Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cultivo do Feijoeiro Comum O gênero Phaseolus originou-se nas Américas. Cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas de produção e em todas as regiões brasileiras, o feijoeiro comum reveste-se de grande importância econômica e social. A cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) tem grande importância na alimentação humana, em vista de suas características proteicas e energéticas. Em nosso país, esta leguminosa tem importância social e econômica, por ser responsável pelo suprimento de grande parte das necessidades alimentares da população de baixo poder aquisitivo, que ainda tem apresentado taxas de crescimento relativamente altas e também pelo contingente de pequenos produtores que se dedicam à cultura. O Brasil é o maior produtor mundial de feijão seguido pela Índia e México. Os principais estados brasileiros produtores de feijão, são: MG, PR, BA, GO e SP. O feijoeiro é uma planta autógama, com taxa de cruzamento natural em torno de 2%. podendo apresentar ciclos variando de 65 a 100 dias. O feijão preto é mais popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo. No restante do país este tipo de grão tem pouco ou quase nenhum valor comercial ou aceitação. O feijões de grão tipo carioca são aceitos em praticamente todo o Brasil, daí que 53% da área cultivada é semeada com este tipo grão. Os grãos de feijão representam uma importante fonte protéica na dieta humana dos países em desenvolvimento das regiões tropicais e subtropicais. O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é a espécie mais cultivada entre as demais do gênero Phaseolus. O Brasil é o maior produtor, entretanto, a produção brasileira de feijão tem sido insuficiente para abastecer o mercado interno, devido à redução na área plantada. É reconhecida como cultura de subsistência em pequenas propriedades. Dependendo da região, o plantio de feijão no Brasil é feito ao longo do ano, em três épocas. Fenologia O desenvolvimento do feijoeiro compreende duas fases, denominadas de Fases Vegetativas e Reprodutivas, diferenciadas entre si pela manifestação de diferentes eventos. A fase vegetativa tem seu início compreendido entre a germinação até o aparecimento dos primeiros botões florais. A fase reprodutiva transcorre desde a emissão dos botões florais até o pleno enchimento de vagens e a maturação das sementes. Nessa fase evidencia-se notória sensibilidade à deficiência hídrica e excesso de água. Hábito de Crescimento: Tipos de Plantas Tipo I - hábito de crescimento determinado, arbustivo e porte da planta ereto. Haste principal e os ramos laterais terminando em inflorescência; Talo principal resistente (pouco ramificado); Pequeno porte (25 – 50 cm); Ciclo precoce; Período de florescimento reduzido; Uniformidade de maturação de vagens; Tipo II - hábito de crescimento indeterminado, arbustivo, porte da planta ereto e caule pouco ramificado. Haste principal de crescimento vertical, ramos laterais não numerosos e geralmente curtos; Satisfatório potencial produtivo; Hábito de crescimento propicia adequada distribuição de flores e vagens na planta (melhor qualidade); Tipo III - hábito de crescimento indeterminado, prostrado ou semiprostado, com ramificação bem desenvolvida e aberta. Grande número de ramificações; Guias longas + ramos laterais bem desenvolvidos = aptidão trepadora; Período de florescimento amplo (15 a 20 dias); Grande potencial de produção; Grande desuniformidade de maturação das vagens e grande quantidade de vagens localizadas na parte baixa da planta; Tipo IV - hábito de crescimento indeterminado, trepador; caule com forte dominância apical e número reduzido de ramos laterais, pouco desenvolvido. Grande desenvolvimento da haste principal (dois a três metros), baixo no de ramos laterais; Grande no de nós presentes (30 nós) e acentuada dominância apical; Floração se prolonga por semanas (Colheita parcelada); Não são cultivadas no Brasil (exceção – produção de vagens verdes); Clima