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Resumo Matrizes Do Pensamento Psicológico Luiz Cláudio M

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Resumo Matrizes Do Pensamento Psicológico Luiz Cláudio M. Figueiredo. Editora Vozes, S. Paulo, 1991 Resumo feito por Sheila P. Couto de S. Nogueira. Introdução A Psicologia, desde o seu nascimento oficial como ciência independente, vive uma crise permanente caracterizada pela grande diversidade de posturas metodológicas e teóricas, que, por atuarem como geradores de uma variedade de escolas e “seitas” psicológicas foram denominadas matrizes do pensamento psicológico. 
Capítulo I 
– A Constituição do Espaço Psicológico A partir do século XVII pode-se observar uma redefinição das relações sujeito/objeto. A razão contemplativa passa a ser substituída pela razão e ação instrumental. A finalidade utilitária emerge como justificativa e legitimação da ciência, ao lado da Tradicional buscada verdade objetiva. Este novo modo de existência prático-teórico se fará reconhecer na obra de vários filósofos, entre eles, Francis Bacon (onde aparecerá de forma nítida e sistematizada) e Descartes. Desde então a subordinação do conhecimento científico à utilidade, à adaptação e ao controle, bem como a modelação da prática científica pela ação instrumental alcançaram realce cada vez maior, sendo que a instrumentalidade do conhecimento se converte numa das determinações internas da ciência. Com essa valorização apenas do tecnicamente manipulável (o real), surge por parte de Bacons uma luta sistemática contra as inclinações inatas ou aprendidas dos homens (doutrina dos ídolos) que bloqueiam ou deformam a visão objetiva da natureza. Instaura-se a disciplina do método, compartilhada também por Descartes. Na doutrina dos ídolos (Bacon) e na dúvida metódica (Descartes) encontram-se todos os discursos de suspeita que a Idade Moderna elaborou para identificar e extirpar, ou pelo menos neutralizar a subjetividade empírica. E embora a evidência dita empírica ainda fosse para Bacon a base segura para se fundar e validar o conhecimento objetivo, já no século XVIII, a doutrina das qualidades primárias (objetivas) e secundárias adotada por Galileu e Descartes introduz uma suspeita exatamente em relação à confiança na percepção. Hegel e Marx colocam o conhecimento como sendo mediado e construído pois apenas sua aparência é percebida. A ciência seria assim a negação das aparências e do dado imediato, descobrindo por detrás do dado aparente o movimento que o cria, ou seja, a essência. A partir daí a própria aparência seria resgatada. Embora toda essa crítica à percepção, a própria razão não escapou a ter seu valor e limites investigados. Hume, através da redução dos processos mentais (todos) a fenômenos associativos, aponta a aprendizagem como origem das categorias e operações do pensamento. A lógica seria ela própria objeta de uma ciência empírica. A partir daí qualquer pretensão ao conhecimento objetivo seria impossível. Desenvolve-se então uma lógica da investigação que na impossibilidade de estabelecer um fundamento absolutamente seguro do conhecimento, promova, pelo menos, um processo infinito de autocorreção. Porém, ao radicalizar o projeto de autocontrole do sujeito, nos quadros das ciências naturais, a psicologia assumiria uma natureza autorreflexiva que acabaria transpondo e negando os limites deste mesmo quadro. Percebe-se, então, uma contradição que mina a psicologia como ciência natural do sujeito. Ou bem o indivíduo é realmente único, independente e irracional, sendo, portanto refratário às leis da ciência e da sociedade – neste caso a psicologia poderia ser necessária, mas seria inviável; ou bem não passa o indivíduo de uma ficção a ser desfeita, e então a psicologia será também uma ilusão transitória e não se justifica como ciência independente. Em conclusão: a psicologia, que nasce no bojo das tentativas de fundamentação das outras ciências, fica destinada a não encontrar jamais seus próprios fundamentos. Mas fica igualmente destinada a sobreviver, sem segurança, tentando precariamente ocupar o espaço que a configuração do saber lhe assegurou. 
