Buscar

TCC FINAL CORRIGIDO1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

15 
 
1. INTRODUÇÃO 
A ocupação desordenada dos centros urbanos é um fator que potencializa a ocorrência 
de acidentes, fundamentalmente em países em desenvolvimento ou em regiões em expansão 
demográfica. Isso ocorre quando a população de baixo poder aquisitivo, inúmeras vezes sem 
alternativas de habitação, instala-se em áreas pouco propícias à moradia humana, que 
apresentam condicionantes geológicos e geomorfológicos desfavoráveis. 
Esse processo de ocupação leva necessariamente à retirada da vegetação, à 
movimentação de terra para execução de cortes e aterros visando a construção de vias de acesso 
e moradias, à alteração do regime de escoamento e infiltração e à deposição irregular de lixo e 
entulho em áreas de difícil acesso. Estas ações diminuem as condições de estabilidade dos 
terrenos, contribuindo assim para o desencadeamento de movimentos de massa no local. 
 Nas cidades brasileiras, marcadas pela exclusão sócio-espacial que lhes é característica, 
os processos de instabilização de encostas estão entre os fenômenos mais frequentes 
relacionados a desastres naturais, sobretudo nas encostas ocupadas por assentamentos, favelas, 
vilas e loteamentos, estando geralmente associados a eventos pluviométricos intensos e 
prolongados, comuns nos períodos chuvosos, e, principalmente, à falta de infraestrutura urbana 
(TOMINAGA, 2007). 
 No município de Natal, as áreas de relevo acidentado existentes ao longo de sua costa, 
formado principalmente por dunas, aliado à ocupação humana inadequada, tem tornado a região 
vulnerável a problemas de instabilidade de encostas. Diante desta situação, vislumbra-se a 
necessidade de uma política eficiente de prevenção e gestão de riscos urbanos em âmbito 
municipal, de modo a reduzir a ocorrência de acidentes geológicos-geotécnicos e minimizar a 
dimensão das consequências, sobretudo as sociais. 
Neste sentido, o mapeamento e a avaliação de riscos surgem como importantes 
instrumentos para o planejamento municipal físico e ambiental, permitindo a hierarquização 
dos problemas, a avaliação de custos de investimentos para execução de intervenções 
preventivas e/ou corretivas nas áreas de encostas, contribuindo também para nortear as ações 
desenvolvidas pela Defesa Civil Municipal (ALHEIROS, 1998). 
 No Brasil, assim como em muitos outros países, esses mapeamentos têm sido 
16 
 
predominantemente realizados por avaliações qualitativas. Este tipo de avaliação baseia-se 
sobretudo no julgamento do profissional por meio de observações obtidas em campo, o que, 
para muitos pesquisadores da área, gera certa subjetividade sobre o resultado obtido. 
 Para melhorar as abordagens do mapeamento de risco qualitativo, diminuindo a 
subjetividade na análise dos indicadores e na hierarquização dos setores de perigo e risco de 
movimentos de massa, considera-se pertinente incorporar técnicas quantitativas, como o 
Processo de Análise Hierárquica (AHP) (FARIA, 2011). 
Devido à gravidade da situação das encostas ocupadas por aglomerados subnormais no 
Município de Natal e também pela ausência de levantamentos atualizados e detalhados de risco 
na área em estudo, o presente trabalho tem como objetivo principal a avaliação e o mapeamento 
do risco/perigo de ocorrência de movimentos de massa na Comunidade São José do Jacó, em 
Natal/RN, tendo como base a metodologia qualitativa de análise de risco proposta por Gusmão 
Filho et al. (1992) e a metodologia desenvolvida por Faria (2011) para mapeamento de perigo 
de escorregamentos com incorporação do AHP. 
1.1.Objetivos 
O principal objetivo deste trabalho é avaliar e mapear o risco de ocorrência de 
movimentos de massa nas ocupações desordenadas da Comunidade São José do Jacó, no 
município de Natal-RN, por meio da aplicação de uma versão adaptada das Metodologias 
Qualitativa de Gusmão Filho et al. (1992) e Semi-qualitativa de Faria (2011), além de analisar 
a estabilidade das encostas adjacentes a área. Paralelamente a este objetivo principal, foram 
estabelecidos os seguintes objetivos complementares: 
 Elaborar mapas temáticos utilizando o Sistema de Informações Geográficas (SIG) QGIS 
para auxiliar nas análises de risco e perigo; 
 Proceder a análise de perigo por meio da Metodologia Semi-qualitativa de Faria (2011), 
de forma a comparar os resultados com àqueles obtidos pela Metodologia Qualitativa 
de análise de risco de Gusmão Filho et al. (1992); 
 Comparar os resultados obtidos na análise de risco da Comunidade São José do Jacó 
com estudos prévios já realizados que apresentam outras abordagens metodológicas; 
 Analisar as situações de Perigo, Vulnerabilidade e Risco existentes na área em estudo; 
 Realizar a análise de estabilidade da encosta em estudo por meio da aplicação dos 
17 
 
Métodos de Fellenius, Bishop, Janbu e Morgenstern-Price com auxílio do programa 
Slope/W do pacote GeoStudio. 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
Nesta seção do trabalho, são apresentados os processos de movimentos de massa, 
abordando o seu conceito, classificação e agentes condicionantes, conceitos relacionados às 
áreas de risco e aos principais métodos de análise de risco e de estabilidade de taludes. Em 
seguida, apresenta-se um levantamento histórico do processo de ocupação de áreas de risco no 
município de Natal, com um enfoque maior sobre a dinâmica de encostas na Comunidade São 
José do Jacó, no bairro das Rocas. 
2.1.Os Movimentos de Massa e as suas tipologias 
Esta seção tem por objetivo conceituar os movimentos de massa, como também destacar 
as suas principais características e classificações/tipologias, evidenciando ainda os fatores 
condicionantes que desencadeiam a ocorrência destes fenômenos. 
2.1.1. Conceituação e classificação 
Movimentos de massa podem ser definidos como movimentos de descida de material 
de composição diversa (solo, rocha e/ou vegetação) pelas encostas devido à ação da gravidade. 
Esses processos naturais podem ocorrer em qualquer área que apresente declividade causada 
pela atuação do intemperismo e da erosão, tendo como um dos principais agentes deflagradores 
a água da chuva. 
Em virtude da complexidade dos processos envolvidos e da multiplicidade de ambientes 
de ocorrência, assim como dos diferentes enfoques dados, existem várias classificações de 
movimentos de massa gravitacionais. Algumas são baseadas na cinemática do movimento, 
como considerações sobre a massa em movimento e o terreno estável, velocidade, direção e 
sequência dos deslocamentos; outras no tipo do material envolvido, levando em conta sua 
estruturação, textura e conteúdo de água; também pela geometria, definida pela forma e 
tamanho das massas mobilizadas (LOPES, 2006). 
18 
 
Segundo Tominaga (2009, p.27) uma das mais utilizadas na literatura internacional, 
devido a sua simplicidade, é a proposta de Varnes (1978) que se baseia no tipo de movimento 
e no tipo de material transportado. 
Nos últimos anos, algumas propostas de atualização desta classificação vêm sendo 
desenvolvidas. A proposta de Hungr et al. (2013) tem sido altamente aceita pelos profissionais 
da área geotécnica. Nela, são sugeridas 6 classes de movimentos de massa (queda “fall”, 
tombamento “topple”, escorregamento “slide”, expansão “spread”, fluxo “flow” e deformação 
de encosta “slope deformation”, subdivididas em um total de 32 movimentos, de acordo com o 
tipo de material mobilizado (rocha ou solo). Além destas classes, o artigo faz uma abordagem 
acerca de deslizamentos complexos, que são classificados em uma categoria separada. 
Em âmbito nacional, Tominaga (2009) aponta entre as principais classificações as de 
Freire (1965), Vargas (1966), Costa Nunes (1969), Guidicini & Nieble (1984) e Augusto Filho 
(1992). Por ser uma classificação simples e de fácil compreensão, adotou-se, neste trabalho, a 
classificação proposta por Augusto Filho que leva em consideração, principalmente, a 
composição do material e a velocidadede deslocamento, como mostra a Tabela 1. 
Dentre todos os processos de movimento de massa, os mais comuns no Brasil são os 
escorregamentos, também chamados de deslizamentos, quedas de barreira ou 
desbarrancamentos. Em seguida, destacam-se os movimentos de blocos rochosos ou quedas, os 
rastejos e as corridas. 
 
 
 
Tabela 1 – Classificação dos movimentos de massa 
 (continua) 
MOVIMENTO DE MASSA DESCRIÇÃO 
RASTEJOS (CREEP) 
Vários planos de deslocamento (internos); 
Velocidades muito baixas e decrescentes com a 
profundidade; 
Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes; 
Solo, depósitos, rocha alterada/fraturada; 
Geometria indefinida ; 
ESCORREGAMENTOS 
(SLIDES) 
Poucos planos de deslocamento; 
Velocidades médias e altas; 
Pequenos e grandes volumes de material; 
Geometria e materiais variáveis; 
19 
 
Tabela 1 – Classificação dos movimentos de massa 
 (conclusão) 
MOVIMENTO DE MASSA DESCRIÇÃO 
QUEDAS (FALLS) 
Sem planos de deslocamento; 
Movimentos tipo queda livre; 
Velocidades muito altas; 
Material rochoso; 
Pequenos e médios volumes; 
Geometria variável: lascas, placas, blocos; 
Rolamento de matacão; Tombamento; 
CORRIDAS (FLOWS) 
Muitas superfícies de deslocamento; 
Movimento semelhante ao de um liquido viscoso; 
Desenvolvimento ao longo das drenagens; 
Velocidades médias e altas; 
Mobilização de solo, rocha, detritos em água; 
Grandes volumes de material; 
Extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas; 
Fonte: (AUGUSTO FILHO, 1992 citado por WIGGERS, 2013, p. 23). 
2.1.1.1.Rastejos (creep) 
Os rastejos (creep) são movimentos lentos e contínuos de material de encosta, que se 
deforma como um líquido viscoso, sem geometria definida e que não apresenta uma superfície 
bem definida entre a massa que se movimenta e o material estacionário (Figura 1). 
Figura 1 – Esquema de rastejo. 
 
