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MATERIAL DE APOIO METODOLOGIA 2020 1

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1
	
CENTRO UNIVERSITARIO-FAMETRO
	MATERIAL DE APOIO METODOLOGIA
	
	
	
	
	PROFESSORA WANILCE PIMENTEL- 2020/1
FAZER UNIVERSIDADE UMA PROPOSTA METODOLÓGICA
(TEXTO 1)
O processo que estamos vivenciando na busca de formar uma mentalidade universitária, crítica, nos põe, agora, diante de uma tarefa mais específica a de criar, elaborar e codificar uma mensagem em nível de trabalho científico.
Em nossa história percebemos que o homem desenvolve sua inteligência no afã de dominar os segredos do mundo, de sua realidade concreta. Em virtude desse seu potencial de saber já apresenta um patrimônio razoável de realizações. E é na proporção dessas conquistas que a razão humana evolui, que se apresentam novas exigências, justificativas racionalmente coerentes etc. Podemos mesmo dizer que hoje o homem respira um clima global já “enriquecido” por tais conquistas. Especialmente na universidade, acreditamos, tal clima deve ser cultivado, criado, recriado e avaliado. Isso se fará na medida em que trabalharmos criticamente, com a mentalidade de quem quer trabalhar cientificamente.
A intenção é propor algumas pistas orientadoras de como, nessa inicial tentativa de trabalharmos cientificamente, elaborar e comunicar por escrito uma mensagem fecundada e criada em nosso eu: a nossa mensagem. Fecundar e criar uma mensagem se faz na medida em que, ao interagirmos com a realidade que nos cerca, a investigamos, problematizamos, questionamos e tentamos transformá-la na prática da leitura analítico-crítica é um pré-requisito que nos auxilia no amadurecimento dessa reflexão para a transformação da realidade.
É através da comunicação que se torna viva e concreta uma criação. Comunicar uma criação, portanto, significa expressar as nossas descrições, análises, reflexões, conclusões possíveis encaminhamentos de soluções, novas hipóteses ou simplesmente o nosso fundamento e sério questionamento.
No inicio da tarefa universitária, essa tentativa de criação e comunicação deve ser efetivamente a partir de leituras, de fontes bibliográficas. Em nossas universidades, na maioria das tarefas, ainda trabalhamos quase que só com livros. Acreditamos, no entanto, que após experiências sérias e avaliadas de trabalhos a partir de fontes bibliográficas, tenhamos o suficiente substrato para posteriores pesquisas, trabalhos mais ousados, com exigências e técnicas mais sofisticadas.
Interessa-nos aqui não só conhecer regras, normas e técnicas de metodologia, mas sim a “racionalização” de uma reflexão séria, criativa, a formação de uma mentalidade ou consciência de que estamos elaborando conhecimento humano, e, conseqüentemente participando do processo evolutivo do homem, da história. A obediência a um plano e à aplicação de um método orientado pelo espírito científico, principalmente em nossa tarefa de “fazer universidade” é garantia de êxito nesse trabalho.
Portanto, a pesquisa propriamente dita quer elucidar elementos novos, propor vias de solução a problemas bem identificados e formulados, com a melhor segurança possível.
 LUCKESI, Cipriano. 
O Mito da Caverna de Platão em quadrinhos (Texto 2)
O Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, é um texto do filósofo grego Platão, parte do Livro VII de A República. Por meio de um diálogo entre as personagens Sócrates e Glauco, Platão faz uma parábola para demonstrar como a escuridão e as trevas da ignorância podem ser superadas pela busca do conhecimento, da verdade.
As sombras projetadas pela pouca luz que entra na caverna representam o senso comum, a crença acrítica no relato anedótico, nas tradições e nos dogmas. É literalmente a visão parcial e limitada, mas vista pelos homens da caverna como sendo todo o mundo.
Por outro lado, a saída da caverna e a busca da luz é a busca pelo conhecimento, pela verdade. No início pode assustar e até fascinar, mas é a única forma de viver plenamente.
Esta versão, do estúdio de Maurício de Souza, é de 2002 e nos traz uma bem-humorada visão dessa parábola. No final, o trecho de A República que contém a alegoria.
Diálogo de Sócrates com Glauco
Sócrates: Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois, homens que vivem em uma morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura da fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse caminho é cortado por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo.
Glauco: Entendo
Sócrates: Então, ao longo desse pequeno muro, imagine homens que carregam todo o tipo de objetos fabricados, ultrapassando a altura do muro; estátuas de homens, figuras de animais, de pedra, madeira ou qualquer outro material. Provavelmente, entre os carregadores que desfilam ao longo do muro, alguns falam, outros se calam.
Glauco: Estranha descrição e estranhos prisioneiros!
Sócrates: Eles são semelhantes a nós. Primeiro você pensa que, na situação deles, eles tenham visto algo mais do que as sombras de si mesmos e dos vizinhos que o fogo projeta na parede da caverna à sua frente?
Glauco: Como isso seria possível, se durante toda a vida eles estão condenados a ficar com a cabeça imóvel?
Sócrates: Não acontece o mesmo com os objetos que desfilam?
Glauco: É claro.
Sócrates: Então, se eles pudessem conversar, não acha que, nomeando as sombras que vêem, pensariam nomear seres reais?
Glauco: Evidentemente.
Sócrates: E se, além disso, houvesse um eco vindo da parede diante deles, quando um dos que passam ao longo do pequeno muro falasse, não acha que eles tomariam essa voz pela da sombra que desfila à sua frente?
Glauco: Sim, por Zeus.
Sócrates: Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.
Glauco: Não poderia ser de outra forma.
Sócrates: Veja agora o que aconteceria se eles fossem libertados de suas correntes e curados de sua razão. Tudo não aconteceria naturalmente como vou dizer? Se um desses homens fosse solto, forçado subitamente a levantarem-se, a virar a cabeça, a andar, a olhar para o lado da luz, todos esses movimentos o fariam sofrer; ele ficaria ofuscado e não poderia distinguir os objetos, dos quais via apenas as sombras anteriormente. Na sua opinião, o que ele poderia responder se lhe dissessem que, antes, ele só via coisas sem consistência, que agora ele está mais perto da realidade, voltado para objetos mais reais, e que está vendo melhor? O que ele responderia se lhe designassem cada um dos objetos que desfilam, obrigando-o com perguntas, a dizer o que são? Não acha que ele ficaria embaraçado e que as sombras que ele via antes lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco: Certamente, elas lhe pareceriam mais verdadeiras.
Sócrates: E se o forçassem a olhar para a própria luz, não achas que os olhos lhe doeriam, que ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e que as consideraria verdadeiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram?
Glauco: Sem dúvida alguma.
Sócrates: E se o tirarem de lá à força, se o fizessem subir o íngreme caminho montanhoso, se não o largassem até arrastá-lo para a luz do sol, ele não sofreria e se irritaria ao ser assim empurrado para fora? E, chegando à luz, com os olhos ofuscados pelo brilho, não seria capaz de ver nenhum desses objetos, que nós afirmamos agora serem verdadeiros.
Glauco: Ele não poderá vê-los, pelo menos nos primeiros momentos.
Sócrates: É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá mais facilmente as sombras, depois,as imagens dos homens e dos outros objetos refletidos na água, depois os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a noite, ele poderá contemplar as constelações e o próprio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da lua mais facilmente que durante o dia para o sol e para a luz do sol.
Glauco: Sem dúvida.
Sócrates: Finalmente, ele poderá contemplar o sol, não o seu reflexo nas águas ou em outra superfície lisa, mas o próprio sol, no lugar do sol, o sol tal como é.
Glauco: Certamente.
Sócrates: Depois disso, poderá raciocinar a respeito do sol, concluir que é ele que produz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível, e que é, de algum modo a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.
Glauco: É indubitável que ele chegará a essa conclusão.
Sócrates: Nesse momento, se ele se lembrar de sua primeira morada, da ciência que ali se possuía e de seus antigos companheiros, não acha que ficaria feliz com a mudança e teria pena deles?
Glauco: Claro que sim.
Sócrates: Quanto às honras e louvores que eles se atribuíam mutuamente outrora, quanto às recompensas concedidas àquele que fosse dotado de uma visão mais aguda para discernir a passagem das sombras na parede e de uma memória mais fiel para se lembrar com exatidão daquelas que precedem certas outras ou que lhes sucedem, as que vêm juntas, e que, por isso mesmo, era o mais hábil para conjeturar a que viria depois, acha que nosso homem teria inveja dele, que as honras e a confiança assim adquiridas entre os companheiros lhe dariam inveja? Ele não pensaria antes, como o herói de Homero, que mais vale “viver como escravo de um lavrador” e suportar qualquer provação do que voltar à visão ilusória da caverna e viver como se vive lá?
Glauco: Concordo com você. Ele aceitaria qualquer provação para não viver como se vive lá.
Sócrates: Reflita ainda nisto: suponha que esse homem volte à caverna e retome o seu antigo lugar. Desta vez, não seria pelas trevas que ele teria os olhos ofuscados, ao vir diretamente do sol?
Glauco: Naturalmente.
