Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rafael Brenneisen Macêdo Matrícula 201502519097 DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO II - CCJ0031 Professor (a) HENRIQUE SILVA DE OLIVEIRA Caso concreto 03 Durante os anos de 1989 a 1994 o Governo Federal, através do extinto DAC (Departamento de Aviação Civil) tabelou os preços das passagens aéreas que as empresas cobrariam dos passageiros, e na composição daquele preço o ICMS não foi incluído. Não obstante, os Estados cobravam das Cias aéreas uma vultosa quantia a título de ICMS. Posteriormente, aquele ICMS veio a ser considerado inconstitucional, sendo possível, em tese, o pedido de restituição. Imediatamente a CIA AÉREA VOE BEM - tempestivamente - pleiteou a restituição, via ação de repetição de indébito, em dobro, do ICMS indevidamente recolhido. A Fazenda Estadual, no entanto, contestou o pedido alegando, em preliminar, a ilegitimidade da CIA AÉREA, por descumprimento do art. 166 do CTN, uma vez que o ICMS é imposto indireto, no qual ocorre a transferência do encargo financeiro, bem como ocorreu a prescrição. No mérito, sustenta a impossibilidade de devolução do valor pago em dobro. Enfrente todos os argumentos trazidos pelas partes e aborde, com fundamento na doutrina, na legislação e na jurisprudência, se são procedentes ou improcedentes as alegações apresentadas. A preliminar de ilegitimidade ativa não merece acolhimento, uma vez que o art. 166 do CTN estabelece que a restituição de tributos que possibilitem a transferência do encargo só será devida se houver prova no sentido de tê-lo assumido ou autorização expressa de recebê-la, se transferido para terceiro. Nas palavras de Claudio Carneiro “os tributos indiretos são aqueles que sofrem o fenômeno da repercussão tributária, ou seja, o repasse do encargo financeiro do tributo, permitindo que nasçam as figuras do contribuinte de direito (aquele que é obrigado por lei ao pagamento) e do contribuinte de fato (quem de fato acaba pagando)1. Neste ínterim, a parte seria legítima de pleitear a restituição, na medida que o ICMS foi recolhido diretamente dela. Quanto ao tema, colhe-se julgado. Constitucional e Tributário - Repetição de indébito tributário - ICMS sobre serviços de navegação aérea - Preliminar - Ilegitimidade passiva da Autora - Nulidade da sentença - Preliminares rejeitadas - Inconstitucionalidade do Convênio nº 66/88 - ADin nº 1089-1/DF - Prescrição parcial declarada pelo STJ - Prova de ausência de repasse do ICMS para o consumidor final - Desnecessidade - Passagem vendida por tarifa tabelada - Prova existente nos autos - Certidão do DAC que instruiu a ação de inconstitucionalidade - Juros de mora - Termo inicial - Trânsito em julgado da decisão - Liquidação de sentença - Necessidade - Honorários advocatícios - Apelo conhecido e provido - Decisão unânime - Deve ser rejeitada a preliminar de ilegitimidade ativa suscitada pelo Estado de Sergipe, haja vista que restou demonstrado nos autos que o ICMS do período ao qual a demandante pretende a restituição não foi repassado para o consumidor, possibilitando, assim, a repetição do tributo pago indevidamente pela apelante, sendo inaplicável o art. 166, do CTN; - No período de junho de 1992 a maio de 1994, a recorrente recolheu ICMS aos cofres do Estado de Sergipe, em decorrência de interpretação equivocada que se imprimiu ao art. 155, II, da Constituição Federal, e aos arts. 1º, 2º, IX, do Convênio ICMS nº 66/88, restando patente o direito do contribuinte à repetição do tributo indevido, face à declaração de inconstitucionalidade do suporte legal da cobrança por via da ADin 1089-1/DF. O STJ, no REsp nº 1.271.171-SE, reconheceu o direito à perseguição das parcelas pagas em tal período - A certidão do Departamento de Aviação Civil que serviu, inclusive, para o julgamento da ADin nº 1089-1/DF, e os outros elementos dos autos comprovam que o ICMS do período em que a demandante pretende ver restituído o indébito não foi repassado para o consumidor, possibilitando, assim, a repetição do tributo pago indevidamente pela apelante - Sentença que deve ser liquidada, com incidência de juros moratórios a partir do trânsito em julgado e nos índices determinados pelos julgados do STJ. (Apelação Cível nº 201000208099 nº único0005990- 31.2002.8.25.0001 - 1ª CÂMARA CÍVEL, Tribunal de Justiça de Sergipe - Relator (a): Maria Aparecida Santos Gama da Silva - Julgado em 11/12/2012) (TJ-SE - AC: 00059903120028250001, Relator: Maria Aparecida Santos Gama da Silva, Data de Julgamento: 11/12/2012, 1ª CÂMARA CÍVEL) No que tange à restituição, o STF editou a Súmula 546, pacificando a matéria ao firmar o entendimento que cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo. Outrossim, o CTN prevê, em seu art. 166, que a restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem provar haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. Questão objetiva João realizou pagamento a maior do IPVA relativo ao fato gerador ocorrido em 2007. Tendo consultado o valor do imposto em relação ao fato gerador ocorrido em 2008, o contribuinte identificou que o valor pago a maior em 2007 é suficiente para quitar o tributo devido em 2008. Diante disso, pretende requerer a seu Estado a utilização do excesso pago em 2007 para liquidar o imposto de 2008. Considerando que inexiste lei específica disciplinando a matéria no Estado, marque a alternativa correta: a. (x) João deverá proceder ao pagamento do IPVA/2008 e requerer a restituição do IPVA/2007 pago a maior. b. ( ) João poderá compensar o IPVA/2007 com o IPVA devido em 2008. c. ( ) O pedido de compensação deverá ficar sobrestado até que sobrevenha lei estadual específica. d. ( ) O pedido de compensação será indeferido porque o IPVA/2007 pago a maior só pode ser utilizado na compensação de débitos de exercícios anteriores. ________________ 1 Carneiro, Claudio Curso de Direito Tributário e Financeiro / Claudio Carneiro. – 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.
Compartilhar