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Família De La Costa – Livro 01 Para Sempre Em Seus Braços May P. Neves Copyright © 2021 May P. Neves Todos os direitos reservados Sinopse Marina De La Costa, 21 anos, a mais novas dos quatro irmãos, a princesinha da família. Quem vê a menina rodeada de amigos e da família, não imagina o quanto ela sonha com um amor verdadeiro e com uma carreira brilhante na área criminal. O único problema é: o medo de entregar o coração e alguém machucá-lo. Lorenzo Fabrinni, um juiz de 34 anos, viúvo, com uma filha encantadora de 5 anos, que jurou não amar, pois havia perdido o seu amor. Um pai excelente, ótimo profissional, justo, amigo, leal e protetor. Lorenzo achava que estava preparado para tudo, só não contou com a entrada de uma estagiária que iria abalar todas as suas estruturas e que iria se ver tão protetor em relação à ela. Ela está preparada para entregar seu coração ? E Ele estará preparado para passar por cima de tudo por ela? Sumário Capítulo 01 – Marina Capítulo 02 – Lorenzo Capítulo 03 – Marina Capítulo 04 – Lorenzo Capítulo 05 – Marina Capítulo 06 – Marina Capítulo 07 – Lorenzo Capítulo 08 – Marina Capítulo 09 – Marina Capítulo 10 – Lorenzo Capítulo 11 – Lorenzo Capítulo 12 – Marina Capítulo 13 – Marina Capítulo 14 – Marina Capítulo 15 – Marina Capítulo 16 – Lorenzo Capítulo 17 – Marina Capítulo 18 – Lorenzo Capítulo 19 – Lorenzo Capítulo 20 – Marina Capítulo 21 – Lorenzo Capítulo 22 – Lorenzo Capítulo 23 – Marina Capítulo 24 – Marina Capítulo 25 – Lorenzo Capítulo 26 – Lorenzo Capítulo 27 – Marina Capítulo 28 – Lorenzo Capítulo 29 – Marina Capítulo 30 – Lorenzo Capítulo 31 – Marina Capítulo 32 – Lorenzo Capítulo 33 – Marina Capítulo 34 – Marina Capítulo 35 – Marina Capítulo 36 – Lorenzo Capítulo 37 – Marina Epílogo Capítulo 01 Somos em quatro irmãos, eu, Guilherme, Miguel e Filipe. Eu sou a mais nova e por isso eles acham, apenas ACHAM que mandam em mim. Meus pais já desistiram de falar com os meus irmãos e explicarem que eu tenho que sair para me divertir e conhecer pessoas novas e não ficar dentro de casa, esperando o príncipe encantado aparecer. Minha mão é uma figura e o meu pai apenas entra nas loucuras dela. Eu sou completamente apaixonada pela minha família. Eu faço faculdade de Direito, tenho 21 anos, amo ler, amo sair com os meus amigos de final de semana. Desde que entrei na faculdade, meus irmão tentam me convencer de não entrar para a área criminal e todo o blá blá blá deles pois eu sou a princesa da família. O que eles não sabem é que eu vou ser estagiária de um juiz da área criminal, o Dr. Lorenzo Fabrinni. Eu tenho o sonho de conhecer alguém, viver aquele amor arrebatador, casar, ter filhos, uma carreira brilhante e viver minha vida. Porém, no momento, preciso focar no meu trabalho e nos meus estudos e aproveitar a minha juventude. Amanhã será o meu primeiro dia no fórum e só os meus pais sabem disso e se não contar para os meus irmão, eles terão um infarto, no mínimo. Por isso, meus pais chamaram todos os filhos para um jantar em família, pois precisa contar uma novidade. O que eles não sabem é que quem dará a notícia, sou eu. - Mãe? Pai? Mari? Chegamos – Guilherme já entra chamando por todos nós. - Aqui na sala de estar, meus filhos – Papai informa. E no momento que eles entram na sala, meu coração está super acelerado. - E aí, pai? Qual a novidade? Está tudo bem com vocês? – Filipe fala todo preocupado. - Vamos jantar primeiro e depois anunciamos a novidade. E filho, fica tranquilo, estamos todos ótimos. - E você, princesa? Está bem? Faculdade? – Os três vêm me abraçar. - Está tudo bem sim. Estava com saudades. Fomos todos para a sala de jantar e permaneci calada o jantar inteiro, só conversei quando citaram meu nome. Percebi o olhar de Miguel em mim o jantar inteiro, pois eu não calo a boca. E se antes eu já estava nervosa, agora? estou apavorada com a reação deles. - Mari? Por que você está calada o jantar inteiro? Miguel pergunta e a mesa fica em um silêncio e todos olhando para mim. - Então, na verdade quem quer contar uma novidade sou eu e não o papai ou a mamãe. - Não vai me falar que você conheceu alguém, se apaixonou e se casaram escondido? – Filipe, o engraçadinho, solteiro invicto mas que sonha em se casar e ter filhos, solta e todos me olham com apreensão e ansiedade ao mesmo tempo. - Não, Filipe. Não conheci ninguém, não me apaixonei e muito menos casei e sim, arrumei um emprego. - Sério, pequena? Onde? Quando? Em que escritório? – Miguel vem me abraçar. - Então, recebi a resposta semana passada, começo amanhã como estagiária no fórum. - Parabéns, minha princesa. Estou muito feliz por você. Em qual área? Cível, Trabalho ou Família? – Guilherme pergunta - Vou trabalhar com o Dr. Lorenzo Fabrinni, na 2ª Vara Criminal. - Você só pode estar brincando conosco, né Marina? E vocês, concordam com essa palhaçada da minha irmã no meio do crime? – Filipe já fala gritando e eu sabia que eles iriam surtar. - Primeiramente, você nos respeita, Filipe. Segundo, quem tem que escolher com o que ela vai trabalhar e onde, é apenas a sua irmã. E terceiro e mais importante, não criei filho para um gritar com o outro. – Minha mãe, Dona Laura, interfere. - Mãe, o que o Filipe está falando é apenas por conta da nossa preocupação com ela. – Miguel se pronuncia. - Exato, mãe. Não estamos falando por mal. – Guilherme, que até então não havia se expressado, comenta. - Se não estão falando por mal, então aceitem que amanhã eu começo o trabalho. Se me apoiarem, ficarei extremamente feliz, caso contrário, apenas lidem e não se intrometam no meu sonho. Mãe e pai, muito obrigada mas estou cansada, estou subindo para dormir. Eu sabia que meus irmão iriam surtar pois uma amiga deles sumiu durante um caso envolvendo tráfico, mas que iriam fazer um show e não me apoiar, não me passou pela minha cabeça. Por isso irei me esforçar e mostrar à eles que não quer dizer que eu vá ser sequestrada, morrer ou desaparecer por conta do meu trabalho. E sendo bem sincera, eles que lutem. Estava tão distraída que não vi que os três estavam encostados na minha porta, enquanto eu tirava a maquiagem. - Podemos entrar, Mari? - Guilherme perguntou receoso. - Se for para gritar ou tentar fazer eu desistir, não, não podem. - Não vamos fazer nem um nem outro, e viemos nos desculpar. - Miguel falou arrependido - Eu realmente entendo vocês porém é um estágio, ela era a juíza do caso. Eu só queria que me apoiassem. Se vieram aqui para se desculparem, estão desculpados. Eu amo vocês. - Também te amamos, pequena. E por isso, desejamos um ótimo começo de trabalho amanhã. - Filipe disse me abraçando. - Se vocês quiserem sair para jantar amanhã, vocês podem me pegar no fórum depois que saírem do fórum. - Ótima ideia, Mari. Só peço que se algum engraçadinho vier para cima de você igual no outro emprego, me avisa, porque eu vou imediatamente. – Miguel começou sorridente e terminou de cara fechada. - Agora descansa porque amanhã vai ser longo o dia, boneca. Se cuida, por favor. Amamos você. Até amanhã. – Guilherme disse me dando um beijo e logo depois recebi um beijo do Filipe e eles foram embora. No outro escritório em que eu comecei a estagiar, fiquei apenas 1 mês, pois teve um engraçadinho que não recebeu muito bem a minha recusa e me encurralou quando estava saindo do escritório. O que ele não esperava, é que os meus irmãos estavam me esperando para me levarem para casa e viram tudo. Aquilo foi um desastre total, fomos até parar na delegacia e não apenas porque o idiota tentou me agarrar e sim porque meus irmão bateram tanto no menino, que ele parou no hospital. Depois disso saí do escritório e foi quando eu vi a vaga de estágio no fórum. Eu tinha certeza que esse trabalho iria trazer coisas boas para mim, novos aprendizados, ensinamentos, mudar a visão do mundo e futuramente ser uma ótima profissional, assim como os meus irmãos. O que eu não sabia, era que eu não precisaria me preocupar com a minha segurança e sim com o meu coração. Capítulo 02 Acordo para mais umdia de trabalho e já sinto um corpinho na minha cama. Instantaneamente um sorriso brota no meu rosto. A minha pequena Cecília veio para a minha cama. Cecília anda muito carente ultimamente e não por eu ser um pai ausente, muito pelo contrário. A carência dela, é carência materna. Todos os dias ela me pergunta se eu estou namorando ou se irei casar e quando falo que não, os olhos dela que anteriormente estavam cheios de expectativas, vão para o chão. A Cecília está com 5 anos. A minha filha é o meu motivo para levantar da cama todos os dias, principalmente depois que a minha esposa faleceu por conta do meu trabalho há 3 anos. Hoje, eu não brinco mais com segurança, pois antes, achava que eu era o super herói delas mas não sou, sou um simples mortal. A Cecília é a cópia fiel da mãe. Cabelo claro, olhos azuis, meiga e alegre. Minha filha encanta todos com a meiguisse dela. Ontem quando eu vi os olhinhos dela cheios de lágrimas porque a melhor amiga dela ia ganhar um irmãozinho, aquilo me matou ainda mais pois além de não ter uma mãe, não tem irmãos. - Papai, a tia Giovanna disse que hoje eu vou no seu trabalho. É verdade? - Giovanna é minha irmã porém hoje não pode ficar com elas, como havia prometido, pois meu sobrinho ficou doente. - Sim, filha. Você vai ficar na sala do papai. Vamos tomar café? - Vamos papai. A Tia Giovanna também disse que uma moça vai trabalhar com você. Será que ela é legal? - Não sei, querida mas aposto que ela vai adorar te conhecer. - Oi, meu menino! Já fiz o café e arrumei tudo para a pequena passar o dia no escritório. - Dona Luíza responde me dando um susto. Dona Luíza é minha segunda mãe. Sempre trabalhou na família e quando me casei, veio comigo. - Oi, minha deusa. Não precisava se preocupar, eu ia arrumar mas obrigada. Assim que termino o banho e tomo o café com as minhas filhas, coloco as duas no carro e vamos para o fórum. Dois carros de seguranças me acompanham desde que minha esposa morreu. Não irei