Fonte: (INFANTI JR. E FORNASARI FILHO 1998 citado por WIGGERS, 2013). 
Podem ser diferenciados em três categorias, que levam em consideração, 
principalmente, a porção do terreno atingida e o momento de atuação em relação a ruptura. São 
elas: 
20 
 
a) Rastejos superficiais: são movimentos sazonais, que atingem as camadas 
superficiais do terreno que sofreram variação de volume em função das mudanças 
de temperatura e umidade. Estes rastejos perdem velocidade com a profundidade. 
b) Rastejos pré-ruptura: caracteriza-se pela ocorrência de movimentos acelerados que 
antecedem rupturas cisalhantes. Devem ser observados, uma vez que podem 
prevenir a ocorrência de fenômenos maiores e mais danosos. 
c) Rastejos pós-ruptura: é a recorrência de movimentação na superfície resultante, após 
a ruptura. 
Segundo Freire (1995), a ocorrência de um rastejo está associada a alguns mecanismos 
que, individual ou conjuntamente, atuam no processo, tais como: o inchamento e a contração 
do solo devido as variações de umidade; a ação constante da gravidade, que em períodos 
chuvosos é intensificada pelo aumento de peso do solo e o consequente aumento das tensões 
cisalhantes; a formação de pressões positivas de percolação da água durante chuvas intensas; a 
redução da coesão do solo pelo aumento da umidade; e o efeito da variação térmica que resulta 
no deslocamento de material; 
2.1.1.2.Escorregamentos (slides) 
 “Escorregamentos são movimentos rápidos, de porções de terrenos (solos e rochas), 
com volumes definidos, deslocando-se sob ação da gravidade, para baixo e para fora do talude 
ou da vertente. ” (TOMINAGA, 2009, pag. 28) 
De maneira geral, este processo se desenvolve quando a relação entre a resistência ao 
cisalhamento do material e a tensão de cisalhamento na superfície potencial de movimentação 
decresce até atingir uma unidade, no momento do escorregamento. Ou seja, no momento em 
que a força gravitacional vence as forças de coesão e de atrito interno das partículas, 
responsáveis pela estabilidade, a massa de solo se movimenta. 
Os escorregamentos podem ser divididos em: circulares ou rotacionais, planares ou 
translacionais e em cunha. 
 Os circulares ou rotacionais (Figura 2) apresentam superfície de ruptura circular, ao 
longo da qual ocorre o movimento de rotação do maciço de solo, incidindo sobretudo em solos 
espessos e homogêneos. Este é um tipo de processo muito comum em estradas e rodovias, 
devido, sobretudo, à construção de taludes artificiais. 
21 
 
Figura 2 – Esquema de escorregamento rotacional ou circular 
 
Fonte: (INFANTI JR. E FORNASARI FILHO 1998 citado por WIGGERS, 2013). 
Já os planares ou translacionais apresentam superfície de ruptura em forma planar, que 
acompanha descontinuidades mecânicas e hidrológicas já existentes no material. Deste modo, 
em períodos de maior pluviosidade, a superfície de contato do solo com a rocha sã, que já está 
fragilizada pelas descontinuidades citadas, rompe-se rapidamente. A massa de solo que se 
movimenta apresenta morfologia rasa e na maioria das vezes com maior extensão no 
comprimento, como é possível observar na Figura 3, a seguir. 
Figura 3 – Esquema de escorregamento planar ou translacional 
 
Fonte: INFANTI JR. E FORNASARI FILHO (1998, apud WIGGERS, 2013). 
Além dos tipos citados anteriormente, existem ainda os escorregamentos em cunha, que 
têm sua ocorrência associada a regiões que apresentam um relevo fortemente controlado por 
estruturas geológicas, como maciços rochosos pouco ou muito alterados, nos quais a existência 
de duas estruturas planares, desfavoráveis à estabilidade, condiciona o deslocamento de um 
prisma ao longo do eixo de interseção destes planos (TOMINAGA, 2009). Os escorregamentos 
em cunha, podem ser melhor compreendidos a partir da visualização da Figura 4: 
22 
 
Figura 4 – Esquema de escorregamento em cunha 
 
Fonte: INFANTI JR. E FORNASARI FILHO (1998, apud WIGGERS, 2013). 
2.1.1.3. Quedas (falls) 
Segundo Varnes (1978) citado por Araújo (2004, p. 6), as quedas são definidas como 
movimentos muito rápidos (variando entre 0,3 e 30 m/s) em que uma massa de qualquer 
tamanho, de solo e/ou rocha é destacada da área contígua do talude onde está situada, 
envolvendo normalmente queda de detritos precedendo a ruptura (Figura 5). O deslocamento 
ocorre principalmente por queda livre, por rolamento ou salto do material. 
Figura 5 – Esquema de queda de blocos 
 
Fonte: TOMINAGA, 2007. 
Conforme apontado na classificação de Augusto Filho (1992), as quedas podem 
envolver materiais de diferentes geometrias, como lascas, placas ou blocos. Ainda segundo o 
autor podem ser identificados dois tipos de quedas, os rolamentos de matacões e os 
tombamentos. 
23 
 
As causas das quedas são diversas: alternância de congelamento e degelo ao longo de 
fraturas e juntas em regiões frias, variação térmica do maciço rochoso, perda de sustentação 
dos blocos por ação erosiva da água, desconfinamento lateral do maciço rochoso devido a 
entalhes recentes, alívio de tensões de origem tectônica, vibrações e outras (TOMINAGA, 
2007, p. 61). 
2.1.1.4.Corridas (flows) 
As corridas são movimentos gravitacionais que podem atingir velocidades médias a 
altas devido as características do material transportado que assume comportamento de um 
fluido viscoso quando em contato com um dado volume de água (Figura 6). Isso se dá em 
virtude da perda de atrito interno pela destruição da estrutura devido ao excesso de água 
(LOPES, 2006, p. 39). 
Figura 6 – Esquema de uma corrida 
 
Fonte: LOPES, 2006. 
Apesar destas serem mais raras de ocorrer, produzem estragos maiores que os 
escorregamentos. O fluxo destrói tudo no seu caminho, desde o local de formação (encosta), 
até a área de deposição (planícies). Dependendoda viscosidade e do tipo de material, podem 
receber outros nomes como “wood flows”, que envolvem grandes quantidades de material 
vegetal (troncos e galhos); fluxos de lama (“mud flows”) por envolverem uma deformação 
plástica de solos argilosos até transformar-se em fluxo turbulento; dentre outros (KOBIYAMA, 
2006; LOPES, 2006). 
A origem desse movimento está relacionada principalmente a dois fenômenos, o 
primeiro deles é a transformação da massa sólida em fluido viscoso pelo aumento de volume, 
resultante do aumento da porosidade; e o segundo seria como resultado da acumulação de 
24 
 
sedimentos depositados nas linhas de drenagem (trajetória das corridas de massa), e/ou 
barramento natural em drenagens (LOPES, 2006). 
2.1.2. Agentes condicionantes dos movimentos de massa 
Os movimentos de massa se desenvolvem a partir do rompimento das condições de 
estabilidade e de equilíbrio dos materiais presentes na encosta. Esta instabilidade pode ser 
condicionada por uma série de fatores ou agentes, de origem natural ou antrópica. Na Tabela 2 
Guidicine e Nieble (1984) fazem um resumo dos fatores deflagradores dos movimentos de 
massa que provocam o aumento das solicitações e a redução da resistência do solo. 
Tabela 2 – Fatores deflagradores dos movimentos de massa 
AÇÃO FATORES FENÔMENOS 
AUMENTO DAS 
SOLICITAÇÕES 
Remoção de massa (lateral 
ou da base) 
Erosão, escorregamentos. Cortes 
Sobrecarga 
Peso da água da chuva, neve, granizo. 
Acúmulo natural de material; 
Peso da vegetação; 
Construção de estruturas e aterros; 
Solicitações dinâmicas 
Terremotos, ondas, vulcões, etc. 
Explosões, tráfego, sismos induzidos. 
Pressões laterais Água em trincas, material explosivo, etc. 
REDUÇÃO DA 
RESISTÊNCIA 
Características inerentes ao 
material (textura, estrutura, 
etc.) 
Características geomecânicas do material, estado 
de tensões iniciais. 
Mudança nas 
características do material 
Intemperismo, redução da coesão, ângulo de 
atrito. 
Elevação do nível d’água. 
Outras causas 
Enfraquecimento devido ao rastejo progressivo. 
Ação de raízes e animais. 
Fonte: Guidicine e Nieble (1984) 
Quando esses fatores estão relacionados às condições naturais dadas pelas 
características intrínsecas dos materiais, sem a ação do homem, são nomeados de agentes 
predisponentes. Dentre os principais agentes predisponentes, pode-se citar: condições 
geológicas, topográficas e ambientais da área. Já quando atuam alterando as condições originais 
dos materiais e/ou do equilíbrio inicialmente existente na encosta, são tidos como agentes 
efetivos (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2007). 
 Os agentes efetivos, por sua vez, podem ser diferenciados em agentes preparatórios e 
agentes imediatos. No primeiro caso, os agentes atuam modificando contínua e 
25 
 
progressivamente as condições de equilíbrio inicial existente e, consequentemente, aumentando 
a suscetibilidade dos materiais aos deslizamentos. Nesta categoria tem-se: pluviosidade, erosão 
pela água ou vento, oscilação de nível dos lagos e marés e do lençol freático, ação de animais 
e ação humana como desmatamento, entre outros. Já os agentes imediatos são aqueles que 
determinam a deflagração dos mecanismos de rompimento e movimentação que constituem o 
fenômeno, tais como: chuva intensa, erosão, terremotos, ondas, vento, interferência do homem, 
dentre outros. 
Com relação aos agentes condicionantes anteriormente citados, apresenta-se uma breve 
explicação das formas de atuação de alguns deles na ocorrência dos movimentos de massa, 
visto que esta discussão é etapa fundamental para a compreensão dos processos. 
a) Clima e pluviosidade 
Dentre os elementos climáticos que mais influenciam a ocorrência de movimentos de 
massa, destacam-se: a precipitação, a temperatura e a umidade. A temperatura e a umidade 
atuam sobretudo nos processos de intemperismo e erosão das rochas e dos materiais do solo. Já 
a precipitação, considerada elemento climático de maior importância no movimento de massa 
em encostas, é responsável pelo maior fluxo de água a atuar na desestabilização das encostas. 
 No Brasil, em períodos de índice pluviométrico elevado, a grande pluviosidade, 
atuando sobre vertentes íngremes, provoca a saturação do solo ou rocha. Este processo de 
saturação, segundo Tatizana et al. (1987), Soares (2000) e Gerscovich (2008), citados por 
Wiggers (2013, p. 31), atua diretamente na deflagração dos movimentos de massa através da 
alteração da resistência do solo devido à diminuição da coesão, eliminação das tensões capilares 
e dissolução da cimentação; diminuição da resistência ao cisalhamento dos materiais devido ao 
aumento da pressão hidrostática; diminuição da coesão e ângulo de atrito interno por processo 
de alteração; aumento das solicitações externas devido ao aumento do peso específico sobre 
uma determinada área de encosta; dentre outros fatores. 
b) Vegetação 
A cobertura vegetal pode atuar positiva ou negativamente na estabilização das vertentes, 
dependendo das suas próprias características, da situação do entorno e das condições da encosta. 
26 
 
