Prévia do material em texto
CONCEITOS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS 1) O Direito como ciência. Ciência, segundo alguns estudiosos do direito, é a busca permanente e constante pela verdade, e que pelo fato de designar objetos distintos do mesmo gênero, não há como se designar um tipo específico de conhecimento, não existindo um critério único que determine sua extensão, natureza ou caracteres, devido ao fato de que vários critérios têm fundamentos filosóficos que extravasam a prática científica. Mais uma vez, nos deparamos com uma pluridimensionalidade deste outro objeto que chamamos “ciência”. A questão não é a conceituação ou a interpretação literal das palavras, mais sim, a nossa visão do direito como ciência, que nada mais é que a valoração de um fato (de cunho natural ou social) que por força de sua interpretação, gera uma norma jurídica aplicável. O direito como ciência, valoriza, qualifica, atribui consequências a um comportamento. Não em função de critérios filosóficos, religiosos ou subjetivos, mas em função da utilidade social. Para o direito, a conduta é o momento de uma relação entre pessoas, e não o momento da relação entre pessoas e divindade e entre pessoa e sua consciência, ou seja, o direito não se limita apenas na verificação simples dos atos ou dos acontecimentos, muito pelo contrário, eles são analisados pelas consequências que produzem. Portanto, o direito como ciência se preocupa antes e principalmente com a ordem e a segurança da sociedade. São as necessidades sociais e a vontade do homem que atuam na interpretação dessas necessidades e transformam as regras que essas necessidades impõem naquilo que se denomina direito positivo. CONCEITOS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS Deve-se à Teoria Pura do Direito de Kelsen a ideia de um Direito concebido como ciência pela definição do objeto da ciência do Direito, que para ele é constituído em primeiro lugar pelas normas jurídicas e secundariamente pelo conteúdo dessas normas, ou seja, pela conduta humana que elas regulam. Desse modo, na medida em que são estudadas as normas reguladoras da conduta, ou seja, o Direito como um sistema de normas em vigor, trata-se do estudo da Teoria Estática do Direito. No entanto, se o objeto do estudo se volta para essa conduta humana regulada (atos de produção, aplicação ou observância estabelecidos pelas normas jurídicas), ou seja, o processo jurídico em seu movimento de concepção e aplicação, trata-se do que Kelsen chama de Teoria Dinâmica do Direito. A Ciência do Direito possui uma linguagem própria que a organiza. Na introdução ao seu estudo se faz necessário o aprendizado das nomenclaturas técnicas, dos conceitos e da metodologia que nortearão todo o estudo ao longo do Curso de Direito. DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO - Direito Natural A Teoria do Direito Natural é muito antiga e está presente na literatura jurídica ocidental desde a aurora da Civilização Europeia, antes de Cristo, em Atenas e Roma. Considerado expressão da natureza humana ou dedutível dos princípios da razão, o direito natural foi sempre concebido, pelos defensores desta teoria, como superior ao direito positivo, como sendo absoluto e universal por corresponder à natureza humana. O direito natural consiste na permanente aspiração de justiça que acompanha o ser humano. - Direito Positivo O Direito Positivo é assim denominado porque é o que provém diretamente do Estado (do latim jus positum: imposto, que se impõe), vem a ser também, a base da unidade do sistema jurídico nacional. - Diferenças entre o Direito Natural e o Direito Positivo O primeiro é o ordenamento jurídico em vigor num determinado país e numa determinada época; o segundo, o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior e suprema. DIREITO SUBSTANTIVO E DIREITO ADJETIVO O direito substantivo (material) é o conjunto das regras criadas pelo Estado que normatiza a vida em sociedade definindo relações jurídicas, constitui o chamado direito material. O direito adjetivo (processual) consiste nas regras de direito processual que regulam a existência dos processos, bem como o modo destes se iniciarem, se desenvolverem e terminarem. O direito formal ou "adjetivo" diz respeito à processualística, ou seja, à forma pela qual se aplica o direito material. DIREITO OBJETIVO e DIREITO SUBJETIVO Direito objetivo é composto pelas normas jurídicas, as leis, que devem ser obedecidas rigorosamente por todos os seres humanos que vivem na sociedade que adota essas leis. O seu descumprimento, dá origem a sanções. O direito subjetivo, também chamado facultas agendi (faculdade de agir) é o poder de exigir uma determinada conduta de outrem, conferido pelo direito objetivo, pela norma jurídica. - Relação entre Direito Positivo e Direito Objetivo - Direito Objetivo é gênero do qual o direito positivo (as normas jurídicas emanadas do Estado) é espécie, assim como os costumes e, por exemplo, cláusulas contratuais entre particulares. DIREITO PÚBLICO E PRIVADO Os romanos utilizaram o critério da utilidade para fazer a distinção. Quando o objeto do Direito era voltado para o interesse da coletividade este era tido como Direito Público, se o interesse era do particular este seria Direito Privado. REPÚBLICA = RES PUBLICA = COISA PÚBLICA O primeiro é o Critério do conteúdo ou objeto da relação jurídica, também chamado de Teoria dos Interesses em Jogo. Nesse critério, quando prevalece o interesse geral o direito é público, quando prevalece o particular o direito é privado. O segundo Critério é relativo à forma da relação jurídica, ou Teoria da Natureza da Relação Jurídica. Assim, se a relação é de coordenação (partes envolvidas no mesmo patamar), trata-se, em regra, de Direito Privado, se a relação é de subordinação, trata-se, em regra de Direito Público. O Estado é o Subordinante (em regra) e a Outra Parte é o Subordinado. RAMOS DO DIREITO Ramos do Direito Público: Direitos Constitucional, Financeiro, Tributário, Internacional Privado, Administrativo, Processual, Ambiental, Penal etc. Ramos do Direito Privado: Direitos Civil, Empresarial. Direito Misto ou social misto: direito do Trabalho, ambiental, direito da criança e do adolescente, do consumidor SUPERAÇÃO DA DICOTOMIA PÚBLICO X PRIVADO A noção de direito subjetivo vai sendo, paulatinamente, substituída pelo conceito de situação jurídica patrimonial, na qual se entrelaçam os interesses individuais e os sociais. O titular do direito passa a ser obrigado a respeitar os interesses da coletividade e isso se realiza através do respeito da função social. A propriedade perde o seu caráter absoluto. Há um processo de constitucionalização do direito civil, o direito privado passou a ser interpretado à luz da Constituição Federal o que provoca o início da fase de superação dessa dicotomia entre a esfera pública e a privada. Assim, se outrora utilizava-se a ideia de que o direito estava assentado na dicotomia entre o direito público e o direito privado, hoje não mais se faz distinção. O processo de constitucionalização do direito civil acabou por atenuar as linhas fronteiriças existentes entre o direito que pretendiatutelar os interesses do Estado e aquele destinado a regular somente as relações entre particulares. E em especial, o direito de propriedade é o que mais demonstra esse novo contexto jurídico e social.