errar duas vezes. Chegando no fórum, vamos direto para a minha sala, onde já tem um cantinho para as meninas e chamo minha secretária, pois parece que terá uma nova estagiária comigo. Colocaram uma mesa na minha sala, pois assim fica mais fácil de ajudá-la e quando precisar de algo, já estaria aqui. E assim que escuto bater na porta, peço para entrar. - Dr. Fabrinni, licença, me pediram para entrar. - Assim que eu olho para a dona dessa voz doce, eu paraliso. - Bom dia, Srta.? - Acabou a minha capacidade de falar. A beleza dessa menina é algo surreal e eu esperava muito que ela não fosse minha estagiária, porque eu iria ter um infarto sem nem ter chego aos 40. - Me desculpe, Srta. De La Costa, ou apenas Marina. Sou sua nova estagiária. - E sorriu de lado. - Uau! - Até então, tinha esquecido da minha filha e quando olhei pra ela, entrei em pânico pois os olhos dela eram de pura admiração. - Oi, princesa, tudo bem? Qual seu nome? - Ela perguntou docemente para Cecília que estava tão abestalhada quanto eu. - Meu nome é Cecília. Você quer brincar comigo? - Marina olhou o relógio, olhou pra mim e olhou para a Cecília sem saber o que falar pois estava prestes a estar em horários de trabalho e era o primeiro dia. - Filha, depois do almoço, caso a Srta. De La Costa puder e quiser brincar um pouquinho com você, ela pode. - Mas é claro que eu quero! Enquanto eu trabalho, por que você não coloca sua mesa ao meu lado e trabalhamos juntas. - Marina perguntou pra Cecília, que respondeu imediatamente com brilho nos olhos. - Ok, vou fazer um desenho pra gente, enquanto você trabalha com a Minha Excelência - Cecília saiu dando uma risadinha gostosa. - Desculpa, Srta. De La Costa. Se a minha filha lhe incomodar, me fala pois você veio trabalhar e aprender. - Fica tranquilo, Dr. Fabrinni, eu amo crianças e sinto falta pois na minha família não tem criança. Não será incômodo algum. - Então, vou começar te explicando o que eu quero que faça e aos poucos você vai se acostumando e pegando o ritmo. Quando olhei para a Srta. De La Costa, nossos olhares acabaram se cruzando e meu peito esquentou de um jeito bom. Aquele menina tem um ar de inocência e bondade, que dá vontade de proteger de tudo e de todos. Nisso, a Cecília entra igual um furacão. - Voltei, tia Marina! Peguei lápis de cor porque eu vou trabalhar com você, né papai ? Quando crescer, quero ser igual a tia Marina. Eu precisava urgentemente sair para beber com os meus amigos porque mulher nenhuma mexeu desse jeito comigo em questão de minutos e ainda por cima, encantou a minha filha tão rápido. Se as minhas irmãs verem o jeito que a Cecília está olhando para a Marina e o jeito que eu, um homem de 34 anos que no momento mais parece um palhaço, estou olhando para a Marina, estariam rindo da situação. Agora o que eu preciso explicar para a minha mente, coração, e bem, para as minhas partes íntimas, é que além dela ser minha estagiária, ela deve ter no máximo uns 20 anos e que ela nunca olharia para um homem mais velho e ainda por cima, com uma filha. Também não poderia colocar ela em risco com a minha profissão. Mas eu vi que eu também a afetei e olhar o jeito que ela fala com a Cecília e a paciência, me encantou ainda mais porque a minha filha é a pessoa mais importante para mim. E pelo visto, Marina De La Costa, não encantou apenas eu, e sim a minha filha também. Eu teria um infarto, certeza. Capítulo 03 Assim que entrei no escritório do Dr. Lorenzo Fabrinni, eu estaquei no lugar porque nunca havia visto homem tão lindo como ele. Quando eu olhei para ele, parecia que tudo em volta sumiu. Meu coração errou algumas batidas. Ele deveria ter pelo menos 1,85 de altura, forte, alto, moreno, cheio de tatuagem e com um sorriso lindo. Com certeza onde ele vai, arranca suspiros. E eu estava tão imersa à beleza dele que não tinha percebido que tínhamos companhia. Quando eu escutei aquele voz doce e infantil e pus os olhos naquela menina, meu coração se aqueceu de um jeito que nunca havia acontecido antes. Ela ficou me olhando tão admirada e com os olhos brilhantes e com expectativas, só não sabia qual era a sua expectativa. A Cecília é uma criança doce e muito linda. Acho que nunca vi criança tão linda quanto ela. Ela era o oposto do seu pai, era loira, bem branquinha, dos olhos azuis, delicada, enquanto seu pai é moreno de olhos castanhos, provavelmente parecida com a mão e essa constatação me fez voltar para o mundo real. Um homem como Lorenzo Fabrinni, certamente era casado e não usava aliança por conta do trabalho. Enquanto ia para a minha mesa, a Cecília já estava preparando tudo para passar o dia do meu lado. Pedi licença para ir pegar um copo de água pois eu precisava respirar um pouco. Aconteceu muita coisa em poucos minutos e eu tinha certeza que aquilo era só o começo. Assim que voltei para a minha mesa, comecei a trabalhar e cada hora que eu via os processos que estavam chegando para o Dr. Fabrinni, ficava mais enojada ainda com a sociedade mas era só olhar para o lado, que tinha um anjinho. Estava tão imersa ao trabalho que não percebi que estava chegando a hora do almoço. - Tia Marina, você quer almoçar com a gente? – Nesse momento eu vi o Dr. Fabrinni arregalar os olhos e então entendi que ele não queria minha presença e abaixei a cabeça, porém magoada. - Meu amor, a tia vai comer aqui no escritório mesmo. - Mas tia, você vai comer sozinha. Papai, fala para a titia comer com a gente. – A Cecília falou de um jeito tão doce, que eu vi todas as barreiras dele caírem. - Srta. De La Costa, por favor, venha conosco. De qualquer maneira você precisa comer, então venha. - Então, tudo bem. Só vou pegar minha bolsa e poderemos ir. E assim saímos os três em direção ao carro dele. Chegando no carro, era uma Pajero Sport, e não sabia se ia na frente ou atrás, então decidi arriscar ir na frente. O caminho do fórum até o restaurante, só escutava a voz da Cecília cantando as músicas infantis e rindo sozinha e isso fez um sorriso involuntário surgir no canto da minha boca. - Tia Marina? – Percebia incerteza na voz dela. - Oi, princesa. - Você tem namorado ou filhinha? – Se eu tivesse bebendo alguma coisa, tenho certeza que teria engasgado. - Não, não namoro e nem tenho filha. – Foi quando eu vi os olhos dela brilharem. - Ah, então você pode namorar meu papai. Ele também não tem namorado faz um tempão. Desde que a minha mamãe foi para o céu. – Foi então que eu entendi o porquê de estar sem aliança. E depois dessa, não sabia o que responder. - Filha, o papai já disse que tem que tomar cuidado com as coisas que fala e a Srta. De La Costa é minha, minha... – Ele não sabia o que falar, então resolvi entrar na conversa. - Sou amiga do seu papai. - Ah – Falou desanimada e então percebi que ela tinha uma carência materna – Você tem irmão ou irmã? Sempre quis ter. Minha amiga vai ter um irmãozinho. – Falou com os olhinhos cheios de lágrimas. - Tenho três irmãos, o Guilherme, o Miguel e o Filipe. Eu sou a mais nova deles. – Falei querendo mudar de assunto pois estava quebrando o meu coração e eu jurei para eu mesma que sempre iria proteger aquele menina que me encantou. - Um dia eu posso conhecer seus irmãos? – Eu olhei para o Dr. Fabrinni, pedindo socorro pois temos que tomar cuidado com que falamos para as crianças. - Claro, filha. Um dia eu combino com a Srta. De La Costa para você conhecer os irmãos dela. Logo em seguida, mudamos de assunto e a Cecília não fez mais perguntas e voltou a cantar as suas musiquinhas. Chegamos no restaurante, pedimos nosso almoço e voltamos para o escritório, só que dessa vez com uma pequena morrendo de sono e não a tagarela da ida. Assim que chegamos no escritório, o Dr. Fabrinni colocou a Cecília no sofá porque estava dormindo e cada um voltou aos seus afazeres. Fiquei o dia inteiro pensando como a esposa do Dr. Fabrinni havia falecido mas não seria eu a entrar nesse assunto que não me pertence, sou apenas a estagiária e hoje foi apenas um almoço porque a Cecília está aqui e pediu. No final do expediente, o Dr. Fabrinni me chamou e eu gelei. Será que tinha feito algo errado em meu primeiro dia de trabalho? Ou será que foi por conta do almoço? Espero que não porque eu recusei o almoço. - Dr. Fabrinni, queria conversar comigo? - Vamos tomar um café. E por favor, apenas Lorenzo. – Pediu com um sorriso, que minhas amigas, era de derreter qualquer calcinha. - Claro, desde que me chame apenas de Marina. – Desci até a cafeteria em silêncio e pensando o que ele queria conversar comigo. - Eu te chamei para falar sobre a Cecília. – Foi nesse momento que eu congelei. – Calma, Marina, está tudo bem. - Eu fiz algo que você, quer dizer, o Senhor não gostou em relação à Cecília? – Já não conseguia nem raciocinar mais. - Primeiramente, me chame de você, vou me sentir um idoso. Segundo, em relação à Cecília, eu queria me desculpar. - Acho que ele viu a minha cara de dúvida e meu silêncio, que continuou. – A Cecília perdeu a mãe com dois anos e... - Lorenzo, não precisa me contar se é algo que te incomode. A Cecília é uma criança e crianças falam muitas coisas. - Está tudo bem, Marina. Ainda tem a saudade mas já superei. – Deu uma parada e continuou – Como estava falando, ela perdeu a mãe com dois anos por motivos relacionados ao meu trabalho e desde então a carência materna dela só vem aumentado, principalmente quando algum colega na escola fala sobre a mãe, ou fala que vai ter irmão e coisas parecidas. Então se ela falar alguma coisa que lhe incomode, por favor pode falar comigo. - Eu entendo, Lorenzo, quer dizer, não entendo porque não perdi minha mãe mas posso imaginar a falta que faz na vida de uma criança. Ela não falou nada demais, e se é pelo namoro que ela falou, está tudo bem. Posso ser nova, mas consigo diferenciar as coisas. - A Eliza, mãe da Cecília, morreu por conta de um caso grande que eu estava e não tinha seguranças o suficiente. Estou lhe falando isso porque eu sei que você percebeu os seguranças no restaurante e nos seguindo do fórum até o restaurante. - Percebi