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1 Apostila de Lutas Organizadores: Prof.Ms. Wagner Ferreira de Souza Profª Ms. Amanda Cristine 2 Disciplina: Lutas Objetivo Geral: Reconhecer a luta como manifestação cultural do homem. Identificar os fundamentos éticos, filosóficos, corporais, sociais e esportivos da luta. Através do histórico e das características das lutas, levar uma ampla discussão sobre a importância como elemento de inclusão social. Específicos: Aplicar técnicas básicas das lutas. Transferir conhecimentos específicos do magistério das lutas a outras atividades esportistas quando é necessário. Desenvolver a habilidade de empregar as lutas com finalidades educacionais e desportivas. Capacitar o aluno a planejar e aplicar um programa de aula utilizando atividades de lutas, identificando objetivos motores, emocionais, afetivos e morais. Ementa: Lutas: Aspectos históricos, conceituais e filosóficos. O processo ensino/aprendizagem e a didática específica para transmissão de conteúdo. A luta como elemento educativo. Modalidades de luta. Este material foi elaborado pelos profsº Wagner e Paulo para melhor compreensão dos alunos com relação a disciplina de Lutas. “A técnica desenvolvida sem sentimento é simplesmente um corpo sem alma.” Wagner Souza O CORPO Por mais ásperas repontem as provações, no curso incessante das horas, durante a vida física, o corpo não pode ser sacrificado em holocausto a revolta como solução dos problemas que a invigilância arquitetou e se manifestaram com os ímpios algozes. Organizada pela excelsa mercê da providência, para servir de santuário ao princípio espiritual em evolução, atinge, na espécie humana, o clímax da sua destinação. Para que por ele o espírito habite e através dele se manifeste, trilhões de vidas microscopias se harmonizem em perfeito intercâmbio, gerando equilíbrio e atendendo as determinações da própria estruturação. Resultado de experiências, multimilenárias nos laboratórios da natureza, é digno do mais alto respeito, a fim de ser preservado integralmente na contextura em que se apresenta. Preparado desde o momento da concepção para entender as finalidades da evolução espiritual, é laboratório de contínuos ensaios, através dos quais milhões de células, em circuitos especializados, oferecem valiosas contribuições para êxito das atividades a que se destina. Mantido por equipamento eletrônico que assegura a consolidação da forma, é suscetível de arranjos, quando se desmantelam os comandos psíquicos s se expressarem no sistema nervoso, através dos aparelhos central, periférico e neurovegetativo. Originário esse sistema nervoso da placa neural, que é uma lâmina do ectoderma ou gástrula, após incontestáveis adaptações ao ambiente e atendendo 3 as exigências funcionais, alcança seu maior grau de evolução, agindo através de respostas próprias aos estímulos que são enviados do exterior. Essa função que é desempenhada pelos diversos órgãos receptores e efetores, tanto quanto pelos estímulos que dirige a medula espinhal e ao encéfalo, que associada as diversas e várias sensações que o córtex cerebral interpreta, constitui a faculdade intelectual, pela qual razão se expressa. Todos os choques violentos que a intemperança produz atingem-lhe os centros vitais e desequilibram-no. Sensível as mefíticas vibrações da cólera, do ódio, do ciúme e das paixões desordenadas, necessita do eficiente concurso do amor, das expressões da prece e da meditação para cumprir o sublime desiderato que se destina. Nele a via responde aos desígnios da misericórdia de Deus de maneira providencial e sabia. Nenhum dissabor pode atingir a sua desorganização violenta sem que ocorram consequências imprevisíveis para a autocida. Tudo nele expressa a sabedoria com que foi criado. Se um estilete pontiagudo o pica, centenas de preciosos capilares são destruídos; outros tantos porem se formam instantaneamente. Se uma lâmina o fere, imediatamente uma delicada ramificação de fibrina se estende sobre o corte e prende os glóbulos vermelhos, elaborando um coagulo tampão, que impede a hemorragia, sem o que a morte poderia ser inevitável. Os capilares, embora microscópios permitem na sua estrutura e porosidade que o oxigênio do sangue os atravesse numa direção, enquanto que as escórias, tais como gás carbônico, água e outros detritos resultantes do metabolismo proteínico, passam noutro sentido. O coração, essa incomparável bomba eletro muscular, que mantém o sangue em circulação através de seus círculos principais (coração-cérebro-coração e coração-pé- coração), funcionando ininterruptamente numa vida de 70 anos, pulsa cerca de dois bilhões e meio de vezes, sem cessar, sem pausa para reparo, executando-se o ligeiro descanso entre sístole e diástole. Qualquer interrupção do curso natural de sua finalidade se transforma em flagício para que a tanto se atreva. Texto de Joanna de Angelis - Divaldo Franco do livro Lampadário Espírita, transcrito quase que na íntegra. Ainda seguindo o assunto que aborda o corpo apresento na integra o texto que a professora Marta Maria apresentou com o título O CORPO NA HISTÓRIA por ocasião o ciclo de palestras da UNIVERSO campus Niterói em 2004 organizado pelo professor Gilbert Coutinho na época coordenador do curso de Educação Física de Niterói, o ciclo de palestras foi intitulado O CORPO NOSSO DE CADA DIA. 4 O CORPO NA NOSSA HISTÓRIA É fabuloso olhar para o corpo do homem em seu percurso na história: vejo-me diante de um complexo caleidoscópio! O saudoso Darcy Ribeiro em “O Processo Civilizatório” chamava a atenção para a grande diferença corpo do animal homem para os dos outros animais. Desprovido de acessórios de defesa e instrumental orgânico para adaptação do meio, o corpo do homem seguiu dependente da sua mente, mais capaz que outros seres da natureza. A bíblia fala do primeiro corpo humano que, foi feito do barro, recebeu o sopro divino que lhe deu a vida. A ciência investigou e tenta reconstruir uma provável origem da evolução do corpo do homem no Australopithecus, no Pitecantropus, (no Neanderthalense), no Homo Idaltu Sapiens, no Homo Sapiens... Considerando o primata o nosso primeiro corpo rascunhado em longos milhares de anos, as mudanças físicas mostraram as tentativas de adaptar-se as intempéries, as transformações climáticas do planeta. Assim, foi seguindo: Já o homem – Rei, o corpo de um só entre os demais é diferenciado! O corpo de Faraó divinizado! E o corpo do escravo subestimado o, ao construir pirâmides para colocar o corpo sagrado do Rei - DEUS! O corpo branco do escravo grego (às vezes pedagogo) e do escravo romano servindo aos corpos aristocráticos, os da plebe gritando ao corpo sagrado de César Augusto, imperador... O corpo do centurião, soldado romano, arriscando seu corpo para o corpo do Império e do Imperador. O corpo dilacerado dos cristãos nas arenas nos teatros de Roma, espetáculos lotados de corpos famintos e sádicos. O corpo do bárbaro germano que enfrentava as espadas e lanças, nas conquistas das terras e as posses dos antigos dominantes. Os corpos decadentes da civilização Imperial, embriagando-se em orgias e bacanais, festas de exaltação de desejos do corpo. Os corpos feridos dos nobres cavaleiros feudais, perfurados pelas espadas e ungidos pelos cardeais. Os corpos cheios de pecados que na idade média, a Igreja e a Inquisição condenavam. O corpo da mulher, símbolo do mal, do demônio... Corpo sinuoso, misterioso, capaz de provocar no corpo do homem desejos incontíveis, fazendo-o sentir as delicias 5 reprovadas e proibidas da Igreja, nem tanto para os padres. Os corpos das bruxas queimados! O corpo do camponês – suor, frio e fome – submissos a Deus e ao