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Conceitos Vamos aprender conceitos mais avançados da moeda, como os princípios de oferta e demanda, as formas de captação financeira e os benefícios de se captar recursos de terceiros, bem como utilizar os próprios recursos para financiar projetos. Com base nos conhecimentos adquiridos, será possível: Entender as principais formas de captação de recursos para projetos utilizados por empresas e pessoas. Oferecer melhor suporte ao gestor, quando questionado sobre decisões estratégicas da organização dentro da alçada financeira. Fonte: Pixabay A origem do dinheiro Vamos supor que você queira comprar um carro de R$ 20.000, mas só tenha R$ 10.000 guardado. De que maneira você poderia comprá-lo? Empréstimo ou financiamento Você pode buscar um empréstimo no banco de R$ 10.000,00. No entanto, dependendo da taxa de juros, você pagará quase o dobro ao banco, ou seja, o preço de outro carro. O financiamento é parecido com o empréstimo, mas é para uma finalidade específica. Num financiamento de carro, por exemplo, a taxa de juros é menor, mas o carro servirá de garantia: não pagou a prestação? Poderá perder o carro. Dinheiro guardado Outra opção é você juntar dinheiro e guardar em casa. Este processo parece bom, mas, dependendo do quanto você pode juntar por mês e da taxa de juros, é possível que demore anos para comprar o tão sonhado automóvel. Você deixa de investir tal recurso em outro investimento (custos de oportunidade, pois poderia estar rendendo juros) e o dinheiro perde seu valor no decorrer do tempo (por causa da inflação). Empréstimo com amigo Outra opção seria você escolher um amigo em quem confie, que também disponha de R$ 10.000 e queira comprar um carro. A ideia é fazer um acordo com ele. Na primeira semana, você fica com o carro e, na outra, ele desfruta do automóvel. Assim, vocês podem dividir despesas como gasolina, revisão, IPVA etc. Após a análise deste exemplo, é possível entender que existem diversas formas de comprar um carro, uma casa e até mesmo montar uma empresa. Contudo, essas opções de financiamento são distintas. Veja, a seguir, as principais diferenças entre ganhar ou captar dinheiro. Aumento de recursos Quando falamos em aumento de recursos, estamos nos referindo a receber pagamento, seja pela venda de um produto que você produziu ou por um serviço que você prestou. Podemos “ganhar dinheiro” comprando canetas a R$ 1,00 e vendendo na rua a R$ 2,00, fazendo bolo e vendendo na porta de casa, vendendo o serviço de eletricista (apenas se você for qualificado para tal) etc. Aqui, estamos mostrando a ideia de lucro nas operações. Neste contexto, você já ouviu falar sobre os conceitos a seguir? Oferta X Demanda Devido ao conceito de oferta e demanda, cada forma gera valores diferentes. Fonte: Shutterstock Conforme afirmam Vasconcellos e Garcia (2008, p. 46), demanda pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período. Fonte: Pixabay Oferta, por sua vez, representa as quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período. Dessa forma, podemos entender que a oferta corresponde a todos os produtos ou serviços disponíveis para a venda, enquanto a demanda se refere a todas as pessoas com intenção de comprar esses produtos ou serviços. Atenção Os princípios de oferta e demanda tendem a se igualar, pois uma empresa não produzirá mais do que consegue vender, assim como uma pessoa não comprará mais de um produto depois que comprou o suficiente e se sente satisfeita. No entanto, quando há mais produtos sendo ofertados do que demanda para eles, os preços tendem a cair. E quando há maior demanda do que produtos ofertados, os preços tendem a aumentar. Para que fique mais claro, basta entender o seguinte caso: Case 1 Fonte: Shutterstock Suponha que você é um empresário do ramo de refrigerantes. No mês de janeiro, dos 100 refrigerantes que você produziu, vendeu apenas 90. Como você sabe que, caso não os venda logo, estes estragarão (ou seja, você terá prejuízo), prefere vender os 10 refrigerantes que sobraram mais baratos. Da mesma forma, se dos 100 refrigerantes que você produziu no mês de janeiro, 150 pessoas quiserem comprar, você poderá aumentar o preço dos refrigerantes, pois há maior demanda do que refrigerantes ofertados. Então, cabe a você pensar: Autônomo ou empregado? Fonte: Shutterstock Vale a