pois também já andei com seguranças. – Vi a cara de interrogação que ele fez e por isso continuei – Meus irmãos são advogado na área criminal também e há uns dois anos mais ou menos, eles estavam em um caso, onde a juíza desapareceu e estavam chegando nos meus irmãos. Meus pais fizeram um esquema gigantesco de segurança. Isso era um dos motivos que meus irmãos não queriam que eu viesse estagiar aqui. Eles nunca superaram pois eram amigos. - Eu sinto muito, Marina. Agora sei de onde conheço o seu sobrenome. Eu soube desse caso e entendo os seus irmãos. Eu ficaria desesperado caso algo acontecesse com as minhas irmãs ou com a Cecília. – E nisso, o Lorenzo pegou na minha mão e meu coração acelerou. Parecia que o mundo tinha parado. Até eu escutar três vozes que eu reconheceria de qualquer lugar que estivesse. - Marina? – Sim, se vocês pensaram nos meus irmãos, acertaram. Os três estavam de braços cruzados e eu não sabia qual cara era mais engraçada. - Ah, oi. – Soltei imediatamente as nossas mãos. – Esse é o Lorenzo, quer dizer, o Dr. Fabrinni. - Boa noite, sou o Filipe e esses são os meus irmãos Guilherme e Miguel. – Filipe cumprimentou o Lorenzo com uma cara de quem tinha chupado limão e isso tudo tinha um nome: ciúmes. - Prazer, Doutores. A Srta. De La Costa comentou sobre vocês. Vocês têm uma irmão muito inteligente, esforçada e bondosa. – Meu coração aqueceu com aquelas palavras. Já os meus irmão, diria que eles poderiam ter um infarto a qualquer momento. - Está pronta, boneca? – Falei que sim e já peguei minha bolsa. – Muito prazer, Excelência. - Por favor, apenas Lorenzo. E o prazer, foi meu. Até amanhã, Marina. - Até amanhã, Lorenzo. Dê um beijo na Cecília por mim. – No mesmo instante senti alguém agarrando as minhas pernas e quando vi, era a própria. - Quem são eles, tia Marina? – Perguntou com os olhinhos arregalados. - Princesa, esses são os meus irmãos, que você queria conhecer. – No mesmo instante, vi os meus irmãos se derreterem pela garotinha. - Oi, posso chamar vocês de tios? Vocês também vão almoçar comigo, com o papai e com a tia Marina? Ia ser bem legal. - Oi, querida. Então quer dizer que vocês almoçaram juntos? – Filipe perguntou já quase caindo pra trás e o Miguel, mesmo com ciúmes estava se divertindo com a situação. – E sim, pode nos chamar de tios. - Legal, papai. Agora tenho mais três tios. Tchau, tia Marina. – Me deu um abraço e saiu com o pai e nós seguimos para o carro. Eu sabia que assim que entrássemos no carro, iriam vir perguntas e mais perguntas e eu não estava com paciência depois de um dia longo como o de hoje, com tantas emoções, sentimentos e descobertas, tanto no campo emocional quanto no profissional. - Tá bom, já ficaram muito tempo em silêncio. Podem falar alguma coisa, e por favor, me levem pra casa. – Pedi já sem um pingo de paciência. - Posso saber o motivo de você estar toda brava e ainda achar que tem razão? – Filipe falou um pouco mais alto e bravo e meus olhos encheram de lágrimas. – Você estava mesmo de mãos dadas com um cara que é comprometido, pai de uma menina e mais velho que seus irmãos? – Isso foi o fim pra mim. As lágrimas vieram forte. - Eu poderia imaginar um negócio desse de qualquer ser humano, menos de um dos meus irmãos. Primeiramente, sim, ele é mais velho e é pai de uma menina. Segundo, ele não é casado, é viúvo há três anos. Terceiro, nunca mais duvide da minha índole. Perdi a fome, vamos para casa, por favor. - Princesa, me desculpa. Eu não sabia. É que eu pensei... – Cortei ele imediatamente. - Exatamente, você pensou e em nenhum momento pensou em me perguntar. Estou cansada e dor de cabeça, depois conversamos. Boa noite para vocês três. – Saí do carro e os três vieram atrás. Assim que entramos em casa, Seu Roberto, meu pai, já percebeu que havia coisa errada e já logo perguntando o que aconteceu e quando contei tudo, os três estavam calados, só recebendo o olhar reprovador do meu pai. - Estou decepcionado com os três. E antes de fazer essas caras, estou falando dos três pela cena na cafeteriae você, Filipe, falar o que falou pra sua irmã, foi a cota. Não aceitar o emprego, até tento entender, agora duvidar da índole dela, é inaceitável. Caso não tenham mais nada para falar, podem ir para a casa de vocês e pensem nas última atitudes, inclusive as machistas. - Nos perdoa, boneca, por favor. Não gosto de ficar brigado com você. – Guilherme falou realmente arrependido e envergonhado. - Perdoados. Boa noite, amanhã trabalho. – Saí e deixei eles lá embaixo com cara de tacho e isso é para eles aprenderem. Depois de tomar um banho, fui deitar e fiquei pensando nas últimas horas, principalmente com as pessoas com quem eu as dividi. E não estou falando dos babacas dos meus irmão, e sim do Lorenzo e da minha princesinha, Cecília. E com isso, acabei dormindo. Capítulo 04 Dizer que os irmãos da Marina não gostaram de nos ver de mãos dadas é um eufemismo. Eles pareciam que iam enfartar quando viram que quem estava de mãos dadas comigo era a irmã deles. Mais ainda, o Filipe, parece que de todos, ele é o mais ciumento. E eu vi, o quão sem graça a Marina ficou e que ela não gostou nem um pouco da atitude deles. Eu acho que pela primeira vez na vida, eu agradeci mentalmente a minha filha por chegar correndo no meio da conversa para mudar o rumo, pois a Marina não estava gostando do tom que fora usado com ela e eu entendo, pois ela não estava fazendo nada demais. Vi como eles ficaram encantados com a Cecília. Agora sabendo que o sobrenome dela é o mesmo que o daqueles advogados que foram perseguidos há anos atrás, soube a importância do sobrenome dela. O pai era um desembargador muito influente, hoje aposentado e a mãe, a Dona Laura, uma arquiteta renomada. A Marina é uma menina inteligente, bonita, meiga e determinada. Assim que a Marina saiu da cafeteria com os irmãos, saímos da cafeteria também e foi em direção ao carro, percebi que a Cecília estava quieta demais. - Filha, por que a senhorita está quietinha? - Papai, o senhor ficou bravo comigo por pedir para a tia Marina namorar com você? Eu achei ela tão linda e até parece um pouco comigo. - Filha, eu não fiquei bravo, mas não pode sair falando isso para todos, entendeu? - Então pra tia Marina pode? – Me olhou com esperança e eu não sabia o que responder, então fiquei em silêncio e dei um sorriso à ela. Estávamos indo para a casa dos meus pais. Toda segunda-feira eu, minhas irmãs e meus três amigos, o Júlio, Giovanni e o Gabriel, vamos para a casa dos meus pais para jantar. Já virou um ritual, sairmos do trabalho e vir direto para cá, principalmente por conta da Cecília. Como já tenho a chave da casa deles e o controle da casa, apenas entrei e estacionei. Assim que cheguei, já senti o cheiro da comida que a minha mãe faz. Mesmo a minha família tendo dinheiro, sempre fomos humildes e minha mãe sempre gostou de cozinhar. - Vovó, vovô, tenho uma nova tia. – A Cecília entrou igual um furacão na casa dos meus pais. - Como assim uma nova tia? – Giovanna já me deu um olhar como se quisesse descobrir algo. - É a amiga do papai e eu falei pra ela namorar com ele. – Como eu fui o último a chegar, todos olharam pra mim e a expressão de cada um era uma. O Júlio e o Gabriel estavam segurando a risada, a Giovanna com a expressão chocada, meus pais com um sorrisinho e a minha irmã mais nova, a Beatriz, com um sorriso diabólico. - E então, maninho? Não tem nada para contar? – Beatriz já veio com a pergunta que todos queriam fazer. - Ela é a minha estagiária, a Marina De La Costa. Ela é uma menina muito inteligente, meiga, independente e simpática. A Cecília ficou o dia inteiro do lado dela, pois agora ela quer ser igual a Marina, quando crescer. – Assim que eu terminei, o silêncio reinou. – Vocês me perguntam e ficam em silêncio? - Meu amigo, primeiramente, não sei como aqueles brutamontes dos irmãos dela deixaram ela trabalhar na área criminal. Segundo, já está tão íntimo que chama ela de Marina? E, terceiro e mais importante, como conseguiu descrever ela tão bem? – Júlio perguntou com um sorrisinho debochado. - A Cecília chamou ela para almoçar, então fomos nós três e no caminho para o restaurante a Cecília perguntou se ela tinha filha e namorado, quando ela disse que não, ela falou que ela poderia namorar comigo. Não sei como não bati o carro. E no final do expediente, chamei a Marina para ir na cafeteria para me desculpar e justo quando nós demos a mão, os irmãos dela chegaram. - Como assim, você estava de mãos dadas com a Marina? – Giovanna perguntou chocada. - Ela estava contando o porquê dos irmãos serem contra ela ir para a área criminal e ela estava triste. Quer saber, não importa o porquê. Acabou o assunto sobre a Srta. De La Costa. - Agora ela é Srta. De La Costa? Isso é só o começo, escuta o que eu estou dizendo. – Giovanna comentou. - Será que eu terei uma nora? Já era tempo. – Fiquei em choque com o que a minha mãe disse. Meu pai apenas riu. Depois disso fomos jantar. Comemos, conversamos e rimos, e depois cada um foi para sua casa. A Cecília já tinha dado por encerrado a noite antes mesmo da sobremesa. Chegando em casa, coloquei a Cecília na cama dela e eu fiquei uns minutos a observando e percebendo que ela já não é mais aquela bebezinha e que além da carência materna dela, há a carência por não ter irmãos. ∞∞∞ Chegando no escritório, dei de cara com a Marina sentada na mesa dela tirando uma foto com o copo do Starbucks e fiquei observando. Ela tem um ar de menina e mulher ao mesmo tempo. Tem aquele sorriso que encanta todos e uma alegria gostosa de se ver. Percebi que ela trouxe uma flor para a mesa dela e alguns porta-retratos estão organizados em volta do computador. Também está cheio de marca- texto, post it, caneta, lápis e os livros da faculdade. Gosto de ver o quão esforçada é. Sem perceber, já havia um sorriso no meu rosto. Assim que eu arrumei a postura, ela percebeu que não estava mais sozinha e ficou vermelha. - Lorenzo, bom dia! Desculpa estar tirando foto, a minha mãe tinha pedido e... - Bom