seu senhor. O corpo de Deus Sagrado, inquestionável. O corpo do homem Renascido, centrodo mundo, colorido, nu, retratado, redesenhado, belo, por Boticelli, esculpido e... quase encarnado, por da Vinci. O corpo dançando a alegria dos instrumentos de corda, rodas e cores. Os corpos amorosos de Romeu e Julieta, amor mais forte do que a morte, sem culpa de pecar. Os corpos ridicularizados do encantador e falido D. Quixote e seu fiel Sancho Panza, começo do fim de uma sociedade. O corpo burguês que ousa enriquecer e usufruir do prazer que o dinheiro pode dar. O político visto por Maquiavel reconstruindo a história, separando o corpo que reza do corpo que Reina no seu próprio Estado/Nação. O corpo do capitão, intermediário navegante, a descobrir caminhos novos e terras jamais pensadas. O corpo selvagem, pecador, imoral sem Deus e sem Estado, porém ironicamente belo saudável e feliz, encontrando seus algozes! O corpo negro, vindo da África para construir um novo mundo, mesmo que com sangue. O corpo/Razão iluminado pelas luzes da reflexão e da experiência, do método, da ciência, da busca da razão de tudo: mecanicista, cientifica, lógica, moderna. Os corpos refinados, vestidos de seda e bordados, indiferentes em seus palácios aos suplícios que os circundavam. O corpo revoltado, dilacerado pela Revolução modelo de liberdade, que os igualaria a nova sociedade francesa, copiada buscando a igualdade na democrática e liberal sociedade burguesa, que surge redimensionando as relações e os ideais. ...o corpo – operário surgido com a invenção da maquina, das fábricas, vendendo a força de seu corpo pobre para produção, em troca de salário. O corpo sofrido, faminto, de crianças e mulheres, de homens sonhadores em Liverpool, Manchester, Londres pelas ruas, em busca de trabalho. O corpo/mente de Marx e Engels a denúncia da exploração do corpo do trabalhador. Do corpo e da luta de Hannah Arendt o grito contra o poder destituído de autoridade, do desrespeito a liberdade! 6 O corpo de africanos, de asiáticos, enganados e colonizados. O corpo do soldado, atendo, na trincheira da Primeira Grande Guerra – Imperialista. O corpo do burguês da Grande Nação Americana, viajando de automóvel “chic”, de avião, de titanics... Os corpos impecáveis, belos e disciplinados dos soldados em uniformes nazistas. Os corpos dos judeus sofrendo nos campos de concentração Nazi-Fascistas. E o corpo de Mussolini pendurado/morto, de cabeça para baixo, pretenso fim da ditadura fascista. Os corpos dizimados pela Bomba H, em Hiroxima. O corpo - negro dançando pela África libertada. O corpo de Ghandi, corpo de paz, que libertou a Índia. O corpo de azul dos tuaregs, caminhando como há centenas de anos pelas areias quentes do Saara, intocáveis pelas mudanças do tempo e do resto do mundo... O corpo de Gagarin, primeiro a ver a Terra fora dela. O corpo de Armstrong pisando na lua. O corpo encantado pelo computador, que fascina e o desloca no tempo e no espaço, lógicas que as tecnologias inventaram com todas as as surpresas e espantos que revolucionam o lazer, o prazer, as curas e clonagens (que só Huley havia criado). O corpo pesado do ex-temido Stalin, “Homem de aço”, caindo os pedaços. Os corpos felizes e cansados dos alemães quebrando o muro-símbolo do poder passado. O corpo vazio de esperança quase torna bomba, demonstrando que acuado, na mais valendo, amedronta tanto quanto seu poderoso opressor. O corpo – pseudo Imperador – do presidente Bush, assumindo o “controle da paz do mundo”, invadindo, matando e ameaçando matar os que não são democráticos? O corpo que a moda impõe e a mídia ratifica: belo, jovem, perfeito para toda a vida, (individualista... alienado, pois não se permite à natural velhice). O corpo curioso do cientista vasculhando o Cosmo em busca de outras vidas. ... E o corpo do homem continuará construindo a história na sua busca incessante pela FELICIDADE. Vários pensadores defendem a dualidade Corpo e Alma, como é o caso de Plantão, Aristóteles e Descarte, dentro de uma visão espiritualizada. 7 Considerado como o primeiro filósofo moderno Descartes defendeu a ideia de “eu existo”, surgindo um desejo pelo conhecimento, Afirmando que o corpo em seu significado etimológico provém, por um lado o sancrilogarthas, que significa embrião, e o grego karpós, que se refere a fruto, semente, envoltura e, por último, do latim corpus, que é tecido membros, envoltura da alma, embrião do espírito. Aristóteles compreendida o homem “como uma certa quantidade de matéria de matérias (corpo), envolvido em uma forma (alma). Afirmando que a alma como cita Cartaxo (2011) em seus estudos deveria comandar o corpo. E que Aristóteles dava relevância aos exercícios físicos que, segundo ele, serviam para dar vigor e educar o corpo. A ginástica deveria ser praticada até a adolescência, de modo que os exercícios não fossem exaustivos, par anão prejudicar o desenvolvimento do espírito”. Já Platão afirmava haver uma separação distinta entre corpo e alma, colocando o corpo apenas como um lugar de transição da existência no mundo de alma imortal. Cartaxo (2011), afirma que para Platão o objetivo final da educação, era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo. “A lei é a razão da paixão” Aristóteles O HOMEM PRÉ-HISTÓRICO Lima (2007), afirma que arremessar, golpear, martelar pareciam ser atividades básicas de nossos ancestrais que desenvolveram esses comportamentos integradamente ( e simultaneamente) à construção das primeiras ferramentas. Os movimentos das mãos localizam-se, no cérebro, adjacentes aos movimentos das bocas. Cartaxo (2011) cita que na pré-história os homens praticavam as lutas sobre diferentes propósitos, em que os homens lutavam muito mais por instinto de sobrevivência do que como atividade física, em que provavelmente não existia a competição. Enquanto que as mulheres, neste período, não desempenhavam nenhum papel nas lutas, cuidavam da casa e da prole. Lima (2007) em seus estudos afirma que os neurologistas contemporâneos passaram a estudar a evolução do cérebro integrado a antropologia. Possibilitando desta forma a estudo para se refletir sobre o desenvolvimento na infância de ser humano. A neurociência traz uma contribuição efetiva e muito importante para o entendimento e a complexidade da espécie humana. “Não há vento favorável para quem não sabe aonde ir”. Sênega 8 OS MOVIMENTOS - Movimento Voluntário é o que depende da nossa vontade como correr, andar, parar, entre outros. - Movimento Automático é o que normalmente deda aprendizagem, significa dizer que depende da prática, treino e da repetição. - Movimento Reflexo é independente de nossa vontade e normalmente é só depois de executado é que tomamos conhecimento dele. Portanto é uma ação orgânica sucedendo-se a uma excitação sensorial. O filosofo russo Ivan Pavlov foi pioneiro no sentido de propor o modelo de condicionamento do comportamento tratado de “condicionamento reflexo”. Tornou- se conhecido por suas experiências com cães, através do estímulo/resposta, dividindo o movimento reflexo em: Inatos - são independentes de aprendizagem e são determinados pela biológica como a contração da pupila quando incide uma luz forte. Adquiridos – são os reflexos aprendidos ou condicionados, associados aos estímulos inatos, exemplificando a simples palavra ou visão da laranja pode provocar uma resposta condicionada da salivação. O psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner foi pioneiro na utilização do termo “ Behaviorismo Metodológico” referindo-se a proposta de ciência de comportamento dos positivistas lógicos, ou neopositivistas, os quais tiveram grande participação na ideias dos behavioristas norte-americanos