Sócrates: E se ele tivesse que emitir de novo um juízo sobre as sombras e entrar em competição com os prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto sua vista ainda está confusa, seus olhos ainda não se recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto demais para acostumar-se com a escuridão, ele não ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, depois de ter ido até o alto, voltou com a vista perdida, que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, você acredita que, se pudessem agarrá-lo e executá-lo, não o matariam?
Glauco: Sem dúvida alguma, eles o matariam.
Sócrates: E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade. Em todo o caso eis o que me aparece tal como me aparece; nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a ideia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. No mundo visível, ela gera a luz e o senhor da luz, no mundo inteligível ela própria é a soberana que dispensa a verdade e a inteligência. Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública.
Glauco: Tanto quanto sou capaz de compreender-te, concordo contigo.
Texto: A Alegoria da caverna: A Republica, 514a-517c. Tradução de Lucy Magalhães.
Quadrinhos: Maurício de Souza Produções, 2002
A NECESSIDADE DE DESENVOLVER UMA POSTURA CRÍTICA DO ESTUDO
(TEXTO 3)
A necessidade de desenvolver nos estudantes universitários uma postura crítica diante do estudo não se deve a um modismo ou a algum princípio pedagógico abstrato, mas à própria natureza compósita do saber universitário de ciências e ideologias teóricas. Ninguém desconhece que este saber se proclama científico; que se apresenta como produzido segundo protocolos de cientificidade; que distribui os seus discursos por área ditas científicas (ciências humanas, biológicas, exatas, ) Assim, sendo, nada mais lógico do que submetê-lo a um tratamento científico.
Pois bem, o conhecimento científico não é uma verdade definitiva, acabada, eterna. A correspondência entre este conhecimento e a realidade não é uma relação fixa, dada de uma vez sempre, mas um processo de aproximação constante. Tal aproximação não ocorre por acréscimo, mas por retificação. Uma ciência só se desenvolve retificando-se incessantemente, em seus detalhes e em seus fundamentos.
É este caráter dialético do conhecimento científico que faz das verdades científicas, verdades polêmicas; é ele também que torna a crítica um elemento indispensável para o afastamento do erro; indispensável para o estabelecimento verdadeiro. Portanto a atitude crítica no estudo de uma ciência é uma exigência da própria ciência. A segunda razão para se adotar uma atitude crítica diante do saber veiculado na universidade, baseia-se no fato de que “em toda prática científica há elementos ideológicos que constituem apoios ou obstáculos ao desenvolvimento desta prática. Em outras palavras: as ciências (principalmente as sociais) não são indiferentes às ideologias, que são sempre ideologias de classes”.
O conhecimento científico não é produzido numa redoma que o protege dos interesses de classes; pelo contrário, mantém com esses interesses uma articulação complexa que deve ser submetida a uma análise interpretativa, se não se quer ser vítima do engano.
Não se trata, portanto, de uma crítica no sentido de denuncia uma infiltração ideológica na ciência ou tentar “purificar” o saber científico. Tal atitude continua prisioneira do mito positivista da neutralidade e da pureza científica. A questão é identificar que ideologia atua sobre este ou aquele discurso científico, em que condições concretas atuam e quais os efeitos dessa atuação.
A identificação dos interesses que afetam a cientificidade do saber que circula na universidade é, portanto, a segunda razão pela qual defendemos o desenvolvimento de uma atitude crítica diante deste4 saber. Somente a partir daí é possível assumir uma atitude dialógica com este saber. Mas este objetivo pressupõe evidentemente a percepção do condicionamento histórico-sociológico e ideológico tanto do conhecimento quanto dos autores, como nos adverte Paulo Freire (1977).
As duas razões mencionadas anteriormente estão estritamente ligadas ao objetivo central da disciplina metodologia do Estudo que é o de desenvolver a mentalidade científica dos estudantes universitários. A terceira razão é de ordem política e diz respeito à função que o saber veiculado pela universidade exerce na sociedade, o que implica levantar questões como: para que serve este saber e a quem serve? Que é a universidade?
A este respeito, entendemos, que a universidade faz parte de um aparelho ideológico mais amplo, o aparelho escolar, que assumiu o papel dominante na reprodução da força de trabalho (qualificada e submissa à ideologia da classe dominante) e na reprodução das relações de produção capitalistas que por, por conseguinte, o saber dominante da universidade é o saber de que as classes dominantes precisam. Entretanto não partilhamos do pessimismo nem da atitude de alguns autores, pois entendemos que a hegemonia (supremacia) exercida pela burguesia, no seio da universidade, é resultado de uma relação de forças podendo sofrer alterações sob certas condições objetivas.
Pôr a universidade e o saber que ela veicula a serviço da maioria da população e não a serviço do capital é a terceira razão que nos leva a defender a necessidade de uma atitude crítica no ato de estudar.
AIMPORTÂNCIA DO ESTUDO
O estudo é uma atividade importante. Ao aprendermos a estudar melhoramos o nosso desempenho na vida escolar, nas avaliações e na vida profissional. A sociedade em que vivemos está cada vez mais seletiva isto tem feito com que as exigências em relação ao nível de capacitação sejam ascendentes tanto em relação às capacidades individuais, tais como falar um idioma estrangeiro, ter noções de informática ou expressar-se bem em público, como também em relação à titulação.
O estudo, portanto, que já era uma atividade presente na vida de todos nós, passa a ter sua importância redobrada, não sendo possível, hoje em dia, abrir mão das oportunidades de aprendizagens novas.
Condições físicas
As condições físicas do aluno e as de seu ambiente de estudo devem ser favoráveis, possibilitando o trabalho atento e tranqüilo. Criar melhores condições de estudo é melhorar o rendimento. Para tanto, observe o seguinte:
a) Conservar as boas condições de saúde;
b) cuidar dos problemas físicos existentes e que dificultam o estudo: visão e audição deficientes, respiração nasal obstruída,
c) Procurar melhorar às condições do local de estudo;
d) Cuidar da higiene pessoal para manter a boa saúde.
O ambiente de estudo deve ser:
-bem iluminado (a luz natural é a melhor) / arejado/ silencioso (radio, TV e aparelhos de som desligados)/antes de iniciar o estudo, providenciar todo o material de que vai precisar, / adquirir o hábito de estudar no mesmo local de sempre.
Como organizar o tempo de estudo.
É muito comum encontrarmos jovens que não sabem distinguir adequadamente o tempo de que dispõem para o estudo.
A prática mais comum consiste em ir acumulando tudo e estudar as vésperas das provas. Dependendo do aluno, isto talvez seja suficiente para safar-se de recuperação, mas não o será para produzir a fixação adequada do conteúdo e este será esquecido pouco tempo após as provas.
Como tornar mais produtivo o estudo.
Para tornar o estudo mais produtivo, observar as seguintes orientações.
a) Estudar mais a disciplina de que menos gosta. Estudar aquilo que se gosta é prazer, trabalho é aprender o que parece difícil.
b) “Distinguir “não gostar do professor” com” não gostar da matéria’.
c) O medo de tirar má nota atrapalha o estudo. Não estudar por nota, estudar porque ficará diferente e melhor.
d) Organizar um horário não só para estudos, mas para todas as atividades.
e) Fazer um intervalo de 10 minutos a cada 50 minutos de estudo
f) Seguir um plano de estudo até formar hábito
g) Procurar estudar alternadamente matérias onde haja mais e menos dificuldades.
h) Utilizar o domingo como dia de descanso, no máximo usá-lo para leitura.
Texto: RIBEIRO, Marco Aurélio de P / A técnica de estudar.
ATITUDE PSICOLÓGICA DO ESTUDO
1 METAS OBJETIVOS E PROJETOS DEFINIDOS
Esta é a primeira atitude psicológica que você tem que desenvolver. E significa exatamente que a sua vida deve seguir um destino que você mesmo escolheu.
Tal meta deve se referir a algo que tenha mais valor em si mesmo do que o seu próprio destino individual. Mas, ao se colocar a serviço de uma causa superior, você estará superando a insignificância e o anonimato de uma vida confinada em si mesma.
Quanto ao estudo, você terá de compreender que a aquisição de conhecimentos é o instrumento que lhe permitirá atingir os seus objetivos. Da mesma forma que você deve supor que existam conhecimentos inúteis. Você estuda por você e para você mesmo.
Se a sua vida não tiver metas e objetivos, passar a metade de seu tempo às voltas com o estudo, às voltas com o ambiente escolar, irá lhe parecer o mais absurdo do mundo. Você vai sentir que o estudo está destruindo sua vida. E, se você deixar que tal atitude psicológica negativa se desenvolva muito dificilmente você chegará a ser um bom estudante.
Você tem, pois, de encontrar sentido e razão de ser para o estudo. Só o conseguirá fixando metas e objetivos para a sua vida, isto é, se transformando em seu próprio projeto.
Imagine a seguinte imagem: se você está aqui e agora, em A, e o objetivo de sua vida é chegar a C- que é o futuro alcance da meta que agora você fixa para esse momento, entre o ponto A e o ponto C existe uma ponte que você irá atravessar. Essa ponte tem três colunas ou pilares: o primeiro é o conhecimento, o segundo, a educação e o terceiro, a cultura.
