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ENGAJAMENTO CORPORATIVO COM STARTUPS: O CASO DE UMA EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Orientador: Adriano Proença Matheus Rocha Domingues de Carvalho Victor Peres Santoro Anastacio Rio de Janeiro Agosto de 2018 Carvalho, Matheus Rocha Domingues de Anastacio, Victor Peres Santoro Engajamento Corporativo com Startups: O Caso de uma Empresa de Telecomunicações / Matheus Rocha Domingues de Carvalho, Victor Peres Santoro Anastácio – Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2018. XI, 118 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Adriano Proença Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia de Produção, 2018. Referências Bibliográficas: p. 119. 1. Gestão da Inovação 2. Startup 3. Empresas 4. Engajamento Corporativo com Startups I. Adriano Proença. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III. Engajamento Corporativo com Startups: O Caso de uma Empresa de Telecomunicações. Agradecimentos (Matheus Rocha Domingues de Carvalho) Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, às minhas avós. Guerreiras que construíram as vidas com as próprias mãos. Suely, exemplo de garra e luta na vida pessoal e profissional. Você foi, é e sempre será a minha maior inspiração. Altamira, cujo bom coração acolheu meu pai e nos presenteou com uma família incrível. Às minhas primas e primos, companheiros de sangue e alma, que mesmo na distância se mantém presentes, e à família que ganhei pelo caminho, Pedro, Elisa e Aline, que sempre estiveram por perto nas horas difíceis. Aos companheiros que fiz ao longo desses anos, em escritórios, salas de aula, corredores, em especial aos amigos: Marcelo, os Lixos, a Corte, a Cúpula, e aos amigos do Casamento, por me mostrarem que a nossa luz brilha mais quando compartilhada. No choro e no riso, não teria sido possível sem vocês. E à Danielle, cuja varanda ajudou a tecer a maior parte destas palavras. A todos os professores que me acompanharam e ensinaram durante esses anos. Em especial, agradeço ao Prof. Adriano Proença, ao Prof. Vinícius Cardoso e ao Prof. Renato Cameira, pelo exemplo vivo do que é trabalhar com paixão e compromisso. Ao meu parceiro, Victor, na dureza e empenho para compor este trabalho. Agradeço à Adriana, luz da manhã, por me guiar quando não consegui mais encontrar a minha direção, e aos meus irmãos, André e Micaela, que são, anjos da minha vida e minha força todos de dias. Espero conseguir iluminar para vocês os buracos nos quais tropecei. Agradeço à minha mãe, por me ensinar a ser. Por me ensinar a amar. Por me esinar a perseverar. Agradeço, por fim, ao meu pai. Que, apesar de não estar fisicamente presente, foi quem me ensinou que não faz sentido fazer nada que não fosse o melhor possível. Quem me deu forças nos dias mais sombrios, quando nada mais fazia sentido. Espero que esteja orgulhoso. Isso tudo é para você. Sempre foi. Agradecimentos (Victor Peres Santoro Anastacio) Agradeço, primeiramente, à minha família que me ofereceu todas as condições para chegar até aqui. Solange, João Carlos, Anna Julia, Fátima e Anna, sem vocês nada disso seria possível. Foram tortuosos os anos de faculdade, mas em vocês pude encontrar todo amparo, suporte e carinho que me proporcionou atingir mais esse objetivo. Obrigado por todo o amor e dedicação. Essa vitória é nossa. À melhor companheira que conheço, parceira de todas as horas e cúmplice dos meus melhores anos, agradeço muito especialmente à Laís. Obrigado por compartilhar esse percurso quase do início até o fim, ouvindo minhas preocupações, acreditando sempre em mim e me trazendo a certeza do afeto em pequenas e grandes demonstrações. Aos amigos, agradeço pelos dias de felicidade e pelos momentos de diversão. Mais que agradeço pelo apoio nos momentos difíceis, pois me ajudou a completar mais essa etapa quando parecia não ser possível. Meu muito obrigado a Ana Paula, Renata, Thais, Victor, Bruno, Fábio, Fernanda, Guilherme, Gustavo, Iara, Lany, Larissa, Luiz Felipe, Matheus, Nathalia, Rodrigo, Vanessa. Agradeço ao amigo-irmão de toda uma vida, Guilherme Bernardo. Agradeço também a todos os outros amigos que estiveram comigo no decorrer dessa jornada. Agradeço ao Matheus, meu amigo e companheiro nesse trabalho. Aos professores, que tanto me ajudaram ao longo dessa caminhada, registro minha profunda gratidão. Agradeço especialmente ao Renato Cameira, à Maria Alice Ferrucio e ao Luiz Antônio Meirelles, que compartilharam comigo muito mais do que se espera. Ao Professor Adriano Proença, por ter orientado esse trabalho, muito obrigado. Victor Renova-te. Renasce em ti mesmo. Multiplica os teus olhos, para verem mais. Multiplica-se os teus braços para semeares tudo. Destrói os olhos que tiverem visto. Cria outros, para as visões novas. Destrói os braços que tiverem semeado, Para se esquecerem de colher. Sê sempre o mesmo. Sempre outro. Mas sempre alto. Sempre longe. E dentro de tudo. Cecília Meirelles Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica como parte dos requisitos necessários para a obtenção de grau de Engenheiro de Produção. Engajamento Corporativo com Startups: O Caso de uma Empresa de Telecomunicações Matheus Rocha Domingues de Carvalho Victor Peres Santoro Anastacio Agosto/2018 Orientador: Adriano Proença Curso: Engenharia de Produção O fenômeno das startups tomou proporções sem precedentes. Lideradas por uma quantidade considerável de casos de sucesso, essas pequenas iniciativas empreendedoras vêm alcançando altas taxas de crescimento e atraindo a atenção do mercado do capital de risco e, também, das grandes empresas e corporações. Torna-se evidente que, diante da dinâmica tecnológica da atualidade, e a velocidade com que se dá a difusão de informações e conhecimento, ignorar a relevância das startups no ecossistema de negócios não é mais uma opção. Por conta disso, grandes empresas vêm buscando se adaptar para conseguirem se manter inovadoras e competitivas. Nesse sentido, a situação se agrava quando, frente às inovações disruptivas e exploração de novos mercados, o contraste entre grandes empresas e startups fica ainda mais evidente. Este trabalho tem por objetivo entender como grandes empresas tem buscado se relacionar com startups como forma de se adequar a este cenário. Nesse sentido, é feita uma revisão da literatura tradicional sobre a gestão da inovação, complementada por uma revisão de materiais empíricos a respeito dos canais, métricas e objetivos das diferentes formas de engajamento corporativo com startups. A fim de materializar este conteúdo, o resultado desta análise foi aplicado sobre o caso de uma empresa de telecomunicações. Espera-se que este texto ofereça uma visão ampla da utilização dos relacionamentos com startups como forma de gerir inovação, e que, no futuro, sirva de base para análises mais prescritivas. Palavras-chave: Gestão da Inovação, Startup, Empresas, Engajamento Corporativo, Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Production Engineer. Corporate Startup Engagement: The Case Study of a Telecom Company Matheus Rocha Domingues de Carvalho Victor Peres Santoro Anastacio August/2018 Advisor: Adriano Proença Course: Production Engineer The startup phenomenon has taken unprecedented proportions. Led by a considerable amount of suc cess cases, these small entrepreneurial initiatives have been reaching high growth rates and attracting the attention from the venture capitalists and, also, from the big companies. Itbecomes clear that, facing the current technological dynamics, and the speed in which knowledge and information diffusion is taking place, ignoring the startups relevance on the business ecosystem is no longer an option. For that reason, big companies have been looking for ways to adapt in order to keep themselves innovatives and competitives. The situation hinders when it comes to facing disruptive innovations and exploring new markets, and the contrast between startups and big companies becomes even more glaring. This work intends to understand how big companies have been trying to relate with startups as a way to adapt to this new landscape. In this sense, it was built a review over the traditional literature on innovation management complemented by an empirical review on the different channels, metrics, objectives of the different ways of corporate startup engagement. In order to give some solidity to this study, the conceptual framework built was applied on the case of a telecom company. It’s expected that the work can offer a wide sight over the applications of corporate relationships with startups as a way of managing innovation and that, in the future, it may serve as a foundation for more prescriptive analysis. Keywords: Innovation Management, Startups, Companies; Corporate Engagement Lista de Ilustrações FIGURA 1: MODELO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO. ADAPTADO DE BURGELMAN, R. A.; CHRISTENSEN, C. M.; WHEELWRIGHT, S. C. GESTÃO ESTRATÉGICA DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO. 5TH ED ED. BOSTON: MCGRAW-HILL IRWIN, 2009, P. 3. ............................................................................................................... 26 FIGURA 2: CATEGORIAS DE INOVAÇÃO. ADAPTADO DE TIDD, J.; BESSANT, J. R. GESTÃO DA INOVAÇÃO. INTEGRANDO TECNOLOGIA. EDIÇÃO: 5A ED. [S.L.] BOOKMAN, 2015. ........................................................ 28 FIGURA 3: INOVAÇÃO SUSTENTADORA / DE RUPTURA. ADAPTADO DE CHRISTENSEN. O DILEMA DA INOVACAO. QUANDO AS NOVAS TECNOLOGIAS LEVAM AS EMPRESAS AO FRACASSO. EDIÇÃO: 1 ED. [S.L.] MBOOKS, 2011. ............................................................................................................................................................ 