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Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. Seminário V TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL Aluna: Mariana Carla de Araújo Silva IBET Maceió Questões 1. Construa a RMIT dos Impostos de Importação e de Expor- tação. Qual o conceito de produto para fins de incidência destes tributos? - RMIT dos Impostos de Importação: Antecedente: Critério material – importar mercadoria estrangeira. Critério espacial – no território nacional, nas repartições adu- aneiras. Critério temporal – momento da entrada da mercadoria em território nacional, no momento do registro de declaração de importação. Consequente: Critério pessoal – Sujeito ativo: União e Sujeito passivo: impor- tador de produto estrangeiro ou pessoa a ele equiparada por lei (destinatário da remessa postal internacional, adquirente de mercadoria interposta). Critério quantitativo – Base de cálculo: quando a alíquota for ad valorem, a base de cálculo é o valor aduaneiro do produto apurado. Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. - RMIT dos Impostos de Exportação: Antecedente: Critério material - exportar produto nacional ou nacionalizado para estrangeiro. Critério espacial – na saída das fronteiras do território nacio- nal. Critério temporal – na saída do território nacional, no momen- to da expedição da guia de exportação ou documento equiva- lente. Consequente: Critério pessoal - Sujeito ativo: União e Sujeito passivo: o ex- portador de produto nacional ou nacionalizado ou pessoa a ele equiparada por lei. Critério quantitativo - Base de cálculo: quando a alíquota for ad valorem, a base de cálculo é o preço normal do produto, ou seu similar, ao tempo da exportação, quando a alíquota for especí- fica será a quantidade da mercadoria, expressa na unidade de medida indicada, e a alíquota será estabelecida pela natureza do produto, com base no NCM. 2. A empresa “X” firmou contrato de fornecimento, formali- zando a aquisição de bem do exterior, datado de 10/05/2017. Os produtos transpuseram a fronteira brasi- leira, por via marítima em 15/06/2017, chegaram ao por- to de Santos em 18/06/2017, em 25/06/2017 a empresa registrou a operação junto ao SISCOMEX e os produtos fo- ram desembaraçados em 02/07/2017. No momento da re- alização do contrato a alíquota do referido imposto era de 10%. No entanto, em 01/06/2017 o Governo Federal pu- blicou decreto que aumentou a alíquota aplicável à im- portação do referido bem para 20%, em 16/06/2017 Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. houve outro aumento de alíquota para 30%, em 22/06/2017 para 35% e em 01/07/2017 para 38%. Per- gunta-se: qual é a alíquota aplicável à operação de impor- tação em análise? Fundamente. (Vide anexo I e II) O aumento da alíquota do Imposto de Importação não se sujei- ta ao princípio da anterioridade, conforme dispõe o artigo 150, § 1º da CF, sendo aplicável imediatamente aos fatos que ocor- ram após a sua publicação. Sendo assim, como o momento da incidência do imposto é quando houver o registro da declara- ção de importação, momento em que se considera a entrada no território nacional, nos termos do artigo 19 do CTN e artigo 23 do Decreto-lei nº37/66, a alíquota aplicável será de 35% pois, o registro da mercadoria junto ao SISCOMEX foi 25/06/2017 e a alteração da alíquota ocorreu em 22/06/2017 para 35%, sendo então a alíquota vigente no momento em que ocorreu o fato gerador do imposto. 3. A reimportação de mercadoria exportada em caráter defi- nitivo se equipara à importação, ou seja, a mercadoria ex- portada perde a condição de nacional, devendo se submeter ao Imposto de Importação ao ser reimportada? (Vide anexo III) O STF declara inconstitucional a exigência do imposto de im- portação para mercadorias reimportadas, em virtude de a Constituição Federal e o Código Tributário Nacional referi- rem-se a "importar produtos estrangeiros", e não a produtos ou mercadorias de procedência estrangeira. 