Estudar é atravessar essa ponte. Estudar é adquirir conhecimentos, educação e cultura, e somente com conhecimentos e metas, para poder realizar os seus projetos.
2 O INTERESSE-
Para fracassar no estudo há uma receita que nuca falhou, nem falhará: não sinta o menor interesse pelo estudo, nem por nenhuma das matérias que terá que estudar.
Para o bom êxito no estudo, porém, deve-se aplicar a receita inversa: sentir o maior interesse pelo estudo em si, quer dizer, como processo mental definido, e por cada uma das matérias que você estuda.
É que existe estreita relação entre interesse e bons resultados, entre desinteresse e fracasso nos estudos.
Mas esta necessidade de se interessar deve ser observar os resultados dos conhecimentos adquiridos.
3 O ENTUSIASMO
A seguinte comparação lhe permitirá compreender, com toda a clareza, a importância de se ter entusiasmo pelo estudo: o desinteresse será seu melhor aliado para perder o ano: o interesse o levará à aprovação, mas com notas apenas regulares. Se, porém, você tiver um verdadeiro entusiasmo, sem dúvida, você estará entre os três primeiros alunos da classe.
Então, o entusiasmo é a potencialização do interesse. Quando você sente interesse por uma matéria, suponhamos a História você se envolve com ela; mas se tiver o entusiasmo é que o envolverá.
Entre as atitudes psicológicas positivas diante do estudo, o entusiasmo tem que ser um estado de ânimo coerente. Não concebemos que um jovem se diga entusiasmado pelo estudo, sem que se entusiasme por uma matéria particular. Isso não passaria de ilusão.
4 A VONTADE
Vontade é a capacidade de cumprimos o que nos propusemos a realizar: é a determinação interior que o jovem deve por em jogo e que lhe permitirá empreender e terminar os seus períodos ou jornadas de estudo, resistindo às inúmeras tentações que o cercam: cansaço e sono, divagação, aborrecimento, diversões, amizades, jogos e esportes etc.
Não queremos dizer que o jovem deva suprimir estes aspectos normais da vida. Será exatamente com força de vontade que executará o estudo que previu para esse dia: então, tendo realizado o estudo, terá tempo ou oportunidade para tudo o mais.
E, no momento da distração, se descobre uma importante, vantagem: não há conflito entre estudar e descansar, entre estudar e se distrair, porque o mais importante, o estudo, já foi feito. O descanso necessário e a distração recomendável serão, de fato, repouso e recreação.
5 A PERSEVERANÇA
A noção de perseverança está envolvida por duas idéias afins: a primeira é esta mesma qualidade em circunstâncias em que o jovem não enfrenta dificuldades especiais; a segunda, que ultrapassa a perseverança é esta qualidade levada a um grau extremo que a transforma em defeito. Temos assim:
Vontade- perseverança- teimosia.
Dissemos no tema anterior que a vontade é necessária para começar ou terminar um trabalho planejado e que a perseverança é a força que nos permite manter na luta além dos prazos previstos para atingir os resultados.
A teimosia, porém, consiste não em lutar para atingir um objetivo ou meta, mas em querer, inutilmente, salvar a honra, quer dizer, o ego de cada um.
Quem tem vontade aposta e se arrisca; quem tem perseverança continua apostando e se arriscando até onde houver possibilidade de ganhar; quem é teimoso já não aposta e se arrisca com sensatez, pois está certo que vai perder, já que não tem mais nenhuma chance de ganhar; entretanto, continua apostando, até trombar contra um obstáculo maior: o fracasso.
À vontade e a perseverança são qualidades racionais; nelas predomina a razão: antes de formular a aposta, a análise da situação já indicou que, sem dúvida, há chance de se atingir o objetivoproposto. Na teimosia, pelo contrário, predomina a irracionalidade, pois o seu principal componente é o desespero.
Não preocupa tanto o teimoso não ter conseguido o que desejava, mas sim que seu orgulho tenha se ferido.
6 A CONFIANÇA
Embora devamos esforçar-nos por não pensar em termos de branco e preto, é evidente que todo estudante se depara com um destes dois resultados: tem ou não tem tempo; aprende ou não aprende; lembra ou não lembra; passa ou não passa no exame; sai do vestibular classificado ou derrotado; tira ou não tira o diploma profissional.
De tal conjunto de possibilidades, de tudo o que está em jogo às esperanças dos pais, as suas próprias expectativas, o exemplo que dá aos irmãos, os seus planos, etc. e da própria dificuldade no estudo como tal, nasce por vezes, uma série de duvidas sobre a capacidade e as possibilidades da gente.
Então, inevitavelmente, em maior ou menor medida, começa a diminuir a confiança em si mesmo. Que significa esta perda de confiança?
Em qualquer atividade, quem não tem confiança em si mesmo começa a ver-se como um perdedor e, se você pressente que vai fracassar no estudo, que sentido tem para você esforçar-se? Não é melhor deixar o barco correr”?
A falta de confiança produz desânimo, derrotismo e um sentimento antecipado de frustração e tudo isto equivale a deixar que cresçam no seu espírito os males que impedirão os frutos esperados de sua inteligência.
7 A SERENIDADE
A confiança é uma certeza que provém da consciência de que você assimilou o que acaba de estudar; em outras palavras, a confiança é uma certeza que mora na sua razão.
A serenidade é o estado de ânimo gerado por esta certeza que você tem: você deve entendê-la como uma forma ou estilo de agir, em tudo o que diz respeito ao estudo.
Sendo sinônimo, a serenidade será algo mais do que a tranqüilidade. Como não existem duas palavras que significam exatamente a mesma coisa, você pode pensar que a tranqüilidade é o que você irradia quando tem confiança em si mesmo e a serenidade é o que nesse mesmo caso, você irradia ao exterior e também para dentro de si mesmo.
A confiança é a certeza racional verificada pela auto-avaliação, que você deve realizar no fim de cada período de estudo de que possui os conhecimentos necessários; a serenidade é a emoção tranqüila resultante dela.
A serenidade é uma emoção, mas, provisoriamente, você pode entendê-la como uma emoção que se caracteriza pela ausência de emoções, sobretudo de emoções negativa.
Existe uma série de sintomas que indicam que um estudante age com serenidade. Por exemplo:
*os seus movimentos são seguros e harmoniosos. Não demonstra impaciência nem estado febril
*A sua musculatura se encontra relaxada e não evidencia nenhuma tensão desnecessária. Não contrai a mandíbula inferior.
*A sua voz é clara e firme. Não se afoba para falar, nem o faz com demasiada lentidão. Não gagueja.
· O ritmo da sua respiração, as palpitações do seu coração e a sudorese são normais. Não aparenta estar agitado.
· *Dorme normalmente, sem necessidade de soníferos. Não acorda antes da hora habitual e ao levantar-se não acusa sinais de cansaço.
· A serenidade é uma atitude psicológica positiva que você deve desenvolver, mas tenha cuidado com o contrabando de idéias. Você já ouviu falar de contrabando de idéia? Com esta expressão se designa as idéias ou teses que para serem aceitas e poderem circular, têm de se disfarçar sob aparências de outras teses ou idéias.
· E, infelizmente, assim como a teimosia pode ser contrabandeada como perseverança, assim também a despreocupação e a indiferença podem ser contrabandeadas como serenidade.
8 A SATISFAÇÃO
Em cada façanha da espécie humana, seja-a compor a Nona Sinfonia de Beethoven, construir uma catedral gótica, conceder uma doutrina religiosa ou filosófica, inventar o xadrez, tornar um país independente, ou escrever uma poesia de amor há sempre um homem ou mulher feliz por ter realizado tal trabalho.
É certo que pode ter-se atormentado enquanto elaborava a sua obra mas, simultaneamente, ao lado desse inevitável padecimento, sente-se uma satisfação autêntica e profunda por ser criador e realizador.
É que a satisfação tanto é sintoma de que você está progredindo, criando e realizando, como reação que o impele a prosseguir.
Você, dirá talvez, que, não aspira imortalizar a sua passagem por esta vida, que não pretende imitar Tiradentes, nem ser um Aleijadinho, nem Guimarães Rosa Dirá que não pretende ser um criador nem um realizador, simplesmente um bom estudante.
ORGANIZAÇÃO DA VIDA DE ESTUDOS NA UNIVERSIDADE (TEXTO 3)
Ao dar início a essa nova etapa de sua formação escolar, a etapa do ensino superior, o estudante dar-se-á conta de que se encontra diante de exigências específicas para a continuidade de sua vida de estudos. Novas posturas diante de novas tarefas ser-lhe-ão logo solicitadas. Daí a necessidade de assumir prontamente essa nova situação e de tomar medidas apropriadas para enfrentá-la. É claro que o processo pedagógico-didático contínuo, assim como a aprendizagem que dele decorre. No conjunto, porém, as suas posturas de estudo devem mudar radicalmente, embora explorando tudo o que de correto aprendeu em seus estudos anteriores.
