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Auxílio Reclusão

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS
CURSO DE DIREITO
Victor Matos e Sousa
Felipe Júnior da Silva Aquino
Styven de Souza Carvalho
AUXÍLIO RECLUSÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA SOCIAL	Comment by serciane bousada: FIZ AS CORREÇÕES FINAIS NO SEU TRABALHO (EM VERMELHO.ACHEI O TRABALHO DE VCS MUITO DESCRITIVO, PEDI PARA VOCÊS REALIZAREM A CORRELAÇÃO DAS MUDANÇAS DO AUXÍLIO RECLUSÃO QUE A JUSTIFICASSEM E VCS CONTINUARAM SÓ CITANDO OS TEXTOS DAS LEIS (LEMBRA QUE NA PRIMEIRA CORREÇÃO EU PEDI PARA REESCREVEREM OS PARÁGRAFOS POIS SÓ A CITAÇÃO DA LEI NÃO ERA JUSTIFICATIVA).MAS O TRABALHO FICOU MUITO BOM.FAVOR CONFERIR AS PÁGINAS E DEPOIS QUE VCS AJUSTAREM, FAVOR FORMATAREM O TRABALHO E SALVAR EM PDF E ME ENVIAR ATÉ O DIA 13/06/19 PARA EU POSTAR NO GOOGLE SALA DE AULA.ATT. PROFA. SERCIANE
Artigo científico apresentado ao curso de Direito do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais como produto do projeto integrador do 7º período.
Orientadora: Serciane Bousada Peçanha
Coronel Fabriciano
2019
SUMÁRIO
TÓPICO 1- INTRODUÇÃO
TÓPICO 2- O QUE É AUXÍLIO RECLUSÃO.
2.1 – Conceito e Regulamento;
2.2 – Requisitos;
2.3 – Beneficiários;
2.4 – Prazos;
TÓPICO 3 – PRINCÍPIOS NORTEADORES.
3.1 – Intranscendência da pena.
3.2 – Princípio da Dignidade humana;
3.3 – Princípio da Solidariedade;
3.4 – Princípio da Razoabilidade;
TÓPICO 4 – FINALIDADE, DESTINAÇÃO SOCIAL DO AUXÍLIO RECLUSÃO.
4.1 – Funções Sociais;
4.2 – Não é Salário, Então Qual Sua Natureza Jurídica;
4.3 – Contexto Familiar e Correlação Com O Benefício do Auxílio Reclusão;
4.4 – Aspectos Econômicos; 
TÓPICO 5- CONCLUSÃO
TÓPICO 6- REFERÊNCIAS
AUXÍLIO RECLUSÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA SOCIAL
Victor Matos e Sousa[footnoteRef:1], [1: Graduando do 7° período do curso de Direito. E-mail(victor.souza@a.unileste.edu.br).] 
 Felipe Júnior da Silva Aquino[footnoteRef:2], [2: Graduando do 7° período do curso de Direito. E-mail(felipe.aquino@a.unileste.edu.br).] 
Styven de Souza Carvalho[footnoteRef:3] [3: Graduando do 7° período do curso de Direito. E-mail(styven.carvalho@a.unileste.edu.br).] 
Serciane Bousada Peçanha[footnoteRef:4] [4: Orientadora: Serciane Bouzada Peçanha. E-mail(serciane.peçanha@p.unileste.edu.br).] 
Resumo: O presente artigo foca em esclarecer e informar o ponto de vista social e legal, da temática do auxílio reclusão como uma política pública previdenciária; é uma abordagem acerca das perspectivas principiológicas, sociais e normativas a respeito do auxílio reclusão. Busca-se esclarecer como funciona o auxílio reclusão e, qual sua natureza jurídica, bem como a sua real importância no ordenamento jurídico brasileiro. Procura-se por meio deste artigo desmitificar certos pontos, como por exemplo o caráter remuneratório (salarial) atribuído indevidamente ao benefício. Resta-nos a esclarecer o leitor como de fato ocorre a concepção do benefício de auxilio reclusão, e como se dá a regulamentação de tal auxílio, rompendo com a visão de que bandido não tem que receber benefício nenhum do poder público e sim pagar pelos seus erros, visão que infelizmente se faz presente nos dias de hoje. 