Capítulo II
 – A Ocupação do Espaço Psicológico Na história da Psicologia, a ordenação no tempo das inovações teóricas e das descobertas empíricas só é tarefa razoável dentro dos contornos bem definidos de um corpo teórico ou na investigação de uma problemática particular. Isso devido ao aglomerado de doutrinas e teorias, irredutíveis umas às outras, que se tornou a psicologia e que devem ser estudadas à luz do contexto cultural de que fazem parte e nas suas relações com o processo de constituição da psicologia como ciência independente. No primeiro momento encontramos dois grandes grupos de matrizes do pensamento psicológicos: matrizes cientificistas que se apegam aos modelos e práticas das ciências naturais e matrizes românticas que valorizam a subjetividade e a experiência individual do sujeito.
 São matrizes cientificistas:
 Matriz nomotética e quantificadora – Presente em todas as tentativas de se fazer da Psicologia uma ciência natural, essa matriz orienta o Pesquisador para a busca da ordem natural dos fenômenos psicológicos e comportamentais na forma de classificações e leis gerais com caráter preditivo. As operações legítimas são a construção de hipóteses formais, a dedução exata das consequências destas hipóteses, na forma de previsões condicionais e o teste.
 Matriz atomista e mecanicista – Orienta o pesquisador para a procura de relações deterministas ou probabilísticas, segundo uma concepção linear e unidirecional de causalidade. A concepção do real é atomística: o real é os elementos que, em combinações diferentes, mecanicamente “causam” os fenômenos complexos, de natureza derivada. O futuro se torna previsível e o passado dedutível.
 Matriz funcionalista e organicista – caracteriza-se por uma noção de causalidade funcional. Os fenômenos incorporam os efeitos em suas próprias definições. A subdivisão da matéria na tentativa de detectar os elementos mínimos é substituída pela análise que procura identificar e respeitar os sistemas funcionais. Divide-se em duas submatrizes: ambientalista (influência do meio sobre a ação) e nativista (natureza herdada das funções adaptativas). 
São matrizes românticas e pós-românticas:
 Matriz Vitalista e Naturalista – Valoriza o qualitativo, o indeterminado, o criativo, o espiritual, e etc. No lugar do interesse tecnológico domina aqui o interesse estético, contemplativo e apaixonado, em que se anulam as diferenças entre sujeito e objeto do conhecimento e a diferença entre ser e conhecer.
 Matrizes Compreensivas –Visam a experiência humana inserida no universo cultural, estruturada e definida por ele, manifesta simbolicamente.
 Dividem-se em: Historicismo Ideográfico – Busca a captação da experiência tal como se constitui na vivência imediata do sujeito, com sua estrutura subgêneros de significados e valores, irredutível a esquemas formais e generalizantes. Utiliza o método das reconstruções do sentido.
 Estruturalismo – Objetivo a reconstrução das estruturas geradoras das “mensagens”, as regras que inconscientemente controlam a organização das formas simbólicas e a emissão dos discursos.
 Fenomenologia – Busca a fundamentação do conhecimento que deve ser procurado do lado da consciência pura, do sujeito transcendental que determina as condições de existência para a consciência de todos os objetos da vida espiritual. Trata-se de efetuar a descrição das estruturas apriorísticas da consciência. 
As matrizes científicas secretam ideologias científicas (todos se preocupam com a produção do conhecimento útil), já as românticas produzem frequentemente ideologias para religiosas. E, enquanto as cientificistas enfatizam o lado objetivo dos fenômenos e as românticas o lado subjetivo, essas matrizes, mais do que opostas, seriam complementares. Atualmente, em relação à aplicabilidade dessas várias linhas de pensamento, reina o ecletismo. Sua principal desvantagem é que as contradições ficam, quase sempre, camufladas, travestidas em complementaridade.
 Capítulo III
 – Matriz Nomotética e Quantificadora. 