29 FIGURA 4: MAPA DE BUSCA POR INOVAÇÃO. ADAPTADO DE TIDD, J.; BESSANT, J. R. GESTÃO DA INOVAÇÃO. INTEGRANDO TECNOLOGIA. EDIÇÃO: 5A ED. [S.L.] BOOKMAN, 2015, P. 277. ............................................ 33 FIGURA 5: SITUAÇÕES DA EMPRESA FRENTE ECI. BURGELMAN, R. A.; CHRISTENSEN, C. M.; WHEELWRIGHT, S. C. GESTÃO ESTRATÉGICA DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO. 5TH ED ED. BOSTON: MCGRAW-HILL IRWIN, 2009, P. 465. ................................................................................................................................................ 35 FIGURA 6: MODELOS DE INOVAÇÃO DA 1ª GERAÇÃO. ADAPTADO DE ROTHWELL, R. TOWARDS THE FIFTH‐ GENERATION INNOVATION PROCESS. INTERNATIONAL MARKETING REVIEW, V. 11, N. 1, P. 7–31, FEV. 1994. ............................................................................................................................................................ 38 FIGURA 7: MODELOS DE INOVAÇÃO DA 2ª GERAÇÃO. ADAPTADO DE ROTHWELL, R. TOWARDS THE FIFTH‐ GENERATION INNOVATION PROCESS. INTERNATIONAL MARKETING REVIEW, V. 11, N. 1, P. 7–31, FEV. 1994. ............................................................................................................................................................ 38 FIGURA 8: LINHA DO TEMPO DOS MODELOS DE INOVAÇÃO. ADAPTADO DE ROTHWELL, R. TOWARDS THE FIFTH‐GENERATION INNOVATION PROCESS. INTERNATIONAL MARKETING REVIEW, V. 11, N. 1, P. 7–31, FEV. 1994. .................................................................................................................................................... 39 FIGURA 9: MODELO DA LÓGICA DE INOVAÇÃO FECHADA. ADAPTADO DE CHESBROUGH, H. W. OPEN INNOVATION: THE NEW IMPERATIVE FOR CREATING AND PROFITING FROM TECHNOLOGY. FIRST TRADE PAPER EDITION ED. BOSTON, MASS: HARVARD BUSINESS REVIEW PRESS, 2005, P. 31. ............................ 40 FIGURA 10: TRÁFEGO DE USUÁRIOS NA INTERNET AO LONGO DA HISTÓRIA. RETIRADO DE HTTPS://BLOGS.CISCO.COM/SP/THE-HISTORY-AND-FUTURE-OF-INTERNET-TRAFFIC, EM 12/08/2018. .... 45 FIGURA 11: MODELO DE INOVAÇÃO ABERTA ....................................................................................................... 46 FIGURA 12: ATIVOS COMPLEMENTARES. RETIRADO DE TEECE (1986) APUD BURGELMAN, R. A.; CHRISTENSEN, C. M.; WHEELWRIGHT, S. C. GESTÃO ESTRATÉGICA DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO. 5TH ED ED. BOSTON: MCGRAW-HILL IRWIN, 2009, P. 17. .............................................................................................. 48 FIGURA 13: ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO. RETIRADO DE TRAVASSOS, M. D. S. NAMBISAN, SATISH & SAWHNEY, MOHANBIR. CÉREBRO GLOBAL – COMO INOVAR EM UM MUNDO CONECTADO POR REDES. SÃO PAULO: ÉVORA, 2011. 324P. GESTÃO & REGIONALIDADE, V. 27, N. 81, 11 JAN. 2012, P. 10................................... 50 FIGURA 14: MODELOS DE INOVAÇÃO ABERTA. ADAPTADO DE TRAVASSOS, M. D. S. NAMBISAN, SATISH & SAWHNEY, MOHANBIR. CÉREBRO GLOBAL – COMO INOVAR EM UM MUNDO CONECTADO POR REDES. SÃO PAULO: ÉVORA, 2011. 324P. GESTÃO & REGIONALIDADE, V. 27, N. 81, 11 JAN. 2012., P. 63. ............ 51 FIGURA 15: GRÁFICO GO-TO-MARKET. ADAPTADO DE TRAVASSOS, M. D. S. NAMBISAN, SATISH & SAWHNEY, MOHANBIR. CÉREBRO GLOBAL – COMO INOVAR EM UM MUNDO CONECTADO POR REDES. SÃO PAULO: ÉVORA, 2011. 324P. GESTÃO & REGIONALIDADE, V. 27, N. 81, 11 JAN. 2012, P. 127................................. 53 FIGURA 16: CICLO DO CAPITALISTA DA INOVAÇÃO. ADAPTADO DE TRAVASSOS, M. D. S. NAMBISAN, SATISH & SAWHNEY, MOHANBIR. CÉREBRO GLOBAL – COMO INOVAR EM UM MUNDO CONECTADO POR REDES. SÃO PAULO: ÉVORA, 2011. 324P. GESTÃO & REGIONALIDADE, V. 27, N. 81, 11 JAN. 2012, P. 142. ........... 55 FIGURA 17: CAPITAL DE RISCO DISPONÍVEL. RETIRADO DE CHESBROUGH, H. W. OPEN INNOVATION: THE NEW IMPERATIVE FOR CREATING AND PROFITING FROM TECHNOLOGY. FIRST TRADE PAPER EDITION ED. BOSTON, MASS: HARVARD BUSINESS REVIEW PRESS, 2005, P. 37.............................................................. 57 FIGURA 18: CSE'S DE ACORDO COM O NÍVEL DE ENVOLVIMENTO. ADAPTADO DE STARTUPS, 500. #500CORPORATIONS. DISPONÍVEL EM: <HTTP://698640.HS-SITES.COM/500CORPORATIONS>. ACESSO EM: 21 AGO. 2018, P. 22. ............................................................................................................................. 67 FIGURA 19: CSE'S DE ACORDO COM O NÍVEL DE CUSTO. ADAPTADO DE STARTUPS, 500. #500CORPORATIONS. DISPONÍVEL EM: <HTTP://698640.HS-SITES.COM/500CORPORATIONS>. ACESSO EM: 21 AGO. 2018, P. 22. ..................................................................................................................................................................... 68 FIGURA 20: CSE'S DE ACORDO COM O NÍVEL DE RISCO. ADAPTADO DE STARTUPS, 500. #500CORPORATIONS. DISPONÍVEL EM: <HTTP://698640.HS-SITES.COM/500CORPORATIONS>. ACESSO EM: 21 AGO. 2018, P. 23. ..................................................................................................................................................................... 69 FIGURA 21: CSE'S DE ACORDO COM O HORIZONTE DE RETORNO. ADAPTADO DE STARTUPS, 500. #500CORPORATIONS. DISPONÍVEL EM: <HTTP://698640.HS-SITES.COM/500CORPORATIONS>. ACESSO EM: 21 AGO. 2018, P. 23. ............................................................................................................................. 70 FIGURA 22: CANAIS DE RELACIONAMENTO COM STARTUPS DAS EMPRESAS NA LISTA FORBES 500. ADAPTADO DE STARTUPS, 500. #500CORPORATIONS. DISPONÍVEL EM: <HTTP://698640.HS- SITES.COM/500CORPORATIONS>. ACESSO EM: 21 AGO. 2018, P. 25. ........................................................ 70 FIGURA 23: DISTRIBUIÇÃO DAS INICIATIVAS POR GRUPO. RETIRADO DE E-BOOK COMOGRANDES EMPRESAS E STARTUPS SE RELACIONAM. DISPONÍVEL EM: <HTTP://PUBLICACOES.MARIAAUGUSTA.COM.BR/E-BOOK- COMO-GRANDES-EMPRESAS-E-STARTUPS-SE-RELACIONAM>. ACESSO EM: 20 AGO. 2018, P. 24. ............ 82 FIGURA 24: DISTRIBUIÇÃO DAS INICIATIVAS POR TIPO. ADAPTADO DE E-BOOK COMO GRANDES EMPRESAS E STARTUPS SE RELACIONAM. DISPONÍVEL EM: <HTTP://PUBLICACOES.MARIAAUGUSTA.COM.BR/E-BOOK- COMO-GRANDES-EMPRESAS-E-STARTUPS-SE-RELACIONAM>. ACESSO EM: 20 AGO. 2018, P. 25. ............ 83 FIGURA 25: DISTRIBUIÇÃO DAS INICIATIVAS. RETIRADO DE E-BOOK COMO GRANDES EMPRESAS E STARTUPS SE RELACIONAM. DISPONÍVEL EM: <HTTP://PUBLICACOES.MARIAAUGUSTA.COM.BR/E-BOOK-COMO- GRANDES-EMPRESAS-E-STARTUPS-SE-RELACIONAM>. ACESSO EM: 20 AGO. 2018, P. 27. ........................ 83 FIGURA 26: CATEGORIZAÇÃO DE RELACIONAMENTOS COM STARTUPS. ADAPTADO DE WEIBLEN, T.; CHESBROUGH, H. W. ENGAGING WITH STARTUPS TO ENHANCE CORPORATE INNOVATION. CALIFORNIA MANAGEMENT REVIEW, V. 57, N. 2, P. 66–90, FEV. 2015. .......................................................................... 86 FIGURA 27: IDENTIFICAÇÃO DE INICIATIVAS. ADAPTADO DE WEIBLEN, T.; CHESBROUGH, H. W. ENGAGING WITH STARTUPS TO ENHANCE CORPORATE INNOVATION. CALIFORNIA MANAGEMENT REVIEW, V. 57, N. 2, P. 66–90, FEV. 2015.................................................................................................................................. 87 FIGURA 28: TIPOS DE INVESTIMENTOS EM STARTUPS. ADAPTADO DE CHESBROUGH (2002) APUD BURGELMAN, R. A.; CHRISTENSEN, C. M.; WHEELWRIGHT, S. C. GESTÃO ESTRATÉGICA DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO. 5TH ED ED. BOSTON: MCGRAW-HILL IRWIN, 2009, P. 397. ..................................................... 88 FIGURA 29: GRÁFICO DE DISPERSÃO DE CSE'S. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. .............................................................. 93 FIGURA 30: GRÁFICO DE DISPERSÃO DE CSE'S - NÍVEL DE MATURIDADE. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. .................... 95 FIGURA 31: A DISSOCIAÇÃO ENTRE RECEITAS E CUSTO. RETIRADO DE HTTPS://ECONOMIADESERVICOS.COM/2017/06/22/O-QUE-ESTA-HAVENDO-COM-AS-OPERADORAS-DE- TELECOMUNICACOES-NA-ERA-DIGITAL/, EM 08/09/2018.: ........................................................................ 97 FIGURA 32: MARKET SHARE DAS OPERADORAS. ADAPTADO DO RELATÓRIO INSTITUCIONAL DA EMPRESA AOS ACIONISTAS. ................................................................................................................................................. 98 FIGURA 33: INDICATIVOS FINANCEIROS DE RECEITA DA XYZ. ADAPTADO DO RELATÓRIO INSTITUCIONAL DA EMPRESA AOS ACIONISTAS. ......................................................................................................................... 99 FIGURA 34: CAPEX DA XYZ. ADAPTADO DO RELATÓRIO INSTITUCIONAL DA EMPRESA AOS ACIONISTAS. ........ 100 FIGURA 35: PILARES DA TRANSFORMAÇÃO. ADAPTADO DE APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL DA EMPRESA XYZ. ................................................................................................................................................................... 101 FIGURA 36: LINHA DO TEMPO DA INOVAÇÃO XYZ. ADAPTADO DE APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL DA EMPRESA XYZ. ............................................................................................................................................................ 102 FIGURA 37: INICIATIVAS DE INOVAÇÃO NA EMPRESA XYZ. ADAPTADO DE APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL DA EMPRESA XYZ. ............................................................................................................................................ 104 FIGURA 38: FRAMEWORK DE INOVAÇÃO NA EMPRESA XYZ. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ...................................... 107 FIGURA 39: QUANTITATIVO DE INICIATIVAS DE CSE DA XYZ. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ...................................... 108 FIGURA 40: ANÁLISE DE POSICIONAMENTO FRENTE AO ECI. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ...................................... 