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Oficinas_Psicopedagógicas (1)

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Oficinas 
PSICOPEDAGÓGICAS 
 
 
 
 
Circulação Interna 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
0 
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Ninguém te sacudiu pelos ombros quando ainda 
era tempo. Agora, a argila de que és feito já 
secou e endureceu e nada mais poderá despertar 
em ti o místico adormecido ou o poeta ou o 
astrônomo que talvez te habitassem. 
 
 
 
 
 
 
Exupéry 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
1 
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Caro aluno, 
As referências sobre este tema ainda são limitadas e há poucos relatos de experiências 
publicados, mas encontramos algumas obras e alguns artigos importantes para a fundamentação deste 
estudo. 
As oficinas psicopedagógicas utilizam atividades lúdicas com brinquedos e jogos. Trata-se de 
um tema interessante e fundamental para o profissional da psicopedagogia, para os educadores e 
demais profissionais que atuam com crianças e adolescentes nas áreas de educação e saúde e buscam 
compreender melhor o processo de constituição do sujeito, de desenvolvimento e aprendizagem. 
Antes de iniciarmos nossa trajetória em busca de conhecimentos sobre as oficinas 
psicopedagógicas, convidamos você a ler a poesia O guardador de rebanhos: o meu olhar, de 
Fernando Pessoa e a refletir sobre si mesmo, seus pensamentos, sentimentos, desejos, alegrias, 
tristezas, decepções e contradições, enfim, sobre a vida. 
II — O meu olhar 
O meu olhar é nítido como um girassol. 
Tenho o costume de andar pelas estradas 
Olhando para a direita e para a esquerda» 
E de vez em quando olhando para trás... 
E o que vejo a cada momento 
E aquilo que nunca antes eu tinha visto, 
E eu sei dar por isso muito bem... 
Sei ter o pasmo essencial 
Que tem uma criança se, ao nascer, 
Reparasse que nascera deveras... 
Sinto-me nascido a cada momento 
Para a eterna novidade do Mundo... 
Creio no mundo como num malmequer, 
Porque o vejo. Mas não penso nele 
Porque pensar é não compreender... 
0 Mundo não se fez para pensarmos nele 
(Pensar é estar doente dos olhos) 
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... 
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... 
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela e, 
Mas porque a amo, e amo-a por isso, 
Porque quem ama nunca sabe o que ama 
Nem sabe por que ama, nem o que é amar... 
Amar e a eterna inocência, 
E a única inocência não pensar... 
 
Convidamos você a ouvir algumas músicas que marcaram sua infância, cantigas de ninar, 
cantigas de roda, ou ler um livro de histórias infantis, contos de fada, ou ver algumas fotos, desenhos 
ou filmes e relembrar a sua infância, voltar a ser criança por alguns segundos, imaginar-se no exercício 
Apresentação 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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lúdico de brincar de faz-de- conta e viver de novo, por poucos minutos, o prazer de fantasiar. Estamos 
prontos, sensibilizados, agora, para percorrer as páginas deste estudo, discutir e refletir sobre a 
importância das oficinas psicopedagógicas para o trabalho do educador e sobre a função delas no 
trabalho psicopedagógico. 
Vamos abordar, ao longo deste texto, as oficinas psicopedagógicas como espaços 
privilegiados onde acontecem, de maneira dinâmica, a construção do conhecimento e a aprendizagem. 
O objetivo deste módulo é apresentar as oficinas psicopedagógicas como recursos para o 
trabalho psicopedagógico preventivo e/ou terapêutico e, também, promover uma reflexão sobre a 
importância das oficinas psicopedagógicas como elementos facilitadores da aprendizagem e do 
desenvolvimento integral dos sujeitos. 
Este estudo discute o que são oficinas, apresentando-as como recursos importantes para o 
trabalho dos educadores e dos psicopedagogos. Destaca a importância do planejamento rigoroso das 
oficinas, sugerindo uma referência básica para sua elaboração. Apresenta, ainda, três propostas de 
oficinas psicopedagógicas e algumas sugestões quanto à seleção de estratégias e/ou dinâmicas. 
O texto foi organizado de forma a permitir-lhe um contato com as oficinas psicopedagógicas, 
seus fundamentos, conceitos básicos e importância, apresentando uma referência de planejamento e 
sugestões quanto ao encaminhamento das oficinas, discutindo o aspecto lúdico inerente às oficinas — 
o brincar e o jogar, as histórias, os jogos dramáticos, dentre outras atividades possíveis — com o 
objetivo de promover a compreensão, por parte do leitor, da ludicidade enquanto elemento constitutivo 
das oficinas e do caráter preventivo e/ou terapêutico destas e sua importância para a aprendizagem e 
para o desenvolvimento, bem como para a superação das dificuldades de aprendizagem. 
A todos, bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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CAPÍTULO 1 
1 O que é uma oficina.................................................................................................. 4 
Atividades de Síntese................................................................................................................. 7 
 
CAPÍTULO 2 
2 O que é brincar.......................................................................................................... 10 
2.1 Espaço e tempo..................................................................................................................... 12 
2.2 Brinquedo.............................................................................................................................. 13 
2.3 Brincadeiras.......................................................................................................................... 15 
2.4 Brinquedoteca....................................................................................................................... 16 
2.5 O brincar no espaço pedagógico e psicopedagógico............................................................ 18 
Atividades de Síntese................................................................................................................. 20 
 
CAPÍTULO 3 
3 O que é jogar............................................................................................................. 24 
3.1 Classificação dos jogos......................................................................................................... 30 
3.2 Componentes do jogo........................................................................................................... 35 
3.3 O jogo como recurso pedagógico......................................................................................... 37 
Atividades de Síntese................................................................................................................. 41 
 
CAPÍTULO 4 
4 O que são oficinas em psicopedagogia....................................................................... 43 
4.1 Oficinas psicopedagógicas e jogos....................................................................................... 45 
4.2 Oficinas psicopedagógicas e história.................................................................................... 48 
4.3 Oficinas psicopedagógicas, dramatização e jogos dramáticos............................................. 51 
4.4 Oficinas psicopedagógicas com música, canto e dança........................................................ 52 
4.5 Oficinas psicopedagógicas e artes plásticas.......................................................................... 53 
Atividades de Síntese.................................................................................................................55 
 
CAPÍTULO 5 
5 Planejando as oficinas................................................................................................. 58 
5.1 A 1a proposta......................................................................................................................... 59 
5.2 A 2a proposta......................................................................................................................... 61 
5.3 A 3a proposta - nossa proposta.............................................................................................. 62 
5.4 Algumas considerações sobre oficinas................................................................................. 63 
Atividades de Síntese................................................................................................................. 65 
 
Considerações finais.................................................................................................................. 68 
Referências................................................................................................................................. 70 
Gabarito...................................................................................................................................... 72 
Atividades Avaliativas............................................................................................................... 74 
 
Sumário 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
4 
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primeiro passo em direção à compreensão do que sejam as oficinas psicopedagógicas é 
uma discussão sobre o termo oficina, cuja utilização não é exclusiva da 
psicopedagogia. As oficinas são utilizadas em diversas áreas de atividade como um 
recurso de ensino, aprendizagem e vivência de experiências. Por meio das oficinas, é possível 
experimentar, criar, produzir, sentir, pensar, inventar, refazer, errar, corrigir, aprender e ensinar. 
O termo oficina tem origem no latim officina, que significa “lugar onde se exerce um ofício”1. 
Oficina nada mais é, então, do que um lugar em que se desenvolve uma atividade profissional. 
Há oficinas de costura, de culinária, de mecânica, de pintura, de arte, de música, de dança de teatro, de 
literatura, de artesanato, terapêuticas, pedagógicas psicopedagógicas, entre outras. Em todas se exerce 
um ofício. Há trabalho, há movimento, há conhecimento, há ação e há produção Ao buscar a definição 
do termo, encontramos, nos dicionários, várias significações para o verbete, dentre as quais 
destacamos: “Lugar onde se exerce um ofício”2, “Laboratório” ou “lugar onde trabalham os oficiais e 
aprendizes de algum ofício ou arte”3. 
A oficina se configura em um espaço em que se desenvolvem atividades profissionais, 
relacionadas ao ensino, à aprendizagem ou ao exercício de um trabalho ou de uma atividade artística, 
Profissionais e alunos, ensinantes e aprendentes se relacionam de maneira ativa e dinâmica ao redor de 
uma atividade, produzindo algo concreto e abstrato, produto de uma ação objetiva e subjetiva, 
expressão de sentimentos e de pensamentos: um quadro, uma idéia, um pensamento, uma blusa, um 
desenho, um bolo, um movimento, um canto, uma poesia, uma música, um olhar. 
Podemos, então, definir a oficina psicopedagógica como um local e um espaço de trabalho, 
onde aprendente e ensinante (aprendiz e oficial) estabelecem um vínculo afetivo especial e uma 
relação dinâmica em que o conhecimento poderá ser construído, compartilhado, vivenciado, 
significado, mediado; a aprendizagem poderá ocorrer de modo significativo; os afetos poderão ser 
expressos, os sujeitos poderão ser e estar integralmente. 
A oficina como local de trabalho nos é apresentada, também, por Ander-Egg4. O autor a define 
como “um lugar onde se trabalha, se elabora e se transforma algo para ser utilizado”, ressaltando que 
nesse local há a ação de “construir e reconstruir o conhecimento”, aprender através da produção 
conjunta. 
Com base nas idéias do autor, podemos entender a oficina como um espaço de trabalho, de 
ensino e de aprendizagem. Esta acontece nas relações entre os sujeitos que dela participam e se unem 
em torno de uma atividade, de uma tarefa, de um objetivo a atingir, de algo a produzir, de algo a 
conhecer. Cada elemento do grupo tem um papel a desempenhar e muito a contribuir. E um momento 
privilegiado, em que os participantes se relacionam, transformam-se, experimentando, criando, 
O 
Capítulo 1 
 