 A alta predisposição para procurardescobrir e inventar regularidades que permitam a previsão é um traço característico da nossa espécie e é a “crença na ordem natural” que orienta o pesquisador na procura de sistemas classificatórios e de leis gerais. Para tal utilizava-se a prática científica que pode propor-se como objetivo a mera organização dos dados aparentes sem qualquer pretensão a representar a ordem objetiva. Nesse caso a preocupação de dispositivos ad hoc numa sucessão interminável de ajustes aos dados da observação e que acabam se superpondo e contradizendo. A ordem, então, é apenas aparente. Agora, quando a prática científica se traduz em hipóteses descritivas e explicativas que convergem para um sistema e são, de preferência, redutíveis a uns poucos axiomas, a ordem instalada é a dita ordem natural. A possibilidade de submeter os fenômenos psíquicos aos procedimentos matemáticos, de forma a criar-se uma psicologia empírica foi, a princípio negada e relegada a um segundo plano na obra de naturalistas, matemáticos e filósofos. Na Segunda metade do século XIX, porém, o filósofo matemático Johan Friedrich Herbart introduz na teorização psicológica a prática da construção de modelos formais que se propõe a representar a estática e a dinâmica dos processos mentais a partir da ideia de conflito entre representações. Somente mais tarde esse modelo alcançaria status científico. Mesmo sem a possibilidade de autocorreção, característica dos modelos atuais, Herbart exerceu grande influência na divulgação de um projeto de psicologia matemática que pensasse e procedesse conforme a física clássica. Projeto esse continuado pelas obras de Weber (estudo dos limiares diferenciais), Feche (psicofísica), Wundt (estudos da duração dos fenômenos psíquicos) e Ebinghaus (estudo da memória). Ao lado da psicologia experimental desenvolveu-se no final do século um poderoso movimento de psicometria dedicado ao estudo das diferenças individuais, o que não arrefeceu de forma alguma o impulso nomotético e quantificador. A extensão do pensamento nomotético e quantificador ao homem, encontrou uma série de obstáculos culturais, ideológicos e religiosos e teve de ser precedida por uma série de transformações sociais que, numa certa medida, modelaram uma “natureza humana” ou criaram uma imagem do homem que o tornava um objeto acessível aos procedimentos das ciências naturais. Com o desenvolvimento das relações econômicas que vão da troca à especulação, a liberdade de pensamento é conquistada ao preço da submissão às leis da economia. Abre-se espaço, então, para uma psicologia como ciência natural nomotética, pois o determinismo do comportamento e da psiquê, antes de ser postulado pela ciência e aceito com expressão da verdade, foi vivido pela sociedade alienada. O surgimento da Psicologia como ciência natural associa-se também às crises desta economia que exigirão novas técnicas de controle social. A aceitação de leis naturais se adequa perfeitamente a essa demanda, assumindo, a Psicologia, uma função ideológica, de legitimação de práticas sociais e dos interesses correspondentes, sem que isto venha negar o seu caráter científico.
 Capítulo IV 
– Matriz Atomicista e Mecanicista. 
Um dos problemas mais intrigantes e persistentes na história do conhecimento foi o do movimento dos seres inanimados. Várias hipóteses foram levantadas a respeito dessa questão (por Aristóteles, por exemplo), mas nenhuma escapou à concepção de antropomórfica, elaboração de senso-comum, constituindo assim, tentativas de buscar a ordem apenas nas aparências. Será Galileu quem vai explicar de forma correta, o movimento. Ao romper com Aristóteles e com o senso comum, supera o mundo sensível de experiência quotidiana e concebe o movimento no vácuo. Trata-se de um experimento imaginário que o conduziu a lei da inércia que atribui o mesmo valor e as mesmas propriedades ao repouso e ao movimento, ficando este último, livre da dependência de qualquer motor externo, sua permanência é automática. Aceleração e direção serão eventos antecedentes ao movimento e que lhe condicionam rumo e velocidade. O passado determina o presente e este o futuro – este é o conceito de causalidade mecanicista. A homogeneização do universo e a superação do sensível são tributárias também da atomização do real, ou seja, o real seria composto de partículas mínimas que em diferentes combinações produziriam os corpos observáveis. Dessa forma, para o estudo de tais corpos era necessária a postulação das propriedades matemáticas das partículas componentes. O universo passa a ser visto como um grande relógio, imagem em que se condensam as idéias do movimento automático, da perfeição mecânica, do determinismo estrito e da quantificação. Essa concepção atomicista e mecanicista se fizeram notar na química (análise elementar), nas ciências biológicas (anatomia), no estudo dos animais, etc, e até mesmo na teoria de formação do conhecimento que tentava reduzi-lo a uma combinação de elementos primitivos que se associariam mecanicamente. Combinações essas reguladas pelas leis de associação das idéias. Na Psicologia o atomicismo inspirou os projetos de decomposição da vida psíquica. Essa orientação elementarista teve seu ponto culminante nas obras de Mach e Titchener. Enquanto as ciências naturais estudam os elementos da experiência (os átomos de consciência que são as sensações), procurando instaurar uma ordem objetiva entre elas, a psicologia terá como objeto de estudo os elementos da experiência nas suas relações de dependência com o organismo que os experimenta. Isso seria feito, de acordo com Titchener, através de uma introspecção controlada e altamente treinada para que fossem relatadas apenas as sensações simples e primitivas que a experiência oferece. O atomismo e o mecanicismo estão também relacionados historicamente ao conceito de reflexo, que pôde ser apresentado como unidade elementar de todo comportamento. Influenciou algumas das versões do behaviorismo americano. Dentre as raízes sócio culturais dessa matriz vamos encontrar a era das máquinas da industrialização, que trazem para a experiência quotidiana a vivência da prática mecanizada que juntamente com a desvalorização da consciência como fatos causal, prepara o terreno para a aceitação de explicações mecanicistas em psicologia. 
