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DIREITO DO CONSUMIDOR

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Disciplina: Direito do Consumidor
Autor: Igor Antunes
Unidade de Educação a Distância
DIREITO DO CONSUMIDOR
Autor: Igor Antunes 
Belo Horizonte / 2012
 ESTRUTURA FORMAL DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNÓLÓGICA 
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA / ELIANE MONKEN
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
MARINA RODRIGUES RAMOS
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
INGRETT CAMPOS LOPO
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
DANIEL EUSTÁQUIO DA SILVA MELO RODRIGUES 
ERNANE GONÇALVES QUEIROZ
GABRIELA SANTOS DA PENHA
REVISORA ORTOGRÁFICA
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
MIRIÃ NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
NATHALIA CUNHA TOLESE
Sumário
5Unidade 1: Das Relações de Consumo
25Unidade 2: Proteção ao Consumidor
44Unidade 3: Proteção Contratual
63Unidade 4: O Consumidor em Juízo
Ícones
	Comentários
	
	Reflexão
	
	Dica
	
	Lembrete
	
Unidade 1: Das Relações de Consumo
1. Nosso Tema 
Nesta unidade inaugural, apresentaremos a você os conceitos e os princípios fundamentais consumeristas, bem como os direitos básicos do consumidor.
Estudaremos os conceitos de consumidor e fornecedor, de produtos e serviços, bem como as relações de consumo.
Esses temas são indispensáveis para a boa compreensão do Código de Defesa do Consumidor, o qual se constitui como um importante microssistema jurídico, que também será alvo do nosso estudo.
Enfim, vamos apresentá-lo ao Direito do Consumidor, objetivando sua compreensão do seguinte:
· Princípios básicos da Relação de Consumo;
· O Consumidor;
· O Fornecedor;
· Produtos e Serviços;
· Direitos Básicos do Consumidor;
· O CDC como eficiente microssistema jurídico
Pronto para começar?
2. Para Refletir 
Para que você possa melhor compreender esta unidade, é importante que você reflita sobre as seguintes questões:
· Qual o papel do consumidor e do fornecedor? Que pessoas poderão exercer tais papéis?
· Quaisquer relações de compra e venda ou prestação de serviços caracterizam uma relação de consumo?
· Que direitos básicos e essenciais terá o consumidor?
· Qual a estrutura e objetivos do Código de Defesa do Consumidor?
Fique tranqüilo! Nos tópicos seguintes, vamos apresentar informações detalhadas que irão auxiliá-lo a responder a essas e a outras questões igualmente importantes.
Certamente, nesta unidade, você construirá uma sólida base sobre o tema Direito do Consumidor. 
3. Conteúdo Didático
3.1. O Consumidor 
A proteção ao consumidor, embora há muito presente nos países mais avançados, chega ao Brasil de maneira eficiente no início dos anos noventa, através do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990), o qual contempla um sistema próprio de proteção consumerista, trazendo princípios, vasta regulamentação e meios de defesa do consumidor.
Ao longo do nosso estudo, compreenderemos o sistema legal de proteção ao consumidor em seus vários aspectos e aplicações, todavia, não poderíamos dar andamento ao nosso estudo sem antes compreendermos a definição de consumidor.
Para compreensão da Disciplina Direito do Consumidor, apresentaremos-lhe quais seriam os elementos caracterizadores de um consumidor e suas relações. Afinal, não se caracterizando uma verdadeira relação de consumo, as pessoas envolvidas em eventual discussão de direito não poderão se valer das garantias legais trazidas pelo Código de Defesa do Consumidor.
Importante compreendermos que nem todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que venham a efetivar a compra de um produto ou contratar uma prestação de serviço estarão envolvidas numa relação de consumo, podendo não se enquadrar, assim, como consumidoras. Adiante, ao estudarmos o conceito de consumidor, poderemos compreender a questão.
Vamos agora à definição de consumidor, constante no artigo 2º do nosso CDC (Código de Defesa do Consumidor), que assim dispõe: 
Assim, podemos perceber que a pessoa será considerada consumidora, desde que seja destinatária final do produto ou serviço fornecido, ou seja, utilize-o para uso pessoal, sem fins econômicos ou profissionais. Devemos considerar também como consumidora, apesar de não ser destinatária final do produto, aquela pessoa que, por exemplo, adquire um bem para presentear a outrem. Nesse caso, o presenteado, assim como o adquirente do bem, terá legitimidade para buscar reparação de direitos, em caso de eventual dano.
Cabe lembrarmos que as partes envolvidas em relações de natureza não consumerista não serão consideradas como consumidoras e, por isso, não terão em sua defesa o Código de Defesa do Consumidor. 
Você sabia que uma empresa que adquire um produto pode não ser consumidora? Vejamos o exemplo: 
Uma empresa que venha adquirir uma carga de insumos para sua indústria, não sendo, pois, consumidora final do produto. Caso haja alguma discussão judicial envolvendo o fornecimento do insumo, tal discussão, por não se tratar de relação de consumo, será resolvida com base nos preceitos da vasta normatização de direito civil, empresarial, penal e outros mais, sem envolver o CDC ou órgãos de proteção ao consumidor.
Devemos estar cientes de que as empresas também podem ser consideradas consumidoras, todavia, devem ser destinatárias finais do produto. Mas não se preocupe agora com essa questão, pois a estudaremos, em detalhes, no próximo subtópico.
Agora, conheçam os subtópicos que apresentaremos adiante, os quais também tratam do tema consumidor: A Pessoa Jurídica como Consumidora; O Consumidor por Equiparação; A Pessoa Jurídica Pública como Consumidora.
3.1.1. A Pessoa Jurídica
Buscaremos agora compreender o encaixe de uma pessoa jurídica como consumidora. Para atingirmos nosso aprendizado, devemos saber distinguir quando a pessoa jurídica é um “destinatário final” do bem adquirido, pois somente assim será considerada uma consumidora.
Vejamos o exemplo de pessoa jurídica consumidora:
Uma indústria têxtil que adquire algodão para transformação em tecidos e roupas. Nesse caso, a indústria certamente não é destinatária final do produto, pois o utilizará profissionalmente, com o intuito de recolocar o bem, já transformado, no mercado e desenvolvendo, assim, atividade econômica e lucrativa. Nesse exemplo, não estamos diante de uma relação de consumo e, por conseguinte, não regida pelo CDC.
Para que a pessoa jurídica adquirente de um produto ou contratante de um serviço seja considerada consumidora, é preciso que o bem adquirido ou serviço seja para uso desvinculado de sua cadeia de atividade produtiva. 
Imaginemos outro exemplo:
Uma empresa que contrata os serviços de um buffet para festejar data especial com seus empregados. Tal contratação tem clara desvinculação da cadeia produtiva da pessoa jurídica contratante, consubstanciando-se como inequívoca relação de consumo, ficando, portanto, à mercê das leis consumeristas.
Pois bem, vimos que uma pessoa jurídica poderá ser considerada consumidora. No próximo subtópico veremos que as pessoas não necessitam estar diretamente envolvidas na relação de consumo para que estejam à mercê das normas do CDC. Tais pessoas podem ser consideradas consumidoras por equiparação.
3.1.2. A Equiparação
O Código de Defesa do Consumidor eleva à categoria de consumidores aqueles que, mesmo que não identificados, façam parte uma coletividade afetada por uma relação de consumo. São os consumidores por equiparação. 
O artigo 2º do CDC, em seuparágrafo único, preceitua que: 
Ou seja, as pessoas ligadas e subordinadas à relação de consumo, alvo de proteção legal, ainda que indiretamente e indetermináveis, também gozam das garantias estabelecidas pelas leis consumeristas. 
O artigo acima transcrito busca garantir direitos à coletividade de pessoas afetadas por fato envolvendo a aquisição de produtos ou serviços. A exemplo, podemos citar o caso dos condôminos integrantes de um condomínio que contrata serviços ou adquire produtos danosos. Nessa situação, o fornecedor do produto estará, também, à mercê da ação dos condôminos lesados e insatisfeitos. Outro exemplo é quando um profissional, dono de uma loja infantil, compra brindes para agraciar seus clientes, porém esses brindes causam vários acidentes de consumo do produto. Como, por exemplo, a ingestão de pequenas peças. 
Para efeito de responsabilidade por fato envolvendo o produto ou serviço, o artigo 17 do CDC nos aponta como consumidores por equiparação todas as vítimas de algum evento danoso, da seguinte maneira: 
Assim, temos que uma coletividade prejudicada equipara-se ao consumidor. Bom exemplo é o de uma cerimônia cujos salgados estivessem contaminados. Nesse caso, todos os participantes se equiparam a consumidores, valendo-se das garantias consumeristas. Vale observar que os participantes da cerimônia não participaram da compra dos salgados e, ainda assim, também são partes legitimadas a reclamar seus direitos como consumidores, ou seja, com base no CDC.
O artigo 29 do CDC eleva a consumidores todas as pessoas alvo de práticas comerciais tais como publicidade e oferta. Senão, vejamos o teor deste dispositivo: 
Assim, podemos concluir que toda e quaisquer vítimas de evento danoso ou ilegal são também consumidoras e gozam da proteção do CDC. A criação do consumidor por equiparação é o que lastrea as ações coletivas de consumo.