O que é uma oficina 
 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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arriscando, sentindo, vivendo, expressando, sendo e estando. 
É um laboratório em que aprendentes e ensinantes, educandos e educadores, aprendizes e 
psicopedagogos, vivenciam e trocam papéis, experimentam, compartilham, arriscam, criam, constroem 
a relação e o conhecimento através de ações mediadas. 
As oficinas não são exclusividade da psicopedagogia, como mencionamos anteriormente. 
Vamos encontrar oficinas em outras áreas e com temas diversos, entre os quais podemos citar as ofi-
cinas de artes plásticas, de artes cênicas, de música, de produção de texto, de literatura, de ciências, de 
história, de dança, de brincadeiras, de jogos, de construção com sucata, de artesanato, de costura, de 
culinária, pedagógicas, de matemática, de raciocínio lógico, de desenvolvimento interpessoal, de 
dinâmicas de grupo e muitas outras. 
O que caracteriza o trabalho desenvolvido em uma oficina é a relação de mediação entre o 
ensinante e o aprendente, a apresentação de situações-problema a serem resolvidas, a produção de algo 
e a possibilidade de refazer quando necessário. O conhecimento e a aprendizagem circulam no espaço 
da oficina, sentimentos podem ser expressos, vínculos são estabelecidos e o mediador possibilita as 
aprendizagens através de uma relação ativa e dinâmica. Há um objetivo previamente determinado e as 
relações entre os participantes acontecem em função do alcance desse objetivo. Por exemplo, em uma 
oficina de produção de textos, o objetivo é produzir textos e os participantes são orientados nesse 
sentido. Ao término da oficina, textos podem ter sido produzidos e conhecimentos sobre o assunto 
foram apresentados e vivenciados. Há uma ação de produção, há a mediação, há aprendizagem, há 
ensino, há dificuldades e há a expressão de pensamentos e sentimentos. 
A oficina é semi-estruturada e a proposta, previamente organizada em um planejamento, mas 
há flexibilidade e movimento, o que direciona o trabalho para caminhos indicados nas relações 
estabelecidas em seu interior. Os sujeitos se reúnem ao redor de uma atividade a ser desenvolvida, de 
um objetivo a ser atingido, de um conhecimento a ser construído, de uma situação-problema a ser 
resolvida. O mediador exerce um papel fundamental, ativo e dinâmico, levando os sujeitos que 
participam da oficina a agir, pensar e sentir, também de modo ativo e dinâmico, estimulando o alcance 
da autonomia. O produto final de uma oficina é o conhecimento, produzido nas relações que ali se 
estabeleceram; por isso uma oficina não se repete, por isso não há receitas ou modelos, algo novo 
sempre surge no interior delas, a partir das relações entre os sujeitos e o conhecimento. 
A oficina psicopedagógica é um recurso que pode ser utilizado pelos educadores e também 
pelos psicopedagogos. Devem ser organizadas após um planejamento rigoroso em que se atente aos 
objetivos a atingir. 
A utilização das oficinas psicopedagógicas pelo educador pode auxiliar o processo de ensino e 
aprendizagem, facilitando esse processo e dando sentido aos conhecimentos científicos trabalhados no 
dia-a-dia da sala de aula. Viabiliza também o estabelecimento de relações entre os conteúdos e as 
disciplinas escolares, a apropriação dos conhecimentos e a produção de conhecimentos novos. Nas 
atividades desenvolvidas em umaoficina, a pesquisa, a descoberta, a análise, a síntese, a criação, a 
imaginação, a reflexão, a revisão, a retomada, o questionamento são colocados em movimento. O 
psicopedagogo pode utilizar a oficina psicopedagógica como recurso de avaliação psicopedagógica 
e/ou como recurso de intervenção psicopedagógica. Na avaliação, é possível conhecer o sujeito, sua 
relação consigo mesmo, com os outros e com o conhecimento, como expressa sentimentos e 
pensamentos em uma atividade coletiva, o que pode auxiliar na compreensão de suas dificuldades, no 
conhecimento de suas habilidades, nos encaminhamentos e nas orientações dadas à escola e aos 
familiares, bem como na seleção de atividades e organização da intervenção. A intervenção 
psicopedagógica representa um recurso importante, pois permite a aprendizagem e o desenvolvimento 
do sujeito, prevenindo intensificações ou equacionando dificuldades. Além disso, possibilita o 
desenvolvimento de funções mentais superiores necessárias à aprendizagem e à retomada de 
conteúdos escolares de forma lúdica e significativa. 
A utilização do lúdico no trabalho desenvolvido nas oficinas aproxima o sujeito do 
conhecimento, promove vivências e experiências novas, possibilita a construção, a desconstrução e a 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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reconstrução de conhecimentos, viver e experimentar sensações e sentimentos positivos e negativos 
(prazer, desprazer, alegria, tristeza, medo, vergonha, cooperação, competição, frustração, superação); 
permite uma relação diferente com o erro ao colocá-lo como parte fundamental do processo de 
conhecer e aprender e como natural ao longo desses processos; proporciona a mediação entre 
ensinantes e aprendentes; leva à autonomia, à espontaneidade, à escolha, à desistência, à retomada, à 
dúvida, à pesquisa, à descoberta, à superação, ao questionamento e à reflexão. 
Antes de trabalharmos na elaboração de projetos de oficinas, faremos uma discussão sobre o 
brincar e o jogar, ações presentes numa oficina. As idéias sobre a ludicidade, enquanto aspecto cons-
titutivo de uma oficina, poderão auxiliá-los e instrumentalizá-los na escolha de temas e atividades e na 
definição de objetivos, além de fundamentar o trabalho em oficinas. 
Encontramos vasta literatura sobre os temas “brincar”, “jogar”, “lúdico”, “brincadeira”, 
“brinquedo”, “jogo” e “ludicidade”. Com base nessa literatura, vamos conduzir nosso trabalho a partir 
de agora. 
Síntese 
Neste capítulo, apresentamos o que é uma oficina, termo utilizado para definir um local 
em que se desenvolve um ofício, uma atividade profissional, uma atividade de ensino e 
aprendizagem. 
A oficina se configura em um laboratório em que experiências de ensino e aprendizagem 
podem ser desenvolvidas, em que o conhecimento é mediado e significado, em que 
pensamentos e sentimentos podem ser experimentados e expressados. E o espaço privilegiado 
de produção de conhecimentos, estabelecimento de vínculos e aprendizagem. 
As oficinas são utilizadas em diversas áreas: na educação, na saúde, nas artes, na 
culinária; e com temas diversos: produção de textos, literatura, matemática, biologia, música, 
dança, construção com sucata, origami, desenho etc. 
Podem também ser utilizadas como recursos de ensino e aprendizagem tanto pelo 
educador, quanto pelo especialista em psicopedagogia. Para os educadores, são recursos 
auxiliares no processo de ensino e aprendizagem dos conhecimentos e conteúdos trabalhados na 
escola; para os psicopedagogos, representam importante recurso para avaliação e intervenção 
psicopedagógica, tanto no trabalho clínico quanto no institucional, preventivo ou terapêutico. 
 