Capítulo V 
– Matriz Funcionalista e Organicista na Psicologia Americana.
O poder compreensivo do mecanismo e os procedimentos analíticos do atomicismo tiveram seu poder desafiado por três fenômenos característicos dos seres vivos: a reprodução, o desenvolvimento e a autoconservação. Esses fenômenos sugerem a existência de processos e mecanismos suigeneris por debaixo da superfície observável.
 O estudo de tais processos culminará em uma nova ciência: a biologia, através da qual surgem conceitos decisivos como os de organismos e função. A questão da evolução é amplamente discutida, culminando na teoria da seleção natural proposta por Darwin. Explicar um fenômeno biológico corresponde então, em primeiro lugar, a identificar as suas funções. A análise causal dos mecanismos acompanha e está logicamente subordinada à análise funcional voltada para os efeitos adaptativos. Estes contribuem para o efeito global (manutenção e reprodução do organismo) e são influenciados pelos mesmos. Nestas medidas a análise funcional é sempre necessariamente análise sistêmica, estrutural e genética. Em psicologia, a presença da matriz funcionalista e organicista se faz notar no conceito de adaptação. Fenômenos mentais e comportamentais (Percepção, memória, etc) são concebidos como processos orientados para a adaptação. Por ser um conceito amplo originou várias correntes de pensamento inspiradas nessa matriz. Dentre elas encontra-se o movimento da psicologia funcional que vai classificar os comportamentos, não como simples movimentos, mas como operações, pois eles se dirigem a determinados objetivos e consequentemente todos os movimentos serão operacionalizados para o alcance dos mesmos. Seu grande precursor foi William James (1842- 1910). Outra corrente seráa psicologia comparativa que terá como pano de fundo a hipótese de continuidade exclusiva de Darwin. Depreende-se daí a importância da Psicologia animal que fornecerá importantes dados relativos à origem da inteligência humana. O modelo de aprendizagem por ensaio e erro e a lei do efeito formulada por Thorndike, contribuíram sobremaneira para a obtenção de tais informações. Por fim aparece o movimento da psicologia behaviorista nos EUA, a partir do início do século XX, que vai colocar a introspecção e a vida interior como alvo de suas críticas. É o behaviorismo de Watson (1878-1958), que decompõe o ambiente em estímulos e analisa o comportamento em termos de resposta a estímulos. O estudo das formas adaptativas de interação serviria a finalidades práticas de previsão e controle e é na fisiologia do reflexo que o behaviorismo vai buscar o respaldo científico que o legítimo. Já behavioristas como Pavlov, Bechterev, Spence e Hull não desprezam completamente a opção funcionalista, para explicação de determinados procedimentos. Mas será com Telman (1886-1959) e Skinner (1904 -) que o funcionalismo behaviorista encontrará seu apogeu. O primeiro contribui sobremaneira para o desenvolvimento de uma psicologia funcional ao trazer para o movimento a preocupação de rigor metodológico e a prática de experimentação. Já o segundo fundamenta sua ciência do comportamento no conceito de operante, o que viabiliza inúmeras possibilidades de análise experimental que são verificados até hoje devido a sua importância no contexto da Psicologia experimental. 