na metade do século XX. Skinner tinha uma proposta para a vida do ser humano: “melhorar a sociedade e tornar o homem mais feliz”,segundo ele para a educação era o bom ambiente de trabalho; o lugar de ensinar e aprender tem que ser agradável, bonito, com cheiro bom e muitas cores. Entende-se que ele propõe é que estejamos sempre atualizados e pesquisando, face a sua afirmativa: “Nunca tenha verdades eternas; experimente sempre”. Já o filosofo e biólogo Jean Piaget, concentrou seus estudos no desenvolvimento humano na teoria genética. Desenvolvendo o método construtivista, muito utilizado em várias escolas do mundo. Ele destaca três princípios no desenvolvimento: a inteligência, o conhecimento e a interação. Na teoria Piaget, a construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos. O desenvolvimento dá-se através do “equilíbrio”, entre “assimilação” e a “acomodação”, resultando em adaptação. O médico e filósofo da antiga União Soviética Lv Semennovich Vygotsky tinha como foco do seu estudo do “social”, a sua pesquisa na área da psicologia e da pedagogia, dando como ênfase a escola e o professor (educador), em sua teoria o biológico e o social caminham juntos dentro do desenvolvimento do individuo. Centrou três ideias: a primeira em ser necessário estudar a gênese e o seu desenvolvimento para compreender os processos psicológicos superiores, não se limitando apenas no estudo 9 ontogênico. A segunda em que todos os processos psicológicos aparecem inicialmente nas relações sociais sob forma interpsicólogicas e intermentais. E finalmente a terceira é que um caráter é mediado pelos instrumentos desse processo psicológico. O Henri Paul Hyacinthe Wallon focou seu estudo no emocional, médico e filosofo francês, concentrou seu estudo sobre a Psicologia do Desenvolvimento, com prioridade a infância, que assume uma postura notadamente interacionista. Busca compreender o adulto através das evoluções da criança na totalidade de sua vida psíquica, levando em conta o biológico, o social e o cultural, mas também pelo lado afetivo da criança. “Visão sem ação não passa de um sonho”. Ação sem visão é só um passatempo. Visão com ação, pode mudar o mundo”. J. Arthur Baiker DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO – EVOLUÇÃO FILOSÓFICA Desenvolvimento e crescimento são palavras que vem sendo usadas de forma erradas como se fossem sinônimos. Porque desenvolvimento da conta do aumento da capacidade do individuo na realização de funções que vão se tornando mais complexas. Enquanto que crescimento é o aumento da estrutura do corpo por conta da multiplicação e o aumento do tamanho das células. O ser humano não é estático, durante sua jornada de vida vai se transformando em questões de ritmo e intensidades diferenciadas. Cartaxo (2011), afirma que o crescimento corresponde as alterações físicas nas dimensões do corpo ou partes específicas. Com relação ao fato tempo, pode ser verificado através da altura e do peso. Já o desenvolvimento caracteriza-se pela sequencia de modificações evolutivas nas funções do organismo e pode englobar paralelamente transformações qualitativas e como quantitativas. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE É muito importante que o professor veja cada aluno como uma unidade principalmente no que tange a criança, pois não se pode ignorar as fazes de maturação de cada uma, tendo em vista que a criança tem seu ritmo de crescimento e duas crianças podem chegar ao ritmo de aquisição em datas diferentes. O professor não pode forçar a criança a brincar, mas apresentar a tentação do brinquedo, para que ela possa integrar-se ao grupo e fazer com que esse grupo a aceite e solicite. “Mestre não é sempre aquele que ensina, mas quem de repente aprende”. Guimarães Rosa 10 CONCEITOS DE: LÚDICO, JOGO, BRINCADEIRA. LAZER E RECREAÇÃO A maioria das escolas tem como propósito fazer com que as brincadeiras e os jogos propiciem aos seus alunos um meio de auxílio no processo de ensino-aprendizagem para a criança contribuindo na sua formação. Para Lima (2007) brincadeiras são ações que constituem redes neuronais importantes para o desenvolvimento da criança. Seriam como um prelúdio de formas de ação que fornecem substrato para comportamentos que se estabelecerão na juventude e nos vários períodos da vida adulta. Afirma ainda Lima que as brincadeiras são realizações de movimentos coreografados, ou seja, não são aleatórios. São movimentos organizados que permitiram à espécie humana realizar grandes conquistas, como exemplo a linguagem falada. Escolhemos o conceito de brincadeira, jogo, lazer, recreação, atividades recreativas e atividades lúdicas do autor Carlos Alberto Cartaxo, citados no seu livro Jogos de Combate de 2011, a saber: Brincadeira como atividade na qual a criança expressa suas emoções, desejos, atitudes e interage com outras crianças da maneira mais espontânea. Portanto, não determina vencedor necessariamente. O final é imprevisto, exceto fator tempo. As regras são simples, porém deverão ser bem compreendidas. A evolução não é sistematizada, pode-se retornar ou adiantar a atividade. Pode sofrer modificações nas regras, no tempo e na evolução da atividade. Pode parar a qualquer momento e determinado o seu final. O ideal é que sejam praticadas com crianças pré-primárias. Crianças menores aproveitam melhor essa atividade. Jogo é a atividade em que a criança simboliza as adversidades e conquistas da vida, através da experimentação e vivencias corporais. Conhecendo a si e a outros; Determina um vencedor ao seu final (equipe ou individual). O final desta atividade é estabelecido anteriormente. Possui regras complexas, mas de clara compreensão. Sempre terá objetivo a alcançar. Modificações previstas necessárias para fluidez e melhorar a compreensão da atividade. Podem ser pequenos ou grandes jogos. Sua evolução tem começo, meio e fim. O ideal é que seja sempre com crianças a partir da idade primária. O jogo com crianças maiores tem melhor evolução. Lazer é o estado de espírito em que o ser humano se coloca instintivamente (não deliberadamente) dentro do seu tempo livre, em busca do lúdico (diversão, alegria, entretenimento). O lazer necessariamente ao ser concretizado possibilita prazer visto que vai depender também das pessoas em interação. Recreação é o fato, ou momento, ou circunstância (atitude) que o individuo escolhe espontânea ou deliberadamente através da qual ele satisfaz (sacia) seus anseios voltados ao lazer. Atividades Recreativas são os jogos e as brincadeiras que a pessoa pratica e através dos quais ela consegue atingir a recreação. 