Indicações culturais 
ALVES, R. Aloja de brinquedos. São Paulo: Loyola, 1996. 
Nessa obra, o autor apresenta uma loja de brinquedos encantada onde os adultos também se tomam 
crianças e discute o brinquedo, estabelecendo uma relação entre brincar e aprender, brincar e estudar, 
brincar e ensinar. Fala disso por meio do personagem Serafim, um menino de rua que vai até a loja e é 
convidado a participar das brincadeiras. 
É uma obra interessante, que leva à reflexão e é importante para o estudo do tema “oficinas 
psicopedagógicas” pois destaca a importância do brinquedo na vida das crianças e o papel do professor 
ao apresentar o brinquedo e o conhecimento como desafios. 
ALVES, R, A maçã e outros sabores. São Paulo: Papirus, 2005. 
O autor fala sobre a memória, sobre as surpresas que ela nos guarda. Muitas vezes queremos 
nos lembrar de algo e não conseguimos e, de repente, faz-se uma conexão e lembramos, sem esforço 
algum, com grande riqueza de detalhes, sensações e sentimentos. A obra ressalta que a forma como 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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olhamos para as coisas é que as transforma, reflexão que transforma o leitor e o faz ver de outra forma 
o que sempre esteve ali. Interessante para que o aluno da psicopedagogia reflita sobre o que retemos 
na memória, sobre os sentimentos e sobre a forma como vemos o mundo e as coisas que nos rodeiam, 
inclusive a aprendizagem e o aluno com dificuldades. 
ALVES, R. A pipa e a flor. São Paulo: Loyola, 2000. 
Trata-se de uma fábula em que o autor fala em liberdade, ciúme, inveja, amor, segurança, sentimentos 
comuns a todos os sujeitos humanos. A partir da história da pipa e da flor, convida-nos a refletir sobre 
nós mesmos e sobre nossas relações com os outros: companheiros, amigos, pais, filhos, alunos, 
colegas de trabalho etc. Traz uma reflexão fundamental para educadores, psicopedagogos e demais 
profissionais que atuam com sujeitos em desenvolvimento e aprendizagem. 
ALVES, R. Como nasceu a alegria. Curitiba: Paulus, 1997. 
Nessa obra o autor fala sobre o nascimento da alegria a partir da tristeza, do choro e da diferença. 
Provoca uma reflexão sobre o diferente, sobre a dor, a tristeza e o sofrimento associados a essa 
diferença e finaliza com a possibilidade de rir e ser alegre, mesmo sendo diferente. É uma reflexão 
relevante para quem vai atuar com crianças, adolescentes e adultos que não conseguem aprender e 
sofrem com isso. 
COELHO, M. T. de Q.; WOIDA, R. de C. T. C.; FRAGA, V. B. de. Brincando e aprendendo com 
oficinas ludopedagógicas. São Paulo: Paulus, 2007. 
É uma obra que apresenta um relato da experiência vivida pelos autores utilizando-se de oficinas 
ludopedagógicas na educação infantil e no ensino fundamental, séries iniciais. 
Miranda, H. T. de.; MENEZES, L. C. de. Almanaque de criação pedagógica: a aventura da 
explicação, ciência e linguagens. Petrópolis: Vozes, 2002. 
Trata-se de obra que discute a importância da criação por meio das atividades lúdicas. 
Atividades de Síntese 
1. Leia as afirmativas a seguir, analise-as e assinale (V) para verdadeiro ou (F) para falso quanto ao 
que caracteriza a oficina psicopedagógica. Marque, em seguida, a opção que apresenta a seqüência 
correta: 
( ) A oficina psicopedagógica se caracteriza por uma relação de mediação entre o ensinante e o 
aprendente, na qual o trabalho desenvolvido se relaciona à recuperação de conteúdos escolares. 
( ) Em uma oficina psicopedagógica, são apresentadas situações-problema a serem resolvidas 
coletivamente, num trabalho em grupo, em que ensinantes e aprendentes se relacionam e a mediação 
acontece de maneira dinâmica, 
( ) Nas oficinas psicopedagógicas há sempre uma produção, conhecimento e aprendizagem, a 
possibilidade de refazer quando necessário, além da expressão de sentimentos e pensamentos. 
( ) Nas oficinas psicopedagógicas, há uma liberdade de ação que permite ao sujeito fazer aquilo que 
quiser e como quiser. Elas se caracterizam como espaço de criação livre e aberto, no qual o 
planejamento não se faz necessário. 
 
a) V-V-V-F. 
b) V-F-V-F. 
c) F-V-V-F. 
d) F-F-F-V. 
 
2. Analise as frasesa seguir e assinale (Y) para verdadeiro ou (F) para falso quanto aos objetivos das 
oficinas psicopedagógicas. Em seguida, marque a opção que apresenta a seqüência correta: 
( ) As oficinas psicopedagógicas são utilizadas como recurso pedagógico com o objetivo de 
recuperar conteúdos escolares em defasagem, melhorar a auto-estima e desenvolver o senso crítico. 
( ) As oficinas psicopedagógicas, como instrumentos de avaliação psicopedagógica, possibilitam ao 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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psicopedagogo uma visão integral do sujeito em uma situação de produção coletiva, em que pode 
expressar seus sentimentos e pensamentos. 
( ) O objetivo das oficinas psicopedagógicas é estreitar os laços afetivos entre os participantes de um 
grupo em que se encontram conflitos relacionais sérios e que demandam atenção especial por parte do 
ensinante. Daí a denominação de trabalho terapêutico. 
( ) Uma oficina psicopedagógica tem como objetivo central possibilitar a manifestação de problemas 
de ordem emocional, mobilizando de forma ativa a expressão de sentimentos e conflitos presentes nas 
relações grupais. 
 
a) V-V-V-F. 
b) F-V-V-F. 
c) F-V-F-F. 
d) F-F-V-V 
 
3. O que é uma oficina psicopedagógica? Assinale (V) para verdadeiro ou (F) para falso e, em seguida, 
marque a opção que indica a seqüência correta: 
( ) E um espaço privilegiado de construção de conhecimentos que possibilita aos participantes se 
relacionarem ativamente com o conhecimento, experimentando, criando, arriscando, errando, 
refazendo, pensando, sentindo, expressando e produzindo. 
( ) Configura-se em um laboratório onde ensinantes e aprendentes vivenciam e trocam papéis, 
experimentam, descobrem, compartilham, arriscam, criam, constroem a relação e o conhecimento 
através de ações mediadas. 
( ) Representa um local e um espaço de trabalho em que aprendente e ensinante se relacionam de 
maneira a garantir a recuperação dos conteúdos defasados por meio da retomada desses conteúdos e da 
realização de atividades e exercícios que possibilitem a sua aprendizagem. 
( ) Espaço de trabalho em que o profissional e os participantes estabelecem um vínculo afetivo 
especial e uma relação dinâmica e ativa em que o conhecimento será construído, compartilhado, 
vivenciado, significado, mediado e a aprendizagem ocorrerá de modo significativo. 
 
a) V-V-F-V. 
b) V-V-F-F. 
c) F-F-V-V. 
d) V-F-F-F. 
 
4. Afirmamos no texto que a utilização do lúdico no trabalho desenvolvido nas oficinas aproxima o 
sujeito do conhecimento e possibilita: I) vivências e experiências novas; II) a construção, a 
desconstrução e a reconstrução de conhecimentos; III) viver e experimentar sensações e sentimentos 
positivos e negativos (prazer, desprazer, alegria,-tristeza,-medo, vergonha, cooperação, competição, 
frustração, superação...); IY) uma relação diferente com o erro ao colocá-lo como parte fundamental 
do processo de conhecer e aprender e como natural ao longo desses processos; V) a mediação entre 
ensinantes e aprendentes; VI) a autonomia, a espontaneidade, a escolha, a desistência, a retomada, a 
dúvida, a pesquisa, a descoberta, a superação, o questionamento e a reflexão. 
A partir da leitura desse trecho e de suas experiências, convidamos você a pesquisar em livros ou na 
internet e em seguida refletir sobre algumas questões: 
a) Qual a importância dos brinquedos, das brincadeiras e dos jogos nos processos de aprendizagem e 
desenvolvimento da criança? 
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Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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b) Quando propiciamos às crianças atividades lúdicas, sentimentos negativos podem ser mobilizados? 
Como trabalhar com isso? 
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c) Como atua o mediador em uma atividade lúdica? 
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d) Quando criança você, com certeza, brincava e jogava. Também agora, adulto, já participou de 
atividades lúdicas. Do que você mais gostava de brincar ou jogar e do que não gostava? E agora, 
adulto, brinca ou joga? Como? O que mudou da infância para o momento atual em relação às 
atividades lúdicas? 
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5. Faça uma entrevista com seus colegas de trabalho ou de curso e levante informações sobre o 
conhecimento que têm sobre oficinas psicopedagógicas: o que são, seus objetivos, sua aplicação, se já 
participaram de uma oficina psicopedagógica ou apenas de uma oficina, como foi a experiência, quais 
as características de uma oficina, quais as semelhanças e diferenças entre uma oficina e uma oficina 
psicopedagógica. Registre os dados. 
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rincar é muito importante para a criança, portanto essa atividade mio deve ser vista 
como meramente distrativa ou, ainda, como um passatempo. Muito pelo contrário, é 
uma atividade que participa da estruturação do sujeito, além de ser um recurso 
psicopedagógico importante nas práticas educativas. 
Brincando, a criança vai elaborando teorias sobre o mundo, sobre suas experiências, seus 
sentimentos, suas relações, sua vida. Ela vai se desenvolvendo, aprendendo e construindo conhecimen-
tos. Age no mundo, interage com outras crianças, com os adultos e com os objetos, explora, 
movimenta-se, pensa, sente, imita, experimenta o novo ereinventa o que já conhece e domina. 
Cunha1 afirma que “brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere 
suas habilidades”. Concordamos com a afirmação da autora, pois, de fato, ao brincar a criança vai i 
experimentando as possibilidades psicomotoras de seu corpo, experimenta os objetos e suas 
possibilidades de manipulação, funções e criação. Toca, aperta, leva à boca, morde, amassa, utiliza os 
sentidos nessa exploração. Descobre o que é, para que serve, como pode ser utilizado, inventa formas 
novas de utilização, cria brincadeiras, mobiliza, exercita e aperfeiçoa as possibilidades motrizes - de 
seu corpo, ao mesmo tempo em que confere suas habilidades psicomotoras, cognitivas, afetivas, 
sociais. 
Brincar é agir, divertir-se, entreter-se, comunicar-se, expressar-se, pensar, elaborar teorias, 
fazer de conta, fantasiar, criar, inventar, explorar, construir, desconstruir, destruir, reconstruir, 
descobrir, experimentar, comparar, repetir, arriscar, satisfazer necessidades e desejos, sentir, ser e 
viver. 
A concepção que temos sobre a criança que brinca é a de um ser social ativo, sujeito que se 
constrói nas relações com outros sujeitos, cujo desenvolvimento é biopsicossocial e, portanto, é 
preciso considerar o meio socioeconômico, histórico, político e cultural em que essa criança nasce e 
vive, ou seja, o contexto em que se desenvolve, constitui-se, aprende e brinca. 
No processo de desenvolvimento infantil, há aspectos que igualam as crianças, posto que são 
universais. Santos2 destaca os elementos biológicos e psicológicos, ressaltando que há também 
aspectos que as diferenciam, entre eles os fatores socioeconômicos e culturais, que são 
particularizantes. É importante considerar as diferenças individuais que caracterizam cada sujeito. 
Sujeito este que se constitui nas relações com as figuras parentais e com outros sujeitos com quem se 
relaciona ao longo de sua existência, com o meio e os objetos, que traz ao nascer um substrato orgâni-
co, um ser em desenvolvimento, portanto sujeito único e peculiar, que vai se construindo num 
processo contínuo e dinâmico que perdura por toda a vida. E com esse sujeito que desenvolveremos as 
atividades lúdicas nas oficinas psicopedagógicas. 
B 
Capítulo 2 
 