109 FIGURA 41: ANÁLISE DO MAPA DE BUSCA POR INOVAÇÃO NA XYZ. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ........................... 111 FIGURA 42: ANÁLISE DE MODELOS DE INOVAÇÃO ABERTA. ADAPTADO DE TRAVASSOS, M. D. S. NAMBISAN, SATISH & SAWHNEY, MOHANBIR. CÉREBRO GLOBAL – COMO INOVAR EM UM MUNDO CONECTADO POR REDES. SÃO PAULO: ÉVORA, 2011. 324P. GESTÃO & REGIONALIDADE, V. 27, N. 81, 11 JAN. 2012., P. 63. ................................................................................................................................................................... 113 FIGURA 43: ANÁLISE DE OBJETIVOS CORPORATIVOS X CSE. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ........................................ 114 FIGURA 44: ANÁLISE DE TIPOS DE CSE. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ........................................................................ 115 FIGURA 45: ANÁLISE QUANTITATIVA DO PORTFOLIO DA XYZ. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. .................................... 116 FIGURA 46: ANÁLISE DE IDENTIFICAÇÃO DE INICIATIVAS. ADAPTADO DE WEIBLEN, T.; CHESBROUGH, H. W. ENGAGING WITH STARTUPS TO ENHANCE CORPORATE INNOVATION. CALIFORNIA MANAGEMENT REVIEW, V. 57, N. 2, P. 66–90, FEV. 2015. ................................................................................................. 117 FIGURA 47: ANÁLISE DE TIPOS DE ENVOLVIMENTO COM STARTUPS. ADAPTADO DE CHESBROUGH (2002) APUD BURGELMAN, R. A.; CHRISTENSEN, C. M.; WHEELWRIGHT, S. C. GESTÃO ESTRATÉGICA DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO. 5TH ED ED. BOSTON: MCGRAW-HILL IRWIN, 2009, P. 397. ............................................. 118 FIGURA 48: ANÁLISE DE GRÁFICO DE MATURIDADE DE CSE'S. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. .................................... 119 Lista de Tabelas TABELA 1: DIFERENÇAS ENTRE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO ........................................................................ 41 TABELA 2: PORTFÓLIO DA MICROSOFT DE RELACIONAMENTOS COM STARTUPS. .............................................. 71 TABELA 3: PORTFÓLIO DA ORANGE DE RELACIONAMENTOS COM STARTUPS. MONTADO A PARTIR DE BONZOM E NETESSINE (2016:42-43) ........................................................................................................................... 73 TABELA 4: RELACIONAMENTOS DE POSICIONAMENTO. ....................................................................................... 76 TABELA 5: RELACIONAMENTO DE PLATAFORMA E PARCERIAS. ........................................................................... 78 TABELA 6: RELACIONAMENTOS DE DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES. .................................................... 80 TABELA 7: RELACIONAMENTOS DE INVESTIMENTO.............................................................................................. 81 TABELA 8: PONTUAÇÃO DAS CSE'S. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ............................................................................... 93 TABELA 9: ANÁLISE DE TABELA DE PONTUAÇÃO DE CSE. ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ............................................ 115 Lista de Siglas ABEPRO Associação Brasileira de Engenheiros de Produção CAPEX Capital Expenditures CSE Corporate Startup Engagement EBITDA Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization ECI Empreendedorismo Corporativo Interno INSEAD Institut Européen d'Administration des Affaires IoT Internet of Things NSF Fundação Nacional de Ciências OTT Over The Top SMS Short Message Service SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 18 1.1. A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E O ENGAJAMENTO CORPORATIVO COM STARTUPS .......................................................................................................................... 18 1.2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 20 1.2.1. Objetivos Gerais ..................................................................................................... 20 1.2.2. Objetivos Específicos.............................................................................................. 20 1.3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 21 1.4. A ORGANIZAÇÃO DESTE TEXTO ........................................................................... 22 2. GESTÃO DA INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ............. 23 2.1. DESCOBERTAS, INVENÇÕES, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ............................... 24 2.1.1. Gestão da inovação ................................................................................................. 26 2.1.2. Inovação disruptiva ................................................................................................ 28 2.1.3. Exploration e exploitation e a ambidestria organizacional .................................... 31 2.2. EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO TECNOLÓGICO .................................... 34 2.2.1. A pesquisa e desenvolvimento ................................................................................ 37 2.2.2. O “modelo fechado” de inovação ........................................................................... 39 2.2.3. Fatores de erosão do modelo fechado .................................................................... 42 3. O MODELO DE INOVAÇÃO ABERTA ..................................................................... 45 3.1. AS REDES DE INOVAÇÃO ........................................................................................ 47 3.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO ................................................................................ 48 3.3. MODELOS DE INOVAÇÃO ABERTA ....................................................................... 50 3.3.1. O modelo Orquestra ............................................................................................... 51 3.3.2. O modelo Bazar Criativo ........................................................................................ 52 3.3.3. O modelo Central de Improviso ............................................................................. 55 3.3.4. O modelo Estação de Modificação ......................................................................... 56 3.4. O ECOSSISTEMA DE STARTUPS .............................................................................. 57 4. EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ATRAVÉS DO ENGAJAMENTO CORPORATIVO COM STARTUPS ................................................................................ 59 4.1. O ENGAJAMENTO CORPORATIVO COM STARTUPS SEGUNDO INSEAD E O VENTURE CAPITAL 500 STARTUPS ................................................................................. 60 4.1.1. O INSEAD e o 500 Startups .................................................................................... 60 4.1.2. Motivos para engajamento entre grandes empresas e startups ............................. 61 4.1.3. Formas de engajamento entre grandes empresas e startups ................................. 63 4.1.4. Objetivos estratégicos do engajamento corporativo com startups ........................ 65 4.1.5. Cenário atual do engajamento de grandes empresas e startups ............................ 70 4.1.6. Casos: Microsoft e Orange ..................................................................................... 71 4.2. O ENGAJAMENTO CORPORATIVO COM STARTUPS SEGUNDO A 100 OPEN STARTUPS .......................................................................................................................... 74 4.2.1. A 100 Open Startups ............................................................................................... 74 4.2.2. Tipos de relacionamento entre grandes empresas e startups ................................ 74 4.2.3. Dimensionamento do corporate startup engagement no brasil .............................. 81 4.3. O ENGAJAMENTO CORPORATIVO COM STARTUPS SEGUNDO H.W. CHESBROUGH .................................................................................................................. 84 4.3.1. Modelos de engajamento corporativo com startups............................................... 85 4.3.2. Gestão do capital de risco corporativo ................................................................... 88 4.4. ANÁLISE COMPARATIVA ........................................................................................ 90 4.4.1. Gráfico de maturidade ........................................................................................... 92 5. O CASO DA EMPRESA XYZ ...................................................................................... 96 5.1. OS DESAFIOS DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES NA ERA DIGITAL........... 96 5.2. HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................ 97 5.3. HISTÓRICO DE INOVAÇÃO DA XYZ .................................................................... 101 5.4. PORTFOLIO DE INOVAÇÃO DA XYZ ................................................................... 103 5.4.1. Fomento e governança .......................................................................................... 104 5.4.2. Framework de inovação aberta ............................................................................ 105 5.4.3. As iniciativas de Engajamento Corporativo com Startups da empresa XYZ ..... 107 5.5. CICLO DE EMPREENDEDORISMO INTERNO NA XYZ ....................................... 108 6. ENTENDENDO O PERFIL DE CSE DA XYZ ......................................................... 110 6.1. PERFIL DE INOVAÇÃO DA XYZ ............................................................................ 