Quanto ao desempenho positivo, observa-se que a vegetação protege o solo contra o 
impacto das gotas de chuva, dispersando-as e/ou interceptando-as, através das folhas, além de 
permitir a evaporação de parte dessas gotas, antes que estas atinjam o solo. Os troncos e as 
raízes das plantas orientam a infiltração da água de maneira lenta e seguram as partículas de 
solo dificultando o seu arraste. 
Nesse contexto, quando se tem um terreno descoberto, sem cobertura vegetal, o impacto 
das gotas faz as partículas dos solos se desprenderem e serem facilmente transportadas pelo 
escoamento superficial, agravando a erosão. 
Por outro lado, reconhece-se também o efeito desfavorável da atuação da cobertura 
vegetal sobre a estabilidade da vertente. Observa-se que, principalmente em áreas urbanas, em 
períodos de fortes chuvas em que ocorre a intensificação dos processos erosivos, as árvores de 
grande porte, aquelas predominantemente presentes entre as moradias, produzem o chamado 
efeito alavanca, ocasionando aumento de peso sobre a encosta e a consequente sobrecarga 
vertical no talude. Aliado a isso, deve-se considerar ainda a ação dos ventos sobre as copas, que 
contribui para a desestabilização e para o tombamento das árvores, podendo favorecer a 
ocorrência de movimentos de massa posteriores. 
c) Uso e ocupação do solo 
O uso e a ocupação do solo são os principais fatores que condicionam diretamente a 
ocorrência dos movimentos de massa, principalmente em áreas urbanas. Tominaga (2009) 
aponta que o expressivo aumento do número de acidentes associados a escorregamentos nas 
encostas urbanas tem como principal causa a ocupação desordenada de áreas que apresentam 
alta suscetibilidade aos processos de movimento de massa. 
Segundo Wiggers (2013, p. 38): 
As ações antrópicas são responsáveis por modificar as características naturais 
das encostas, causando instabilidades. Dentre as principais atividades 
humanas responsáveis por auxiliar na desestabilização das vertentes, 
deflagrando e aumentando não só a magnitude, como também a probabilidade 
de ocorrência de acidentes, está o desmatamento, a realização de cortes com a 
formação de patamares, os depósitos tecnogênicos com materiais que 
apresentam comportamento heterogêneo e de baixa compactação, como lixo, 
rejeitos de construções e de antigas pedreiras. A ocupação adensada e/ou com 
técnicas construtivas inadequadas para as características da encosta, a 
ocupação de antigas áreas de extração de rochas, a impermeabilização de 
determinadas áreas, favorecendo a concentração do escoamento em outras 
27 
 
áreas próximas, a realização de obras de engenharia mal dimensionadas, a 
deficiência ou ausência de sistemas de drenagem superficial, o vazamento da 
rede de abastecimento de água, muito comum quando esta é autoconstruída 
pelosmoradores, também são fatores humanos que ampliam a probabilidade 
de acidentes. 
2.2. A Questão do Risco: Conceitos Relacionados 
De acordo com Kobiyama et al. (2006), não existe um consenso entre os pesquisadores 
em relação a definição de terminologias importantes no estudo das áreas de risco. 
Rotineiramente, a expressão risco é associada, ou até mesmo substituída por suscetibilidade, 
vulnerabilidade, sensibilidade, perigo, danos potenciais, dentre outras. 
Neste sentido, o presente item irá abordar alguns destes conceitos, visto que a clareza 
destes é fundamental para a total compreensão do tema, como também para permitir uma 
aproximação com outros trabalhos que abordem a temática. 
a) Suscetibilidade 
Características físicas do ambiente que potencializam a ocorrência de eventos adversos 
em áreas de interesse ao uso do solo, expressando-se segundo classes de probabilidade de 
ocorrência (WIGGERS, 2013, p. 16). 
Observa-se que são as características físicas que conferem a maior ou a menor 
suscetibilidade de uma região à ocorrência de determinado processo natural (inundação, seca, 
geada, etc). Desta forma, os estudos relacionados com áreas de risco são baseados nas 
informações de suscetibilidade, visto que, se não houver tal condição, não haverá desastre. 
b) Vulnerabilidade 
Nas análises sobre o risco, a vulnerabilidade designa condições e características sociais 
da população, como a fragilidade social, a densidade demográfica, a infraestrutura, o 
conhecimento, a situação econômica, que aumentam a suscetibilidade de uma comunidade ao 
impacto do perigo (KOBIYAMA et al., 2006). 
Deste modo, conforme analisado por Wiggers (2013) mesmo que uma comunidade 
apresente grande vulnerabilidade à ocorrência de um evento adverso, causador de desastre, 
algumas pessoas podem apresentar menor ou maior vulnerabilidade, dependendo de suas 
28 
 
condições econômicas, da infraestrutura da sua moradia, do seu conhecimento e da sua 
percepção sobre o risco. 
c) Perigo (hazard) 
Segundo Kobiyama et al. (2006, p. 17), “os termos perigo e risco são frequentemente e 
erroneamente utilizados como sinônimos”. O perigo é um fenômeno natural que ocorre em 
épocas e regiões conhecidas que podem causar sérios danos nas áreas impactadas, tais como 
morte, ferimento, danos à propriedade, danos a infraestruturas, perdas agrícolas, danos ao meio 
ambiente, dentre outros. 
Observa-se que o perigo é diretamente relacionado com a suscetibilidade, visto que as 
áreas susceptíveis a fenômenos naturais, tais como inundações ou movimentos de massa, 
quando habitadas, oferecem perigo à população. No entanto, vale ressaltar que o perigo se refere 
a uma condição com o potencial de causar uma consequência indesejável em um determinado 
local em um período de tempo especificado. 
d) Risco 
O conceito de risco é definido como “uma situação de perigo, perda ou dano, ao homem, 
a suas propriedades e ao meio ambiente, em razão da possibilidade de sua ocorrência induzida 
ou não (GUSMÃO FILHO, 2006, p.480). ” 
Para Veyret (2007) citada por Wiggers (pag. 19, 2013), o risco é um objeto social, uma 
vez que ele só se configura na presença de um indivíduo, grupo ou população que o perceba e 
possa sofrer seus efeitos. Na visão da autora, as sociedades modernas estão mais vulneráveis às 
situações de risco devido à forma de interação com o meio, através da prática de atividades 
desencadeadoras ou aceleradoras de eventos adversos. 
Nogueira (2002, 2006) define Risco (R) como a probabilidade (P) de ocorrer um 
fenômeno físico (ou perigo) A, em local e intervalo de tempo específicos e com características 
determinadas (localização, dimensões, processos e materiais envolvidos, velocidade e 
trajetória); causando consequências C (às pessoas, bens e/ou ao ambiente), em função da 
vulnerabilidade V dos elementos expostos; podendo ser modificado pelo grau de gerenciamento 
g. Essa conceituação é representada pela equação a seguir. 
29 
 
R = P (ƒA) . C (ƒV) . g-1 Eq. (1) 
Segundo Nogueira (2006, p. 29): 
Essa equação nos diz que, ao olharmos para uma “situação de risco”, 
devemos, em primeiro lugar, identificar qual é o perigo, que processos 
naturais ou da ação humana o estão produzindo, em que condições a sua 
evolução poderá produzir um acidente e, qual a probabilidade deste fenômeno 
físico ocorrer. Após chegar a este ponto – o de vislumbrar o processo gerador 
do acidente – devemos avaliar as consequências que ele causará. Finalmente, 
podemos atuar sobre o problema, diminuindo o risco através de um melhor 
gerenciamento. 
e) Áreas de risco 
Aplicando os conceitos de suscetibilidade, perigo, vulnerabilidade e risco apresentados 
aqui, pode-se afirmar que as áreas de risco são resultado da ocupação de áreas suscetíveis a 
fenômenos ou processos naturais, tais como movimentos de massas, oferecendo perigo para a 
população e sujeitando-a a danos à integridade física, perdas materiais e patrimoniais. 
2.3.Análise de Risco/Perigo de Movimentos de Massa 
O uso desordenado do solo, principalmente nas áreas urbanas, tem provocado a 
intensificação e até mesmo o aparecimento de problemas ambientais relevantes, como os 
movimentos de massa em encostas. A adoção de medidas apropriadas é extremamente 
necessária para assegurar e controlar a ocupação racional destas áreas pelo homem. 
Para Faria (2011), a avaliação e a análise de risco constituem etapa fundamental para a 
adoção de políticas e medidas adequadas para a redução dos efeitos dos escorregamentos. Neste 
sentido, uma série de metodologias que objetivam a identificação e o mapeamento de áreas de 
risco de escorregamentos de encostas tem sido desenvolvidas e postas em prática ao redor do 
mundo. 
A identificação do risco de ocorrência de movimentação nos mapeamentos em encostas 
ocupadas pode ser realizada de duas formas: através do zoneamento e/ou do cadastramento de 
risco. No primeiro caso, são delimitados setores (zonas), nos quais se encontram instaladas 
diversas moradias, e, a cada zona, é atribuído um mesmo grau de risco. Já nos cadastramentos, 
os riscos são identificados e analisados moradia por moradia, constituindo assim um 
mapeamento mais detalhado. O que se recomenda na prática é inicialmente realizar o 
30 
 
zoneamento de risco, para que, em seguida, os cadastramentos sejam aplicados apenas nas áreas 
em que o grau de risco de escorregamento é mais crítico, ou seja, em áreas prioritárias. 
Diversos trabalhos dividem os métodos de classificação de risco em dois grandes 
grupos: quantitativos e qualitativos. 
Os métodos quantitativos originam, como resultados, uma estimativa numérica, isto é, 
a probabilidade de ocorrência de escorregamentos e a distribuição probabilística das 
consequências numa determinada área. Podem ser divididos em determinísticos e estatísticos, 
sendo estes últimos os mais utilizados. 
Os métodos determinísticos baseiam-se, sobretudo, em modelos geotécnicos, utilizando 
princípios da mecânica dos solos, normalmente acoplados com modelos hidrológicos. Uma 
outra abordagem de análise determinística adota modelos de estabilidade de taludes para 
determinar o perigo de escorregamento, por meio de cálculo do fator de segurança (FS), assim, 
eliminando a subjetividade e quantificando os graus de risco em valores absolutos 
(TOMINAGA, 2009, p.155). 
Este método necessita de uma grande quantidade de dados detalhados das encostas, 
obtidos em ensaios de laboratório e medições em campo, tais como: atributos topográficos, 
condições hidrológicas e parâmetros geotécnicos do solo (coesão, ângulo de atrito, 
poropressão). Contudo, o alto custo de obtenção dos dados limita sua aplicação apenas para 
estudos localizados e em áreas menores (FARIA, 2011, p. 14). 
Os métodos de análise estatística, também denominados empíricos baseados em 
estatística, ou probabilísticos em bases empíricas, têm como princípio básico a existência de 
inter-relaçõesentre os fatores condicionantes da instabilização e a distribuição espacial dos 
escorregamentos. Estes métodos procuram contornar a subjetividade na análise dos fatores 
associados com a estabilidade de vertentes das abordagens qualitativas, apresentando ainda 
como vantagem a sua replicabilidade para outras áreas e a possibilidade de validar a importância 
de cada fator. 
Quanto aos métodos qualitativos, também denominados de heurísticos ou de avaliação 
de especialistas, estes são baseados no julgamento do profissional que está realizando a 
avaliação. Os dados considerados são usualmente derivados de observações de campo (análise 
geomorfológica e/ou geotécnica) e de interpretação de fotos aéreas. Apesar das desvantagens 
31 
 