O que é brincar 
 
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O ato de brincar, segundo Maluf, é uma necessidade interior das crianças, mas também dos 
adultos e, portanto, inerente ao desenvolvimento. Durante a vida e seus processos de desenvolvimento 
e aprendizagem, o homem necessita brincar, jogar, experimentar, explorar, impulsos considerados pela 
autora como naturais no processo e caracterizados como uma necessidade interior. O que leva a 
criança ao exercício lúdico desde a mais tenra idade é movimentação, repetição, olhar, ação, jogo, 
comunicação, exploração do corpo e dos objetos, transformação de objetos em brinquedos, utilização 
de brinquedos propriamente ditos, criação de brinquedos, brincadeiras e jogos, dentre outras 
atividades. E não é diferente com o adulto. Embora muitos não admitam, adultos também brincam, 
jogam, exploram e experimentam, como as crianças o fazem, de um modo peculiar e próprio à sua 
faixa etária, mas o fazem com prazer e interesse. Podemos citar como exemplos os jogos eletrônicos, 
os esportes, os jogos de regras, as coleções e muitos outros. 
Brincar pode ser analisado como um fenômeno filosófico, sociológico, psicológico, criativo, 
psicoterápico e pedagógico. Santos4 é quem faz essa discussão. Ao analisar o brincar como fenômeno 
filosófico, a autora diz que ele é abordado como contraponto à racionalidade e nos chama a atenção 
para o fato de que a criança necessita fantasiar e sonhar para não se limitar ao mundo raciona’: 
rotineiro, onde apenas resolveria problemas e acataria ordens. criança sem a fantasia do brincar jamais 
terá o encanto, o mistério e a ousadia dos sonhadores, que só a emoção proporciona, expressão lúdica 
tem a capacidade de unir razão e emoção, conhecimento e sonho, formando um ser humano mais 
completo e pleno”5. 
Podemos observar que, ao fantasiar, a criança cria um mundo paralelo onde seus sonhos se 
realizam, tudo é possível, as experiências são revividas e modificadas, suas emoções e pensamentos se 
expressam, seus sentimentos são elaborados e significados, os conhecimentos se constroem numa 
relação ativa. Fantasiando, a criança experimenta, cria, refaz, retoma, repete, revive angústias e 
conflito abandona, desiste, insiste. Deixa de lado a rotina, a racionalidade, a objetividade, a sujeição às 
ordens e exigências do adulto. Há liberdade e espaço para criar, recriar, fingir, expressar, sentir, amar, 
odiar, sofrer, alegrar-se e voltar à realidade. 
Como fenômeno sociológico, Santos6 ainda destaca que o brincar é uma forma de inserir a 
criança na sociedade. Por meio de valores, crenças, normas, leis, regras, hábitos, costumes, históricos, 
princípios éticos, linguagem, sistemas de produção e conhecimentos são construídos, transmitidos e 
assimilados pela criança. A autora ressalta, ainda, que a apropriação da cultura resulta da interações 
lúdicas entre a criança, os instrumentos de brincar (brinquedos criados a partir de imagens, 
significantes e significados próprios da cultura do grupo a que pertence a criança) e o outro (outras 
crianças e os adultos com quem convive e interage). 
Ao nascer, a criança será mergulhada na cultura de seu grupo social e se apropriará dessa 
cultura. Ao brincar, será inserida na sociedade a que pertence. As brincadeiras de que participa, os 
brinquedos e os jogos, desde bebê, caracterizam seu grupo social e cultural, expressam sua situação 
econômica e o tempo histórico de sua geração. O adulto e outras crianças contribuem para esse 
processo, pois selecionam os brinquedos, as brincadeiras e os jogos que apresentam à criança. Estes 
vão desde os mais simples e baratos até os mais sofisticados e caros. A seleção depende dos fatores 
que mencionamos acima e da sensibilidade de quem escolhe. Brincar, assim, possibilita a construção, 
a transmissão, a assimilação e a apropriação de valores, normas e regras, usos e costumes, história, 
saberes e conhecimentos, o que se dá através das relações mediadas entre a criança e os adultos, a 
criança e outras crianças, a criança e os instrumentos de brincar (os brinquedos, os jogos e as 
brincadeiras). 
E importante que se apresente às crianças diferentes instrumentos de brincar, inclusive de 
outras culturas, de outros tempos históricos, dos mais simples aos mais sofisticados. Dessa forma, 
possibilita-se uma riqueza de experiências, o desenvolvimento de uma visão crítica e o 
compartilhamento, a solidariedade, a generosidade e a cooperação, que resultam na inserção social e 
no desenvolvimento do cidadão crítico e consciente. 
Brincando, a criança vai construindo sua identidade, formando sua personalidade, vai se 
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desenvolvendo e vai aprendendo. Temos aqui o brincar como fenômeno psicológico e psicoterápico, 
como uma necessidade e um fator determinante no desenvolvimento integral do sujeito humano 
(desenvolvimento físico, mental e emocional), na constituição de sua personalidade, na construção de 
sua identidade, como fator de relação, equilíbrio emocional e comunicação com outros sujeitos e 
consigo mesmo. 
Por meio do brincar, a criança elabora suas angústias, medos e conflitos internos, manifesta 
seus sentimentos e emoções, encontra respostas para tais angústias elaborando teorias, afirma-se, 
constrói-se, resgata a possibilidade de “ser” e “sentir” prazer e desprazer, alegria e tristeza, medo e 
raiva, amor e ódio, entre outros. 
O brincar é concebido como uma atividade livre e espontânea que facilita o desenvolvimento 
físico, cognitivoe psicológico, estimula o desenvolvimento intelectual, possibilita responder questio-
namentos, equacionar dificuldades de aprendizagem, facilita a comunicação e propicia o 
estabelecimento de relações interpessoais. E, pois, um ato criativo, em que a criança vai criar, 
descobrir e se conhecer. Brincar e criar, para Santos7, são atividades semelhantes, em que a criança 
necessita de iniciativa e autonomia, de coragem para realizar atividades descompromissadamente, 
coragem para errar e tentar quantas vezes forem necessárias ou, simplesmente, desistir para talvez 
retomar em outro momento. 
Brincar é, sem dúvida, um importante recurso pedagógico que estimula e desenvolve as 
funções mentais superiores e as psicomtoras e participa no processo de construção do conhecimento. 
A criança se desenvolve e aprende brincando, adquire experiências e conhecimentos, pensa e 
raciocina, descobre e apreende o mundo e a si própria, constrói-se física, social, cultural e 
psicologicamente. 
Para brincar, a criança precisa de espaço, que vai variar conforme a sua idade e as suas 
possibilidades motrizes; precisa de objetos, que vai utilizar como instrumentos para brincar 
(brinquedos, objetos do cotidiano, sucata, miniaturas etc.), e de sujeitos adultos ou outras crianças, 
como companheiros, colegas, amigos), com quem vai ou não interagir durante as brincadeiras e que 
atuem preferencialmente como mediadores. Tanto o espaço como os objetos e os sujeitos variam de 
acordo com a idade da criança, possibilidades motrizes, aspectos cognitivos e afetivos, interesses e 
necessidades. 
2.1 
Espaço e tempo 
 