Dentre os elementos climáticos que mais influenciam na produção de feijão salientam-se a temperatura, a precipitação pluvial e a radiação solar. Em relação ao fotoperíodo, a planta de feijão pode ser considerada fotoneutra. Para que o feijoeiro possa atingir seu rendimento potencial, torna-se necessário que a temperatura do ar apresente valores mínimo 12ºC, ótimo 21ºC e máximo como sendo 29ºC. Com relação à germinação do feijoeiro a temperatura de 28°C é considerada ótima. A temperatura é o elemento climático que mais exerce influência sobre a porcentagem de vingamento de vagens e, de maneira geral, faz referência sobre o efeito prejudicial das altas temperaturas sobre o florescimento e a frutificação do feijoeiro. Temperaturas baixas reduzem os rendimentos de feijão, por provocar abortamento de flores, que por sua vez pode, também, resultar em falhas nos órgãos reprodutores masculino e feminino. Alta temperatura acompanhada de baixa umidade relativa do ar e ventos fortes têm maior influência no pegamento e retenção de vagens. A cultura exige um mínimo de 300 mm de precipitação pluviométrica bem distribuídos durante o ciclo. O feijão é mais suscetível à deficiência hídrica durante a floração e o estádio inicial de formação das vagens. O período crítico se situa 15 dias antes da floração. Solos O feijoeiro pode ser cultivado em solos de textura variando de arenosa leve até argilosa. Solos muito argilosos e com problemas de drenagem devem ser evitados. O feijoeiro não tolera excesso contínuo de água no solo. Também devem ser evitados solos argilosos com tendência a formação de crosta superficial como também aqueles sujeitos a formação de camada compacta subsuperfície (pé- de-grade) que interfere no crescimento radicular do feijoeiro e consequentemente na produtividade final. O feijoeiro deve ser cultivado em solos sem impedimentos físicos, de pH 5,5 a 6,0; de boa fertilidade e disponibilidade de água. Quanto menor o pH do solo, maior o efeito de íons tóxicos (Al+++, Mn++, e H+) que limitam o crescimento radicular, o desenvolvimento da parte aérea e a produção, menor a disponibilidade de nutrientes para as plantas e menor fixação simbiótica de nitrogênio, resultando em menor crescimento e menor rendimento de grãos. A disponibilidade de nutrientes logo após a germinação é essencial para o estabelecimento da cultura. Qualquer limitação no suprimento de nutrientes no período logo após a germinação da semente atrasa e diminui a formação de raízes, comprometendo o crescimento das plantas. Solos com elevado teor de sais podem trazer sérios inconvenientes à implantação de lavouras de feijão, uma vez que o feijoeiro é uma das espécies mais sensíveis a elevados teores de sódio trocável e também à alta condutividade elétrica no solo. Cuidado especial deverá ser tomado com o controle da erosão nas lavouras, pelo fato do feijão possuir um crescimento inicial muito lento, o solo fica demasiadamente exposto à ação erosiva nesta fase, principalmente na semeadura das “águas”, quando chuvas fortes são mais frequentes. Sempre que possível deve-se evitar áreas cultivadas recentemente com feijão. A semeadura de feijão na mesma área pode favorecer a incidência de doenças de solo e da parte aérea da cultura. A maioria dos solos de cerrado onde o feijoeiro é cultivado são Oxissolos e possuem baixa fertilidade. Os solos de cerrado são ácidos e de baixa fertilidade. Portanto, o manejo da fertilidade é um dos aspectos mais importante na produção das culturas neste solos. Calagem e Adubação Uma recomendação de adubação deve ser fundamentada nos seguintes aspectos: 1. em resultados de análises de solo complementada pela análise de planta; 2. numa análise do histórico da área; 3.no conhecimento agronômico da cultura; 4. no comportamento ou tipo da cultivar; 5. no comportamento dos fertilizantes no solo; 6. na disponibilidade de capital do agricultor para aquisição de fertilizantes; 7. na expectativa de produtividade. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO O feijoeiro como outras leguminosas de interesse agrícola, pode utilizar nitrogênio atmosférico por intermédio da associação simbiótica com as bactérias dos nódulos radiculares – os rizóbios. No caso específico do feijão, a simbiose pode ocorrer com as seguintes espécies de bactéria: Rhizobium leguminosarum phaseoli, R tropici, R. gallicum e R. giardinii. Nas zonas produtoras, os feijoeiros normalmente exibem nódulos nas raízes, comprovando a presença de rizóbios no solo. Isso não significa, necessariamente, que a fixação simbiótica esteja resolvendo o problema de fornecimento de nitrogênio aos feijoeiros, tornando dispensável a adubação nitrogenada. Na realidade, a experimentação agronômica tem revelado que, em muitos casos, a aplicação do fertilizante nitrogenado é necessária quando almejamos alta produtividade da cultura, a despeito da presença de rizóbios, comprovada pela nodulação. Diversos fatores podem estar contribuindo para essa situação como: condições química e física do solo, cultivar, estirpe de rizóbio, condições climáticas e rizóbios já existentes no solo. Então, a inoculação de bactérias do grupo dos rizóbios, capazes de fixar o nitrogênio atmosférico e fornecê-lo à planta, é uma alternativa que pode substituir, ainda que parcialmente, a adubação nitrogenada. Resultados indicam que a cultura do feijoeiro, em condições de campo, pode se beneficiar do processo da fixação biológica de nitrogênio (FBN) alcançando níveis de produtividade de até 2.500 kg ha-1. O inoculante brasileiro, durante muito tempo, foi produzido utilizando-se bactérias que eram obtidas no exterior e testadas pelas instituições de pesquisa no Brasil. Com a evolução destes estudos, revelou-se a inequação destas estirpes aos solos tropicais, uma vez que estão sujeitas a um elevado grau de instabilidade genética, comprometendo sua capacidade de fixar nitrogênio. Este fato pode explicar, pelo menos parcialmente, a decepção de muitos agricultores com o uso do inoculante nesta cultura até bem recentemente. Atualmente, o inoculante comercial para o feijoeiro no Brasil é produzido com uma espécie de rizóbio adaptada aos solos tropicais, o Rhizobium tropici, resistente a altas temperaturas, acidez do solo e altamente competitiva, ou seja, em condições de cultivo favoráveis é capaz de formar a maioria dos nódulos da planta, predominando sobre a população de rizóbio presente no solo. A eficiência da FBN, entretanto, depende das condições fisiológicas da planta hospedeira que fornece a energia necessária para que a bactéria possa realizar eficientemente este processo. Além da calagem, é importante proceder a correção do solo com os demais nutrientes. Ressalta-se a importância do fornecimento de fósforo, deficiente na maioria dos solos tropicais, o qual tem efeito marcante sobre a atividade da nitrogenase, devido ao alto dispêndio energético promovido pela atividade de FBN. O molibdênio é um micronutriente que tem efeito marcante sobre a eficiência da simbiose, sendo um constituinte estrutural da enzima nitrogenase, que, dentro do nódulo, executa a atividade de FBN. A aplicação foliar de molibdênio promove aumentos de produtividade em feijoeiro inoculado, sendo que há vários produtos disponíveis no mercado para esta finalidade. Apesar de o feijoeiro ser uma planta com grande capacidade de aproveitamento do nitrogênio disponível no solo, a aplicação de adubos nitrogenados tende a afetar negativamente este processo. Solos com maiores teores de matéria orgânica, que liberam nitrogênio lentamente, podem beneficiar a planta do feijoeiro sem, contudo, reduzir a sua capacidade de fixação. Dentre os fatores ambientais mais importantes para o processo de fixação biológica de nitrogênio, a ocorrência de deficiências hídricas, ou seja, seca durante o ciclo de cultivo tem efeito negativo em diferentes etapas do processo de nodulação e na atividade nodular, além de afetar a sobrevivência do rizóbio no solo. A ocorrência de altas temperaturas afeta, também, a sobrevivência