Buscar

AULA 10 - UNIÃO ESTÁVEL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Direito de Família
Aula 10: União Estável:
· Conceito:
Enunciado 641, CJF: A decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou a inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil não importa equiparação absoluta entre o casamento e a união estável. Estendem-se à união estável apenas as regras aplicáveis ao casamento que tenham por fundamento a solidariedade familiar. Por outro lado, é constitucional a distinção entre os regimes, quando baseada na solenidade do ato jurídico que funda o casamento, ausente na união estável.
a) Introdução: O estudo deve se iniciar pela CRFB/88, a qual dispõe que:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
(…)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
· Do dispositivo se faz duas conclusões:
1. A união estável não é a mesma coisa que casamento, uma vez que categorias iguais não podem ser convertidas uma na outra;
2. Não há hierarquia entre casamento e união estável. 
b) Conceito: Dos requisitos caracterizadores é possível se obter o conceito. Conforme determina o Art. 1.723 do CC, é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Pablo Stolze e Pamplona Filho elencam os seguintes elementos caracterizadores: 
1. Essenciais: Necessários para a caracterização da união estável.
· Publicidade;
· Continuidade;Embora diga respeito ao concubinato, a Súmula 382 do STF é aplicável à união estável. 
S. 382, STF: A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização do concubinato.
· Estabilidade;
· Objetivo de constituição de família.
2. Acidentais: Podem estar presentes ou não. 
· Tempo;
· Filhos comuns;
· Coabitação.
c) Impedimentos e causas suspensivas do matrimônio: Os impedimentos matrimoniais são aplicáveis à união estável. As causas suspensivas não.
Conforme dispõe o art. 1.723 do CC: § 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI (não podem casar as pessoas casadas) no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
· Pela redação do §1º a pessoa casada, separada de fato pode constituir união estável. 
· União Estável x Concubinato:
· Não podem ser confundidos, sendo categorias jurídicas distintas. O Art. 1.727 do CC determina que as relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
	DISTINÇÃO UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO
	UNIÃO ESTÁVEL
	CONCUBINATO
	Entidade familiar, art. 226, §3º da CRFB/88.
	Não é entidade familiar, mas sociedade de fato (partilha de bens pelo direito obrigacional).
	Pode ser constituída por pessoas solteira, viúvas, divorciados ou separados de fato.
	Será constituída entre pessoas casadas não separadas, ou havendo impedimento matrimonial decorrente de lei ou crime.
	As partes são denominadas de companheiros ou conviventes.
	São denominados de concubinos.
	Há direito à meação (art. 1.725 do CC), direito a alimentos (art. 1.694 do CC) e direitos sucessórios (art. 1.790 do CC).
	Não há direito à meação patrimonial, direito a alimentos ou direito sucessório. Aplica-se a Súmula 380 do STF, que consagra do direito à participação patrimonial em relação aos bens adquiridos pelo esforço comum.
	Cabe ação de reconhecimento e dissolução da união estável, de competência da vara de família. Art. 732 do CPC e regras especiais das ações de família (art. 693 a 699 do CPC).
	Cabe ação de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato, de competência da vara cível.
Ementa: APELAÇÃO. UNIÃO ESTÁVEL CONCOMITANTE AO CASAMENTO. POSSIBILIDADE. DIVISÃO DE BEM. "TRIAÇÃO". Viável o reconhecimento de união estável paralela ao casamento. Precedentes jurisprudenciais. Caso em que a prova dos autos é robusta em demonstrar que a apelante manteve união estável com o falecido, mesmo antes dele se separar de fato da esposa. Necessidade de dividir o único bem adquirido no período em que o casamento foi concomitante à união estável em três partes. "Triação". Precedentes jurisprudenciais. DERAM PROVIMENTO, POR MAIORIA. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível, Nº 70024804015). 
TJRS - APC 70021968433 ARE 70017086919 APC 70027512763
· Entretanto, é possível encontrar julgados determinando a divisão de bens entre a esposa e a concubina, chamando de triação (divisão igual por 03). A maior parte dos julgados são do TJRS (o melhor do país em matéria de família <3)
APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL. RELACIONAMENTO PARALELO AO CASAMENTO. Se mesmo não estando separado de fato da esposa, vivia o falecido em união estável com a autora/companheira, entidade familiar perfeitamente caracterizada nos autos, deve ser reconhecida a sua existência, paralela ao casamento, com a conseqüente partilha de bens. Precedentes. Apelação parcialmente provida, por maioria. (SEGREDO DE JUSTIÇA)(Apelação Cível, Nº 70021968433) TJRS: APC 70016039497 APC 70018241133
· União Estável paralela ao Casamento:
APELAÇÃO. UNIÃO DÚPLICE. UNIÃO ESTÁVEL. POSSIBILIDADE. A prova dos autos é robusta e firme a demonstrar a existência de união entre a autora e o de cujus em período concomitante ao casamento de "papel". Reconhecimento de união dúplice. Precedentes jurisprudenciais. Os bens adquiridos na constância da união dúplice são partilhados entre a esposa, a companheira e o de cujus. Meação que se transmuda em "triação", pela duplicidade de uniões. DERAM PROVIMENTO, POR MAIORIA, VENCIDO O DES. RELATOR. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível, Nº 70019387455). TJRS: APC 70011962503
· Pela literalidade do Código Civil, não seria possível reconhecer a união estável concomitante ao casamento, se não houver separação de fato. Contudo, duas considerações devem ser feitas:
1. Se a união paralela for de conhecimento do outro cônjuge, que aceita a situação existente;
Nesse primeiro caso, deve-se levar em consideração o princípio da boa-fé objetiva, aplicável ao direito de família. Se o cônjuge possui conhecimento da situação e a aceita (do contrário colocaria fim ao casamento), deve aceitar a partilha dos seus direitos com a concubina (devendo esta passar a ser denominada companheira, uma vez que a expressão concubina carrega grande carga pejorativa), uma vez que é vedado o comportamento contraditório (venire contra factum proprium non potest), não pode a pessoa “reconhecer” / “aceitar” a situação de fato e depois negar suas consequências jurídicas. 
Ressalta-se que o STF já se manifestou em sentido contrário no RE 797.762-8/BA, aplicando o princípio da monogamia.
O mesmo princípio já foi aplicado para o não reconhecimento de união estável plúrima. 
2. O cônjuge casado pode ser residindo sob o mesmo teto, contudo estar separado de fato. A separação de fato pode ocorrer pela quebra do afeto e da comunhão plena de vida. 
· Efeitos pessoais e patrimoniais da união estável: 
· Efeitos pessoais: 
· Conforme determina o Art. 1.724 do CC, as relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
Embora seja parecido com os deveres do casamento, dois destaques devem ser feitos:
1. O casamento exige a fidelidade, enquanto a união estável a lealdade. O segundo conceito é mais amplo e abrange o primeiro. Pode-se ser legal sem ser fiel. 
2. O casamento exige a vida comum no domicílio conjugal, já a união estável não, reforçando a aplicação da Súmula 382 do STF. 
· Efeitos patrimoniais:
Conforme determina o Art. 1.725 do CC na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Tal contrato é denominado de contrato de convivência. Deve ser escrito, podendo serfeito mediante instrumento público ou particular. 
· Conversão de união estável em casamento: 
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Parcela da doutrina entende ser o artigo inconstitucional, uma vez que a CRFB/88 impõe que a lei deve facilitar a conversão da união estável em casamento, enquanto CC faz a exigência de ação própria para isso.

Continue navegando