Para brincar a criança necessita de espaço físico, de tempo e de um espaço psicológico. Espaço 
físico é o local em que a criança desenvolverá suas brincadeiras e jogos. Tempo é o espaço temporal 
que terá disponível para brincar. Já o espaço psicológico diz respeito à disposição para brincar e à 
criação de “clima”, espaço lúdico ou ambiente lúdico, tanto por parte da criança quanto de quem brin-
ca com ela, e a disponibilização de tempo e atenção, por parte dos adultos e de outros mediadores que 
interagem com a criança em casa, na escola e nas instituições de educação infantil. 
O espaço - que pode ser aberto ou fechado - mais adequado para a criança brincar é amplo, 
arejado, livre de objetos, a fim de que ela possa se movimentar livremente, de acordo com as suas 
possibilidades psicomotoras e interesses. Há momentos em que espaços pequenos, com poucos 
objetos, com muitos objetos ou com pessoas se fazem necessários, pois vão estimular o desenvol-
vimento da criança em diferentes situações. 
A criança pode brincar num quarto, numa sala, num pátio, num jardim, numa cancha, num 
parque, num espaço com móveis ou sem nenhuma mobília, com um objeto ou com vários objeto- 
sejam eles naturais, construídos ou industrializados —, com um adulto ou outra criança ou com vários 
adultos e várias crianças, importante é que os espaços de brincar sejam variados e adequados à faixa 
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etária, aos instrumentos ou aos objetos de brincar e às possibilidades motrizes, cognitivas e afetivas da 
criança. Cabe ao adulto educador ou não, fazer tal seleção. 
O tempo destinado à atividade de brincar também é importante. Devem se oportunizar 
diferentes momentos e espaços è tempo no dia-a-dia, nas horas de lazer, nos fins de semana, nas 
atividades de sala de aula, nas rotinas das instituições de educado infantil, nas escolas de ensino 
fundamental, nas escolas especiais, nas brinquedotecas. Atuar como mediador, selecionar os materiais 
e as atividades, organizar o tempo e o espaço, participar ativamente, dar atenção e estimular a criança 
são ações fundamentais por parte do adulto. 
Ao se possibilitar à criança um espaço e um tempo destinado à atividade de brincar, cria-se 
um espaço psicológico para essa atividade. Brincadeiras dirigidas ou livres, acompanhadas e me-
diadas, de exercício psicomotor, simbólicas ou de regras, em que a criança pode se expressar, 
constituir-se sujeito, aprender, desenvolver-se, ser e estar integralmente são fundamentais para o seu 
desenvolvimento. 
2.2 
Brinquedo 
 
Ao se propor uma atividade lúdica, uma brincadeira para as crianças, além da escolha do 
espaço mais adequado, é necessário selecionar o objeto de brincar - o brinquedo. Kishimoto8 o 
apresenta como um suporte para a brincadeira, um motivo para a ação de brincar, funcionando como 
um elemento desencadeador da brincadeira. Os brinquedos são criados por adultos, que já foram 
crianças no passado, projetados para crianças num tempo e num paço diferentes da infância desse 
adulto. Eles refletem o momento presente pelo qual passa a sociedade em que esses objetos são 
criados e produzidos, reproduzem os valores, a cultura e as expectativas dessa sociedade. Vão dos 
mais simples e baratos aos mais elaborados, complexos e caros. 
Quando se fala em brinquedo, imediatamente as pessoas pensam em brinquedos 
industrializados, pedagógicos ou artesanais, criados, confeccionados e produzidos com este fim: servir 
de suporte às brincadeiras infantis. No entanto, a criança pode encontrar suporte para suas brincadeiras 
em objetos comuns, utensílios domésticos, sucatas, elementos da natureza, que a priori não teriam 
função lúdica. Utilizando-se desses objetos ou dos brinquedos produzidos para brincar, a criança 
desenvolve sua imaginação e criatividade, se socializa, experimenta e arrisca, satisfaz suas ne-
cessidades, interesses e desejos, constrói o conhecimento. 
Há alguns critérios a se considerar, apontados por diversos autores, na escolha dos brinquedos. 
Considerar tais critérios é importante e fundamental na seleção, na aquisição e na utilização desse 
material, por parte de qualquer pessoa, seja profissional ou não. Ao se presentear uma criança, ao 
distribuir brinquedos em casa, em sala se aula, em atividades livres, numa brinquedoteca, atentar para 
tais critérios auxilia na segurança da criança e garante o alcance de objetivos relacionados ao 
desenvolvimento e aprendizagem. 
Maluf menciona a necessidade de os brinquedos serem resistentes para que não desapontem a 
criança se quebrando quando ela vai brincar com eles pela primeira vez. Brinquedos que s- quebram 
com facilidade podem gerar frustrações e decepções na criança, sentimentos de insegurança, medo de 
manipulá-los destruí-los, comportamentos de evitação, sentimentos de rejeição e de culpa, reprimindo 
o impulso de exploração e experimentação naturais na criança. 
Portanto, na escolha de um brinquedo, cabe ao adulto checar sua resistência, fator importante 
tanto para a segurança da criança quanto para evitar o desapontamento decorrente de sua quebra. 
 
 
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Cunha indica como critérios para a seleção de brinquedos: 
 
 o interesse da criança, que tem relação com a idade, com aspectos afetivos, 
psicomotores e cognitivos, com a mídia, com necessidades internas, com curiosidade, desafio 
e desejos; 
 a adequação à faixa etária e às possibilidades psicomotora e cognitivas da criança, às 
necessidades físicas, emociona: sociais, culturais e intelectuais; o estímulo à criatividade, o 
convite à participação, dentro das possibilidades da criança, pois para criar são necessários 
pontos de referência; 
 a versatilidade, que faz com que o brinquedo possa ser utilizado de diversas maneiras, 
apresentando-se com desafios progressivos; a composição presente nos jogos de encaixe que 
permitem à criança compor e descompor os elementos constitutivos do jogo; 
 as cores e formas: cores fortes e formas simples atraente crianças pequenas e cores 
naturais e formas sofisticadas’ atraem crianças mais velhas. Cores, formas e texturas 
variadas contribuem para a estimulaçãoe enriquecimento das experiências lúdicas; 
 o tamanho dos brinquedos, que deve ser adequado às possibilidades de manuseio da 
criança. Peças pequenas para crianças maiores e peças grandes para crianças pequenas, em 
primeiro lugar, por uma questão de segurança; em segundo, por uma questão psicomotora; 
 a durabilidade, já que os brinquedos frágeis podem causar frustração e insegurança à 
criança, por quebrarem-se com facilidade, não dando a ela tempo suficiente para explorá-los 
e estabelecer vínculo positivo com eles; 
 a segurança: é preciso considerar e evitar pontas e arestas que podem ferir a criança, 
presença de peças pequenas e destacáveis que possam ser ingeridas ou engasgar crianças 
(bebês) que levam tudo à boca, evitar material tóxico que possa provocar intoxicações, 
sacos plásticos e sacos de papel que podem ocasionar sufocação, cordas e barbantes que po-
dem causar enforcamento. 
 
A maioria dos pesquisadores que estudam e trabalham com o lúdico, ao abordar a seleção dos 
brinquedos, destaca praticamente os mesmos fatores, embora sejam utilizadas denominações 
diferentes. 
Aufauvre11 indica a necessidade de se considerar o que denomina de valores dos brinquedos. 
O primeiro deles é o valor funcional, que diz respeito às possibilidades da criança que vai utilizá-lo. O 
brinquedo não deve ter acessórios supérfluos, miniaturizações e exigir mais do que a criança é capaz 
de realizar. O valor experimental se relaciona às experiências e descobertas que propicia à criança. 
Não deve exigir mais do que a criança possa compreender, mas não deve limitá-la, ou seja, deve ser 
suficientemente desafiador para ela. A autora aponta também o valor de estruturação. Ele se refere ao 
fato de que o brinquedo deve contribuir para a formação da identidade e da personalidade da criança, 
portanto deve facilitar a conscientização de si mesma e a exploração completa suas possibilidades. O 
último valor a se considerar é o de relação: o brinquedo deve possibilitar à criança a vivência de 
experiência, que a situem melhor em relação ao meio, em relação a si mesmo e aos outros, percebendo 
e experimentando diversos papéis. 
 
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Na escolha dos brinquedos, é essencial que se considerem alguns critérios, estabelecidos 
com base no exposto anteriormente e em nossa prática: 
 
 Faixa etária: é preciso considerar a idade da criança que vai utilizar o brinquedo, para 
que não se exija nem muito nem pouco; para que atenda aos interesses e às necessidades 
próprios de cada idade. 
 Possibilidades motrizes: observar as possibilidades de manuseio do brinquedo e a presença 
de alterações psicomotora- que possam dificultar tal manuseio e que exijam adaptação. 
 Objetivos: a partir deles selecionam-se os mais adequados considerando-se o que se 
pretende trabalhar com a criança; para crianças de nível socioeconômico baixo, próprias 
experiências com brinquedos industrializados, elaborados e desconhecidos por elas; para 
crianças de nível socioeconômico mais elevado, propiciar também experiências com brinquedos 
mais simples, inclusive com sucata. 
 Nível de desenvolvimento: considerar tal nível facilita a seleção do brinquedo que a 
criança poderá utilizar e que será ao mesmo tempo adequado ao seu nível afetivo e de 
compreensão, desafiante e estimulante de estruturas mais elaboradas de pensamento. 
 
