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ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL Professor: Nivaldo Sebastião Vicola Amanda Miranda dos Santos, RA 8061334 Itamar Gomes dos Santos, RA 4910098 Juliana De Castro, RA 8229462 Lucas de Sousa Campos, RA 6318413 Mayara da Silva, RA 8232335 Murilo de Souza, RA 7990059 Parecer Jurídico sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26 e Mandado de Injunção (MI) 4733, que trata da omissão legislativa sobre a criminalização da homofobia e da transfobia Como será exposto, o presente grupo entendeu ser correta a decisão da Suprema Corte que reconheceu a mora do Poder Legislativo para criminalizar os atos atentatórios aos direitos fundamentais dos integrantes da comunidade LGBT. Entretanto, parte dos integrantes obteve entendimento contrário ao seu enquadramento como tipo penal definido na Lei 7.716/1989 (Lei do Racismo), através de decisão do Poder Judiciário. A decisão da Suprema Corte, sob o aspecto social, reconhece a violência contra as pessoas LGBT como produto de práticas e crenças que impulsionam a discriminação contra essa parcela da população. Sendo que o desrespeito à diferença sexual já gerou muitas atrocidades e crueldades humanas, comprovados através de fatos notórios. Não restando, desta forma, dúvidas de que aqueles que se tutelam como LGBT encontram-se totalmente vulneráveis em relação aos demais integrantes da sociedade. Do mesmo modo, entendemos que a decisão do STF não visou gerar algum tipo de “vantagem” as vítimas que sofrem tais atos violentos, mas sim visou garantir direitos fundamentais previstos na Constituição. Pois como bem destacou o Ministro Gilmar Mendes em seu voto “se trata de direitos fundamentais envolvidos, como à vida, liberdade, igualdade, segurança entre outros elementos elencados no artigo 5° da Carta Magna”. Além do mais, a decisão buscou assegurar os Direitos Humanos estabelecidos pelas Nações Unidas em 1945, cujo objetivo fundamental é promover o respeito a raça, sexo, cor, etnia, nacionalidade, religião, idioma ou qualquer outra condição, incluindo- se o direito à vida e a liberdade, seja ela de expressão, opinião, entre outros. Neste sentido, diversos países como o Canadá, Inglaterra, Suécia e Espanha, também adotaram medidas específicas em combate a este tipo de crime, cometido intencionalmente contra a comunidade LGBT, em virtude de sua orientação sexual ou cultural. Outrossim, do ponto de vista ético, é descabida a prática da homofobia e transfobia, assim como qualquer tipo de discriminação, tendo em vista que o Estado Democrático Brasileiro é fundado em uma sociedade justa, igual e pluralista, conforme previsto no art. 5°, caput, da Constituição Federal, ao garantir que todos são iguais perante a lei, sem distinções de qualquer natureza. Ao tomar tal decisão o STF reconheceu a vulnerabilidade da comunidade LGBT, agindo com fundamento nos incisos I e IV do art. 3° da Constituição, no sentido de que a República deve buscar “construir uma sociedade livre, justa e solidária, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. A presente decisão buscou aplicar a justiça corretiva (ou diortótica) de Aristóteles que “desempenha função corretiva nas relações entre as pessoas”. (ARISTÓTELES, 1996, p. 197) Portanto, buscou-se corrigir a violação a direito fundamental da comunidade LGBT, que se encontrava vulnerável em relação aos demais grupos da sociedade, ocorrendo o “restabelecimento do equilíbrio rompido entre os particulares: a igualdade aritmética.” (BITTAR, 2010, p. 135) Não obstante, vale destacar que, apesar de haver consenso deste grupo quanto a vulnerabilidade da comunidade LGBT - sendo dever do Estado em garantir sua proteção - houveram posições contrárias do ponto de vista normativo, uma vez que ao enquadrar a homofobia e a transfobia como tipo penal definido na Lei 7.716/1989 (Lei do Racismo), a qual não contemplava tal pratica, a Suprema Corte ultrapassou os limites da harmonia e independência dos Poderes. Isto porque, conforme artigo 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal, “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Nesse sentido, não há que se falar em crimes desta espécie (homofobia e transfobia), pois ainda não fora editada lei pelo Poder Legislativo, que inclusive não ficou inerte a questão, pois existem projetos de lei neste sentido que estão em tramitação no Congresso Nacional. Dessa forma, valemos do precedente jurisdicional trazido pelo Ministro Ricardo Lewandowski quanto ao Princípio da Reserva Legal: “Em matéria penal, prevalece o dogma da reserva constitucional de lei em sentido formal, pois a Constituição da República somente admite a lei interna como única fonte formal e direta de regras de direito penal, a significar, portanto, que as cláusulas de tipificação e de cominação penais, para efeito de repressão estatal, subsumem-se ao âmbito das normas domésticas de direito penal incriminador, regendo-se, em consequência, pelo postulado da reserva de Parlamento.” (RHC 121.835 Agr/PE, Rel. Min. Celso de Mello) Na oportunidade, o Vogal salientou a posição já firmada pela própria Suprema Corte quanto ao tema da Reserva Legal, sendo legislativa a competência para criação de leis. A mudança desse entendimento, mesmo que em benefício social, pode trazer insegurança jurídica, pois causa contrariedade quanto as decisões exaradas pela Colenda Corte e ao ordenamento jurídico. Tal instabilidade institucional pode ensejar, em última análise, na interferência da harmonia e independência dos Poderes Legislativo e Judiciário. Quanto ao mérito analisado, analogicamente, é necessário destacar casos semelhantes, como a tipificação do Feminicídio (art. 121, §2º, VI, CP), dada através da Lei nº 13.104, de 2015, e a Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006). Assim, existindo a necessidade fática de tipificação às condutas de violência de homofobia e transfobia, compete ao Poder Legislativo normatiza-las, como fez aos casos supracitados. Ademais, em que pese existir as corriqueiras práticas de violência contra pessoas LGBT, estas, por sua vez, não estão impunes, uma vez já abarcadas de modo geral em nosso ordenamento como crimes contra a vida. É importante aqui mencionar que este entendimento não tem a intenção de validar qualquer forma de violência e/ou discriminação, principalmente contra a comunidade LGBT. Ademais, trata-se de uma análise, baseada fundamentalmente na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Deveras, a comunidade LGBT por ser grupo minoritário e vulnerável as mazelas da sociedade, demandam especial proteção do Estado. Contudo, neste caso, devem ocorrer através das ações do Poder Legislativo, verdadeiro titular da presente demanda. Neste sentido, este entendimento é de que não poderia ocorrer a judicialização das demandas políticas do Estado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1996. BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Curso de filosofia do direito. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CUNHA, Carolina. Homofobia - preconceito, violência e crimes de ódio. Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/homofobia- preconceito-violencia-e-crimes-de-odio.htm?cmpid=copiaecola> Acesso em: 07 de maio de 2020 às 15:43 hrs. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão nº 26/DF – Distrito Federal. Relator: Ministro Celso de Mello. Pesquisa de Jurisprudência, Acórdãos, 19 dezembro 2013. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADO26votoRL.pdf>. Acesso em: 06 mai. 2020. MAGALHÃES GOMES, Mariângela Gama de. FALAVIGNO, Chiavello Facenda. MATA, Jéssica da. Questões de Gênero: uma abordagem sob a ótica das ciências criminais. Belo Horizonte: D´Plácido,2018.
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