dia, Marina! Não precisa se desculpar por tirar a foto. – Ela deu um sorriso tímido e eu me senti bem em saber que aquele sorriso era pra mim. - E como está a Cecília? Foi para a escola? – Mais uma vez aquela sensação gostosa cresceu em meu peito ao ouvir ela perguntar da minha filha. - Está ótima, dormiu a noite inteira. Antes de chegar, deixei ela na escola. Chegou algum caso novo? - Bom, chegou apenas um, porém não mexi em nada. Achei melhor esperar você chegar para depois eu ver. – Ela falou olhando para baixo e eu queria que ela falasse olhando para mim. - Pega a sua cadeira e vamos analisar juntos. – A cara de choque dela foi engraçada. O que eu não estava esperando, era o abraço, acompanhado daquele sorriso que ilumina o lugar inteiro. Eu me vi inspirando o cheiro dela e me afastei. - Desculpa, é que eu fiquei um pouco animada, quer dizer, um pouco não, muito animada. Tá bom, vou calar a minha boca. – E deu uma gargalhada gostosa. Pegou a cadeira dela e sentou do meu lado. Achei que seria fácil ficar ao lado dela mas não estava sendo. Aquela garota estava mexendo comigo. Quando comecei a ler o caso, era sobre tráfico de pessoas, ou seja, era um caso complicado e eu precisaria ficar atento com a minha família e com a Marina, pois ela irá me acompanhar. - Como alguém pode fazer uma coisa dessa? Não consigo entender. É revoltante. Espero que tenha provas o suficiente para deixá-los apodrecendo na cadeia por um tempo. – Falou sem respirar. - Nós vamos conseguir. – Ela se assustou com o “nós”. – Achou que ficaria de fora? Que só iria analisar? Não, você vai acompanhar cada momento comigo mas para isso, preciso te pedir uma coisa. - Claro, pode pedir qualquer coisa. – Nesse momento a minha cabeça pensou inúmeras coisas, menos em relação ao processo. Só nas possibilidades de beijar e com certeza, deixá-la nua encima da minha mesa. - Eu quero um equipe da minha segurança com você. Não só durante o expediente e, sim, 24 hora por dia. De segunda a segunda. – Não poderia e não iria falhar novamente.- Tudo bem, sem problemas. Se você acha melhor. Quem sou eu para discutir isso com você? Assim, meus irmãos ficam até mais desencanados. – Fiquei curioso com essa última fala dela. - Eles ainda não aceitaram o seu estágio por conta daquela história que me contou ontem? - Eles ficam apavorados e eu até entendo mas me deixar numa bolha e ainda usar a desculpa do dinheiro que a minha família tem, me deixa louca. Fora os surtos deles. – Com isso, ela abaixou a cabeça e o olhar tinha um certo de mágoa com decepção. - Aconteceu alguma coisa? - Meu irmão, o Filipe, surtou ontem quando viu as nossas mãos juntas. Falou que não acreditava que eu estava com um homem casado e mais velho. Eu nunca estaria com alguém casado e ele sabe muito bem disso e ainda por cima, duvidou da minha índole. – Percebi que ela não falou que não se relacionaria com alguém mais velho. – E ainda por cima, por que um homem como você, que pode ter a mulher que quiser, olharia para mim? - Primeiramente, seu irmão errou feio em duvidar de você sem ao menos perguntar. Segundo, eu vejo muito motivos para eu enxergar você. – Ela me olhou com um brilho nos olhos e aquele brilho era de pura excitação e isso me incentivou a falar e também despertou meu amigo dentro das calças. – Além da sua beleza, você é inteligente, bondosa, gentil, carinhosa, engraçada e sorridente. Ela primeiro corou, ficando ainda mais linda, e depois levantou e eu levantei junto, não pensando duas vezes. Puxei ela para perto e a beijei e foi o beijo mais calmo e arrebatador que eu já experimentei. Só não contava que a minha irmã ia chegar justamente nesse momento e nos pegar nessa situação. Marina De La Costa Assim que escutamos barulho, nos soltamos e tinha uma mulher lindíssima para na parte, com um sorriso no rosto. Ela deve ter a minha idade e por um momento me peguei pensando se ela não era alguma namorada. Ai meu Deus, e se fosse uma namorada? - Fica tranquila, eu não sou namorada dele. Meu nome é Beatriz e eu sou irmã dele. E você deve ser a Marina, certo? Cara, você é linda. – Meu poder de raciocinar parou totalmente. - Beatriz, você não deveria bater na porta? – Lorenzo perguntou - E você não deveria estar trabalhando? – Beatriz retrucou. - Eu vou dar licença para vocês conversarem. - Não, não vá. Eu vim chamar esse ogro para almoçar comigo mas mudei totalmente de ideia. Almoça comigo? Seria super legal. Assim podemos nos conhecer melhor e se você quiser, podemos ser amigas. – A Beatriz me pediu de um jeito tão doce, que eu não consegui negar. - Tudo bem, então. Só me falar o horário e o lugar e eu vou. É claro, se não houver nenhum problema para você, Lorenzo. - Pode ir, Marina. Se você não for, ela vai ficar me infernizando e vindo todos os dias aqui, até você aceitar o convite dela. – Ele me deu um sorriso. - Eu passo pra te pegar aqui 12:30 e nós podemos ir em algum restaurante aqui na Vila Madalena, que é próximo do fórum. – Beatriz sugeriu. - Bom, nós temos trabalho a fazer, e acredito que a mocinha também, tenha né? – Lorenzo falou, já levando a Beatriz na direção da porta. - Claro, maninho. Te vejo a noite na casa da mamãe com a Cecília. Tchau, Mari! Até daqui a pouco. – E do mesmo jeito que ela entrou, saiu. Eu fiquei parada no meio da sala, sem reação e morrendo de vergonha, até que o Lorenzo chegou bem perto e levantou meu rosto. - Marina, não quero que você fique com vergonha de nada pois não fizemos nada de errado e sim, a minha irmã, que deveria ter batido na porta. – E deu um sorriso lindo que me aqueceu por inteira. - Tudo bem. Não tem problema mesmo eu ir almoçar com a sua irmã? – Perguntei receosa. - Nenhum. Só espero que depois você não peça demissão ou para trocar de vara. – E deu uma risada e eu acompanhei – Agora vamos colocar algumas pessoas na cadeia. O tempo passou tão rápido, que eu nem percebi que já havia dado o horário do almoço. Seja o que Deus quiser. Capítulo 05 Assim que deu 12:30, desci para ir de encontro com a Beatriz. Ainda estava anestesiada com os acontecimentos dessas últimas 24 horas. Conhecei a filha de Lorenzo e me encantei por ela, não só por ela, pelo pai também. Briguei com os meus irmãos, eu e o Lorenzo nos beijamos, a irmã dele pegou e agora estou indo almoçar com ela. Saindo do fórum, eu dou de cara com o meu irmão segurando um buquê de rosas enorme e as mulheres quase quebrando o pescoço para o admirarem. Realmente, os meus irmão são lindos e isso é algo incontestável. Assim que ele me vê, ele ajeita postura e vem caminhado até mim. - Oi, princesa. Tudo bem? – Me cumprimenta sem graça. – Trouxe esse buquê para você. Espero que goste e não jogue fora. E se quiser gritar comigo, está no seu direito. - Oi, irmãozinho. Vem aqui, me dá um abraço. – Recebo um dos melhores abraços do mundo – O que você está fazendo aqui? - Vim te pedir perdão pelo o que eu falei e por ser tão cabeça dura em relação ao estágio. Eu só não posso deixar nada acontecer com você. Consegue me entender? – Ele pergunta olhando para mim. - Eu entendo, só quero que confie em mim. E se isso te tranquiliza, agora vou ter uma equipe de segurança atrás de mim 24 horas por dia, de segunda a segunda. – No momento em que eu termino de falar, vejo meu irmão ficar pálido e sem entender nada sobre o que eu estou falando. - O que está acontecendo que eu não estou sabendo? – Ele pergunta desesperado, como se eu fosse sumir a qualquer momento da sua frente. - Nós pegamos um caso que envolve tráfico de pessoas e o Lorenzo achou melhor colocar uma equipe de segurança para mim. - Fico mais tranquilo em partes. Só peço que se acontecer alguma coisa diferente do habitual, me telefone imediatamente. Eu preciso voltar para o escritório. – No que ele termina de falar, a Beatriz se aproxima e ela olha para o meu irmão fixamente e eu consigo ver que esse olhar é recíproco. - Oi, Mari! Atrapalho? – Pergunta sem graça. - Claro que não, Bia! Esse é o meu irmão, Filipe, e essa é a irmã do Lorenzo, Beatriz. - Prazer. – Os dois falam juntos. - Bom, é isso. Nos vemos mais tarde, Mari? Eu te amo e se cuida. – Me deu um beijo e antes de sair, se virou e olhou para a Bia – Prazer, Bia! Fiquei encantado. - Minha amiga, que homem é aquele? Minha senhora das calcinhas molhadas. – Eu não aguentei e caí na risada – Você ri? Eu perdi a minha capacidade de fala e sabe quando isso aconteceu? Nunca. - Sempre tem a primeira vez. Esse é o meu irmão mais velho. – Falo limpando as lágrimas que derramei de tanto rir. - Calma aí, tem mais? Assim eu vou enfartar antes dos 25. Um homem desse na rua é um perigo alheio. – Bia ainda chocada com o meu irmão. E tenho certeza que ele está tão abalado quanto. - Ainda tem o Miguel e o Gabriel. E digo o mesmo sobre o seu irmão, o Lorenzo na rua ou em qualquer lugar deveria ser considerado um crime. – Só depois que eu me dou conta do que eu falei mas já era tarde demais, pois a Bia estava com um sorriso de orelha à orelha. - Que meu irmão é lindo, isso eu tenho que concordar. Gostei muito de você e você devolveu um brilho n o olhar do meu irmão que há muito tempo eu não via. – Bia comenta. - Imagina, Bia. Conheço seu irmão há 24 horas. - Já foi o suficiente para se beijarem e se encantarem um pelo outro. Fora que a minha sobrinha está apaixonada por você. E tempo não é problema, por exemplo, conheci o seu irmão agora e se ele me pedisse em casamento agora, pode ter toda a certeza que eu aceitaria. – Deu um sorriso diabólico quando paramos no estacionamento do restaurante. - Depois podemos combinar de sair e eu chamo meu irmão. – Vi um brilho no olhar da Bia – E sobre o seu irmão, não sei. Vamos com calma e, por favor, não comenta com ninguém sobre o beijo. Até porque eu acho que seu irmão só me beijou porque ficou com dó do meu comentário. - Primeiro, eu conheço o meu irmão e ele nunca ficaria com alguém por pena. Ele odeia o sentimento de pena. Segundo, se um beijo daquele foi de pena, que o seu irmão tenha pena de mim. Beatriz é uma mulher muito engraçada. O almoço