Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rafael Brenneisen Macêdo Matrícula 201502519097 DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO II - CCJ0031 Professor (a) HENRIQUE SILVA DE OLIVEIRA Caso concreto 06 Em dificuldade para saldar seus débitos, inclusive tributários, a sociedade comercial Irmãos Tavares & Cia. Ltda., decidiu cerrar suas portas sumariamente, deixando de dar baixa regular em seus registros e obrigações comerciais e fiscais. Tomando conhecimento do fato, fiscais da Receita Federal verificaram não ter sido recolhido o Imposto de Renda dos dois últimos exercícios, tendo em consequência procedido ao lançamento. Notificada regularmente a empresa, na pessoa de seu sócio-gerente, deixou de defenderse administrativamente, correndo o processo administrativo-fiscal à revelia e culminando com a inscrição do crédito tributário em dívida ativa e imediato ajuizamento da execução fiscal. Alertado por seu antigo contador, o sóciogerente aliena vários bens sociais. Pergunta-se: a) São válidos esses atos de alienação? Em que circunstâncias? O fisco poderá fundar-se no art. 185 do CTN, uma vez que entende que há presunção de fraude à execução atos de alienação e oneração de bens passíveis de satisfação do crédito tributário. Quanto ao tema, Leandro Paulsen aduz: art. 185 do CTN dispõe no sentido de que se presume fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas por sujeito passivo inscrito em dívida ativa. Estabelece, assim, um marco depois do qual eventuais alienações que comprometam a satisfação do crédito tributário, ainda que realizadas a título oneroso, serão consideradas pelo Juiz da Execução como ineficazes perante o Fisco. Efetivamente, a ineficácia do negócio só poderá ser afastada se demonstrado, pelo executado, que reservou bens suficientes para fazer frente aos seus débitos inscritos em dívida ativa. Note-se que o art. 185 estabelece uma presunção em favor do Fisco, não o impedindo, de outro lado, de buscar a ineficácia de negócios anteriores à própria inscrição em dívida ativa quando possa demonstrar seu caráter fraudulento e a ausência de boa-fé também por parte do adquirente. Neste caso, contudo, não bastará alegar na execução fiscal; terá de fazê-lo através da ação própria (pauliana ou revocatória). Poderá o Fisco, ainda, valer-se da Medida Cautelar Fiscal, a fim de obstar negócios que venham a comprometer patrimônio do devedor, ameaçando a garantia de satisfação dos créditos tributários, nos termos da Lei n. 8.397/92. Quanto ao tema, colhe-se julgado: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. MULTA. DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA. ART185-A DO CTN. BLOQUEIO DE BENS. CABIMENTO. 1. Aplica-se o art. 185-A do CTN às execuções fiscais de multatributária. 2. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1268910 PR 2011/0181909-2, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 15/05/2012, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/05/2012) b) Pode a Fazenda Pública requerer a falência da sociedade? O STJ tem se pronunciado no sentido de que o fisco não tem legitimidade de requerer a falência de uma empresa com débitos tributários, pois, em verdade, a atividade do fisco detém um regime especial de cobrança, sob a égide da Lei n. 6.830/80 – a execução fiscal. Além disso, é sabido que o crédito tributário não se sujeita ao juízo da falência (art. 187, do CTN), tanto que a execução fiscal sequer é suspensa em razão da falência (art. 6º, § 7º, da LEF). Por esta razão, entende-se que não cabe o pedido de falência feito pela Fazenda Pública. De resto, este é o teor do Enunciado 56 da Jornada de Direito Comercial: A Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir para requerer a falência de devedor tributário. c) É possível ao fisco determinar à instituição bancária que lhe forneça os dados das movimentações da sociedade e do sócio gerente para buscar identificar as irregularidades, independente de autorização judicial? Sim. É possível ao fisco determinar à instituição bancária que lhe forneça os dados das movimentações da sociedade e do sócio gerente para buscar identificar as irregularidades, independente de autorização judicial pois o STF decidiu no sentido de que a autoridade fiscal não se submete a reserva de jurisdição do § 4 do art. 5º da lei complementar 105/2001. Colhe-se julgado: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS A EXECUÇÃO FISCAL. RENDIMENTOS. OMISSÃO. SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 5º, X E XII. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE. LEI COMPLEMENTAR 105/2001. APLICABILIDADE IMEDIATA. RETROATIVIDADE. ENCARGO DO DECRETO-LEI Nº 1.025/69. HONORÁRIOS INDEVIDOS. 1. Não viola o art. 5º, X e XII, da Constituição Federal o uso de dados e informações sobre movimentações financeiras do contribuinte, no curso de processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em tramitação, sendo consideradas indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Aplicabilidade imediata da LC n. 105/2001. (Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do TRF 1ª) 2. Consoante entendimento deste Tribunal, é indevida a fixação de honorários de advogado em sentença proferida em embargos a execução fiscal, tendo em conta o encargo estabelecido no art. 1º do Decreto-Lei nº 1.025/69. Precedentes: EDAC nº 2001.01.99.044995-3/MG - Relator Juiz Federal Cleberson José Rocha - TRF/1ª Região - Oitava Turma - Unânime - e-DJF1 de 17/12/2010, pág. 2.242; AC nº 2005.37.00.000112-4/MA - Relator Desembargador Federal Reynaldo Fonseca - TRF/1ª Região - Sétima Turma - Unânime - e-DJF1 de 25/3/2011, pág. 335. 3. Apelação da Fazenda Nacional provida. Apelação da Embargante não provida. (TRF-1 - AC: 2444 MG 0002444-50.2001.4.01.3801, Relator: JUIZ FEDERAL SAULO JOSÉ CASALI BAHIA, Data de Julgamento: 29/05/2012, 7ª TURMA SUPLEMENTAR, Data de Publicação: e-DJF1 p.1105 de 27/07/2012) Questão objetiva Em processo de falência, a ordem de preferência do crédito tributário constituído antes da decretação da falência de determinado contribuinte que deve também créditos trabalhistas anteriores à quebra, equivalentes a vinte mil reais; créditos trabalhistas anteriores à quebra, cedidos a terceiros, equivalentes a quinze mil reais; crédito garantido com hipoteca até o limite do valor do bem gravado; remuneração devida ao administrador judicial equivalente a cinco mil reais, corresponderá ao A ( ) primeiro pagamento. B ( ) segundo pagamento. C ( ) terceiro pagamento. D (x) quarto pagamento. E ( ) quinto pagamento.
Compartilhar