em relação à subjetividade apontada por vários autores, este método tem sido muito utilizado, 
sendo aplicado, principalmente em áreas que não dispõem de dados suficientes para outros tipos 
de análises (TOMINAGA, 2007). 
Neste tipo de análise, em que o grau de risco é estabelecido por níveis literais, ou seja, 
por termos linguísticos (baixo, médio, alto), as consequências podem ser definidas de forma 
similar, englobando intervalos de valores relacionados ao número de moradias expostas ao 
risco. Estas análises são adequadas para o levantamento preliminar do quadro de risco de uma 
região, onde o importante é estabelecer uma hierarquia de setores. No entanto, algumas 
metodologias qualitativas nos permitem também identificar a situação de risco de cada moradia 
através do cálculo da probabilidade de destruição de cada uma delas, permitindo assim 
estabelecer as intervenções necessárias e as ações da defesa civil (BANDEIRA, 2003). 
2.3.1. Metodologia de Gusmão Filho et al. (1992) 
Segundo Bandeira (2003), a metodologia desenvolvida por Gusmão Filho et al. (1992) 
é um método índice, por utilizar um índice numérico associado a cada fator; e de análise 
relativa, em que se compara as situações de riscos sem cálculo probabilístico. Cabe ressaltar 
que, embora tratado em termos numéricos, os resultados têm caráter qualitativo, onde todos os 
fatores de risco são considerados dentro de uma escala de cinco termos (risco muito baixo, risco 
baixo, risco mediano, risco alto e risco muito alto), conforme Tabela 3 (ALHEIROS, 1998). 
Tabela 3: Graus de Risco 
TERMO LINGUÍSTICO GRAU DE RISCO 
MUITO BAIXO 1 
BAIXO 2 
MÉDIO 3 
ALTO 4 
MUITO ALTO 5 
Fonte: GUSMÃO FILHO et al. (1992) citado por BANDEIRA (2003) 
Esta metodologia deve ser aplicada a setores individualizados de encostas que são 
obtidos através da observação em campo de uma determinada área, e divisão da mesma em 
setores que possuem características de ocupação e infraestrutura semelhantes. A elaboração de 
uma ficha permite uniformizar os dados a serem coletados, considerando os fatores geológico, 
topográfico e ambiental, levando em conta os principais grupos de atributos que afetam a 
estabilidade das encostas (BANDEIRA, 2003). 
32 
 
Vale ressaltar que o fator clima, apesar de ser a categoria de maior importância para a 
deflagração de acidentes (chuvas), não será analisado para cada setor de encosta, tendo em vista 
a sua uniformidade de comportamento na área estudada. 
A Tabela 4 apresenta a ficha de levantamento dos fatores para análise de risco utilizada 
por Alheiros (1998) nas encostas do município do Recife. Baseado nesta ficha, foi elaborada 
uma outra adaptada às características da área em estudo, que será utilizada como base para a 
análise de risco da comunidade São José do Jacó (Apêndice A). 
Fonte: ALHEIROS, 1998. 
Tabela 4 – Ficha de levantamento dos fatores para avaliação de risco das encostas de Recife. 
FICHA PARA AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RISCO 
No.______ LOCALIZAÇÃO: _______________ AVALIADOR: ____________ DATA: _____ 
FATORES TOPOGRÁFICOS 
ALTURA DA ENCOSTA (m): 
a) <5 b) 5 – 10 c) 10 – 20 
d) 20 – 30 e) >30 
PERFIL DA ENCOSTA: 
a) Côncavo b) Retilíneo 
c) Convexo d) Côncavo-Convexo 
MORFOLOGIA DA 
ENCOSTA: 
a) Côncava b) Retilínea 
c) Convexa d) Côncava-
Convexa 
EXTENSÃO DA ENCOSTA (m): 
a) <100 b) 100 – 250 
c) 250 – 350 d) 350 – 500 
e) >500 
DECLIVIDADE (%): 
a) <20 b) 20 – 30 
c) 30 – 40 d) 40 – 50 
e) >50 
OBS: 
FATORES GEOLÓGICOS 
LITOLOGIA: 
a) Solo Residual b) Saprolito c) Fm. 
Cabo d) Fm.Beberibe e) Fm. Gramame 
f) Fm. Barreiras (fluvial) g) Fm. 
Barreiras (leque aluvial) 
 
 TEXTURA: 
a) Areno-argilosa b) Argilo-
arenosa c) Arenosa/Argilosa d) 
Argilosa/Arenosa e) Topo 
arenoso f) Topo argiloso 
ESTRUTURA: 
a) Maciça b) Mergulho 
Oposto c) Sub-Vertical d) 
Sub-Horizontal e) Mergulho 
Concordante 
 
EVIDÊNCIAS DE MOVIMENTO: 
a) Ravinamento sup. b) Ravinamento prof. c) Cicatrizes d) Erosão no pé da 
encosta e) Voçorocas f) Fendas g) Surgências N.A. h) Ausentes 
 
OBS.: 
FATORES AMBIENTAIS 
VEGETAÇÃO (%): 
a)100 b)100-70 c)70-30 
d)30-0 e) Ausente 
 
DRENAGEM: 
a) Extensiva b) Parcial 
c) Insuficiente d) Tópica 
e) Inexistente 
 
CORTE: 
a) Próximo à crista b) Próximo ao pé c) Próximos 
d) Desordenados e) Em patamares 
 
DENSIDADE POPULACIONAL (hab/ha): 
a) <100 b) 100 – 200 c) 200 – 300 d) 300 – 500 
e) >500 
TRATAMENTO: 
a) Extensivo b) Parcial c) Insuficiente d) Tópico 
e) Inexistente 
 
33 
 
A Tabela 5 apresenta o detalhamento dos atributos dos fatores por graus de risco 
aplicado por Alheiros (1998) no município de Recife. 
Tabela 5 - Detalhamento dos Atributos por Graus de Risco aplicado em Recife 
GRAUS DE RISCO 
ATRIBUTOS 
MUITO 
BAIXO 
BAIXO MÉDIO ALTO 
MUITO 
ALTO 
FATOR TOPOGRÁFICO 
ALTURA (m) <5 5-10 10-20 20-30 >30 
EXTENSÃO (m) <100 100-250 250-350 350-500 >500 
DECLIVIDADE 
(%) 
<20 20-30 30-40 40-50 >50 
PERFIL Côncavo Retilíneo 
Côncavo-
convexo 
Convexo Convexo 
MORFOLOGIA Convexa Retilínea Sinuosa Côncava Côncava 
FATOR GEOLÓGICO 
LITOLOGIA 
 
Calcário 
Fm. 
Gramame 
Conglomerado 
(Fm. Cabo) 
Solo residual 
(emb. crist.) 
Sedimento 
(Fm. 
Beberibe) 
Sedimento 
(Fm. 
Barreiras) 
ESTRUTURA Maciça Merg. oposto 
Sub-
horizontal 
Sub-Vertical 
Merg. 
concord. 
TEXTURA 
 
Arenosa Areno-Siltosa 
Areno-
Siltosa 
Areno-
Argilosa 
Areno-
Argilosa 
EVIDENCIAS Ausentes Ravinamento Cicatrizes- Cicatrizes+ Fenda/Barriga 
FATOR AMBIENTAL 
VEGETAÇÃO 
(%) 
100 100-70 70-30 30-0 Ausente 
DRENAGEM Extensiva Parcial Insuficiente Tópica Inexistente 
CORTES Isolados Dispersos - Dispersos + 
Desordenados 
- 
Desordenados 
+ 
DENSIDADE 
POP. (HAB/HA) 
<100 100-200 200-300 300-500 >500 
TRATAMENTO Extensivo Parcial Insuficiente Tópico Inexistente 
Fonte: ALHEIROS, 1998. 
De acordo com Bandeira (2003) após a obtenção dos valores associados de graus de risco 
de cada atributo, calcula-se os graus de risco de cada fator (topográfico, geológico e ambiental), 
através da média aritmética dos valores de seus atributos. Alheiros (1998) realizou uma grande 
quantidade de simulações com atribuições de pesos para os diversos atributos apresentados e 
observou que a variação máxima era de 5% no valor do grau de risco final, não interferindo na 
34 
 
classificação das encostas. Por essa razão, a autora optou por não adotar pesos diferenciados 
para os atributos. Esta mesma consideração será utilizada no presente trabalho. 
 Em seguida procede-se o cálculo da nota de cada setor de encosta através da média 
aritmética ou ponderada, dependendo dos pesos que lhes são atribuídos, entre os fatores 
topográfico, geológico e ambiental, conforme a seguinte fórmula: 
 
Eq. (2) 
 
Onde: 
GRFENC = Grau de risco de cada setor de encosta; 
GRT = grau de risco topográfico (média aritmética dos atributos topográficos); 
GRG = grau de risco geológico (média aritmética dos atributos geológicos); 
GRA = grau de risco ambiental (média aritmética dos atributos ambientais); 
P1, P2 e P3 são respectivamente os pesos do fator topográfico, geológico e ambiental 
2.3.2. Metodologia de Faria (2011) 
 Aproposta de Faria (2011) consiste na aplicação do AHP à metodologia de mapeamento 
de risco qualitativa associada a movimentos de massa e inundação adotada pelo Ministério das 
Cidades (2007), dando origem, assim, a uma metodologia híbrida (qualitativa + quantitativa). 
 Segundo a autora, esta proposta surge da necessidade de aperfeiçoar as abordagens de 
mapeamento de risco. Para isto, considera-se pertinente sugerir e incorporar uma técnica 
quantitativa na análise dos indicadores e na hierarquização dos setores de risco, de modo a 
diminuir a subjetividade das análises qualitativas, que são os modelos de mapeamento de risco 
de movimentos de massa em encostas urbanas mais utilizados atualmente no Brasil. 
 O AHP é um modelo de ponderação, desenvolvido por Thomas L. Saaty em meados da 
década de 1970 com base em conceitos de matemática e psicologia, para auxiliar na tomada de 
decisão, fornecendo um procedimento compreensivo e racional para modelar problemas que 
35 
 
envolvam julgamentos subjetivos, como também a valoração e hierarquização de fatores 
através da avaliação de um conjunto de critérios explicitados por pesos relativos (FARIA et al., 
2013; FARIA, 2011). 
 As etapas do método AHP são: Atribuição de pesos - Escala Fundamental de Saaty; 
Cálculo da matriz de comparação do vetor de prioridades; Análise da consistência dos 
julgamentos e Valoração global. Cada etapa acima mencionada é descrita em detalhes em Faria 
(2011). Estas serviram para classificar, em ordem de importância, os indicadores de perigo e 
suas respectivas classes para cada natureza de encosta/talude identificadas nos trabalhos de 
campo. 
 Cada planilha de análise de perigo de escorregamento é composta por quatro tabelas 
principais: entrada de dados, chave de ponderação, índice de perigo e classificação do perigo. 
 A tabela Chave de Ponderação (Tabela 6), armazena as classes dos indicadores de perigo 
e seus respectivos pesos de acordo com a natureza da encosta e os tipos de processos de 
escorregamentos. 
Tabela 6 – Estruturação da tabela chave de ponderação. 
CHAVE DE PONDERAÇÃO 
ENCOSTA/TALUDE PROCESSO IP1 PESOS IP2 PESOS 
E1 P1 
(C1a) Classe 1a 
(C1b) Classe 1b 
(C1c) Classe 1c 
P1a 
P1b 
P1c 
(C2a) Classe 2a 
(C2b) Classe 2b 
(C2c) Classe 2c 
P2a 
P2b 
P2c 
Fonte: FARIA, 2011. 
Os pesos relativos são atribuídos utilizando o Método do AHP. As Tabelas 7, 8, 9 e 10 
apresentam, respectivamente, as Chaves de Ponderação obtidas para encostas naturais, com 
presença de cortes, encostas formadas por blocos rochosos e aterros, para as 21 áreas de encosta 
analisadas por Faria (2011). 
Tabela 7 – Pesos dos indicadores de perigo e de suas respectivas classes: encostas naturais. 
(continua) 
ENCOSTA/ TALUDE NATURAL 
PROCESSO ESCORREGAMENTO RASO 
INDICADOR DE PERIGO Pesos (%) Classes Pesos (%) 
AMPLITUDE 9,93 
(A1) ≤10 m 
(A2) 10< A≤20 m 
(A3) >20m 
6,69 
22,00 
71,32 
 