Palavras-chave: Auxílio Reclusão. Função Social. Políticas Públicas. 
1- INTRODUÇÃO
O auxílio reclusão é um benefício de caráter previdenciário, baseado em princípios tanto constitucionais, quanto penais e cíveis. O instituto tem como pilares nos princípios da intranscedência da pena, da dignidade humana e da razoabilidade, a temática se faz estritamente vinculada à matéria humanística constitucional.
Ao longo do estudo sobre o auxílio, percebe-se que a finalidade e embasamento para a criação de tal benefício será à prestação à assistência aos dependentes do preso e também tutelados do Estado. Uma garantia assegurada aos dependentes do cidadão recluso que contribuiu para a previdência e se amolda aos requisitos legais, visando garantir a estabilidade econômica familiar, mesmo em decorrência da condenação de um de seus integrantes.
O presente artigo, busca prestar esclarecimentos jurídicos, objetivando desmitificar o dominante senso comum, com a finalidade de sanar as polêmicas do auxílio reclusão concedido pela previdência. Propõe-se a conceituar e esclarecer dúvidas sobre a natureza do benefício e mostrar o rol normativo rigoroso que o aspirante ao benefício deve seguir para ter direito. 
Ao mais, busca-se prestar um serviço de informação e dissertar a respeito do auxílio reclusão como forma de política pública social, a qual está contemplada pela própria Constituição da República Federativa.
2. AUXÍLIO RECLUSÃO
2.1 CONCEITO
O Auxílio-reclusão foi instituído originalmente pela Lei Federal n. 3.807/60 e atualmente, é regulamentado pela Constituição Federal e pela Lei Federal n. 8.213/91. A lei previu a concessão de auxílio-reclusão aos “dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime fechado, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço.” (BRASIL,1991, online)
É um benefício devido aos dependentes do segurado preso, que tem como objetivo proporcionar suporte financeiro aos familiares do presidiário em virtude do seu encarceramento. O auxílio-reclusão cobre a ausência de renda familiar decorrente da prisão do segurado do Regime geral de Previdência Social. Tem a finalidade de não deixar a família do preso desamparada, a qual não tem mais a renda proveniente do seu trabalho, cujo exercício fica impedido de realizar em razão da prisão. (RAUPP, p. 63, 2009, online)
2.2 REQUISITOS
Para ter direito ao auxílio-reclusão é necessário primeiramente que exista a prisão, portanto, é necessária a restrição da liberdade do segurado. Pode ser de natureza penal, civil ou administrativa, cautelar ou definitiva. Em que pese à denominação atribuída ao benefício, não é só a reclusão, em sentido estrito, que dá direito ao recebimento; também é cabível em caso de detenção, como espécie de pena privativa de liberdade prevista no Código Penal.
O segundo requisito se trata da condição de segurado do Regime Geral de Previdência Social do indivíduo recolhido. Assim para que tenha direito ao pagamento do auxílio-reclusão, o indivíduo preso deve ser segurado no mínimo em 24 contribuições mensais, obrigatório ou facultativo, da previdência social, no momento da prisão.
Como terceiro requisito tem-se a condição de dependente do postulante. São assim considerados para efeito previdenciário o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido, cuja dependência econômica é presumida; os pais; e o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido, nestes casos a dependência econômica deve ser comprovada.
O quarto requisito é que no período do encarceramento o segurado não esteja recebendo remuneração da empresa, nem esteja em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, pois nesses casos, os dependentes não estarão desamparados financeiramente pela ausência do segurado, cuja renda permanece. 