foi muito engraçado e em diversosmomentos, ela comentou da família e o jeito que ela falou dos sobrinhos, foi lindo. Sentia falta de criança na família. - Prontinho, entregue. – A Bia se virou para mim – Espero que possamos ser amigas, gostei muito de você. Eu e a minha irmã vamos sair no final de semana. Você quer ir conosco? - Também gostei muito de você. Quero sim. Faz tempo que não saio. Obrigada pelo almoço. – Dei um abraço nela e vi que ficou surpresa. Peguei minhas flores e fui para a minha sala. Estava vazia, Lorenzo não devi ter voltado do almoço. Então sentei e comecei a mexer no processo que recebemos pela manhã e tudo o que eu vi, embrulhou o meu estômago. - Já voltou? – Quase caí da cadeira com o susto que eu tomei. - Não vi que estava aí. Cheguei agora. – Percebi o olhar de Lorenzo no buquê e eu vi um misto de decepção. Será que ele achava que era de namorado? Mas eu já havia falado que não tinha namorado. - Meu irmão que me deu esse buquê, como pedido de desculpas, quando estava saindo do fórum. Lorenzo Fabrinni Quando entrei no escritório e vi aquele buquê de rosas vermelhas no sofá, sabia que era da Marina, só não esperava que ela tinha alguém e senti um ciúmes insano do homem que entregou e decepção por ela ter mentido. Mas quando ela falou que foi o irmão dela, um alívio percorreu o meu corpo. - Entendi. Como foi o almoço com a doida da minha irmã? – Tive até medo de fazer essa pergunta pois conheço bem a peça que é a minha irmã. - Foi muito legal. – Deu um sorriso enorme – Ela me chamou pra sair. – Parou um pouco pensativa – Tem algum problema se eu for? - Nenhum. Vocês são novas, têm que sair. – O que é que eu estava fazendo? Incentivando ela sair para baladas com a minha irmã? - Falou o velho. – E deu uma risada – Desculpa. - Já estou nos meus 34 anos e com uma filha, ou seja, 13 anos mais velho que você. Sim, eu estou velho. - Agora me mostra o que estava fazendo. E assim passamos a tarde, discutindo e lendo sobre o processo. Isso não estava me cheirando bem, pois uma organização dessa, não ter aprontado quando o seu esquema foi descoberto. Era o que estava me preocupando e dessa vez, a Marina estava junto. Não posso perder mais ninguém por conta da minha profissão. Já era 20:00 quando encerramos. Já tinha passado o horário mas nem tínhamos percebido. Só vimos o horários quando o celular da Marina tocou e era o irmão dela atrás dela, pois já era pra ela ter chego em casa. - Já vou descer, Miguel. Só vou pegar minhas coisas. E por favor, precisamos passar numa farmácia urgentemente. Tchau. – Marina foi arrumando as coisas e pegando a bolsa – Preciso ir, não tinha percebido o horário. Tudo bem? - Claro, já passou o seu horário. Também já vou descer. Tem uma pequena me esperando em casa. – Falei com um sorriso no rosto ao me lembrar de Cecília – Amanhã você terá uma equipe de segurança à sua disposição. - Muito obrigada, Lorenzo. Dê um beijo na pequena por mim. Até amanhã. Assim que cheguei em casa, já vi a Cecília em pé me esperando. Essa menina era tudo para mim. Chegar em casa e receber esse sorriso e abraço, não tinha preço. Percebi que ela estava procurando alguma coisa ou alguém. - Oi, filha. Não vai me dar um abraço e um beijo? – Veio correndo para os meus braços e olhou para trás. - Papai, a tia Marina veio com você? – Agora estava compreendendo tudo. - Não, filha! Mas ela pediu para eu te dar um beijo. – O sorriso dela se iluminou. - Que legal papai. Ela gosta de mim. - Vamos dormir? Já está tarde para a mocinha estar acordada. - Claro, papai. A semana passou rápido e trabalhar com a Marina, passava ainda mais rápido. Não voltamos no assunto do beijo mas nem por isso a minha vontade de provar novamente dos lábios dela. Hoje era sábado e eu combinei de sair com o Júlio e o Gabriel em uma balada no Itaim. Cecília iria ficar com os meus pais para eu poder sair um pouco. Assim que eu deixei ela na casa dos meus pais, segui direto para a balada. Como nós somos amigos do dono, entramos direto e fomos para o camarote. De onde estávamos, conseguíamos ver todos porém ninguém conseguia nos ver. Estava lotado. O nosso amigo Giovanni, dono da balado, se juntou a nós. - E aí, como vocês estão? Desapareceram. – Giovanni pergunta. - Nós trabalhamos, né? Palhaço. – Júlio respondeu rindo. - E você, excelência? Está calado por que? – Giovanni já está com um sorrisinho. - Esse silêncio, meu caro, tem nome e sobrenome. Marina De La Costa. – Gabriel, aquele boca aberta já soltou. - A Marina? Você está louco? – Giovanni estava rindo horrores e eu não estava entendo nada. - Nós nos beijamos e a Beatriz pegou. E por que eu estaria louco? - Os irmãos dela não deixa ninguém chegar perto, principalmente depois do que aconteceu no último estágio dela. – Giovanni relata o que o outro estagiário tentou e que os irmãos chegaram na hora. - Filho da puta. - Bom, vocês são adultos e sabem o que fazem. A Beatriz não fez nada quando pegou vocês? Porque aquela ali não dá um ponto sem nó. – Giovanni fala rindo. - Ela ia me chamar para almoçar e acabou chamando a Marina. Estão se falando todos os dias. Hoje elas vão sair juntas e já me está dando um medo pois a Giovanna também vai estar e aquelas duas, só por Deus. - Eu não acredito que a Beatriz desistiu de te chamar. Cara, ela é um ícone. – Júlio está se contorcendo de rir. E acabamos que todos caímos na risada. - O que está acontecendo ali na entrada? – Gabriel pergunta e vamos os quatro para o vidro e eu tenho certeza que eu vou enfartar. - O que a Beatriz, a Giovanna e a Marina estão fazendo aqui? Elas são o motivo do caos na entrada. Olha isso. A Marina estava linda. Estava com uma calça jeans que marcava certinho o seu corpo e um top, cropped, sei lá o nome daquilo, brilhante e com o cabelo solto. Ela estava linda. Na verdade, elas estavam lindas. Obviamente que ela iriam causar. - Isso é coisa da diaba da sua irmã, Beatriz. – Júlio fala rindo. - Mas que elas estão gatas, isso não podemos negar. – Gabriel fala. - Abre a boca mais uma vez e eu te quebro. - Por que você não chama elas para ficarem aqui? Assim nenhum engraçadinho chega nelas e ficamos todos aqui. – Gabriel fala mas eu sei que o interesse dele é na minha irmã, Giovanna. Ele pensa que eu não vi o carinho pelo meu sobrinho e a paixão pela minha irmã. - Vamos lá os quatro e chamamos elas. – Já vi que a noite vai ser longa. Capítulo 06 Viemos eu, a Bia e a Gio em uma balada aqui no Itaim. Está lotada. Chamamos também os meus irmãos, minha prima Lara e minha três amigas, Carol, Sofia e Olívia. As meninas já temos a resposta que ela virão. Meus irmãos falaram que se não saíssem tão tarde do escritório, viriam. - É hoje que eu passo o rodo aqui. – Giovanna fala rindo – Amo meu filho mas preciso me divertir de vez em quando. - Isso mesmo, maninha. Essa bacurinha precisa ser usada urgentemente. – Beatriz fala e eu não me aguento. - Bacurinha, Beatriz? Puta merda, você é um ícone. – Quando eu levanto a cabeça, vejo que tem um grupo nos comendo pelos olhos e de sorrisinhos. - Se eu não chegar causando, obviamente que não sou eu. – Bia fala orgulhosa dela mesmo. Descemos a escada e quando olhamos pra frente, tem um muro formado por quatro homens e um deles, é o que habita nos meus sonhos desde segunda-feira. Se vocês pensaram no Lorenzo, pensaram certo. Com ele, haviam mais três homens que puta que me pariu, de onde saíram esses homens? - Lorenzo? – Nós três gritamos ao mesmo tempo. - Vocês vieram sozinhas? – Ele pergunta para nós três mas com o olhar fixo em mim. - Sim, e estamos esperando mais sete pessoas. – Bia fala com um sorriso diabólico no rosto. - E quem seriam essas 7 pessoa, Beatriz? – Lorenzo olha fuzilando ela. - Agora você olha pra mim? Já saiu do encanto? – Escutamos a risada de todos – E respondendo a sua pergunta, são os irmãos da Marina, a prima dela e mais três amigas. Posso saber o seu interesse em quem vem ou não com a gente? - Você está linda, Gio. – Um deles fala para a Gio e ela cora. Certeza que os dois se gostam, o olhar dos dois estãobrilhando. - Obrigada, Gab. Você também. – Lorenzo olha para a Giovanna como se fosse morrer – O que foi, Lorenzo? Isso tudo é carência? – E dá risada na cara dele. Que família doida. - Vamos para o camarote e lá vocês discutem o que quiserem. Aliás, eu sou o Giovanni e aquele babaca que está rindo, é o Júlio. Prazer. - Prazer. – E com isso subimos os sete para o camarote. - Por que você não falou comigo e eu pedia para o Giovanni separar um camarote aqui na The Maison para você, Beatriz? Ou viriam conosco. – Lorenzo pergunta para Bia - Porque, meu caro irmão, você surtaria com o que está se passando na nossa mente e eu reservei o camarote mas como já estou nesse com você, ficamos aqui mesmo. – A Bia dá um sorrisinho – Só que daqui a pouco chegarão mais sete. Pedi licença e fui atender o celular e era meu irmão falando que já entraria na The Maison e estaria subindo para o camarote e que acabou encontrando na entrada com as meninas e elas só vão tirar uma foto e irão subir. - Gente, meus irmãos e a minha prima chegaram e acabaram encontrando as meninas e já estão subindo. Estão tirando foto ali encima. – Percebi que a Bia sorriu e sei que era por conta do meu irmão. - Marina, fala que não são aqueles ali porque eu estou em choque com a beleza da sua família. – Com isso, todos fomos para o vidro. - Aqueles quatro que estão tirando foto são os meus irmãos e a minha prima. - Marina, você precisa me apresentar a sua prima. Acho que eu me apaixonei. – Júlio soltou do nada e todos caíram o riso. - Pode deixar que eu apresento. – Falei secando as lágrima que derramei rindo – E aquelas três ali, são as minhas amigas. Olívia, Sofia e Carol. - Quem é aquela de vestido? – Giovanni falou hipnotizado. - É a Carol. A Olívia é a de verde e a Sofia, aquela de preto. Por que? - Acho que quem se apaixonou fui eu. Puta merda. – Giovanni fala passando a mão no cabelo. Estou achando que essa noite será super interessante. A porta do camarote abre e as quatro doidas vêm pra