Segurança: brinquedos grandes e leves para crianças pequenas brinquedos menores e com 
mais detalhes para crianças mais velhas; brinquedos sem pontas e arestas; brinquedos antitóxicos, 
antialérgicos e laváveis; brinquedos inquebráveis. Evitar brinquedos com barbantes e cordas que 
possam enforcar a criança; evitar sacos, sacolas plásticas e cartuchos que podem causar sufocação. 
Observar se o brinquedo tem o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade 
Industrial (Inmetro), que é garantia de qualidade, de segurança e indica para que idade o brinquedo 
não é aconselhável. Evitar a aquisição de brinquedos de procedência duvidosa, de baixa qualidade e 
sem o selo já mencionado. 
O brinquedo, que pode ser desde um sofisticado produto industrial até uma simples caixa de 
fósforos, funciona como um suporte para o brincar, para a brincadeira. Sem um brinquedo é muito 
mais difícil brincar, mas não é impossível fazê-lo. Ele é um meio pelo qual a criança demonstra suas 
emoções, cria e imagina, desenvolve-se, aprende e apreende. Cada brinquedo apresentado a criança 
desperta nela uma infinidade de possibilidades. Desperta seu interesse, sua curiosidade, possibilita 
momentos de prazer, realização e felicidade, bem como permite a vivência de sentimentos de angústia, 
desprazer, frustração, medo, tristeza, que poderão ser simbolizados e elaborados. 
2.3 
Brincadeiras 
 
Brincadeira é o ato ou efeito de brincar, é o momento em que, utilizando-se de brinquedos, a 
criança brinca. De posse de um brinquedo ou de um objeto que sirva de suporte para sua brincadeira 
criança se coloca em movimento agindo, pensando, sentindo- brincando. Utiliza o objeto de brincar, 
manipulando, repetiu: explorando, descobrindo, abandonando, retomando, inventando, criando. Na 
brincadeira, diversas funções são mobilizadas: as psicomotoras, as neuropsicológicas, as cognitivas, 
além de sentimentos e afetos. Brincando a criança se desenvolve e aprende. Em nossa prática 
profissional, observando as crianças brincar e analisando suas brincadeiras, constatamos diferentes 
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formas c brincar. Estabelecemos uma relação entre o que observamos em exposto por Maluf12, que 
afirma que há diferentes tipos de brincadeiras em diferentes momentos ao longo do desenvolvimento 
da criança. Concordamos com a autora e apresentamos a seguir ideias sobre esse tema. Na brincadeira, 
a atenção da criança se prende ao brinquedo e ao ato de brincar. Ela explora integralmente os atributos 
do objeto da brincadeira, como, por exemplo sua cor, sua forma, sua textura, sua espessura, sua 
consistência seu odor, seu sabor, suas possibilidades. Para isso, utiliza-se dos sentidos e do corpo 
como um todo. Inicialmente, as brincadeiras da criança são solitárias e se limitam a uma exploração 
intensa do ambiente e/ou do brinquedo ou objeto do meio que ela eleja como tal. Geralmente, isola-se 
de outras crianças e, mesmo que estejam num espaço comum, não interagem, permanecem em silêncio 
ou falando consigo mesmas, cada uma brincando com seu brinquedo, absortas. 
Aos poucos, a criança começa a brincar ao lado de outras crianças, amigos, irmãos, primos, 
mas ainda sem se relacionar com eles. Suas ações se limitam a utilizar o brinquedo e a defendê-lo de 
um possível interesse por parte de outras crianças. Permanecem brincando em grupo, mas cada um faz 
sua atividade, completamente atento a ela, em silêncio e, se fala, é consigo mesmo. Não há interação, 
podem ocorrer brigas e/ou choradeiras na tentativa de proteger seus brinquedos da cobiça do colega. 
Nesse momento, começam a observar o brinquedo e a brinca- ira do colega, por isso o 
interesse nos brinquedos alheios. Tal interesse passa de uma observação fortuita para uma observação 
atenta e interessada, em que a criança se mostra absorta e completamente envolvida na brincadeira do 
outro, mas não há relação entre eles e nem conversação. 
O processo de brincar envolve, então, aproximar-se dos outros para brincar. Essa aproximação 
para participar de brincadeiras grupais pode ocorrer sem conflitos, mas pode também ser marcada por 
atritos, fator dependente das características dos componentes do grupo. A criança ingressa no grupo e 
estabelece diferentes ilações que perduram ou acabam rapidamente. 
A criança que ingressa no grupo para brincar pode, inicialmente, realizar asatividades que 
todos estão realizando numa tentativa de ser igual a todos e, portanto, parte integrante do grupo, 
gradativamente, as crianças do grupo se envolvem ao redor de uma mesma atividade, mas o 
importante é a relação e a conversação que estabelecem e que podem não ter relação direta com a 
atividade em questão. 
Posteriormente, as brincadeiras passam a ser cooperativas, momento marcado pelo interesse 
das crianças e que se orienta para o brinquedo e pela necessidade de pertencimento ao grupo. Realizam 
em conjunto, por exemplo, a montagem de peças de encaixe para construir uma casa. As crianças 
cooperam, compartilham, dividem, aguardam, realizam e conversam sobre a brincadeira e a tarefa a 
realizar. 
A brincadeira cooperativa vai se tornando mais efetiva à medida que cada componente do 
grupo assume um papel. Cada elemento coopera no sentido de o grupo atingir um objetivo comum, 
aprendem a esperar sua vez, respeitar os colegas e as regras da atividade. Surge aqui a brincadeira 
simbólica, em que o faz-de-conta esta presente levando cada criança a assumir um papel e a 
representá-lo, conversando sobre ele com os colegas; as brincadeiras com regras que envolvem o 
estabelecimento e o cumprimento destas, dentre outras. 
As diferentes formas de brincadeiras não desaparecem e podem vez por outra voltar a se 
manifestar, fato que depende menos da idade e do desenvolvimento e mais do momento pelo qual 
sujeito está passando. 
2.4 
Brinquedoteca 
 