11 Atividades Lúdicas é tudo aquilo que leva uma pessoa a se divertir, se entreter, se alegrar, brincar. A ludicidade é algo que está em estreita relação com o desenvolvimento da criança em todo contexto. EQUILÍBRIOS Equilíbrio Estático - requer as mesmas capacidades da imobilidade, por exemplo, capacidade de inibir voluntariamente todo e qualquer movimento durante um curto lapso de tempo, é uma valência física que depende do bom desenvolvimento do sistema nervoso. Equilíbrio Recuperado – é a qualidade física de recuperação do equilíbrio numa posição qualquer. É uma característica no final do deslocamento do corpo em saltos horizontais, saltos verticais e freios após a execução da ação. Equilíbrio Dinâmico – é o equilíbrio conseguido em movimento. FASES DA APRENDIZAGEM DE UMA TÉCNICA Fase de informação e apreensão – nesta fase o aluno é ajudado por suas experiências motoras e sua capacidade concomitante de observações e de concepção. Fase de coordenação rústica – esta fase caracteriza-se pelo esforço excessivo e parcialmente errado, brusquidão no desenvolvimento temporal, execução angulosa do movimento, amplitude insuficiente do movimento, cadência motora falsa (muito rápida ou muito lenta),e pela fala de precisão motora. Fase de coordenação fina – esta fase caracteriza-se pelo gasto adequado de força, amplitude e ritmo motores racionais, movimento fluído. Fase de consolidação – aperfeiçoamento e de disponibilidade variável. Nesta fase instala-se a coordenação apurada do movimento que funciona com êxito mesmo em condições difíceis ou não habituais. A automatização parcial do movimento permite que o esportista centralize sua atenção nos pontos críticos do desenvolvimento motor. Os fenômenos aferentes são a precisão, a constância e a harmonia dos movimentos. “É melhor derramar lágrimas por uma derrota, do que ter vergonha de não ter lutado”. A.D. 12 LUTAS Introdução: Antes de se expressar com a fala ou com a escrita, o homem empregou a luta como forma de sobrevivência de sua espécie, sendo assim, atravessou grande evolução passando por várias ideologias e formas de vidas dos povos. As lutas foram desenvolvidas pela necessidade do homem fortalecer-se fisicamente e proteger-se de agressões do meio e de seus semelhantes, e sempre eram utilizadas em frentes de combate. No entanto, com a importância do combate corpo a corpo diminui visivelmente. A prática da luta possibilita o extravasamento da tensão que harmoniza o individuo focalizando-o positivamente. Em virtude de seus benefícios proporcionados aos praticantes, um grande número de escolas e de universidades está incluindo as lutas em seu currículo. Esta prática é muito mais abrangente que se pensa; para o ensino – aprendizagem são despertadas nos alunos potencialidades ainda desconhecidas, como velocidade de raciocínio, habilidades motoras, controle das emoções e relacionamentos sociáveis. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram elaborados e apresentados aos professores brasileiros, apontando duas vertentes: a) “respeito às diversidades regionais, culturais e políticas existentes no país” e b) “a necessidade de construção de referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras”. Logo, o objetivo dos PCNs é a criação de condições nas unidades escolares para que, os jovens tenham acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborado e essencial ao exercício pleno da cidadania. Já a BNCC (Base Nacional Comum Curricular 2017) cita seis unidades temáticas , cada uma das praticas corporais tematizadas e na unidade combate a BNCC informa que reúne modalidades caracterizadas como disputas nas quais o oponente deve ser subjugado, com técnicas , táticas e estratégias de desequilíbrio, contusão , imobilização ou exclusão de um determinado espaço , por meio de combinações de ações de ataque e defesa( judô, boxe, esgrima, taekwondo, etc). Na unidade temática Lutas focaliza as disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias especificas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço, combinando acoes de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário. Dessa forma, além das lutas presentes no contexto comunitário e regional, podem ser tratadas Lutas Brasileiras (Capoeira, Huka Huka, Luta Marajoara,etc) bem como lutas de diversos países do mundo (Judo, Aikido, Jiu Jitsu, Muay Thai, Boxe,Chinese Boxing, Esgrima, Kendo, etc). As lutas esportivas também são tratadas na unidade temática Esporte, especificamente no objetivo de conhecimento denominado como categoria de Esportes de Combate, acrescenta a BNCC que de 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental 13 nos objetos de conhecimento as lutas são trabalhadas no contexto comunitário e regional e de matriz indígena e africana , já no 6º e 7º ano as lutas são trabalhadas nos objetos de conhecimento com as Lutas do Brasil e no 8º e 9º ano são trabalhadas com a temática Lutas no Mundo. Dentre as produções da cultura corporal, encontramos as lutas segundo os PCNs (1998) são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de equilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação especifica, a fim de punir as atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplos de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas de capoeira, do judô e do karatê. Para Darido Rangel (2005), antes de se tornar esporte, as lutas ou artes marciais tiveram duas conotações principais: eram praticadas com o objetivo guerreiro ou tinham um apelo filosófico como concepção de vida bastante significativa. Surgiram nas formas primitivas de defesa e evoluiu historicamente com a sociedade humana. As lutas representam uma das manifestações do movimento humana mais expressivo. Propósito das Lutas - Nos Primórdios: As lutas eram utilizadas com finalidades utilitárias, guerreiras e sociais. Finalidades Utilitárias – caça e autodefesa. Finalidades Guerreiras – manutenção e defesa dos bens e conquista de terras e bens alheios. Finalidades Sociais – rituais de celebração e iniciação (liturgia) e definição de status no grupo social. - No Mundo Atual / Contemporâneo: As lutas são praticadas com as seguintes finalidades – esportiva, militarista, higienista, holopráxicas, educacionais e enfrentamento. Finalidade Esportiva – manifestação das modalidades organizadas pelas ligas e federações esportivas. Finalidade Militarista – utilização pelas corporações policiais e militares. Finalidade Higienista – quando usadas como meio de cuidados pessoais. Finalidade Holopráxica – quando utilizadas dentro da cultura das abordagens holísticas do ser humano. Finalidade Educacional – quando utilizada como ferramenta educacional (lazer, saúde, cultura). 14 Finalidade de Enfrentamento – quando utilizada como forma de levar vantagens em desafios insensatos (brigas de gangues, brigas de times). Problemática É do conhecimento de todos que vivemos em um mundo rodeado de violência. E será que estimular a prática de lutas seria agravar ainda mais este problema? É notório que as lutas e as artes marciais ainda estão presentes na atual sociedade, podendo passar quase despercebidas nas suas manifestações, esquecendo que são pare da cultura do movimento humano, historicamente produzidas e enriquecidas com a cultura dos seus povos de origem. Direcionamento na prática das lutas - Dependendo da forma que a luta for orientada podemos chegar aos seguintes termos: Bem orientada Mal orientada -disciplina -brigas -ética -agressividade -autocontrole -violência Consideração sobre Lutas na escola A maior parte das atividades físicas propostas para crianças referem-se à práticas adultas codificadas; As formas de atividade mais espontâneas não fogem à regra; Os jogos de lutas referem-se igualmente aos esportes de combates; Essas práticas, cujas regras foram refinadas ao longo do tempo para se tornarem esportes contemporâneos, estão ancoradas em tradições populares. A violência e as relações sociais As brigas e as discussões surgem muito cedo entre as crianças; A violência é inerente ás relações sociais; É preciso considera-la como modo de expressão e de comunicação; Que violência sofro? Que violência suporto? Que violência é socialmente permitida? 