36 
 
Tabela 7 – Pesos dos indicadores de perigo e de suas respectivas classes: encostas naturais. 
(conclusão) 
ENCOSTA/ TALUDE NATURAL 
PROCESSO ESCORREGAMENTO RASO 
INDICADOR DE PERIGO Pesos (%) Classes Pesos (%) 
DECLIVIDADE 33,52 
(D1) ≤17º 
(D2) 17º< D≤30º 
(D3) >30º 
6,69 
22,00 
71,32 
USO 
/COBERTURA 
20,01 
(U1) Arbórea 
(U2) Arbustiva 
(U3) Campo/Cultura 
(U4) Cobertura Urbana 
(U5) Solo exposto 
3,72 
6,70 
14,22 
21,16 
54,20 
NA. 17,90 
(NA1) Não observado 
(NA2) Surgência 
10,00 
90,00 
ÁGUA SUPERFICIAL 10,77 
(AS1) Concentração baixa 
(AS2) Concentração média 
(AS3) Concentração alta 
(AS4) Linha de drenagem 
4,48 
9,85 
24,09 
61,57 
MATERIAL 5,21 
(M1) Solo Residual 
(M2) Depósito Natural 
12,50 
87,50 
ESTRUTURA 
GEOLÓGICA 
2,66 
(NO) Não observada 
(E1) Favorável à estabilidade 
(E2) Desfavorável à estabilidade 
7,14 
18,04 
74,82 
CONTATO - - - 
PLANO BASAL - - - 
FORMA GEOMÉTRICA - - - 
ÁREA DE CONTATO - - - 
 Fonte: Adaptado de FARIA, 2013 
 
Tabela 8 – Pesos dos indicadores de perigo e de suas respectivas classes: corte. 
(continua) 
ENCOSTA/TALUDE CORTE 
PROCESSO ESCORREGAMENTO SOLO/ROCHA 
INDICADOR DE PERIGO Pesos (%) Classes Pesos (%) 
AMPLITUDE 10,37 
(A1) ≤2 m 
(A2) 2< A ≤5 m 
(A3) 5< A≤ 10 m 
(A4) > 10m 
5,69 
12,19 
26,33 
55,79 
DECLIVIDADE 23,53 
(D1) ≤17º 
(D2) 17º< D≤30º 
(D3) 30º< D≤60º 
(D4) >60º 
4,35 
12,37 
27,09 
56,19 
 
37 
 
Tabela 8 – Pesos dos indicadores de perigo e de suas respectivas classes: corte. 
(conclusão) 
ENCOSTA/TALUDE CORTE 
PROCESSO ESCORREGAMENTO SOLO/ROCHA 
INDICADOR DE PERIGO Pesos (%) Classes Pesos (%) 
USO 
/COBERTURA 
10,86 
(U1) Arbórea 
(U2) Arbustiva 
(U3) Campo/Cultura 
(U4) Cobertura Urbana 
(U5) Solo exposto 
3,72 
6,70 
14,22 
21,16 
54,20 
NA. 20,57 
(NA1) Não observado 
(NA2) Surgência 
10,00 
90,00 
ÁGUA SUPERFICIAL 12,00 
(AS1) Concentração baixa 
(AS2) Concentração média 
(AS3) Concentração alta 
(AS4) Linha de drenagem 
4,48 
9,85 
24,09 
61,57 
MATERIAL 13,59 
(M1) Solo Residual 
(M2) Depósito Natural 
(M3) Rocha Alterada 
(M4) Rocha Sã 
21,04 
48,13 
21,04 
9,79 
ESTRUTURA GEOLÓGICA 9,07 
(NO) Não observada 
(E1) Favorável à estabilidade 
(E2) Desfavorável à estabilidade 
7,14 
18,04 
74,82 
CONTATO - - - 
PLANO BASAL - - - 
FORMA GEOMÉTRICA - - - 
ÁREA DE CONTATO - - - 
Fonte: Adaptado de FARIA, 2013 
 
Tabela 9 – Pesos dos indicadores de perigo e de suas respectivas classes: bloco rochoso. 
(continua) 
ENCOSTA/TALUDE BLOCO ROCHOSO 
PROCESSO ROLAMENTO/DESPLACAMENTO 
INDICADOR DE PERIGO Pesos (%) Classes Pesos (%) 
AMPLITUDE 2,97 
(A1) ≤10 m 
(A2) 10< A≤20 m 
(A3) >20m 
6,69 
22,00 
71,32 
DECLIVIDADE 10,18 
(D1) ≤17º 
(D2) 17º< D≤30º 
(D3) 30º< D≤60º 
(D4) >60º 
4,35 
12,37 
27,09 
56,19 
USO 
/COBERTURA 
3,02 
(U1) Arbórea 
(U2) Arbustiva 
(U3) Campo/Cultura 
(U4) Cobertura Urbana 
(U5) Solo exposto 
3,72 
6,70 
14,22 
21,16 
54,20 
38 
 
 
Tabela 9 – Pesos dos indicadores de perigo e de suas respectivas classes: bloco rochoso. 
(conclusão) 
ENCOSTA/TALUDE BLOCO ROCHOSO 
PROCESSO ROLAMENTO/DESPLACAMENTO 
INDICADOR DE 
PERIGO 
Pesos (%) Classes Pesos (%) 
NA. 4,81 
(NA1) Não observado 
(NA2) Surgência 
10,00 
90,00 
ÁGUA 
SUPERFICIAL 
12,68 
(AS1) Concentração baixa 
(AS2) Concentração média 
(AS3) Concentração alta 
(AS4) Linha de drenagem 
4,48 
9,85 
24,09 
61,57 
MATERIAL 5,10 
(M1) Solo Residual 
(M2) Depósito Natural 
(M3) Rocha Alterada 
(M4) Rocha Sã 
5,55 
54,46 
22,92 
17,08 
ESTRUTURA 
GEOLÓGICA 
24,01 
(NO) Não observada 
(E1) Favorável à estabilidade 
(E2) Desfavorável à 
estabilidade 
6,69 
22,00 
71,32 
CONTATO 10,03 
(C1) Rocha/Rocha liso 
(C2) Rocha/Rocha preenchido 
(C3) Rocha/Solo 
6,41 
28,95 
64,63 
PLANO BASAL 7,02 
(P1) 0º< P ≤15º 
(P2) 15º< P ≤35º 
(P3) >35º 
6,69 
22,00 
71,32 
FORMA 
GEOMÉTRICA 
11,53 
(F1) Lasca 
(F2) Laje 
(F3) Arredondada ou cúbica 
6,69 
22,00 
71,32 
ÁREA DE 
CONTATO 
8,63 
(AC1) Área maior 
(AC2) Área menor 
10,00 
90,00 
Fonte: Adaptado de FARIA, 2013 
 
Tabela 10 – Pesos dos indicadores de perigo e de suas respectivas classes: aterro. 
(continua) 
ENCOSTA 
/TALUDE 
ATERRO 
PROCESSO ESCORREGAMENTO 
INDICADOR DE 
PERIGO 
Pesos (%) Classes 
Pesos 
(%) 
AMPLITUDE 9,51 
(A1) ≤2 m 
(A2) 2< A ≤5 m 
(A3) 5< A≤ 10 m 
(A4) > 10m 
5,69 
12,19 
26,33 
55,79 
39 
 
Tabela 10 – Pesos dos indicadores de perigo e de suas respectivas classes: aterro. 
(conclusão) 
ENCOSTA 
/TALUDE 
ATERRO 
PROCESSO ESCORREGAMENTO 
INDICADOR 
DE PERIGO 
Pesos 
(%) 
Classes 
Pesos 
(%) 
DECLIVIDADE 12,07 
(D1) ≤17º 
(D2) 17º< D≤30º 
(D3) >30º 
6,69 
22,00 
71,32 
USO 
/COBERTURA 
9,29 
(U1) Arbórea 
(U2) Arbustiva 
(U3) Campo/Cultura 
(U4) Cobertura Urbana 
(U5) Solo exposto 
3,72 
6,70 
14,22 
21,16 
54,20 
NA. 22,32 
(NA1) Não observado 
(NA2) Surgência 
10,00 
90,00 
ÁGUA 
SUPERFICIAL18,69 
(AS1) Concentração baixa 
(AS2) Concentração média 
(AS3) Concentração alta 
(AS4) Linha de drenagem 
4,48 
9,85 
24,09 
61,57 
MATERIAL 28,12 
(M1) Solo Residual 
(M2) Lixo/Entulho 
(M3) Misto (solo/lixo/entulho) 
11,50 
40,55 
47,96 
ESTRUTURA 
GEOLÓGICA 
- 
 
- 
- 
CONTATO - - - 
PLANO BASAL - - - 
FORMA 
GEOMÉTRICA 
- - - 
ÁREA DE 
CONTATO 
- - - 
Fonte: Adaptado de FARIA, 2013 
 A tabela Índice de Perigo é obtida ao efetuar-se o cálculo do Índice de Perigo (IP) com 
os valores numéricos dos pesos, conforme a seguinte fórmula de ponderação: 
Onde: 
IP = ∑ pi xi/100
n
i=1
 
 
Eq. (3) 
 
p = peso do condicionante do processo (indicador de perigo); 
x = peso da classe do respectivo indicador de perigo. 
40 
 
