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ANALISE FILME- APS

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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
ANÁLISE FILME DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA
Santana de Parnaíba/ 2017
UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
 Isabela Melara
C30ICI-0
 Juliane Lima
C157FF-5
 Karem Ellen
B97IBB-0
 Mylena Funaki
C222FE-3
 Natalia Gondolo
B6751A-9
 Nathália Lopes
B765DC-2
ANÁLISE FILME DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA
Santana de Parnaíba/ 2017
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem a finalidade de analisar o filme “Doze homens e uma sentença” pela perspectiva da teoria de Pichón Rivière - Teoria de grupo, e discutir o processo grupal que se desenvolve no mesmo. Pichón pensa a realidade e o funcionamento dos grupos, articulando o uso do conceito de dialética.
O filme acontece em torno de um julgamento, no qual um jovem porto-riquenho é acusado de ter matado o próprio pai. Os 12 jurados reúnem-se para decidir a sentença, com a orientação de que o réu deve ser considerado inocente até que se prove o contrário. Onze deles, cada um com sua razão, votam pela condenação. Henry Fonda, o único que acredita na inocência do garoto vota o a seu favor, enquanto ele tenta convencer os outros a repensarem a sentença, o filme vai revelando sobre cada um dos jurados, mostrando as convicções pessoais que os levaram a considerar o garoto culpado e fazendo com que examinem seus próprios preconceitos. 
FICHA TÉCNICA
Título original: 12 Angry Men.
Ano Produção: 1957.
Gênero: Drama\ Policial.
Direção: Sidney Lumet.
Roteiro: Reginald Rose.
Produção: Henry Fonda\ Reginald Rose.
Elenco: E.G. Marshall, Ed Begley, Edward Binns, George Voskovec, Henry Fonda, Jack Klugman, Jack Warden, John Robert Webber, Joseph Sweeney, Lee J. Cobb, Martin Balsam.
Duração: 95 min.
RESUMO
O filme “Doze Homens e Uma Sentença” desenvolve-se no cenário de um tribunal do júri norte-americano, onde doze personagens são encarregados de dar o veredicto a respeito da culpabilidade ou inocência de um jovem de 18 anos que está sendo julgado pelo assassinato do pai depois de uma briga.
 Logo no início, o juiz orienta os jurados a respeito do grande compromisso que estão envolvidos, apresentando a regra básica do veredicto: somente no caso de certeza absoluta (unanimidade) os jurados deveriam condenar ou inocentar o réu. Em caso de discordância entre eles ou possíveis questionamentos, a inocência prevaleceria. É importante ressaltar também a gravidade da pena a ser aplicada no caso de condenação, que seria pena de morte pelo crime de homicídio.
 Inicialmente, ocorre uma votação para verificar quem considerava o acusado culpado ou inocente. Dos doze que estavam presentes, onze votaram pela condenação e, apenas um definiu como inocente, declarando que tinha dúvidas a respeito do caso e que manteria seu voto até que se manifestasse uma comprovação do contrário.
 Existem testemunhas e provas que supostamente comprovam a culpa do acusado, porém não são o suficiente para condenar o réu, deixando uma grande margem de dúvidas. Com isso, a argumentação por parte dos jurados se torna de grande importância para se chegar a uma conclusão racional.
 O único jurado que apresentou o voto pela inocência do acusado, a partir disso, dá início à uma discussão a respeito das questões ofuscadas do caso, tentando instigar os demais jurados às evidências apresentadas pela promotoria. Essas evidências poderiam não ser tão seguras e objetivas quanto pareceram de início, mas, o mesmo, sendo resistente vai aos poucos fazendo com que cada jurado reflita sobre o seu voto e reveja seu modo de pensar, deixando de lado preconceitos que poderiam corromper o julgamento.
 É possível notar na argumentação das partes, variações de discursos de forma crítica e comum, fazendo com que fosse alterado o voto daqueles que culpavam o réu, por desinteresse ou até mesmo de forma sentimental, expondo suas experiências próprias de vida no caso. A indiferença de alguns dos jurados era nítida, já outros mostravam sua profunda satisfação ao definir o caso como resolvido.
 Desta forma, a conclusão do filme se dá após essas contestações, que foram capazes de mostrar a diferença entre os indivíduos, mas, de também convencê-los à mudarem seus votos e à inocentarem o réu.