Já aprendemos que as pessoas jurídicas podem ser consumidoras e o que é um consumidor por equiparação. No próximo subtópico, verificaremos que uma pessoa jurídica de direito público, como um órgão estatal ou empresa pública, por exemplo, também poderá ser considerada consumidora.
3.1.3. Pessoa Jurídica Pública
Conforme apresentamos anteriormente, o CDC considera consumidor toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Nesse sentido, fazemos o seguinte questionamento: uma vez que o CDC confere suas garantias às pessoas jurídicas poderia uma instituição pública, como pessoa jurídica que é, valer-se da legislação de proteção consumerista?
O tema encontra maior debate pelo fato de que os organismos públicos têm seus contratos de compra de produtos ou serviços efetivados mediante licitação e, portanto, já regulamentados e resguardados por lei específica para licitações (Lei 8.666/93). A lei em foco integra ramo do direito administrativo, portanto, diverso do direito do consumidor.
Mesmo diante do quadro apresentado, entendemos que nada obsta que a pessoa jurídica de direito público faça jus, também, à proteção consumerista. Basta que seja destinatária final do produto adquirido. 
Imaginemos o exemplo de uma instituição pública que adquira canetas para uso dos funcionários de sua repartição. Ela estará na posição de consumidora, mesmo que a compra do produto tenha sido efetivada sob as regras da lei de licitações. Não vislumbramos, nesse caso, impedimento para aplicação, também, das garantias consumeristas. Ademais, lembramos que nem todas as contratações públicas se dão por meio de licitação.
Diante do quadro apresentado, não podemos perder de vista o que aprendemos no subtópico 3.1.1,. a respeito da pessoa jurídica como consumidora. Afinal, independente de ser a pessoa jurídica de direito público ou privado, devemos ter sempre em mente que ela deverá ser destinatária final do produto, sob pena de não se enquadrar como consumidora.
Concluímos, assim, que as pessoas jurídicas de direito público também podem se enquadrar como consumidoras. Afinal, o CDC quando concedeu às pessoas jurídicas a possibilidade de se resguardarem como consumidoras, não fez qualquer distinção entre pessoas jurídicas de direito público ou privado.
Terminamos agora nossa análise sobre o consumidor e passaremos, no próximo tópico, a tratar do outro participante da relação de consumo, qual seja, o fornecedor. 
3.2. O Fornecedor
Anteriormente, apresentamos o consumidor, agora voltaremos nossa atenção para o fornecedor; afinal, para que uma relação goze das garantias do CDC, deverá contar com a presença das suas duas partes bem definidas, quais sejam consumidor e fornecedor. 
Podemos afirmar que nem toda pessoa que forneça um produto ou serviço se caracteriza como fornecedor. Não basta simplesmente a compra e venda ou a prestação de serviços, ainda que o adquirente seja o destinatário final do produto ou serviço. Necessário será, também, que o fornecedor preencha os requisitos legais que veremos a seguir, para que seja consagrada uma relação de consumo. 
Para caracterização do fornecedor, é necessário que a venda ou prestação de serviço por ele efetivada tenha caráter profissional e constitua atividade econômica profissional e não eventual. O artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor assim o define:
Pois bem, percebemos que o fornecedor poderá ser pessoa física ou jurídica que efetive o fornecimento como atividade econômica. Todavia, devemos saber também que a atividade econômica do fornecedor não poderá ser eventual, ou seja, deverá ser habitual.
Como exemplo de uma relação em que não existe a figura do fornecedor segundo os ditames consumeristas, citamos o caso de uma pessoa que compra o veículo do amigo, que não seja revendedor de veículos. Tal relação carece de profissionalidade por parte do fornecedor, logo, não se encontra ao alcance da legislação de defesa do consumidor.
Importante sabermos que, caso o veículo objeto do nosso exemplo esteja defeituoso, o comprador, que não é um consumidor, não poderá se valer das garantias do CDC, mas sim de vasta legislação cível e outras mais para buscar seu direito. Ainda podemos apontar como relações que não se enquadram como de consumo aquelas que prescindam de onerosidade, como, por exemplo, o contrato de comodato
 ou as doações
.
Após aprendermos quem podem ser os fornecedores, apresentaremos no subtópico seguinte quais são as suas atividades características. Verificaremos também, no subtópico 3.2.2, que o Estado, ou seja, os entes públicos, também podem ser considerados fornecedores.
3.2.1. Fornecimento 
Para abordarmos o tema, devemos inicialmente relembrar o artigo 3º do CDC, o qual define como praticantes do fornecimento aqueles que: 
Porém, as atividades listadas no artigo em tela são meramente exemplificativas e não taxativas, o que quer dizer que outras atividades econômicas, ainda que não constem na listagem do artigo 3º também caracterizam o fornecimento. Basta que sejam exercidas com profissionalidade e objetivo de lucro.
Assim, temos que a atividade desenvolvida pelo fornecedor não necessita constar do rol do artigo 3º do CDC.
3.2.2. O Estado fornecedor 
Conforme já vimos, o CDC é claro ao definir em seu artigo 3º que o fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada que desenvolva atividades de produção. Não nos desapercebemos do fato de que o Estado – entidade pública –, como fornecedor, não foge às regras consumeristas. Vejamos:
Somando forças ao dispositivo definidor de consumidor, preconiza o artigo 22 do CDC, que:
Pois bem, podemos concluir que o Estado também se enquadra como fornecedor, estando, assim, sob a regência do Código de Defesa do Consumidor. 
O artigo legal acima transcrito garante a continuidade dos serviços essenciais, sem, portanto, listá-los. Dessa maneira, para que tenhamos idéia de quais seriam esses serviços, nos valemos da analogia ao artigo 10 da Lei 7.783/89 (Lei de Greve), que assim dispõe:
Diante do que visualizamos acima, concluímos que o consumidor que se sinta lesado por pessoa jurídica de direito públicopoderá buscar seus direitos com base no CDC. Uma pessoa que tenha a reclamar de suas contas de água ou energia elétrica, por exemplo, poderá fazê-lo como consumidora. Lembramos que os serviços retratados são fornecidos por empresas de controle estatal.
Não basta compreendermos quem são os consumidores, fornecedores e suas relações, mas, também, quais são os objetos de tais relações de consumo. Referidos objetos serão alvo de nosso estudo no próximo tópico, denominado Produtos e Serviços.
3.3. Produtos e Serviços
Apresentaremos, neste tópico, uma análise dos termos, produtos e serviços, cuja nomenclatura foi escolhida pelo legislador do CDC para indicar, respectivamente, os bens adquiridos pelo consumidor e a prestação de serviços por este contratada.
A relação de consumo, conforme já analisamos, apresenta dois pólos, consumidor e fornecedor, os quais têm interesses voltados para o objeto da relação. O objeto da relação por sua vez será, necessariamente, um produto ou um serviço, que nos serão apresentados, em separado, nos subtópicos seguintes.
3.3.1. Produtos
O parágrafo primeiro do artigo 3º do CDC, assim define o termo produto:
Para compreendermos o teor do dispositivo legal em foco, cumpre buscarmos bom entendimento do que seria um bem móvel e um bem imóvel. Nesse intuito, não poderíamos encontrar melhor resposta que na retratação dos artigos 47 e 79, do Código Civil (Lei 10.406/2002) que assim preconizam, respectivamente:
	Bens móveis
	Bens imóveis
	“São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia.”
	“[...]são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.”
Lembramos que bens imóveis podem ser, por exemplo, uma fazenda, lote, casa ou apartamento. E como bens móveis, entendemos como um variado e extenso elenco de produtos alvo de compra pelo consumidor, tal como eletrodomésticos, roupas, móveis, máquinas e muitos mais.
No que tange aos bens materiais e imateriais, temos que os primeiros são bens corpóreos, com manifestação física. Já os bens imateriais são aqueles incorpóreos e abstratos, que prescindem de corpo físico, os quais também são resguardos pela legislação consumerista. O legislador quando se referiu a esses buscou abranger todas as possibilidades de produtos oferecidos ao consumidor, de forma que nada pudesse escapar às garantias consumeristas. Como exemplos de bens imateriais temos, dentre muitos, a moral, um sentimento ou a reputação. 
Agora certamente você se pergunta: 
Como alguém poderia adquirir um bem imaterial? 
Veremos adiante que bens dessa natureza são acompanhados de um produto material ou serviço. Afinal, como alguém poderia comprar alegria ou satisfação? Tais sentimentos, como bens imateriais que são, se prendem a um produto ou serviço.
Apresentaremos, por fim, os dizeres e exemplo do jurista Rizzato Nunes, que assim nos ensina sobre o tema:
Temos que lembrar, então, que qualquer venda de produto implica a simultânea prestação de serviço. (...) Assim, por exemplo, para vender um par de sapatos, o lojista tem de, ao mesmo tempo, prestar serviços: vai atender o consumidor, trazer os sapatos por ele escolhidos, colocá-los nos seus pés para que os experimente, dizer como pode ser feito o pagamento, passar o cartão de crédito na maquineta etc.
Assim a designação “produto” é utilizada, por exemplo, nas atividades bancárias (mútuo, aplicação em renda fixa, caução de títulos etc). Tais “produtos” encaixam-se, então, na definição de imateriais.
Agora que já estudamos os “produtos”, passaremos, no próximo subtópico, à análise do tema “serviços”.