15 A violência e a mídia A violência está presente na mídia; As crianças são consideradas em potencial e alvo da mídia televisiva; Os novos heróis dos desenhos ultra violentos; As crianças acumulam impressores em que modelos servem de referência; O papel da escola e da família é fundamental na mediação dessa realidade. O professor de Educação Física Escolar que utilizar as lutas em seu programa recomenda-se que o faça de acordo com as visões educativas.As lutas oferecem como contribuições de natureza o desenvolvimento da motricidade, da confiança e domínio de si dentro das situações de afrontamento, entre outras. Segundo Ramalho (2002) a prática das lutas nas escolas é sinônimo de paz porque favorecem: Consciência Corporal – Conhecimento de habilidades e limitações físicas. Através da luta, o aluno aprende a respeitar e a suportar, e com o tempo garantir a eficiência de um golpe. Percepção do outro – Ficar cara a cara é um exercício de diálogo entre as duplas, em que as mensagens são trocadas pelo olhar e pelos gestos. Autoconfiança – Autoconhecimento fortalece, dá confiança e autonomia. Conhecendo as suas capacidades, torna-se mais confiante para agir sozinho. Concentração – Observar todos os sinais e informações cedidas pelo adversário. É uma capacidade muito valorizada nas lutas. Socialização - A luta fortalece, e melhora a qualidade dos relacionamentos. Os jovens compreendem a importância da diversidade e do respeito na convivência. O confronto é um meio, não é uma situação angustiante e desesperadora, mas sim um instante de expressão, de resolução de problema, de procura e de afirmação de si mesmo no qual a vitória conquista é antes de tudo uma vitória sobre si mesmo. A prática da luta pode edificar um importante elemento na formação do aluno, tornando possível o desenvolvimento motor, controle emocional, canalização da agressividade, combate a violência, domínio das técnicas de rolar/cair. Possibilidades da inclusão das lutas como conteúdo escolar numa visão crítico- superadora O ensino da luta como forma de educar, justifica-se cada vez mais pela interação com outros saberes sem que se perca o foco de especificidade. É fundamental para o ensino transdiciplinar. E o envolvimento das lutas com outras ciências, como a psicomotricidade, pedagogia, psicologia, educação física, neurologia e filosofia é que dá sustentabilidade para o desenvolvimento das lutas na educação escolar. O professor é o mediador do processo ensino-aprendizagem e consiste a ele a planejar, organizar e controlar as atividades de ensino, de forma que os alunos 16 dominem os conhecimentos e métodos da sua aplicação e desenvolvam a iniciativa, a independência de pensamento e a criatividade. A inclusão das lutas justifica-se pelos seguintes itens: A luta, como fenômeno social, precisa ser questionada em suas normas, suas condições a realidade social e cultural da comunidade que a pratica, cria e recria; Elementos técnicos e táticos não devem ser os únicos conteúdos de aprendizagem; O ensino das lutas deve possibilitar o seu entendimento como uma prática social construída historicamente, que pode ser criticamente assistida e alterada, criativamente ensinada, exercida e inclusive exercida na sua dimensão profissional. A prática das lutas favorece: A curto prazo – Aquisição de movimentos básicos estimula o potencial individual. A longo prazo – Aumenta as potencialidades; perfeição da capacidade motora; consciência do corpo e desenvolvimento de movimentos e capacidades. “Quem não tem inteligência para cair, tem que ter coragem para copiar”. Rolim Adolfo Amoro Classificação das Lutas Dentre as classificações das lutas podemos citar três grandes grupos: Lutas de agarre: São lutas que aproximam os combates; estas lutas são procedentes do contato direto com o adversário (corpo a corpo), os quais consistem em tirar, empurrar, desequilibrar, proteger, finalizar e imobilizar. Entre tantas temos que citar o jiu-jítsu, sumô, judô, luta olímpica, hukahuka, aikido, lucha canária, luta marajoara, entre outras. Lutas que mantém o oponente à distancia: São lutas que consiste em manter o contato direto com seu oponente, porém, este contato acontece no ato da aplicação do golpe (técnica). Entre várias lutas destacamos o boxe, taekwondo, karatê, muiythay, vietvodao, savate, capoeira entre outros. Lutas que utilizam instrumentos: Lutas que tem como mediador a utilização de instrumentos como espada, florete, sabre, facão, bastões entre outros. Podemos citar as seguintes lutas: kendo, esgrima, iaido, capoeira e etc. 17 A questão do gênero relacionado às lutas: Segundo Guedes (2001) até algum tempo atrás, a prática esportiva, em especial as lutas, eram consideradas como atividade física exclusivamente para ser praticada pelos homens, por conta daqueles com idade de poder defender algum território. As mulheres assumiram papéis mais domésticos que as afastavam das atividades físicas. Ainda segundo o autor, no que se tange as lutas, as mulheres tiveram por muito tempo um mero papel de espectadores, seja nas cidades – estados gregos, em Roma como mais tarde na Idade Média, e só no último século começou lentamente a se alterar. Em consequência aos estudos publicados na REFE, no ano de 1941, o Art. 54, do Decreto Lei nº 3.199, estabeleceu que as mulheres ficassem impedidas de qualquer prática de esportes avaliados como incompatíveis com a sua natureza. No ano de 1965, a Deliberação nº 7 do Conselho Nacional de Desportos, veio a regulamentar a atividade esportiva por mulheres e proibiu a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo-aquático, polo, rúgbi, halterofilismo e baseball (LANÇANOVA, 2006). O Estado acreditava que a mulher precisaria praticar esporte para a condução da maternidade, e não em caráter de competição. Entretanto, existiam mulheres que não apenas praticavam, mas competiam desafiando as “razões médicas” que justificavam o impedimento (BREDA, 2010). A década de 1970 se mostrou de suma importância para as conquistas da inclusão das mulheres no esporte, com alterações nos campos sociais, políticos, culturais, bem como o desenvolvimento do movimento feminista no Brasil, que deram maior espaço para o debate acerca das desigualdades entre os gêneros. No ano de 1977, foi estabelecida uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para, dentre demais ações, averiguar até que ponto a legislação vigorante colaborava para as desigualdades de gênero na sociedade do país. A CPMI contou com relatos de mulheres dos mais variados campos, apontando as desigualdades as quais as brasileiras eram submetidas. Dentre elas, a nadadora Maria Lenk e a jornalista e tenista Íris Carvalho, que questionaram as proibições vigorantes (LANÇANOVA, 2006). O movimento feminista, com origem em meados da década de 1960, ao sugerir uma discussão sobre o papel social da mulher dentro da sociedade, bem como das relações familiares, das leis de trabalho, das responsabilidades sexuais e reprodutivas, das políticas públicas e, especialmente, das relações interpessoais, promoveu uma nova identidade feminina inicialmente da noção de gênero, e despontou um debate que era promovido desde o século XVIII, com a requisição e a legitimidade dos direitos da mulher. Disto, transcorreram os estudos de gênero no campo acadêmico, que geraram sucessíveis modificações de conduta e atitude na sociedade acerca do papel da mulher na batalha pelos seus direitos. 