A brinquedoteca se configura em um espaço especial, organizado com o intuito de possibilitar 
e favorecer a brincadeira, o ato de brincar. Espaço que não é apenas físico, mas também psicológico, 
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definido por Cunha13 como sendo “criado para estimular criança a brincar possibilitando o acesso a 
uma grande variedade de brinquedos, dentro de um ambiente especialmente lúdico [...] lugar onde 
tudo convida a explorar, a sentir, a experimentar”. 
Uma brinquedoteca não se limita a um acervo de brinquedos que podem ser emprestados, 
muito pelo contrário. Ela é mais do que um acervo: é um local e um espaço em que se estimula a 
participação em atividades lúdicas. Espaço em que a criança será estimulada a construir suas 
aprendizagens, a desenvolver-se integralmente, a participar ativa e criativamente das atividades 
lúdicas. Há, claro, na brinquedoteca brinquedos diversos, organizados de forma a tornar o ambiente 
propício ao desenvolvimento das atividades lúdicas, que podem inclusive ser emprestados e levados 
para casa, mas há nela espaço para brincar ali mesmo, com o brinque- dista e com outras crianças. 
Cunha14 afirma que “a brinquedoteca é um lugar onde as crianças vão para brincar” e completa 
sua colocação dizendo que “é um espaço criado com o objetivo de proporcionar condições, as mais 
favoráveis, para que a criança brinque; é um lugar onde tudo estimula a ludicidade”. Brincar é a 
atividade central numa brinquedoteca, cujo objetivo é oportunizar às crianças o contato com 
brinquedos diversos, num lugar especialmente organizado para o desenvolvimento do ato de brincar. 
Emprestar brinquedos trabalha com uma questão crucial: não é a posse do brinquedo o mais 
importante, mas o uso, a exploração, a experimentação, o prazer que ele proporciona, o que resgata o 
valor real do brinquedo e não o valor material. 
Brinquedo tem valor na medida em que está disponível, em que se pode brincar com ele, 
explorá-lo, manuseá-lo, experimentar todas as suas possibilidades. Brinquedo no armário, na estante, 
na caixa, como enfeite, não cumpre sua função, não tem valor real. 
Noffs15 destaca que a brinquedoteca é um espaço para brinca mas também “é um espaço para 
desenhar, experimentar, vivenciar, jogar, satisfazer, enfim, as necessidades de seus usuários”, 
ambiente para isso deve ser acolhedor, agradável e estimulador, arejado, espaçoso, organizado e deve 
contar com um “educador brinquedista”, ou seja, um profissional que atue como mediado, e possibilite 
o desenvolvimento de um ambiente agradável, prazeroso, rico em estímulos, organizado de tal modo 
que possibilite as aprendizagens e o desenvolvimento. Ao brinquedista cabe organizar o espaço, os 
materiais, as atividades, participar ativamente das atividades lúdicas, mediar, atuando como um 
parceiro compartilhando experiências, agindo de modo a problematizar e situações que se apresentam 
durante as brincadeiras, estimular a busca de soluções para esses problemas. 
A autora16 destaca, ainda, que, para atuar como um brinquedista, o profissional precisa 
“reaprender a brincar, antes de propiciar à criança a oportunidade de brincar”. Deve, portanto, receber 
uma formação complementar que o prepare para essa atuação. Deve resgatar seu passado lúdico, 
relembrando como brincava em diferentes momentos de sua vida, como brinca hoje, qual o papel da 
brincadeira em sua vida, que sentimentos suscita, como e com quem brincava, como e com quem 
brinca no momento presente, deve conhecer o público com quem vai trabalhar, conhecer 
desenvolvimento do sujeito humano. Essa condição é necessária também a um “oficinista”, 
profissional que vai desenvolver atividades numa oficina pedagógica ou psicopedagógica. 
Concordamos com Noffs17 quando ele afirma que “saber brincar significa socializar-se com as 
pessoas, comunicar-se com a realidade, garantir trocas, negociar sentimentos, conflitos, aceitar-se, 
aprender a gostar de si mesmo apesar das diferenças”. O que não se consegue apenas com uma 
formação técnica, mas que requer um preparo emocional, uma formação por meio da ação 
fundamentada, da participação ativa, autônoma, criativa, crítica e aberta à transformação, à mudança, à 
aprendizagem. 
O espaço físico de uma brinquedoteca deve ser organizado de tal maneira que possibilite a 
criação de um espaço psicológico, de um ambiente que estimule e convide a brincar, a explorar, a 
aprender, a se desenvolver ludicamente, numa relação ativa e mediada com outros sujeitos (crianças e 
adultos - colegas e o educador-brinquedista). 
Na brinquedoteca encontramos materiais diversos, organizados de modo a estarem disponíveis 
à exploração e a possibilitar o manuseio por parte das crianças. Devemos considerar também os 
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critérios de segurança e garantir que a criança se sinta bem, participe ativamente, expresse seus 
sentimentos positivos ou negativos, aprenda e se desenvolva, estabelecendo uma relação positiva com 
o conhecimento, consigo mesma e com os outros. 
Santos18 destaca a importância da brinquedoteca enquanto espaço destinado a todos os 
sujeitos, independentemente de sua faixa etária: crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos. Espaço 
em que há educação, trabalho, vivências. Dessa forma, a brinquedoteca adquire o caráter de 
laboratório em que há pesquisa, estudo, observação, vivência, exploração, experimentação, descoberta 
e aprendizagem, configurando-se em um espaço para brincar e sentir-se feliz, sentir prazer, aprender, 
experimentar e arriscar em qualquer momento da vida. Ideia defendida também por Schlee quando 
define a brinquedoteca como “um laboratório” em que dois grupos de participantes “são convidados a 
desenvolver série de atividades numa relação [...] dialética [...] um laboratório onde um primeiro grupo 
de usuários estuda, cria, pesquisa, elabora e confecciona uma série de alternativas lúdicas; enquanto 
outro grupo (mesmo que sem saber) testa cada alternativa, aprovando-a ou não”. Essa definição amplia 
o público atendido mino brinquedoteca e caracteriza seus participantes, dividindo-os dois grupos, que 
interagem ativamente: um composto por profissionais que pesquisam e exploram a ludicidade, os 
brinquedo as brincadeiras; e outro composto por sujeitos que procuraramvivências lúdicas, as 
experiências lúdicas, que participam brincando, experimentando, vivendo intensamente a ação de 
brincar. 
Na brinquedoteca o participante, seja uma criança, um adolescente ou um adulto, brinca com 
os objetos de brincar, joga, experimenta, comunica-se, interage, conversa, cria, experimenta, erra, 
acerta, descobre, inventa, medeia, conhece, descobre, pergunta responde, imagina, desenha, lê, 
escreve, ri, chora, imita, constrói, desconstrói, reconstrói, vive o prazer e o desprazer de brincar, e 
estar. Há uma proximidade muito grande entre a experiência vivida numa brinquedoteca e a 
experiência vivida numa oficina psicopedagógica: em ambas o aspecto lúdico direciona o trabalho que 
pode se configurar em psicopedagógico, mediado por um profissional, no qual aprendizagem, 
desenvolvimento, conhecimento e sentimentos estão em movimento. 
2.5 
O brincar no espaço pedagógico e 
psicopedagógico 
 
As atividades lúdicas adquirem uma importância significativa quando discutimos sua 
utilização no espaço pedagógico e no espaço psicopedagógico. A ação de brincar, seja no espaço da 
sala de aula, seja no espaço de uma brinquedoteca, ou seja, no espaço de uma oficina psicopedagógica 
adquire um caráter especial a partir olhar, da escuta e do encaminhamento que lhe é dado pelo 
profissional que atua nesses espaços. 
Brincar proporciona a aprendizagem e o desenvolvimento, mas num espaço psicopedagógico, 
promove um trabalho de significação e ressignificação dos conhecimentos, possibilitando a sua 
apropriação, a elaboração de sentimentos e pensamentos, o resgate do prazer de aprender, descobrir, 
pesquisar, explorar, agir, construir, compartilhar. 
Noffs20, citando Fernandez, destaca a relação próxima entre o aprender e o jogar: “o brincar 
possibilita o desenvolvimento das significações do aprender. ‘O saber se constrói... fazendo próprio o 
conhecimento do outro e a operação de fazer próprio o conhecimento do outro só se pode fazer 
jogando’”. 
Na brincadeira, no jogo, bem como em qualquer atividade pedagógica, em que o processo de 
ensino-aprendizagem esteja em movimento, temos presentes a aprendizagem e a não-aprendizagem. O 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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erro é inerente a esse processo, faz parte dele. Logo, quando utilizamos atividades lúdicas no trabalho 
psicopedagógico devemos ter clareza quanto aos objetivos a atingir, quanto aos procedimentos que 
vamos utilizar na tentativa de efetiva o processo de aprendizagem e a apropriação de conhecimento 
devemos compreender que aprender e não-aprender estão inrr- relacionados e valorizar os esforços 
daqueles que estão tentando, errando, refazendo, revendo, acertando e errando novamente, trabalho 
psicopedagógico refere-se à criação de um espaço em que o conhecimento poderá ser significado e 
ressignificado, levando o sujeito à aprendizagem e ao desenvolvimento integral, por meio de 
atividades lúdicas, de jogos, do brincar, dos brinquedos e da-; brincadeiras, que permitem uma relação 
vincular diferencial com a aprendizagem e com o conhecimento a partir da mediando profissional que 
desenvolve as atividades juntamente com os participantes do processo. 
Professores e outros profissionais se utilizam de atividades lúdicas. Na escola, muitas vezes, as 
atividades lúdicas são propostas sem objetivo, sem planejamento, de forma aleatória, como atividade 
de lazer, descontextualizada, livre e sem acompanhamento ou mediação. 
E importante destacar que não basta levar jogos e brincadeiras para a sala e distribuí-los ou 
sair da sala e levar os alunos para brincar em outros espaços. Utilizar as atividades lúdicas ensaia de 
aula, no trabalho pedagógico e psicopedagógico, envolve duas ações fundamentais: o planejamento, ou 
seja, a organizai da atividade, a seleção dos materiais, a definição dos objetivos a organização do 
espaço, e a mediação, que diz respeito à atuação do profissional participando das atividades, intervindo 
através de conversação que possibilite a análise das ações implementadas durante a realização das 
atividades, despertando o interesse e desejo dos participantes, possibilitando o desenvolvimento do 
pensamento, a expressão de sentimentos e a aprendizagem. 
Síntese 
Neste capítulo, vimos a importância do brincar para o desenvolvimento integral do 
sujeito. Brincar é um impulso natural e interno do ser humano. Contribui para a aprendizagem 
e para o desenvolvimento. Brincando, a criança se insere na sociedade, na cultura, no mundo; 
aprende, apreende, constitui-se sujeito, desenvolve sua personalidade, constrói sua identidade, 
expressa seus sentimentos e pensamentos, vivência papéis, elabora conflitos, apropria-se e 
constrói conhecimentos. E, pois, uma atividade que participa da estruturação do sujeito, é um 
recurso pedagógico e psicopedagógico fundamental nas práticas educativas. 
Concebe-se a criança como um ser social ativo, que se constitui nas relações com outros 
sujeitos, inserido num contexto socioeconômico, histórico, político e cultural em que nasce, 
aprende, desenvolve-se e brinca. Esses são aspectos particularizantes. Brincar pode ser visto, 
então, como um fenômeno filosófico, sociológico, psicológico e pedagógico, com aplicações e 
inter-relações diversas em que criação, sentimentos, pensamentos e ações estão em 
movimento. 
Tanto crianças quanto adultos brincam durante a vida. Para brincar, necessitamos de 
espaço físico e psicológico e de tempo, mas precisamos também de brinquedos, que se 
configuram em instrumentos para brincar, em suportes para a brincadeira. Há critérios para a 
escolha dos brinquedos: função, faixa etária, segurança, objetivos, possibilidades motrizes, 
dentre outros, critérios importantes a se considerar na organização de atividades lúdica; seja 
em casa, seja em uma atividade pedagógica, na escola ou na, oficinas psicopedagógicas. 
As brincadeiras acontecem em diferentes espaços; um deles recebe a denominação de 
Textos extraídos Do Livro Oficinas Psicopedagógicas de Tânia Mara Grassi 
 
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brinquedoteca. Trata-se do local em que pessoas brincam de maneira mediada. Essa mediação é 
feita pelo educador-brinquedista, mas também pelos outros participantes. 
Vimos também que brincadeira é o ato de brincar utilizando os instrumentos de brincar 
(os brinquedos) e que há diferentes formas de brincar: da brincadeira solitária à brincadeira 
cooperativa, a criança vai se modificando, mas pode voltar a formas iniciais è brincar vez por 
outra. 
Fechamos o capítulo discutindo o brincar no espaço pedagógico e psicopedagógico, 
ressaltando a importância da ação de brincar no espaço escolar, dentro e fora da sala de aula 
e no espaço psicopedagógico, seja na atuação preventiva, seja na atuação terapêutica. 
 