3.3.2. Serviços
Quanto aos serviços, poderemos ter boa compreensão do tema através da leitura do parágrafo 2º, do artigo 3º do CDC, que traz a seguinte definição: 
Ao se referir ao serviço, a lei procurou defini-lo de maneira abrangente, incluindo, especificadamente, as atividades de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, não deixando margens a maiores dúvidas.
Quanto às relações de natureza bancária, comentamos que foi decido pelo Supremo Tribunal Federal, de maneira definitiva, a ADIN – ação direta de inconstitucionalidade – que visava excluir os serviços bancários da relação de consumo. O STF ratificou os termos do CDC, considerando-o plenamente aplicável a relações bancárias.
Outro ponto acerca da definição de serviço que merece nossa atenção diz respeito ao fato que os serviços prestados sob vínculo empregatício não estão à mercê do CDC, mas sim, por da legislação trabalhista. 
Veja só o exemplo:
Um empregado doméstico, que ao realizar seus serviços causa um dano ao seu patrão, não poderá ser obrigado a reparar o dano com base em normas de defesa do consumidor, pois se trata de uma relação trabalhista e não de consumo.
Pois bem, no próximo tópico, apresentaremos-lhe os importantes princípios consumeristas, que norteiam o direito do consumidor.
3.4. Os Princípios Consumeristas 
Sobre os princípios consumeristas, você imagina quais são os princípios consumeristas mais importantes? 
Iniciaremos agora a apresentação de alguns deles, irradiados do próprio CDC, quais sejam: o princípio do protecionismo e do imperativo da ordem pública e do interesse social; e o da vulnerabilidade. 
Vejamos:
	O princípio do protecionismo e do imperativo da ordem pública e do interesse social
	Vulnerabilidade
	O princípio do protecionismo e do imperativo da ordem pública e do interesse social tem origem constitucional (artigos 5ºXXXII e 170, V) e vem retratado no artigo 1º do CDC, impondo ao Estado o dever de proteção ao consumidor face à atividade e ao poder econômico. Um bom exemplo de sua aplicação nos é apresentada no artigo 47 do Código de Defesa do Consumidor, que preceitua: “As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
	O Inciso I, do artigo 4º do CDC retrata o princípio da vulnerabilidade do consumidor, reconhecendo-o como parte mais fraca na relação de consumo. Presume-se o consumidor como parte menos capacitada a se defender com paridade de forças, nas relações com o fornecedor, que é, teoricamente, pleno conhecedor do produto e detentor de maior poder econômico.
Devemos saber da existência de outros princípios norteadores do direito do consumidor, os quais nos serão apresentados ao longo do nosso estudo, tais como:
No próximo subtópico, compreenderemos porque o consumidor, além de vulnerável, é considerado hipossuficiente.
3.4.1. A Hipossuficiência 
A hipossuficiência do consumidor vem retratada no artigo 6º, inciso VIII, do CDC e tem a mesma base de presunção de debilidade do consumidor apresentada quando estudamos o princípio da vulnerabilidade. Todavia, a hipossuficiência se traduz em termos práticos, ou seja, se manifesta no fato do CDC impor a inversão do ônus da prova, em favor do consumidor. 
Mas, o que seria, então, ônus da prova? 
Vamos refletir juntos:
Como regra geral de direito, sabemos que quem alega algo deve provar
, entretanto, a lei consumerista oferece exceção a esta regra, impondo ao fornecedor provar que não descumpriu a lei. Ou seja, o ônus da prova é do fornecedor e não do consumidor que alega a lesão e busca seus direitos. 
Prudente sabermos que a alegação do consumidor deve ter fundo real e conexões lógicas com os fatos, sem o que não será possível atendê-lo. Ao considerar o consumidor como hipossuficiente, o CDC não visa simplesmente protegê-lo, mas sobretudo, dar equilíbrio às relações com fornecedores.
Ao adentramos no próximo tópico, conheceremos os direitos básicos dos consumidores.
3.5. Direitos Básicos do Consumidor
Apresentaremos agora os direitos básicos do consumidor, os quais também são por muitos tratados como princípios, por nortearem toda a legislação consumerista. A manutenção desses direitos se integra, ainda, nos objetivos prioritários da Política Nacional de Relações de Consumo.
Como direitos básicos do consumidor, citamos, inicialmente, os seguintes:
· a proteção da vida;
· a saúde;
· a segurança contra riscos provocados por práticasno fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos e
· o direito à educação e a divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações. 
Quanto ao direito à informação clara e precisa dos serviços ou produtos fornecidos, devemos saber que eles devem informar, por exemplo, sua quantidade, composição, riscos e preço. Afinal, não basta que os produtos sejam bons ou eficientes, será necessário também que o consumidor seja adequadamente informado sobre o bem ou serviço, a fim que dele faça bom uso e não corra riscos.
Também é direito básico do consumidor a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva e métodos comerciais desleais. Não se preocupe, pois melhor analisaremos esse tema na Unidade 02 - Defesa do Consumidor: Sua Proteção, Responsabilidade do Fornecedor e Práticas Comerciais. 
Ainda como direito básico do consumidor, apresentamos-lhe o direito à proteção contra cláusulas e imposições desleais praticadas por qualquer fornecedor, modificação de cláusulas contratuais injustas e desproporcionais e direito à prevenção e reparação por danos sofridos. Aprofundaremos nosso estudo desses direitos na Unidade 03 - Proteção Contratual, na qual certamente também teremos muito a aprender.
Por fim, temos que o consumidor também fará jus ao direito básico de fácil acesso aos órgãos judiciários e administrativos de promoção de defesa do consumidor, tema alvo de nossa apresentação na Unidade 04 - Da Defesa do Consumidor em Juízo.
No próximo tópico, veremos o porquê de ser o CDC considerado um eficiente microssistema.
3.6. O CDC como microssistema 
Primeiro, saberemos o porquê do CDC ser considerado um microssistema jurídico. Conforme podemos perceber no direito de maneira geral, há sistemas complexos para atender ao objetivo de uma lei, fazer com que esta seja efetivamente cumprida. Um mesmo ato ou infração legal poderá ter reflexos civis, penais, administrativos e certamente processuais, envolvendo, portanto, várias áreas do direito. 
Por exemplo, um motorista embriagado, ao colidir com outro veículo, deverá ressarcir os prejuízos causados, o que representa uma condenação na área cível, podendo também, pelo mesmo ato, ser preso por homicídio doloso, que é uma condenação criminal.
O CDC, apesar de contar com todo um sistema jurídico alheio ao seu próprio texto, contém disposições de natureza diversificada, que lhe conferem amplo alcance. Podemos vislumbrar no CDC, dispositivos que estabeleçam crimes contra o consumidor e normas de processo civil, por exemplo, ao tratar da proteção da atuação do consumidor perante a justiça e da inversão do ônus da prova. Verificamos, ainda, disposições relacionadas ao direito administrativo, vez que o CDC impõe procedimentos aos órgãos envolvidos na relação de consumo. 
Percebemos no CDC uma combinação de diversas áreas do direito, formando um pequeno e próprio sistema jurídico, assim, temos que o CDC caracteriza-se como um verdadeiro microssistema jurídico. Tal caracterização confere à legislação consumerista destacada precisão e eficiência na consecução do seu objetivo, qual seja, a proteção e defesa do consumidor. 
Finalizaremos o tema com os dizeres do jurista Carlos Alberto Bittar 
:
O CDC é regime próprio para a defesa do consumidor, com a fixação de princípios básicos e a estruturação das entidades próprias de controle; são vedadas condutas e disposições contratuais consideradas abusivas; são limitadas certas práticas, inclusive, contratuais, lesivas a interesses dos consumidores; são sancionadas, em níveis administrativo, penal e civil, as condutas condenáveis; e são instituídos mecanismos próprios, no campo processual, para a satisfação dos direitos em causa.
Na unidade seguinte, analisaremos a defesa do consumidor, sua proteção e responsabilidades do fornecedor.
4. Teoria na Prática 
Grandes indústrias vão atrás do pequeno varejo!
Apresentaremos para reflexão, acórdão de discussão firmada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, onde uma pessoa jurídica tentava se valer das regras do CDC para discutir contrato firmado junto à instituição bancária.
Veremos que a empresa recorrente não preenchia os pressupostos necessários à condição de consumidora, não fazendo jus, assim, às garantias do CDC. No acórdão abaixo, perceberemos, ainda, bem colocada manifestação dos desembargadores sobre o consumidor por equiparação, hipossuficiência, inversão do ônus da prova e vulnerabilidade. Vejamos:
FINANCIAMENTO DESTINADO AO INCREMENTO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA - INEXISTÊNCIA DE PROVA DE VULNERABILIDADE - RELAÇÃO DE CONSUMO NÃO CARACTERIZADA - INAPLICABILIDADE DE LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. MEDIDA EXCEPCIONAL - AUSÊNCIA DE HIPOSSUFICIÊNCIA. INDEFERIMENTO. 
"O conceito de consumidor adotado pelo Código foi exclusivamente de caráter econômico, ou seja, levando-se em consideração tão somente o personagem que no mercado de consumo adquire bens ou então contrata a prestação de serviços, como destinatário final, pressupondo-se que assim age com vistas ao atendimento de uma necessidade própria e não para o desenvolvimento de uma outra atividade negocial".