18 Conta a História que na era antiga nas olimpíadas as mulheres eram proibidas de assistir as disputas e as que fossem casadas corriam o risco de serem condenadas á pena de morte caso fossem flagradas nos locais de competições. No entanto, nesta batalha pela legitimação dos seus direitos, iniciada no começo do século passado, diversas barreiras ainda necessitam ser ultrapassadas (DE FARIAS,2008), diversos direitos necessitam ser conquistados e diversas ações de prevenção e punitivas necessitam ser postas em prática diante das tristes estatísticas da condição de violência contra a mulher(PAIM,2006). Lutas x Artes Marciais No artigo, O ensino de Lutas na Educação Física: Construindo estruturas e inundando sentidos dosautores Teixeira, Silva e Lourenço é citado a diferenciação entre Lutas e Artes Marciais por sua vez, tem como significado método de guerra ou conjuntos de preceitos que um guerreiro deve ter e fazer uso. No estudo dos autores foi percebido as artes marciais possuem uma filosofia baseada em preceitos éticos, estéticos e morais e quase sempre foram utilizadas como legítima defesa. Com isso, podemos perceber que, toda Arte Marcial contem uma luta, mas nem toda luta é uma arte marcial, já que nem todas as lutas possuem uma filosofia. Jogos de Oposição Os jogos de oposição em como identidade as mesmas características dos esportes de combate praticados desde o inicio da civilização. Alguns desses jogos continuaram ao longo do tempo sento utilizados de forma simples e com característica da cultura local, já outros adquiriram uma forma institucionalizada tornando-se esporte e lutas das quais hoje conhecemos. Os jogos de oposição aqui abordados tem como características o ato de confrontação que acontece entre duplas, trios ou até mesmo em grupos. Seus objetivos são vencer o adversário, impor-se fisicamente ao outro, respeito às regras e acima de tudo assegurar a segurança do colega durante as atividades. Durante a vivência dos jogos a criança está sendo estimulada a trabalhar os aspectos cognitivos, sócio afetivo e motor. Desta forma a atividade visa contribuir para o desenvolvimento integral do aluno. Recursos motores – assegurar um bom desenvolvimento de postura e base, controle de equilíbrio, coordenação dos movimentos, tirar, empurrar, apreender, levar, tocar, arrastar, evitar, levantar, imobilizar, voltar. Cognitivos – elaborar estratégias, construir e apropriar-se das regras de fundamento, avaliar, decidir, observar, reconhecer, comparar. Sócio afetivo – denominar as emoções, canalizar a sua agressividade, respeitar as regras, aceitar a derrota, respeitar o outro. 19 Características das seguintes Lutas: AIKIDO – deslocamento do adversário, promovendo desequilíbrio através de esquivas e torções, fazendo o possível para resguardar a integridade do oponente. HUKA-HUKA - é considerado um ritual esportivo, a luta é iniciada com movimentos bruscos para derrubar o adversário, buscando agarrar as pernas e a nuca. KRAV MAGÁ – uma luta com soluções para qualquer tipo de violência, armada ou não, inclusive contra ameaças terroristas. SUMÔ – é uma luta rápida; quando os lutadores caem no chão, aquele que o toca primeiro será o perdedor. BOXE TAILANDÊS – é a arte dos oito armas, devido ao uso combinado de dois punhos, do dois cotovelos, dos dois joelhos e dos dois pés. HAPKIDO – consiste em movimentos circulatórios, utilizando torções, chaves, chutes, socos, e projeções. ESGRIMA – utilização de espada, florato e sabre. KENDO – utiliza uma espada de bambu. Os participantes utilizam uma armadura. Carrega mais puramente os ideais samurais de honra. SAMBÔ – é uma função de técnicas marciais, dividido em Sambô Esportivo e Militar. KARATÊ - caminho das mãos vazias. Segue a filosofia do Judô. SAVATE – é realizada com os pés calçados, utilizando também socos e chutes. KUNG FU – seus golpes forma inspirados na observação dos animais , o objetivo é manipular o oponente de forma rápida. JUDÔ – sua prática é fundamentada em princípios filosóficos, que aprimoram o físico, o intelecto e o caráter. 20 I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV UNIDADE V UNIDADE - Histórico de Lutas. - Origem, importância de desenvolvimento e caracterização das lutas no decorrer da história. - Luta x Violência - Influência da Mídia. - Lutas nas escolas. - A luta como conteúdo da Educação Física Escolar. - Valores éticos e morais. - Técnicas de ensino, planejamento e métodos e progressões pedagógicas. - Tipos de força e equilíbrios desenvolvidos nas lutas. Principais formas de apuração de resultados. Eliminatória simples. Eliminatória dupla. Repescagem. Processo de apuração de resultado consolidação e rodízio. Características das seguintes Lutas: - Judô, Jiu-Jitsu, Karatê, Luta de braço, Boxe, Capoeira, entre outras. Jogo de combate e oposição: - Jogos de Combate. - Ao nível motor. - Ao nível sócio afetivo. A propósito do encontro com o outro e do respeito pelo outro. A propósito do respeito as regras. Tipos de Jogos: - Jogos de rapidez e atenção. - Jogos de conquista de objetos. - Jogos de conquista de território. - Jogos para desequilibrar. - Jogos para reter, imobilizar, livrar-se. Fundamentos básicos de principais técnicas utilizadas no Judô: - Métodos de cair – UkemiWaza Sua importância e aplicabilidade no cotidiano. UshiroUkemi, Yoko Kemi, Mae Kemi, ZempoKaitem. -Técnicas de domínio: OssaeWaza - Técnicas de Imobilização HonkezaGatame / Yoko ShihoGatame / KamiShihoGatame /KansetsuWasa - Técnicas de articulação UdeGarami / UdeGatame / JujiGatame / ShimeWaza - Técnicas de estrangulamento GiakuJujiJime / OkuriEriJime /SakaKuJime VT 21 Analisando alguns fundamentos utilizados na maioria das lutas, percebemos que são desenvolvidas, as seguintes qualidades físicas durante as práticas: Nas projeções/ Arremessos Nas imobilizações: Nas finalizações: Estrangulamentos e Chaves de Articulações Nos socos e chutes: Força dinâmica e explosiva; Velocidade de reação, deslocamento e movimento dos membros; Coordenação; Ritmo Equilíbrio estático, dinâmico e recuperado; Flexibilidade; Resistência muscular localizada, anaeróbica e aeróbica; Agilidade Descontração diferencial. Força dinâmica e estática; Velocidade de deslocamento e movimento dos membros; Coordenação; Equilíbrio estático e dinâmico; Flexibilidade; Resistência muscular localizada, anaeróbica e aeróbica; Descontração diferencial. Força dinâmica e explosiva; Velocidade de deslocamento, de reação e de movimento dos membros; Equilíbrio estático, dinâmico e recuperado; Coordenação; Flexibilidade; Resistência muscular localizada, anaeróbica e aeróbica; Agilidade; Descontração diferencial. Força dinâmica e estática; Velocidade de deslocamento e movimento dos membros; Coordenação; Equilíbrio estático, dinâmico e recuperado; Flexibilidade; Resistência muscular localizada, anaeróbica e aeróbica; Agilidade; Descontração diferencial. APLICANDO A TEORIA NA PRÁTICA DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI COM AUXÍLIO DAS LUTAS Atualmente, o conceito de ensinar / aprender evolui a cada instante tendo como função principal assegurar o processo de ensino – aprendizagem dos conteúdos do saber escolar e, por meio deste processo, o desenvolvimento das competências dos alunos. Então, o ensino corresponde a ações, meios e condições organizadas, sistematizadas; visando a formação e o desenvolvimento das capacidades cognitivas do indivíduo, o aprender, com autoria de pensamento e autonomia para viver. Recomendamos atenção ao Relatório da UNESCO, elaborado pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, em que encontramos destacados quatro pilares tidos como essenciais para um novo conceito de educação. Este conceito deve se basear na realidade do mundo atual e, ao mesmo tempo, em uma perspectiva humanista: “aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a ser” e “aprender a conviver”. APRENDER A CONHECER Liga-se intimamente a selecionar, pesquisar e enfatiza a importância do domínio dos próprios instrumentos de conhecimento para compreender o mundo, já que isso é 22 preciso para viver com dignidade. Fundamenta-se no prazer de entender, de conhecer, de descobrir, nos aponta para a necessidade da formação inicial fornecer a todos os alunos instrumentos, conceitos e referências resultantes dos avanços dasciências e dos paradigmas do seu tempo. É necessário que o educador estabeleça uma relação dialógica, afetiva com seu aluno, pois como é “aquele que conhece”, pode mostrar o que conhece para