do rizóbio no solo, o processo de infecção, a formação dos nódulos e ainda a atividade de FBN. O procedimento de inoculação das sementes com rizóbio é simples, bastando misturar as sementes com o inoculante de rizóbio para o feijão. Este inoculante é, geralmente, vendido em embalagens contendo a bactéria em veículo turfoso, o mais recomendado atualmente pela pesquisa. Deste modo, recomenda-se que a inoculação seja feita à sombra, preferencialmente nas horas mais frescas do dia, utilizando uma solução açucarada a 10% como adesivo, ou outros produtos como goma arábica a 20%. Mistura-se 200 a 300 ml desta solução ao inoculante (500 g) até formar uma pasta homogênea. Em seguida, mistura-se esta pasta a 50 kg de sementes de feijão até que fiquem totalmente recobertas com uma camada uniforme de inoculante. Deixar as sementes inoculadas secando a sombra, em local fresco e arejado, realizando o plantio até, no máximo, dois dias após. Cultivares Grupo preto: Macanudo, Minuano, Macotaço, Ouro Negro, Diamante Negro, Xamego e Guapo Brilhante Carioca: Aporé (tipo III), Pérola, Rudá (tipo II) e Princesa Grupo mulatinho: Corrrente e Bambuí (tipo III) Grupo roxo: Safira Plantio A escolha da área, a qualidade das sementes e a operação de semeadura, especialmente no que se refere à época, à profundidade em que as sementes são colocadas, o espaçamento entre fileiras e o número de sementes por metro, são fatores a serem considerados. O feijoeiro é uma planta com sistema radicular com sua maior parte concentrada na camada de até 20 cm de profundidade do solo. Esta pequena profundidade das raízes torna-o bastante sensível à deficiência hídrica, e torna a planta com baixa eficiência em absorver nutrientes, exigindo por isso solos férteis ou boas adubações, de modo que os nutrientes estejam próximos das raízes, em quantidades suficientes e no momento adequando. Solos pesados, compactados, sujeitos a formar crosta na superfície ou ao encharcamento não são adequados para a cultura do feijoeiro. Recomendam-se solos friáveis, com boa aeração, de textura areno-argilosa, relativamente profundos. A semente de boa qualidade permite a formação de lavoura uniforme, maximiza o aproveitamento dos demais insumos utilizados, evita a propagação e diminui as fontes de contaminação de doenças na lavoura, reduz a disseminação de plantas nocivas e a agressividade daquelas já presentes no solo. Quanto à semeadura, as épocas recomendadas concentram-se, basicamente, em três períodos, o chamado das "águas", nos meses de setembro a novembro, está concentrada nas regiões Sul e Sudeste e no Estado da Bahia, na região de Irecê. É a maior das três safras, em produção e rendimento. O da "seca" ou safrinha, de janeiro a março. Essa safra abrange os estados das regiões Sudeste e Sul, com concentração na Região Nordeste que, em anos normais, contribui com mais de 50% da produção. O de outono-inverno ou terceira época, nos meses de maio a julho. No plantio de outono-inverno ou terceira época, que só pode ser conduzido em regiões onde o inverno é ameno, sem ocorrência de geadas, como em algumas áreas de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo, o agricultor, via de regra, necessita irrigar a lavoura. Segundo a Embrapa Arroz e Feijão, a safra da seca, tanto no sistema solteiro quanto consorciado, representa a maior área de cultivo na produção nacional de feijão, cerca de 48% da área plantada. No entanto, apresenta a menor produtividade quando comparada às outras safras. As duas primeiras safras são responsáveis por cerca de 80% da produçãonacional, que provém de lavouras de pequenos e médios produtores que utilizam na sua maioria, mão-de-obra familiar com baixo nível tecnológico, o que reflete como consequência uma produtividade média de 752 kg ha-1, considerada baixa. A safra de inverno garante os 20% restantes da produção e tem como origem lavouras com alto nível tecnológico, onde a irrigação é essencial para alcançar produtividades médias de 1.546 kg ha-1. A profundidade