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Comportamento Humano e Segurança no Trânsito SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Fale Conosco 0800 728 2891 ead.sestsenat.org.br Curso on-line – Comportamento Humano e Segurança no Trânsito – Brasília: Sest/Senat, 2016. 73 p. : il. – (EaD) 1. Segurança no trânsito. 2. Educação no trânsito. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. CDU 656.25 3 Sumário Apresentação 5 Módulo 1 7 Unidade 1 | Trânsito em Linguagem Simples e sua Interface com a Psicologia 8 1. O Que É Trânsito 9 1.2 Como Ocorrem os Acidentes de Trânsito 11 1.3 Matriz de Haddon 14 Glossário 16 Atividades 17 Referências 19 Unidade 2 | Psicologia do Trânsito: Conceitos Básicos e Áreas de Abrangência 21 2. O Nascimento da Psicologia do Trânsito 22 2.1 Processos Psicológicos Envolvidos nos Comportamentos no Trânsito 24 2.2 Áreas de Abrangência da Psicologia do Trânsito 25 Glossário 26 Atividades 27 Referências 29 Unidade 3 | Psicologia do Trânsito: Contribuições e Perspectivas 31 3. Gênese da Psicologia do Trânsito 32 2. Preceitos Legais da Psicologia do Trânsito no Brasil 33 3. Psicologia do Trânsito no Brasil: Primeiros Passos, Estudos e Perspectivas 34 Glossário 35 Atividades 36 Referências 38 Módulo 2 40 Unidade 4 | Avaliação Psicológica no Contexto do Trânsito 41 4 1. Metodologia da Psicologia do Trânsito 42 2. Métodos e Instrumentos Utilizados em Avaliações Psicológicas 43 Glossário 45 Atividades 46 Referências 48 Unidade 5 | Fatores Humanos Relacionados aos Acidentes de Trânsito 50 1. Fatores Humanos Relacionados à Acidentalidade Viária 51 2. Comportamentos de Risco 54 Glossário 56 Atividades 57 Referências 59 Unidade 6 | Interfaces da Psicologia do Trânsito com Outras Áreas do Conhecimento 61 1. Interfaces da Psicologia do Trânsito com Outros Ramos da Psicologia 62 1.1 Disciplinas Psicológicas Básicas 63 1.2 Disciplinas Psicológicas Especializadas 64 1.3 Disciplinas Profissionalizantes 65 2. Interfaces da Psicologia do Trânsito com a Engenharia, Direito e Medicina 66 3. Interfaces da Psicologia do Trânsito com a Fisiologia, Farmacologia e Estatística 66 Glossário 67 Atividades 68 Referências 70 Gabarito 72 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Comportamento Humano e Segurança no Trânsito ! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. • O curso possui carga horária total de 40h e foi organizado em dois módulos e 6 unidades, conforme a tabela a seguir. Módulos Unidades Carga Horária 1 1 - Trânsito em Linguagem Simples e sua Interface com a Psicologia 7 horas 2 - Psicologia do Trânsito: Conceitos Básicos e Áreas de Abrangência 7 horas 3 - Psicologia do Trânsito: Contribuições e Perspectivas 7 horas 2 4 - Avaliação Psicológica no Contexto do Trânsito 6 horas 5 - Fatores Humanos Relacionados aos Acidentes de Trânsito 6 horas 6 - Interfaces da Psicologia do Trânsito com Outras Áreas do Conhecimento 7 horas 6 Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat. org.br ou pelo telefone 0800 72 82 891. Bons estudos! Comportamento Humano e Segurança no Trânsito MÓDULO 1 8 UNIDADE 1 | TRÂNSITO EM LINGUAGEM SIMPLES E SUA INTERFACE COM A PSICOLOGIA 9 Unidade 1 | Trânsito em Linguagem Simples e sua Interface com a Psicologia f Quais são os elementos que fazem parte da dinâmica do trânsito e as variáveis relacionadas aos acidentes? Qual área da Psicologia investiga os comportamentos humanos no contexto do trânsito? A Psicologia aplicada ao trânsito tem como objeto de investigação os comportamentos do trânsito. Para entender o que desencadeia os comportamentos é necessário resgatar conceitos pertinentes ao contexto em que estes se manifestam, o trânsito, assim como quais estratégias podem ser planejadas e deflagradas com a finalidade de influenciá- los. Ressalta-se que muitos problemas de trânsito de natureza comportamental foram resolvidos mediante intervenções advindas das bases teóricas de outras áreas do conhecimento, além da Psicologia. Abriremos esta unidade apresentando conceitos pertinentes ao trânsito. Posteriormente serão abordados os acidentes e os fatores que estão envolvidos em sua ocorrência. Por fim, será apresentada a Matriz de Haddon como técnica para análise dos acidentes. 