 Capítulo VI 
– Matriz Funcionalista e Organicista na Psicologia Européia na Psicanálise e na Psicossociologia. 
Com a superação do vitalismo, o mecanismo é combatido pela sua incapacidade de apreender a intencionalidade do comportamento e o atomismo perde, por sua vez, segundo os etólogos, a capacidade de lidar com as unidades funcionais significativas para a adaptação, reduzindo-as a um aglomerado de elementos. Conforme Lorenz: “Os elementos de um conjunto (estruturado) só podem ser compreendidos simultaneamente ou não se compreendem de maneira nenhuma”. A etologia enfocou também a dimensão genética no plano da evolução dos comportamentos, no plano ontogenético no plano estrutural, sempre com a dominância do ponto de vista funcional. De acordo com Lorenz o organismo seria movido por impulsos instintivos e pela busca de meios pelos quais descarregá-los. Caso não fossem encontrados os comportamentos deslocar-se-ia ou seria bloqueado. Tudo isto está muito próximo à psicanálise Freudiana. A psicogenética de Piaget é também profundamente influenciada pela matriz funcionalista e organicista. Suas duas idéias centrais retratam o fato. A primeira é que todo organismo possui uma estrutura permanente que pode se modificar sob a influência do meio, mas que não se destrói jamais... A segunda é que os fatores normativos do pensamento correspondem biologicamente a uma necessidade de equilíbrio por auto regulação. Os métodos e conceitos da biologia se farão presentes ao longo de toda carreira de Piaget. Já com a Psicanálise a visão organicista é assumida em sua inteireza, pois todos os fenômenos psíquicos são vistos inter-relacionados e o indivíduo um todo cujas partes são indissociáveis – nenhuma se esclarece sem que estabeleçam suas relações com o conjunto. Freud estuda a estrutura e o desenvolvimento do sujeito sob um ponto de vista funcional. Finalmente, na psicossociologia essa matriz também se faz presente e é na idéia de sociedade como um organismo que se nota essa presença: A sociedade é um organismo em que cada parte desempenha uma função complementar às demais, sendo esta complementaridade essencial à conservação e reprodução da vida social. A teoria dos papéis, com ênfase na institucionalização da ação de forma a assegurar a harmonia social, condensam em termos psicológicos as principais lições da sociologia funcionalista. Cada indivíduo desempenharia determinado papel social aceito por ele e pela sociedade. Os desvios psíquicos teriam sua origem em relações sociais conflitivas e ambíguas. É aqui que o psicólogo procura assumir suas responsabilidades como agente de adaptação e reabilitação. Capítulo VII – Submatrizes ambientalista e nativista na Psicologia No século XIX encontramos a inspiração ambientalista nos estudos da experiência sensorial. Helmholtz, por exemplo, sustentava o caráter aprendido da percepção dos objetos. A aprendizagem, então, passara a ser objeto independente de pesquisa. O avanço do ambientalismo significou um certo retraimento da importância atribuída ao organismo, uma certa negação do caráter ativo do sujeito do comportamento. A ênfase no controle ambiental, porém não conduz necessariamente a esses compromissos, como o prova a obra de Skinner, na qual ele afirma que o comportamento tem uma estrutura, mas esta não refletiria a estrutura do organismo, mas a das relações do organismo com o meio. A estruturação da conduta adaptativa em classes de respostas operantes emergiria inteiramente da história do indivíduo. Também no século XIX revelaram-se as tradições racionalistas e nativistas na psicofisiologia de Müller (1801-1858) e de Hering (1834-1918). A noção de experiência foi submetida à crítica, pois se constatou a existência de uma estrutura prévia, inata, condicionando-a. Estrutura essa constituída pela via dos sentidos. O conceito de instinto foi recuperado por Lorenz para o qual a própria