4. Sobre os tratados, responda: a) Defina o conceito de “tratado internacional”, descre- vendo como se dá seu ingresso no ordenamento jurídico, seu momento de vigência no direito interno e sua posição hierárquica no sistema jurídico (vide §2º do art. 5º da Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. Constituição e o art. 98 do Código Tributário Nacional e o entendimento exposto pelo STF anexo IV). Tratado internacional é o acordo ou convenção, formal e es- crito, realizado entre dois ou mais Estados soberanos e/ou or- ganizações internacionais, que tem como objetivo produzir efeitos jurídicos no direito internacional. De acordo com Cons- tituição Federal, os tratados internacionais ingressam no or- denamento jurídico brasileiro através de procedimento que envolve a participação do Congresso Nacional, por meio de de- creto legislativo e do Presidente da República, que tem a com- petência para celebrar tratados internacionais e promulgá-los por meio de decreto. Os tratados internacionais estão em posi- ção hierárquica inferior a CF, com exceção aos tratados inter- nacionais sobre direitos humanos aprovados de acordo com o art. 5º, §3º, da CF/88, pois, tem status de emenda constitucio- nal. Assim, como norma fundamental no ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição tem supremacia sobre os tratados in- ternacionais internalizados no país. b) Pode a União, visando a regular a política tarifária, ver- sar sobre a isenção de tributo de competência estadual? Não. O artigo 151, III da Constituição Federal prevê que é ve- dado a União instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Sendo assim, há vedação constitucional expressa. Excetuam-se apenas as res- salvas dos artigos 155, §2º, XII, alínea e, e 156, §3º, II da CF, os quais permitem, respectivamente, que lei complementar pre- veja isenções de ICMS na exportação de serviços e produtos semielaborados e de ISS na exportação de serviços. c) Os tratados podem revogar ou suspender a eficácia das normas tributárias inseridas no ordenamento jurídico brasileiro pelos Estados e Municípios? Haveria violação ao Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. princípio federativo e ao princípio da autonomia dos Mu- nicípios consagrados na CF/88? (Vide anexos V e VI) Sim. Os tratados podem criar novas normas tributárias que se- jam aplicadas em detrimento daquelas inseridas no ordena- mento jurídico brasileiro pelos Estados e Municípios, desde que sejam internalizados pelo Estado brasileiro. A revogação de normas Estaduais e Municipais por tratado internacional não viola o princípio federativo e da autonomia dos municípios, pois, a união age em nome do Estado Federativo de direitoquando firma os tratados. d) No que consiste o “uso impróprio” dos tratados? É ne- cessária previsão expressa de cláusulas antielisivas especí- ficas? Um planejamento tributário internacional que está formal e substancialmente em conformidade com as legis- lações tributárias dos Estados envolvidos, mas que implique uma situação de (dupla) não tributação, pode ser juridica- mente proibido? Fundamente, estabelecendo uma análise crítica entre os conceitos de “responsabilidade social cor- porativa”, “parcela justa de tributos” e “livre concorrência entre empresas multinacionais e nacionais” (vide artigo 31 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados e anexo VII). O uso inadequado dos tratados consiste em utilizá-lo para obter vantagens, sem que esteja em posição de pessoa legitimada. As cláusulas antielisivas servem de obstáculos inibidores do abuso ao tratado internacional, mas a existência de regra geral antieli- são ou antiabuso, na lei local, não implica na desnecessidade de inserir cláusula dessa natureza no Tratado. No caso de planejamento tributário internacional, em conformi- dade com as legislações tributárias dos Estados envolvidos, mas que implique uma situação de dupla tributação há que ser ques- tionado, pois não há obrigação dos Estados garantirem os bene- Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. fícios convencionais se ficar provado que houve intenção de burlar o Tratado, mas haverá certa limitação nos benefícios. 5. A Lei Complementar nº 104/2001 acrescentou um pará- grafo segundo ao artigo 43 do CTN, dispondo “que na hipó- tese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto...”. Inda- ga-se: o regime de tributação em bases universais abran- gendo as controladas e coligadas no exterior nos moldes em que prescrito pela Lei 12.973/2014 está de acordo com o ordenamento jurídico? Considerar em sua resposta a mani- festação do STF a respeito do tema. (Vide anexos VIII e IX) Na analise do caso, o STF dividiu-se em quatro posicionamentos. Pois bem, entendo que a Lei 12.973/2014 viola o conceito de constitucional de renda, uma vez que pretende tributar valor patrimonial ainda não disponível a sociedade brasileira. Quando a controlada ou coligada no exterior disponibiliza o lucro para a controladora ou coligada no Brasil é que se estabelece o ele- mento temporal do fato gerador. Sendo assim, não está de acor- do com o ordenamento jurídico brasileiro. 