1. O Que É Trânsito Trânsito pode ser definido de diversas formas, no entanto, utilizaremos duas definições: “O conjunto de deslocamentos de pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas, que tem por fim assegurar a integridade de seus participantes.” (ROZESTRATEN, 1988) “O conjunto de todos os deslocamentos diários, feitos pelas calçadas e vias da cidade, e que aparece na rua na forma da movimentação geral de pedestres e veículos”. (VASCONCELLOS, 1998) 10 Três imagens Embora o trânsito remeta à invenção e popularização do automóvel, a partir do final do Século XIX, a preocupação com a organização do trânsito é bem mais antiga. Ainda no Império Romano já se proibia o tráfego de veículos em Roma durante o dia, assim como havia a limitação na circulação de carroças na urbis. O vocábulo latino urbis significa cidade e tem como gênese a cidade por excelência: Roma (FERREIRA, 1995). Dele são derivados os vocábulos urbano e urbanidade. O visionário Leonardo da Vinci, na Idade Média, buscava resolver os problemas de trânsito propondo a distribuição de passeios e leitos carroçáveis em níveis diferentes. No século XVII, em algumas cidades, já era proibido o estacionamento em algumas ruas, assim como já havia a determinação de mão única em outras. No entanto, só a partir do século XX, com a expansão da frota e do número de usuários de veículos motorizados é que se observou a necessidade da criação de normas mais rígidas para atender um sistema de trânsito complexo com a finalidade de reduzir o número de acidentes (ROZESTRATEN, 1988). O sistema de trânsito é composto por vários subsistemas, dentre os quais temos a via, as pessoas e o veículo. Eles estabelecem uma relação de estímulo/reação. Estratégias de Engenharia também podem repercutir junto ao condutor fomentando um trânsito mais seguro e fluido. Conforme destacado por Rozestraten (1988), o comportamento pode ser resumido pelo seguinte esquema: S-R, em que S é o estímulo e R a resposta, a sensação ou a manifestação de um comportamento. No que diz respeito ao comportamento no contexto do trânsito, Campos (1978) pondera: “A formação de atitudes, e, portanto, de comportamentos habituais, depende da personalidade de cada motorista dentro, porém, de um contexto ou clima a que, consciente ou inconsciente, deverá se adaptar”. 11 1.2 Como Ocorrem os Acidentes de Trânsito Para entender como ocorrem os acidentes é necessário definir o que seja um, assim como quais sejam as variáveis concorrentes para o referido desfecho. Beux (1986) define: “[...] um somatório de falhas que um ou mais dos três elementos que o integram – pista, veículo e homem – não foram capazes de superar; [...] é a resultante final da interação de eventos que têm sua origem em condições ou circunstâncias psicológicas, físicas, fisiológicasetc., do agressor ou da própria vítima; [...] é um fato técnico-humano que tem como protagonistas o elemento humano, o veículo, a via pública e o ambiente, o qual é antecedido e provocado ou relacionado, sobretudo, a conotações humanas – físicas, fisiológicas, orgânicas, psíquicas, psicofisiológicas, mentais, socioeconômicas ou morais. Trata-se de um evento onde, via de regra, há interação do condutor (com os componentes e fatores da sua personalidade), do veículo, da via e do ambiente”. Ferraz, Raia Júnior e Bezerra (2008) já oferecem a seguinte definição: “[...] um evento envolvendo um ou mais veículos, motorizados ou não, em movimento por uma via, que provoca ferimentos em pessoas e/ou danos físicos em veículos e/ou objetos de outra natureza (poste, muro, edificação, sinal de trânsito, propaganda comercial etc.)”. Shinar (1978) ainda define: “Uma desavença não intencionada no trânsito, que implica algum dano e é noticiada à polícia”. 