Em primeiro lugar, é preciso que o estudante se conscientize de que doravamente o resultado do processo depende fundamentalmente dele mesmo. Seja pelo seu próprio desenvolvimento psíquico e intelectual, seja pela própria natureza do processo educacional desse nível, as condições de aprendizagem transformam-se no sentido de exige do estudante maior autonomia na efetivação da aprendizagem, maiores recursos institucionais que ainda continuam sendo oferecidos. O aprofundamento da vida científica passa a exige do estudante uma postura de auto-atividade didática que será, sem dúvida, crítica e rigorosa. Todo o conjunto de recursos que está na base do ensino superior não pode ir além de sua função de fornecer instrumentos para uma atividade criadora.
Em segundo lugar, convencido da especificidade dessa situação, deve o estudante empenhar-se num projeto de trabalho altamente individualizado, apoiado no domínio e na manipulação de uma série de instrumentos que devem estar contínua e permanentemente ao alcance de suas mãos. E com o auxílio desses instrumentos que o estudante se organiza na sua vida de estudo e disciplina sua vida científica. Este material didático e científico serve de base para o estudo pessoal e para a complementação dos elementos adquiridos no decurso do processo coletivo de aprendizagem em sala de aula. Dado o novo estilo de trabalho a ser inaugurado pela vida universitária, a assimilação de conteúdos já não pode ser feita de maneira passiva e mecânica como costuma ocorrer, muitas vezes, nos ciclos anteriores. Já não basta a presença física às aulas e o cumprimento forçado de tarefas mecânicas: é preciso dispor de um material de trabalho especifico a sua área e explorá-lo adequadamente.
OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO (TEXTO 4)
A formação universitária acarreta quase sempre atividades práticas, de laboratório ou de campo, culminando no fornecimento de algumas habilidades profissionais próprias de cada área. Naturalmente, as várias áreas exigem uma mais, outra menos, essa prática profissional. Contudo, antes de aí chegar, faz-se necessário um embasamento teórico pelo qual responde, fundamentalmente, o ensino superior. Essa fundamentação teórica das ciências, das artes e das técnicas é justificativa essencial desse nível de ensino. E é por aí que se inicia a tarefa de aprendizagem na universidade.
A assimilação desses elementos é feita por meio do ensino em classe propriamente dito, nas aulas, mas é garantida pelo estudo pessoal de cada estudante. E é por isso que o precisa dispor dos devidos instrumentos de trabalho que, em nosso meio, são fundamentalmente bibliográficos.
Ao dar início a sua vida universitária, o estudante precisa começar a formar sua biblioteca pessoal, adquirindo paulatinamente, mas de maneira bem sistemática, os livros fundamentais para o desenvolvimentode seu estudo. Essa biblioteca deve ser especializada e qualificada.
As obras de referência geral, os textos clássicos esgotados, são encontradas nas bibliotecas das universidades, das várias faculdades ou de outras instituições. E, no momento oportuno, essas bibliotecas devem ser devidamente exploradas pelo estudante. O estudante precisa munir-se de textos básicos para o estudo de sua área específica, tais como dicionário, um texto introdutório, um texto de história, algum possível tratado mais amplo, algumas revistas especializadas, todas as obras específicas à sua área de estudo e áreas afins. Posteriormente, à medida que o curso for avançando, devem adquirir os textos monográficos e especializados referentes à matéria.
A EXPLORAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE TRABALHO (TEXTO 5)
Esse material didático científico deve ser considerado e tratado pelo estudante como base para seu estudo pessoal, que completará os dados adquiridos através das atividades de classe. Uma vez documentada a matéria abordada em sala, devem ser igualmente documentada os elementos complementares a essa matéria e que são levantados mediante a pesquisa feita sobre este material de base. É que muitos esclarecimentos só se encontram através desses estudos pessoas extraclasse. 
A documentação enquanto prática do trabalho científico é a maneira mais adequada e sistemática de “tomar apontamentos”. A informação colhida nas aulas expositiva nos debate em grupo, nos seminários e conferências são assinaladas, num primeiro momento, de maneira precária e provisória, nos cadernos, de anotações. Ao retomar, em casa, as anotações, os estudantes submetem-nas a um processo de correção, de complementação e de triagem após o qual o serão transcrita nas fichas de documentação. Com efeito, ao tomar nota durante uma exposição, muitas idéias acabam ficando truncadas: é preciso reconstruí-las. O contexto ajudará tanto mais que o que importa reter não é o texto da exposição do professor, mas as idéias principais. Tratando-se de dados objetivos ou de conceitos precisos que ficaram incompletos, é hora de recorrer aos instrumentos pessoas de pesquisa, às obras básicas de referência. Procura-se assim recompor o texto, complementando-o com esclarecimentos pertinentes que vão ajudar a compreender melhor as informações prestadas. Recuperadas as informações, os elementos fundamentais, aqueles que merecem ser assimilados, são passados para as fichas de documentação, sintetizada pessoalmente pelo aluno.
A DISCIPLINA DO ESTUDO (TEXTO 6)
Apesar da aparente rigidez dessa proposta de metodologia de estudo, ela é, sem dúvida, a mais eficiente. Pressupõe um mínimo de organização da vida de estudos, mas em compensação, torna-se sempre mais produtiva. Em virtude de os universitários brasileiros na sua grande maioria, disporem de pouco tempo para seus cursos e exercerem funções profissionais concomitantes ao curso superior, exige-se deles organização sistemática do pouco tempo disponível para o estudo em casa, indispensável para um aproveitamento mais inteligente do seu curso de graduação, com um mínimo de capacitação qualitativa para as etapas posteriores tanto numa eventual seqüência de seus estudos, como na continuidade de suas atividades profissionais definidas e oficializadas pelo seu curso. 
Não se trata de estabelecer uma minuciosa divisão do horário de estudo: o essencial é a aproveitar sistematicamente o tempo disponível, com uma ordenação de prioridades. Também não vem ao caso discutir as condições de ordem física e psíquica que sejam melhores para o estudo, muito dependente das características pessoais de cada um, sendo difícil estabelecer normas gerais que acabam caindo numa tipologia artificial. 
O ESTUDO DE TEXTOS TEÓRICOS (TEXTO 7)
O texto é obra humana, produto humano, e se expressa através dos mais variados meios simbólicos: peças de teatro, filmes, televisão, pinturas, esculturas, literatura, poesia, livros científicos e filosóficos, artigos de revistas e jornais, etc.
 Os textos são a memórias do homem enquanto ser-no-mundo e se constituem na herança que possibilita dar continuidade à obra humana na História.
O autor do texto é o homem historicamente situado, que vive a experiência no mundo com os homens, que participa do existir num tempo e num espaço específicos a partir de determinadas condições econômicas, políticas, ideológicas e culturais. Enquanto produto das suas relações com o mundo é ao mesmo tempo produtor, que transforma o mundo colocando algo de si, mesmo quando não existe o desejo intencional de fazê-lo.
O texto, a obra, é a expressão do viver, experienciar, participar; é o produto colocado no mundo, tem a marca humana. É a manifestação do que o homem produz nos vários campos das artes, da literatura, do saber. É carregada de significações. O texto ilumina e esconde, obscurece o mundo e, ao mesmo tempo em que pretende dar respostas aos questionamentos suscitados pelos homens, levantam outras questões, outras perguntas. 
7.1 O TEXTO TEÓRICO
O texto teórico é expressão humana através da palavra articulada linguagem. É através dela que expressa a sua vida. E entre os mais variados meios simbólicos de expressão usados pelo homem, nenhum ultrapassa a linguagem, quer na flexibilidade e poder comunicativos, quer na importância geral que desempenha. A linguagem molda a visão do homem e o seu pensamento simultaneamente à concepção que ele tem de si e do seu mundo (não sendo estes dois aspectos tão separados como parecem). A própria visão que tem da realidade é moldada pela linguagem.
Os textos teóricos são as obras que expressam um conhecimento do mundo e que se diferenciam de outras expressões simbólicas, e mesmo de outras expressões do conhecimento, à medida que são sistematizados, organizados, metódicos. Expressam os saberes produzidos pelos homens ao longo da História e refletem infinitas posições a respeito das questões suscitadas no enfrentamento com a natureza, com os homens e com a própria produção do saber. “carregam” os significados impressos pelo tempo e espaço em que são produzidos. “Expressam o enfrentamento de seus autores que são suscitadas pelo mundo e que desafiam os homens, autores dos textos, das obras”.
A sistematização, organização e metodização dos saberes expressos nos textos teóricos resultam de um processo de construção ao longo da História em que os pensadores, cientistas, foram definindo caminhos, sempre na tentativa de encontrar o eixo possível de “esgotamento” de explicação do real. Mas, não se pode esquecer: o que ilumina, também “faz” sombras.
 7.2.A RELAÇÃO AUTOR- TEXTO- LEITOR 
A leitura não pode se reduzir a um conjunto de regras de explicação de um texto como se ele fosse um objeto pronto, acabado, a ser assimilado pelo leitor. O texto “é uma voz humana, uma voz do passado à qual temos, de certo modo, que dar vida”. O abrir-se ao texto pressupõe o diálogo com seu autor, exige o “ouvir” a sua palavra, o seu mundo, a compreensão dos significados nele implícitos.