110 6.2. O ENGAJAMENTO CORPORATIVO COM STARTUPS NA XYZ ........................... 111 7. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 120 7.1. SÍNTESE DO ESTUDO ............................................................................................. 120 7.2. LIMITAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS PARA PESQUISAS FUTURAS ............. 122 8. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 124 18 1. INTRODUÇÃO 1.1. A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E O ENGAJAMENTO CORPORATIVO COM STARTUPS De acordo com o dicionário Webster, startup significa “o ato ou ação de colocar algo em operação ou em movimento”. Segundo Steve Blank, empreendedor do Vale do Silício e escritor do livro “The Startup Owner’s Manual”, uma startup é uma organização formada para procurar por um modelo de negócios escalável e reproduzível. Eric Ries, em seu livro “A Startup Enxuta”, explica que uma startup consiste em uma instituição humana projetada para criar um novo produto ou serviço sob condições de extrema incerteza. Todas estas definições atribuem às startups, ainda que de forma filosófica, seu contexto de incerteza e sua postura empreendedora frente aos desafios de tocar uma empresa. Complementarmente, este estudo entende a startup como uma pessoa jurídica de pequeno porte, cujas competências centrais tenham forte embasamento tecnológico. Segundo a Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO), “Compete à Engenharia de Produção o projeto, a implantação, a operação, a melhoria e a manutenção de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo homens, materiais, tecnologia, informação e energia”. A área da gestão da inovação, figura, nesse contexto, como componente dos sistemas de produção economicamente funcionais. Dessa forma, por extensão, se torna atribuição da Engenharia de Produção, enquanto design science, estudar e projetar as estruturas, processos, incentivos e a governança dos sistemas produtivos. Fica evidente, portanto, o papel fundamental da gestão da inovação, enquanto ferramenta de desenvolvimento de tecnologias e competências, na manutenção e desenvolvimento destas dimensões. O rápido desenvolvimentotecnológico e a velocidade que a difusão de informações ganhou nos últimos anos modificaram de forma significativa a dinâmica competitiva do mercado. O surgimento cada vez maior de startups, e os recorrentes casos em que estas alcançaram taxas de crescimento relativamente altas, tem motivado a movimentação das grandes organizações corporativas em busca de um melhor posicionamento nesse novo contexto, a fim de assegurar sobrevivência e competitividade. O Facebook, por exemplo, em cinco anos atingiu um valor de mercado de U$S 15 bilhões enquanto a Dell levou nove para alcançar o nível de U$S 1 bilhão. Por conta de números dessas proporções, essas startups, com 19 mais flexibilidade e articulação para errar, vêm se desenvolvendo com efetividade e conquistado relevância aos olhos das grandes empresas. Trabalhar junto à startups, no entanto, não têm sido uma tarefa trivial para grandes empresas. Segundo Chesbrough (2002), cerca de um terço das empresas que possuíam investimentos ativos em startups em meados dos anos 2000 havia cessado esses investimentos no ano seguinte. A compreensão limitada acerca de diferenças relevantes entre as prioridades de negócio, a velocidade de operação, e os objetivos estratégicos, se mostrou uma dificuldade significativa para grandes empresas na administração das suas relações com as startups. Para obter êxito nessas transações, grandes empresas observaram ser necessário trabalhar sua cultura organizacional e sua estrutura de operação para conceber formas mais eficientes e efetivas de relacionamento. Este contexto vem contribuindo para uma modificação importante na forma como as empresas buscam inovar, se configurando como uma alternativa a maneiras já consolidadas de busca por novas tecnologias. Nesse sentido, constata-se o surgimento de um novo componente no âmbito da gerência da inovação, que vem ganhando destaque nos últimos anos: o engajamento corporativo com startups (do original em inglês, corporate startup engagement). Este mecanismo, objeto do estudo que se segue, surge como uma alternativa para uma gestão eficiente e efetiva da inovação corporativa dentro deste novo contexto. O tema deste estudo foi escolhido, portanto, por conta de sua relevância no contexto atual, que parece crescer a cada dia, e visando buscar um entendimento mais aprofundado acerca da maneira como grandes empresas têm encarado a inovação aberta, no que diz respeito às startups. Em especial, o estudo busca trazer, como contribuição, uma proposta de ferramenta de análise capaz de atribuir com base no entendimento do seu relacionamento, bem como nos objetivos corporativos que buscam atingir, níveis de maturidade ao portfólio de engajamento corporativo com startups da empresa em questão. 20 1.2. OBJETIVOS 1.2.1. Objetivos Gerais O objetivo deste trabalho é realizar uma análise teórico-empírica acerca das abordagens para a gestão da inovação dentro de um contexto aberto e integrado de fazer negócios. O estudo foca em analisar a forma como grandes empresas têm estabelecido relacionamentos com startups, como modo de reagir e se antecipar aos novos padrões de mudanças arquitetônicas e disruptivas. Por ser um assunto relativamente novo, não foi encontrada na literatura recente conteúdo com coerência e relevância nas bases científicas e periódicos. Por conta disso, foi realizada uma revisão da literatura consolidada até 2013, quando pôde ser encontrada uma quantidade considerável de literatura relevante. O propósito deste primeiro levantamento foi de conceber a evolução conjuntural vivida por empresas durante o final do século XX até a primeira década do século XXI. No âmbito deste material, buscou-se explicitar o papel do empreendedorismo corporativo interno, em especial o seu papel na transição de um modelo majoritariamente fechado de gerenciar a inovação corporativa, para um mais aberto, com interações com entidades e iniciativas externas como fonte e origem de novas ideias com potencial de geração de valor. 1.2.2. Objetivos Específicos Derivam-se na forma de objetivos específicos: 1. Analisar a forma como grandes empresas têm estabelecido relacionamentos com startups, como modo de reagir e se antecipar aos novos padrões de mudanças arquitetônicas e disruptivas. 2. Aplicação dos conceitos estudados na análise de um caso sobre uma empresa do setor de telecomunicações do Brasil como forma de validação do conteúdo levantado. Dessa forma, os autores esperam que, ao final deste documento, seja possível obter uma perspectiva empírica a respeito das 21 práticas de engajamento corporativo com startups, e seu valor estratégico frente aos objetivos perseguidos pela empresa. 3. Desenvolver uma ferramenta para avaliação do grau de maturidade de uma empresa em termos de relacionamento corporativo com startups, de forma a contribuir para um melhor entendimento do posicionamento dos programas corporativos de inovação, e oferecer uma base para estudos posteriores. Dessa forma, os autores esperam que, ao final deste documento, seja possível obter uma perspectiva empírica a respeito das práticas de engajamento corporativo com startups, e seu valor estratégico frente aos objetivos perseguidos pela empresa. 1.3. METODOLOGIA Para fundamentação teórica deste estudo, no que tange à explicitação dos conceitos- chave de gestão da inovação, foram utilizadas a 5ª edição do livro texto “Gestão da Inovação” de Joe Tidd e John Bessant (2013) e parte a coletânea de artigos compilada por Burgelman, Christensen, Wheelwright no livro “Gestão Estratégica da Tecnologia e da Inovação”, de 2009. De forma complementar, foi realizada um levantamento sobre as referências dos textos anteriores e em bases e periódicos acadêmicos, de modo garantir um refinamento e confrontamento de ideias. No que diz respeito ao conceito de inovação aberta, foram utilizados os trabalhos de Henry Chesbrough (2003) e Nambisam e Sawhney (2007), considerados como materiais de referência no campo. A análise específica dos relacionamentos entre grandes empresas e startups foi construída sobre os estudos empíricos desenvolvidos pela empresa 100 Open Startups e pela parceria entre a escola de negócios Institut Européen d'Administration des Affaires (INSEAD) e o fundo de venture capital 500 Startups. A fim de trazer uma perspectiva acadêmica ao confronto, foi buscado a visão de Henry Chesbrough através de dois de seus artigos: Engaging with Startups to Enhance Corporate Innovation, e Making sense of Corporate Venture Capital. Sobre essas visões, o estudo buscou construir uma interpretação própria, no intuito de contribuir com o entendimento dos diversos parâmetros que influenciam tomadores de decisão na hora de decidir “se” e “como” construir relacionamentos com startups. O caso oferece um meio para verificação da consistência do material desenvolvido. Por questões legais, algumas medidas foram tomadas: o nome da empresa em questão, objeto 22 do caso, foi suprimido; todas as informações foram retiradas de fontes públicas, tais quais artigos de portais de notícias, relatórios e balanços institucionais, entrevistas públicas de executivos da alta liderança e apresentações em eventos de representantes da empresa. 