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AVA M3

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11/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Hermenêutica – Aspectos Técnicos 
Interpretação Lógica
Podemos dizer que na interpretação lógica o que se pretende realizar é uma interpretação que busque o sentido e o
alcance da norma dentro do seu contexto, com base em três procedimentos diferentes:
a) Lógico-analítico.
b) Lógico-sistemático.
c) Lógico-jurídico.
Lógico-analítico - Ligado à apreensão de conceitos, produzindo um juízo (afirmação ou negação), por meio de uma
proposição. Com base nisso inicia-se um raciocínio no sentido da combinação de dois ou mais juízos, para dar origem a
um silogismo. Busca-se a verdade das proposições, o seu real sentido dentro do contexto, com atribuição de um real
significado à conjugação das proporsições.
Lógico-sistemático - Configura-se como um processo comparativo, ou seja, introduz no texto elementos que podemos
considerar estranhos, confrontando-se desta forma um texto com outro texto da própria lei em que está em exame, ou
várias leis entre si do mesmo ramo do ordenamento, a fim de se estabelecer um entendimento. 
Lógico-jurídico - Este tipo de procedimento para análise e interpretação é aquele que investiga a razão da norma, ou
seja, a ratio legis, levando-se em consideração seu contexo, tal como: o momento histórico em que foi criada, bem
como a idéia de virtude normativa da norma (efetividade da norma). 
 
Interpretação Histórica
A interpretação que faz uso da técnica histórica tem por fim esclarecer e interpretar a norma mediante uma verdadeira
reconstrução do seu conteúdo significativo de origem no momento em que a foi criada. Podemos dizer que é uma
continuação dos processos de interpretação gramatical e lógica com possibilidade de dar um conhecimento mais
contundente da ciência jurídica.
A interpretação histórica divide-se em:
a) Próxima;
b) Remota.
Histórica próxima - Faz menção ao momento em que a norma foi elaborada, as circunstâncias que precederam a
elaboração da lei. Ex: Anteprojetos de lei etc.
aline.aoliveira
Sublinhado
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Histórica remota - Pauta-se pela reconstrução do significado original da norma, ou seja, o momento em que o instituto
surgiu no direito, analisando dados filosóficos, éticos, religiosos, sociológicos etc.
Abaixo jurisprudência seleconada sobre o tema:
"O direito constitucional positivo brasileiro, ao longo de sua evolução histórica, jamais autorizou - como a nova Constituição promulgada em 1988 também não o
admite - o sistema de controle jurisdicional preventivo de constitucionalidade, em abstrato. Inexiste, desse modo, em nosso em nosso sistema jurídico, a
possibilidade de fiscalização abstrata preventiva da legitimidade constitucional de meras proposições normativas pelo Supremo Tribunal Federal." (ADI 466, Rel. Min.
celso de Mello, julgamento em 3-4-91, DJ de 10-5-91).
"No estado de direito democrático devem ser intrasigentemente respeitados os princípios que garantem a prevalência dos direitos humanos. (...) A ausência de
prescrição nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se impeça a reinstauração de velhos e ultrapassados
conceitos que a ciência jurídica e histórica não mais admitem." (HC 82.424, Rel. p/ p ac. Min. Maurício Correa, julgamento em 17-9-03, DJ de 19-3-04).
"A comunidade internacional , em 28 de julho de 1951, imbuída do propósito de consolidar e de valorizar o processo de afirmação histórica dos direitos fundamentais
da pessoa humana, celebrou, no âmbito do Direito das Gentes, um pacto de alta significação ético-jurídica, destinado a conferir proteção real e efetiva àqueles, que,
arbitrariamente perseguidos por razões de gênero, de orientação sexual e de ordem étnica, cultural, confessional ou ideológica, buscam, no Estado de refúgio, acesso
ao amparo que lhes é negado, de modo abusivo e excludente, em seu Estado de origem. na verdade, a celebração da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados -
a que o Brasil aderiu em 1952 - resultou da necessidade de reafirmar o princípio de que todas as pessoas, sem qualquer distinção, devem gozar dos direitos básicos
reconhecidos na Carta das Nações Unidas e proclamados na Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana. Esse estatuto internacional representou um
notável esforço dos Povos e das Nações na busca solidária de soluções consensuais destinadas a superar antagonismos históricos e a neutralizar realidades
opressivas que nagavam, muitas vezes, ao refugiado - vítima de preconceitos, da discriminação, do arbítrio e da intolerância - o acesso a uma prerrogativa básica,
consistente no reconhecimento, em seu favor, do direito a ter direitos." (Ext 783-QO-QO, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em
28-11-01, DJ de 14-11-03).
Interpretação Sistemática
Podemos dizer que o nosso ordenamento jurídico é composto por um complexo de normas e diplomas legais que
convivem harmonicamente. Há a supremacia das normas constitucionais em relação às demais normas
(infraconstitucionais). Assim, a interpretação sistemática é aquela que procura examinar a norma, não mais no seu
aspecto intrínseco, ou seja, interno, mas sim, a sua relação com as demais normas do ordenamento jurídico que
compõe um sistema de normas positivas.
Exemplos:
Medida Provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição - , não compreende a de
normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de
extinção de punibilidade. (RE 254.818, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 8-11-00, Dj de 19-12-02). (g.n)
Configura constrangimento ilegal a continuidade da persecução penal militar por fato já julgado pelo Juizado Especial de Pequenas Causas, com decisão penal
definitiva. A decisão que declarou extinta a punibilidade em favor do Paciente, ainda que prolatada com suposto vício de incompetência de juízo, é susceptível de
trânsito em julgado e produz efeitos. A adoção do princípio do ne bis in idem pelo ordenamento jurídico penal complementa os direitos e as garantias individuais
previstos pela Constituição da República, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito à liberdade, com apoio em coisa julgada material, prevalece
sobre o dever estatal de acusar. Precedentes. (HC 86.606, Rel. Min. Carmen Lúcia, j. 22-5-07, Dj de 3-8-07). (g.n).
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Interpretação Teleológica
 