PERSONAGENS
Jurado nº1 – é um relator, treinador esportivo. É o líder, mostra autoridade e responsabilidade.
Jurado nº 2 – sua profissão não é mencionada durante o filme. Mudava de opinião constantemente, mostrando uma insegurança.
Jurado nº3 – é um empresário já familiarizado com o fato de ser jurado. Foi o último a mudar de posição, essa mudança foi ocasionada por uma identificação com o caso, encontrando nele uma maneira de fazer justiça contra o seu próprio filho.
Jurado nº 4 – é um homem sério que trabalha na bolsa de valores. Teve uma postura racional, mudando de opinião ao derrubarem o depoimento da testemunha, que utilizava óculos como ele.
Jurado nº 5 – é caracterizado pela sua infância difícil, é tímido e confuso ao expor sua opinião, foi o terceiro a mudar de opinião.
Jurado nº 6 – é um pintor de paredes. Buscava motivos para o jovem ter assassinado o pai, muda de posição após contestarem os motivos encontrados.
Jurado nº 7 – um vendedor preocupado em não perder o jogo de futebol. Mostra-se indiferente ao caso, mudando de posição ao perceber que os outros jurados estavam mudando de opinião.
Jurado nº 8 – é o protagonista, chama-se Davis e trabalha como arquiteto. É o primeiro a votar pela inocência do jovem, sentindo-se na obrigação de realizar um debate antes de sentenciar o jovem.
Jurado nº 9 – é um senhor com mais de 70 anos, é atento e muda o seu voto para que Davis possa expressar seu ponto de vista, criando um espaço para o debate.
Jurado nº 10 – tinha um discurso preconceituoso e se portava de maneira arrogante, sem se importar com os demais. Foi ignorado por todos os júris presentes, o que causou seu isolamento.
Jurado nº 11 – trabalha como relojoeiro, era um imigrante que sentia orgulho de ser americano. Valorizava o momento vivenciado, mostrando-se envolvido com o caso.
Jurado nº 12 – um publicitário sem opinião definida, seu discurso restringia-se a jargões do seu meio profissional. Mudava constantemente de posição.
TEORIA DE GRUPO – PICHÓN RIVIÈRE
Pichón Rivière foi um psiquiatra argentino, que em torno de 1940, realizou estudos sobre grupos. Por meio da teoria e técnica que chamou de Grupo Operativo o autor contribuiu para a compreensão sobre a estrutura, funcionamento dos grupos e para a intervenção no campo grupal. 
De acordo com Pichón Grupo Operativo é “um conjunto de pessoas reunidas por constantes de tempo e espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe, implícita ou explicitamente, uma tarefa que constitui sua finalidade” (p. 157), ou seja, um conjunto de pessoas com um objetivo em comum, operando em equipe, onde há a necessidade de que os membros do grupo realizem um trabalho ou tarefa em comum. 
O grupo requer três condições: motivação para a tarefa; mobilidade nos papéis a serem desempenhados e disponibilidade para mudanças necessárias.
Os grupos operativos, segundo Pichón, têm como um dos objetivos o de auxiliar na minimização dos medos básicos e de favorecer o rompimento de estereótipos que funcionam como barreira à mudança. Dessa forma, o grupo é um instrumento de transformação e adaptação ativa da realidade, e seus integrantes passam a redistribuir papéis, elaboram lutos, vencem resistências à mudança e estabelecem relações grupais, que vão se constituindo na medida em que começam a partilhar objetivos comuns e ter participação criativa e crítica, percebendo como interagem e se vinculam. 
 A tarefa se constitui em um organizador dos processos de pensamento, comunicação e ação que se dá em e entre os membros do grupo. Nos grupos operativos, a tarefa interna consiste na sua totalidade das operaçõesque os membros do grupo devem realizar de maneira conjunta, enquanto que a tarefa externa é o trabalho produtivo, na qual a realização é a razão de ser do grupo.
O cumprimento da tarefa é central no desempenho dos participantes, nos papéis que assumem. Em relação ao grupo podemos dizer que alguns papéis (função) são fixos, ou seja, são encontrados e podem ser identificado em qualquer grupo. Porém as pessoas que ocupam tais papéis não são fixas, podem alterna-se e emergem no decorrer do processo, articulando-se com as necessidades e expectativas individuais e grupais. Pichón fala em cinco papéis que constituem um grupo. Estes são: 
Líder de Mudança: o que se encarrega de levar adianta as tarefas, se arriscando diante do novo.