6. Que significa a expressão “preços de transferência” e qual sua função? O que é o princípio “arm’s lenght” aplicado pelo fisco no Brasil? Foi positivado no Brasil pela Lei n. 9.430/96 e alterações posteriores? Comente sobre a possibilidade de aplicação coercitiva deste conceito. (Vide anexo X). A expressão "preço de transferência" consiste na determinação do preço pelo qual uma empresa transfere bens ou fornece ser- viços a empresas a ela vinculadas, que se situem em locais com outras jurisdições tributárias ou em "paraísos fiscais" (países com tributação favorecida, nos termos do art. 24 da Lei nº 9.430/96). Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. De acordo com este Princípio, para negócios e condições com- paráveis, o preço das transações realizadas entre partes relaci- onadas deve ser semelhante ao dos praticados com terceiros, no pressuposto que a transação foi efetuada em condições seme- lhantes às que seriam aplicadas entre partes não relacionadas (quanto a preços, prazos, encargos, qualidade, etc.) que contra- tassem com base em sua livre escolha e melhor interesse, o "preço justo" a ser pago por um ativo, quando o mesmo é livre- mente pactuado entre partes não relacionadas. Sim. No Brasil, as regras relativas ao preço de transferência fo- ram positivadas, pela primeira vez, através da Lei nº. 9.430, de 27.12.96. Entende-se que a aplicação coercitiva é essencial para evitar a redução da carga fiscal auferida no Brasil, evitando o crime de evasão e elisão fiscal. 7. Sobre troca de informações fiscais, baseada em tratados internacionais, pergunta-se: a) Que meios estão legalmente disponíveis para a obtenção de informações fiscais? Quais proteções aos contribuintes estabelecidas pelo art. 26 da convenção-modelo da OCDE1? É possível haver a transferência de informações recebidas por um determinado país para um terceiro país, com quem o Estado receptor da informação tenha celebrado acordo de troca automática de informações para fins fiscais? Nos primeiros acordos brasileiros, a troca de informações de- veria ocorrer apenas na modalidade prevista na convenção, com informações para combater a evasão fiscal, inexistência de 1. Considerar que o Brasil assinou a convenção multilateral para assistência administrati- va mútua para fins fiscais Conferir: http://www.oecd.org/ctp/exchange-of-tax-information/convention-on-mutual-administr ative-assistance-in-tax-matters.htm Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. obrigatoriedade dos Estados em tomar decisões contrárias à sua legislação doméstica, bem como de revelar dados que comprometessem a ordem pública. O documento contava com apenas os parágrafos primeiro e segundo, não havendo medi- das que aumentassem o raio para o intercâmbio de informa- ções em outras situações em que a informação não já estivesse disponível para o fisco. São exemplos desses acordos os assi- nados com o Japão (Dec. 61.899/67) e com a França (Dec. 70.506/72). O artigo 26 da convenção, ao regular a troca de informações entre Estados, exige que a informação seja previsivelmente re- levante e imprescindível para o requerente, isto é, ao se depa- rar com uma possível irregularidade, o Estado irá requer uma informação sem a qual não seria possível concluir acerca de potencial lesão ao erário público. Neste contexto, preserva-se o sigilo do contribuinte mediante expressa disposição que res- tringe o uso de informações apenas a autoridades fiscais, abrindo-se, no entanto, a eventuais procedimentos administra- tivos e judiciais instaurados contra o contribuinte. b) Caso o Brasil receba um pedido de troca de informações de um Estado com quem tenha celebrado tratado para evi- tar a dupla tributação, cuja redação do art. 26 seja idêntica àquela da convenção-modelo da OCDE, ele pode se recusar a fornecer a informação, em virtude de aquela informação ser sigilosa? (vide art. 5º, inc. X e XII da CF/88, e anexo XI) Não. A troca de informação pode ser dar de maneira automática, a pedido e espontânea. Se até o início deste século prevaleceu a troca a pedido usualmente registrada em arranjos bilaterais, o cenário modificou-se severamente com o advento da FATCA (Foreign Account Tax Compliance Act), inovação dos Estados Unidos ao disporem no âmbito de sua legislação doméstica, mas impactarem diversas jurisdições quanto a este tema. E o Brasil tem feito parte deste esforço.
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