cones, esferas, blocos e outros) com a utilização das operações booleanas (adição, subtração e intersecção entre os objetos). Durante o modelamento com esta técnica a um registro dessas operações realizadas através da árvore de construção (histórico de criação). Esta estrutura criada durante esta etapa auxilia em caso de alteração, pode-se retornar a uma etapa anterior de modelamento, alterando alguma operação (FOGGIATTO et al., 2008; LEE, 1999). Na representação B-Rep, o modelamento ocorre através das superfícies que o delimita (fronteira), que são formadas por: vértices, pontos que representam vértices, arestas composta de dois ou mais vértices, faces e outros. O programa realiza um procedimento, interno para validar as entidades geométricas, formando o modelo. Desta forma esta técnica possui mais informações se comparado ao modelamento CSG, permitindo maior flexibilidade quanto à forma do modelo a ser projetado. Contudo este modelamento requer um banco de dados com uma maior capacidade (SOUZA e ULBRICH, 2009; SILVA, 2006). Para representar algumas características dos modeladores de superfícies e sólidos, Silva (2006), apresenta alguns comparativos conforme tabela 2.2. Tabela 2.2 – Comparativo entre modelagem de superfície e de sólidos. Modelagem de superfícies Modelagem de sólido Mais flexível no modelamento de geometrias complexas (manipulação dos pontos de controle) Facilidade do manuseio /aprendizagem Capacidade de modelagem interativa Parametrização e associatividade dos modelos Rápida criação e atualização de componentes complexos Rápida criação e atualização de montagens (assemblies) Excelentes para criação estética e ergonômica de modelos complexos Excelentes para criação de modelos funcionais Fonte: Adaptado de Silva (2006) O modelamento híbrido apresenta características comuns dos modeladores de sólidos e de superfícies. Segundo Souza (2004) programas híbridas possuem como principal característica a utilização de complexos algoritmos matemáticos, possibilitando usufruir os recursos das duas classes de programas. 24 Devido à necessidade de se criar produtos com formas complexas, os programas CAD utilizando as técnicas dos modeladores híbridos são os mais empregados no setor de moldes, os quais associam a facilidade e a rapidez do modelamento sólida à flexibilidade das superfícies (GALVÃO, 2007). Segundo Rutkauskas (2005), este tipo de modelamento é aplicado no projeto na indústria automotiva e permite que alterações sejam realizadas com destreza. Segundo o autor o uso do modelamento híbrido se justifica em peças com geometrias que alternem estas formas complexas, como na indústria automobilística, aeroespacial, linha de produtos eletrônicos, eletrodomésticos. Tendo como o uso desta tecnologia na aplicação de projetos de moldes, pelo fato do mesmo ter alguns produtos com formas complexas na sua geometria. Esta tecnologia permite a combinação dos dois programas e flexibilidade de formas, devido à superfície neste sistema ter ao seu lado a integridade da parametrização. Sendo que esta situação não é possível utilizando unicamente a técnica do modelamento por superfície. A Figura 2.11 representa um modelo simplificado de molde de injeção destacando a parte da cavidade e o produto, Estas situações geralmente são exigidas das formas complexas. Figura: 2.11 - Molde de injeção simplificado Com o aprimoramento dos programas CAD, Rutkauskas (2005) afirma que as práticas de modelamento por sólido e modelamento híbrido têm sido utilizadas com uma determinada frequência para peças da linha automotiva, por permitir uma maior interação com o modelo. Outro fato importante é a parametrização geométrica, tendo em vista que está prática poderá ajudar em um reaproveitamento do modelo geométrico. 25 2.5.2 Recursos nos programas CAD 3D para projeto de moldes As empresas que desenvolvem os programas CAD 3D, tratam os recursos tecnológicos para aplicação no projeto do molde como sendo módulo de auxílio ao projeto. A seguir serão apresentados algumas características destes módulos e seus desenvolvedores. Segundo a IBM (2010), empresa desenvolvedora do programa CAD Catia, afirma que os recursos de auxílio ao projeto de molde aceleram esta etapa de desenvolvimento do molde. O ponto de partida do projeto está no modelo do produto, podendo este ser importado de outro programa CAD. Neste momento a empresa não cita informações pertinentes com a transferência de dados e qual é o comportamento com a