O quinto requisito para o recebimento do benefício foi acrescentado pela Emenda Constitucional n. 20/98, que limitou a prestação aos dependentes de segurados de baixa renda. A emenda teve o objetivo de reduzir o número de beneficiários do auxílio-reclusão, restringindo o pagamento às famílias carentes, assim como o fez em relação ao salário-família, incluindo o elemento baixa renda, inexistente até a reforma constitucional. (RAUPP, p.64-66, 2009, online)
2.3 BENEFICIÁRIOS: 
O auxílio reclusão é destinado aos dependentes do preso, que se encontra em regime fechado. Art. 80, lei 8213/91 alterado pela MP n° 871/2019. Os dependentes estão elencados no Art.16 da lei 8213/91, assim sendo:
 Art. 16 (...)
I- O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave:
II- Os pais
III- O irmãonão emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave. (BRASIL, 2019, online)
Por fim, cabe ressaltar que, os dependentes legais são aqueles especificados no artigo supracitado, os quais terão direito de receber o auxílio reclusão, caso sejam preenchidos todos os demais requisitos apresentados. Portanto, o auxílio, destina-se aos dependentes do segurado que foi recolhido em regime fechado, antes da vigência da medida provisória 871/2019, era permitido tanto para o regime fechado quanto para o semiaberto. No entanto em 18 de janeiro de 2019 com a publicação da medida provisória 871/2019, só terá direito quem estiver em regime fechado, ou seja, apenas quando o regime imposto implicar no prejuízo laboral do segurado e de seus dependentes.
2.4 PRAZOS:
Os prazos aos quais o auxilio reclusão se sujei são equiparados aos da pensão por morte, elencados na Lei 8213, mais especificamente em seu art 77:
Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte iguais
 § 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar.             § 2o  O direito à percepção de cada cota individual cessará:
I - pela morte do pensionista;               
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e um anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;        
III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez;                 
          IV - para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da deficiência, nos termos do regulamento;             
V - para cônjuge ou companheiro:           
 a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”;            
b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado;           
c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável:            
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;            
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;            
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;           
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;            
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.            
§ 2o-A.  Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na alínea “a” ou os prazos previstos na alínea “c”, ambas do inciso V do § 2o, se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável.            
§ 2o-B.  Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “c” do inciso V do § 2o, em ato do Ministro de Estado da Previdência Social, limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido incremento.            
 § 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão extinguir-se-á.        
§ 5o  O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais de que tratam as alíneas “b” e “c” do inciso V do § 2o.           
§ 6º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.  (BRASIL, 1991, online)
Há também que se ressaltar que são previstas, normativamente, hipóteses de cessão e suspensão do benefício concedido, mas especificamente na Instrução Normativa 45/2010:
Art. 344. Os pagamentos do auxílio-reclusão serão suspensos:
I - no caso de fuga;
II - se o segurado, ainda que privado de liberdade, passar a receber auxílio-doença;
III - se o dependente deixar de apresentar atestado trimestral, firmado pela autoridade competente, para prova de que o segurado permanece recolhido à prisão; e
IV - quando o segurado deixar a prisão por livramento condicional, por cumprimento da pena em regime aberto ou por prisão albergue.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos I e IV do caput, havendo recaptura ou retorno ao regime fechado ou semiaberto, o benefício será restabelecido a contar da data do evento, desde que mantida a qualidade de segurado.
§ 2º Se houver exercício de atividade dentro do período de fuga, livramento condicional, cumprimento de pena em regime aberto ou prisão albergue, este será considerado para verificação de manutenção da qualidade de segurado.” (Brasil, 2010, online)
“Art. 343. O auxílio-reclusão cessa:
I - com a extinção da última cota individual;
II - se o segurado, ainda que privado de sua liberdade ou recluso, passar a receber aposentadoria;
III - pelo óbito do segurado ou beneficiário;
IV - na data da soltura;
V - pela ocorrência de uma das causas previstas no inciso III do art. 26, no caso de filho ou equiparado ou irmão, de ambos os sexos;
VI - em se tratando de dependente inválido, pela cessação da invalidez, verificada em exame médico pericial a cargo do INSS; e
VII - pela adoção, para o filho adotado que receba auxílio-reclusão dos pais biológicos, exceto quando o cônjuge ou o companheiro(a) adota o filho do outro. (Brasil, 2010, online)
A instrução normativa 45/2010, elenca outras situações, que se forem descumpridas poderá ser suspensa ou cessada, como foi destacado logo acima. 