- Ainda que o artigo 29 do CDC permita que determinadas pessoas sejam equiparadas ao consumidor, mesmo não sendo destinatárias finais, para que isso ocorra é necessário que outro elemento se faça presente, qual seja, a vulnerabilidade frente ao fornecedor ou prestador de serviços.
- A inversão do ônus da prova é medida excepcional, que não deverá ser banalizada pelos pretórios, operando-se somente quando verificada a dificuldade ou impossibilidade do consumidor em demonstrar, pelos meios ordinários, a prova do fato que pretende produzir.
(Agravo de Instrumento nº 1.0024.06.118792-8/001(1), 17ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, Relator IRMAR FERREIRA CAMPOS, j. 15/02/2007.)
5. Recapitulando 
Depois de apresentados os temas desta unidade inicial, você estará apto a visualizar uma relação de consumo, suas partes e elementos essências. Afinal, indispensável será a correta distinção e análise dos consumidores e fornecedores, bem como dos produtos e serviços alvo da relação de consumo.
Vale lembrarmos que:
	Consumidor
	Fornecedor
	É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
	É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, que desenvolva atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Não poderemos nos esquecer dos direito básicos do consumidor, como o direito à proteção da vida, à saúde e à segurança contra riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos.
Importante também reconhecermos os princípios norteadores do Direito do Consumidor, tais como o da vulnerabilidade, os quais servem de base para adentrarmos nas próximas unidades.
Pois bem, vocês foram apresentados ao Direito do Consumidor, agora vamos prosseguir aprofundando no estudo. 
Não deixem de consultar bons livros, veja a seção Referências e sites especializados na seção Amplie seus conhecimentos.
6. Amplie seus Conhecimentos 
Você sabia que há na Internet vasta gama de sites oficiais especializados em defesa do consumidor? 
Neles, há disposição de toda a legislação específica, artigos, casos concretos e muitas informações sobre os direitos do consumidor. Podemos indicar a visita às seguintes páginas:
Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Disponível em: http://www.proteste.org.br 
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Disponível em: http://www.idec.org.br . Neste site aproveite para observar os casos concretos à disposição.
Portal do Consumidor. Disponível em: http://www.portaldoconsumidor.gov.br 
No site http://jus.uol.com.br existem vários artigos interessantes, dentre os quais sugerimos:
Como identificar uma relação de consumo deDaniel Diniz Manucci;
O conceito de consumidor na relação jurídica de consumo de Victor Santos Queiroz;
Reflexões acerca da definição de consumidor no direito brasileiro de André Gustavo Salvador Kauffman;
A soberania do consumidor de Bertram Oliveira de Alcântara Carvalho; 
Do conceito ampliado de consumidor de Nehemias Domingos de Melo. 
Para acessá-los você precisa clicar em Doutrina, em seguida clique em Direito do Consumidor e, por último, em Consumidor e Fornecedor.
Não esqueça! Um bom livro o ajudará muito a atingir seus objetivos. A unidade que terminamos de apresentar também poderá ser bem visualizada pelo seguinte código de defesa do consumidor comentado:
NUNES, Rizzatto. Comentários ao código de defesa do consumidor. 2ª ed. Reform. São Paulo: Saraiva, 2005.
7. Referências 
Apostilas do curso de Especialização em Gestão Estratégica de Marketing do UNICENTRO NEWTON PAIVA. 2000.
BLESSA, Regina. Merchandising no Ponto-de-Venda. São Paulo: Atlas. 2003.
CHURCHILL JR, Gilbert. PETER. J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2000.
KEEGAN, Warren J. Princípios de Marketing Global. São Paulo: Saraiva, 1999
KOTLER, Philip, ARMSTRONG, Gary. Principícios de Marketing. Rio de Janeiro. PHB - Prentice Hall do Brasil, 1993.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1998. 
KOTLER, Philip. Princípios de Marketing. 7ª ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1998.
MACHIINE, Claude: Gestão de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2005.
REVISTA HSM. São Paulo, Janeiro-Fevererio. 2004. número 42.
SIMONI, João: Promoção de Vendas. São Paulo: Makron Books, 1997.
Unidade 2: Proteção ao Consumidor
1. Nosso Tema
Apresentaremos, nesta unidade, várias faces da ampla proteção dispensada ao consumidor nas suas relações com o fornecedor e frente às práticas comerciais.
Analisaremos ainda o direito do consumidor à prevenção e à reparação por danos, bem como a desconsideração da personalidade jurídica do fornecedor, importante ferramenta em prol dos consumidores.
Você aprenderá sobre os seguintes temas:
· Saúde e segurança do consumidor;
· Responsabilidade do fornecedor;
· Dos prazos para reclamar;
· Desconsideração da personalidade;
· Práticas comerciais;
Vamos começar?
2. Para Refletir 
Para compreender melhor os temas tratados no decorrer desta unidade, você deve refletir sobre: 
· Como o consumidor será protegido de maneira preventiva? E caso sofra um dano, como o fornecedor deverá repará-lo?
· Que prazos terá o consumidor para exercer seus direitos?
· O que vem a ser a desconsideração da personalidade jurídica? Os sócios e proprietários de empresas fornecedoras também devem garantir a reparação ao consumidor?
· Que práticas comerciais podem lesar ao consumidor?
· Como se constitui e funciona o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor?
Você pensou sobre cada uma dessas questões? Encontrou respostas? 
Nesta Unidade 2, vamos apresentá-lo aos importantes temas e responder aos questionamentos acima.
Vamos lá?
3. Conteúdo Didático
3.1. Saúde e segurança do consumidor
Como já tivemos oportunidade de verificar na Unidade 1, 
E
Podemos perceber claramente o caráter preventivo da norma consumerista. Para compreendermos o objetivo dos artigos que acabamos de ler, devemos ter em mente que os riscos oferecidos pelos produtos e serviços se dividem em riscos previsíveis ou esperados e imprevisíveis, os quais são desconhecidos e inesperados pelo consumidor. 
	Risco
	Conceito
	Exemplo
	Previsível ou esperado
	Os riscos previsíveis são inerentes ao uso rotineiro do produto e não carecem de melhores informações.
	Um ferro elétrico ou uma faca de cozinha oferecem riscos claros aos seus usuários. Entretanto, tais riscos não dependem de melhores conhecimentos do consumidor. 
Caso alguém se queime ao encostar o braço num ferro elétrico ou se corte com uma faca de cozinha, não poderá culpar o fornecedor pelo fato. Certamente, o acidente não ocorreu por falta de informação do fornecedor ou pelo desconhecimento do risco por parte do consumidor. 
	Imprevisível
	O risco oferecido pelo produto não esteja ao alcance da normal percepção do consumidor, tornando-se imprevisível.
	Há desodorantes que são produtos altamente inflamáveis e estão acondicionados sob pressão. Nesse caso, o fornecedor terá por obrigação alertar sobre o perigo.
Devemos compreender que o fornecedor de produtos nocivos ou perigosos não estará necessariamente impedido de colocá-los à venda, mas deverá informar de maneira ostensiva e adequada a respeito da nocividade e periculosidade do produto.
Agora que estudarmos os aspectos de prevenção à saúde e à segurança, veremos, no tópico seguinte, que o fornecedor tem, também, o dever de reparação pelos danos causados ao consumidor.
3.2. Responsabilidade do fornecedor
Agora vamos ver que, segundo o CDC, 
O fornecedor é responsável pelo fato danoso causado pelo produto e também pelo serviço por ele oferecido, devendo ressarcir e indenizar o consumidor pelos prejuízos sofridos, sejam esses patrimoniais ou morais.
Podemos imaginar várias situações, nas quais produtos e serviços causem danos físicos, patrimoniais e morais ao consumidor. Por exemplo, um acidente automobilístico por defeito na direção do veículo, o consumo de alimentos deteriorados ou mesmo um acidente aéreo. 
Importante sabermos que o fornecedor, além de se responsabilizar pelo dano causado ao consumidor, por fato de consumo, será responsável também pelos vícios do produto.
Para bom entendimento da palavra “vício”, buscamos esclarecimentos na explicação do jurista De Plácido e Silva
, que assim nos ensina: “Vício. Do latim virtium, em sentido amplo significa [...] a falha, a imperfeição ou a irregularidade que se possam apresentar sobre as coisas”. Melhor analisaremos a responsabilidade pelo vício do produto no subtópico 3.2.2 - Responsabilidade pelo vício.
Também é garantia basilar do consumidor que os produtos e os serviços a ele fornecidos atinjam a prestabilidade esperada e respeitem, com fidelidade, as informações contidas em embalagens ou mensagens publicitárias. 
Pois bem, vimos que o fornecedor é responsável pela reparação por danos causados por defeitos de produtos e serviços, assim como pelo vício. Aprimoraremos nosso conhecimento nos subtópicos seguintes: Responsabilidade pelo fato danoso; Responsabilidade pelo vício e Responsabilidade solidária.