ocorrência de um ato instintivo é a finalidade de um ato finalizado. O estudo da hereditariedade também foi conduzido através de estudos correlacionados a partir da obra de Galton. Vários outros autores, desde então, desenvolveram com base em estudos psicométricos a tese de que há uma forte determinação genética na capacidade intelectual do indivíduo. O desenvolvimento desses estudos passa pela sociobiologia e chega por fim a psicolinguísticas de Chomsky, que se enquadra melhor na matriz romântica estruturalista que na funcionalista. Diante dessas duas posturas (ambientalista e nativista) surge uma terceira que faz a relação entre as mesmas. É a postura interacionista que foi partilhada por nomes como Freud e Piaget e que considera inseparáveis as estruturas orgânicas da estrutura ambiental. Ambas estão em interação influenciando-se mutuamente. Hoje, esse ponto de vista tende a se tornar dominante, sem deixar de lado, é claro, as outras duas posições. Valendo entender o contexto cultural que lhes garantiu a sobrevivência. O ambientalismo, ao despojar o indivíduo de qualquer possibilidade de autodeterminação, legitima o poder monopolizado, a tecnoburocracia, a planificação autoritária. Trata-se de um fenômeno cultural decorrente da dialética iluminista, muito mais característica do totalitarismo de esquerda prevalente nos países comunistas. Já o nativismo biológico esteve sempre associado à política de direita, ao racismo, ao colonialismo, ao elitismo, ao passo que valoriza as individualidades deixando em aberto a possibilidade de umas serem “melhores” que outras. Por fim a posição interacionista inclina-se para a legitimação do autocontrole e nessa medida, contém um potencial crítico em relação às formas vigentes de sociabilidade. A auto regulação pela moral autônoma seria o estado de equilíbrio entre o indivíduo e a sociedade em que ambos se coordenam e se mantêm. 
Capítulo VIII –
 Matriz Vitalista e Naturista
 Nota-se nas matrizes ditas romântica, a preocupação com aprender a experiência do sujeito na sua “vivência concreta”, anterior às abstrações e a objetivação promovidas pelas metodologias científicas adotadas nas ciências exatas e biológicas. O bergsonismo pode ser tomado como exemplo dessa nova corrente de pensamento. Em sua obra argumenta contra o mecanicismo e contra o finalismo radicais alegando que nenhum dos dois respeita a natureza absolutamente original da evolução criadora que seria essencialmente imprevisível e indeterminada. Valoriza instinto e inteligência como forma de busca de busca pelo homem de uma forma superior de conhecimentoque é a intuição. A psicologia metafísica de Bergson teria como objetivo, então, promover a comunhão entre o indivíduo e o fluxo vital de que faz parte e que o constitui. Naturalmente, a institucionalização da profissão de psicólogo não é compatível com a noção bergsoniana de psicologia. Mas têm sido muito utilizadas em boa parte das seitas psicológicas que proliferam pelo mundo, deixando de lado a ciência e mistificando muitas vezes a prática psicoterápica. Esse discurso do antirracionalismo psicológico compõe uma espécie de contracultura do senso comum que se assemelha a Bergson na eliminação de toda virulência crítica e negatividade. Bergion divulga uma visão otimista e positiva da condição humana. A inteligência é limitada, mas a intuição é possível e a autoatualização identifica-se como genuína integração na vida comunitária. Supõe-se assim uma compatibilidade entre a autêntica realização do indivíduo e a felicidade coletiva. O vitalismo naturista parece corresponder à forma magoada e “feminina” do liberalismo. Historicamente representara uma resistência ao imperialismo mecanicista e atomista. Ao final do século XIX contudo, reduz-se a uma pura ideologia sem qualquer valor cognitivo. Enfim, a nenhuma das outras matrizes cabe tão bem o conceito “romântico”. 