incompatibilidade destas operações. Critérios de projetos como a moldabilidade do produto são analisados e auxílio a definição da linha de partição e direção de extração do produto é realizada com orientação de cores para as cavidades. A criação do macho e cavidade é realizada através da geometria do produto, registrando o fato do dimensionamento através da contração do material. De acordo com a empresa, outro procedimento para promover ganhos na etapa de projeto do molde é a utilização de componentes padronizados. A utilização de base padrão através de catálogo com relação aos principais padrões de mercado (DME, EOC, HASCO, RABOURDIN, MISUMI, PEDROTTI entre outros). O modelo padrão definido como “Mold Base” permite o gerenciamento pelo projetista dessas atividades, exemplificando a remoção de determinada associação entre determinado parâmetro (alteração da espessura do núcleo). Neste caso, também não há uma explicação detalhada de como ocorre esta atualização do projeto, mais é um dado importante para o ganho em produtividade. Este padrão suporta alojamento dos principais sistemas (canais, macho/cavidade, extratores e etc) e componentes (pinos, buchas, anéis, colunas e etc). Todos estes itens estão associados aos principias padrões como já citados anteriormente. Conforme a PTC (2010), empresa responsável pelo desenvolvimento do programa CAD “Pro-Engineer”, que utiliza como módulo de auxílio ao projeto do molde de injeção denominado “CoCreate Mold Base” com o objetivo de reduzir as tarefas repetitivas durante esta etapa de desenvolvimento do molde. A identificação do tamanho ideal da base do molde é um exemplo citado desta padronização, analisando como referência as dimensões do núcleo do molde (macho/cavidade). 26 Outro ponto é inserção de componentes de acordo com definições e orientações de catálogos para o posicionamento com visualização prévia. Esses componentes (como pinos, buchas, conexões, colunas, extratores etc.) são associados às placas do molde e sistemas (refrigeração, extração e mecanismo) ocorrendo mudanças no projeto a atualização ocorre de forma semi-automático, descreve a empresa. Estas mudanças são fatores determinantes para reduzir o tempo de desenvolvimento do projeto. No entanto, não há maiores informações como ocorre esta atualização. De acordo com informações, há flexibilidade para adicionar componentes conforme necessidade do cliente com padrõescomerciais (DME, HASCO, RABURDIN, FUTABA, EOC, PEDROTTI, MISUMI entre outros). Complementando estas informações de apoio ao projeto do molde, descreve-se sobre a construção do sistema de refrigeração com base no 3D, porém não há mais detalhes sobre este procedimento. É importante ressaltar que o sistema de refrigeração está diretamente ligada ao núcleo do molde, e ocorrendo qualquer alteração nesta região afetará este sistema, sendo importante o mesmo ser associativo. Para o desenvolvimento do projeto do molde, a ferramenta de auxílio no programa CAD “Solid Edge” é o “Mold Tooling”. Esta inicia com o modelo da peça e aplicação de fator de contração para o dimensionamento das cavidades e macho no núcleo do molde. É importante ressaltar que informações deste dimensionamento são relacionadas ao material no qual o produto será produzido de acordo com as especificações. Conforme se descreve, a criação da linha de separação é realizada de forma automática através da análise do produto e separação do núcleo (macho e cavidade). O bloco deste núcleo é automaticamente definido proporcionalmente ao tamanho da parte física (produto). As bases do molde e os componentes suportam algumas normas internacionais tais como: DME, Futaba, LKM, Misumi, Pedrotti, Rabourdin e outros. A figura 2.12 representa caixa de escolha da base do molde a ser selecionada (SIEMENS, 2010). 27 Figura 2.12 – Representação dos tipos de base de molde Fonte: SIEMENS (2010). Após a escolha do molde base, os componentes de suporte podem ser escolhidos através de catálogos eletrônicos, como mostra a figura 2.13. Exemplos são: parafusos, pinos injetores, colunas, buchas entre outros. Figura 2.13 - Pinos injetores padrões Fonte: SIEMENS (2010). 