3.2.1. O defeito
O nosso Código de Defesa do Consumidor se dedica, nos seus artigos 12 a 17, ao tema: “Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço”. Pois bem, compreendemos por 
Agora melhor compreenderemos sobre a responsabilidade do fornecedor pelos defeitos de produtos e serviços, o que implica o dever de reparação pelos prejuízos materiais e imateriais sofridos pelo consumidor. É importante sabermos como o CDC adota o princípio da responsabilidade objetiva e aplica o termo “defeito”, vejamos: 
	Responsabilidade objetiva do fornecedor que causa dano ao consumidor
	Conceito:
	Basta ocorrer um dano ocasionado pela relação de consumo para que o fornecedor seja responsável pela reparação do mal causado. Será necessário apenas haver o nexo causal entre o mal sofrido pelo consumidor e o produto ou serviço para que o fornecedor seja responsável. Todavia, é importante sabermos que caso o dano se dê por culpa exclusiva do consumidor ou o fornecedor comprove que não colocou o bem no mercado ou inexista defeito no produto, não haverá responsabilidade do fornecedor.
Obs.: Não é necessário que haja má-fé ou culpa do fornecedor para que este seja responsabilizado, basta que um defeito do produto ou serviço tenha ocasionado o dano.
	Exemplo:
	Um consumidor que sofra um acidente ao enfiar a mão dentro do copo de um liquidificador ligado, por exemplo, não poderá responsabilizar o fabricante pelo dano que venha a sofrer.
	Responsabilidade do fornecedor, fabricante, produtor, construtor ou importador pela reparação dos danos causados em decorrênciade defeitos de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre utilização e riscos.
	Conceito:
	Entendemos que um produto será considerado defeituoso quando não oferecer a segurança que dele se espera. Para justa apuração da existência do defeito, devemos levar em conta a apresentação e informações do bem, sua maneira de uso e os riscos normais a ele inerentes, bem como a época em que o bem foi colocado em circulação. 
	Exemplos:
	O motorista que sofre danos físicos por falha no air bag do veículo. E, ainda, a dona de casa que sofre um choque elétrico ao manusear normalmente uma batedeira.
Como até o momento apresentamos apenas os deveres do fabricante, produtor, construtor ou importador, você deve estar se perguntado:
E a responsabilidade do comerciante, ou seja, daquele que faz a venda do produto ao consumidor?
Pois bem, o comerciante será igualmente responsável nas seguintes hipóteses: quando o fabricante, produtor, construtor ou importador não puderem ser identificados ou mesmo quando o produto não os identificar claramente; e, ainda, quando o comerciante não conservar adequadamente um produto perecível.
	Responsabilidade do prestador de serviços, afinal, não somente os produtos defeituosos causam danos aos consumidores, mas, também, serviços mal prestados.
	Conceito:
	O fornecedor de serviços responderá, objetivamente, pela reparação de danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e seus riscos. O serviço prestado será defeituoso quando não oferecer a segurança que dele se espera. Para apuração do defeito e do que seria a segurança esperada da prestação de serviços, devemos observar o seguinte:
· o modo do fornecimento do serviço,
· o resultado e 
· os riscos que razoavelmente dele se esperam e 
· a época em que foi fornecido.
	Exemplos:
	Um hóspede que se acidenta na piscina de um hotel por falta de sinalização adequada, e, ainda, o motorista que tem o carro roubado em um estacionamento na cidade.
É importante saber que os profissionais liberais também estão sujeitos às normas consumeristas, responsabilizando-se, pessoalmente, pelos danos causados ao consumidor, desde que comprovada sua culpa.
O comerciante, fabricante, produtor, construtor, importador ou profissional liberal não serão responsabilizados caso comprovem que o defeito do serviço é inexiste ou que o fato danoso se deu por culpa exclusiva do consumidor.
Lembramos que qualquer pessoa vitimada por defeitos de produtos ou serviços, ainda que não tenha participado de uma compra ou contratação de serviços será considerada consumidora e poderá requerer a reparação dos danos que tenha sofrido. Nesse sentido, vale recordarmos o item 3.2.1 da Unidade 1, em que apresentamos o consumidor por equiparação.
A seguir, você compreenderá a responsabilidade do fornecedor pelo vício do produto ou serviço.
3.2.2. O vício
Segundo o artigo 18 do CDC, o fornecedor é responsável pelos vícios do produto e serviço e são considerados vícios as características de qualidade e quantidade que tornem os produtos impróprios ou inadequados ao uso a que se destinam ou reduzam seu valor. Como exemplo, imaginemos uma impressora cuja impressão seja ilegível.
Também constituem vícios a disparidade das indicações do recipiente, da embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitária do produto. Seguiremos no exemplo de uma impressora, que dessa vez, apenas imprime em preto e branco, apesar de seu manual e embalagens afirmarem que as impressões são coloridas.
Devemos estar atentos ao fato de que o vício é diferente do defeito
 que, conforme aprendemos no subtópico anterior, não é necessariamente um problema de qualidade ou quantidade, mas se caracteriza quando o produto ou serviço não oferece a segurança que dele se espera, podendo causar um acidente de consumo. 
Para boa compreensão do tema em foco, vejamos alguns exemplos de vícios: 
	Exemplos de Vícios
	Um forno que não esquenta;
	Um aparelho celular com pouca sensibilidade aos sinais;
	Um veículo novo com riscos ou com a lataria amassada;
	Uma lata de óleo que indique conter um litro e contenha de fato oitocentos mililitros ou
	Um álbum que informe ter trinta páginas e tenha vinte e cinco.
O CDC dispõe que não sendo sanado o vício no prazo máximo de trinta dias, o consumidor poderá exigir, à sua escolha, a substituição do produto por outro da mesma espécie e em boas condições, o abatimento no preço do bem, a restituição imediata do valor pago, devidamente corrigido, ou ainda a complementação do peso ou medida do produto.
As partes podem convencionar a redução ou aumento do prazo de trinta dias para sanar o vício, que não poderá ser inferior a sete ou superior a cento e oitenta dias.
Caso o consumidor opte pela substituição do bem e ela não seja possível, poderá ainda receber produto de outra espécie, marca ou modelo, mediante complementação ou restituição da diferença do preço.
Agora que já analisamos a responsabilidade pelo vício do produto, veremos que o fornecedor responde, também, pelos vícios de qualidade dos serviços, que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária.
Percebendo o vício do serviço, o consumidor terá como alternativas exigir: a reexecução dos serviços; a restituição imediata da quantia paga, devidamente atualizada; ou o abatimento proporcional do preço.
O parágrafo segundo, do artigo 20 do CDC, ainda acrescenta que
É importante que você tenha conhecimento que o CDC veda os contratos de prestação de serviços que contenham cláusulas que exonerem os fornecedores de responsabilidades pelos vícios dos serviços. 
Lembramos, por fim, que as garantias consumeristas contra os vícios dos produtos ou serviços podem ser executadas sem prejuízo do direito do consumidor também ser reparado por perdas e danos que venha a sofrer.
Pois bem, no próximo subtópico, analisaremos a responsabilidade solidária dos fornecedores.
3.2.3. A Solidariedade
Primeiro, você deve compreender o que é responsabilidade solidária. Para tanto, apresentaremos o artigo 264 do Código Civil Brasileiro
, que assim dispõe: 
Agora podemos compreender que por serem os fornecedores responsáveis solidariamente, eles respondem, em conjunto e cada um pela totalidade da obrigação, pelo mal causado ao consumidor. Um consumidor lesado por comprar um aparelho de som que não sintonize rádios poderá reclamar de todos aqueles participantes da cadeia de fornecimento, seja ele o fabricante, o importador ou o comerciante, por exemplo.
Podemos assim concluir que todos os fornecedores participantes da cadeia de produção têm responsabilidade pelo produto ou serviço, sejam eles produtores, construtores, importadores ou outros mais.
Quanto à responsabilidade pelo defeito, é importante relembrar nosso estudo do subtópico 3.2.1, em que aprendemos que o comerciante somente será responsabilizado apenas quando: o fabricante, produtor, construtor ou importador não puderem ser identificados; quando o produto não os identificar claramente; ou quando o comerciante não conservar adequadamente um produto perecível.
Já no que tange à responsabilidade pelo vício, devemos saber que todos os fornecedores serão solidariamente responsáveis, inclusive os comerciantes. Nesse sentido, contamos com a explicação dos professores Cláudia Lima, Antônio Herman e Bruno Miragem
 que assim ensinam sobre o assunto:
“No sistema do CDC respondem pelo vício do produto todos aqueles que ajudaram a colocá-lo no mercado, desde o fabricante (que elaborou o produto e o rótulo), o distribuidor, ao comerciante (que contratou com o consumidor). A cada um deles é imputada a responsabilidade pela garantia de qualidade-adequação do produto.”
Saberemos adiante, dos prazos conferidos ao consumidor para valer-sede seus direitos.
3.3. Dos prazos para reclamar
O consumidor terá um tempo limitado por lei para que possa exercer seus direitos. Os prazos serão diferentes conforme o grau de dificuldade para percepção do vício e a duração do produto ou serviço. Ou seja, os prazos variam conforme sejam os vícios aparentes ou ocultos e os serviços e produtos duráveis e não duráveis.
Veja mais detalhes sobre esses tipos de vícios e serviços no quadro abaixo:
	Tipo
	Conceito
	Exemplos
	Vício aparente
	Entendemos como sendo aquele de fácil constatação pelo consumidor, percebido pela simples utilização do produto.
	Um bom exemplo é o rádio que não sintoniza as estações ou o serviço do eletricista que deixou o veículo sem pisca alerta e luz no painel.
	Vício oculto
	Por sua vez, tem percepção mais difícil e nem sempre imediata.