1.4. A ORGANIZAÇÃO DESTE TEXTO Este trabalho está dividido em 7 capítulos: O primeiro busca construir o contexto no qual este estudo foi realizado, explicando a sua relação com o escopo do curso de Engenharia de Produção, seus objetivos e a metodologia de pesquisa que o direcionaram. O segundo consiste de uma revisão sobre o conceito de gestão de inovação, explicando conceitos-chave para este trabalho, e buscando construir um entendimento linear no tempo em relação às conjunturas que acompanharam a sua construção. O terceiro capítulo tem por foco o modelo de inovação aberta, buscando referências que permitamentender as diferentes formas pelos quais uma grande empresa pode atuar de maneira colaborativa com o ecossistema ao seu redor. O quarto capítulo fecha o foco de análise no relacionamento entre grandes empresas e startups, através da ótica de dois levantamentos realizados pelo mercado, complementados pelo trabalho de acadêmico de referência no estudo dos modelos de inovação aberta. O quinto capítulo apresenta o caso, descrevendo a empresa, sua posição em seu segmento e suas diretrizes de inovação, passando pelo seu histórico até uma descrição mais detalhada do seu portfólio atual. O sexto capítulo compreende uma análise específica sobre os relacionamentos que essa empresa estabeleceu com startups. Adicionalmente, o texto tenta analisar, sob um olhar mais crítico, o portfólio de iniciativas com startups, à luz dos objetivos da empresa e do seu contexto de negócios. O sétimo é reservado para considerações finais acerca do trabalho como um todo e o oitavo, o nono e o décimo capítulos, compreendem as referências bibliográficas, anexos e apêndices utilizados, respectivamente. 23 2. GESTÃO DA INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO Desde a revolução industrial, observou-se uma grande modificação na forma como o ser humano se relaciona com o mundo à sua volta. Esse movimento consistiu, sobretudo, na invenção e aprimoramento de técnicas de produção que impactaram diretamente os rumos da civilização. A partir desse fenômeno, deu-se uma reorganização da forma como a sociedade se estrutura, e foi conferido papel de destaque ao emprego de capital acumulado como fator de geração de riqueza e produção de mercadorias, em um sistema econômico dito capitalista. Como produto desse ambiente, alguns conceitos como a competição entre as empresas e a inovação como motor de mudança se entrelaçam e ajudam a explicar a conjuntura atual. Segundo Schumpeter (2005), o capitalismo, que tem como princípios fundamentais a propriedade privada dos meios de produção para o lucro privado e a criação do crédito, deve ser estudado sob a ótica da produtividade e do crescimento. Assim, ele expõe que os rendimentos decrescentes com os quais a acumulação de capital se confronta podem, e tendem, a ser superados com o emprego do progresso tecnológico, realizado pela figura conhecida como “empreendedor”. O autor defende, portanto, a mudança como elemento proporcionador do desequilíbrio que levará o sistema a atingir novos patamares. Esse protagonismo da mudança, portanto, é concebido na figura dos saltos de inovação, que se configuram como longas ondas (entre 50 e 70 anos) de desenvolvimento econômico proporcionados por mudanças aceleradas e radicais. Ao longo da história da humanidade, cinco grandes ondas foram reconhecidas, desde a revolução industrial, passando por máquina a vapor, aço e eletricidade, petroquímicos e eletrônicos, e a era da informação vigente. Schumpeter (2012) entende que a inovação pode se dar através tanto da introdução de um novo bem quanto da abertura de um novo mercado. Nesse contexto, a competição teria papel de destaque na busca pelo rompimento com os padrões vigentes, o que leva o autor a conceituar a inovação como destruição criativa. Segundo essa concepção, novos bens ou serviços, legitimados pela adoção do mercado consumidor, são objeto de busca de empresas interessadas em se estabelecer como pioneiras, valendo-se posteriormente de trajetórias de crescimento mais expressivas e prolongadas. Assim, é possível entender que a inovação tem papel natural e de destaque no cenário do sistema econômico atual, o que ajuda a explicar a busca por vantagens competitivas 24 por meio do investimento em pesquisa, desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas tecnologias por parte das empresas. 2.1. DESCOBERTAS, INVENÇÕES, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Uma ampla variedade de definições para o termo ‘inovação’ foi cunhada ao longo das últimas décadas. Entre as mais tradicionais e conservadoras, encontra-se a definição apresentada pelo Manual de Oslo, segundo o qual inovação é a implementação de produtos, processos, método de marketing, ou modelo de negócios novos ou significativamente melhorados. Tidd e Bessant (2013) entendem que a inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito delas. Esta abordagem complementa a definição anterior incorporando de maneira sutil a importância do resultado comercial para o conceito. Peter Drucker (1985) é mais incisivo nesse sentido, definindo inovação como o meio pelo qual empreendedores exploram as mudanças como oportunidades para um negócio ou serviço diferente, podendo ser aprendida e praticada. Dentre as diferentes definições, no entanto, parece haver consenso na importância que o gerenciamento efetivo da inovação no contexto corporativo enquanto fonte efetiva de oportunidades de negócio para empresas e empreendedores. Não à toa, o desenvolvimento de competências para inovação tem se tornado uma tarefa contínua para empresas em diferentes mercados e segmentos. Diante do contexto dinâmico do progresso tecnológico, organizações podem observar novas tecnologias surgindo, amadurecendo ou sumindo rapidamente. Nesse sentido, o monitoramento contínuo do cenário de negócios se faz necessário a todas as empresas cujo sucesso econômico dependa – ainda que indiretamente – de tecnologia. Identificar, absorver, desenvolver, implementar e, quando necessário, descartar novas tendências tecnológicas, são hábitos que os jogadores do ambiente de competição devem assimilar. A fim de conceituar melhor a concepção de inovação, o contato com certos conceitos-chave é fundamental. O entendimento do conceito de tecnologia é um primeiro ponto necessário para iniciar a discussão. Tecnologia, segundo Burgelman, Christensen e Wheelwright (2012, p.2), se refere “ao conhecimento teórico e prático, às habilidades para desenvolver bens e serviços, bem como seus sistemas de produção e distribuição”. Compreende dentro do conceito de tecnologia, portanto – e é fundamental que se faça essa observação – não apenas ferramentas, 25 máquinas e aparatos tangíveis, mas também certos ativos intangíveis como técnicas, metodologias e conceitos. Os autores apontam que, diferente das inovações, os critérios na avaliação de sucesso de uma tecnologia residem no âmbito técnico e não comercial. Por esses critérios entende-se que a sua relevância está na capacidade de a tecnologia atender ao serviço que se propõe mais do que na rentabilidade que consegue capturar. As invenções e as descobertas, por sua vez, compõem o primeiro patamar do processo criativo. Segundo o dicionário Webster (BURGELMAN, CHRISTENSEN E WHEELWRIGHT, 2012), “descobre-se o que já existia, mas nos era desconhecido; inventa-se o que antes não existia”. São considerados, portanto, resultado de processos criativos, de difícil planejamento, controle e previsibilidade. Burgelman, Christensen e Wheelwright (2012) apontam ainda que, tal qual tecnologias, são avaliadas sob critérios técnico. Ou seja, o que é importante na sua avaliação de mérito é se a invenção ou descoberta é verídica e se confirma no mundo real. Usualmente, em certos negócios, a proteção de invenções e descobertas por meio de patentes configura um mecanismo estratégico importante para garantir a captura de valor da ideia por seus proprietários. Os autores ressaltam, no entanto, que há de se considerar o lapso de tempo para que o conceito seja desenvolvido a ponto de tornar-se uma inovação de sucesso. Para Tidd e Bessant (2013, p.18), o conceito de inovação compreende um processo de transformação de ideias e realidade, que busca capturar valor através da sua aplicação e obtenção de resultados técnicos e comerciais. Na mesma linha, Burgelman, Christensen e Wheelwright (2012) apontam que, diferente dos conceitos anteriores, os critérios para o sucessoda inovação são comerciais. Percebe-se, portanto, que uma inovação bem-sucedida deve proporcionar um retorno do investimento original relevante para a organização inovadora. Nesse sentido, fica claro a relevância comercial e a importância da sua gestão efetiva no contexto corporativo. Burgelman, Christensen e Wheelwright (2012) argumentam que a inovação tecnológica pode ser concebida em dois níveis: o primeiro compreende as inovações baseadas em tecnologia, como as fraldas descartáveis, a injeção eletrônica de combustível ou os computadores pessoais. O segundo trata de inovações facilitadas pela tecnologia, como o processamento eletrônico de dados, os modelos de negócio web-based ou o advento de novos bens e serviços do varejo ou serviços financeiros. Tais inovações, ainda segundo os autores, são o resultado de um processo de inovação, ou seja, uma sequência lógica de atividades que 26 viabiliza a criação de novos bens e serviços comercializáveis ou novos sistemas de produção e distribuição. Figura 1: Modelo de pesquisa e desenvolvimento. Adaptado de BURGELMAN, R. A.; CHRISTENSEN, C. M.; WHEELWRIGHT, S. C. Gestão Estratégica da Tecnologia e da Inovação. 5th ed ed. Boston: McGraw-Hill Irwin, 2009, p. 3. O empreendedorismo tecnológico (Figura 1) estrutura-se, portanto, sobre as capacitações administrativas da empresa, empregadas em consonância com os processos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (Burgelman, Christensen e Wheelwright, 2012). Segundo os autores, o empreendedorismo pode ser realizado por um único indivíduo, o chamado empreendedorismo individual, ou através da combinação de atividades de múltiplos elementos de uma organização, o chamado empreendedorismo corporativo, a ser estudado em mais detalhes adiante. A atual literatura disponível permite identificar uma ampla gama de categorizações dentro do conceito de inovação e diferentes níveis de características e intensidades. Ao longo das próximas seções serão discutidos alguns desses casos, de modo a oferecer ao leitor o ferramental conceitual necessário para o completo entendimento deste trabalho. 