A leitura de um texto pressupõe objetiva, intencionalidade. O leitor, ao se dirigir ao texto, está preocupado em responder às questões suscitadas pelo seu mundo e , através do enfrentamento das posições assumidas pelo autor, busca encontrar pistas que o auxiliem no desvendamento de sua realidade. É somente neste encontro histórico, onde experiências diferentes se defrontam que é possível a compreensão e interpretação de textos “Assim as humanidades alcançam uma medida mais cheia de autoconhecimento e uma melhor compreensão do caráter de sua tarefa”. Neste sentido, compreender o texto é tomá-lo a partir de um determinado horizonte, da perspectiva de quem se sente problematizado por ele, e a partir daí deixar-se “possuir” por ele.
.PRÁTICA DE LEITURA NO BRASIL (TEXTO 8)
A prática da leitura, em nosso país, tem negado o entendimento que vimos estabelecendo sobre a mesma em discussões anteriores.
Um rápido retrospecto histórico, a esse respeito, bastará para nos mostrar sua insuficiência e inautenticidade.
Nesse particular, é evidente quenunca poderemos esquecer a nossa origem colonial, com as implantações, imposições e castrações que lhe foram inerentes e cujos reflexos, ainda hoje, se fazem sentir em todos os aspectos de nossa vida.
O nosso passado.
A quem era permitido ler?
A alguns poucos era permitido o exercício do ato de ler, tanto no sentido de leitura da própria realidade, quanto no sentido de informar-se sobre os conhecimentos transmitidos por outros sobre esta mesma realidade. Isso era permitido aos portugueses que aqui aportaram; aos senhores do engenho; aos filhos destes; às pessoas mais ligadas à administração da colônia; aos jesuítas e ao clero. Em uma palavra, era reconhecido o direito de ler àquele que, de per si, não causavam maiores problemas à metrópole, por estarem intimamente ligados aos seus propósitos e objetivos. Aos outros, que habitavam este mesmo solo ou que a ele foram trazidos na condição de escravos não era reconhecido este direito. Não se lhes reconhecia o direito de ler a própria realidade e seus valores, pois suas culturas eram exorcizadas, denegridas, subvalorizadas e marginalizadas, a cada instante, pela palavra e pela força. A cultura oficial, reconhecida pela metrópole e imposta aos que aqui vinha e habitava, não era a dos índios e negros. Não se lhes reconhecia tampouco o direito de ler as informações e técnicas que advinham da metrópole portuguesa, pois que a eles não era assegurada a transmissão do “dom das letras”.
O que era dado para ler?
O conteúdo oferecido à leitura era o conteúdo que servia aos interesses da metrópole e dos grupos dominantes. Por isso, se bem fosse reconhecido o direito de ler a determinados grupos, eram feitas restrições sobre o conteúdo da leitura. Com certeza no Brasil nem sempre se pode ler o que se queria e sentia necessidade. Eram dados para ler os interesses, valores, problemas e urgência de Portugal, França, Inglaterra. A nossa história está pontilhada de exemplos neste sentido, especialmente sobre a discriminação de conteúdos relativos aos interesses dos grupos dominados. De um lado, todo o Brasil, constituía um grupo explorado na medida em que todas as suas forças, produção, gente viviam pura e simplesmente em função de outros.
Um conteúdo “brasileiro” de leitura, por conseguinte, não podia e nem devia interessar, pois questionaria e poderia levar a modificações não desejadas no estado de coisas. De outro lado, dentro do próprio Brasil, havia grupos mais discriminados e que tinham suas próprias interpretações, leituras e expressões da realidade simplesmente silenciadas, quer por decretos e leis, querem pela própria organização, quer pela força bruta. Não foi outra a razão pela quais os quilombos e movimentos similares da nossa história violentamente silenciados e erradicados.
A quem é permitida ler?
As discriminações continuam em relação aos sujeitos aos quais é reconhecido, na prática e não apenas nas leis, o direito de ler. Por ocasião do Segundo Congresso de leitura do Brasil, em 1979, sob os auspícios da Universidade estadual de Campinas, SP, o Prof. Ezequiel Theodoro, em seu discurso de abertura assim se expressava, criticando a atual situação de leitura no país: “Somente a elite dirigente deve ler. O povo deve ser mantido fora e longe dos livros. Os livros estimulam a criticidade e a transformação elementos que vão contra o modelo de desenvolvimento proposto pelo governo”.
O que se lê?
Em outras partes desta publicação, referimo-nos ao conteúdo de conhecimento que é veiculado especificamente nas escolas publicações oficiais destinadas ao mundo escolar, desde o início do primeiro grau até o término da universidade. Referimo-nos, então, à distorção que é feita da realidade, quando esta é apresentada de forma ideal, sem o contexto social, econômico e político e sem o devido enraizamento no tempo e no espaço, em que ela acontece. Referimo-nos, igualmente, à distorção ideológica da história, quando esta é apresentada como uma história sem violências, feita por heróis e pessoas isoladas e sem nenhuma presença efetiva do povo, caracterizando uma história de doações e concessões feitas pelos grandes aos pequenos.
No mundo das escolas, a leitura ainda contínua, com honrosas exceções, na linha do verbalismo, da repetição, da memorização e retenção de conteúdos, sem que os mesmos sejam submetidos a um processo crítico de avaliação quer pelo confronto do que se leu com a realidade, quer pelo confronto do que se leu com a realidade e informação vivida e possuída pelos leitores, quer pela detectação do valor e da atualidade da própria mensagem transmitida.
Este método se aplica na alfabetização que nada mais desenvolve nos alfabetizando que a capacidade de sonorização de palavras desligadas e desenraizadas de suas vivências. Este mesmo método está presente nos vários níveis escolares, aonde os livros já vêm pré-fabricados, com respostas prontas para professores e alunos excluindo-se a possibilidade de uma avaliação das mesmas. A tarefa do professor, então é fazer o aluno repetir as respostas oferecidas pelos livros, preenchendo. O método é, pois, aquele que visa à morte da capacidade crítica e da criatividade de professores e alunos, para que estes se tornem, mais facilmente, instrumentos úteis e hábeis nas teias do sistema.
A metodologia utilizada é, então, um excelente instrumento para que uns poucos continuem sendo “sujeitos” da leitura e todos os outros “objetos”, instrumento igualmente para que uns poucos ditem os conteúdos a serem transmitidos e recebidos pela leitura; finalmente, um instrumento com que uns poucos continuem mandatários da situação em detrimento da grande maioria, cada vez mais marginalizada de todos os processos da vida
O QUE É METODOLOGIA (TEXTO 9)
Metodologia significa, etimologicamente, o estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer pesquisa científica, os quais respondem o como fazê-la de forma eficiente.
A metodologia é uma disciplina normativa definida como o estudo sistemático e lógico dos princípios que dirigem a pesquisa científica, desde suposições básicas até técnicas de indagação. Não deve ser confundida com a teoria, pois só se interessa pela validade e não pelo conteúdo, nem pelos procedimentos (métodos e técnicas), à medida que o interesse e o valor destes estão na capacidade de fornecer certos conhecimentos.
Nesse contexto teórico, há, de um lado, quadros teóricos de referência (o conhecimento acadêmico) por sua validade e, de outro, embasamentos empíricos.
Assim, a metodologia, mais do que uma descrição formal de técnicas e métodos a serem utilizados na pesquisa científica, indica a opção que o pesquisador fez do quadro teórico para determinada situação prática do problema objeto de pesquisa.
O conceito heurístico da pesquisa destaca a importância do problema, um plano de observações ou variáveis destinados a contestar determinadas hipóteses e um método científico para descrever (estudos retrospectivos), estabelecer relações de interdependência entre as variáveis do problema (estudos diagnósticos) e fazer previsões (estudos prospectivos), entre outras finalidades da pesquisa em economia (propósitos da econometria, nesse caso).
A metodologia contempla a fase exploratória e estabelecimentos de critérios de amostragem, entre outros, e a definição de instrumentos e procedimentos para síntese e a análise de dados e informações, destacando o método.  
O método, traço característico da ciência, representa um procedimento racional e ordenado (forma de pensar), constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar, de forma adequada, a reflexão e a experimentação, para proceder ao longo de um caminho, (significado etimológico de método) e alcançar os objetivos preestabelecidos no planejamento da pesquisa (projeto).
Ao responder sobre o como fazer após ter-se definido o que é importante pesquisar o pesquisador busca conhecer a realidade, integrando trabalhos teóricos e trabalhos empíricos, em diferentes áreas e escalas de planejamento: macroeconômica, microeconômico e regional, ou exploratório eanalítico.
Segundo esse conceito, é possível destacar vários elementos, tais como os instrumentos (métodos e técnicas), os objetos (materiais) e as referências teóricas. A harmonização e a integração balanceada desses elementos definem a metodologia de pesquisa.