	Podemos citar, como exemplo, o pneu de um automóvel que apresenta falha não perceptível na estrutura, mas que no decorrer do tempo fará com que o produto se torne imprestável. Citamos ainda o sistema de alarme que, apesar de ligado, tem problemas no sensor interno.
	Produtos e serviços não duráveis
	Compreendemos como aqueles rapidamente consumidos.
	Alimentos, refrigerantes, cosméticos, um serviço de organização de uma festa, apresentações artísticas e outros mais.
	Produtos e serviços duráveis
	Compreendemos como aqueles que têm vida útil mais longa.
	Eletrodomésticos, automóveis ou imóveis. Também podemos apontar os serviços bancários, de TV a cabo ou financiamentos.
Dessa forma, estamos prontos a compreender o teor do artigo 26 do CDC, que assim dispõe:
O prazo terá início após a efetiva entrega do bem ou serviço, e, no caso de vício oculto, será iniciada a contagem depois que ficar evidenciado o problema.
Por fim, informamos-lhe que o consumidor terá o prazo de cinco anos para buscar reparação de danos, em geral causados por fato de produto ou serviço, a partir do conhecimento do dano e sua autoria. Vejamos o exemplo: Um consumidor vítima de erro médico cometido em uma cirurgia terá cinco anos para reclamar, contados a partir da percepção do dano e do nexo causal com a cirurgia mal feita.
Passaremos agora ao nosso próximo tópico, em que estudaremos a desconsideração da personalidade jurídica.
3.4. Desconsideração da personalidade
A desconsideração da personalidade jurídica do fornecedor está disposta no artigo 28 do CDC, e se consubstancia na possibilidade do juiz responsabilizar pessoalmente os sócios de uma sociedade empresarial pelos danos causados aos consumidores por seus produtos e serviços.
A responsabilidade pelo vício ou defeito do produto, como sabemos, é do fornecedor. Caso o fornecedor seja pessoa jurídica e não arque com sua obrigação face aos consumidores, seja por abuso de direito, excesso de poder, infração de lei, falência e outras causas mais, poderá o juiz determinar que os sócios da sociedade empresarial arquem pessoalmente com os valores devidos ao consumidor.
Imaginemos o exemplo hipotético da empresa fornecedora Irmãos Silva Indústria e Comércio Ltda., pertencente aos sócios José Silva e Joaquim Silva, que deixa de cumprir decisão judicial de indenização em favor de um consumidor. Nesse caso, após tentativa de recebimento junto à fornecedora, o magistrado poderá desconstituir a personalidade jurídica da empresa Irmãos Silva e cobrar as obrigações das pessoas físicas dos sócios José Silva e Joaquim Silva.
Depois de conhecermos a desconsideração da personalidade jurídica, passaremos ao próximo tópico, em que estudaremos as práticas comerciais.
3.5. Das práticas comerciais
Você sabe quais são as práticas comerciais dos fornecedores e consumidores, alvo de nosso estudo?
Neste tópico, buscaremos analisar as seguintes práticas:
As práticas comerciais acima citadas são tratadas nos artigos 29 a 44 do CDC e, por isso, merecerão nossa especial atenção nos subtópicos a seguir.
Devemos, por oportuno, relembrar o artigo 29 do CDC, já analisado por nós na unidade inicial, que determina que, para fins de proteção contra as práticas comerciais, equiparam-se a consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas comerciais.
Passaremos adiante à apresentação dos seguintes subtópicos: Da oferta e publicidade; Das práticas abusivas e Das dívidas e cadastros de consumidores.
3.5.1. Oferta e publicidade
Vamos ver agora as práticas comerciais da oferta, apresentação e publicidade dos produtos e serviços? 
O CDC, através de seus artigos 30 a 35, cuida da oferta, apresentação e publicidade dos produtos e serviços, de forma a proteger o consumidor que esteja à mercê de tais práticas comerciais.
A legislação consumerista protege o consumidor do modo como o fornecedor ofertará, apresentará e fará publicidade do produto no mercado, garantindo que toda oferta ou publicidade relativa a produtos e a serviços veiculada, inclusive pelos meios de comunicação, obrigará o fornecedor a cumpri-la nos exatos termos informados ao público consumidor.
A oferta de produtos de um supermercado, por exemplo, em folhetos ou num jornal obriga o fornecedor a manter os preços e forma de pagamento, nos termos como foram ofertados. A mesma situação podemos observar na apresentação de um produto na prateleira, pois valerá o preço constante nesta e não no caixa. A oferta e apresentação constituem sério compromisso do fornecedor para com os consumidores.
É importante sabermos também que as informações veiculadas na oferta e apresentação de produtos e serviços devem conter dados claros sobre o que se oferta, suas características, composição, preço, qualidade, quantidade, garantia, prazos de validade, riscos, origem e outros dados necessários à correta informação ao consumidor.
Os fornecedores também serão obrigados a manterem em oferta, ou seja, à disposição para venda, peças e componentes de produtos, enquanto não cessada a fabricação ou importação de produto e, caso cessada, por um tempo razoável, variável conforme natureza do produto ou serviço. 
Caso o fornecedor se recuse a cumprir os termos da oferta, apresentação e publicidade, o consumidor poderá, conforme lhe garante o artigo 35 do CDC, exigir: “o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade”; “aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente”; ou “rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos”.
Merece nossa atenção o fato de que a legislação consumerista coíbe, também, toda publicidade enganosa ou abusiva. 
Temos como publicidade enganosa a que dissemina informações falsas, omissas ou que possam induzir o consumidor ao erro.
A publicidade abusiva é aquela que seja, por exemplo, discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeite valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigoso à sua saúde e segurança. Tais práticas são reprimidas e penalizadas pelas autoridades de defesa do consumidor.
Após termos analisado a oferta e a publicidade, passaremos ao próximo subtópico, em que aprenderemos sobre as práticas abusivas.
3.5.2. Práticas abusivas
Você sabe dizer o que são e quais são essas práticas abusivas? 
As práticas abusivas podem ser compreendidas como aquelas resultantes do excesso no exercício de um direito do fornecedor, causando danos ao consumidor. Tais práticas quando detectadas são consideradas nulas e sem efeito.
O Código Civil Brasileiro, através de seu artigo 187, trata as práticas abusivas como atos ilícitos, dispondo que: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
Buscaremos exemplos de práticas abusivas no artigo 39 do CDC
, que dentre outras práticas veda ao fornecedor:
Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto,ou fornecer qualquer serviço; prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.
Pois bem, o fornecedor que cometer as chamadas práticas abusivas estará sujeito às penalidades administrativas e penais impostas pelo CDC, bem como estará sujeito à reparação pelos danos que causar.
A seguir, analisaremos a visão das normas de defesa do consumidor a respeito da cobrança de dívidas do consumidor e lançamento de seu nome e dados em cadastros de consumidores.
3.5.3. Cobrança e cadastros
Apresentaremos agora o modo como o CDC trata a cobrança de dívidas do consumidor e o lançamento de seus dados e informações em bancos de dados e cadastros.
Devemos saber que o consumidor inadimplente deverá ser cobrado por suas dívidas com respeito, sendo vedada sua ameaça, sua exposição ao ridículo ou qualquer constrangimento.
É importante sabermos que a inadimplência do consumidor não confere ao fornecedor o direito de usar meios de cobrança inadequados e que atinjam a pessoa do consumidor. 
O consumidor cobrado por dívida inexistente terá direito ao recebimento de quantia equivalente ao dobro do valor indevidamente cobrado. Vejamos o caso exemplificativo de um banco que cobra uma parcela mensal de financiamento, no valor de R$ 500,00 já paga pelo consumidor, levando o título a protesto em cartório. Nesse caso, o consumidor terá direito a receber o valor cobrado em dobro, sem prejuízo da indenização por danos morais.
Quanto às informações e aos dados do consumidor lançados em fichas ou quaisquer arquivos, como, por exemplo, em fichas de registro de clientes de uma loja de departamentos, o CDC traz, dentre outras, as seguintes garantias: que o consumidor terá acesso a todas as informações a seu respeito; que os dados sejam claros e verdadeiros; e, ainda, que a abertura de cadastro e arquivo de dados sejam autorizados pelo consumidor.
Vale ressaltarmos que os cadastros e dados de consumidores com informações negativas a seu respeito não poderão conter informações referentes a um período superior a cinco anos. Aplicam-se ao caso, por exemplo, os dados lançados em cadastros de consumidores inadimplentes, como SERASA e SPC.
Por fim, lembramos que os fornecedores infratores serão penalizados, conforme veremos ao longo do nosso estudo. Ademais, os órgãos públicos de defesa do consumidor, como, por exemplo, os procons, manterão cadastros atualizados de reclamações fundamentadas contra os fornecedores. As informações serão divulgadas informando sobre o atendimento ou não das reclamações.
Terminada nossa apresentação da Unidade 2, passaremos ao estudo da proteção conferida pelo CDC ao consumidor na celebração de contratos.
Vamos, então, conhecer o tema da Unidade 3, a “Proteção contratual”?
4. Teoria na Prática 
Apresentaremos, para reflexão, acórdão referente a recurso julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, em decisão referente à relação de consumo abaixo narrada.