buscar o precisar conhecer. Ele precisa ter sensibilidade e, se recriar por meio da abertura de um espaço de liberdade e de autoria do pensamento (a subjetividade do professor). E o aprender a conhecer fazendo referência às lutas, pode ser entendido pela consciência do seu próprio potencial, pois, o aluno pode selecionar algumas técnicas em um combate. Nota-se, então, o domínio dos instrumentos de conhecimento, ampliando assim, a formação de agentes facilitadores do seu desenvolvimento. APRENDER A FAZER Compreende a resolução do problema, a qualificação. A questão é: como a escola pode ajudar o aluno a preparar-se para atividades produtivas, especialmente em vista das implicações das economias neoliberais? Consideramos enterrada a qualificação para o trabalho, nos moldes tradicionais de treinamento para a execução de tarefas específicas, há ênfase na mobilização e no desenvolvimento de capacidades como a de adaptar-se a um novo contexto de trabalho, de natureza mais intelectual e que exige uma sólida base tecnológica. As teorias e as técnicas devem caminhar juntas de forma harmoniosa, visto que a técnica isoladamente não explica o fato, contudo somente a teoria não favorece a prática, o saber-fazer. Nas lutas, teorias devem estar integradas, na busca contínua de tornar o seu praticante, um cidadão completo, autônomo e consciente de seus direitos, mas principalmente consciente de seus deveres e responsabilidades, comprometidos com o desporto que pratica e com a sua própria condição de “ser humano”. Para exemplificar retratamos a necessidade do domínio das técnicas do UKEMI WAZA (técnicas de amortecimento) desenvolvidas no Judô, que aconselhamos serem trabalhadas nas demais modalidades de lutas, assim como no próprio cotidiano das pessoas, pois saber cair é saber se situar no tempo e no espaço. É a prevenção, não só na prática do Judô, mas nas ocorrências de quedas oriundas no dia a dia. APRENDA A CONVIVER Retrata a situação de viver com si próprio e com os outros na sociedade em que está inserido. Envolve a compreensão, a alteridade e o respeito, e constitui assim, um dos maiores desafios da Sociedade Mundial. O aumento da violência, o crime global organizado, a acentuação das desigualdades sociais, a inversão de valores, entre outros traços marcantes da desagregação social no decorrer do século XX e no inicio do século XXI, impuseram à Educação a tarefa urgente de formar um novo homem 23 que tenha condições para enfrentar preconceitos e o tipo de atividade econômica que privilegia a competição e o sucesso individual. Propõe-se uma educação dialógica que desenvolva o espírito crítico, o respeito à diversidade, que possibilite o processo de formação de um ser humano disposto a viver e a trabalhar em uma sociedade mais justa e solidária. Ressaltando as lutas, alguns estudiosos condenam sua cultura autoritária, porém torna-se fácil compreender que o respeito nos dias atuais não anda bem sinalizado. E na maioria das lutas praticadas, existe um grau de disciplina muito forte, contribuindo na formação do seu praticante. Para exemplificar, temos o Judô em que os seus praticantes antes de entrarem e ao saírem do Dojô (local de treinamento) fazem a saudação em sinal de respeito ao local e ao Sensei (professor). E para iniciarem e terminarem as suas práticas também realizam o cumprimento em sinal de respeito mútuo. APRENDA A SER Consiste em expressar opiniões, desenvolver personalidade, pois de cada pessoa é exigida uma grande capacidade de autonomia, de julgamento, de respeito pelo meio ambiente e pelo outro, questões que passam pelo crescimento pessoal. Acreditamos que a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa: corporeidade, inteligência, responsabilidade pessoal e espiritualidade. Levar os alunos a construção de pensamentos autônomos e críticos, a formulação de juízos de valor e a tomar decisões com discernimento, sensibilidade e critérios éticos. Para o crescimento pessoal é fundamental o autoconhecimento, porque possibilita a inserção no mundo em que vive. Abrindo um espaço simbólico para recriar-se. Nas lutas é importante que o praticante compreenda o conjunto de valores e atitudes que necessita para seguir o seu caminho. Reconhecer os seus limites e a sua potencialidade torna-se essencial para entender que a derrota significa que é preciso treinar mais, qualificar-se e ser analisada. Desenvolvendo, assim o senso crítico e reflexivo, a fim de preparar-se às situações futuras. E perceber que o outro muitas das vezes está melhor naquele momento. Os quatro pilares aqui descritos alicerçam e reforçam um novo olhar para a educação do século XXI. Esse olhar enfatiza uma visão mais ampla e humanista, ligada a realidade do mundo contemporâneo, resgatando valores antigos e voltando-se à construção da cidadania. 24 CIDADANIA AS LUTAS E AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS TEORIA DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS A inteligência é a capacidade de adaptação afetiva ao ambiente modificado, é responder as situações-problemas em nosso cotidiano. É também, observação, interpretação, solução, criação, perpetuação, compreensão e transformação das informações em conhecimento. Destacamos que a inteligência humana é produto de uma longa evolução, desde os primatas primitivos, passando pelos hominídeos até chegar ao homo sapiens. 25 A teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para o conceito de inteligência como uma capacitação inata, geral e única. Permite aos indivíduos uma performance maior ou menor, em qualquer área de atuação, já que cada área tem seu sistema simbólico próprio, análise psicológica. Em um plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas. Gardner sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal, propõe que se pense nessas habilidades como organizados verticalmente, e que ao invés de existir uma faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas independentes de percepção, de memória e aprendizado em cada área ou domínio, com possíveis semelhanças entre áreas, mas não necessariamente uma relação direta. A teoria da Inteligências Múltiplas confere atualmente, oito tipos de inteligência. São elas: Linguística ou Verbal, Lógico-Matemática, Musical, Cinestésica-Corporal, Espacial, Intrapessoal, Interpessoal e Naturalista. AS LUTAS OFERCEM O CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DE ALGUMAS INTELIGÊNCIAS CINESTÉSICA-CORPORAL A Inteligência Cinestésica-Corporal é aquela que permite uma pessoa manipular objetos e sintonizar habilidades físicas, presente em atletas. Nas lutas, é envolvida em sua própria prática, corresponde a um conjunto de movimentos cíclicos e padronizados, a exemplo, a habilidade de desferir MAE GUERI do Karatê, a BENÇÃO da Capoeira, o ARMI LOCK do Jiu Jitsu ou o UCHI MATA do Judô que acreditamos contribuir de modo significativo para o desenvolvimento desta inteligência. Lutando, o jovem conhece suas habilidades e limitações físicas, e que com o tempo, passa a superar as dificuldades, garantindo assim a eficiência do golpe. ESPACIAL A Inteligência Espacial é a capacidade de pensar de maneira tridimensional. Envolve sensibilidade as cores, configurações no espaço, e ainda a relação entre esses elementos. No caso das lutas, o fato de o aluno ter que se localizar dentro dos limites do Dojô (local de treinamento ou de confronto), que tem dimensões delineadas. O limite da área de combate tem que ser respeitado, como previsto na regra. A visualização do adversário e dos golpes aplicados durante um confronto possibilita o desenvolvimentodesta inteligência. 