A metodologia será, então, o estudo dos instrumentos de montagem de uma teoria ou o estudo dos arcabouços teóricos para atender a certas necessidades. Não estuda teorias, mas o modo de armação pela validade delas, com base em observações.
É oportuno salientar que essa distinção é abstrata, uma vez que existe uma adaptação (interação) mútua entre teoria e instrumentos usados para a montagem que permite definir o problema, formular hipótese, observar fatos e fenômenos, sintetizar e analisar as variáveis desses fatos e obter conclusões e recomendações sobre a realidade objeto de pesquisa e que se quer e pode alterar.
A pesquisa em economia, por exemplo, não pode excluir de seu trabalho a reflexão e as considerações sobre o contexto histórico e tendencial, e sobre estruturas e conjunturas do meio externo à pesquisa, projetadas num horizonte mais amplo (cenários). Essas reflexões e considerações devem ser tratadas na definição da metodologia de pesquisa.
Assim como a investigação científica se desenvolve com a utilização de métodos que tendem a orientar o processo de investigação, as técnicas de pesquisa relacionam-se à forma de se conduzir a investigação, compreendendo várias fases, da adoção de normas para a caracterização do problema até o tratamento e análise de dados e informações, bem como a elaboração do relatório final da pesquisa.
Há dois conceitos nessas considerações: o de método que, significa o caminho a seguir mediante uma série de operações e regras prefixadas de antemão, aptas para alcançar o resultado proposto, e o de técnica que não é o caminho como o método, mas sim a arte ou maneira de percorrer esse caminho.
O método se faz acompanhar da técnica, que é o instrumento que o auxilia na procura de determinado resultado: informação, invenção, tecnologia etc.
Em outras palavras o método é o procedimento que permite estabelecer conclusões de forma objetiva, enquanto a técnica é um sistema de princípios e normas que auxiliam na aplicação dos métodos, justificando-se por sua utilidade. Esta se traduz na otimização dos esforços, na melhor administração dos recursos e na comunicabilidade dos resultados de pesquisa.
Nas ciências sociais, o método pode ser conceituado como o procedimento que se segue para estabelecer o significado dos fatos e fenômenos para os quais se dirige o interesse científico, enquanto a técnica é o procedimento prático que se deve seguir para levar a cabo uma investigação.
PROCESSO DE DOCUMENTAÇÃO PESSOAL- FICHAMENTO
A técnica do fichamento consiste num apoio importante para pesquisa científica, para Severino (2002, p. 37), por mais brilhantes que sejam as aulas e leituras de obras clássicas faz-se necessário traduzir seus principais elementos em registros para que possam estar à disposição do estudante a qualquer momento de sua vida intelectual.
Através do fichamento pode-se registrar, resumir ou destacar aspectos significativos de uma obra completa ou parte dessas. A técnica do fichamento quando bem empregada também pode ser muito útil à etapa de levantamento bibliográfico de uma pesquisa.
Os registros podem ser feitos em fichas próprias (pequenas, médias ou grandes) ou na atualidade sugere-se seu registro eletrônico via processadores de texto, conforme modelo em anexo. 
Independente do meio e da forma utilizada, as fichas devem conter três componentes básicos: cabeçalho, referência bibliográfica e texto.
· Cabeçalho: deve conter o título genérico, o título específico e o número de classificação da ficha. Esses elementos são escritos na parte superior da ficha.
· Referência deve sempre seguir as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas e Técnicas. Para proceder corretamente deve-se consultar a Ficha Catalográfica da Obra, que traz todos os elementos necessários.
· Texto: o conteúdo das fichas varia de acordo com o seu tipo.
Apresenta-se a seguir, de forma adaptada, várias formas de fichamento, conforme Lakatos e Marconi (2001):
a) Bibliográfica: que pode ser da obra inteira: comentário de toda obra, de forma resumida, indicando o pensamento do autor e concluída com comentário pessoal; ou de parte da obra.
b) Tipo citação – parte da obra ou capítulo, transcrição fiel e deve ser apresentada entre aspas, constando à página ao final das mesmas;
c) Tipo esboço ou sumário: apresenta as idéias principais de parte de uma obra ou de uma obra inteira, de forma sintética. Em cada idéia o número da página correspondente deve ser apresentado à esquerda da ficha;
d) Comentário ou analítica: correspondem a comentários, análises e interpretações;
e) Vocabulário técnico: utilizada para separar definições, conceitos e termos técnicos.
 Exemplos:
a) Obra completa
	Data
	Metodologia Científica
	Eficiência nos estudos
	1
	RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo, Atlas, 1977, 168 p.
Destaca a importância do estudo e apresenta um método para a eficiência. Apresenta indicações para o bom aproveitamento da leitura trabalhada (continua...)
Indicado para estudantes iniciantes de graduação. 
(biblioteca particular)
b) Tipo citação
	Data
	Elaboração de Projetos de Pesquisa
	Classificação de pesquisa/ procedimentos técnicos
	1
	GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 175 p.
“A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.” (p.44)
“Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaboradas de acordo com os objetos de pesquisa”.(p. 45)
c) Tipo esboço ou sumário
	Data
	Metodologia da Pesquisa
	Fundamentos para a Pesquisa
	1
	GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisas em ciências sociais. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.104 p.
p. 44-52 Controle do bias do pesquisador. Apesar da pesquisa qualitativa não ser neutra é preciso que o pesquisador tenha controle do bias – interferências dos seus valores no estudo. Há várias possibilidades de evitá-la, como observação contínua, comparações, entre outras.
(biblioteca particular)
A LEITURA ANALÍTICA É UM MÉTODO DE ESTUDO QUE TEM COMO OBJETIVOS:
1- Favorecer a compreensão global do significado do texto;
2- Treinar para a compreensão e interpretação crítica dos textos;
3- Auxiliar no desenvolvimento do raciocínio lógico;
4- Fornecer instrumentos para o trabalho intelectual desenvolvido nos seminários, no estudo dirigido, no estudo pessoal e em grupos, na confecção de resumos, resenhas, relatórios, etc.
Processos básicos:
1- Análise textual: preparação do texto;
Trabalhar sobre unidades delimitadas (um capítulo, uma seção, uma parte etc., sempre um trecho com um pensamento completo); fazer uma leitura rápida e atenta da unidade para se adquirir uma visão de conjunto da mesma; levantar esclarecimentos relativos ao autor, ao vocabulário específico, aos fatos doutrinas e autores citados, que sejam importantes para a compreensão da mensagem; esquematizar o texto, evidenciando sua estrutura redacional.
2-Análise temática: compreensão do texto;
Determinar o tema-problema as idéias secundárias da unidade;
Refazer a linha de raciocínio do autor, ou seja, reconstruir o processo lógico do pensamento do autor;
Evidenciar a estrutura lógica do texto, esquematizando a seqüência das idéias.
3. Análise interpretativa: interpretação do texto;
Situar o texto no contexto da vida e da obra do autor, assimcomo no contexto da cultura de sua especialidade, tanto do ponto de vista histórico como do ponto de vista teórico;
Explicitar os pressupostos filosóficos do autor que justifiquem suas posturas teóricas;
Aproximar e associar idéias do autor expressa na unidade com outras idéias relacionadas à mesma temática;
Exercer uma atitude crítica diante das posições do autor em termos de:
a) Coerência interna da argumentação;
b) Validade dos argumentos empregados;
c) Originalidade do tratamento dado ao problema;
d) Profundidade de análise ao tema;
e) Alcance de suas conclusões e conseqüências;
f) Apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas.
4-Problematização: discussão do texto;
Levantar e debater questões explícitas ou implicitadas no texto; debater questões afins sugeridas pelo leitor.
5-Síntese pessoal: reelaboração pessoal da mensagem;
Desenvolver a mensagem mediante retomada pessoal do texto e raciocínio personalizado;
.
CONHECIMENTO
 De acordo com FACHIN (2001) a literatura científica mostra que ao longo dos tempos a humanidade, num processo lento, reuniu extensas informações que foram traduzidas como conhecimentos. A necessidade forçou o ser humano a observar o seu habitat, ou seja, plantas, animais, passando a criar objetos simples, praticando a arte da cura, facilitando suas atividades cotidianas. E, para satisfazer suas curiosidades, por meio da imaginação e interpretação, criou mitos que explicam a seqüência dos acontecimentos, isto é, a humanidade, aos poucos, foi abrindo caminhos para descrever os fenômenos que estavam ao seu alcance, por intermédio da observação e da experimentação.
O progresso científico é produto da atividade humana, para a qual o homem, compreendendo o que o cerca, passa a desenvolvê-lo para novas descobertas. E, por relacionar-se com o mundo de diferentes formas de vidas, o homem utiliza-se de diferentes formas de conhecimentos, por intermédio dos quais se evolui e faz evoluir o mundo em que vive, trazendo contribuições para a sociedade, acredita Fachin.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
Tiveram grandes destaques nesses conhecimentos: Sócrates, Platão e Aristóteles, responsáveis por pela difusão desse tipo de conhecimento por todo o mundo. O grande mérito do conhecimento filosófico, segundo Fachin é desenvolver no ser humano a capacidade de reflexão e de raciocínio.