Um consumidor vítima de fato de produto, ou seja, acidentado por causa de defeito de uma lata de tomate cujo sistema de abertura oferecia risco ao consumidor, obteve êxito em demanda contra o fabricante do produto pelos danos sofridos.
Lembramos que os danos a reparar podem ser materiais ou imateriais. 
Pois bem, o tribunal considerou que o fornecedor fabricante não ofereceu as informações necessárias para esclarecimentos dos riscos oferecidos durante a abertura do produto. A decisão do Superior Tribunal de Justiça referiu-se a processo originado de São Paulo.
Vejamos síntese do acórdão:
“CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – LATA DE TOMATE – DANO NA ABERTURA DA LATA – RESPONSABILIDADE CIVIL DO FABRICANTE. O fabricante de massa de tomate que coloca no mercado produto acondicionado em latas cuja abertura requer certos cuidados, sob pena de risco à saúde do consumidor, e sem prestar a devida informação, deve indenizar os danos materiais e morais daí resultantes”. (STJ – 4ªT. – Resp 237964/SP – rel. Ministro Ruy Rosado de Aguilar – J.16.12.1999).
5. Recapitulando
Finalizada a apresentação desta unidade, você já está ciente das garantias preventivas e reparadoras relacionadas à saúde e à segurança do consumidor, bem como dos prazos conferidos pelo CDC para que o fornecedor exercite seus direitos.
Vale recordarmos que nossa percepção de que o defeito não é o mesmo que o vício, pois ele ocorre quando as características de qualidade e quantidade dos produtos os tornam impróprios ou inadequados ao uso a que se destinam ou reduzam seu valor. Já o defeito ocorre quando o produto ou serviço não oferecer a segurança que dele se espera.
Você também aprendeu sobre a desconsideração da personalidade jurídica do fornecedor, o que possibilita ao consumidor lesado cobrar seus direitos também dos sócios de empresas inadimplentes, por exemplo.
Por fim, lembramos nossa análise das práticas comerciais, em que você compreendeu as obrigações do fornecedor face às ofertas, à publicidade, às práticas abusivas, à cobrança e ao cadastro dos consumidores.
Você se lembra? A oferta e a publicidade obrigam ao fornecedor ao cumprimento dos exatos termos destas.
Muito bem, você já adquiriu importantes conhecimentos sobre a proteção ao consumidor. Não deixe de estudar e refletir sobre nossos temas. 
Veja as dicas adiante apresentadas.
6. Amplie seus Conhecimentos
Como já informamos, há na Internet vasta gama de sites oficiais especializados em defesa do consumidor, em que você poderá visualizar toda a legislação consumerista, artigos, casos concretos e inclusive fazer reclamações. Sugerimos a visita às seguintes páginas:
MPCON – Ministério Público do Consumidor. Disponível em: www.mpcon.org.br 
Brasilcon – Instituto Brasileiro de Política e Defesa do Consumidor. Disponível em: www.brasilcon.org.br 
A unidade que você acabou de conhecer tem seu conteúdo legal básico contido nos artigos 8º a 44 do Código de Defesa do Consumidor. Brasil. Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990. Brasília, DF. Código de Defesa do Consumidor.
Para uma boa interpretação da legislação, leiam os Comentários ao Código Defesa do Consumidor. Indicamos o seguinte: MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor – O novo regime das relações contratuais. 4ª ed. São Paulo: RT, 1992.
Consulte nossa bibliografia e procure consultar bons livros. 
Bom estudo!
7. Referências
ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor. 3ª ed. revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2002.
BITTAR, Carlos Alberto. Direitos do consumidor. 3ª.ed. São Paulo: Forense Universitária, 1991.
Brasil. Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990. Brasília, DF. Código de Defesa do Consumidor
Brasil. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Brasília, DF. Código Civil.
CARNEIRO, Odete Novais - Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço. São Paulo: Editora RT , 1998
DENARI, Zelmo - Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto - Rio de Janeiro: Forense Universitária , 1999.
FILOMENO, José Geraldo Britto. Manual de direitos do consumidor. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.
GRINOVER, Ada Pelegrini, et al. Código Brasileiro do Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.
JÚNIOR, Alberto do Amaral - A responsabilidade pelos vícios dos Produtos no Código de Defesa do Consumidor - Revista de Direito do Consumidor n°. 03. Ed. RT : São Paulo , 1992.]
KHOURI, Paulo Roberto Roque Antônio. Direito do consumidor: Contratos, responsabilidade civil e defesa do consumidor em Juízo. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.
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Unidade 3: Proteção Contratual
1. Nosso Tema
A partir de agora, iniciaremos nossa apresentação e análise da proteção do consumidor face às contratações com os fornecedores.
Nesse sentido, você conhecerá os aspectos da proteção oferecida pela legislação consumerista, a fim de proteger o consumidor de contratos lesivos, obscuros ou que de alguma maneira o prejudiquem. 
Analisaremos ainda, nesta oportunidade, o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, que se constitui como efetivo instrumento de resguardo das relações consumeristas, bem como as sanções e as penalidades impostas aos fornecedores infratores do Código de Defesa do Consumidor.
Estudaremos os seguintes temas:
· Disposições gerais;
· Das cláusulas abusivas;
· Dos contratos de adesão;
· Sanção administrativa
· Infrações penais;
Vamos começar?
2. Para Refletir
Para que você melhor visualize os temas desta unidade, sugerimos-lhe que reflita sobre o seguinte:
O que caracteriza uma contratação?
Toda contratação necessita ser por escrito?
Qualquer disposição contratual obrigará o consumidor a cumpri-la?
O torna uma cláusula abusiva?
O que é um contrato de adesão?
Quais seriam a sanções e penas impostas aos fornecedores descumpridores das obrigações consumeristas?
Agora, vamos iniciar nosso estudo e esclarecer todas as suas dúvidas.
Prontos? 
Então, vamos começar!
3. Conteúdo Didático 
3.1. Disposições Gerais
Agora, analisaremos as disposições gerais do Código de Defesa do Consumidor acerca da proteção contratual.
Primeiro, você deve entender que não há necessidade de um termo formal escrito e assinado para que se configure uma contratação, pois os contratos independem de tal formalidade para que obriguem às partes.
Segundo nos ensina o Professor Washington de Barros Monteiro
 (1994, p. 04), “o contrato pressupõe, necessariamente, intervenção de duas ou mais pessoas, que se põem de acordo a respeito de determinada coisa.”
Assim, temos que o fornecimento de um produto ou serviço decorre de uma contratação efetivada entre o consumidor e o fornecedor, independentemente de haver um termo escrito e assinado por ambos. A exemplo, citamos uma simples compra em uma loja, por telefone ou pela Internet. 
Apesar de o contrato prescindir de termo escrito, o CDC também trata dos contratos escritos e suas cláusulas, conforme veremos ao longo desta unidade.
Pois bem, a partir de agora, analisaremos o amplo resguardo conferido pelo CDC às contrações de consumo. 
Deve lhe ser dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio do conteúdo do contrato e se este for escrito, não poderá ser redigido de modo a dificultar a compreensão e alcance de seus termos. 
Vejamos o exemplo de um contrato de seguro que não dispunha claramente sobre a limitação dos riscos cobertos. Nesse caso, não poderá a seguradora invocar o contrato em desfavor do consumidor.
Agora que já entendemos o que caracteriza um contrato e pudemos ver que o consumidor tem direito a um contrato claro e justo, de modo a evitar sua má compreensão dos termos e prejuízos, daremos continuidade à análise das disposições gerais sobre a proteção contratual em que lhe apresentaremos os subtópicos: 
3.1.1. Interpretação
Neste subtópico, analisaremos outro importante ponto que merece nossa atenção, a interpretação dos contratos de maneira mais favorável ao consumidor.
Tal regra está retratada no artigo 47 do CDC, que assim dispõe: 
Percebemos, assim, uma verdadeira interpretação pró-consumidor, cuja finalidade é evitar que o consumidor seja surpreendido por obrigação pela qual não tinha a intenção de se comprometer.
As cláusulas contratuais não devem deixar margens a dúvidas quanto à sua interpretação e à sua aplicação. Caso uma cláusula contratual seja ambígua ou contraditória, dando margem à dupla interpretação, vigorará a mais favorável ao consumidor que, afinal, conta com a presunção de vulnerabilidade e boa-fé em seu favor.
Ao contrato bancário, por exemplo, que contenha vários índices de correção sem definição de qual deles usar, aplicar-se-á o mais benéfico ao consumidor.
Agora que já analisamos a interpretação pró-consumidor, passaremos ao subtópico seguinte, em que estudaremos o direito de arrependimento do consumidor.
3.1.2. Arrependimento
Como já compreendemos, um consumidor poderá contratar o fornecimento de um produto ou serviço a distância e fora do estabelecimento do fornecedor, seja por telefone, internet e mesmo em domicílio. Atualmente, tais práticas ganham acentuado volume de adeptos, devido ao desenvolvimento do comércio eletrônico e comodidade apresentada para a compra.
O problema geralmente apresentado por essa modalidade de contratação é o não atendimento das expectativas do consumidor quanto à qualidade do bem ou serviço cuja contratação tenha sido efetivada fora do estabelecimento do fornecedor.
Visando socorrer o consumidor frustrado pelo fornecimento, o CDC concede a ele o prazo de sete dias para desistir do contrato, a contar da assinatura do mesmo ou do ato do recebimento do produto ou serviço.
