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OS VÍCIOS ADMINISTRATIVOS

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OS VÍCIOS ADMINISTRATIVOS
A invalidade do ato administrativo é o juízo de desvalor emitido sobre ele em resultado da sua desconformidade com a ordem jurídica. As duas causas geralmente admitidas da invalidade são a ilegalidade e os vícios de vontade.
O ato administrativo não pode contrariar a legalidade, isto é, as disposições genéricas que obrigam os órgãos da Administração. Quando um ato administrativo carece de qualquer dos requisitos legais de validade, diz-se ilegal. 
A ilegalidade do ato administrativo é tradicionalmente apreciada através da verificação dos chamados vícios do ato, que outra coisa não são senão designações especificas dos modos da ilegalidade do ato. Pode-se, pois, distinguir várias modalidades que a ilegalidade pode revestir consoante o elemento ou requisito do ato por ela afetado. Sistematizando os vícios, é possível agrupá-los segundo os elementos do ato administrativo afetado, sendo que, quando falamos de vícios, falamos das circunstâncias que podem ser causas de invalidade dos atos administrativos:
a) Vícios orgânicos, ou seja, relativos aos sujeitos do ato administrativo – mais precisamente ao seu autor:
Usurpação de poder: constitui uma falta de atribuições qualificada - tal vício ocorre quando ao ato é praticado por um órgão administrativo, não tendo, no entanto, a pessoa coletiva em que ele se insere, nem qualquer outra pessoa coletiva administrativa, atribuições para o efeito. Tal significa que o ato não pertence à função administrativa, mas a uma das outras funções do Estado Português (em principio à função politica ou à função jurisdicional), o que implica que seja o próprio principio da separação de poderes a ser violado, na medida em que na maior parte dos casos estão em causa situações do puro exercício administrativo de uma função jurisdicional do estado português. É o caso quando a Administração se arrogue o poder de definir por ato administrativo matéria que só um tribunal pode dirimir através de sentença, nos termos do artigo 27 n.2 da CRP; um outro exemplo pratico consiste no ato pelo qual se realize a dissolução da assembleia da republica, matéria esta que se fosse realizada pelo governo consubstanciaria um vicio da usurpação do poder, na medida em que é uma matéria da competência jurídica e política exclusiva do Sr. Presidente da republica nos termos do artigo 133 Alinea e) da CRP. Configurando uma violação do próprio principio da separação de poderes, corresponde à mais grave das situações de inobservância das regras e, por isso, sempre se entendeu que gera a nulidade do ato administrativo, como expressamente estabelece o artigo 161º, n.º 2, alínea a), do CPA.
· Incompetência: em termos jurídicos e administrativos, as situações de incompetência são situações em que o órgão administrativo não tem o poder de praticar a ato, mas em que não existe usurpação de poderes. Existe incompetência quando um determinado órgão da administração publica pratica um ato administrativo sem que exista uma qualquer normal legal que lhe atribua competência para tal, pelo que, podemos mencionar que este vicio tem sempre por subjacente a violação do principio da legalidade administrativa. Distingue-se entre:
· Incompetência absoluta: consubstancia-se na prática por um órgão de uma pessoa coletiva pública de um ato incluído nas atribuições de outra pessoa coletiva publica. Ou seja, fala-se em incompetência absoluta quando um órgão de uma pessoa coletiva pratica um ato que cabe nas competências de um órgão pertencente a outra pessoa coletiva pública, e, portanto, que não só se inscreve no âmbito das suas competências, como também é alheio às atribuições da pessoa coletiva a que o órgão pertence. Esta situação tem lugar, dentro do Estado, quando um órgão pertencente a um Ministério pratica um ato que se inscreve nas competências de um órgão pertencente a outro Ministério. Este vício é sancionado pela ordem jurídica com a nulidade. A consequência da incompetência absoluta é, nos termos do disposto no artigo 161.º, n. º2, alínea b) do CPA, a nulidade do ato administrativo.
· Incompetência relativa: consubstancia-se na prática por um órgão de uma pessoa coletiva pública de um ato incluído na competência de outro órgão da mesma pessoa coletiva. Por outras palavras, ocorre quando um órgão pratica um ato para o qual não tem competência, mas que inscreve no quadro de atribuições em função das quais esse órgão atua. Esta situação ocorre, por exemplo, dentro do Estado, quando um órgão pertencente a um Ministério pratica um ato que se inscreve nas competências de outro órgão pertencente ao mesmo Ministério. A consequência da incompetência relativa é, em regra, a mera anulabilidade, como está plasmado no artigo 163.º, n.1 do CPA.
Como exemplos clássicos deste tipo de vicio, podemos mencionar a decisão de promoção de um determinado trabalhador, do ministério da saúde realizada i emitida, pelo ministro da educação. Um outro exemplo clássico diz respeito a deliberação da construção de uma estrada ou caminho no município de sintrã, mas realizada i executada pela câmara municipal de Oeiras. 