A hierarquização dos índices de perigo identificados nas áreas mapeadas é realizada na 
tabela de classificação do perigo (Tabela 11), apresentada a seguir. Todos os setores são 
classificados conforme o critério da Equação 3; caso ocorra a presença de feições de 
instabilidade, esses setores com feições expressivas são reclassificados como setores com 
perigo muito alto, conforme recomendações da metodologia do Ministério das Cidades. 
Tabela 11 – Critérios adotados para a classificação do índice de perigo (IP). 
ÍNDICE DE PERIGO GRAU DE PERIGO 
IP < X̅ - 1 2⁄ ∆ 
Baixo 
X̅ - 1 2⁄ ∆ ≤ IP ≤ X̅ +
1
2⁄ ∆ 
Médio 
IP > X̅ + 1 2⁄ ∆ 
Alto 
Presença de feições de instabilidade Muito alto 
Fonte: FARIA, 2011. 
2.4.Análise de Estabilidade de Taludes 
 A estabilidade de taludes tem sido um campo de estudo bastante investigado nos últimos 
anos. Ao longo desse período diversos trabalhos foram realizados por pesquisadores de 
diferentes áreas. Inicialmente as investigações visavam, sobretudo, resolver problemas de 
instabilidade em casos particulares e, por este motivo, as pesquisas enfatizavam técnicas de 
investigação de campo e o desenvolvimento de modelos analíticos. No entanto, a 
heterogeneidade do ambiente natural em escala regional e a grande variabilidade das 
propriedades geotécnicas vão de encontro à homogeneidade exigida por esses métodos 
(AHRENDT, 2005). 
 Na tentativa de resolver esta problemática, vários outros tipos de métodos de análise de 
estabilidade têm sido desenvolvidos. Atualmente, eles podem ser divididos em três grandes 
grupos principais: 
• Métodos analíticos ou clássicos: baseiam-se na teoria do equilíbrio limite, análise limite e nos 
modelos matemáticos de tensão e deformação. 
• Métodos experimentais: empregam modelos físicos de diferentes escalas e dependem de uma 
caracterização local realizada em campo; 
41 
 
• Métodos observacionais: calcados na experiência acumulada com a análise de rupturas 
anteriores ou correlacionáveis com o caso em estudo (retroanálise, ábacos de projetos, opinião 
de especialistas, etc.); 
 Os métodos analíticos ou determinísticos podem ser divididos em dois grupos 
principais: equilíbrio limite e tensão-deformação. Os mais utilizados atualmente são os 
baseados na Teoria do Equilíbrio Limite, em virtude, sobretudo, de três motivos: da 
simplicidade dos modelos, do nível satisfatório de acurácia dos seus resultados e da relativa 
facilidade e baixo custo para se estimar ou obter os parâmetros de resistência do solo. De acordo 
com Canino Calle (2000), estes possuem ainda a vantagem de quantificar o grau de segurança, 
o que não é possível para os demais modelos. 
 De uma maneira geral, os métodos do equilíbrio limite assumem as hipóteses de que o 
solo se comporta como material rígido-plástico, isto é, rompe-se bruscamente, sem se deformar; 
que as equações de equilíbrio estático são válidas até a iminência da ruptura, quando, na 
realidade, o processo é dinâmico; e que a mobilização da resistência se dará de maneira 
uniforme ao longo da superfície de ruptura (planar, circular, mista, etc), ou seja, o FS é constante 
ao longo da linha de ruptura (PIMENTA JUNIOR, 2005; SILVA, 2007). 
 A determinação desse FS permite identificar o quão próximo da ruptura um determinado 
talude se encontra, para um determinado conjunto de condicionantes atuantes como, saturação 
por precipitações, pressões neutras, sobrecargas, geometria, etc. Este índice expressa uma 
relação entre a resistência ao cisalhamento da massa de solo (s) e a tensão cisalhante atuante ou 
resistência mobilizada (τ), sendo esta última obtida através das equações de equilíbrio estático. 
𝐹𝑆 = 
𝑠
τ
 
Eq. (4) 
 s, em termos de tenções efetivas, é dado por: 
𝑠 = 𝑐′ + 𝜎′𝑡𝑎𝑔∅′ 
Eq. (5) 
Onde: 
c’: Coesão efetiva 
42 
 
': Ângulo de atrito efetivo 
': Tensão normal efetiva no plano de ruptura 
 Se o FS for igual à unidade, tem-se um estado de Equilíbrio Limite, onde o talude 
encontra-se na eminência do colapso (Figura 7). FS maiores que a unidade, indicam um talude 
estável. Na Tabela 12, abaixo, Pimenta Junior (2005) faz uma relação entre os valores de FS 
com a condição do talude em análise. 
Figura 7 – Geometria do escorregamento 
 
Fonte: PEREIRA, 2013. 
 
Tabela 12– Fatores de segurança determinísticos e as respectivas condições de estabilidade do talude. 
FATOR DE 
SEGURANÇA (FS) 
CONDIÇÃO DO TALUDE 
FS<1,0 
Talude instável; caso o talude venha a ser implantado nestas condições, 
deverá sofrer ruptura. 
FS=1,0 
Condição limite de estabilidade associada à iminência de ruptura; também 
condição adotada geralmente nos casos de retroanálise. 
FS>1,0 (pouco maior) 
Condição estável; quanto mais próximo de 1,0 for o FS, mais precária e 
frágil será a condição de estabilidade do talude. 
FS>>1,0 (muito 
maior) 
Condição estável; quanto maior for o FS, menores serão as possibilidades 
do talude vir a sofrer ruptura quando submetido às condições críticas. 
Fonte: JUNIOR, 2005. 
 Para que o método de análise seja aplicável a casos reais, um dos fatores importantes a 
considerar é a variação das propriedades do material ao longo do maciço. Para isto, a maioria 
dos métodos de equilíbrio limite subdivide a região de solo delimitada pela superfície potencial 
de ruptura, que pode ser planar, circular, mista, etc., em um número qualquer de fatias verticais, 
analisando-se as condições de equilíbrio das forças atuantes em cada fatia isoladamente. Esse 
43 
 
processo caracteriza o método das fatias ou lamelas, que possui diferentes abordagens, 
dependendo das hipóteses adotadas para simplificar equações de equilíbrio. 
 Dentre os métodos do equilíbrio limite desenvolvidos, destacam-se Fellenius (1927), 
Bishop (1955), Morgenstern e Price (1965), Spencer (1967), Janbu (1973) e Bishop 
Simplificado (1995). Todos esses métodos são bastante similares, o que os diferencia, no 
entanto, são as equações estáticas que são consideradas e satisfeitas no cálculo, as forças entre 
fatias que são incluídas e a relação considerada entre as forças normal e cisalhante em cada 
fatia. 
 Os métodos de tensão-deformação baseiam-se no conhecimento das relações tensão-
deformação, das resistências residuais ao cisalhamento e ainda do estado de tensão inicial, para 
determinar através de métodos numéricos a distribuição de tensões e deformações no interior 
de um talude Enquanto o método de equilíbrio limite é mais simples e tem um caráter 
semiempírico, o método de tensão-deformação necessita de um maior número de parâmetros, 
entretanto pode modelar com maior acurácia o desempenho dos taludes (GAMA, 1984 citado 
por PEREIRA, 2013). 
 Na Tabela 13, AHRENDT (2005) apresenta os principais métodos de cálculo de FS, 
suas premissas e principais referências. Visto que a explicação para a maioria dos métodos é 
encontrada nas bibliografias citadas abaixo, serão enfatizados os métodos analíticos baseados 
no Equilíbrio Limite, uma vez que estes serão utilizados no presente trabalho para a 
determinação dos FS da encosta em análise. 
Tabela 13 – Resumo dos métodos mais utilizados para análise de estabilidade de taludes, e suas 
característicasdistintivas. 
(continua) 
SUPERFÍCIE DE 
RUPTURA 
MÉTODO PREMISSAS REFERÊNCIA 
PLANAR E 
TRANSCORRENTE 
Talude 
infinito 
Inclinação constante e 
comprimento ilimitado 
Taylor (1948) 
Culmann 
Superfície de ruptura planar 
interceptando o topo e a base 
Culmann (1866) 
PLANAR 
Cunha ou 
cunhas 
Bloco deslizante ou bloco 
com forças laterais 
Hoek e Bray (1977) 
Morgenstern (1968) 
 
 
44 
 
Tabela 13 – Resumo dos métodos mais utilizados para análise de estabilidade de taludes, e suas 
características distintivas. 
(conclusão) 
SUPERFÍCIE DE 
RUPTURA 
MÉTODO PREMISSAS REFERÊNCIA 
CIRCULAR 
Fellenius 
 
Forças laterais dos dois lados são 
iguais 
Fellenius (1936) 
 
Círculo de 
atrito 
 
Resultante atuando em arco de 
ruptura tangencial a um círculo 
concêntrico de raio Rsen∅ 
Taylor (1948) 
Bishop 
 
Considera todas as forças atuando nas 
laterais das fatias 
Bishop (1955) 
Bishop 
modificado 
 
Sistema de forças simplificado Bishop (1955) 
Spencer Forças interfatias paralelas 
Spencer (1967 e 
1981) 
IRREGULAR 
Morgenstern e 
Price 
Baseado no sistema de forças de 
Bishop completo 
Morgenstern e 
Price (1965) 
Jambu Considera as forças interfatias 
Jambu (1954 e 
1971) 
Fonte: AHRENDT, 2005. 
a) Método de Fellenius ou Método Ordinário das Fatias 
Este método, também conhecido como Método Ordinário das Fatias, baseia-se na 
análise estática do volume de material situado acima de uma superfície potencial de ruptura de 
seção circular, em que a massa de solo é dividida em fatias verticais e admite-se que o esforço 
normal é proveniente do peso do solo (PEREIRA, 2013; JESUS, 2002). 
Para o cálculo do FS, considera-se apenas o equilíbrio de momentos em torno do centro 
da superfície de ruptura. O equilíbrio das forças é feito na direção normal à superfície de ruptura 
(direção do raio do círculo de ruptura), negligenciando as forças nas laterais das fatias, uma vez 
que as mesmas são consideradas colineares, paralelas a base da fatia e de mesmo valor, o que 
implica na anulação do seu efeito. 
Segundo Massad (2010), o método de Fellenius pode conduzir a graves erros, pelo 
tratamento que dá as pressões neutras, visto que, a rigor, as forças resultantes das pressões 
neutras atuam também nas faces entre lamelas. Como são forças horizontais, elas têm 
componentes na direção da normal a base das lamelas, que é a direção de equilíbrio das forças, 
como se viu acima. 
45 
 