3.PRINCÍPIOS NORTEADORES 
3.1 PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA
A partir do Iluminismo, o Direito Penal, na esmagadora maioria dos países democráticos, abarcou um caráter menos cruel do que ocorria no Estado Absolutista. Muitos princípios foram incorporados para trazer uma ideia de igualdade e liberdade, limitando a intervenção estatal. Com o passar dos anos, tais princípios receberam um caráter constitucional, no qual Cezar Roberto Bitencourt aponta como “Princípios Fundamentais de Direito Penal de um Estado Social e Democrático de Direito”. (FARAY, 2016, online)
A Constituição da Republica consagra o princípio da individualização da pena. Compreende três fases: cominação, aplicação e execução. Individualizar é ajustar a pena cominada, considerando os dados objetivos e subjetivos da infração penal, no momento da aplicação e da execução. Impossível, por isso, a legislação ordinária impor (desconsiderando os dados objetivos e subjetivos) regime único, inflexível. (GRECO, 2012, pag. 72,).
Esse princípio tem por fundamento a punição apenas do indivíduo que veio a praticar o crime, tendo previsão na carta Magna no artigo 5°, XLV, que aduz o seguinte: “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executados, até o limite do valor do patrimônio transferido (BRASIL, 1988, online)”. Como podemos observar por meio do preceito constitucional a família do preso não deverá ser punida juntamente com o condenado, passando necessidades do mínimo existencial, pelo fato do segurado ter cometidoalgum ilícito, assim o referido princípio não deixa com que, os reflexos da prisão atinjam a sobrevivência de seus dependentes. 
3.2 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA
De acordo com nossa Constituição Federal a dignidade da pessoa humana é um dos princípios de grande relevância em nosso ordenamento jurídico, uma vez que tudo que está ligado ao nosso direito de personalidade reflete a esse princípio, surgindo assim uma proteção maior a pessoa humana para que não sofra qualquer tipo de diminuição de seus direitos.
Tal princípio está previsto no art. 1°, III da nossa carta magna, que traz em sua essência o seguinte teor: “A dignidade da pessoa, fundamento de nosso sistema jurídico, é o ponto chave do reconhecimento e proteção dos direitos humanos. É o fim último que garante um patamar de direitos que seja capaz de preservar seu objetivo fundamental.” (FERREIRA, 2007, p.195, apud MAGGI, 2004, online).
O ordenamento jurídico brasileiro deixa claro que no caso de alguém vier a cometer alguma infração penal continuará gozando de todos os seus direitos, sofrendo restrições em alguns, como por exemplo, seu direito de ir e vir, porque são incompatíveis com as regras de punição estatal, não sendo possível a sua locomoção porque a sua punição é ficar em um ambiente restrito. Dessa maneira, estando o infrator preso e tendo dependentes será possível que esses dependentes sejam amparados pela seguridade social por meio do benefício do auxílio-reclusão.
