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Direito Penal Seção 2- Revogação da prisão

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE CONTAGEM-MG
Processo nº xxxx
 JOAQUIM DAS DORES, nacionalidade; estado civil; profissão; CPF; RG; residente e domiciliado na Rua, número, Bairro, Cidade, Estado, por seu advogado que a esta subscreve, conforme procuração anexa a este instrumento, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA com fulcro no inciso LVI do art, 5º da CF combinado com o artigo 316 do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e direito a seguir expostos:
1. DOS FATOS
O Requerente foi preso previamente pela suposta prática do crime de homicídio doloso, incurso no §2º do inciso IV do art. 121 do Código Penal, da vítima João da Couves de Andrade.
Ocorre que conforme a respeitável decisão, este juízo entendeu pela necessidade da custódia preventiva em razão da garantia da ordem pública para fins de resguardar o meio social, ante a suposta gravidade do delito, como também a justificativa que o homicídio de João das Couves de Andrade não é o único delito atribuído a ele.
Alegou também que a ordem de prisão é necessária, inclusive para preservar-lhe a vida e a integridade física, já que a vítima era pessoa querida na região e a qualquer momento ele pode sofrer linchamento pela comunidade.
Assim, o juízo, por entender presentes os pressupostos e para fins de assegurar a garantia da ordem pública, decretou a prisão preventiva entendo que não há possibilidade em substituir a prisão por cautelares diversas.
2. DO DIREITO
De acordo com o art. 312 do Código de Processo Penal: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.”
Entretanto, o que se observa, no caso em tela, é que não há presente nenhum dos fundamentos que ensejam a prisão preventiva do Requerente uma vez que é injustificável cercear a liberdade de alguém sob o pretexto de proteger-lhe. O Estado deve possuir meios aptos para realizar a proteção do indivíduo sem violar a sua dignidade. 
Além do mais, embora o réu tenha sido investigado anteriormente por outro crime, não o torna perigos para a sociedade, até porque houve o arquivamento do inquérito policial em questão por ausências de provas.
Outro fator é a inexistência de indício suficiente de autoria do crime pelo Requerente, já que a única prova utilizada pela acusação é o reconhecimento fotográfico feito pela testemunha e irmã da vítima, o que é uma prova frágil diante das circunstâncias.
Sendo assim, não há indícios de que o Requerente estando em liberdade, ponha em risco a instrução criminal, portanto, verifica-se que estão ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP, razão pela qual requer seja revogada nos termos do artigo 316 do CPP.
O art. 321 do CPP dispõe que:
Art. 321.  Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. 
O dispositivo reitera o comando do art. 282, § 6º do CPP que diz que: 
Art. 282 (...)§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada”
Sendo assim, necessário se faz que seja concedido a liberdade provisória do Requerente, com a decretação se for o caso, de medidas cautelares, diversas da prisão, já que, além de ter um menor impacto social na vida do agente, seriam mais eficazes, já que a prisão preventiva é uma medida de caráter excepcional. 
Os tribunais superiores entendem que a prisão preventiva decretada para garantir a ordem pública não pode se basear em dados abstratos, como o indivíduo estar respondendo a um processo criminal ou já ter sido condenado por outro delito. No caso concreto, deve ser demonstrado cabalmente que a liberdade do indivíduo coloca a ordem pública em perigo. Tem-se que, por ser uma exceção, a prisão cautelar não pode se basear em fatos abstratos; ela deve ser interpretada restritivamente, como toda exceção deveria ser.
HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. TRÁFICO DE DROGAS (1,8 G DE COCAÍNA E 4 G DE CRACK). GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO. EXISTÊNCIA DE REGISTROS CRIMINAIS. RECEIO DE PERIGO GERADO PELO ESTADO DE LIBERDADE DO IMPUTADO À ORDEM PÚBLICA NÃO EVIDENCIADO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. LIMINAR DEFERIDA. PARECER MINISTERIAL PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. No caso, a despeito de apresentar prova da existência do delito e indício suficiente de autoria, o decreto preventivo não apontou elementos concretos de receio de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado à ordem pública, carecendo, assim, de fundamento apto a consubstanciar a prisão. Precedentes. 2. Registre-se que a quantidade de entorpecente apreendido (1,8 g de cocaína e 4 g de crack) não é expressiva. Nesse sentido: HC n. 614.770/SP, de minha relatoria, Sexta Turma, DJe 30/11/2020. 6 3. Então, conquanto o Juiz haja mencionado registros criminais recentes do paciente, a denotar a necessidade de garantir a ordem pública, a justificativa não se mostra bastante, em juízo de proporcionalidade, a motivar a cautela extrema, sobretudo porque foi encontrada com o suspeito quantidade de droga que não é elevada a ponto de, por si só, denotar a prática não ocasional do tráfico de drogas (HC n. 524.586/SP, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 21/10/2019). 4. Ordem concedida, confirmando a medida liminar, para revogar a prisão preventiva imposta ao paciente nos Autos n. 0009251-14.2019.8.21.0132, da Vara Criminal da comarca de Sapiranga/RS, facultando-se ao Magistrado singular determinar o cumprimento de medidas cautelares alternativas à prisão. (HC 577.815/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 23/02/2021, DJe 26/02/2021
Em 2011, houve alteração do Código de Processo Penal, quando se estabeleceu ser a prisão cautelar a ultima ratio, ou seja, antes de decretar o encarceramento preventivo do indivíduo, o juiz deverá analisar a possibilidade de decretar cautelares diversas da prisão, caso sejam eficazes para proteger o bem jurídico tutelado e a aplicação do devido processo legal. Tais cautelares estão dispostas no art. 319 do CPP. 
Diante do exposto, antes de decretar a prisão preventiva, o Magistrado deverá analisar a possibilidade de decretação de cautelar diversa da prisão, isolada ou conjuntamente, desde que adequada ao caso concreta, devendo determinar o encarceramento do agente apenas se as demais cautelares se mostrarem insuficientes
Ademais, a prisão preventiva como garantia da ordem pública, em última análise, viola o contraditório e a ampla defesa, já que impossibilita o exercício pleno da defesa e de realização da contraprova.
Portanto, no caso concreto, é visivelmente cabível a revogação da prisão preventiva, podendo ser substituída por uma medida cautelar diversa previstas no art. 319 do CPP.
3. DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer que seja revogada a prisão preventiva, imposta ao requerente; que seja concedida a liberdade provisória, nos termos do art. 321 do CPP, aplicando-se, se for o caso, uma das medidas previstas no art. 319 do CPP, expedindo-se imediatamente o alvará de soltura.
Nesses termos, pede deferimento.
Local, data 				
ASSINATURA ADVOGADO
OAB Nº

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