28 Outro componente importante no projeto do molde são os eletrodos, necessários para a fabricação de componentes complexos no molde de injeção. Segundo a empresa desenvolvedora do programa CAD Solid Edge, o desenho do eletrodo sendo associativo ao molde, há um ganho no desenvolvimento do projeto. Isto ocorre em caso de mudança no projeto, sendo os eletrodos atualizados automaticamente. (SIEMENS, 2010). Segundo Manusoft Technologies Pte (2010), empresa responsável pelo aplicativo “Imold” utilizado como módulo para projetos de moldes no programa CAD SolidWorks, o projeto do molde inicia com o modelo do produto. A partir deste momento existem ferramentas para checar a moldabilidade do produto, através da verificação de ângulos de saídas e análise da direção de extração do produto. Fazendo parte desta etapa inicial de projeto, ainda existe um assistente para definir a linha e superfície de partição e ferramentas para fechamento de furações e superfície de preenchimento. Com relação ao núcleo do molde, onde se encontra os componentes funcionais, descreve-se sobre obtenção do macho e cavidade usando a geometria da peça. Todavia, não se fornece informações de como é tratada a contração do material, fator importante na concepção do produto final. Para auxílio ao projeto do eletrodo, afirma a presença de ferramenta que sugere a melhor geometria e orientação na extensão do eletrodo. Complementando essas informações, a empresa salienta a importância das bibliotecas para acelerar a etapa de projetos, utilização de componentes padrões como conjuntos de porta moldes, gavetas, pinos extratores entre outros. Sendo essas bibliotecas os principais fornecedores que incluem DME, HASCO, DMS, Futaba, Misumi, PCS, Progressive, RABOURDIN, STRACK e etc. Conforme a Autodesk (2010), empresa desenvolvedora do programa CAD Inventor, com um recurso para apoio a projeto de moldes definido como Mold design, afirma que é possível acelerar esta etapa de desenvolvimento do molde. Através da análise do produto modelado pode-se definir a direção de separação do produto. Neste caso a empresa não comenta sobre que tipo de análise é realizado nesta etapa, um ponto importante é a informação quanto ao ângulo de saída do produto, necessária para extração do mesmo. Outro fator em destaque mencionado é o auxilio ao projeto do núcleo e cavidade, sendo um processo demorado com as ferramentas CAD tradicionais. Com a definição da superfície de separação é possível gerar as metades de núcleo e cavidade. Em projetos com várias cavidades 29 é possível realizar as configurações de disposição do leiaute (distribuição) de forma circular, retangular ou variável. Comenta-se ainda sobre ferramentas de projeto de núcleo e cavidades para criar moldes de famílias. Este último recurso tem como características para uso em produtos com a mesma geometria, alterando apenas proporções de tamanho. A empresa não acrescenta mais informações sobre esta ferramenta, podendo ser um importante recurso para ganhos de tempo no projeto do molde. O recurso de biblioteca de base de molde e componentes também é citado como sendo um importante elemento para promover o ganho de tempo no projeto. Alguns componentes são relacionados como exemplo: buchas, anéis, colunas, extratores e outros. Os catálogos bases são citados, DME, Futaba, HASCO, LKM, Pedrotti, Pólimold, Rabourdin e Strack. Conforme a Missler (2009), empresa desenvolvedora do programa CAD TopSolid, com módulo para auxílio ao projeto do molde definido como TopSolid’Mold, tem contribuído para a redução do tempo no projeto do molde. Uma análise do produto a ser fabricado é um passo importante para esta fase de desenvolvimento, as importações de dados do modelamento geram algumas perdas de informação. O uso de ferramentas de recuperação de dados com suporte as principais extensões de arquivo (IGES, DXF, Catia, STEP, SAT, Parasolid) existem no programa. Outros aspectos são referenciados para apoio do projeto, tabelas para contração do material, auxiliam para determinar a linha de fechamento do molde e criação do macho e cavidade. A verificação de colisão dos principais mecanismos é outro importante aliado ao projeto do molde. Cita como exemplo os assistentes de gaveta, sistema de refrigeração, pinos extratores e canais de alimentação. Complementando estas informações também são descritos de forma simplificada, o uso de bibliotecas com catálogo de fornecedores globais (Europa, Japão e Estados Unidos) e projeto do eletrodo. Este último é relacionado alguns tópicos que segundo a empresa, possibilitam ganhos de tempo no projeto do eletrodo: criação automática da geometria do eletrodo, prolongamento dos ângulos se necessário, distâncias paralelas para aberturas de descarga elétrica, detecção de colisão e outras. Comenta-se