2.1.1. Gestão da inovação Diferentes tipos de inovação foram conceituados a fim de oferecer um entendimento mais amplo a respeito das maneiras como a inovação tecnológica se manifesta. O primeiro objetivo dessa categorização reside em oferecer uma linguagem mais uniforme que permita a estudiosos, pesquisadores e profissionais de mercado discutirem os diferentes fenômenos relacionados dentro dessa área de conhecimento. O segundo, oferecer um referencial mais claro que permita às organizações traçarem metas e políticas de atuação mais claras e coerentes com os seus objetivos estratégicos. 27 A primeira conceituação relativa ao tipo de inovação tecnológica trata do grau da mudança ou da novidade oferecida pela nova tecnologia (Tidd e Bessant, 2015). Burgelman, Christensen e Wheelwright (2012) entendem que as inovações que habilitam adaptação, refinamento e aprimoramento dos produtos, serviços ou processos de fabricação ou distribuição são consideradas incrementais. Por outro lado, as inovações que incluem e viabilizam novas categorias de bens e serviços, ou de sistemas de produção e distribuição, são consideradas como radicais. Uma outra categorização importante trata do objeto da inovação tecnológica enquanto ao seu papel na configuração em está inserido. Conforme explicam Henderson e Clark (1990), a inovação não está unicamente associada a uma tecnologia isolada, mas a uma gama de conhecimentos e tecnologias arranjadas em uma determinada configuração. Sob essa ótica, uma possibilidade é observar a ocorrência da inovação em um nível de componentes, isto é, na melhoria de uma ou mais partes específicas de um sistema. A este tipo de melhoria, os autores denominam inovação modular ou de componente. Complementarmente, quando a melhoria ocorre a nível de sistema, impactando a estrutura que incorpora esses módulos, concebe-se a inovação arquitetônica ou de arquitetura (Figura 2). Mercados específicos podem ser segmentados pela arquitetura dos produtos comercializados dentro deles. Notebooks e tablets, por exemplo, são compostos por componentes similares e atendem à propósitos parecidos. As arquiteturas que regem cada uma dessas ‘classes’ de produto, no entanto, são fundamentalmente diferentes. O conceito se torna particularmente importante pois o arranjo proposto pela arquitetura irá exigir um conjunto de capacitações organizacionais específica: enquanto um irá priorizar velocidade e processamento de vídeo, o outro terá uma preocupação maior com a usabilidade e a resistência da tela. Isso irá exigir, de modo paralelo um rearranjo na estrutura de conhecimento de toda a cadeia produtiva que alimenta aquele produto específico. 28 Figura 2: Categorias de inovação. Adaptado de TIDD, J.; BESSANT, J. R. Gestão da Inovação. Integrando Tecnologia. Edição: 5a ed. [s.l.] Bookman, 2015. Em outras palavras, quando há uma arquitetura dominante em um mercado específico, tanto a empresa responsável pela plataforma, quanto as empresas responsáveis pelos componentes que a compõe, contribuem com um conjunto de competências diferentes que garante o sucesso da arquitetura como um todo. Nas palavras de Tidd e Bessant (2012, p. 40), “os fluxos de conhecimento da inovação – bem como as estruturas que surgem para sustenta- los – tendem a convergir para a natureza da inovação”. Ou seja, quando uma inovação ocorre a nível de componente, os detentores do conhecimento e de capacitações poderão comunicar- se e integrar seus conhecimentos de modo a concebê-la. Quando ocorre a nível de arquitetura, no entanto, o desconhecimento enquanto as novas interfaces e interações entre componentes pode tornar essa comunicação inadequada ou insuficiente para reagir com velocidade. A nível de mercado, portanto, a empresa que consegue desenvolver, levar ao mercado e consolidar uma nova arquitetura como dominante, provavelmente conseguirá um tempo considerável para conquistar o mercado até que seus concorrentes sejam capazes de reagir. Isso ocorre porque, diferente das formas de inovação citadas até aqui, que surgem para atender às demandas existentes do mercado, as inovações em arquitetura surgem pelo lado da oferta, criando um mercado emergente. Como forma de reação, a empresa precisa ir além das competências construídas ao redor da arquitetura anterior o que se torna, em muitos casos desafiador. Outra forma semelhante de inovação com efeitos semelhantes às de arquitetura, mas que ocorrem pelo lado da demanda, envolve o conceito de inovações disruptivas, a ser desenvolvida na próxima seção. 2.1.2. Inovação disruptiva 29 Segundo Christensen (2011), a inovação disruptiva, diferente dos conceitos previamente estabelecidos, não se dá através da melhoria ou advento de uma nova tecnologia com desempenho superior. A título de explicação, por ‘desempenho’ o autor se refere ao desempenho do atributo priorizado pelos principais clientes do mercado ou, em outras palavras, os clientes que oferecem as maiores margens do mercado, o chamado high-end-market ou, em português, o mercado de ponta (Figura 3). Nesse sentido, a tecnologia disruptiva surge com um desempenho inferior ao desempenho médio da tecnologia estabelecida à luz de determinado atributo-chave. Sua comercialização é viabilizada, no entanto, por um mercado emergente, que percebe valor em um atributo diferenciado e, por conta disso, não era integralmente atendido até então pela tecnologia anterior. Figura 3: Inovação Sustentadora / de ruptura. Adaptado de CHRISTENSEN. O Dilema Da Inovacao. Quando As Novas Tecnologias Levam As Empresas Ao Fracasso. Edição: 1 ed. [s.l.] MBOOKS, 2011. Através de seu estudo, Christensen foi capaz de identificar, com base na circunstância da inovação, outras duas categorias distintasde conceber o processo de inovação tecnológica. A primeira delas engloba os conceitos discutidos até este ponto, no qual uma tecnologia é objeto de repetidas melhorias – de natureza radical ou incremental – e, dessa forma, amplia o desempenho oferecido ao mercado. Estas melhorias têm por objetivo a manutenção da tecnologia estabelecida, ou seja, ampliar o desempenho na direção do atributo-chave valorizado pelo mercado tradicional. Por conta disso, essas melhorias são consideradas inovações sustentadoras, uma vez que sustentam as competências chave na comercialização do produto em questão. O autor identificou que empresas estabelecidas no mercado, nesses casos, 30 gozavam de vantagem significativa na competição contra empresas emergentes que tentavam ingressar no mercado. Esse fato ocorre, muito provavelmente, por conta do domínio das capacitações necessárias e do conhecimento agregado em torno do processo de desenvolvimento e fabricação, além da consolidação de marca que, em conjunto, representam uma barreira consideravelmente forte contra novos entrantes. A segunda categoria de inovação, por outro lado, compreende o advento de uma tecnologia que possui um grau de desempenho inferior à anterior, no atributo-chave valorizado pelo mercado tradicional. Em compensação, essas tecnologias oferecem melhorias em atributos secundários que, embora considerados pouco relevantes aos olhos dos clientes premium, atendem às demandas de mercados emergentes, capazes de perceber um maior valor na nova tecnologia. O que foi observado pelo autor é que empresas consolidadas no mercado em questão frequentemente encontraram problemas quando lidaram com esta dinâmica tecnológica das chamadas inovações disruptivas. Christensen (2011) observou que existe um limite de desempenho que o cliente médio de determinado mercado consegue utilizar e absorver. A fim de continuar atendendo à ponta mais atrativa do mercado, no entanto, as empresas continuam investimento na melhoria incremental da tecnologia vigente – uma vez é essa a demanda identificada nos seus consumidores tradicionais. A partir desse ponto-limite, no entanto, essas melhorias incrementais nos produtos já não são as mais críticas para o restante do mercado. Abre-se margem, então, para a entrada de tecnologias disruptivas, oferecendo uma nova proposta de desempenho que, de “baixo para cima”, começa a conquistar market share. O surpreendente do estudo foi que essas tecnologias entrantes passaram, a partir do momento em que foram adotadas, elas mesmas a ser objeto de sucessivas ondas de melhorias incrementais de performance, se tornando, aos poucos, aptas a serem adotadas por segmentos mais exigentes, substituindo, assim, a tecnologia estabelecida. Historicamente, as empresas veteranas, com foco direcionado para o seu mercado mais lucrativo, só se dão conta da ameaça por parte da nova tecnologia quando estas estão próximas desse mercado mais lucrativo e quando, de acordo com o autor, pode ser tarde demais para reagir. O estudo de Christensen conclui que, diante de tecnologias disruptivas, mesmo organizações que atuam conforme as melhores práticas do mercado, ouvindo seus clientes, desenvolvendo seus produtos e reduzindo custos de produção, estão expostas a um risco significativo de fracasso. Reforça-se, nesse sentido, a importância de uma postura mais proativa das organizações na manutenção da sua competitividade tecnológica ou, em outras palavras, 31 uma postura mais empreendedora, que viabilize e impulsione a inovação tecnológica de maneira mais exploratória e menos arraigada aos objetivos estratégicos tradicionais da empresa. 