O conhecimento filosófico conduz a uma reflexão crítica sobre os fenômenos e possibilita informações coerentes. Ele objetiva o desenvolvimento do conhecimento funcional da mente, procurando educar o raciocínio. Ao obter as informações das operações mentais e todas as suas formas de processar, chegamos a um raciocínio lógico e a um espírito científico, como hábito. É a razão que nos dá o conhecimento, a intuição nos oferece o fato de que a razão coordena, analisa e sintetiza numa visão clara e ordenada. (FACHIN, 2001: 7)
A razão é considerada pelos filósofos a faculdade mais elevada do espírito, cuja função consiste em coordenar nossos conhecimentos, segundo relações determinadas. A razão deduz, induz e ainda demonstra, atraindo também relações entre os fatos (objetos) de estudo. 
Para FACHIN (2000:8), o conhecimento filosófico não está isolado, ele oferece às ciências de todas as áreas seus princípios, enquanto recebe novos dados, capazes de transformá-lo e reformulá-lo, tornando-os passíveis de novas descobertas. Significa dizer que existe profunda interdependência entre o conhecimento filosófico e os demais tipos de conhecimento.
a) Por que o domínio do conhecimento filosófico é importante para um _______________?
CONHECIMENTO TEOLÓGICO
O conhecimento teológico é produto do intelecto do ser humano que recai sobre a fé, provém das revelações do mistério oculto ou do sobrenatural, que são interpretadas como mensagem ou manifestações divinas. De forma geral, ele apresenta respostas para as questões que o ser humano não pode responder. O ser humano é essencialmente radicado em uma fé. A prova mais concreta disso está em jamais alguém ter encontrado uma tribo, totalmente destituída de qualquer culto ou idéia religiosa, pensa Fachin.
a) Existem conflitos entre o conhecimento teológico e o conhecimento científico? Quais e por quê? Reflita:
CONHECIMENTO EMPÍRICO
No parecer de Odília Fachin, é um conhecimento que se adquire independente de estudos, de pesquisas, de reflexões ou aplicações de métodos, geralmente é conseguido na vida cotidiana, ou no acaso, fundamentado apenas nas experiências vivenciadas e transmitidas de pessoas para pessoas, fazendo parte das antigas tradições. Esse conhecimento também pode derivar de experiências casuais, por meio de erros e acertos, sem a fundamentação dos postulados metodológicos.
Para José Carlos koche1 esse tipo de conhecimento, por suas características, não estabelece relações significativas de suas interpretações, proporcionando uma imagem fragmentada da realidade. Para Fachin o conhecimento empírico refere-se à vivência imediata sobre os objetos ou fatos observados e possui grandes limitações, estão presas a convicções pessoais, outras vezes, possui crenças arbitrárias com inúmeras interpretações para a complexidade de fato. Geralmente é fruto de uma inclinação de interesses voltados para assuntos práticos e aplicáveis somente às áreas de experiência cotidiana, não proporcionando visão unitária global da interpretação das coisas e dos fatos.
O conhecimento empírico é considerado prático, pois sua ação se processa segundo os conhecimentos adquiridos nas ações anteriores, sem nenhuma relação científica, metódica ou teórica. (...) Exemplificando: as pessoas conhecem o objeto lápis, porém poucos notam que ele é composto de grafite, que é um condutor de energia. (...) Mas o conhecimento empírico é a estrutura para se chegar ao conhecimento científico, embora de nível inferior, não deve ser menosprezado. Ele é a base fundamental do conhecer, e já existia muito antes do ser humano imaginar a possibilidade da existência da ciência. (FACHIN, 2001:10)
a) De exemplos de conhecimentos empíricos na área de ________________________
b) Por que o conhecimento empírico não pode ser desprezado? Qual sua relevância?
c) Discuta o conhecimento do agricultor nesse sentido:
d) Refletindo sobre o conhecimento empírico posso dizer que uma pessoa possui cultura e outra não? Por quê?
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Este, de acordo com Odília Fachin, pressupõe uma aprendizagem superior, pois se caracteriza pela presença do acolhimento metódico e sistemático dos fatos da realidade sensível. Por meio da classificação, da comparação, da aplicação de métodos, da análise e síntese, o pesquisador extrai do contexto social ou do universo, princípios e leis que estruturam um conhecimento rigorosamente válido e universal.
No ver da autora, o conhecimento científico preocupa-se com a abordagem sistemática dos fenômenos (objetos), tendo em vista seus termos relacionais que implicam noções básicas de causa e efeito, diferenciando-se do conhecimento empírico pela maneira de conhecer e pelos instrumentos metodológicos que utiliza. O conhecimento científico, englobando as seqüências de suas etapas, configura um método.
O conhecimento científico, de forma geral, se prende aos fatos, tendo uma referência empírica, mas o transcende. Ele se vale da testagem empírica para formular respostas aos problemas colocados e para apoiar suas afirmações. Mas este conhecimento exige constante confrontamento com a realidade e procura dar forma de problema, mesmo ao que já está aceito.
a) Dê um exemplo que ilustre o parágrafo acima, em relação à ________________
Para Fachin o conhecimento científico apresenta-se em função da necessidade de o ser humano estar constantemente procurando aperfeiçoar-se e não assumir uma postura simplesmente passiva.
b) O que você procura com o curso de _____________________? O conhecimento científico adquirido na instituição pode ajudá-lo? 
c) O que pretendes transformar com ele?
CIÊNCIA
O ser humano, diante da necessidade de compreender e dominar o meio ou o mundo, em benefíciopróprio ou da sociedade acumula conhecimentos racionais sobre o seu próprio meio e sobre as ações capazes de transformá-lo. A essa seqüência permanente de acréscimos de conhecimentos racionais e verificáveis da realidade denominamos ciência. De acordo com Odília Fachin, em virtude da constante busca da verdade científica efetuada pelo homem, a evolução da ciência tornou-se presente, ampliando, aprofundando, detalhando e invadindo conhecimentos anteriores. 
Pode-se dizer que a ciência é exata por tempo determinado, até que ela passe por novas transformações, sendo, portanto, falível. Na verdade, a ciência é constituída pela observação sistemática dos fatos. Por meio da análise e da experimentação, extrai-se resultados que passam a ser validados universalmente. O fato analisado e testado não tem condições de ser definido isoladamente, crê Odília Fachin. 
a) O ________________ trabalha com o homem inserido nos diferentes tipos de organizações. É uma tarefa fácil? Por quê? Dê exemplos:
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO MÉTODO
A preocupação em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem desde os primórdios da humanidade, quando as duas principais questões referiam-se às forças da natureza, a cuja mercê vivia os homens, e á morte. O conhecimento mítico voltou-se às explicações desses fenômenos, atribuindo-se a entidades de caráter sobrenatural. A verdade era impregnada de noções supra-humanas e a explicação fundamentava-se em motivações humanas, atribuídas a “forças” e potências sobrenaturais.
Á medida que o conhecimento religioso se voltou, também, para a explicação dos fenômenos da natureza e do caráter transcendental da morte, como fundamento de suas concepções, a verdade revestiu-se de caráter dogmático, baseada em revelações da divindade. É a tentativa de explicar os acontecimentos através de causas primeiras os deuses-, sendo o acesso dos homens ao conhecimento derivado da inspiração divina. O caráter sagrado das leis, da verdade, do conhecimento, como explicações sobre o homem e o universo, determina uma aceitação sem crítica dos mesmos, deslocando o foco das atenções para a explicação da natureza da divindade.
Conceito de método
Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam esses métodos são ciências. Dessas afirmações, podemos concluir que a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos. 
Entre os vários conceitos de método podemos citar:
        Método é o "caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado" (Hegenberg, 1976:11-115). 
        "Método é uma forma de selecionar técnicas, forma de avaliar alternativas para ação científica... Assim, enquanto as técnicas utilizadas por um cientista são fruto de suas decisões, o modo pelo qual tais decisões são tomadas depende de suas regras de decisão. Métodos são regras de escolha; técnicas são as próprias escolhas" (Ackoff In: Hegenberg, 1976:11-116). 
        "Método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início os pensamentos em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo" (Trujillo, 1974:24). 
        "Método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado (...) é o caminho a seguir para chegar à verdade nas ciências" (Jolivet, 1979:71). 
"Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade" (Cervo e Bervian, 1978:17). 
        "Método é o conjunto coerente de procedimentos racionais ou prático-racionais que orienta o pensamento para serem alcançados conhecimentos válidos" (Nérici, 1978:15). 
        "Método é um procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual" (Bunge, 1980:19). 
        Método científico é "um conjunto de procedimentos por intermédio dos quais (a) se propõe os problemas científicos e (b) colocam-se à prova as hipóteses científicas" (Bunge, 2011). 
      
Desenvolvimento histórico do método
A preocupação em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem desde os primórdios da humanidade, quando as duas principais questões referiam-se às forças da natureza, a cuja mercê viviam os homens, e à morte. O conhecimento mítico voltou-se à explicação desses fenômenos, atribuindo-os a entidades de caráter sobrenatural. A verdade era impregnada de noções supra-humanas e a explicação fundamentava-se em motivações humanas, atribuídas a "forças" e potências sobrenaturais. 