 Fatores de segurança calculados pelo método de Fellenius podem diferir em até 20% 
dos valores de fatores calculados por métodos mais rigorosos. Em taludes suaves com 
poropressões elevadas esses erros podem chegar a 50%. Esse erro é geralmente a favor da 
segurança, mas erros dessa ordem podem inviabilizar economicamente alguns projetos. 
(USACE, 2003 citado por TONUS, 2009). 
b) Método de Bishop Simplificado 
O Método de Bishop Simplificado, assim como Fellenius, também admite superfície de 
ruptura circular. No entanto, a diferença fundamental entre os dois métodos está na direção da 
resultante das forças laterais que atuam nas faces verticais das lamelas. No Método de Fellenius, 
a resultante é paralela a base das lamelas, já no método de Bishop Simplificado, ela é horizontal. 
Além disso, o equilíbrio das forças é realizado na vertical, fazendo com que o método, 
além de satisfazer o equilíbrio de momentos, condição atendida no método de Fellenius, 
satisfaça ainda ao equilíbrio das forças verticais. 
De um modo geral, o método de Bishop Simplificado fornece resultados mais próximos 
aos dos métodos mais rigorosos, quando comparado com Fellenius. No entanto, além de não 
satisfazer o equilíbrio de forças horizontais, o método de Bishop Simplificado pode apresentar 
alguns problemas numéricos, os quais podem ser identificados ao aplicar o método de Fellenius 
para a mesma superfície de ruptura. Se o FS encontrado for maior que o do Bishop, conclui-se 
que ocorreu algum problema numérico. Nesses casos, o método de Fellenius é mais indicado 
(TONUS, 2009). 
c) Método de Janbu Simplificado 
O método de Janbu Simplificado é uma versão simplificada de um método rigoroso 
generalizado de fatias desenvolvido por Janbu (1955). O método original é baseado no 
equilíbrio das forças e de momento, já a versão simplificada é baseada apenas no equilíbrio de 
forças verticais e horizontais, visto que, por admitir uma superfície de ruptura qualquer, surgem 
maiores dificuldades para encontrar um único ponto em que atuem todas as forças, para efetuar 
o equilíbrio dos momentos. 
Assim como em Bishop Simplificado, o Método de Janbu Simplificado também 
considera que a resultante das forças entre as fatias age na horizontal e aplica um fator de 
46 
 
correção ao coeficiente de segurança a fim de minimizar os erros gerados pelas hipóteses 
adotadas. 
d) Método de Morgenstern e Price 
Este é um método rigoroso de análise de estabilidade de taludes, que admite superfície 
de ruptura qualquer e satisfaz todas as condições de equilíbrio estático. Nesse método, a massa 
potencialmente instável é dividida em fatias infinitesimais e se faz necessário o uso de 
ferramenta computacional para execução dos cálculos em virtude do complexo processo 
iterativo (FABRÍCIO, 2006). 
e) Método de Spencer 
O Método de Spencer é um método de análise de estabilidade de taludes, que foi 
inicialmente desenvolvido para superfície de ruptura circular e, posteriormente, adaptado para 
superfície de ruptura qualquer com um centro de rotação fictício. 
Por ser considerado um método rigoroso, satisfaz todas as condições de equilíbrio 
estático e assume que as forças entre as fatias são paralelas entre si, ou seja, todas são inclinadas 
de um mesmo ângulo, sendo o valor desse ângulo calculado como parte da solução do problema. 
Assim como nos métodos de Janbu Simplificado e Morgenstern e Price, o processo de 
cálculo é iterativo e se inicia a partir da adoção de valores iniciais para o FS e para o ângulo de 
inclinação do talude. Os cálculos são repetidos inúmeras vezes até que o equilíbrio de forças e 
momentos seja satisfeito para cada lamela, o que requer maior tempo computacional para 
resolução (PEREIRA, 2013). 
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
 
3.1. Histórico de Ocupação 
Na cidade de Natal, a ocupação de áreas impróprias para a habitação começou a se 
consolidar a partir da década de 70, quando o município passou por um processo de 
desenvolvimento acelerado. Nesse período, registros oficiais apontavam a existência de 
aproximadamente 30 aglomerados de vivendas subnormais, números que evoluíram 
rapidamente ao longo do tempo. Já no ano de 2001, a Secretaria Municipal de Trabalho e 
47 
 
Assistência Social (SEMTAS) identificou a existência de 70 assentamentos, abrigando um total 
de 65.122 pessoas. Em julho de 2005, com apoio da Fundação Apolônio Salles (FADURPE), 
da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a SEMTAS realizou novo 
levantamento e encontrou 66 assentamentos com diferentes graus e tipos de precariedade, 
constituídos por 18.632 domicílios e 74.528 pessoas residentes. Em janeiro de 2007, a 
SEMURB através do Programa de Trabalho Técnico Social (PTTS), realizou visitas em 74 
áreas/comunidades, contemplando 66 áreas já mapeadas e identificando 08 novas áreas 
(PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2008, p. 3). 
A constatação da gravidade da situação da população residente nessas áreas mapeadas 
desencadeou a elaboração do termo de referência para dar início aos estudos necessários à 
consolidação do Plano Municipal de Redução de Riscos, que foi elaborado e publicado no ano 
de 2008. 
O Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) identificou 74 assentamentos no 
município e os caracterizou segundo o tipo de processo que poderiam colocar ou que já 
colocavam em risco a vida dos moradores ou o equilíbrio do sistema considerado. A Tabela 14, 
retirada do PMRR, apresenta as 12áreas onde ocorre problema de deslizamento e soterramento 
devido ao movimento de dunas. 
Tabela 14 – Áreas com risco de deslizamento de dunas 
NOME DO ASSENTAMENTO 
ZONAS 
ADMINISTRATIVAS 
GRAU DE RISCO POR 
DESLIZAMENTO 
APARECIDA 
Leste 
4 
ALTO DA COLINA 3 
SOPAPO 3 
ÁFRICA 
Norte 
4 
EL DOURADO 3 
CIDADE NOVA (BAIXA DO CÃO) 
Oeste 
5 
PLANALTO 4 
ALTO DO GUARAPES 3 
BARREIROS 3 
CAMBUIM 3 
TORRE OU ALTA TENSÃO 3 
PIÃO Sul 5 
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2008 
48 
 
Além disto, das 74 áreas de risco identificadas, a imensa maioria sofre, em diversos 
níveis de gravidade, processos erosivos. A Tabela 15 apresenta as 8 áreas onde o problema de 
erosão ou de queda de barreiras atinge grau de risco Médio, Alto ou Muito Alto. 
Tabela 15 – Áreas com risco de erosão / queda de barreiras 
NOME DO 
ASSENTAMENTO 
ZONAS 
ADMINISTRATIVAS 
GRAU DE RISCO 
POR QUEDA DE 
BARREIRAS 
GRAU DE RISCO 
POR EROSÃO 
OCIDENTAL DE CIMA 
Leste 
4 3 
SÃO JOSÉ DO JACÓ 4 2 
HOSPÍCIO 0 3 
JAPÃO (NOVO 
HORIZONTE) 
Oeste 
4 3 
ÁGUA DOCE 4 0 
SÍTIO GUARAPES 4 0 
DAS ALMAS 
Sul 
0 3 
POTYGUARANIA 0 3 
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2008 
3.2.Localização 
A área objeto de estudo deste trabalho é um aglomerado subnormal localizado no limite 
entre os bairros Rocas e Praia do Meio, zona leste do Município de Natal – Rio Grande do Norte 
(Figura 8), este por sua vez situado no Litoral Oriental do Rio Grande do Norte, entre os 
paralelos 36°42’53" e 37°15’11" de latitude sul e entre os meridianos 38° 35’52” e 34°58’03" 
de longitude oeste (MOREIRA et al., 2014). 
O bairro Rocas limita-se ao Norte pelo bairro Santos Reis, ao Sul por Petrópolis, a Leste 
pela Praia do Meio e a Oeste pela Ribeira. No macrozoneamento do município está localizado 
em uma Zona Adensável e é considerado Área Especial de Interesse Social. 
Segundo o Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE), Rocas abrangia uma área de 66,01 ha e possuía 3.067 domicílios 
particulares permanentes, com uma população residente que totalizava 10.452 pessoas. Desse 
total de domicílios, 97 era parte integrante da comunidade São José do Jacó. 
 
49 
 
Figura 8 – Mapa de localização do Bairro Rocas com destaque para a comunidade São José do Jacó. 
 
Fonte: Produção da autora, 2016. 
 
3.3.Infraestrutura 
Rocas é bem servido de infraestrutura, seja na forma de abastecimento de água, ligações 
de esgoto, coleta de lixo, drenagem ou pavimentação. Dados do Censo Demográfico de 2000 
indicam que dos 2.557 domicílios particulares existentes no bairro até aquele ano, 99,37 %, ou 
seja, 2.541 eram abastecidos através da rede geral de água (ver Tabela 16), e 90,10 % eram 
ligados à rede geral de esgoto (ver Tabela 17). Segundo a Secretaria Municipal de Obras e 
50 
 
Viação (SEMOV), em 2004 a área já se encontrava completamente drenada e possuía 
pavimentação em 98% das ruas. 
Tabela 16 –Forma de abastecimento de água dos domicílios de Rocas 
FORMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA 
FORMA DE 
ABASTECIMENTO 
DOMICÍLIOS (%) 
REDE GERAL 2541 99,37 
POÇO OU NASCENTE 04 0,16 
OUTRA 12 0,47 
TOTAL 2557 100,00 
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Censo Demográfico 2000. 
 
Tabela 17 –Forma esgotamento sanitário dos domicílios de Rocas 
ESGOTAMENTO SANITÁRIO 
TIPO DE 
ESGOTAMENTO 
SANITÁRIO 
DOMICÍLIOS (%) 
REDE GERAL DE 
ESGOTO OU PLUVIAL 
2304 90,10 
FOSSA SÉPTICA 92 3,60 
FOSSA RUDIMENTAR 97 3,79 
VALA 09 0,35 
RIO, MAR OU LAGOA - 0,00 
OUTRO ESCOADOURO 39 1,53 
SEM BANHEIRO OU 
SANITARIO 
16 0,63 
TOTAL 2557 100,00 
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Censo Demográfico 2000. 
 
3.4.Geologia 
A base geológica regional compreende depósitos tércio–quaternários, constituintes da 
Formação Barreiras, unidade geológica esta que compreende sedimentos de areia, silte, argila, 
conglomerados e seixos arredondados de quartzo e limonita com certo grau de oxidação que dá 
origem a formação de blocos de lateritas ferruginosas. Estes sedimentos são oriundos de 
diferentes sistemas deposicionais, tais como os ambientes fluviais e litorâneos (OLIVEIRA, 
2003). A Figura 9, a seguir, apresenta um mapa litológico do município de Natal, com destaque 
para a área em estudo, que se encontra completamente compreendida na unidade litológica 
Barreiras. 
 
51 
 
Figura 9 – Mapa litológico de Natal, com destaque para a comunidade São José do Jacó 
 
Fonte: Produção da autora, 2016. 
Cunha (2004) caracteriza essa formação declarando que a mesma é constituída por 
camadas e lentes de depósitos clásticos, os quais têm granulometria que varia entre seixos 
quartzosos, areias arcosianas e argilas caulínicas, pouco consolidadas e de cores avermelhadas, 
alaranjadas e esbranquiçadas. 
3.5. Geomorfologia 
O espaço onde Natal foi edificada é caracterizado por dunas de areia branca, lagunas e 
tabuleiros costeiros. A área do tecido urbano encontra-se nos tabuleiros, que, normalmente, 
52 
 
possuem uma morfologia que pode variar de plana a suavemente ondulada. Em Natal, os 
tabuleiros costeiros possuem situação elevada em relação ao nível do mar e do Rio Potengi e 
são drenados pela própria inclinação na direção do oceano (NUNES, 2011). 
Em torno da metade da área do Bairro Rocas predomina um terreno plano, com cota de 
5 metros, existindo poucos pontos onde a altura ultrapassa os 15 metros (Figura 10). 
Figura 10 – Mapa de curvas de nível dos Bairros Rocas e Praia do Meio. 
 