Capítulo IX
 –Matrizes Compreensivas: O Historicismo ideográfico e seus impasses O conceito de iluminismo designa a tradição cultural que se define pela postura crítica e pelo combate a todas as tradições. A oposição ao cientificismo objetivista no pensamento psicológico decorreu, efetivamente, ou da metafísica bergsoniana ou de uma posição crítica bem mais radical ao iluminismo – o romantismo dos séculos XVIII e XIX. Na Segunda metade do século XVIII a dinâmica do iluminismo era incontestável, o que significava a dominância da matriz teórica atomista e mecanicista. Goethe, poeta alemão, procurou desenvolver uma nova forma de ciência que mais tarde, veio a exercer notável influência na formação do ideário romântico. Os românticos opõem-se fundamentalmente a todo revolucionaríssimo progressista que pretenda subverter a ordem natural da sociedade, rompendo com suas origens e tradições. Mas afinal quais eram os preceitos do romantismo? O romantismo é antielementarista, o que se justifica pela noção de totalidade. Para o romantismo a intuição é uma forma de comunicação entre as formas naturais e culturais em que o espírito se expressa. Por fim, os românticos renegam o indivíduo independente, racional e crítico, em favor da coletividade. O pensamento romântico, embora nada tenha acrescentado às ciências naturais, inspirou uma série de ciências morais que tiveram no século XX _ principalmente na Alemanha _ uma enorme projeção. Manifestou-se também, durante todo esse século, a preocupação em definir uma metodologia para as ciências morais e é o filósofo Wilhelm Dilthey (1833-1911) quem se propõe a desempenhar esse papel de explicitador das condições de possibilidade do conhecimento histórico. Defende a independência das ciências históricas em relação às ciências naturais, sem por outro lado, procurar de forma alguma inverter suas posições. Legitima-se a duplicidade, há duas ciências igualmente adequadas a seus objetos e rigorosas. O historicismo cujo limite é o ceticismo, postulando a diferença como uma dimensão essencial dos elementos das ciências do espírito, para ser consequente, deve aplicar a si o ponto de vista relativista e comparativo a partir do qual visa todas as demais formas de objetivação do espírito. Há diversas variantes do Historicismo ideográfico na psicologia e na psiquiatria em que o problema da verdade da interpretação foi enfrentado com rigor. Em quase todas a exigência de verdade era compatibilizada com a prática interpretativa mediante a negação do caráter histórico do conhecimento, ou seja, mediante a pretensão de se haver encontrado um conjunto de categorias universais, comuns a todas as formas de existência psicológica e histórica. As formas de existência seriam históricas, mas as leis de formação seriam atemporais.
 Capítulo X 
– Matrizes Compreensivas – Os Estruturalismos Se no campo das ciências naturais, o romantismo nunca tomou assento, no campo das ciências morais ele frutificou, passando por sérias transformações que dizem respeito, fundamentalmente, à atividade crítica autorreflexiva que procurava oferecer às ciências morais um terreno epistemológico seguro. Os estruturalismos nasceram no contexto dessa problemática e formam o conjunto de soluções mais rigoroso do ponto de vista metodológico. A neutralização do sujeito caracteriza o ideal científico dos estruturalismos e os coloca como uma espécie de positivismo das ciências humanas. As ciências humanas estruturalistas sustentam que os códigos são universais, caracterizando todos os processos de dotação e decifração de sentido – vale dizer, de comunicação simbólica – na espécie humana. Compreende-se uma mensagem quando se é capaz de reproduzi-la. Nas origens da matriz estruturalista encontramos movimentos intelectuais que no final do século XIX e no início do XX revolucionaram a psicologia, a teoria da literatura e da linguística. No campo da psicologia já a chamada psicologia da forma, ou da Gestalt, que ofereceu a mais consistente alternativa europeia à velha psicologia elementarista, associacionista e introspeccionista. Dizem os gestaltistas: Se a análise do mundo fenomênico, ou meio comportamental nos revela que os comportamentos do homem estão sempre inseridos num conjunto organizados de formas e significados, cabe à ciência procurar compreender este comportamento a partir do mundo assim estruturado. Enquanto a noção de forma contemplada pelos gestaltistas exerceu notável influência sobre a teoria das artes plásticas, simultaneamente desenvolvia-se entre os russos uma teoria da literatura também jornalista e estruturalista, para os quais a obra literária é fundamentalmente uma forma que é o conteúdo em sua manifestação sensível. Nessa mesma época a França sofria o impacto da obra do linguista suíço F.de Saussure. Embora a repercussão imediata dos ensinamentos de Saussure tenha sido muito modesta, coube a sua linguística estrutural o maior peso na formação do estruturalismo moderno. Já nos Estados Unidos, na década de 50, veio a se desenvolver uma corrente de estudos linguísticos liderada por Chomsky e que é conhecida pelo nome de “Gramática Gerativa Transformacional”, onde considera a criatividade como sendo a mais importante característica humana. A antropologia também recebe a influência estruturalista e nela forja-se uma nova imagem do homem. Este é um ser simbólico e simbolizante, no método e um ideal de exatidão própria, a saber, o método e o ideal das ciências experimentais fenomenológicas. 