12 Ferraz et al. (2012) salientam que “também deveria ser considerado um acidente de trânsito a queda de um pedestre, pois a definição de trânsito engloba a movimentação de veículos e pessoas”. Os autores destacam que, via de regra, episódios dessa natureza são considerados acidentes comuns e não necessariamente acidentes de trânsito. h Reflita acerca da seguinte situação hipotética considerando os conceitos apresentados para acidente de trânsito: Maria vai ao trabalho utilizando transporte público coletivo. A linha de ônibus que serve ao local de moradia de Maria está sempre cheia e, de um modo geral, os passageiros ficam de pé. Em certa ocasião, após uma freada brusca, Maria cai dentro do ônibus, machucando-se. Para você, esse episódio deveria ser considerado um acidente de trânsito? Para a análise de um acidente, há que se considerar algumas variáveis que contribuem isoladamente ou ao mesmo tempo para sua ocorrência: fatores humanos, fatores relativos ao veículo, fatores relativos à via e ambiente construído, e fatores institucionais. De um modo geral, os acidentes classificam-se em: acidente sem vítima; acidente com vítima; e atropelamento. O acidente fatal é aquele em que há pelo menos um caso de óbito entre os vitimados (GOLD, 1998). Ferraz et al. (2012) ainda listam os seguintes tipos de acidente: Colisão Traseira: acidente envolvendo dois veículos que se movimentam numa mesma direção e no mesmo sentido. Ocorre, em geral, quando o veículo da frente freia bruscamente e não há tempo para o veículo de trás frear, pela proximidade ou alta velocidade. Colisão Frontal: acidente envolvendo dois veículos que se movimentam numa mesma direção e em sentidos contrários. Ocorre, em geral, quando um veículo invade o sentido contrário por ultrapassagem inadequada ou perda de controle da direção. Colisão Transversal ou Abalroamento transversal: acidente envolvendo veículos que se movimentam em direções aproximadamente perpendiculares. Ocorre geralmente em cruzamentos, quando um dos veículos avança inadvertidamente um sinal de Pare ou Dê Preferência. 13 Colisão Lateral: acidente envolvendo veículos que se movimentam em uma mesma direção, no mesmo sentido ou em sentidos contrários, quando um deles afasta-se da sua trajetória e colide lateralmente com outro que está ao lado. Choque: colisão de veículo em movimento com um obstáculo fixo. Atropelamento: colisão de um veículo em movimento com um ou mais pedestres (ou animais) podendo ocorrer dentro ou fora da pista. Tombamento: acidente no qual o veículo tomba sobre uma de suas partes laterais, a qual fica em contato com o chão. Capotagem: acidente no qual o veículo gira em torno de si mesmo com o teto tomando contato com o chão pelo menos uma vez. Engavetamento: acidente envolvendo três ou mais veículos movimentando-se em uma direção, em um mesmo sentido ou sentidos contrários. Outros: acidentes de trânsito que não se enquadram em nenhum dos tipos anteriores. Destaca-se que, em alguns contextos, o acidente pode ser enquadrado em mais de um tipo. Observe que alguns tipos de acidente podem ter relação direta com o comportamento do condutor: por imprudência, por falta de atenção, por comportamento agressivo, por inabilidade, por erro de julgamento, por consumo de álcool e substâncias psicoativas etc. Os fatores humanos presentes num acidente dizem respeito às causas vinculadas aos comportamentos das pessoas, entre eles estresse, alcoolemia, desconhecimento do trajeto, distração ao volante etc. (GOLD, 1998). Destaca-se a prevalência de fatores humanos nos desfechos de acidente. 