3.3 PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE
Antes de ser entendida como um princípio, a solidariedade deve ser tida como uma característica humana em sociedade, é a qualidade, condição ou estado de solidário, ou seja, de preocupação com o próximo, de ver além de seus próprios interesses, é a preocupação para com o bem-estar de toda uma sociedade. Nas sábias palavras de Bodin De Moraes: 
Antes de ser princípio jurídico, a solidariedade é também virtude ético-teológica. Muitos, aliás, a entendem apenas sob esse significado, afirmando que seu sentido principal teria permanecido vinculado às suas origens estoicas e cristãs, principalmente as do catolicismo primitivo, cujos seguidores, por serem “todos filhos do mesmo pai”, deviam considerar-se como irmãos. A noção de fraternidade seria a inspiração da solidariedade difundida na modernidade – época dos primeiros documentos de declaração de direitos – quando estavam na ordem do dia as ideias assistencialistas, postas em prática por meio da caridade e da filantropia. (VASCONCELOS, Apud. Bodin de Moraes, 2013, online) 
Sendo assim, por analogia ao conceito e levando em conta o art. 5º da Constituição Federal, O Princípio da Solidariedade seria uma espécie de norte legal, que pretende guiar a sociedade brasileira através de dispositivos legais rumo ao bem comum, ao espírito de solidariedade, que cotidianamente deve se fazer presente não só no âmbito jurídico. 
No que tange o auxílio-reclusão a solidariedade normativa se faz extremamente presente, uma vez que, o objetivo do auxílio-reclusão é conceder proteção aos dependentes e visa atender ao risco social da perda da fonte de renda familiar, em razão da prisão do segurado, e tem por destinatários únicos e exclusivamente os dependentes do recluso. (ARAGÃO, 2018, online). Sendo a preocupação com o próximo, o dever de assistir outrem que se encontra em estado de necessidade, o princípio da solidariedade se vincula ao benefício, em busca de gerar uma maior igualdade fática tendo em vista uma situação social desmedida ocorrida em face do cárcere. 
3.4 PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE
Tendo como base o princípio da razoabilidade que dispõe sobre o exame da decisão que permite verificar que há dois elementos analisados, critério e medida, e uma determinada relação de congruência exigida entre eles. Pode-se concluir que quando analisado em um termo social o auxílio-reclusão não tem o objetivo de enriquecimento dos dependentes do preso, apenas garantir para que possam continuar tendo uma vida digna enquanto seu maior provedor familiar está recluso, inclusive, a fim de beneficiar apenas aqueles que realmente precisam desse benefício, um de seus requisitos foi mudado do postulado originalmente, tornando-se assim o conceito da baixa renda um dos requisitos imprescindíveis para se adquirir o auxílio, apenas os que comprovarem a subsistência do segurado que foi preso. (RAUPP, p.66, 2009, online) (PIRES, 2007, online) 
Deve-se perguntar se seria proporcional, razoável, deixar os dependentes do recluso 100% a mercê da sorte sem lhe prestar nenhum auxílio se quer, sem levar em conta o tempo de contribuição do recluso e o tempo de contribuição prestada para a previdência. Repare que estamos lidando com vidas, com famílias, com pessoas muitas vezes de origem humilde e que rotineiramente passam por dificuldades para manter sua própria subsistência, não seria razoável virar as costas para tal situação, não seria justo condenar todos os dependentes junto com detido em face de um crime que não cometeram, e é exatamente por isso que o auxílio foi regulamentado e posto em prática, para garantir o equilíbrio e evitar a punição, mesmo que indireta, de pessoas inocentes. 
4. FINALIDADE, DESTINAÇÃO SOCIAL E EXPLANAÇÃO SOBRE O ASPECTO ECONÔMICO DO AUXÍLIO RECLUSÃO
 4.1 FUNÇÃO SOCIAL
Como observado nos tópicos anteriores, o auxílio reclusão é cercado por uma enorme variedade de princípios norteadores jurídicos, não apenas no que tange a área do Direito Penal ou Previdenciário, mas principiológicas das mais diversas faces do ordenamento jurídico brasileiro, sendo com base nessas, que se pode observar a essência e função social do auxílio reclusão. Atualmente há uma equivocada visão da função e propositura do auxílio-reclusão como forma de benefício previdenciário ou mera remuneração paga àqueles que estejam em situação de cárcere. Mas, ao debruçarmos sobre os princípios referentes ao tema constatamos que a real intenção não é bem essa a real intenção é a proteção dos dependentes do segurado, que sendo recolhido a prisão não terá mais condições de arcar com as despesas de seus dependestes, assim o Estado garante a essas pessoas o benefício para poderem se sustentar enquanto o segurado estiver preso. 