ainda que os ganhos de produtividade são em torno de 30%. Segundo a Siemens (2010), empresa responsável pelo desenvolvimento do programa CAD NX, o módulo de auxílio às atividades de projeto de moldes proporciona a criação de componentes funcionais (macho e cavidade) baseada geometria da peça. É importante ressaltar que as dimensões dos componentes 30 funcionais não são apenas cópias invertidas das dimensões do produto. Um fator de contração do material injetado deve ser considerado e a definição da linha de fechamento é um fator crítico no projeto. Contudo, não há informações detalhadas na referência sobre estes tópicos. Outro ponto importante ressaltado é a presença de bibliotecas de componentes de suporte do molde baseadas nos catálogos dos principais fabricantes, DME, Futaba, HASCO, LKM, Meusburger, Omni, PCS, Progressive, Rabourdin, Strack, Superior, Universal. Os principais itens existentes são pinos de extração, canais de alimentação, sistemas de refrigeração, entre outros. Segundo a empresa, a biblioteca proporciona redução significativa no tempo de desenvolvimento do projeto. Para exemplificar os recursos no projeto de molde de injeção, Ma e Tong (2003), realizaram um estudo de caso aplicando um módulo de CAD3D para projeto de sistema de refrigeração. O projeto do sistema de refrigeração tem sido utilizado por muitos projetistas de forma não associativa, sem a utilização de recursos específicos. Um problema decisivo na criação desses elementos de forma individual é a frequente necessidade de modificações ao longo das fases de concepção do molde. Essas correções são geralmente trabalhosas e demoradas, necessitando do projetista um esforço e concentração, para evitar erros e atrasos na entrega do produto final. Para superar essas dificuldades, há necessidade de se utilizar programas CAD com recursos tecnológicos que atendam esta expectativa de associatividade. Algumas funções importantes são citadas pelos autores para a elaboração de um sistema de refrigeração integrado e associado. Partindo deste princípio é necessário fornecer associativas ligações entre os furos de refrigeração e as fases do molde. A primeira referência é a criação de uma linha guia conforme demonstra na figura 2.14, usando como ponto de partida a face do plano. A direção da linha é indicado ao sentido oposto a face de entrada, definindo esta linha como sendo a linha 1. 31 Figura 2.14 - Linha guia do sistema de refrigeração Fonte: Ma e Tong (2003). Após a criação da primeira linha guia, cria-se as demais linhas usando outras faces de referência. Esses pontos criados nas faces são dinâmicos e podem ser editados a qualquer momento. Após as linhas guias serem construídas, inicia-se a etapa de construção dos dutos de refrigeração que são orientados pelas linhas. A integração com outros programas são pontos importantes, citando a utilização para análise de CAE e CAM. O sistema de refrigeração se torna um circuito associativo, contribuindo para estas análises. A verificação de colisão permite a possibilidade de correções no sistema de refrigeração ou nas placas do molde que estão associadas. A figura 2.15 mostra a representação do sistema de refrigeração sendo possível verificar através da visualização se não estão ocorrendo colisões. Figura 2.15 - Sistema de Refrigeração 32 Kong et al (2003), desenvolveram um estudo utilizando recursos tecnológicos para auxiliar a etapa de projeto do molde, destacando com maior ênfase ao recurso de partição do molde. Utilizaram em seus estudos um programa CAD 3D de médio porte, no qual o recurso específico foi instalado com objetivo de demonstrar sua aplicação. No desenvolvimento do projeto do molde, o recurso de partição foi responsável para auxiliar na criação do núcleo e cavidade, sendo um dos mais importantes na utilização de apoio a ferramenta CAD para o projeto do molde de injeção. A figura 2.16 representa a sequência de obtenção das cavidades e linha de partição do molde. Figura 2.16 - Módulo do projeto de partição Fonte: Adaptado de Kong et al. (2003). 