2.1.3. Exploration e exploitation e a ambidestria organizacional Para empresas consolidadas a manipulação de iniciativas de natureza potencialmente disruptiva tem se mostrado um desafio. Um dos motivos, segundo Christensen e Kaufman (2006), reside no fato de haver grande intermitência na emergência de inovação disruptivas, tornando altamente complexo o desenvolvimento de um processo que permita manipulá-las de maneira confiável. Adicionalmente, como colocado acima, os primeiros mercados consumidores de produtos disruptivos oferecem margens de lucro menores e, portanto, há um desalinhamento evidente frente às prioridades tradicionais da grande empresa. Apesar de terem recursos suficientes para atuar em ambas as frentes, os autores apontam que grandes empresas não possuem, a princípio, as competências necessárias para gerenciar um produto com potencial de causar disrupção sobre seu portfólio. De modo semelhante, a inovação em arquitetura também exige em um novo arranjo de competências. Nesse sentido, as capacitações da empresa, normalmente articuladas para suportar a arquitetura de bens e serviços tradicional, acabam não sendo adequadas quando a exigência de um novo arranjo de competências é requerido. Nesse sentido, surgem duas abordagens para a alocação dos esforços em pesquisa, desenvolvimento e inovação: a de exploration e a de exploitation. A primeira diz respeito à prospecção de novas oportunidades, desenvolvimento de novos produtos e mercados, retornos de longo prazo, incertezas e descobertas. Consiste de uma reorientação da empresa para adotar novos atributos e adquirir conhecimentos fora dos seus domínios (Tidd e Bessant, 2012). Já a segunda tem relação com os conceitos de refinamento, eficiência, evolução de processos e implementação vigentes na organização. Consiste de um empenho mais seguro de recursos na utilização e desenvolvimento de novas tecnologias, alavancado pelos conhecimentos existentes dentro da empresa. O foco exclusivo em apenas uma dessas duas abordagens, no entanto, pode se tornar uma fonte de desequilíbrio na empresa. Escolhas baseadas exclusivamente em tecnologias consolidadas e no aproveitamento único das capacitações e competências vigentes da organização, por exemplo, típicas de exploitation, poderão trazer uma série de benefícios competitivos de curto prazo, como uma melhor eficácia em processos internos e refinamento 32 de tecnologias existentes (Baum, Li, e Usher, 2000). Tais práticas, no entanto, “cegam” a empresa no monitoramento de novas tecnologias que poderiam oferecer saltos significativos de performance, tornando-as vulneráveis a inovações arquitetônicas e disruptivas. O investimento unicamente em exploration, por outro lado, permitirá à empresa a capacidade de identificar de forma mais rápida algumas alterações de tendências de mercado de médio e longo prazo, aumentando seu nível de flexibilidade e adaptabilidade. A busca que foca exclusivamente no desenvolvimento de novas competências, não permite que a empresa progrida na sua curva de aprendizado para alcançar níveis de performance competitivos sendo, portanto, insustentável. Assim, segundo sugere March, 1991, o balanceamento entre práticas de exploration e exploitation na busca por melhorias de performance é crítico para a sobrevivência da empresa. Essa tensão se dá pelo fato de as rotinas operacionais que suportam cada uma dessas abordagens possuírem prioridades muito distintas. A busca por inovação baseada no exploitation se baseia sobre processos estruturados, de baixo alcance e alta frequência (Tidd e Bessant, 2012). A inovação por exploration, por outro lado, é ocasional, incerta e com alto risco agregado, exigindo um maior nível de flexibilidade por parte da gestão. Tidd e Bessant (2012) apontam que, em adição à dificuldade no gerenciamento da tensão entre as duas abordagens, há ainda um desafio considerável no que diz respeito às escolhas de direção da busca por novas inovações. Os autores apontam que, apesar de direcionarem esforços para a exploração, empresas muitas vezes posicionam seus focos de busca dentro das fronteiras arquitetônicas vigentes, limitando suas possibilidades de melhorias para inovações de componentes. Estasempresas não atentam ao fato de que a inovação de arquitetura consiste em uma concepção desafiadora, uma vez que se propõe, por definição a desafiar a lógica tradicional de inovação. Conforme mencionado na seção 2.1.2, diferente de um processo de melhoria padrão, que visa atender de forma pioneira a uma demanda identificada, a inovação de arquitetura ocorre pelo lado da oferta, trazendo uma nova estrutura ao mercado que desafia ao paradigma tecnológico anterior. Quando bem-sucedida, a inovação de arquitetura se lança como novo padrão dominante, tornando obsoletos os concorrentes, e conquistando o tempo necessário para consolidação de vantagem competitiva frente aos seguidores. Para fins de ilustração, Tidd e Bessant (2012) conceituam um “espaço de inovação” no qual a empresa pode se inserir e operar, construindo vínculos que facilitem a sua busca por fontes de inovação, via exploitation e exploration. Para auxiliar na visualização desse espaço 33 de inovação para além da arquitetura vigente, os autores propõem um mapa que permite resumir diferentes fontes de inovação de acordo com a sua natureza e seu espaço de arquitetura (Figura 4). Figura 4: Mapa de Busca por Inovação. Adaptado de TIDD, J.; BESSANT, J. R. Gestão da Inovação. Integrando Tecnologia. Edição: 5a ed. [s.l.] Bookman, 2015, p. 277. Do lado esquerdo da figura, surgem espaços onde empresas são capazes de inovar incremental e radicalmente, mas onde essas inovações ocorrem de forma a preservar a arquitetura dominante. Ao lado direito, encontra-se um foco em inovações na direção de um novo arranjo arquitetônico. A nível incremental, é possível conceber novos arranjos dos componentes existentes, por meio da sua recombinação e permutação, oferecendo uma performance superior. A nível radical, encontra-se um espaço de alta complexidade, onde novos componentes surgem, possibilitando o desenvolvimento de novas arquiteturas através de combinações entre eles e/ou componentes anteriores. Na zona 1, portanto, configura-se o campo de exploitation, no qual pressupõe-se uma estabilidade arquitetural e um desenvolvimento incremental. Na zona 2 é possível conceber um esforço maior nas fronteiras de conhecimento da empresa, buscando inovações externas que desafiem as competências atuais da empresa, embora igualmente dentro de uma arquitetura tecnológica estabelecida. A zona 3 é concebida pelos autores como um ‘reenquadramento’, no qual empresas buscam quebrar o paradigma vigente através da recombinação e permutação dos elementos existentes, em busca de uma arquitetura com desempenho superior. A zona 4, por 34 fim, representa um espaço de alta incerteza, no qual as inovações não podem ser concebidas sob uma trajetória predefinida, mas como resultado de uma interação intensiva de amplificação e feedback. Por conta disso os autores nomeiam-na como a zona de ‘coevolução’. As múltiplas possibilidades de atuação no que diz respeito a busca por inovações acaba por configurar um desafio contínuo para as empresas. Tal qual o trabalho com inovações disruptivas, abordagens de exploration e exploitation são pautados por expectativas, riscos e prioridades diferentes e muitas vezes conflituosas. Tushman e O’Reilly (1996) caracterizam a competência de administrar ambas as abordagens como uma ‘ambidestria organizacional’. Neste ambiente de mudança constante, realça-se a natureza empreendedora da gestão da inovação. A busca das organizações, ao mergulhar no espaço de inovação a procura de novas e incertas oportunidades de diferentes naturezas, níveis e dimensões, configura ,a nível organizacional, esse comportamento empreendedor. No que diz respeito à busca por novas tecnologias, portanto, surge o conceito de empreendedorismo corporativo tecnológico. 2.2. EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO TECNOLÓGICO De acordo com Burgelman, Christensen e Wheelwright (2012, p. 15) o conceito de empreendedorismo tecnológico corresponde ao “conjunto de atividades que cria novas combinações de recursos para tornar a inovação possível, a partir da união entre mundo técnico e comercial, de forma lucrativa”. No âmbito das empresas, onde atividades são realizadas como uma combinação de múltiplos participantes da organização, surge o conceito de Empreendedorismo Corporativo Interno (ECI) cujos processos, segundo Burgelman (1983), “compreendem as atividades por meio das quais um novo negócio passa a ser definido”. De forma mais elaborada, o empreendedorismo corporativo tecnológico corresponde ao resultado da aplicação adequada das capacitações administrativas da organização, sobre os frutos das atividades de pesquisa e desenvolvimento de bens e serviços, como forma de gerar valor para a empresa. Dada a sua importância, o ECI tem sido objeto de diversos estudos a fim de que se esclareçam respostas a certas questões, como os problemas enfrentados por empresas no gerenciamento dos seus processos (Burgelman, 1983) e a gestão do risco corporativo (Chesbrough, 2002). Devido às reincidentes dificuldades encontradas, Burgelman e Välikangas (2005) apontam que, ao longo dos anos, o empreendedorismo corporativo interno tem passado por ciclos de força e desilusão, nos quais iniciativas são iniciadas e descontinuadas conforme o 35 tempo passa. Essa intermitência, visto que já persiste por décadas, é interpretada por Burgelman e Välikangas (2005) como uma evidência histórica de que as atividades de ECI continuarão a ser desafios estratégicos para a alta gestão. Em seu estudo, os autores relacionam os ciclos de força do ECI a dois parâmetros. O primeiro deles trata de questões econômicas que possuem impacto na disponibilidade de recursos não comprometidos dentro da organização. O segundo trata da suficiência do seu portfólio atual de negócios no cumprimento dos seus objetivos estratégicos. No cruzamento destes dois parâmetros os autores propõem quatro situações para avaliar a importância do ECI no contexto da empresa (Figura 5). Figura 5: Situações da empresa frente ECI. BURGELMAN, R. A.; CHRISTENSEN, C. M.; WHEELWRIGHT, S. C. Gestão Estratégica da Tecnologia e da Inovação. 