Fonte: Produção da autora, 2016. 
 
53 
 
As cotas mais altas, na região limite entre Rocas e Praia do Meio, são ocupadas pelo 
aglomerado subnormal São José do Jacó, como é possível observar na Figura 11, abaixo, em 
que é apresentado o mapa contendo as curvas de nível da área em estudo. 
Figura 11 – Mapa de curvas de nível da Comunidade São José do Jacó. 
 
Fonte: Produção da autora, 2016. 
Para a elaboração destes mapas foi utilizado o levantamento topográfico com 
equidistância intervalar de 1,0 metro, obtido, junto à Secretaria Municipal de Obras e Viação 
(SEMOV). 
3.6.Clima 
Segundo Nimer (1979) o clima de Natal pode ser classificado como Clima Tropical 
Nordeste Oriental, quente e semi-úmido com quatro a cinco meses secos. 
De acordo com Cunha (2004), as alterações anuais do clima estão relacionadas ao 
movimento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), já que, de acordo com sua posição 
e seu tempo de permanência sobre a região, pode provocar anos com pluviosidade excessiva ou 
anos com estiagem bastante prolongada. 
54 
 
De um modo geral, o período chuvoso inicia-se já no mês de março, no entanto ficando 
bem definido entre abril e julho, sendo junho o mês que apresenta a maior média pluviométrica. 
O período de menor registro de precipitação está compreendido entre os meses de setembro e 
fevereiro. Casos de chuva intensa com totais diários acima de 100 mm no município são 
situações eventuais e ou esporádicas, porém que devido a questões físicas e sociais 
potencializam a vulnerabilidade das áreas de risco. 
No ano de 2014 foram registrados acima de 100 mm precipitados em 24h os dias: 14 de 
março com registros de 111,4 mm e no mês de junho nos dias 14 e 15 com respectivamente 
131,0 mm e 222,0 mm precipitados. Destaca-se o dia 15 de junho como um dos maiores 
registros históricos de precipitação em 24h no município de Natal. Neste mesmo dia, uma série 
de movimentações de massa atingiu uma encosta no Bairro Mãe Luiza, seguido também do 
colapso de uma estrutura de contenção em uma encosta da Comunidade São José do Jacó, área 
objeto de estudo deste trabalho. 
Uma média da precipitação mensal para o ano de 2014 é apresentada na Figura 12 
abaixo. 
Figura 12 – Média da Precipitação mensal para o ano de 2014
 
Fonte: EMPARN. 
 
Os ventos em Natal, segundo dados da Estação Climatológica principal da UFRN, 
durante211 dias por ano, em média, sopram predominantemente de Sudeste, ventos de Leste 
55 
 
são predominantes durante 102 dias por ano e os ventos de Sul predominam os outros 52 dias 
(PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2014). Os ventos mais fortes são característicos 
dos meses de agosto a outubro, sendo o mês de abril a época dos ventos mais fracos, conforme 
se pode observar no gráfico apresentado na Figura 13. 
Figura 13 – Concentração dos totais das médias de vento do Município de Natal/RN para o período de 
1980-2013. 
 
Fonte: EMPARN. 
A intensidade e a direção dos ventos influenciam sobremaneira a ocorrência de 
deslizamentos, sobretudo em áreas de dunas, tendo em vista que o material friável (areia) é 
facilmente transportado pela ação do vento, promovendo assim, a deflação da camada mais 
superficial (MEDEIROS, 2014). 
Quanto a umidade relativa do ar, esta possui uma média anual de 77%, com pequenas 
mudanças ao longo do ano, as quais estão relacionadas às alterações pluviométricas, visto que 
os meses mais úmidos são os mais chuvosos e, os mais secos são os menos úmidos. A 
temperatura do ar em Natal é alta durante todo o ano e apresentando uma média de 27,1ºC 
(ARAÚJO, 2006). 
Vale ressaltar que as altas taxas de umidade e a temperatura elevada do município 
favorecem os processos de intemperismo químico, que decompõem os minerais mais frágeis, 
como o feldspato e micas que são comuns nas coberturas sedimentares, promovendo sua 
argilização. Isto tem forte implicação nos processos de deslizamento, já que os grãos arenosos 
dos sedimentos da Formação Barreiras contribuem para aumentar o conteúdo de argila, 
favorecendo os movimentos de massa (ALHEIROS et al., 2003). 
56 
 
3.7.Vegetação 
Segundo Cunha (2004), a vegetação do litoral de Natal possui três principais estratos 
que apresentam as espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas. Essa cobertura vegetal deve ser 
denominada formação secundária, uma vez que a original, composta por matas, foi destruída 
com a ocupação humana que visava à extração de madeiras e atividades agrícolas. Em 
decorrência deste processo, a cobertura vegetal original foi sendo substituída por consecutivas 
culturas. 
Como já discutido aqui anteriormente, o papel da vegetação na estabilidade das encostas 
é significante. Apesar das inúmeras vantagens conhecidas, sabe-se também que nem toda 
vegetação traz acréscimo de estabilidade para as encostas. Discute-se, e é largamente aceito, 
que as bananeiras e as demais árvores de grande porte são prejudiciais à estabilidade, primeiro 
por facilitar a infiltração de água e segundo por oferecer resistência em relação ao vento, o que 
contribui para a desestabilização da encosta (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2007). 
Paradoxalmente, a bananeira é o cultivo preferencial das populações que ocupam 
encostas, seja para a produção destinada à venda, seja como fonte de alimento. Situação 
claramente observada na área em estudo. 
3.8.Uso do Solo 
O conhecimento das características de uso e ocupação do solo como um dos fatores 
condicionantes do perigo e da vulnerabilidade é de fundamental importância nas avaliações de 
risco (TOMINAGA, 2007). 
Segundo levantamento in loco realizado por Pantoja (2006) verificou-se que a maior 
parte das edificações presentes no bairro caracteriza-se como residências, no entanto, é possível 
encontrar alguns equipamentos urbanos e imóveis para uso comercial e misto. Outra 
característica relevante observada foi a incidência maior de edificações térreas em relação as 
com mais de um pavimento. Na Tabela 18, a autora apresenta o percentual dos tipos de uso do 
solo para o ano de 2005 no bairro Rocas. 
 
 
57 
 
Tabela 18 – Percentual dos tipos de uso do solo nas Rocas 
USO DO SOLO 
TIPO DE USO (%) 
RESIDENCIAL 93,66 
COMERCIAL 4,33 
INDUSTRIAL 1,04 
PÚBLICO 0,97 
TOTAL 100,00 
Fonte: PANTOJA, 2006. 
Vale salientar que as seguintes categorias foram definidas para levantamento em campo: 
Uso residencial: destinado unicamente para habitação, podendo ser unifamiliar ou multifamiliar 
e horizontal (no caso de moradias) ou vertical (no caso de prédios); 
Uso misto: locais em que além de apresentarem o uso para moradia também se desenvolvem 
atividades comerciais ou de prestação de serviços; 
Uso comercial: estabelecimento onde ocorre venda direta de produtos ao consumidor; 
Prestação de serviços: estabelecimentos destinados à prestação de serviços à população; 
Uso institucional: trata-se de lugares onde esta função institucional ocorre, como escolas, 
igrejas, etc.; 
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
4.1.Seleção e Caracterização da área de estudo 
 Após a primeira etapa de construção teórica iniciou-se a segunda etapa, a qual consistiu 
nas pesquisas sobre o surgimento e a evolução da ocupação de áreas de risco no município de 
Natal-RN para a definição daquele aglomerado que seria foco das análises de risco e perigo. 
Foram pesquisadas também as características físicas encontradas no local que atuam como 
condicionantes aos movimentos de massa. 
 Para a identificação e seleção da área de estudo, foi utilizado o mapeamento de áreas de 
risco desenvolvido pela empresa ACQUATOOL CONSULTORIA para a PREFEITURA 
MUNICIPAL DE NATAL através da SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E 
URBANISMO (SEMURB), como parte integrante do Plano Municipal de Redução de Riscos 
do Município de Natal (PMRR) elaborado no ano de 2008. 
58 
 
 Dentre as áreas mapeadas pelo PMRR, destacam-se oito áreas de risco críticas 
associadas a processos erosivos e de queda de barreiras. São elas: Ocidental de Cima, São José 
do Jacó, Hospício, Japão (Novo Horizonte), Água Doce, Sítio Guarapes, Das Almas e 
Potyguarania. Considerando a criticidade de cada área e também um conhecimento prévio 
acerca dos movimentos de massa que já foram desencadeados em cada local, adotou-se a 
Comunidade São José do Jacó como objeto de estudo deste trabalho. Um mapa de localização 
da área é apresentado no Apêndice B. 
 A etapa subsequente, de importância fundamental para o conhecimento das 
características geológicas, geomorfológicas, topográficas e de uso do solo da área em estudo, 
consistiu na elaboração de mapas temáticos em ambiente SIG. Os SIG’s são sistemas destinados 
ao tratamento de dados espacialmente referenciados, possibilitando manipular dados de 
diversas fontes como mapas, imagens de satélite, fotos aéreas, dentre outros, permitindo 
relacionar informações de diversas naturezas e obter variados tipos de análise destes dados. Este 
constitui um instrumento técnico de alta capacidade no tratamento de informações variadas a 
respeito do meio antropizado, sendo, desta forma, plenamente adequada sua utilização na 
elaboração de cartas geotécnicas e/ou geoambientais. 
a) Mapa litológico 
 O mapa do substrato geológico foi elaborado a partir de um arquivo vetorial fornecido 
pelo IBGE, no qual é possível extrair as unidades litológicas da área. O mapa gerado é 
apresentado no Apêndice C. 
b) Mapa topográfico e de declividade 
 O mapa topográfico foi elaborado a partir das isolinhas com equidistância intervalar de 
1,0 m e pontos cotados fornecidos pela SEMOV. Tais dados foram obtidos por meio de 
levantamento topográfico do tipo Estação Total no ano de 2007, como forma de subsidiar a 
elaboração do Plano Diretor de Drenagem do Município de Natal. As curvas de nível e os pontos 
cotados passaram por processamentos que visaram melhorar suas qualidades para posterior 
geração do Modelo Digital de Terreno (MDT) e, por conseguinte, do mapa de declividade. 
 Este último foi produzido a partir do MDT gerado, e foi categorizado nos seguintes 
intervalos de valores: menor que 1º, de 1 a 10º, de 10 a 20º, de 20 a 30º, de 30 a 45º. Os mapas 
com as curvas de níveis para os Bairros Rocas e Praia do Meio, como também para a 
59 
 
Comunidade São José do Jacó são apresentados nos Apêndices D e E. O mapa de declividade

Continue navegando