À medida que o conhecimento religioso se voltou, também, para a explicação dos fenômenos da natureza e do caráter transcendental da morte, como fundamento de suas concepções, a verdade revestiu-se de caráter dogmático, baseada em revelações da divindade. É a tentativa de explicar os acontecimentos por meio de causas primeiras - os deuses -, sendo o acesso dos homens ao conhecimento derivado da inspiração divina. O caráter sagrado das leis, da verdade, do conhecimento, como explicações sobre o homem e o universo, determina uma aceitação sem crítica dos mesmos, deslocando o foco das atenções para a explicação da natureza da divindade. 
O conhecimento filosófico, por seu lado, parte para a investigação racional na tentativa de captar a essência imutável do real, pela compreensão da forma e das leis da natureza. 
O senso comum, aliado à explicação religiosa e ao conhecimento filosófico, orientou as preocupações do homem com o universo. Somente no século XVI é que se iniciou uma linha de pensamento que propunha encontrar um conhecimento embasado em maiores garantias, na procura do real. Não se buscam mais as causas absolutas ou a natureza íntima das coisas; ao contrário, procuram-se compreender as relações entre elas, assim como a explicação dos acontecimentos, mediante a observação científica, aliada ao raciocínio. 
MÉTODOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Método Histórico
“Promovido por Boas. Partindo do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm origem no passado, é importante pesquisar suas raízes, para compreender sua natureza e função. Assim, o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma atual por meio de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo, influenciado pelo contexto cultural particular de cada época. Seu estudo, para uma melhor compreensão do papel que atualmente desempenham na sociedade, deve remontar aos períodos de sua formação e de suas modificações”.
Exemplos: para compreender a noção atual de família e parentesco, pesquisa-se no passado os diferentes elementos constitutivos dos vários tipos de família e as fases de sua evolução social; para descobrir as causas da decadência da aristocracia cafeeira, investigam-se os fatores socioeconômicos do passado “ (Lakatos, 1981:32).
Portanto, colocando-se os fenômenos, como, por exemplo, as instituições, no ambiente social em que nasceram, entre suas condições “concomitantes” tornam-se mais fácil sua análise e compreensão, no que diz respeito à gênese e ao desenvolvimento, assim como às sucessivas alterações, permitindo a comparação de sociedade diferente: o método histórico preenche os vazios dos fatos e acontecimentos, apoiando-se em um tempo, mesmo que artificialmente reconstituído, que assegura a percepção da continuidade e do entrelaçamento dos fenômenos.
Método Comparativo 
 “Empregado por Tylor. Considerando que o estudo das semelhanças e diferenças entrediversos tipos de grupos, sociedades ou povos contribuem para uma melhor compreensão do comportamento humano, este método realiza comparações com a finalidade de verifica similitudes e explicar divergências. O método comparativo é usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento”.
 Exemplos: modo de vida rural e urbano no Estado de São Paulo; características sociais da colonização portuguesa e espanhola na América Latina; classes sociais no Brasil, na época colonial e atualmente; organização de empresas norte-americanas e japonesas; a educação entre os povos ágrafos e os tecnologicamente desenvolvidos” (Lakatos, 1981:32).
 Ocupando-se da explicação dos fenômenos, o método comparativo permite analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os elementos constantes, abstratos e gerais. Constitui uma verdadeira “experimentação indireta”. É empregado em estudos de largo alcance (desenvolvimento da sociedade capitalista) e para estudos qualitativos (diferentes formas de governo) e quantitativos (taxa de escolarização de países desenvolvidos e subdesenvolvidos). Pode ser utilizado em todas as fases e níveis de investigação: num estudo descritivo, pode averiguar a analogia entre ou analisar os elementos de uma estrutura (regime presidencialista americano e francês); nas classificações, permite a construção de tipologias (cultura e civilização); finalmente, em termos de explicação, pode, até certo ponto, apontar vínculos causais, entre os fatores presentes e ausentes.
Método Monográfico
 “Criado por Lê play, que o empregou ao estudar famílias operárias na Europa. Partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes, o método monográfico consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A investigação deve examinar o tema escolhido, observando todos os fatores que o influenciaram e analisando-o em todos os seus aspectos”.
 “Exemplos: estudo de delinqüentes juvenis; da mão-de-obra volante; do papel social da mulher ou dos idosos na sociedade; de cooperativas; de um grupo de índios; de bairros rurais” (Lakatos, 1981:33).
Em seu início, o método consistia no exame de aspectos particulares, como, por exemplo, o orçamento familiar, as características de profissões ou de indústrias domiciliares, o custo de vida etc. Entretanto, o estudo monográfico pode, também, em vez de se concentrar em um aspecto, abranger o conjunto das atividades de um grupo social particular, como no exemplo das cooperativas e do grupo indígena. A vantagem do método consiste em respeitar a “totalidade solidária” dos grupos, ao estudar, em primeiro lugar, a vida do grupo em sua unidade concreta, evitando, portanto, a prematura dissociação de seus elementos. São exemplos, desse tipo de estudo, as monografias regionais, as rurais, as de aldeia e, até, as urbanas.
Método Estatístico
 
 “Planejado por Quetelet. Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos, representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si. Assim, o método estatístico significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômico etc. a termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado”.
 Exemplos: verificar a correlação entre o nível de escolaridade e número de filhos; pesquisar as classes sociais dos estudantes universitários e o tipo de lazer preferido pelos estudantes de 1, e 2 graus “(Lakatos, 1981: 32-33)”.
 O Papel do método estatístico é, antes de tudo, fornecer uma descrição quantitativa da sociedade, considerada como um to0do organizado. Por exemplo, definem-se e delimitam-se as classes sociais, especificando as características dos membros dessas classes e, após, mede-se sua importância ou variação, ou qualquer outro atributo quantificável que contribua para seu melhor entendimento. No entanto, a estatística pode ser considerada mais do que apenas um meio de descrição racional; é, também, um método de experimentação e prova, pois é método de análise. 
Método Tipológico
“Habitualmente empregado por Max Weber. Apresenta certas semelhanças com o método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir da análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise e compreensão de casos concretos, realmente existentes. Weber, através da classificação e comparação de diversos tipos de cidades, determinou as características essenciais da cidade; da mesma maneira, pesquisou as diferentes formas de capitalismo para estabelecer a caracterização ideal do capitalismo moderno; e, partindo do exame dos tipos de organização, apresentou o tipo ideal de organização burocrática.
“Exemplo: estudo de todos os tipos de governo democrático, do presente e do passado, para estabelecer as características típicas idéias da democracia” (Lakatos, 1981:33-4).
Para Weber, a vocação prioritária do cientista é separar os juízos de realidade, o que é e os juízos de valor, o que deve ser da análise científica, com a finalidade de perseguir o conhecimento pelo conhecimento. Assim, o tipo ideal não é uma hipótese, pois se configura como uma proposição que corresponde a uma realidade concreta; portanto, é abstrato; não é uma descrição da realidade, pois só retém, pelo processo de comparação e seleção de similitudes, certos aspectos dela; também não pode ser considerado como um “termo médio”, pois seu significado não emerge da noção quantitativa da realidade. O tipo ideal não expressa a totalidade da realidade, mas seus aspectos significativos, os caracteres mais gerais, os que se encontram regularmente no fenômeno estudado.
O tipo ideal, segundo Weber, diferencia-se do conceito, porque não se contenta com selecionar a realidade, mas também a enriquece. O papel, do cientista consiste em ampliar certas qualidades e fazer ressaltar certos aspectos do fenômeno que se pretende analisar.
Método Funcionalista
“Utilizado por Malinowki. É, a rigor, mais um método de interpretação do que de investigação. Levando-se em consideração que a sociedade é formada por partes componentes, diferenciadas, inter-relacionadas e interdependentes, satisfazendo cada uma das funções essenciais da vida social, e que as partes são maias bem entendidas compreendendo-se as funções que desempenham no todo, o método funcionalista estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades, isto é, como um sistema organizado de atividades”.
“Exemplos: análise das principais diferenciações de funções que devem existir num pequeno grupo isolado, para que o mesmo sobreviva; averiguação da função dos usos e costumes no sentido de assegurar a identidade cultural de um grupo” (Lakatos,1981: 34).
O método funcionalista considera, de um lado, a sociedade como uma estrutura complexa de grupos ou indivíduos, reunidos numa trama de ações e relações sociais; de outro, como um sistema de instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação às outras. Qualquer que seja o enfoque fica claro que o conceito de sociedade é visto como um todo em funcionamento, um sistema em operação. E o papel das partes nesse todo é compreendido como funções no complexo de estrutura e organização.
Surgindo com Spencer, em sua analogia da sociedade com um organismo biológico, a função de uma instituição social toma, com Durkheim, a característica de uma correspondência entre ela e as necessidades do organismo social. O autor chega a fazer distinção entre o funcionalismo “normal” e “patológico” das instituições. Contudo, é

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