pena passar o dia inteiro produzindo 10 bolos que custaram R$ 10,00 cada um para serem feitos e, no final, vender cada um por R$ 50 reais (o que gera um lucro de R$ 400,00 por dia)? Ou você prefere estudar e se qualificar (exatamente como está fazendo agora) e ser contratado por uma empresa que lhe paga os mesmos R$ 400,00 por dia (total de R$ 8.800,00 por mês, antes dos impostos), mas com acesso a outros benefícios? Cabe a cada um analisar os pontos positivos de ser um empreendedor e montar seu negócio ou oferecer seus serviços técnicos avançados a uma empresa que lhe pagará o mesmo valor. No final, caberá a você tomar essa decisão por conta própria. Captação de recursos A captação de recursos financeiros é a forma por meio de terceiros ou dos próprios sócios (no caso da pessoa física, seus recursos) de conseguir recursos para seus negócios ou investimentos. Exemplo Suponha que, após ler esta explicação, você decida produzir bolos, e que os negócios tenham dado muito certo. Agora, você está recebendo mais pedidos do que é capaz de produzir. A única forma para atender todos esses pedidos é contratando funcionários, comprando um forno novo e se mudando para um galpão. Você, então, pesquisou e viu que, para fazer esse investimento, precisa de R$ 100.000,00, mas ainda não tem toda essa quantia. Isso significa que você precisa captar recursos. Veja, a seguir, algumas formas de captação: 1. Investimento de família ou amigos Nesta opção, será necessário preparar uma apresentação formal que deixe bem claro seu objetivo, aonde sua empresa vai chegar e quanto ela vai render. Tente vender a ideia para as pessoas que você conhece. Caso elas se interessem em investir na sua ideia, existem diversas formas de fazer um acordo. Seu familiar ou amigo podem ser seus sócios e ficar com uma porcentagem da empresa ou até mesmo lhe emprestar com o acréscimo de uma taxa de juros. 2. Empréstimos em bancos Caso a opção anterior não tenha dado certo, é possível ir aos bancos e solicitar um empréstimo. O banco analisará seu histórico financeiro e verá se você tem condições de pagá-lo. Se sua ideia der errado, o banco poderá cobrar uma taxa de juros mais elevada para compensar o risco. 3. Crowdfunding Esta é uma forma recente de captar dinheiro. Nesta modalidade, é necessário, novamente, preparar uma apresentação (em vídeo, texto etc.) e postar em sites de crowdfunding. Pessoas ao redor do mundo decidem, então, emprestar recursos para que você tire sua ideia do papel. 4. Empresas de investimento e investidores anjos Nesta modalidade de captação, empresas ou pessoas qualificadas analisam sua ideia e decidem se investirão ou não nela. Na prática A seguir apresentamos algumas empresas que trabalham com tipos de captação. Veja: kickante A Kickante é a Plataforma de crowdfunding mais premiada do Brasil. Nesse espaço, várias pessoas se identificam com um projeto ou um sonho e resolvem apoiá-lo financeiramente para que se realize. Baseado na economia colaborativa, tem a premissa de que, juntos, todos podem conquistar seus objetivos. Fonte: Site Kickante. BNDES O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo e, hoje, o principal instrumento do Governo Federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira. Para isso, apoia empreendedores de todos os portes, inclusive pessoas físicas, na realização de seus planos de modernização, de expansão e na concretização de novos negócios, tendo sempre em vista o potencial de geração de empregos, renda e de inclusão social para o Brasil. Fonte: Site: BNDES. Ágora Investimentos UmClube de Investimentos é formado por um grupo de pessoas que, geralmente, se conhecem e têm objetivos parecidos, que decidem investir juntas para otimizar tempo e custos, além de formar um capital maior, capaz de acessar melhores oportunidades. Fonte: Site Agora Investimentos. Shark Thank Um dos exemplos deste tipo de investimento é o programa Shark Tank, no qual empreendedores mostram seus negócios ou ideias a uma banca de empreendedores ricos e inteligentes que decidem se vão investir neles. Fonte: Site Shark Tank. Uso próprio ou de terceiros Existe uma grande diferença entre usar o próprio dinheiro ou pedir o dinheiro dos outros para investir em algo. Fonte: Shutterstock Ao usar recursos próprios, você é o dono de tudo e quem toma a decisão sem a necessidade de consultar