33 Sequência da obtenção da linha de partição: a) entrada do produto modelado, b) redesenhar de acordo com necessidade do processo de injeção, c) determinação da direção das partes do molde, em geral a determinação da partição é considerada de acordo com a geometria do produto, d) identificação dos furos, caso exista, há necessidade de realizar o fechamento destas regiões, e) determinar as linhas de partição e direção de extrusão, as linhas de partição são a referência entre as duas cavidades, f) definição no tamanho da caixa, este tamanho é determinado com relação ao tamanho do produto e os parâmetros que possam efetivamente o tamanho do conjunto do molde, g) geração do núcleo e cavidade, as linha de partição são utilizadas para gerar as duas metades do molde, h) simulação da abertura do molde e verificação de eventuais interferências entre as partes das cavidades, i) saída com a conclusão do núcleo e cavidade. Para encurtar o tempo de desenvolvimento de projeto, Chu et al. (2005), realizaram um estudo com aplicação de recurso de parametrização em molde de pneu. Um cuidado importante a ser analisado em aplicação da parametrização é a identificação do conjunto adequado de variáveis a serem aplicadas. O uso da parametrização se caracteriza em produtos de formas similares, tendo como variações de algumas medidas e tamanhos. A parametrização escolhida, neste caso o pneu, formam estas características, a superfície externa do pneu é formada por padrão de ranhuras que se repetem ao longo do perfil circular. Cada concepção de pneus é formada por grupos de repetições destas ranhuras. A figura 2.17 representa três tamanhos onde se verifica a similaridade da geometria. Figura 2.17 - Ranhuras do pneu, tamanhos pequenos, médio e grande Fonte: Chu et al. (2005). 34 O módulo de construção paramétrica é constituído de duas partes: na primeira o usuário realiza de forma interativa o perfil 2D que é necessário para a concepção molde 3D. A segunda parte é formada pelo módulo paramétrico que consiste em uma sequência de ferramentas para auxílio do molde em 3D. As informações adquiridas nesta etapa são os perfis do pneu, curva guia para o padrão das ranhuras e o perfil de cada seção transversal de cada cavidade. O número de curvas e interpolações tem que ser o mesmo em cada passo, independente do tamanho padrão, o posicionamento de cada sulco que deve ser mantido em cada campo. A figura 2.18 representa a configuração do posicionamento desses sulcos em seus devidos campos, que estão representados pelas letras. Figura 2.18 - Configuração do posicionamento dos sulcos Fonte: Adaptado de Chu et al. (2005). Cada padrão de ranhuras é formado por um conjunto de seções transversais, nas quais identificam a orientação e posição dos sulcos conforme mostra na figura 2.19. A importação desses perfis é fornecida através de uma tabela, a escolha dos grupos de posição é simplificada com este procedimento. Esta escolha é armazenada no projeto da habilitação da ranhura se tornando parte integrante do projeto de parametrização. 35 Figura 2.19 - Especificações do projeto de um padrão de ranhuras Fonte: Adaptado de Chu et al. (2005). A base de dados para a formação das ranhuras padrão foram analisadas e classificadas em várias categorias. Um total de trinta tipos de ranhuras padrão foram cadastradas nessa base de dados. O usuário pode consultar estes dados e ficar a par de todas as informações do processo de produção. A integração de outros módulos de programas pode ser realizada durante a programação dos desenhos. O sistema proposto foi implantado em uma empresa internacional, líder na fabricação de pneus, na Ásia. Quatro modelos de pneus foram utilizados para os testes com o sistema de parametrização de molde de pneus 3D. A figura 2.20 mostra o modelo 3D gerado pelo sistema. Figura 2.20 - Modelo do pneu construído com o sistema CAD 3D Fonte: Chu et al. (2005). 36 A empresa estipula que a aplicação do sistema de parametrização dos moldes de pneus obteve uma melhora significante no tempo de execução do projeto, e relata uma eficiência de 30%. A tarefa é realizada em um programa CAD de grande porte, usando módulos de recursos de parametrização. Este percentual informado não pode ser seguido como um padrão, segundo a empresa. Isto ocorre pelo fato da complexidade do projeto do molde 3D ter uma variação de fatores como: padrões de ranhuras, arranjo do passo e um fator muito importante, a experiência do usuário. Alguns resultados foram destacados durante a etapa de projeto: o principal é que os erros de modelamento são reduzidos devido a menor intervenção do usuário, resultados da construção automática das ranhuras padrão. 2.5.3 Implantação dos programas CAD 3D nas indústrias de molde Segundo Schmitz (2008), algumas preocupações devem ser levadas e consideradas no momento de fazer
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