de semeadura pode variar conforme o tipo de solo. Em geral recomendam- se de 3-4 cm para solos argilosos e 5-6 cm para solos arenosos. Espaçamentos de 40 a 60 cm entre fileiras e com 10 a 15 plantas por metro. Manejo de plantas daninhas O período em que as plantas daninhas causam maiores danos compreende os primeiros 30 dias após a emergência (DAE), podendo se estender até 40 (DAE) para cultivares de ciclo mais tardio. Existem quatro métodos básicos para se controlar as plantas daninhas: controle cultural, o controle mecânico, o controle biológico e o controle químico. O controle cultural consiste na utilização de medidas e procedimentos objetivando a prevenção de infestações e disseminação de plantas daninhas, bem como o fortalecimento da capacidade competitiva da cultura, representada pelo rápido estabelecimento e desenvolvimento da espécie comercial. Os métodos mecânicos mais utilizados referem-se a capina manual e ao cultivo mecânico (tração animal = um a dois ha/dia e tratorizado = um a dois ha/h). A capina manual é empregada em áreas pequenas (inferiores a 10 ha), sendo destinada a pequenos produtores e a lavoura de subsistência. Por outro lado, o controle de plantas daninhas baseado no uso de cultivadores mecânicos, possibilita a obtenção de maior rendimento operacional. O método químico é representado pelo uso de herbicidas, cuja eficiência de controle é dependente de fatores técnicos, econômicos e climáticos. Em decorrência de seu custo o emprego de herbicidas tem proporcionado resultados econômicos satisfatórios em lavouras de feijão onde o rendimento tem se mostrado superior a 1.200 kg ha-1 (20 sc ha-1). Em áreas comerciais não é possível controlar as plantas daninhas apenas com métodos mecânicos; assim, é utilizada a integração dos métodos mecânico, cultural, como espaçamento e densidade, e químico, pelo uso de herbicida. O manejo de plantas daninhas envolve atividades dirigidas às plantas daninhas (manejo direto) e ao sistema formado pelo solo e pela cultura (manejo indireto). O manejo direto refere-se à eliminação das plantas daninhas com uso de herbicidas, ação mecânica ou manual e ação biológica. Para o uso de herbicidas é necessário identificar as plantas daninhas e o estádio de crescimento para a recomendação de doses e tipos de herbicidas. No manejo do solo (manejo indireto) trabalha-se com a relação sementes ativas e inativas. Neste caso, a recomendação é diminuir o banco de sementes das plantas daninhas, promovendo a germinação destas espécies antes do plantio e depois controlá-las com o uso de técnicas como, por exemplo, a aplicação sequencial de dessecantes. O manejo cultural se baseia na construção de plantas de feijoeiro com capacidade de manifestar seu potencial produtivo máximo e competir com as plantas daninhas, pela utilização de práticas como o equilíbrio na fertilidade do solo, o estande de plantas uniforme, o manejo de adubação, o arranjo espacial das plantas e a época adequada de plantio. Outro tipo de manejo cultural é o uso de cobertura morta, com capacidade de diminuição da emergência das plantas daninhas por efeitos alelopáticos e físicos. O plantio consorciado de culturas com forrageiras antes do plantio do feijão está sendo uma prática usada para a produção da cobertura morta, sem afetar o cronograma de plantio do produtor. Todas estas práticas do manejo de plantas daninhas têm a finalidade de aumentar a eficiência e a economicidade da lavoura; a preservação ambiental, evita o adensamento do solo, o acúmulo de resíduos de herbicidas e a seleção de plantas daninhas resistente. Doenças e métodos de controle As doenças fúngicas estão divididas em dois grupos com base na sua origem. Assim, temos as doenças denominadas da parte aérea e cujos agentes causais não sobrevivem no solo e, as doenças de solo, cujos agentes causais encontram-se adaptados para sobreviverem neste ambiente. Entre as principais doenças fúngicas da parte aérea do feijoeiro comum encontram-se a antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), a