5th ed ed. Boston: McGraw-Hill Irwin, 2009, p. 465. A partir da interseção entre os parâmetros é possível delinear quatro zonas: Órfãos do ECI – Situação na qual a empresa possui disponibilidade de recursos não comprometidos, mas considera a perspectiva do seu portfólio atual de negócios suficiente. Nesse caso, espera-se um posicionamento favorável da alta liderança em apoiar as iniciativas de inovação e, paralelamente, falta de engajamento ativo por parte dela no apoiar às iniciativas de ECI. Como resultado, projetos empreendedores que por ventura são iniciados estão sujeitos a serem abandonados pela metade, visto que não há uma gestão ativa por parte da alta gestão. 36 Impulso total do ECI – Situação na qual a empresa possui disponibilidade de recursos não comprometidos e considera insuficiente a perspectiva do seu portfólio atual de negócios. Nesse caso, espera-se um posicionamento favorável da liderança junto a um papel ativo nos projetos de ECI. Burgelman e Välikangas, (2005) apontam certa propensão da alta gestão a formar uma nova Divisão de Novos Negócios que possa abrigar projetos órfãos e ECI. Irrelevância do ECI – Caso haja pouco ou nenhum recurso não comprometido disponível, e as perspectivas dos negócios da empresa sejam consideradas suficientes, a alta liderança dificilmente apoiará iniciativas de ECI. A atenção, nesse caso, estará em explorar as oportunidades identificadas e sendo desenvolvidas nos negócios regulares. Buscar desesperadamente o ECI – Em um cenário em que não haja recursos financeiros disponíveis, junto à insuficiência do portfólio de negócios da empresa, existe uma alta sensibilidade por parte da alta liderança em buscar novos negócios que possam ‘preencher o vazio’. Umavez que esta limitação se reflete na limitação de oportunidades, há uma incerteza considerável associada a qualquer projeto de ECI, tornando alta a probabilidade de fracasso (Burgelman e Välikangas, 2005). Importante apontar que esta análise foi originalmente publicada por Burgelman (1983) em seu artigo Corporate Entrepreneurship and Strategic Management: Insights from a process study como forma de analisar os contextos favoráveis aos ciclos de empreendedorismo corporativo interno. Apesar de antigo, no entanto, a ferramenta contempla com suficiência o quadro atual de engajamento corporativo com startups, objeto de análise deste estudo, demonstrando que o conceito de inovação aberta, embora cunhado recentemente, possui suas raízes em tempos mais distantes. Ao longo das próximas sessões e do capítulo 3, o estudo busca traçar uma releitura histórica da construção do empreendedorismo corporativo como alavanca para inovação tecnológica nas empresas. Pretende-se contar, de modo breve, o desenvolvimento da aplicabilidade comercial do conhecimento científico, passando pelos conceitos de inovação fechada e inovação aberta. Para este fim, utilizou-se fundamentalmente a literatura desenvolvida pelo professor da Universidade de Harvard, Henry Chesbrough, e consolidada em 37 seu livro de 2003, Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology. 2.2.1. A pesquisa e desenvolvimento Segundo Burgelman (2007), considera-se empreendedor todo indivíduo ou coletivo que age no sentido de comercializar inovações. O autor afirma que estas oportunidades podem ser encontradas em mercados onde as necessidades de clientes não estão sendo completamente atendidas. Essas demandas, por sua vez, podem surgir por conta de mudanças demográficas ou sociais, surgimento de novos mercados ou novos segmentos, alterações em regulamentações ou ainda no avanço tecnológico e a consequente viabilidade econômica na exploração de novas tecnologias. Segundo esta definição, depreende-se que o processo empreendedor viabiliza a aplicação comercial das invenções e descobertas científicas, materializando, dessa forma, a inovação tecnológica. Ao final do século XIX e início do século XX, no entanto, houve uma rivalidade considerável entre inventores – que buscavam uma abordagem prática do desenvolvimento científico – e a ciência tradicional (CHESBROUGH, 2005). A ciência tradicional da época considerava a aplicação comercial dos esforços científicos incompatível com a prática da chamada “ciência pura”. O argumento consistia no fato de que a comercialização do conhecimento enviesa resultados e, consequentemente, prejudica a qualidade dos mesmos. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, inspirado nos resultados obtidos pelo Projeto Manhattan, o governo americano intensifica a busca por formas de viabilizar avanços tecnológicos similares em tempos de paz. Nos Estados Unidos é fundada então a Fundação Nacional de Ciências (NSF), visando a incentivar e coordenar dos esforços entre governo, as universidades, as indústrias e os militares. Encontrando maiores incentivos governamentais, fontes de conhecimento acessíveis, e mais profissionais qualificados abertos à aplicação comercial do conhecimento científico, os laboratórios corporativos de P&D se tornaram estratégicos para o desenvolvimento tecnológico das empresas, ganhando visibilidade e uma alocação significativamente maior de recursos por parte da gestão. Consolidam-se assim as atividades de pesquisa e desenvolvimento como base para o empreendedorismo corporativo, e como fonte principal de novas invenções, descobertas e tecnologias a serem desenvolvidas visando a comercialização de forma lucrativa (CHESBROUGH, 2003). 38 Segundo Rothwell (1992), o processo de inovação centrado nas atividades de P&D se desenvolveu em cinco gerações com diferentes estruturas, ênfases e prioridades. A primeira foi nomeada de Tecnologia Empurrada (em inglês, Technology Push), um processo simples, linear e sequencial, com forte foco na pesquisa e desenvolvimento. Neste estágio, as tecnologias são desenvolvidas internamente e oferecidas ao mercado, que atua apenas como receptáculo de novos produtos (Figura 6). Figura 6: Modelos de Inovação da 1ª geração. Adaptado de ROTHWELL, R. Towards the Fifth‐generation Innovation Process. International Marketing Review, v. 11, n. 1, p. 7–31, fev. 1994. A segunda, nomeada de Necessidade Puxada (em inglês, Need-Pull), apesar de não conceber diferenças estruturais em relação a sua predecessora, compreende um maior enfoque no marketing, utilizando o mercado como uma fonte de ideias para novos produtos, e permitindo uma retroalimentação do processo. A pesquisa e desenvolvimento, nesse estágio, passam a ter um papel mais reativo, operando apenas as tecnologias com potencial comercial validado (Figura 7). Figura 7: Modelos de Inovação da 2ª geração. Adaptado de ROTHWELL, R. Towards the Fifth‐generation Innovation Process. International Marketing Review, v. 11, n. 1, p. 7–31, fev. 1994. A terceira, concebida como de Modelo de Acoplamento (Coupling Model), é a primeira a fugir do modelo linear de inovação, no qual a inovação é concebida como resultado de um processo sequenciado, por onde pode ser induzida e gerada. Através de sistemas alimentação e feedback, o processo de inovação passa a balancear diferentes combinações de tecnologias puxadas e empurradas no portfólio de projetos de pesquisa e desenvolvimento. A quarta geração marca a primeira transição do modelo de inovação enquanto um processo integralizado. Concebido como Modelo Integrado (Integrated Model), compreende, por meio de um ambiente mais orientado à tecnologia, a uma noção voltada para uma estratégia mais global, através de conexões em rede entre diversos agentes que operam em um mesmo 39 negócio. Considera-se, portanto, o primeiro modelo a operar fora do modelo linear, e dentro de um conceito de processo interativo de inovação (Figura 8). Figura 8: Linha do tempo dos Modelos de Inovação. Adaptado de ROTHWELL, R. Towards the Fifth‐generation Innovation Process. International Marketing Review, v. 11, n. 1, p. 7–31, fev. 1994. Através destes quatro modelos é possível conceber um espectro que varia desde um modelo majoritariamente fechado de inovação. É possível ver, no entanto, uma evidente evolução na receptividade para fatores exógenos à empresa conforme avançamos nas gerações de processos de inovação. A quinta geração proposta por Rothwell contempla um “Modelo em Rede”, e incorpora a importância crescente da operação colaborativa de empresas através de elos fortes de integração ao longo de toda a cadeia de inovação. Este quinto modelo será melhor detalhado mais à frente. 2.2.2. O “modelo fechado” de inovação De posse dos melhores equipamentos e pessoas, os laboratórios de P&D corporativos rapidamente foram capazes de promover avanços tecnológicos significativos dentro das grandes empresas, mantendo-as com forte presença de mercado e garantindo suas margens de lucro. A relevância do salto tecnológico adquirido a partir dos grandes investimentos em pesquisas de longo prazo passou a configurar uma barreira de entrada considerável a novos entrantes. Com tamanho dispêndio de recursos, e dada a importância estratégica das tecnologias em desenvolvimento, a proteção às linhas de pesquisa se tornou uma abordagem comum, levando empresas a isolarem seus centros de P&D, e desenvolverem suas tecnologias internamente, desde aquisição de ferramentas e materiais, até a manufatura e comercialização. Essa lógica de um P&D mais fechado, centralizado e verticalmente integrado, Chesbrough (2005) nomeou como um modelo de “inovação fechada”. Dentro deste conceito, todo o desenvolvimento de uma ideia, desde sua concepção até o seu lançamento ao mercado ou cancelamento, ocorre dentro da empresa. Nesse
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