A Função social primordial do auxílio é de caráter previdenciário, na própria Constituição Federal, em seu artigo 201, no capítulo previdenciário, cita o direito ao “auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda”, além disso, a própria Lei nº 8.213/91 descreve o auxílio como "um direito dos dependentes do segurado que for recluso em regime fechado e que não receba remuneração da empresa", valendo ressaltar que o recluso em regime semiaberto não mais faz jus ao benefício após as recentes alterações já mencionadas . (MATOS, 2018, online)
O auxílio reclusão, como a própria norma diz, não visa sanar os impactos sofridos com a prisão ou muito menos, remunerar o preso retirado do livre convívio, ele trata de um amparo aos dependentes, e tem como função não prejudicar a digna sobrevivência dos dependentes do recluso, visa amenizar o ônus que atinjam os dependentes do segurado, que foi condenado pela prática de uma infração penal, que depende do preso para sua subsistência comprovada, visa tratar o homem com respeito, umas das formas mais claras e simples de tratamento digno. (OLIVEIRA, 2018, online). 
4.2 NÃO É SALÁRIO, ENTÃO QUAL SUA NATUREZA JURÍDICA?
Conforme entendimento de Alves (2007, p.33):
O auxílio-reclusão é um benefício de prestação previdenciária, por ser seu pagamento de forma pecuniária e contínua, de caráter familiar, com cláusula suspensiva e exigível quando preenchidos os requisitos legais e tem como natureza jurídica o benefício.
 Com base nas ideias de Alves fica claro que a natureza do auxílio-reclusão não é de remunerar o preso, mas sim, prestar um benefício aos seus dependentes conforme os preceitos contidos em lei e na Constituição, com vistas na condição de segurado da previdência social, o qual realizou contribuição.
O benefício é norteado por requisitos legais que restringem o acessoe requisição do mesmo, possuindo, como mencionado no tópico 2.4 deste mesmo artigo, início, meio e fim de sua prestação. Quanto a isso vale ressaltar as sábias palavras de Sérgio Pinto Martins (2009, p. 28, online):
A natureza jurídica da Seguridade Social é publicística, decorrente de lei (ex lege) e não da vontade das partes (ex voluntates). [...]Decorre da lei a natureza jurídica da seguridade social. Tem, portanto, cunho publicística, abrangendo o contribuinte, o beneficiário e o Estado, que arrecada as contribuições, paga os benefícios e presta os serviços, administrando o sistema.
Sendo assim, não há o que se falar em caráter salarial, pois os preceitos previdenciários são os ditames do auxílio em questão, não abrindo margem para discricionariedade, nem convenção contratual, estando elencados de forma taxativa na Lei 8.213/91. Não restando dúvidas, quanto ao seu caráter previdenciário e contributivo.
4.3 CONTEXTO FAMILIAR E CORRELAÇÃO COM O BENEFÍCIO DO AUXÍLIO RECLUSÃO 
A Constituição Federal de 1988 contemplou em seu texto os mais diversos temas de cunho humanístico e social, não sendo em vão conferido o apelido de a "Constituição Cidadã". Umas das novidades que fazem jus à nomenclatura da Magna Carta é a abordagem e tematização do Capítulo "Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso", presente título VIII (Brasil, 1988, online), que dentre outros temas apresenta a importância e os princípios básicos que norteiam a instituição familiar no Brasil. Outro ponto da mesma norma que é interessante ressaltar, são as seções III e IV, do capítulo II, título VIII, que fazem referência à previdência e a assistência social no âmbito jurídico.