Líder de Resistência: sabota tarefas e remete o grupo sempre à sua etapa inicial, freando os avanços, apresenta resistência à mudança. 
Porta-Voz: pessoa que denuncia, comunica os sentimentos, necessidades, pensamentos e ansiedades do grupo, levanta os aspectos dificultosos para a realização da tarefa. 
Bode Expiatório: pessoa que representa e assume os aspectos negativos de todo o grupo, expressa o conteúdo que é negado pelo grupo e direcionado a uma pessoa. 
Os silenciosos: possuem dificuldade em estabelecer comunicação exigindo que o restante do grupo se manifeste.
Outro aspecto apontado por Pichón refere-se à estrutura do grupo, que se compõem pela dinâmica de Depositado, Depositário e Depositante. Sendo que, o depositante é aquele que, não podendo assumir determinada característica sua, a deposita (o depositado) em alguém que é o depositário. 
Propondo que tenhamos um olhar duplo sobre o grupo e os sujeitos, ao pensarmos em dois eixos, de forma que tal dinâmica surge pela noção de verticalidade e horizontalidade.
Verticalidade assinala tudo aquilo que diz respeito a cada elemento do grupo, distinto e diferenciado do conjunto, ou seja, enuncia algo de si mesmo; enquanto que Horizontalidade se refere ao grupo pensado em sua totalidade, de forma que denuncia uma característica ou problema grupal. 
Pichón afirma que o caminhar do grupo ocorre em três momentos diferentes: Pré-tarefa, Tarefa e Projeto. Durante a Pré-tarefa há resistências dos integrantes do grupo ao contato com os outros e consigo mesmo, na medida em que o novo, o grupo, gera ansiedade e medo, medo de perder o próprio referencial e medo do ataque do desconhecido. A partir do momento em que é possível elaborar as ansiedades básicas, romper com os estereótipos, abrir-se para o novo e o desconhecido, pode-se dizer que o grupo está na tarefa. A tarefa é a trajetória que o grupo percorre para atingir seus objetivos, o grupo se centraliza na tarefa, superando os medos básicos. No Projeto o grupo planeja suas ações futuras. 
Por fim, Pichón refere-se à Unidade de Operação, diferenciando entre Existente, Interpretação e Emergente do grupo. O existente é a situação do grupo (explicito ou implícito); a interpretação é a compreensão do que existe e o esclarecimentos das dificuldades; o emergente é a resposta do grupo à interpretação (desestruturação ou reestruturação). 
ANÁLISE FILME
De acordo com Pichón o grupo é definido por um conjunto de pessoas reunidas por constantes de tempo e espaço que possuem como objetivo a realização de uma tarefa em comum, agindo como equipe, dessa forma, podemos afirmar que os doze personagens do grupo se enquadram na definição de grupo devido ao fato de estarem reunidos na sala de júri, em um tempo necessário, para a alcançar o objetivo de decisão conjunta sobre a culpabilidade ou inocência que o rapaz possui sobre o assassinato de seu pai. 
Para ser um grupo é necessário obter três condições: motivação para a tarefa; mobilidade nos papéis a serem desempenhados e disponibilidade para mudanças necessárias. Os personagens estão motivados, a princípio, com o desempenho como jurados, colaborando para manter a ordem que foi violada com tal crime, buscando a justiça. 
Considerando, também, que se o réu for condenado sua sentença será de morte, destinado à cadeira elétrica, estão diante de uma decisão crítica e importante, responsabilizados pela vida de outro ser humano, o que levam a se motivarem a discutir e alcançar o objetivo comum. 
O autor afirma que existem alguns papéis fixos encontrados dentro do grupo que, entretanto, os personagens ocupam tais papéis são alternados, havendo mobilidade durante o processo de acordo com as necessidades e expectativas individuais e grupais, como por exemplo, no momento em que inicialmente o jurado Número 1 desempenha o papel de Líder da Mudança e posteriormente o jurado Número 8, Daves, passa a exercer tal função. 