terceiros. Não é bom ser dono do próprio destino? Usar dinheiro próprio dá a você a liberdade para fazer o que quiser com ele, mas também o risco de ficar sem nada, caso o negócio não dê certo. Fonte: Pixabay A outra opção, por sua vez, obriga você a ouvir a opinião de terceiros, mas isso também serve como orientação para não cometer erros. Veja, a seguir, os principais prós e contras de usar recursos próprios e de terceiros: Recursos próprios Recursos de terceiros Prós • Liberdade para tomar qualquer decisão no que diz respeito à empresa; • Não precisar pagar juros a ninguém. • Conseguir mais recursos sozinho. Contras • Assumir sozinho o risco de falência; • Não ter alguém para ajudar na melhor tomada de decisão para a empresa, o que pode ser compartilhado quando há vários sócios. • Obrigação de pagar juros, caso você tenha obtido dinheiro emprestado; • Fazer concessões pontuais à opinião de outras pessoas. Definição da política de pagamento Caso você decida pegar um empréstimo no banco ou em outra entidade, é necessário entender as políticas de recebimento. Mas, afinal, o que são as políticas de pagamento? As políticas de pagamento são normas que você se compromete a seguir quando aceita o dinheiro de terceiros. Entre essas normas, está a quantia que você vai devolver por mês. Como os economistas adoram dizer: “Não existe almoço grátis!”. Todo mundo quer receber o dinheiro que emprestou e, na maioria das vezes, com juros, isto é, um pouco mais do que emprestaram. A fim de não ter nenhuma surpresa no mês seguinte ao do recebimento do empréstimo, você precisa ler todos os detalhes do contrato, principalmente no que se refere: Vamos tratar brevemente de cada detalhe: 1. Taxa de juros Fonte: Shutterstock Se você emprestar dinheiro para alguém por um ano, concorda que, durante esse período, deixará de realizar outras atividades com esse dinheiro? Você poderia comprar aquele sapato novo, trocar de celular ou mesmo deixar o dinheiro rendendo na poupança, certo? Então, nada mais justo que, após esse período, a pessoa lhe devolva seu dinheiro adicionado de um montante extra. Esse acréscimo é chamado de juros, e o número usado para o cálculo destes é a taxa de juros. Perceba que existe uma diferença entre os dois conceitos. Enquanto a taxa de juros é um percentual (0,5%, 1%, 10%) usado para calcular quanto o dinheiro vai render, os juros representam a diferença entre o dinheiro que você emprestou e o quanto ele rendeu. Para que fique mais claro, vamos analisar caso a seguir: Case 2 Fonte: Pixabay Suponha que você empreste R$ 120,00 a um amigo e diga a ele que espera esse dinheiro de volta em um mês à taxa de 10% ao mês. Fazendo um cálculo (R$ 120,00 x 10%), sabemos que 10% de R$ 120,00 é R$ 12,00. Assim, você emprestou R$ 120,00 e espera que seu amigo lhe devolva R$ 132,00 (R$ 120,00 + R$ 12,00). Em outros termos, a taxa de juros foi de 10% ao mês, e os juros do período foram de R$ 12,00. Fonte: Pixabay Saber em detalhes a diferença entre taxa de juros e juros é muito importante para que você não pegue um empréstimo sem entender em detalhes quanto será cobrado ao final do período, e se a taxa está de acordo com as práticas de mercado. Por meio de uma rápida análise, é possível identificar os bancos com melhores taxas e, com isso, assessorar o gestor da empresa sobre onde é mais vantajoso adquirir um empréstimo, por exemplo. 2. Prazo de pagamento O prazo de pagamento corresponde ao período estabelecido para a devolução do dinheiro à pessoa que lhe emprestou. Quando adquirimos um empréstimo, alguns termos são acordados, tais como taxa de juros, juros e prazo de pagamento. A taxa de juros e o prazo de pagamento influenciam diretamente no valor total que será pago no final do empréstimo. Por isso, é muito importante que você entenda esses conceitos quando optar por um empréstimo. A fim de que fique mais claro, veja a situação a seguir: Case 3 Fonte: Shutterstock Geraldo, um empresário do ramo têxtil, decidiu adquirir um empréstimo no banco para aumentar sua produção. No entanto, como ele precisava adquirir dinheiro rapidamente, não pesquisou quais bancos ofereciam as melhores condições, mas optou por pegar um empréstimo em um banco grande perto de sua empresa. Fonte: Shutterstock Após uma análise de seu negócio, o gerente do banco lhe ofereceu o seguinte empréstimo: R$ 10.000,00 a uma taxa de 5% ao mês. Mas cabia a Geraldo escolher a condição de pagamento do empréstimo: em 12 ou 36 meses. Como não entendia do assunto, Geraldo achou que o prazo de pagamento de 36 meses seria melhor, pois as parcelas seriam menores. Conforme podemos verificar, o prazo de pagamento é importantíssimo quando decidimos pegar um empréstimo, pois alguns meses de diferença podem acarretar uma grande soma de dinheiro. 