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Acao cominatoria - Jose Edmar - Transf veiculo

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ESTADO DO CEARÁ
DEFENSORIA PÚBLICA GERAL
COMARCA DE CASCAVEL
	
Exmo. Sr. Dr. JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DA COMARCA DE CASCAVEL – CE
AÇÃO COMINATÓRIA
(Obrigação de fazer)
JOSÉ EDMAR CORREIRA DA SILVA, brasileiro, casado, auxiliar de produção, residente na Travessa Eliezer Ximenes Rodrigues 4093, Vila Pacheco, Cascavel\Ce, portador RG 2373545-92, SSP-Ce e CPF 763.717.433-68, vem com o devido respeito e acatamento perante Vossa Excelência, por intermédio do Defensor Público que esta subscreve, propor a presente ação contra FRANCISCO JERRIVALDO, brasileiro, portador do RG 3336447-98, residente na Av. Eliezer 3863, Cascavel/Ce, pelos motivos fáticos e jurídicos que passa a discorrer para, ao final, postular.
 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O Suplicante pugna, inicialmente, pelos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, preceituados pela Lei no. 1.060/50, POR SER POBRE NA FORMA DA LEI, não dispondo de condições econômicas para arcar com as despesas de custas processuais e honorários advocatícios, sem colocar seriamente em risco a sua própria manutenção, razão pela qual é assistido pela Defensoria Pública do Estado do Ceará. 
OS FATOS
O Requerente vendeu seu veículo Fiat/147, ano 1980, modelo 1980, de cor azul, de placa GX4066/CE, à pessoa conhecida como Sr. Pinto, entregando-lhe a autorização para a transferência do veículo. Este senhor, por sua vez, vendeu o carro a terceiros, que também já o repassaram a outros, sem que, no entanto, tenha sido realizada a transferência do mesmo junto ao Detran.
Ocorre que hoje o carro se encontra na posse do réu e o mesmo detém o documento que autoriza a transferência do carro devidamente assinado, sem no entanto, esboçar a intenção de realizá-la.
Realizada tentativa de conciliação entre as partes na Defensoria Pública local, restou infrutífera.
O Requerente deseja através da presente ação compelir o Sr. Jerrivaldo a transferir o veículo para o seu nome, já que paira sobre o Autor o risco de multas, roubo do veículo, pontos negativos na Carteira de Habilitação, entre outros problemas e aborrecimentos decorrentes da inércia do réu.
 DO DIREITO
O Código Civil Brasileiro determina em seus artigos, in verbis:
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
 Isso significa que a propriedade de bem móvel ocorre com o pagamento e tradição da coisa. Ora, isso já aconteceu desde que o Autor vendeu o carro ao primeiro comprador. Mas, para o Detran, como continua a constar o nome do Autor como proprietário do carro; qualquer multa, infração, acidente ou coisa parecida, pesará sobre o autor.
 O Código Nacional de Trânsito estipula:
Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo quando:
I - for transferida a propriedade;
II - o proprietário mudar o Município de domicílio ou residência;
III - for alterada qualquer característica do veículo;
IV - houver mudança de categoria.
§ 1º No caso de transferência de propriedade, o prazo para o proprietário adotar as providências necessárias à efetivação da expedição do novo Certificado de Registro de Veículo é de trinta dias, sendo que nos demais casos as providências deverão ser imediatas.
§ 2º No caso de transferência de domicílio ou residência no mesmo Município, o proprietário comunicará o novo endereço num prazo de trinta dias e aguardará o novo licenciamento para alterar o Certificado de Licenciamento Anual.
§ 3º A expedição do novo certificado será comunicada ao órgão executivo de trânsito que expediu o anterior e ao RENAVAM.
Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no Art. 123:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.
A nossa Jurisprudência tem sido bastante clara quanto aos direitos do Autor:
EMENTA: AÇÃO COMINATÓRIA CUMULADA COM REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. TRANSFERÊNCIA DO VEÍCULO DADO COMO ENTRADA NA AQUISIÇÃO DE OUTRO FEITA ATRAVÉS DE PROCURAÇÃO EM CAUSA PRÓPRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA DO COMERCIANTE CONSTITUÍDO MANDATÁRIO. DANO MORAL PROVOCADO PELOS TRANSTORNOS DECORRENTES DAS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO COMETIDAS PELO ATUAL POSSUIDOR. CUMPRIMENTO ESPONTÂNEO DA PARTE DA SENTENÇA RELATIVA À TRANSFERÊNCIA DO VEÍCULO. 1. Apresenta legitimidade passiva o comerciante que, embora trabalhando em revenda de veículos, recebe procuração, em causa própria, para venda de veículo dado como entrada na aquisição de outro. 2. A omissão na transferência do veículo, que se encontrava ao alcance do comerciante fazer, tanto assim que procedida após a sentença condenatória, aliada à circunstância de ter o atual possuidor cometido infrações de trânsito que geraram pontos na carteira do autor, autorizam a condenação à indenização por danos morais. 3. O cumprimento espontâneo de parte da sentença, desautoriza sua reforma nesta parte. 4. O valor da indenização por dano moral deve guardar proporcionalidade com a intensidade da ofensa e o grau de culpa, merecendo portanto provimento nessa parte o recurso. Provimento parcial do recurso para reduzir o valor da indenização por danos morais à quantia de R$ 3.000,00. (Recurso Cível Nº 71000714618, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais - JEC, Relator: Ricardo Torres Hermann, Julgado em 01/09/2005) 
	EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. POSSE E PROPRIEDADE (BENS MÓVEIS). AÇÃO ORDINÁRIA. REGISTRO DE TRANSFERÊNCIA DE VEÍCULO JUNTO AO DETRAN E IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES DE TRÂNSITO POSTERIORES À ALIENAÇÃO DO BEM. 1. Não há que se falar em cerceamento de defesa, por ausência de produção de prova oral, se os documentos apresentados no feito afiguram-se suficientes à solução da controvérsia. 2. Restando incontroverso nos autos a venda da motocicleta ao ora apelante, a ausência de transferência junto ao Detran, e a prática de infrações de trânsito em data posterior ao negócio jurídico, impõe-se o reconhecimento da responsabilidade do adquirente por estas penalidades. Precedentes desta Corte. 3. A argumentação acerca da venda do veículo a terceiros mostra-se inapta, nos estreitos limites do presente feito, a afastar a responsabilidade do apelante, devendo ser objeto de ação própria. 4. Multa diária fixada em patamar adequado para o caso concreto. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70012401444, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em 01/09/2005) 
Preclaro Julgador, no caso concreto aqui descrito, conclui-se diante da robusteza do direito do Requerente que o mesmo tem a sua paz e sossego ameaçados pelo descaso que Réu tem demonstrado para solucionar o problema. 
Diante de tudo aqui exposto, o Autor não tem outra saída, senão socorrer-se do Judiciário para fazer prevalecer seus direitos no sentido de ver alterado o registro do veículo junto ao DETRAN-CE.
 DOS PEDIDOS
EXPOSITIS, restando evidenciado o direito inexpugnável da Requerente, a mesma requer que V. Exa. digne-se de:
a) Determinar a CITAÇÃO do demandado para responder à presente ação, querendo, no prazo legal, sob pena de, em assim não procedendo, sofrer os efeitos da REVELIA, bem como, acompanhá-la em todos os seus termos, até decisão final.
b) Condenar o Requerido a realizar a transferência do veículo junto ao Detran.
c) Que seja arbitrada multa diária pelo descumprimento da decisão.
Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em Direito, notadamente depoimento pessoal do requerido, sob pena de CONFISSÃO, oitiva de testemunhas, juntada ulterior de documentos, bem como quaisqueroutras providências que Vossa Excelência julgue necessárias à perfeita resolução do feito, ficando tudo de logo requerido. 
Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 (cem reais), para os efeitos de lei.
Nestes termos,
pede deferimento.
Cascavel, 20 de outubro de 2005.
Petrus Henrique G. Freire
Defensor Público
Márcia Maria Lima Santana
Estagiária
ROL DE TESTEMUNHAS:
- Francisco Nauli de Castro, residente no Buritizal.
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Rua Prof. José Antônio de Queiroz s/n, prédio do Fórum Des. Carlos Facundo
Cascavel – CE – CEP 62.850-000

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