cima de mim. Os meus irmãos estão parados na porta, observando a cena. - Pode ir me contando tudo sobre o Dr. Fabrinni ou eu te mato. Falaram na faculdade que ele é super gato. – Eu arregalei os olhos mas a Lara continuou falando – Que foi que você está calada? Ele foi grosso com você? Eu juro por Deus, eu mato aquele homem ou eu peço para os meus queridos primos matarem ele. - Lara, você pode falar diretamente isso pra ele, ou não, porque ele já escutou. – Filipe fala rindo. - Abram um buraco, pelo o amor de Deus. Por que você não me falou antes? – Ela fala desesperada. - E você deixou eu falar, doida? - Prazer, Lorenzo. Fica tranquila, ninguém vai precisar me matar. – Lorenzo fala segurando o riso. - Menina, eu te adorei. Sou sua nova fã. – A Bia vai até ela, arrastando a Gio junto – Aliás, meu nome é Beatriz e o dela Giovanna, somos irmãs do babacão do Lorenzo. - Gente, esses são os meus irmãos e essas as minhas amigas, Carol, Olívia e Sofia. – O olhar da Carol para o Giovanni foi chamas pura. - Vamos dançar, meu povo? Essa música é sensacional e eu não vim para ficar sentada. – Beatriz fala empurrando todas nós e os homens ficaram no camarote. - Marina do céu! Que homem é aquele que me cumprimentou, que estava de jeans e... – Cortei a Carol porque já sabia de quem estava falando. - O nome dele é Giovanni e o interesse é recíproco. - Ainda bem porque eu não vim toda arrumada e depilada à toa. – Carol fala na lata. - E você, amiga? – Olívia fala olhando pra mim – Eu vi a troca de olhares entre você e o Lorenzo. Com todo respeito, Bia e Gio, mas ele é o famoso homão da porra. - Eu super apoio você com o meu irmão. – A Gio fala pra mim e continua dançando – Você é um amor de pessoa e pelo o que eu soube, encantou a minha sobrinha também. - Pronto, amiga. Caso resolvido. Queria eu que seu irmão olhasse para mim do mesmo jeito que o Lorenzo te olhou. – A Sofia fala e abaixa a cabeça. - O Miguel te olha sim, Sofi. Você que ainda não percebeu e ele é um panaca que nunca falou nada. – Vi os olhos dela se arregalarem e nascer um brilho de esperança e expectativa. Antes mesmo dela responder qualquer coisa, um grupo chegou nos cercando e tentamos sair deles mas não conseguíamos. Até que eu resolvi tentar conversar, mesmo sabendo que não adiantaria nada pois eles estavam bêbados. - Por favor, me solta. Está me machucando. – Falei com a voz embargada. - Nós vimos vocês se insinuando para nós e agora pede pra soltar? – E me chacoalhou e eu perdi o equilíbrio, ficando tonta. Depois disso, só vi aquelas sete muralhas descendo e vindo na nossa direção. Lorenzo Fabrinni Assim que as meninas desceram, cada um sentou em um lugar e pedimos as bebidas. Mas a todo momento nós estávamos de olho nelas. Querendo ou não, elas estão distraídas pois estão dançando e conversando e é nesse momento de distração que sempre acontece algo. - Lorenzo, eu sei que nós somos super ciumentos com a minha irmã mas eu vi o jeito que você olha pra ela e o jeito que ela olha pra você. Por que você não fala com ela? – Filipe fala sério para mim e antes mesmo de eu responder, o Miguel se intromete. - O que aconteceu com você e o que fizeram com o meu irmão? Mas ele está certo, desde o dia que ela pisou na sua sala, ela está aérea e mais feliz. – Miguel fala rindo e termina sério. - Eu não sei. Eu perco a capacidade de fala perto da Marina. E eu tenho 34 anos e uma filha. A Marina é nova. – Falo de cabeça baixa. - Não começa com isso não, Lorenzo. A Marina é uma ótima menina. Bastam conversarem e tentarem. - Gabriel fala me olhando sério. - Posso dizer o mesmo para você. E não me faça essa cara pois eu sei que você não é apaixonado apenas pelo meu sobrinho e sim pela minha irmã também. Quando íamos continuar a conversa, escutamos um grito e eu reconheceria esse grito de longe, que era o da Beatriz. No que levantamos e fomos para o vidro, o que vimos me deixou puto, desesperado e em pânico, pois nada poderia acontecer com elas, principalmente comigo tão perto. Nem esperei nenhum deles. Saí correndo pela escada e quando estava no final da escada, vi a Marina indo para o chão. Isso tirou o meu último fio de racionalidade que eu tinha. Eu fui direto para o babaca que estava com as mãos na minha Marina e dei um soco no nariz do desgraçado. - Me empurra. Ou você só é homem para empurrar mulher? – Já estava no meu limite. - Elas estavam se insinuando para nós. – Isso foi o auge e eu soquei novamente até sentir braços me puxando. - Isso é para nunca mais chegar nas mulheres dos outros. Entendeu? Eles foram embora e como eu vi que cada um estava com uma das meninas, fui até a Marina que estava sendo ajudada pelo Filipe e pela minha irmã. - Ei, princesa. Você está bem? – E no impulso, abracei e dei um beijo no topo da cabeça dela. Comecei a ficar preocupado com o silêncio dela. - Não, sim, quer dizer, não sei. Estou com uma dor de cabeça do inferno. Quero ir embora. Você pode me levar? – O meu lado homem das cavernas se agitou pois ela pediu para mim. Não pediu para os irmãos. - Claro que posso te levar. Os meninos levam as meninas. Certo? - Podem ir. Nós nos encarregamos delas. – Giovanni fala olhando para a Carol. As meninas foram se despedir dela e os irmãos dela vieram até mim. - Cuida da minha irmã e não nos faça nos arrepender por confiar a minha irmã em você. Certo? – Guilherme falou num tom de ameaça. - Pode ficar tranquilo. – Falando isso, peguei a Marina e fomos para o carro. - Princesa, você quer ir para a sua casa ou quer passar a noite na minha casa? A Cecília só virá pela manhã. - Pode ser na sua casa. Se eu chegar nesse estado em casa, meus pais vão me questionar e ficarão super preocupados. Só estou assustada e com dor de cabeça. – E colocou a mão na minha perna. Uma corrente de eletricidade passou e eu soube que ela também sentiu. Fui direto para o meu apartamento. Morava na coberta em um dos prédios do Itaim, em São Paulo. Minha casa ficava perto da The Maison. Estava preocupado com a Marina, como ela estava me vendo depoisdaquela cena? Eu não sou agressivo mas perdi a cabeça. - Mari? Desculpa por ter presenciado aquela cena, eu não sou assim mas quando eu vi ele com as mãos em você. Não consegui ficar calmo. - Eu não esperaria outra reação de vocês. Obrigada por me ajudar, Lorenzo. Acho que quando tiver em apuros, já sei quem chamar. – Deu uma risadinha baixa e reclamou de dor de cabeça. Assim que chegamos, pela primeira vez, não sabia o que fazer com uma mulher. Cedia minha cama? Dormia com ela? Dormia no mesmo quarto mas no chão? Não sabia o que fazer. Deixaria ela escolher e aceitaria de bom grado. - Vamos comer alguma coisa e depois dormimos? - Eu posso tomar um banho? E você pode me emprestar uma roupa? – Perguntou tímida. - Claro. Por que não vai tomando banho enquanto eu faço alguma coisa pra gente comer? - Cuidado, que fazendo tudo isso, corro o risco de me apaixonar por você. – Quando ela se deu conta do que falou, eu já estava na frente dela e a puxei para mim. - O risco é recíproco, princesa. – Ela levantou os olhos e depois desceu para minha boca e me olhou novamente. Eu ataquei a boca dela com uma fome e desespero e ela correspondeu da mesma maneira. A coloquei encima da bancada da cozinha e aprofundei o beijo. Meu pau estava dolorido mas eu caí em si do que ela passou essa noite e eu não faria isso com ela, colocar as minhas necessidades e desejos acima dela. Não faria hoje, pois depois desse beijo, essa mulher seria minha e eu deixaria isso bem claro. - Por que você parou? – Ela me olhou confusa. - Não quero que aconteça alguma coisa hoje, depois do que você passou. Ainda teremos tempo porque a partir de agora, não tem volta. – Ela me deu um selinho seguido de um sorriso e foi descer da bancada para ir tomar banho. Mostrei o quarto e separei uma roupa. Enquanto ela estava no banho, fiquei pensando em como a minha vida deu uma volta 360° em menos de uma semana. Conheci a Marina e o que era pra ser apenas uma relação profissional, se tornou pessoa. Ela me encantou no momento em que passou pela porta daquele escritório. E não apenas à mim, encantou a minha filha também. Eu acho que nunca senti nada parecido com o que sinto quando estou perto da Marina, nem mesmo com a Eliza. Tinha terminado de fazer a comida e fui chama-la e assim que eu entrei, precisei de todo o meu autocontrole. Ela estava na minha cama, só de camiseta e sem maquiagem. Ela seria o motivo do meu infarto. - Vamos comer? – Engoli seco quando ela olhou pra mim. - Ah, claro. Tinha pedido para a Lara trazer uma roupa para mim. Também já avisei meus irmãos e eles vão falar com os meus pais que eu vou dormir na sua casa. Fomos para a cozinha e eu percebi que ela estava inquieta, queria falar alguma coisa mas estava sem coragem. Será que ela se arrependeu? - Mari, pode falar o que você quiser. - Você tem certeza de que você quer isso? Digo, nós dois? – Perguntou incerta. - Eu tenho. Você não tem? – Olhei pra ela, para ela perceber que estava falando sério – Quem deveria perguntar sobre certeza, sou eu. Você ainda tem mais um ano de faculdade, eu tenho uma filha e sou 13 anos mais velho. – Agora quem estava inseguro era eu e não ela. - Em relação à Cecília, eu sou apaixonada por ela. Sobre você ser mais velho, isso é apenas um detalhe. – Ela desviou o olhar e depois voltou a olhar para mim – Lorenzo, eu namorei apenas uma vez e não tive coragem de ter relações sexuais. Eu sou inexperiente, se você não quiser nada, eu entendo completamente. Ela achava que ser virgem era um problema? Eu quase sorri quando entendi que ela nunca teve relação pois eu seria o seu primeiro e por mim, seria o último também. Ela já era minha e era bom eu deixar isso bem claro. - Meu bem, olha pra mim. – Quando ela olhou e eu vi os olhos dela me fitando com expectativa mas ao mesmo tempo com um pouco de medo – Ser virgem não é problema e vamos no seu tempo, em relação à tudo. - Obrigada! – Me deu um beijo e me abraçou, encostando a cabeça no meu peito – Vamos comer? - A Lara chegou com a sua roupa, eu