3. Valor mensal Por mais que o valor mensal que você pague seja calculado com base no valor que recebeu de empréstimo, na taxa de juros e no prazo de pagamento, ainda assim, é preciso confirmar o valor que você terá de pagar mensalmente (trimestralmente, semestralmente, anualmente etc.). Afinal, muitas vezes, nos atentamos apenas ao montante recebido, à taxa de juros e ao prazo de pagamento, mas esquecemos de verificar o valor que deve ser pago mensalmente. Caso não tenha certeza de que pode arcar com o valor mensal de um empréstimo, um empresário corre o risco de ir à falência, pois não tem como pagar todas as suas despesas mensais acrescidas à mensalidade do empréstimo. Dessa forma, a sugestão é que todos analisem o contrato com calma e vejam se este apresenta o valor que deve ser pago. Caso o valor não esteja lá, é necessário calculá-lo. Com base nos conhecimentos adquiridos até o momento, é possível tomar decisões mais seguras referentes a financiamento por base de empréstimos. Afinal, ao longo da carreira em Finanças, desafios referentes a tomadas de decisões estratégicas financeiras serão requeridos. O profissional que entende os principais conceitos sobre essa modalidade de financiamento destaca-se frente a outros que os desconhecem. Verificando o Aprendizado Parte superior do formulário 1. Empreendedores precisam decidir se utilizarão recursos próprios de terceiros para financiar seus projetos. Assinale a alternativa que não demonstra uma vantagem e uma desvantagem do uso de recursos próprios: a) Liberdade para tomar qualquer decisão no que diz respeito à empresa e assumir o risco de falência sozinho. b) Não precisar pagar juros e não ter alguém para ajudar na melhor tomada de decisão para a empresa, o que pode ser compartilhado quando há vários sócios. c) Não precisar pagar juros e assumir o risco de falência sozinho. d) Liberdade para tomar qualquer decisão no que diz respeito à empresa e não precisar pagar juros. Parte inferior do formulário Comentário Parabéns! A alternativa D está correta. Ao longo da carreira, empresários e gestores precisam tomar decisões financeiras quanto a captar recursos de terceiros ou usar recursos próprios. Essas duas modalidades possuem vantagens e desvantagens bem estruturadas que devem ser do conhecimento de um profissional financeiro. Quase todas as alternativas da questão apresentam vantagens e desvantagens referentes à utilização de recursos próprios, com exceção da letra D, quedemonstra duas vantagens. 2. Quando escolhemos obter um empréstimo, diversos fatores podem influenciar no valor final que deverá ser pago. Qual dos fatores a seguir, com seu respectivo motivo, influencia no valor final a ser pago no empréstimo? a) Valor mensal, pois, quando pago pelo empréstimo, é usado para cálculo da taxa de juros, que, no final, resultará no total a ser pago ao banco. b) Prazo de pagamento, pois, conforme a variação, influencia no valor total a ser pago ao banco. c) Taxa de juros, pois pouco influencia no cálculo geral do empréstimo, constando no acordo apenas para fins regulatórios do Banco Central. d) Índice futuro, pois, baseado nos contratos de preços futuros, o valor final de um empréstimo varia, mesmo quando a taxa de juros definida é de 1% ao mês. Comentário Parabéns! A alternativa C está correta. A política de recebimento é importante para que o gestor da empresa não corra o risco de não receber e, com isso, venha a falir. Disto resulta a relevância do contrato: quando o valor de venda é alto, há risco de falência em caso de falta de pagamento, e o contrato garante que isso não aconteça. Retornar para o início do módulo 3. Conclusão Neste tema, você adquiriu os conhecimentos necessários a um profissional de Finanças e aprendeu a realizar corretamente a gestão de recursos financeiros. Além disso, compreendeu as noções básicas sobre investimentos e política de recebimento, bem como a diferença entre gastos, despesas e custos.