Em seu artigo 203, a Constituição Federal diz:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:	Comment by serciane bousada: FAZER CITAÇÃO CONFORME ABNT
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. (Brasil, 1988, online)
E no mesmo sentido, uma seção acima, em seu artigo 201 diz:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) {...} 
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) {...} 
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) {...}. (BRASIL, 1988, online)
Ao debruçarmos sobre o texto legal visando uma correlação entre a instituição familiar e a seguridade social, nota-se que o texto faz inúmeras referências à família e aos dependentes os colocando como partes necessitadas de atenção e assistência social, demonstrando o quão importante e vital aquelas instituições representam para a sociedade. E, principalmente, o valor das normas que vinculam a previdência social ao instituto familiar. Nesse sentido, é óbvio que o auxílio- reclusão não ficaria de fora do rol de benefícios sociais visados à manutenção e seguridade da entidade família.
"A ideia primordial do benefício é não deixar desamparada a família do preso que tiver privação da renda proveniente do seu trabalho que não será exercido decorrente da prisão." (MAGGI, 2014, online). Dessa forma, nota-se que o foco da previsão legal é salvaguardar a dignidade daqueles que permanecem dependentes do réu preso, que carecem de atenção do Estado em face do princípio da intranscedência da pena, segurando a proteção aos dependentes do preso, que precisa continuar a vivendo, sendo no mínimo nas mesmas condições que vivia antes do segurado ser recolhido a prisão.
Não é possível analisar o impacto de tal benefício sem pensar na instituição da família, pensamento este que o próprio texto legal nos reforça a todo o momento. O que nos dá a nítida noção que um dos motivadores para concessão de tal auxílio é o contexto familiar dos dependentes do preso que constitucionalmente faz jus ao auxílio.
5. CONCLUSÃO
Conforme presenciado no decorrer do artigo existem muitos pontos normativos regulamentadores do auxílio-reclusão, não sendo uma matéria discricionária e sim se tratando de um benefício rigorosamente estabelecido legalmente e princípio logicamente, nota-se o caráter previdenciário bem como a necessidade de contribuição do recluso para fazer jus ao benefício, não sendo portanto uma verba de cunho salarial ou remuneratório em face da prisão. Portanto, o benefício possui como meta prestar uma assistência financeira aos dependentes do preso que contribuiu e se adequa em todos os requisitos cumulativos do instituto previdenciário.
O auxílio reclusão, como exposto, possui um aval principiológico e está positivado, havendo uma correlação com as mais diversas áreas do direito brasileiro. Além do mais, vale ressaltar a importância social e humanitária do benefício, que é responsável por assistir às famílias e lhes garantir dignidade. Ao longo de nosso artigo científico, procuramos discorrer, de modo mais simples possível, sobre a temática do benefício de auxílio reclusão, benefício este prestado pela previdência social. Resolvemos explanar esse tema com a finalidade de mostrar aos leitores, como se dá, e quem tem direito de receber o benefício, desmitificando as mentiras que são pregadas pela mídia, alienando aquelas pessoas simples, que não tem muitos meios de acesso à informação e que simplesmente só tem as informações pelo o que é repassada pela mídia televisiva ou sonora. 
No desenvolver do nosso trabalho trouxemos alguns princípios que sustentaram a criação do auxílio reclusão, manifestamos também, quem são os sujeitos passivos que recebem o benefício e por fim trouxemos os parâmetros legais a serem preenchidos, para fazer jus a este benefício. É imperioso o esclarecimento das falácias negativas sobre o citado benefício, no que tange ao senso comum, o quanto de mentiras absurdas que escutamos, pelo simples fato por falta de informações verídicas que são omitidas. O artigo tem o objetivo de informar e conscientizar mais as pessoas sobre o auxílio-reclusão, pois a maioria tem uma ideia difundida da qual o benefício realmente representa, tendo como parâmetros ser justo e manter o mínimo de subsistência para aqueles que estão reclusos no sistema penitenciário, demonstrando que não é uma forma de manter alguém que descumpriu com a lei, e sim ajudar a família do preso do qual dependia financeiramente, e que em um momento tão crítico e fragilidade como esse, eles possam ter algum suporte por parte da sociedade.
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