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AULAS_18 UNIÃO ESTÁVEL

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UNIÃO ESTÁVEL 
 
Prof. Cristiano Chaves de Farias 
Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia 
Professor de Direito Civil do CERS 
 
1. Evolução e perspectiva histórica: da família-casamentária (CC/16) para a família plural. Do concubinato à união 
estável. 
 
A evolução do concubinato de união ilegal e ilegítima para a caracterização como entidade familiar. 
Proibição do concubinato no CC/16. 
Distinção doutrinária entre o concubinato puro e o concubinato impuro. 
Tolerância jurisprudencial. 
Permissividade legal. 
Proteção especial constitucional. 
 
STF 380: 
“Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a 
partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.” 
 
STF 382: 
“A vida em comum sob o mesmo teto "more uxorio", não é indispensável à caracterização do concubinato.” 
 
Art. 226, CF: 
“A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade 
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. 
 
2. União estável, concubinato, união livre e poliamorismo. 
O concubinato enquanto sociedade de fato (CC 1.727) e a união estável putativa. 
 
Art. 1.723, CC: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência 
do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. 
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.” 
 
União estável = entidade familiar 
 
Concubinato =sociedade de fato 
 
União livre = relação puramente obrigacional (possibilidade de aplicação da Lei Maria da Penha entre namorados – 
STJ, CC 96.532/MG). 
 
Poliamorismo = concubinato de boa-fé entre os envolvidos que se aceitam (não necessariamente há o elemento 
sexual) 
 
Vedações ao concubinato: 
a) Proibição de doação para a concubina, pena de anulabilidade (a questão da separação de fato, STJ, REsp 
408.296/RJ) 
b) Proibição de seguro de vida para a concubina, pena de nulidade 
c) Proibição de herança ou legado para concubina, pena de nulidade 
 
Posição do CC 1.727: concubinato não é família e não produz efeitos familiares ou sucessórios. 
 
Posição do STF: concubinato não é família. Não gera benefício previdenciário – STF, RE 397.762/BA. 
 
 
 
 
 
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Posição do STJ: concubinato não é família. Não gera indenização por serviços prestados – STJ, REsp. REsp 
988.090/MS. 
 
A união estável putativa e a caracterização de núcleo familiar (MARIA BERENICE DIAS). Posição refratária 
do STJ, negando natureza familiar à união estável putativa (STJ, REsp. 789.293/RJ). 
 
Art. 1.727, CC: “As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubi-
nato.” 
 
Art. 550, CC: “A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus 
herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.” 
 
Art. 793, CC: “É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era 
separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato.” 
 
Art. 1.801, CC: “Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e 
irmãos; 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de 
cinco anos; 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou 
aprovar o testamento.” 
 
2.1. Requisitos caracterizadores da união estável. 
 
Art. 1.723, CC: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência 
do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. 
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.” 
 
Requisitos objetivos e a imprescindibilidade do requisito subjetivo. A distinção entre a união estável e um namoro 
prolongado. 
 
A questão da incidência na união estável dos impedimentos matrimoniais e a relevância da separação de fato. A 
incidência da monogamia na união estável (STJ, REsp. 1.157.273/RN). 
 
A questão da dualidade de sexos (proteção constitucional da união homoafetiva – STF, ADIn 4277/DF). A pos-
sibilidade de conversibilidade em casamento homoafetivo (STJ, REsp.1.183.378/RS). 
 
A possibilidade de adoção pelo par homoafetivo (STJ, REsp. 1.281.093/SP). 
 
O lapso temporal mínimo e a desnecessidade de residir sob o mesmo teto (STF 382). 
Inexigibilidade de lapso temporal mínimo ou decorrência de prole. 
 
A inaplicabilidade das causas suspensivas e o regime de separação obrigatória de bens. O entendimento 
do STJ de incidência da separação obrigatória na união estável iniciada pelo maior de 70 anos de idade 
(STJ, REsp 646.259/RS) 
 
Requisitos caracterizadores da união estável 
(CF 226, §3º e CC 1.723) 
Estabilidade da relação convivencial 
Publicidade da relação convivencial 
Inexistência de impedimento matrimonial (exceção: sepa-
ração de fato). O Estatuto da Pessoa com Deficiência e a 
 
 
 
 
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nulidade do casamento somente no caso de impedimento 
matrimonial 
A questão da dualidade de sexos e a interpretação con-
forme a CF emprestada pelo STF (ADIn 4277/DF) 
Inexigibilidade de lapso temporal mínimo ou decorrência 
de prole 
Intuito de constituir família (animus familiae) 
 
3. Efeitos patrimoniais da união estável. 
 
Regime de bens da união estável: comunhão parcial, salvo contrato escrito em contrário (bens adquiridos a título 
oneroso ou eventual na constância da relação). 
 