vou descer porque se seu irmão ver você só com a minha camiseta, ele morre. Enquanto isso, você pode ir servindo? - Claro. Chegando no térreo, não era a Lara e o Filipe e sim a Lara e o Júlio. Realmente essa noite está sendo surpreendente. Minha irmã com o Gabriel, o Júlio e a Lara, eu e a Marina, o Filipe e a... Calma aí - Cadê o Filipe? - Oi pra você também, meu caro amigo. Como a Marina está? – Júlio perguntou - Ela está bem e obrigada por trazerem uma roupa para ela. Repetindo, cadê o Filipe? - Oras, isso é óbvio. Ele está com a Beatriz. E você, se magoar a minha prima, eu faço picadinhos de você, entendeu? – Deu pra perceber que a Lara era protetora em relação à prima. - Sim, senhora. Não irei magoá-la. Agora podem ir. Subi e a mesa já estava colocada. Me pareceu tudo certo, faltando apenas a Cecília. Porém, eu precisava ir devagar com as coisas. - Vamos comer? - Sim. Meu irmão veio com a Lara? – A Marina sabia de alguma coisa. - Não, ele está com a minha irmã. – Vi um sorriso surgir – Você está sabendo de alguma coisa? - Sua irmã quase morreu quando viu meu irmão e o meu irmão ficou todo abalado, ou seja, prevejo um casal. – O jantar foi regado de conversa e risadas. - Vamos dormir, amanhã lavamos a louça. – Peguei ela e joguei no meu ombro e ela foi gritando e rindo. - Você é louco? Eu sou pesada. – Continuou rindo e eu dei um tapa na bunda dela. É muita tentação. - Sim, eu sou louco. E nunca mais repita que você é pesada ou eu vou ser obrigado a dar outro tapa nessa bunda. - Então acho que preciso falar mais vezes. – Nesse momento, meu pau latejou e eu vi que ia ser a noite mais longa da minha vida. - Boa noite, meu amor. – Se acomodou no meu peito e eu sorri da forma como ela me chamou. - Boa noite, minha princesa. Capítulo 07 Acordo e não sinto a Marina junto a mim. Quando chego no corredor escuto vozes e a cena que eu vejo faz meu coração acelerar. Estão as minha irmãs, meu sobrinho dormindo, meus pais, minha filha e a Marina na sala conversando. O olhar da Cecília para a Marina era de adoração. - Bom dia, família! – Dou um beijo em cada – Aconteceu alguma coisa? - Oi, papai! A tia Marina dormiu aqui? – A Marina arregalou os olhos e eu tive que segurar o riso. - Sim, filhota. Tem algum problema? – Não tinha pensado que a minha filha poderia não gostar de uma mulher dentro de casa. - Não, papai. Fiquei feliz. Assim a tia Marina pode me colocar pra dormir. – Fala com tanta expectativa que eu não sei nem o que falar. - Claro, minha princesa. Quando eu estiver aqui, coloco você pra dormir. – Sussurro um obrigado – Depois você me mostra seu quarto? - Sim, titia. Meu papai que montou para mim. Ele falou que é um quarto de princesa para uma princesa. – Foi falando e sentando no colo da Marina. - O que vocês acham de irmos tomar café na padaria? - A tia Marina vai? - Eu vou. Já estou até pronta. - Papai, a tia Marina pode me trocar? Eu já tomei banho. – Cecília pergunta com um sorriso no rosto. - Claro, filha. - Então vamos lá. – Marina levantou com a Cecília no colo – Já voltamos pessoal. Enquanto elas saem, vou acompanhando com o meu olhar. Elas se viram no primeiro dia de trabalho da Marina e na sexta-feira quando a Cecília saiu da escola e foi para o fórum mas o carinho que uma tem pela outra é impressionante. - Então, vai ficar olhando com essa cara de idiota para a Marina até quando? – Beatriz falou rindo. - Nossa, filha. Não fala assim com o seu irmão. – Dona Bárbara fala segurando o riso. - Querida, você queria falar exatamente isso mas sua filha foi mais rápida. – Meu pai, o Senhor Diogo, fala segurando o riso. - Ela dormiu aqui? – Gio pergunta já sabendo a resposta. - Dormiu. Depois que aconteceu tudo aquilo na balado ontem, nós viemos pra cá. - Eu não acredito que aquela xexelenta não me contou que vocês dois tiveram uma noite super quente. – Beatriz fala com uma indignação. - Não teve noite super quente. A Marina não estava bem. Jamais iria me aproveitar dela naquela situação. E agora, meesquecem. Vamos focar em vocês duas. A Senhorita Beatriz estava com o Filipe? - Quem é Filipe? – Meu pai pergunta, arrumando a postura. Ele super incentiva as minha irmãs mas ele morre de ciúmes. - Estão falando do meu irmão? – Elas chegam arrumadas para ir tomar café. - Então, deixa eu ver se eu entendi bem. A Marina está com o seu irmão e você está com o irmão da Marina? Tem mais algum casal que se formou que eu preciso saber? – Dona Bárbara fala num tom brincalhão. - Sim, mãe. Gabriel e Giovanna, Júlio e a prima da Marina e o Giovanni com a amiga da Marina. Foi uma noite e tanto. - Devo dizer que realmente foi uma noite agitada. Vamos fazer um almoço com os De La Costa, lá em casa. – Papai fala e eu e a Beatriz perdemos a fala. - Gostou, papai? A tia Marina que escolheu a minha roupa. Nós duas vamos de vermelho, combinando. – Fala toda contente. - Vocês estão lindas. O papai vai tomar banho e já vem. E vocês, me esperem para descermos todos juntos. Marina De La Costa É a terceira vez que eu estou com a Cecília e parece que cada vez que eu vejo essa menina, mais eu quero protege-la, dar carinho e cuidar. O que eu não posso esquecer é que não posso criar muita expectativa pois eu nem sei o que eu tenho com o Lorenzo e muito menos dar expectativas para uma criança. Não é justo com ela. - Tia, o que você vai comer ou você vai fazer igual o papai que decide na hora? - Eu vou escolher na hora também. Não sei onde vamos, então não sei o que tem. - Então também vou escolher na hora, igual você. – Saiu para brincar. - Obrigada, querida. – Olhei confusa para a Dona Bárbara. - Desculpa, mas não entendi. - Meu filho não tem esse brilho no olhar faz tempo. Na verdade, ele nunca teve esse brilho no olhar, nem mesmo com a Eliza. – Dona Bárbara dá uma pausa e continua – Caso as coisas fiquem feias no trabalho, o Lorenzo entrará em desespero e você já sabe o motivo. Não pule fora do barco caso ele tente te afastar. - Fica tranquila, Dona Bárbara. - Sabia que você seria minha cunhada. – Beatriz falou sorrindo. - Mesmo se não fosse por conta minha e do Lorenzo, seria por conta de você e do meu irmão. – Ela me olhou com os olhos arregalados. - Você está brava comigo? - Por conta do Filipe? Eu não. Já estava na hora. A ex namorada dele traiu ele e ele resolveu virar da vida mas eu sei que o sonho dele é construir uma família. – Olhei pra ela – E com você, ele terá menos tempo para encher meu saco. - Mas nós só ficamos ontem. - Beatriz, me poupe, né. Eu vi o jeito que vocês se encaram na terça-feira e desde então você desembestou de falar dele. - Irmã, não dê expectativas e nem crie, vai aos poucos. Assim você não quebra a cara. – Gio falou passando a mão na cabecinha do filho, Gustavo, que estava dormindo em seu colo. - Gio, você sabe que o Gabriel é apaixonado por você e pelo Gustavo e você também é por ele. Não fique com medo por conta do babaca do seu ex. Ele que saiu perdendo. - Isso mesmo, filha. Fora que o Gabriel é um bom homem. – Senhor Diogo fala. - Então por que ele nunca falou nada? – Gio fala cabisbaixa. - Porque ele estava dividido entre a amizade do seu irmão e o amor por você. É complicado estar no lugar do Gabriel. – Dona Bárbara fala para a filha. - Ontem eu conversei com ele, na verdade tentei, pois começou a confusão e descemos desesperados atrás de vocês. – Lorenzo chega na sala entrando no assunto e eu quase engasgo, tamanha é a beleza desse homem. - Como assim você conversou com ele? – Gio pergunta em choque. - Na verdade, os irmãos da Marina vieram falar para eu ir falar com ela e o Gabriel também incentivou. Foi quando eu incentivei ele também. – Ele foi até a irmã e deu beijo na testa – Você merece ser feliz com um bom homem. E se vocês se amam, por que eu ficarei entre vocês? Nunca. - Eu te amo, irmão. – Gio fala com os olhos cheios de lágrimas. - Bom, já podemos ir ou vamos ficar falando da vida amorosa dos outros? – Lorenzo brinca. - Vamos, papai. Hoje eu vou decidir na hora, igual você e a tia Marina. – Cecília saiu pulando. - Então, vamos? – Lorenzo enlaçou a minha cintura e fomos em direção ao elevador. - Vocês não querem nos acompanhar, mesmo? - Não, querida. Terá mais momentos. – Nos despedimos e cada um foi para o seu carro. - Onde você quer ir? Tem uma cafeteria aqui perto muito boa, pode ser? – Lorenzo sugeriu. - Pode ser, mas depois eu preciso ir para casa. Tenho algumas coisas da faculdade. - Claro, eu deixo você em casa. Ou você não quer que eu te leve por conta dos seus pais e irmãos? - Perguntou incerto. - Não tem problema algum você me deixar. – Sorri tentando passar mais segurança à ele. - Hoje a tia Marina não vai dormir em casa? – Cecília perguntou triste. - Hoje não, princesa. Amanhã a tia tem que acordar cedo para estudar e depois trabalhar. - Tudo bem, então. Mas você vai voltar, né? – Olhei para o Lorenzo, pois não poderia impor minha presença, sendo que nem namorados somos. - Claro que ela vai voltar, filha. - Eba. - Tia, posso tirar uma foto sua? Você tirou uma minha. – Cecília perguntou toda alegre. E eu prometi para eu mesma que se depender de mim, ela sempre terá um sorriso. - Claro que pode. E depois podemos tirar uma foto do papai também. O que você acha? - Acho super legal. Faz uma carinha engraçada para o papai tirar a foto. – Não pude deixar de rir do seu jeito de falar. - Ficou linda, meu amor. – Foi a primeira vez que ele me chamou assim. E a nossa bolha estava perfeita, até que veio uma mulher cumprimentar o Lorenzo e eu não me senti bem na presença dela. - Lorenzo? Lorenzo Fabrinni? – Ela foi chegando mais perto e a Cecília veio para o meu colo. - Sim. Katia? Quanto tempo. – Vi que o Lorenzo ficou sem graça. - Eu sinto muito sobre a sua esposa, fiquei sabendo. A nossa profissão é perigosa mesmo. E quem são essas duas? Filhas? Irmãs? – Perguntou me olhando de cima a baixo. - Sim, nossa profissão é perigosa. Já superei a morte da Eliza. – Ele me olhou e sorriu - A pequena, Cecília, é minha filha e a Marina é minha, minha... – Quando eu vi que ele não sabia o que