mancha-angular (Phaeoisariopsis griseola), a ferrugem (Uromyces appendiculatus), o oídio (Erysiphe polygoni) e a mancha-de-alternária (Alternaria sp) além de duas outras recentemente identificadas nesta cultura e denominadas de sarna e carvão. Entre as principais doenças fúngicas cujos agentes causais apresentam capacidade de sobreviver no solo, encontram-se o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum ), a mela (Thanatephorus cucumeris), a podridão- radicular-de-Rhizoctonia (Rhizoctonia solani), podridão-radicular-seca (Fusarium solani), a murcha-de-fusário (Fusarium oxysporum) e a podridão-cinzenta-do-caule (Macrophomina phaseolina). As doenças de origem bacteriana mais importantes são o crestamento- bacteriano-comum (Xanthomonas axonopodis pv. Phaseoli) e a murcha-de-Curtobacterium (Curtobacterium flaccumfasciens pv. Flaccumfasciens). Os vírus do mosaico-comum (BCMV) e do mosaico-dourado (BGMV) são as doenças viróticas de maior importância que podem ocorrer na cultura do feijoeiro comum. Com exceção da ferrugem, do oídio e do mosaico dourado todas as doenças, com maior ou menor intensidade, são transmitidas pelas sementes. De um modo geral, as doenças de origem fúngicas e bacteriana podem ser disseminadas à longa distância através das sementes infectadas e as doenças fúngicas, também através das correntes aéreas. Á curta distância, estas doenças são disseminadas pelas sementes infectadas, vento, chuvas, insetos, animais, partículas de solo aderidas aos implementos agrícolas, água de irrigação e pelo movimento do homem. O vírus do mosaico-comum é transmitido pelas sementes e por afídeos enquanto que o vírus do mosaico-dourado é transmitido pela mosca-branca. Entre os métodos de controle mais empregados, encontram-se as práticas culturais, o controle químico e a resistência da cultivar a um ou mais patógenos desde que disponível. Como sugestão, pode-se citar uma série de práticas que os produtores devem empregar com a finalidade de diminuir as perdas ocasionadas pelas doenças: isolamento da cultura, eliminação do hospedeiro do patógeno ou do vetor, evitar introdução na área de resíduos de cultura ou de solo infectado, utilização de semente de qualidade, tratamento químico da semente, época de semeadura, rotação de culturas, preparo do solo, aração profunda, aumento do espaçamento, cobertura morta do solo, controle da água de irrigação, uso de herbicidas, cultivares resistentes, pulverizações foliares com fungicidas/inseticidas, destruição dos resíduos de culturas infectadas, entre outras. Pragas do Feijoeiro Dentre as principais pragas com ocorrência nas regiões produtoras, incluem a mosca-branca (Bemisia tabaci), as vaquinhas (Diabrotica speciosa), a cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) e os carunchos. Pragas principais com ocorrência regional incluem o ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus), a larva-minadora (Liriomyza spp.), a lagarta das folhas: Omiodes indicata (Lepidoptera: Pyralidae) e Urbanus proteus (Lepidoptera: Hesperiidae), os tripes (Calyothrips spp), a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), a lagarta rosca (Agrotis ipsilon), as lesmas e os percevejos (vários). O MIP-Feijão leva em consideração o reconhecimento das pragas que realmente causam danos à cultura, a capacidade de recuperação das plantas aos danos causados pelas pragas, o número máximo de indivíduos dessas pragas que podem ser toleradosantes que ocorra dano econômico (nível de controle), e o uso de inseticidas seletivos de forma criteriosa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DOURADO NETO, D.; FANCELLI, A. L. Produção de feijão. Guaíba: Agropecuária, 2000. 385 p. THUNG, M. D. T.; OLIVEIRA, I. P. de. Problemas abióticos que afetam a produção do feijoeiro e seus métodos de controle. EMBRAPA-CNPAF, 1998. 172 p. :il. VIEIRA, C.; PAULA JUNIOR, T. J. de; BORÉM, A. FEIJÃO: aspectos gerais e cultura no Estado de Minas. Viçosa: UFV, 1998. 596 p.:il.
Compartilhar