26 INTRAPESSOAL A Inteligência Intrapessoal é a capacidade do autoconhecimento. Constrói uma percepção de si mesmo, e usa esse conhecimento para direcionar a sua vida, muito presente em teólogos, filósofos e psicólogos. Na luta, o praticante é independente no combate, o que exige autoconhecimento, raciocino rápido, equilíbrio, além de expressar a força de vontade e concentração. É uma das capacidades mais valorizadas nas artes marciais, já que é preciso observar todos os sinais e informações dadas pelo adversário para aplicar o melhor golpe. Além disso, a técnica pode ser uma lição de vida, envolver-se mais com cada ação aumenta a qualidade de sua execução, acreditamos que desta forma essa inteligência é desenvolvida através das práticas das lutas. INTERPESSOAL A Inteligência Interpessoal é a capacidade de compreender e interagir com o outro, evidenciada em professores, assistentes sociais, atores e políticos. Relaciona-se com a prática das lutas, pelo fato que Eu preciso do Outro para treinar, para competir. Isto demonstra a importância do bom convívio, fortalece a melhoria e a qualidade dos relacionamentos. No momento, em que o atleta consegue diferenciar as habilidades de cada oponente durante as disputas, passa a perceber a diversidade e o respeito na covivência. QUALIDADES FÍSICAS DESENVOLVIDAS COM A PRÁTICA DAS LUTAS Praticando lutas, os alunos desenvolvem várias qualidades físicas que Tubino (2007) define: Definição: São técnicas de amortecimento. USHIRO UKEMI – Amortecimento de queda para trás. YOKO UKEMI – Amortecimento de quedas caindo pelo lado. MAE UKEMI – Amortecimento de quedas caindo para frente. ZEMPO KAITEN – Amortecimento de quedas rolando para frente sobre o ombro. CONSIDERAÇÕES SOBRE UKEMI WAZA Este fundamento do Judô que foi desenvolvido pelo professor Jigoro Kano criador do Judô, é fundamental na prática das lutas de um modo geral, principalmente as que utilizam projeções. E também, tem grande relevância, para os alunos em faixa etária escolar, tendo em vista os vários acidentes traumáticos ocorridos nas aulas de Educação Física Escolar, nos treinamentos desportivos, nos recreios, nos intervalos, nas escolas e no cotidiano das pessoas. 27 UKEMI WAZA (técnica de amortecimento / forma de cair) Lassere (1975) destaca que o ukemi é destinado a anular o efeito da queda. Caindo com os braços e as mãos bem estendidas, aumenta a superfície da queda e transmite ao solo as vibrações produzidas pelo choque. De acordo com Rocha (1984) o domínio do ukemi, ou seja, a forma de dissipar a energia cinética que acompanha o corpo na queda, é fundamental para qualquer judoca. Saber cair é prevenir lesões mais ou menos graves, não só no caso específico do Judô, mas em muitas outras situações. Segundo Adnet (1993) é preciso, fundamentalmente, que as pessoas saibam cair perfeitamente em qualquer posição, seja de frente, de costas, de lado, etc. Para que todos os aspectos técnicos de proteção para uma queda possam ser obedecidos, é preciso criar um mecanismo de defesa, e se cairmos, independentemente da nossa vontade, nós nos protegemos. Para que isso aconteça é necessário criarmos reflexos condicionados da defesa, através da repetição de exercícios destinados a este objetivo. Esses exercícios que tem como meta principal amortecer os impactos sofridos por nosso corpo quando caímos, e devem culminar sempre com as batidas simultâneas doas nossas mãos, braços, pernas e pés. As grandes preocupações que devemos ter ao cairmos são: 1- Proteger a cabeça não deixando que ela jamais toque no solo; 2- Manter o corpo totalmente descontraído; 3- Quando utilizarmos os nossos braços para a batida no chão, eles deverão estar totalmente estendidos, com as mãos espalmadas e viradas para o solo; 4- Quando utilizarmos nossas pernas para uma batida simultânea com os pés no chão, elas deverão estar estendidas, evitando que os calcanhares toquem no solo primeiro. O fundamento do Ukemi Kano (1995) diz que o domínio da técnica de Ukemi contribui para a redução do impacto que o lutador recebe em seu corpo, e ao mesmo tempo em que desempenha um papel importante também no ataque. Ou seja, ela serve para vencer o medo ou a indecisão, conservar a normalidade do espírito em qualquer situação e revelar sempre na sua plenitude a própria força. Sugerimos o ensino dos UKEMIS através de progressões pedagógicas, segue a sequência: 28 USHIRO UKEMI (amortecimento para trás) 1ª Progressão: Os alunos sentados, pernas e braços esticados, mãos em pronação, com o queixo próximo ao esterno, projetando o corpo para trás caindo em decúbito dorsal, batendo os braços simultaneamente estendidos ao longo do corpo, sem deixar, a cabeça bater no chão. 2ª Progressão: Os alunos agachados caindo em decúbito dorsal, seguindo os passos da progressão anterior. 3ª Progressão: Os alunos em pé caem para atrás seguindo os passos das progressões anteriores. YOKO UKEMI (amortecimento lateral) 29 Esquerdo ou direito 1ª Progressão: Os alunos em decúbito lateral esquerdo (ou direito), braço esquerdo (ou direito) estendido aproximadamente um palmo da coxa, perna esquerda (ou direita) ligeiramente flexionada, perna direita (ou esquerda) flexionada ligeiramente em abdução, cabeça erguida sem contato como o solo. 2ª Progressão: Os alunos sentados projetando o corpo em decúbito lateral esquerdo (ou direito) seguindo os passos da progressão anterior. 3ª Progressão: Os alunos agachados projetando o corpo em decúbito lateral esquerdo (ou direito) seguindo os passos das progressões anteriores. 4ª Progressão: Os alunos em pé projetando o corpo em decúbito lateral esquerdo (ou direito) seguindo os passos das progressões anteriores. ZEMPO KAITEN UKEMI (rolo para frente sobre o ombro) Esquerdo ou direito 1ª Progressão: Os alunos com a mão direita (ou esquerda) em pronação apoiada no chão e mão esquerda (ou direita) próxima ao joelho direito (ou esquerdo). As mãos cruzadas no peito, rolando sobre o ombro esquerdo com a cabeça para o lado direito (ou esquerdo). 2ª Progressão: Os alunos agachados com o quadril em abdução horizontal com a mão direita (ou esquerda) seguindo os passos da progressão anterior. 3ª Progressão: Os alunos em pé com a perna esquerda (ou direita) à frente, seguindo os passos das progressões anteriores. 30 Referências Bibliográficas: - BAPTISTA, Carlos Fernando dos Santos. Judô: da escola á competição. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. - BREDA. M. Pedagogia do esporte aplicada às lutas. São Paulo, SP: Phorte, 2010. - BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, 2017. - BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Brasília 1998. - ____. 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Desenvolvimento Cultural do Professor. - _____, Memória e Imaginação. São Paulo, SP 2007 Inter Alia - _____, Brincar Para quê. 2007Inter Alia, São Paulo, SP - ____, Currículo,Cultura e Conhecimento. 2007 Inter Alia, São Paulo, SP - ____, Neurociência e Aprendizagem, 2007, Inter Alia, São Paulo, SP - LANÇANOVA, J. E. S. Lutas na Educação Física Escolar: alternativas pedagógicas. Monografia de Licenciatura em Educação Física – Universidade da Região da Campanha. Alegrete, 2006. - OLIVER, J.C. Das brigas aos jogos com regras: enfrentando a disciplina na escola. Porto Alegre: Artemed, 2000 - PAIM J. Protegendo as Mulheres da Violência Doméstica. Fórum Nacional de Educação em Direitos Humanos. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Seminário de Capacitação para juízes, procuradores, promotores, advogados e delegados no Brasil, Brasília; 2006. - Ramalho, Priscila. Luta, sinônimo de paz. Revista Nova Escola. São Paulo: Ed. Abril, setembro 2002 - SILVA. Amanda Cristine. 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