Devido à importância, cabe-nos destinar um módulo à interpretação teleológica e à interpretação sociológica, quanto
aos meios (natureza) de interpretação. A interpretação teleológica, também conhecida como finalística é auela
interpretação que busca alcançar a finalidade para a qual a norma foi criada. Portanto, busca-se com a interpretação
uma destinação que atenda à obtenção do bem comum, respeitando-se os valores sociais a que se destina a norma.
O intérprete deverá ficar atento ao texto constitucional, no qual estão indicadas as finalidades precípuas do Estado
Democrático de Direito, da ordem jurídica, social e política.
Exemplos:
"Procuradoria-Geral da República - Audição. O preceito inserto no § 1o do artigo 103 da Constituição Federal há de merecer interpretação teleológica. Visa ao
conhecimento da matéria pelo Ministério Público, não implicando, necessariamente, seja-lhe enviado automaticamente todo e qualquer processo. O pronunciamento
do Órgão pode ocorrer na assentada em que apreciado o recurso. Precedente: recurso extraordinário n. 177.137-2/RS, relatado pelo Ministro Carlos Velloso perante o
Pleno, em 24 demaio de 1995." (AI 158.725 - AgR-ED, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18-12-95, DJ de 8-3-96).
"Registro de candidatura ao Cargo de Prefeito. Eleições de 2004. Art. 14, § 7o da CF. Candidato separado de fato da filha do então prefeito. Sentença de divórcio
proferida no curso do mandato do ex-sogro. Reconhecimento judicial da separação de fato antes do período vedado. Interpretação teleológica da regra de
inelegibilidade. A regra estabelecida no art. 14, § 7o da CF, iluminada pelos mais basilares princípios republicanos, visa obstar o monopólio do poder político por grupos
hegemônicos ligados por laços familiares. Precedente. Havendo a sentença reconhecido a ocorrência da separação de fato em momento anterior ao início do mandato
do ex-sogro do recorrente, não há se falar em perenização no poder da mesma família (...)." (RE 446.999, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-6-05, DJ de 9-9-
05).
Interpretação Sociológica
Podemos dizer que a interpretação sociológica é aquela interpretação na visão do homem moderno, ou seja, é aquela
que decorre do aprimoramento das ciências sociais, de modo que a regra pode ser compreendida nos contextos de sua
aplicação, quais sejam o das relações sociais, de modo que o intérprete terá um elemento necessário a mais para
considerar quando da apreciação dos casos concretos à aplicação da norma jurídica.
Exemplos:
"Fundamento do núcleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam raças distintas. os primeiros seriam raça inferior, nafasta e
infecta, características suficientes para justificar a segregação e o extermínio: inconciabilidade com os padrões éticos e morais definidos na Carta Política do Brasil e do
mundo contemporâneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o estado democrático. Estigmas que por si só evidenciam crime de racismo. Concepção atentatória dos
princípios nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua pacífica convivência no meio social.
Condutas e evocações aéticas e imorais que implicam repulsiva ação estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento
infraconstitucional e constitucional do País." (HC 82.424-QO, Rel. p/o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 17-9-03, DJ de 19-3-04).
"Lei n. 8.624/93, que dispõe sobre o plebiscito destinado a definir a forma e o sistema de governo - Regulamentação do art. 2o do ADCT/88, alterado pela EC 02/92 -
Impugnação a diversos artigos (arts. 4o, 5o e 6o) da referida Lei n. 8.624/93 - Organização de frentes parlamentares, sob a forma de sociedade civil, destinadas a
representar o parlamentarismo com Monarquia - Necessidade de registro dessas frentes parlamentares, perante a Mesa Diretora do Congresso Nacional, para efeito
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de acesso gratuito às emissoras de rádio e de televisão, para divulgação de suas mensagens doutrinárias ('direito de antena') - Alegação de que os preceitos legais
impugnados teriam transgredido os postulados constitucionais do plurarismo político, da soberania popular, do sistema partidário, do direito de antena e da liberdade
de associação - Suposta usurpação, pelo Congresso Nacional, da competência regulamentar outorgada ao Tribunal Superior Eleitoral - Considerações, feitas pelo
relator originário (ministro Néri da Silveira), em torno de conceitos e de valores fundamentais, tais como a democracia, o direito de sufrágio, a participação política dos
cidadãos, a essencialidade dos partidos políticos e a importância de seu papel no contexto do processo institucional, a relevância da comunicação de idéias e da
propaganda doutrinária no contexto da sociedade democrática - Entendimento majoritário do Supremo Tribunal Federal no sentido da inocorrência das alegadas
ofensas ao texto da Constituição da República". (ADI 839-MC, Rel. p/o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-2-93, DJ de 24-11-06).
"O processo de reforma agrária, em uma sociedade estruturada em bases democráticas, não pode ser implementado pelo uso arbitrário da força e pela prática de atos
ilícitos de violação possessória, ainda que se cuide de imóveis alegadamente improdutivos, notadamente porque a Constituição da República - ao amparar o
proprietário com a cláusula de garantia do direito de propriedade (CF, art. 5o, XXII) - proclama que 'ninguém será privado (...) de seus bens, sem o devido processo
legal' (art. 5o, LIV).". (ADI 2.213 - MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-4-02, DJ de 23-4-04).
OBSERVAÇÃO: Para muitos autores a interpretação teleológica e/ou sociológica são vistas como uma única forma de
interpretação, aquela que adapta a norma à sua realidade social, buscando os fins sociais e o bem comum.
Quanto aos efeitos temos as seguintes interpretações:
a) extensão: extensiva, restritiva e declarativa.
b) modificativa
c) ab-rogante
 