Diferença entre usurpação de poder e incompetência: para que haja usurpação de poder, é preciso que o Poder Executivo invada a esfera de outro poder do Estado; para que haja incompetência, é preciso que o órgão administrativo que praticou o ato invada a esfera própria de oura autoridade administrativa, mas sem sair do âmbito do poder administrativo; a usurpação de poder é uma incompetência agravada.
a) Vícios formais: a forma do ato administrativo designa a maneira pela qual o ato se exterioriza, se exprime perante terceiros no mundo físico, apresentando uma determinada configuração. O vício de forma consiste na carência de forma legal ou na preterição de formalidades essenciais, ou seja, os vícios de forma afetam todo e qualquer ato administrativo praticado e executado com desrespeito de seus requisitos formais de legalidade, designadamente, ao nível do vicio de forma por preterição de forma legal e o vicio de forma por preterição de formalidades essenciais. Como exemplos clássicos do vicio de forma, podemos mencionar um ato administrativo praticado sobre a forma oral, mais a legislação administrativa exige a forma escrita. Um outro exemplo diz respeito a um ato administrativo praticado sem a possibilidade do exercício da audiência previa dos interessados, quando a mesma seja obrigatória e a lei não proceda a sua dispensa. Um ultimo exemplo clássico do vicio de forma diz respeito da um ato administrativo praticado num órgão colegial, mas sem observância das normas legais de convocação ou ate sem o Quórum minino para votação das matérias no mesmo decididas. As consequências do vício de forma variam consoante os casos:
· Carência absoluta de forma legal (por ex., um acto praticado oralmente quando a lei impunha a sua adopção sob a forma escrita): nulidade (cfr. art. 161.º, nº 2, g) do CPA); 
· Carência relativa de forma legal (por ex., um acto praticado por simples despacho, prescrevendo a lei a sua exteriorização através de portaria ou decreto): anulabilidade (cfr. art. 161.º, nº 2, g) do CPA, a contrario); 
· Deliberações dos órgãos colegiais tomadas tumultuosamente ou com a inobservância do quorum ou da maioria legalmente exigidos: nulidade (cfr. art. 161.º, nº 2, h) do CPA); 202 
· Falta da audiência dos interessados: anulabilidade; 
· Falta de fundamentação do acto administrativo quando legalmente exigida: anulabilidade; 
· Outros vícios de forma: anulabilidade (por força do nº 1 do art. 161.º do CPA, que dispõe serem nulos apenas os actos para os quais a lei comine expressamente essa forma de invalidade).
b) Vícios materiais, relativos ao objeto, ao conteúdo ou aos motivos do ato:
· Desvio de poder: os vícios relativos ao fim só revelam enquanto tal quando se referirem ao domínio vinculado. Se houver um vicio do fim no domínio discricionário, tais vícios vão-se projetar na escolha do conteúdo, vindo a relevar como vício na relação fim-conteúdo. Ora esse elemento só tem autonomia na medida em queo ato seja produto do exercício de poderes discricionários. Sendo assim, o desvio de poder é um vício de natureza funcional, traduzindo-se no exercício de um poder discricionário por um motivo principalmente determinante desconforme com a finalidade para que a lei atribuiu tal poder, ou seja, é o vicio que afeta o ato administrativo praticado no exercício de poderes discricionários quando estes hajam sido usados pelo órgão competente com fim diverso daquele para que a lei os conferiu ou por motivos determinantes que não consigam com o fim visado pela lei que conferiu tais poderes. Exemplificando: um exemplo pratico de um ato administrativo praticado com vicio de desvio de poder, consiste na emissão de uma licença de construção unicamente emitida a troco de uma oferta patrimonial e economicamente diretamente entregue ao titular do órgão emissor do ato administrativo. A consequência destes vícios é, em principio, a anulabilidade. 
· Violação de lei: o conceito de violação de lei não abarca nem compreende toda e qualquer, violação da lei, na medida em que por definição teórica e conceptual, qualquer vicio do ato administrativo em termos amplos implica sempre uma violação da lei. Este vício consiste, pois, na discrepância entre o objeto ou o conteúdo do ato e as normas jurídicas com que estes deveriam conformar-se – aqui se incluindo contratos administrativos previamente celebrados e atos administrativo constitutivos de direitos. Neste sentido temos de recorrer a um critério positivo e um critério negativo na identificação do vicio de violação de lei, deste modo, como base nesse critérios o vicio de violação de lei é apenas aquele em que incorre os atos administrativos que desrespeitam requisitos de legalidade relativos aos pressupostos de fato, do objeto e do conteúdo do ato administrativo ( este é o critério positivo), por outro lado, o vicio da violação de lei é também utilizado para garantir a chamada teoria do ato administrativo fechado, ou seja, sofrem sempre o vicio de violação de lei todo e qualquer ato administrativo ilegal, cuja ilegalidade não se possa reconduzir e explicar a luz dos quatros vícios anteriormente mencionados, pelo que o vicio de violação de lei tem um carácter e uma natureza residuais ( critério negativo ). 
· Integram este vicio, nomeadamente, a falta de base legal do ato administrativo, a impossibilidade ou a ininteligibilidade do objeto ou do conteúdo do ato e a ilegalidade dos elementos acessórios deste. 
· Um exemplo clássico de um ato administrativo praticado como o vicio de violação de lei, diz respeito a uma requisição administrativa sobre um determinado prédio por pura e simplesmente não existe ( objeto ) ou ainda um ato administrativo praticado por um órgão da administração publica mais com violação dos princípios administrativos da proporcionalidade ou da igualdade, e por um ultimo um ato administrativo de atribuição de uma bolsa de estudos a uma pessoa que não reúne os requisitos e pressupostos de fato para tal, designadamente, ao nível da sua idade ou das habilitações literárias e curriculares necessárias.

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