Primeiramente o grupo não se mostra estar disponível para mudanças, uma vez que já estão com a opinião formada de que o réu é culpado, porém ao longo da dialética do jurado 8, Daves, os personagens se abrem para ouvir ao mesmo e se dispõem a mudar de opinião quanto à culpabilidade do rapaz, exemplificando a disponibilidade e quebra da resistência para a mudança. 
A verticalidade pode ser vista quando os personagens expressam suas experiências pessoais, para tentarem interpretar e argumentar sobre o ocorrido. Enquanto que a horizontalidade ocorre quando o grupo em conjunto, como equipe, chega ao veredito do réu. 
Os momentos identificados durante o procedimento são classificados como Pré-Tarefa, Tarefa e Projeto. A Pré-Tarefa ocorre quando os jurados se reúnem na sala do júri, onde percebemos seus sentimentos de ansiedade, agitação e confusão. A partir do momento em que começam se organizar e movimentam-se para elaborar uma conclusão do objetivo ocorre a Tarefa. O Projeto ocorre com a ação de decisão de inocência do rapaz, planejando seu futuro para a liberdade.
Como citado anteriormente, o grupo possui papéis fixos onde os personagens se alternam para exerce-los. A identificação dos papeis que cada jurado possui é complexo devido ao fato de que há uma constante mobilização de funções, dependendo das necessidades individuais e grupais. Primeiramente, o jurado número 1 executa o papel de Líder de Mudança, pois ele quem tem a iniciativa de falar e organizar o grupo; posteriormente o jurado número 8, Daves, se transforma em Líder da Mudança, pois ele quem faz a retorica para convencer os demais do grupo e se arrisca diante de todos expressando sua opinião e dando continuidade à tarefa. 
O papel de Líder de Resistência a princípio é executado pelo jurado Daves, pois ele é o único ir contra a acusação do réu como culpado sem haver um debate, indo em desacordo com os demais do grupo. Com o decorrer do júri outros personagens assumiram tal papel pois continuam a apresentar resistência, não acreditando que o rapaz é inocente, enquanto que os outros jurados já creem na inocência, como por exemplo o jurado número 3 que até último momento do filme não aceita mudar sua opinião. 
O papel do porta-voz pode ser considerado como executado pelo jurado número 9, pois ele quem muda sua posição para dar abertura à um debate em favor do grupo. 
O personagem número 8, Daves, assume o papel de Bode Expiatório pois ele quem assume e representa os aspectos negativos de todo o grupo. 
 Diversos personagens ao longo da trama executam o papel de Silenciosos pois possuem dificuldade em estabelecer comunicação, como por exemplo os jurados número 5, 7 e 9. 
CONCLUSÃO
 
Ao finalizar o trabalho de análise do filme “12 Homens e uma Sentença” conseguimos identificar que todos os personagens se enquadravam nas características grupais, como na teoria de Pichón, a qual o grupo operativo se dividiu em funções fixas, onde ao decorrer do longa-metragem os indivíduos alternaram-se nestas funções.
Como explicitado no filme, o ponto de vista do oitavo jurado e sua insistência no mesmo, foram fundamentais para que ao desenrolar das votações e teses, cada júri presente na sala partisse do mesmo pressuposto, exercendo as devidas posições e de acordo com as estruturas, promovessem as mudanças por parte as relações estabelecidas.
Concluímos assim, a importânciaque há no grupo em relação a apuração dos argumentos, de forma que se mantivesse a comunicação, possibilitando que o sistema não se fechasse, para que assim, consequentemente, não prejudicasse o grupo diante da votação.
REFERÊNCIAS
A dinâmica dos grupos e o processo grupal- http://www.ead.uepb.edu.br/arquivos/cursos/Geografia_PAR_UAB/Fasciculos%20-%20Material/Psicologia_Educacao/Psi_Ed_A10_J_GR_20112007.pdf
A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon- http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoinfo/v14n14/v14n14a10.pdf
PICHON-RIVIÈRE, A DIALÉTICA E OS GRUPOS OPERATIVOS:IMPLICAÇÕES PARA PESQUISA E INTERVENÇÃO http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rspagesp/v14n1/v14n1a04.pdf
UMA INTRODUÇÃO AOS GRUPOS OPERATIVOS: TEORIA E TÉCNICA - Pablo Castanho http://pepsic.bvsalud.org/pdf/vinculo/v9n1/a07.pdf

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