Indicações culturais 
KORKZAC, J. Quando eu voltar a ser criança. São Paulo: Summus, 1981. 
O autor conta sua história a partir do retomo â infância. Ele volta criança, mas com a vivência e 
experiência de adulto. E um livro apaixonando sobre a infância e a vida da criança que cresce e se 
transforma no adulto, sem deixar de ser criança, sem perder sua identidade. Trata-se de uma reflexão 
necessária ao profissional que atua com oficinas psicopedagógicas e que precisa valorizar o aspecto 
lúdico e encará-lo com seriedade profissional, mas sem perder a espontaneidade e alegria do brincar. 
O PEQUENO PRÍNCIPE. Direção: Stanley Donen. Produção: Paramounte Pictures. Inglaterra: 
Paramount Pictures, 1974. 88 m. 
Ou o livro: 
SAINTE-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe. São Paulo: Agir, 1943. 
Trata-se de um filme belíssimo baseado na obra literária de mesmo título, que conta a história de um 
menino vindo de outro planeta e que se encontra com um adulto, transformando a vida desse homem. 
Aborda com sensibilidade questões relacionadas ao olhar da criança,à fantasia, à imaginação, à 
descoberta, a exploração, as relações interpessoais, ao amor e à empatia. O objetivo é suscitar a 
imaginação e resgatar a sensibilidade que perdemos com a dureza que a vida nos vai impondo. 
Importante assistir, refletir e estabelecer relações com o processo de desenvolvimento e aprendizagem 
dos alunos que apresentam ou não dificuldades em seu processo de aprendizagem e com o processo de 
ensino dos adultos que apresentam ou não dificuldades. 
FRIEDMANN, A. O direito de brincar: a brinquedoteca. São Paulo: Scritta, 1992. 
A obra fala sobre a brinquedoteca como espaço em que a criança pode brincar e jogar, aprender e se 
desenvolver. É uma leitura interessante para adultos que trabalham ou convivem com crianças. 
Instrumentaliza os leitores quanto ao que seja uma brinquedoteca e discute sua importância. 
Atividades de Síntese 
1. Santos analisa o brincar como um fenômeno filosófico, sociológico, psicológico, criativo, 
psicoterápico e pedagógico. Leia as afirmativas a seguir e assinale a que expressa o brincar como 
fenômeno sociológico: 
a) Por meio do brincar a criança se insere na sociedade, apropria-se de valores, crenças, normas, leis, 
regras, hábitos, costumes, história, princípios éticos, conhecimentos c grupo social de que faz parte. 
b) Por meio do brincar, a criança vai construindo sua identidade, formando sua personalidade, vai se 
desenvolvendo, aprendendo e se constituindo sujeito. 
c) Brincando, a criança elabora suas angústias, medos e contos internos, manifesta sentimentos, 
emoções e encontra respostas para tais angústias elaborando teorias. 
d) O brincar possibilita à criança deixar de lado a rotina, racionalidade, a objetividade, a sujeição às 
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ordens e exigências do adulto. Na brincadeira há liberdade e espaço para criar, recriar, fingir, 
expressar, sentir, amar, odiar, sofrer, alegrar-se e voltar à realidade. 
 
2. Espaço e tempo são elementos fundamentais na organização das atividades lúdicas. Assinale a 
alternativa que melhor descreve espaço e o tempo adequados ao brincar: 
a) A criança necessita de um espaço amplo e arejado, repleto de brinquedos, dos mais simples aos 
mais sofisticados; necessita que se destine pelo menos uma hora de seu dia para as atividades lúdicas e 
que se defina a brincadeira do dia para que se proceda à seleção do material com antecedência. 
b) Para brincar é preciso espaço variado: amplo e arejado, pequeno e arejado, ao ar livre, coberto, com 
ou sem objetos, o que varia de acordo com a brincadeira e com os brinquedos que serão utilizados; é 
preciso, também, que se destine tempo longo e adequado para as brincadeiras. 
c) Os espaços de brincar devem ser variados e adequados à faixa etária, aos objetos de brincar, às 
brincadeiras e às possibilidades motrizes, cognitivas e afetivas da criança. Devem-se destinar 
diferentes espaços de tempo e oportunizar momentos, no dia-a-dia da criança, para brincar em casa, na 
escola e no lazer. 
d) O espaço para uma criança brincar deve ser amplo, arejado, bem iluminado e livre de ruídos 
externos e interferências, com tamanho adequado para comportar os brinquedos e as pessoas que vão 
brincar. Quanto ao tempo, este deve ser de cerca de duas horas por dia, o que é suficiente para que as 
brincadeiras se desenrolem sem interrupções. 
 
3. Assinale (V) para verdadeiro ou (F) para falso quanto aos critérios para escolha dos brinquedos e, 
em seguida, marque a alternativa que apresenta a seqüência correta: 
( )Ao se escolher um brinquedo, é essencial que se considere a segurança da criança: observar o 
material de que e confeccionado, o tamanho, a presença de pontas e arestas, de peças pequenas que 
podem se desprender e se- engolidas, barbantes que possam se enrolar no pescoço, selo do Inmetro e 
faixa etária a que se destina. 
( )Na seleção de um brinquedo, considerar o nível socioeconômico da criança é um fator importante: 
brinquedos adequados a esse nível garantem o interesse e possibilitam a participação ativa nas 
brincadeiras. Quanto mais elevado o nível socioeconômico, mais sofisticado e complexo deve ser o 
brinquedo; quanto mais baixo o nível socioeconômico, mais simples e com menos detalhe- deve ser o 
brinquedo. 
( )Na escolha de um brinquedo se deve considerar seu custo-benefício, ou seja, seu valor financeiro e 
funcional. Brinquedos que serão manipulados por diversas crianças devem ser simples e baratos e ser 
adquiridos em grande quantidade, pois se quebram com facilidade. Brinquedos mais caros e 
sofisticados, que serão pouco manipulados e que podem ter efeito decorativo, devem ser adquirido em 
pequena quantidade e utilizados esporadicamente, com cuidado. 
( )Ao selecionar um brinquedo, deve-se considerar como um dos critérios o valor experimental dele, 
que diz respeito às experiências e possibilidades de exploração e descoberta que oferece à criança. As 
exigências não devem estar além nem aquém de sua capacidade de compreensão e nível de 
desenvolvimento. Deve ser suficientemente desafiador para que lhe desperte o interesse e que ela 
possa responder ao desafio. 
a) V-V-V-F. 
b) V-F-F-V. 
c) F-V-V-F. 
d) F-F-V-V. 
4. Mencionamos o quanto o brincar é importante para o desenvolvimento e para a aprendizagem da 
criança. As brincadeiras, brinquedos e a maneira de brincar sofreram mudanças ao longo a história. 
Observe crianças em atividades lúdicas e reflita sobre as questões a seguir: 
a. Que mudanças aconteceram nas formas de brincar, nos brinquedos e nas brincadeiras de sua 
infância para o momento atual? 
b. Há diferenças nas brincadeiras e objetos de brincar (brinquedos) de crianças de nível 
socioeconômico diferentes? 
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c. Quais as brincadeiras preferidas pelas crianças, hoje? 
d. Como brincam as crianças na hora do recreio ou do intervalo, na escola? 
e. As crianças ainda brincam nas ruas em sua cidade? Como e do que brincam? 
f. Os professores utilizam atividades lúdicas no trabalho pedagógico? Como? 
g. Quais os brinquedos mais desejados pelas crianças hoje? 
h. Todas as crianças têm brinquedos? Todas as crianças brincam? 
i. Os pais participam das brincadeiras com os filhos? 
j. As crianças têm espaço e tempo para brincar? 
k. Você brinca com seus filhos, sobrinhos ou filhos de amigos? 
1. O que é brinquedoteca? 
m. Que critérios você leva em consideração quando adquire um brinquedo? 
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5. Procure em casa um brinquedo que você tenha guardado que faça parte de sua infância. Faça uma 
descrição desse objeto, como é, qual o seu estado de conservação, quando você ganhou ou comprou, 
quem deu, em que ocasião, qual a sua reação quando

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