Dentro do prazo de reflexão, ou seja, sete dias, caso o consumidor exercite seu direito de arrependimento
, será imediatamente reembolsado dos valores pagos, devidamente corrigidos.
Como exemplos, podemos citar o caso de um consumidor que contrata, por telefone, a hospedagem em uma pousada e, no prazo de reflexão, desiste de viajar. Vejamos, ainda, o pedido, via Internet, de um produto eletrônico que, ao chegar, não atende às expectativas do consumidor, que devolve o bem. 
Já cientes do direito de arrependimento do consumidor, passaremos ao próximo subtópico, em que analisaremos as garantias contratuais de produtos e serviços.
3.1.3. Garantia Contratual
Passaremos agora a tratar da garantia contratual, ou seja, daquela advinda do contrato e não da lei.
Antes de vermos a garantia contratual, analisaremos a legal, que está assim retratada no artigo 24 do Código de Defesa do Consumidor: 
Assim, temos que a garantia legal independe de termo expresso e da vontade do fornecedor, ou seja, não advém do contrato entre as partes, mas sim de imposição consumerista. Em outras palavras, podemos dizer que a garantia legal é constituída por todas as disposições legais em favor do consumidor.
Já a garantia contratual é aquela concedida pelo próprio fornecedor, conforme bem dispõe o artigo 50 do CDC:
O termo de garantia deverá ser entregue no ato do fornecimento, por escrito e redigido de maneira que esclareça adequadamente ao consumidor sobre todos os seus termos, tais como sua forma de execução, prazo, lugar ou eventual ônus.
É importante que você saiba que a garantia contratual é suplementar à legal, o que significa que um termo de garantia que ofereça desvantagens em relação à garantia legal, não prevalecerá sobre esta.
Você se lembra dos prazos de exercício da garantia legal, por nós apresentado no tópico 3.3 da unidade anterior? Pois bem, serve como exemplo da natureza complementar da garantia contratual, o caso em que esta vigore por prazo inferior ao da garantia legal, o que não afetará o direito do consumidor de reclamarcom base no CDC.
Apresentado o tema Garantia, último das disposições gerais da proteção contratual, seguiremos com a apresentação do tópico 3.2, em que analisaremos o tema “Cláusulas abusivas”.
3.2. Das Cláusulas Abusivas
O Código de Defesa do Consumidor proíbe e neutraliza as cláusulas chamadas abusivas, ou seja, aquelas que estabelecem de alguma maneira uma onerosidade excessiva em desfavor do consumidor ou contrariem as normas e princípios de defesa consumerista.
As cláusulas abusivas serão consideradas sem efeito perante o consumidor, que poderá requerer a nulidade destas e, por conseguinte, o exercício de seus direitos.
A nulidade da cláusula prejudicial poderá ser requerida pelo próprio consumidor ou entidade que o represente, como, por exemplo, o Ministério Público.
O artigo 51 do CDC procurou elencar, sem limitar, as cláusulas que caracterizem a abusividade contratual. A partir de agora, analisaremos algumas situações contratuais que se caracterizam como cláusulas abusivas:
Inicialmente, veremos que todas as cláusulas contratuais que impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor ou implique renúncia do consumidor aos seus direitos serão consideradas abusivas e, portanto, nulas.
Por exemplo, um contrato de fornecimento de uma geladeira que contenha cláusula exonerando o fornecedor de quaisquer responsabilidades pelo funcionamento do bem, repassando tal responsabilidade ao consumidor, não terá validade quanto a essa disposição. Nesse caso, poderá o consumidor se valer de seus direitos e reclamar pelos vícios do produto.
Na mesma situação de nulidade, incorrerá a cláusula contratual que transfira a responsabilidade do fornecedor a um terceiro.
Serão consideradas abusivas todas as cláusulas que subtraiam do consumidor a opção de reembolso da quantia já paga. Alertamos que a cláusula será nula apenas nos casos em que o consumidor, tenha, segundo a lei, direito à devolução de valores.
Você se recorda do direito de arrependimento por nós estudado no subtópico 3.1.2? Então, podemos citar o exemplo de um consumidor que compra um computador por telefone e, quando do recebimento do bem, desiste da compra. Nesse caso, será abusiva a cláusula que o impeça de devolver o bem e ter seu dinheiro de volta.
Serão abusivas também as cláusulas contratuais que permitam ao fornecedor alterar unilateralmente os termos do contrato, ou seja, sem a participação do consumidor, possibilitando ao fornecedor, por exemplo, alterar o preço, a quantidade, a qualidade ou o prazo de entrega do produto ou serviço.
Importante que você reconheça que será abusiva toda cláusula que estabeleça vantagem exagerada ao fornecedor. 
O parágrafo primeiro do artigo 51 do CDC destaca a vantagem exagerada como aquela que: “ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence”; “restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual”; “se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso”.
Podemos exemplificar uma cláusula abusiva citando um contrato hipotético de seguro para transporte que exclui os riscos por acidente na carga e descarga. Ora, a carga e descarga do bem são inerentes à natureza do serviço de transporte, e a não cobertura de tais riscos assim é configurada a abusividade.
Importante compreendermos que a nulidade de uma cláusula contratual não implica necessariamente a nulidade de todo o contrato ou do negócio, exceto quando a manutenção do contrato se tornar excessivamente onerosa para as partes.
Você sabia? Nos contratos de fornecimento de produtos ou serviços com pagamento a prazo, a multa de mora, ou seja, pelo atraso no pagamento, não poderá ser superior a dois por cento.
Ainda no caso de compras parceladas, será facultado ao consumidor o pagamento antecipado da dívida, total ou parcial, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
Por fim, você deve saber que o CDC também protege o adquirente de imóveis, estabelecendo que nos respectivos contratos de compra e venda, serão consideradas nulas as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas, em favor do credor, em razão do inadimplemento do consumidor.
Pois bem, terminamos nossa análise das cláusulas abusivas. No tópico seguinte, aprenderemos sobre o contrato de adesão.
3.3. Do Contrato de Adesão
Neste tópico, ocupar-nos-emos dos contratos por adesão, tratado pelo CDC, em seu artigo 54 e respectivos parágrafos.
Temos por contrato de adesão aquele “cujas características são preestabelecidas pelo parceiro contratual economicamente mais forte (fornecedor), ne varietur, isto é, sem que o outro parceiro (consumidor) possa discutir ou modificar substancialmente o conteúdo do contrato escrito”
O contrato de adesão é apresentado ao consumidor já elaborado em modelo uniforme para todos aqueles que venham a contratar com o fornecedor. Ou seja, as condições gerais da relação contratual já estarão preestabelecidas em instrumento oferecido pelo fornecedor, cabendo ao consumidor aceitar ou não contrato.
Caberá ao consumidor apenas preencher um formulário com seus dados e condições específicas como preço, data da entrega e outras. A inserção de qualquer disposição contratual no formulário preenchido pelo consumidor não desfigura a natureza de adesão do contrato.
O consentimento do consumidor aos termos do contrato, ou seja, sua adesão, é o fato gerador do vínculo contratual.
Uma compra via internet
 é um bom exemplo de contrato de adesão, afinal, quando o consumidor efetiva uma compra, adere a um modelo de contrato padrão do fornecedor, muitas vezes apresentado ao consumidor para sua efetiva adesão. Podemos buscar outro exemplo nos contratos de consórcio para aquisição de bens, em que o consumidor aceita um modelo padrão.
É importante sabermos que o fato de ser um contrato de adesão não lhe faculta conter cláusulas abusivas em desfavor do consumidor e que os contratos, quando redigidos, devem conter termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
A partir de agora, contando com seus conhecimentos acerca dos contratos de consumo, seguiremos nosso estudo dos temas sanções administrativas e infrações penais. 
Devemos aclarar que, ao longo do nosso estudo, ou seja, passadas as unidades 1, 2 e a presente, já em avançado estágio, você teve oportunidade de compreender os conceitos e objetivos das garantias consumeristas de uma maneira ampla.
Lembra-se de todas as práticas condenadas pelo CDC? 
Dos vários aspectos da relação entre consumidor e fornecedor? 
Lembra-se da responsabilidade do fornecedor face aos danos causados ao consumidor?
Pois bem, nos tópicos seguintes, veremos que o fornecedor não tem apenas o dever de reparar o dano causado, mas está sujeito também a sanções administrativas e penas impostas e cobradas pelo poder público.
Vamos, então, passar agora à análise das sanções administrativas?
3.4. Sansões administrativas
Conforme dispõe o artigo 55 do Código de Defesa do Consumidor, 
Ou seja, tanto a administração pública federal como as estaduais e do distrito federal deverão, em conjunto, mas respeitada a competência de cada uma, baixar normas de modo a garantir os direitos do consumidor face à produção, à industrialização, à distribuição e ao consumo de produtos e serviços.
É importante sabermos que as normas baixadas pela administração pública têm como função principal reforçar, complementar e garantir que os preceitos normativos do Código de Defesa do Consumidor e, sobretudo, a Política Nacional de Relações de Consumo
 sejam, efetivamente, implementados.
A fiscalização e o controle da produção, da industrialização, da publicidade de produtos e serviços e do mercado de consumo também competem ao poder público, inclusive aos Municípios. 
Essa fiscalização visará preservar a vida, a saúde, a segurança, a informação

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