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revogação prisão preventiva

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _____.
Processo nº xxxx
FIÓDOR DOSTOIEVSKI, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem por seu advogado infra assinado, procuração anexa, à presença de Vossa Excelência, requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, nos termos do art. 316 e 319, do Código de Processo Penal, com base nos fatos e fundamentos a seguir:
I - DOS FATOS.
 FIÓDOR DOSTOIÉVSKI encontra-se recolhido no Presídio Regional de Doutor Pedrinho, em razão da sua prisão em flagrante. É acusado dos crimes de tentativa de homicídio contra sua companheira e furto. Havendo nos autos prova da materialidade dos fatos e indícios suficientes da sua autoria. A Representante Ministerial manifestou-se favoravelmente ao pleito. Em ato contínuo fora decretado por este Juízo a prisão preventiva do requerente sob o fundamento legal da garantia da ordem pública.
II – FUNDAMENTOS
a) DA PRISÃO PREVENTIVA
Primeiramente, é importante destacar que para que seja valido o argumento de que o acusado volte a delinquir é necessário um conjunto probatório, um laudo do profissional competente, demonstrado a real possibilidade da conduta descrita. Na ausência disso, não há possibilidade de ser levado em consideração tal argumento. 
Além disso, o réu não oferece perigo à sociedade, nem a ordem pública, bem como não oferece risco ao trâmite legal do processo. Para a manutenção em cárcere, na forma de prisão preventiva, é necessário observar os requisitos do art. 312 e 313 do Código de Processo Penal. Logo, não há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução criminal, a ordem pública e, tampouco, representa ameaça a sua companheira. 
Não podendo a custódia preventiva ser decretada tendo em linha de conta somente as consequências do fato. Nesse sentido, entende os tribunais: 
“Habeas corpus – Homicídio – Prisão Preventiva – Ausência de periculosidade – Concessão da ordem. Habeas corpus. Homicídio. Prisão preventiva. Improcedência. Conduta delitiva não reveladora de periculosidade. Ordem concedida.” (Paraná Judiciário 3/244). 
“Habeas corpus. Prisão preventiva. Homicídio qualificado – Réu primário, de bons antecedentes, profissão e residência definidas – Crime passional que não demonstra a periculosidade do agente – Concessão da Ordem. Ementa oficial: habeas corpus. Homicídio qualificado. Prisão preventiva decretada sob os pressupostos da garantia da ordem pública, da aplicação da lei penal e da conveniência da instrução criminal. Constrangimento ilegal. Comprovação de que o paciente, pelo ato isolado que representa o evento, se permanecer solto, não será ameaça à ordem pública e nem causará óbice à realização da instrução criminal.” (Paraná Judiciário 30/219).
A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em hipótese de crimes gravíssimos, quer quanto à pena, quer quanto aos meios de execução utilizados, e quando haja o risco de novas investidas criminosas e ainda seja possível constatar uma situação de comprovada intranquilidade coletiva no seio da comunidade (STJ – HC 21.282/CE, DJ 23.09.2012)
Analisando os documentos que seguem anexos a esta petição, verifica-se que o requerente é pessoa primária e de bons antecedentes, tem residência fixa nesta cidade e comarca, bem como possui vínculo empregatício e familiar, que permitem a conclusão no sentido de que não há risco para a ordem pública ou inconveniente para a persecução penal com a soltura dele.
Verifica-se, também, que não há sequer a menor intenção de o requerente se furtar à aplicação da lei penal, até porque possui meios de provar sua inocência, comprometendo-se a comparecer a todos os atos da instrução criminal para os quais for previamente intimado.
Portanto, não há risco à aplicação da lei penal e, destarte, não há fundamento que sustente a manutenção do cárcere.
Assim, conforme doutrina majoritária, analisado o caso e ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva, a revogaão é medida que se impõe, conforme exposto no artigo 316, do Código de Processo Penal.
Conforme narrado acima, registre-se ainda que o princípio constitucional de inocência impede a prisão cautelar quando não se encontrarem presentes os seus requisitos fundados em fatores concretos (HC 124123 / TO, SEXTA TURMA, STJ).
Nesse diapasão, o art. 8º, I, do Pacto de São José da Costa Rica, recepcionado em nosso ordenamento jurídico, reafirma, em sua real dimensão o princípio da presunção da inocência, in verbis: “Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa”. 
E na lição de Mirabete (Mirabete, Júlio Fabbrini. Processo Penal. 11ª ed., rev., at. – São Paulo: Atlas, 2008. p. 402): 
“Sabido que é um mal a prisão do acusado antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, o direito objetivo tem procurado estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento regular do processo com a presença do imputado sem o sacrifício da custódia, que só deve ocorrer em casos de absoluta necessidade. Tenta-se assim conciliar os interesses sociais, que exigem a aplicação e a execução da pena ao autor do crime, e os do acusado, de não ser preso senão quando considerado culpado por sentença condenatória transitado em julgado”. 
Nessa esteira, a prisão cautelar, de nítido caráter instrumental, é concebida para permitir a aplicação do direito penal material, quando diante de situações efêmeras e capazes de propiciar a perda da eficácia do provimento final.
B) DA SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS
Com a edição e vigência da Lei 12.403/11, foram inseridas em nosso ordenamento processual penal, diversas medidas cautelares que tem a finalidade de substituir a prisão provisória, seja ele preventiva ou temporária, transformando a clausura em ultima ratio, ou seja, em excepcionalidade, a qual apenas deverá ser decretada quando não forem absolutamente cabíveis quaisquer das novas hipóteses previstas no art. 319, do instrumento processual supracitado.
Tendo em vista as condições pessoais apresentadas pelo requerente, o qual é réu primário e possuidor de bons antecedentes, e Vossa Excelência entender não ser prudente a restituição da liberdade plena e irrestrita do mesmo, requer-se desde já, a substituição da prisão preventiva pelas medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal. Torna-se oportuno destacar mais uma vez, que a segregação cautelar é medida excepcional, a ultima ratio, que só deve ser aplicada em casos específicos, nos quais realmente se mostre imprescindível.
Nesse diapasão, diversos são os dispositivos da lei processual penal pátria, senão vejamos: 
“Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: (...) § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). § 6o A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319). Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: (...) II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; 
Dessa forma, verifica-se ser perfeitamente possível a substituição da prisão preventiva decretada em desfavor do requerente, por medidas cautelares diversas, previstas no art. 319, uma vez que estão plenamente satisfeitos todos os requisitos exigidos.
III – PEDIDOS
Isso posto, como o acusado não oferece risco a instrução criminal, nem a ordem pública, requer que seja
a) REVOGADA A PRISÃO PREVENTIVA, para possibilitar que o requerente responda ao processo em liberdade, assumindo osdevidos compromissos legais, expedindo -se, para tanto, o competente alvará de soltura em seu favor.
b) Caso assim não se entenda, desde já postula a substituição da prisão preventiva pelas medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, uma vez que a prisão é a ultima ratio a ser seguida pelo julgador.
Nos termos em que
Pede deferimento.
Data, local.
ADVOGADO
OAB - XXXX

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