Interpretação Extensiva
Na interpretação extensiva o intérprete passa a concluir que a norma sob análise disse menos do que deveria dizer, ou
seja, ele estende a sua aplicação para outras situações não mencionadas na norma em análise.
 
Interpretação Restritiva 
Na interpretação restritiva o intérprete passa atribuir à norma sob análise um alcance menor do que aquele previsto
originariamente no texto.
 
Interpretação Declarativa
Na interpretação declarativa o intérprete dá à norma uma interpretação coincidente exatamente com o seu texto, nem
ampliando e nem reduzindo a sua aplicação.
 
Interpretação Modificativa
No que toca à interpretação modificativa, pode esta ser de duas espécies: modificativa atualizadora ou modificativa
corretiva:
 
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Interpretação Modificativa Atualizadora
Na interpretação modificativa atualizadorapodemos dizer que ela é um resultado da interpretação sociológica ou
teleológica. Ocorre quando o intérprete se vê na necessidade de atualizar a norma diante de uma nova realidade que
não foi prevista pelo legislador, quando da edição da norma.
 
Interpretação Modificativa Corretiva
Na interpretação modificativa corretiva podemos dizer que ela é resultado da interpretação sistemática. Ocorre quando
duas normas estiverem em antinomia no ordenamento jurídico, a fim de evitar a exclusão de uma e aplicação de outra
pela autoridade. O sentido de uma das normas é alterado a fim de que ela possa compatibilizar-se no ordenamento
jurídico. 
 
Interpretação Ab-Rogante
Na interpretação ab-rogante podemos dizer que é aquela que se aplica quando o preceito normativo é mau construído e
não se consegue aludir com clareza mínima as hipóteses que se pretende alcançar com a norma. Aplicável quando
houver entre duas disposições legais uma contradição insanável, podendo-se eliminar uma das regras e aplicar a outra
(ab-rogação simples), ou eliminar as duas e aplicar uma terceira (dupla ab-rogação). 
Exercício 1:
Por que dizemos que a interpretação histórica é uma continuação dos processos de interpretação gramatical e lógica com possibilidade de dar um
conhecimento mais contundente da ciência jurídica?
 
A)
Porque a interpretação histórica é utilizada nos Cursos de Direito na disciplina História do Direito.
 
B)
Porque baseia-se exclusivamente nos costumes, princípios gerais do direito e analogia.
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C)
Porque a interpretação que faz uso da técnica histórica tem por fim esclarecer e interpretar a norma mediante uma verdadeira reconstrução do seu conteúdo
significativo de origem no momento em que ela foi criada.
 
D)
Porque faz uso de outra norma mais recente para dar suporte comparativo entre normas.
 
E)
n.d.a
Comentários:
Essa disciplina nãoé ED ou você não o fez comentários
Exercício 2:
A interpretação que faz menção ao momento em que a norma foi elaborada, as circunstâncias que precederam a elaboração da lei, como por exemplo,
anteprojetos de lei diz respeito à:
 
A)
interpretação histórica (remota).
aline.aoliveira
Realce
A interpretação que faz uso da técnica histórica tem por fim esclarecer e interpretar a norma mediante uma verdadeira reconstrução do seu conteúdo significativo de origem no momento em que a foi criada.
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B)
interpretação lógica-gramatical.
 
C)
interpretação lógica-sistemática.
 
D)
interpretação histórica (próxima).
 
E)
interpretação privada.
Comentários:
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aline.aoliveira
Realce
Faz menção ao momento em que a norma foi elaborada, as circunstâncias que precederam a elaboração da lei.

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