Art. 1.725, CC: “Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, 
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. 
 
O contrato de convivência por instrumento particular, sem registro em cartório. 
 
Possibilidade de escolher regime em contrário. 
 
A questão do regime de separação obrigatória de bens (inaplicabilidade das causas suspensivas). O enten-
dimento do STJ de incidência da separação obrigatória na união estável iniciada pelo maior de 70 anos de 
idade (STJ, REsp 646.259/RS). 
 
A questão da inexigibilidade de outorga do companheiro (interpretação restritiva do CC 1.647). Posição do STJ 
pela desnecessidade da anuência do companheiro: STJ, REsp 1.299.866/DF, salvo se notória a união estável (STJ, 
REsp. 1.424.275/MS). 
 
A questão da citação do companheiro nas ações reais imobiliárias (novo CPC 73). 
 
Art. 73, novo CPC: “O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre 
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. (...) 
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos.” 
 
Outros efeitos patrimoniais: 
a) Direito à herança. O novo entendimento do STF. 
Repercussão da nova posição do STF: “Parentes colaterais não são legitimados ativos para a ação de anulação de 
adoção proposta após o falecimento do adotante, em virtude da inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil 
declarada pelo Supremo Tribunal Federal.” (STJ, REsp 1.337.420/RS, rel. Min. Luís Felipe Salomão). 
b) Direito ao benefício previdenciário, mas não a previdência privada (STJ, REsp 1.477.937/MG). 
c) Direito aos alimentos;d) Direito real de habitação (a posição do STJ, REsp 1.329.993/RS). Efeitos da decisão do STF, RE 878.694/MG. 
e) Partilha de direitos reais sobre a coisa alheia de bens públicos (“Na dissolução de união estável, é possível a 
partilha dos direitos de concessão de uso para moradia de imóvel público.” – STJ, REsp 1.494.302/DF, Rel. Min. 
Luis Felipe Salomão). 
 
Efeitos patrimoniais da união estável 
Direito à meação (regime de bens da comunhão parcial, 
salvo disposição contrária) – CC 1.725 
Direito à herança (CC 1.790). O entendimento do STF, RE 
878.694/MG, rel. Min. Luís Roberto Barroso 
Direito ao benefício previdenciário 
Direito aos alimentos (CC 1.694) 
Direito real de habitação, em caso de óbito do companheiro 
(Lei n.9.278/96, art. 7º) 
Possibilidade de exercício da inventariança 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1337420
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1477937
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1494302
 
 
 
 
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(novo CPC 616) e legitimidade para os embargos de ter-
ceiros (novo CPC 674) 
 
4. Efeitos pessoais da união estável (CC 1.724). 
 
4.1 Efeitos entre os companheiros: basicamente os mesmos efeitos pessoais de um casamento. 
 
Efeitos pessoais da união estável 
Deveres conjugais (lealdade e respeito; mútua assistência 
e guarda, sustento e educação da prole) 
Possibilidade de acréscimo de sobrenome do outro 
Parentesco por afinidade (CC 1.595) 
Inalterabilidade do estado civil e não emancipação 
Possibilidade de exercício de curadoria (ausência ou inter-
dição) 
A questão da presunção de paternidade (pater is est). O 
CC 1.597 e o STJ, REsp.23/`PR e STJ, REsp 
1.194.059/SP 
 
Art. 1.724, CC: “As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e 
assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”. 
 
Art. 1.566, CC: “São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio 
conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos.” 
 
4.2. Conversão da união estável em casamento. 
Mandamento constitucional da facilitação da conversão da união estável em casamento. 
Duvidosa constitucionalidade do CC 1.726. 
 
Art. 1.726, CC: “A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e 
assento no Registro Civil.” 
 
Admissibilidade de uso da via administrativa pelo STJ: “Os arts. 1.726, do CC/2002 e 8º, da Lei n. 9.278/96 não 
impõem a obrigatoriedade de que se formule pedido de conversão de união estável em casamento pela via admi-
nistrativa, antes de se ingressar com pedido judicial.” (STJ, REsp 1.685.937/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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