falar, foi um balde de água fria na minha cara e resolvi me intrometer. - Sou uma amiga. Se me permitem, preciso ir embora. – Falei com a voz falhando e droga, não queria que isso acontecesse. - Tia Mari, me leva com você? Por favor? – Aquilo me cortou o coração mas eu precisava pensar. - Meu amor, eu combino com o seu pai alguma coisa durante a semana porque a titia precisa estudar. – A cara de pânico do Lorenzo até me deu um pouco de dó mas eu precisava sair dali. – Tchau, Katia. Até amanhã, Lorenzo. Me dê um beijo, pequena. - Tchau, tia Mari! Eu te amo. – Aquilo foi o que eu precisava para chorar. - A tia também te ama. - Mari, eu te levo, me espera. – Lorenzo falou já se levantando. - Não precisa, nos vemos amanhã no trabalho. – E saí. Lorenzo Fabrinni - Acho que ela estava triste, sei lá, não entendo essas meninas de hoje em dia. – A Katia falou e eu fiquei me sentindo culpado. - Não deveria ter ignorado ela daquele jeito e “aquela menina” tem nome e é Marina. – Levantei indo em direção ao caixa, com a Cecília no colo. - Desculpa ter atrapalhado o café da manhã de vocês. Espero que possamos conversar novamente. Até mais. – E saiu. A nossa manhã estava perfeita e eu consegui estragar. Primeiro foi quando eu não disse o que a Marina era minha. Eu não sabia se eu falava mulher, namorada, amiga ou sei lá o que. E quando eu vi que ela ficou magoada, já entendi a o que eu deveria responder. E ver a cena dela com a Cecília, ela tendo que ir antes do tempo, me deu vontade de me bater. Quando chegamos no carro, a Cecília estava com cara de choro e eu sabia muito bem o porquê e o causador disso fui eu. Eu preciso consertar isso urgentemente, antes que as minhas duas meninas fiquem tristes comigo. - Papai, a tia Mari foi embora porque eu falei alguma coisa? – Cecília falou com voz de choro. - Não, filha. Ela precisava estudar, igual você. - Entendi. Depois eu posso ligar para ela, pai? - Claro, filha. Agora vamos pra casa dos seus avós.Fiquei o caminho inteiro pensando como reverter a situação e não conseguia encontrar uma solução mas com certeza minhas irmãs iriam me ajudar. E fui para a casa dos meus pais determinado a concertar a minha cagada. - Mas já chegaram? Não deveriam estar tomando a café da manhã de vocês? – Minha irmã pergunta sem entender nada e meus pais já me olharam. - Filha, por que você não vai chamar a tia Giovanna e fica um pouco com o seu priminho? - Ta bom, papai. – Saiu sem nem me dar um beijo e cabisbaixa. - Agora você pode nos explicar o que está acontecendo? E cadê a Marina? – A Bia pergunta quando a Giovanna já está entrando na sala de estar. - A Katia apareceu, ignorou totalmente a Marina e a Cecília e quando me perguntou o que elas eram minhas, eu não soube o que falar à respeito da Marina. - Você não fez isso. O que você falou? – A Giovanna já está me fuzilando. - Ele não falou. Acertei, meu filho? – Dona Bárbara é uma pessoa muito esperta e já entendeu tudo. - Exatamente. Ela se intrometeu e falou que era minha amiga e que já estava de saída. – Abaixei a cabeça envergonhado – O pior foi que a Cecília pediu pra ir junto com voz de choro e a Marina estava numa luta interna. - Quando eu achei que você não poderia ser mais babaca, descubro que estava enganada quanto à isso. – Beatriz fala andando de um lado para o outro – Se você não sabe o que ela é pra você, deixe o caminho livre pra quem saiba. - O que você está insinuando? Tem outro na vida da Marina? – Isso me deu um frio na espinha. Saber que tem a possibilidade de ter alguém que saberia nomear o que ela é para ela. - Para de pensar se tem ou não alguém, idiota. Não tem ninguém mas não será difícil aparecer alguém pois a Marina é uma menina sensacional. – beatriz fala defendendo a amiga. - Filho, se você já sabe qual é o papel dela na sua vida, mesmo que seja em pouco tempo, por que não pede ela em namoro? – Meu pai me perguntou e eu estaquei. - Mas não é muito cedo? E se ela não quiser? Se achar que eu não sou o que ela quer? - Não confia no seu taco, bonitão? – Beatriz pergunta sorrindo. - Claro que confio, sua palhaça mas o que eu faço e como? - Vamos consertar a burrada que você fez, irmãozinho. – Gio fala enlaçando o braço no meu – Homens são tão burros, que às vezes eu me assusto. Marina De La Costa Chego em casa com cara de choro e vou direto para o meu quarto. Pensei que meus irmãos não tinham me visto mas assim que me viro pra fechar a porta, eles estão na porta junto com a minha prima, Lara. - O que aconteceu, prima? – Lara pergunta docemente e eu começo a chorar. - Eu sou uma idiota. Eu achei o que? Que estava vivendo num conto de fadas onde a princesa é resgatada pelo príncipe, se apaixonam e vivem felizes para sempre? – Falo rindo e chorando. Vejo que os quatro estão calados. - Quer contar o que aconteceu ou eu vou ter que arrancar do Lorenzo? – Filipe fala – Isso é culpa minha. Não devia ter incentivado. - Não é culpa de nenhum de vocês e sim, exclusivamente minha. – Conto tudo o que aconteceu. Sobre a chegada da Katia, sobre o Lorenzo não saber o que responder e sobre a Cecília. - Vamos por parte, filha. – Não havia reparado que meus pais estavam na porta – Primeiro, essa Katia fez de propósito, não deixava nenhum de vocês falarem. Segundo, se vocês apenas se beijaram e não teve pedido de namoro nem nada, realmente não tem como vocês saberem o que são. E por último, cuidado, Cecília é uma criança carente de mãe e ama você e parece que é recíproco. – Minha mãe fala com um sorriso doce. - Você está certa, mãe. Ambos erramos mas tenho motivos. - Depois do almoço podemos fazer uma sessão cinema. O que acham? – Meu pai diz e eu tenho certeza que é pra me animar. - Eu topo. – A Lara para e suspira, olhando para os meus pais – Eu posso ficar com um dos quartos durante um tempo? Até arrumar o meu cantinho. - Claro que pode, minha filha. Não devia ter saído daqui de casa. - Meus pais abraçam a Lara – Sei que você sente falta dos seus pais e que tem dinheiro para o resto da sua vida porém família é família. Fica conosco. Já é uma filha para nós mesmo. – Tenho muito orgulho dos meus pais. O dia foi tranquilo. Almoçamos em meio à risadas e conversas, depois assistimos Como Eu Era Antes De Você na sala de cinema e agora estou indo para o meu quarto pois amanhã tenho faculdade pela manhã e trabalho a tarde. Olho no celular e nenhuma mensagem do Lorenzo. Acho que o que eu achei que poderia começar, já está acabado. De qualquer jeito, amanhã irei conversar com ele, como dois adultos e se for pra ser, será. Tem uma criança no meio e não posso e nem quero fazê-la sofrer. E com esse pensamento, acabo dormindo. Capítulo 08 O despertador toca no último volume e a minha vontade é de tacar na parede. Esse barulho deveria ser proibido para acordar alguém. Levanto e vou tomar meu banho. Percebi que hoje estou mais lenta que o normal e com certeza deve ser devido ao remédio de ansiedade e de enxaqueca que eu tomei antes de dormir. Já trocada e maquiada, pego meus livros, bolsa e celular e desço para tomar café. Está apenas os meus irmãos e a Lara na mesa. Estranho meus pais não estarem sentados para tomar café conosco. - Cadê o papai e a mamãe? - Receberam uma ligação e saíram após terminarem a ligação. E não, não estou gostando nenhum pouco disso. – Filipe fala. - Espero que não seja nada relacionado à algum caso que o papai já teve ou em relação à algum dos nossos casos. – Miguel fala pensativo. - Vamos esperar eles voltarem e assim perguntamos. – Guilherme, sempre sensato. - E você, Mari? Está com uma cara horrível. – Lara fala e eu jogo um pedaço do pão na cara dela e a infame ainda dá risada. - Tomei o meu remédio de enxaqueca junto com o meu da ansiedade e acho que deu ruim. Mas se não melhorar, eu ligo para a minha médica. - Qualquer coisa me liga que um de nós iremos te buscar. – Guilherme diz com uma voz preocupada – E pode deixar que nós te levamos e buscamos hoje. - Muito obrigada. Vocês são os melhores irmãos. Terminando o café, seguimos para o carro e eles foram me deixar na faculdade. Esse era o meu último ano no curso de Direito. Semana passada era a semana dos calouros, então teve como eu trabalhar tempo integral mas a partir de hoje, irei apenas pela parte da tarde, o que significa, menos tempo com o Lorenzo. Chegando na faculdade, me despeço dos meu irmão e de longe já vejo a Sofia, a Carol e a Olívia. A Sofia e a Carol cursam Direito comigo e a Olívia cursa Administração. E junto delas há um grupo de meninos que eu nunca tinha visto. - Oi, gente! Vocês estão bem? – Cumprimento todos e quando vou cumprimentar os meninos, um deles me dá um olhar tão intenso que eu fiquei incomodada. - Oi, Mari! Estou bem, quer dizer, estou ótima. Muito obrigada por me apresentar o Giovanni. Aquele um homem é um Deus e quando eu digo um Deus, quero dizer em todos os sentidos. – Carol desembestou de falar sobre o Giovanni, ou seja, mais um casal formado e eu aqui, sem ninguém. - Amiga, calma, respira e depois você conta absolutamente tudo para a Mari. – Sofi diz toda meiga – E você, Dona Marina? O que aconteceu entre você e o Lorenzo? - Gente, vamos conversar depois sozinhas. Deixa eu apresentar os meninos. – Olívia me leva até eles e começa a apresentar um por um – Esse é o Otávio, Rubinho, Vicente e Antony. Então descobri o nome do menino que me olhou como se eu fosse um pedaço de carne, o nome é Otávio. E pelo o que eu entendi, eles mudaram de turno por conta de emprego e caíram na minha sala. Depois das devidas apresentações, eu segui para o meu campus com a Carol e a Sofi e a Olívia foi para o campus de Administração. E os meninos nos seguiram. A primeira aula era de Medicina Legal e eu não conseguia me concentrar no que o professor estava falando. Sabia que era sobre como seriam as aulas dele, quais dias mas fora isso, mais nada. Uma vontade imensa de dormir e dor de cabeça. - Está tudo bem, Marina? Se quiser ir embora, posso te passar as anotações sobre como vai ser o curso e o que ele
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