Já os ingleses David Cooper e R. Laing, sofreram uma influência 
dominante da filosofia existencialista de Sartre e d descontentes com a psiquiatria 
convencional vão constituir a antipsiquiatria, que procura um outro quadro de 
referências e vão encontra-lo na dinâmica das Inter ações pessoais. Tudo é 
baseado n a com preensão. Contudo, a compreensão, Sartre o admite, não é um 
conhecimento imediato proporcionado por uma atividade puramente 
contemplativa. Em Heidegger “compreender não é um modo de comportamento 
do sujeito entre outros, mas o modo de ser do próprio Dasein” (existência) “. 
Gadamer vai mostrar, por fim, que não há absolutamente possibilidade de 
compreensão fora do horizonte das antecipações, frequentemente i inadequadas, 
do preconceito e da tradição”. 
Capítulo XII –
 
Considerações finais e Perspectivas 
A pluralidade de enfoques metodológicos, de tentativas de 
fundamentação episte miológica e, principal mente, de douto rinhas é um fator 
reconhecido, e frequente emente l estimado, por todo aquele que se d dedica ao 
estudo da psicologia. A diversidade chama atenção em dois aspectos: 
Em primeiro lugar não s observou ao longo de todo este século um 
processo progressivo da diferenciação in terna. Todas as matrizes são 
contemporâneas.A diversidade instalou -se no momento em que a disciplina 
nascia. O segundo aspecto que merece alguma consideração é, exatamente, a 
persistência da diversidade. Conseguiu-se, contudo, reduzir a diversidade a duas 
grandes linhas: psicologia experimental e psicologia clínica. Em ambas, porém, 
a psicologia é a ciência da conduta. 
A possibilidade de unificação existe, mas é muito improvável. Harré e 
Secord fizeram essa tentativa e chegaram a uma psicologia antropomórfica, 
onde as pessoas não são consideradas apenas agentes, mas também 
comentaristas e críticos. Para tanto constroem seu modelo de inteligibilidade e 
de procedimento científico em torno de t rês referências: a científica, a 
hermenêutica e a filosófica. Infelizmente, a impressão que se t em, após este 
formidável esforço construtivo, é que nenhum problema novo foi formulado e 
resolvido por Haré e Secord, melhor do que teria sido dentro de cada uma das 
tradições originais operando independentemente. Apesar disso deve -se 
reconhecer nestas tentativas de unificação construtiva a intenção honesta de 
transformar a psicologia numa verdadeira ciência. 
Mas se a fragmentação se revela as sim tão produtiva, pode parecer 
sensata a proposta de acentuá-la ainda mais, criando diversas áreas de estudos 
psicológicos adjacentes às disciplinas básicas com as quais tivessem mais 
afinidade. No entanto essa fragmentação traria o m ais forte risco d e ecletismo. 
Logo, ao invés da unificação e da fragmentação, cumpre assumir a unidade 
contraditória do projeto. 
Muito se tem falado também a respeito d a natureza histórica e social do 
objeto da psicologia. O sujeito individual constitui -se num contexto histórico e 
culturalmente determinado, e fora d esse processo ele não teria qualquer 
existência. Ora, sendo o cientista um desses sujeitos, o conhecimento científico 
seria então não apenas conhecimento de um objeto que se transforma efetuado 
por um sujeito também em transformação, mas fundamentalmente, um 
conhecimento das formas históricas das relações práticas que a humanidade 
instaura com a matéria, criando e recriando assim as ordens n aturais. Essas 
formas são diferentes e devem ser vistas de maneiras diferentes. Nesse contexto 
a psicologia seria uma ciência única em sua diversidade, pois através das mais 
variadas formas visariam em todas o mesmo objetivo. 
 
Postado por: Psicóloga Mª Isabel N. G. Manzano

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