14 1.3 Matriz de Haddon Para a interpretação ou prevenção de acidentes de trânsito, especialistas em Segurança Viária e/ou órgãos de fiscalização utilizam a chamada Matriz de Haddon, apresentada a seguir (OMS, 2011): Tabela 1: Modelo Básico da Matriz de Haddon h Para aprimorar a aplicação dos conhecimentos adquiridos até aqui, selecione um caso real de acidente de trânsito e procure identificar os fatores humanos que influenciaram em sua ocorrência, refletindo sobre cada uma das fases elencadas pela Matriz de Haddon. Os jornais de circulação local poderão servir como fonte de coleta de dados e informações. Destaca-se que, para a materialização de um trânsito seguro, três variáveis são consideradas: a engenharia, o policiamento e a educação. Nos Estados Unidos, tem- se o conjunto: Education, Engineering e Enforcement, incluída nesta última variável a legislação e o policiamento (fiscalização e imposição de letras normativas), que acabam por influenciar os comportamentos no contexto do trânsito. Fase Fatores Humanos Veículos e Equipamentos Ambiente Pré- acidente Prevenção do acidente Acidente Prevenção de ferimentos durante o acidente Pós- acidente Preservação da vida 15 b Para conhecer um pouco mais sobre ações governamentais voltadas para a segurança no trânsito, consulte o link a seguir, em que informações sobre acordo internacional relativos ao trânsito são mostrados. h t t p : / / w w w. d e n a t r a n . g o v. b r/ c a m p a n h a s / s e m a n a / semananacional.htm Resumindo A Psicologia de trânsito estuda todos os comportamentos humanos no contexto do trânsito. A Psicologia voltada ao trânsito oferta contribuições por dimensionar e interpretar os fatores e processos internos e externos, conscientes e inconscientes que determinam os comportamentos no trânsito. Para a avaliação da ocorrência de um acidente, há que se considerar os fatores pertinentes à via, ao veículo e ao homem, sendo que se observa a prevalência do fator humano. Os acidentes podem ser considerados uma doença social (NEVES, 2002), recrutando a colaboração de várias áreas do conhecimento. 16 Glossário Desencadeia: desencadear, separar ou separar(-se) [coisas ligadas por qualquer tipo de elo ou conexão]; desunir(-se), soltar(-se). Dinâmica: Conceito da área da física, da música ou da psicologia, no caso da dinâmica de grupo. Perpendiculares: que se intercepta em ângulo reto (diz-se de retas ou planos). Pertinentes: Também designa algo oportuno ou apropriado. É uma palavra usada quando se pretende evidenciar algo que aconteceu a propósito. 17 d 1) Assinale a alternativa correta: a. ( ) A Psicologia de trânsito é restritiva ao estudo do comportamento dos usuários da via. b. ( ) Medidas de Engenharia de Tráfego não são capazes de influenciar os comportamentos no contexto do trânsito. c. ( ) O comportamento pode ser resumido pelo esquema S-R, em que S diz respeito ao estímulo e R à resposta, sensação ou manifestação de um comportamento. d. ( ) Para a avaliação da ocorrência de um acidente, não é necessário considerar os fatores pertinentes à via, ao veículo e ao homem, sendo que se observa a prevalência do fator humano. 2) Em sequência as palavras que completam corretamente essas lacunas são: Paraa interpretação da ocorrência de um desfecho de acidente são considerados três fatores: ______________, ____________________ e _____________. a. ( ) humanos, veículos/equipamentos e ambiente b. ( ) infratores, pós-acidente e ambiente c. ( ) humanos, vítimas e governo d. ( ) ambiente, acidentes e vítimas Atividades 18 3) Analise o caso e selecione quais dos fatores podem favorecer a ocorrência de um acidente: Um bancário, após um dia estressante de trabalho, sai com os colegas para um happy hour. No local, consome 2 doses de whisky. Após 2 horas de conversa, resolve se dirigir para casa. Com pressa para chegar, descumpre a velocidade máxima definida para a via nos locais onde não existiam pardais. a. ( ) Fator humano. b. ( ) Fator veicular ou de equipamentos. c. ( ) Fator ambiental. d. ( ) Fator de fiscalização. 4) O comportamento humano pode ser resumido por qual binômio? a. ( ) S-R. b. ( ) S-V. c. ( ) R-S. d. ( ) V-R. 19 Referências BEUX, A. O homem e o massacre motorizado: delitos de trânsito. Porto Alegre: Arlindo Beux, 1986. CAMPOS, F. O fator humano e os acidentes de trânsito. Arq. Bras. Psi. Apl., v. 30, n. 3, p. 3-24, 1978. CARVALHO, L. F. Justificam-se os construtos psicológicos avaliados no contexto do trânsito? Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. Disponível em: <http://www. ibapnet.org.br/?cd=65>. Acesso em: 10 nov. 2015. CFP. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Seminário Psicologia do Trânsito em Trânsito pelo Brasil, 2012. Disponível em: <http://transito.cfp.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2015. CONTRAN. CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO. Resolução nº 267 de 15 de fevereiro de 2008. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <http://www.denatran. gov.br/download/resolucoes/resolucao_contran_267.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. FERRAZ, C. et al. Segurança Viária. São Carlos – SP: Suprema Gráfica e Editora, 2012. FERRAZ, A. C. P. C.; Raia Júnior, A. A.; Bezerra, B.S. Segurança no Trânsito. São Carlos: NEST, 2008. FIORI, L. G.; CANEDA, C. R. G. Avaliação psicológica no trânsito: produção científica dos últimos dez anos. V. 6, n. 1, p. 10-17, 2014. GOLD, P. A. Segurança de Trânsito: aplicação de Engenharia para reduzir acidentes. Banco Interamericano de Desenvolvimento, 1998. HOFFAMANN, M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia: Pesquisa e Trânsito, v. 1, n. 1, p. 17-24, 2005. OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Manual de Treinamento: prevenção de lesões causadas pelo trânsito. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/prevencao_lesao_causadas_transito.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. 20 NUNES, J. L. R. Síndrome de Ícaro: a educação infantil e a Segurança no Trânsito Brasileiro. Rio de Janeiro: FUNENSEG, 2002. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito; o que é e para que serve. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 1, n. 1, p. 141-143, 1981. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo: EPU – Editora da Universidade de São Paulo, 1988. SAMPAIO, M. H. L.; NAKANO, T. C. Avaliação psicológica no contexto do trânsito: revisão de pesquisas brasileiras. Psicologia: Teoria e Prática, v. 13, n. 1, p. 15-33, 2011. SHINAR, D. Psychology on the road, the human fator in traffic safety. Nova York: J. Wiley&Songs, 1978. SILVA, F. H. V. C. A Psicologia do Trânsito e os 50 anos de profissão no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 32, (n especial), p. 176-193, 2012. SILVA, F. H. V. C.; GÜNTHER, H. Psicologia do Trânsito no Brasil: de onde veio e para onde caminha? Temas em Psicologia, v. 17, n. 1, p. 163-175, 2009. TEBALDI, E.; FERREIRA, V. R. T. Comportamentos no trânsito e causas de agressividade. Revista de Psicologia da UnC, v. 2, n. 1, p.15-22, 2004. VASCONCELLOS, E. A. O que é trânsito. São Paulo: Brasiliense, 1998. 21 UNIDADE 2 | PSICOLOGIA DO TRÂNSITO: CONCEITOS BÁSICOS E ÁREAS DE ABRANGÊNCIA 22 Unidade 2 | Psicologia do Trânsito: Conceitos Básicos e Áreas de Abrangência f Como surgiu a Psicologia voltada ao trânsito? Essa Psicologia estuda os comportamentos nesse contexto. Quais são seus preceitos teóricos? A Psicologia voltada ao trânsito está inserida no campo da ciência da Psicologia. Seus conceitos e o desenvolvimento das teorias surgiram inicialmente com vistas à realização de testes psicotécnicos. Em meados do século XX, a abrangência ampliou-se em atenção à necessidade de se compreenderem os comportamentos dos condutores. Seus conceitos e estudos podem subsidiar e influenciar nas tomadas de decisão por parte das autoridades, assim como os modelos de formação, capacitação e reciclagem de condutores. Nesta unidade, apresentaremos a gênese da Psicologia do Trânsito e os principais conceitos que a fundamentam. A unidade é finalizada com a sinalização das áreas de abrangência da Psicologia voltada ao trânsito. 2. O Nascimento da Psicologia do Trânsito Conforme já visto, a Psicologia do Trânsito estuda os comportamentos no trânsito. É um dos ramos da Psicologia que também abrange: Psicologia do Trabalho, Psicologia Clínica, Psicologia Escolar, Psicologia Social Aplicada, Psicologia Evolutiva, Psicopedagogia, Psicometria e testes, Psicologia Sensorial, Psicologia Cognitiva entre outros. A Psicologia do Trânsito é um ramo da Psicologia em que são estudados os comportamentos humanos no trânsito. Em síntese, “é o estudo dos comportamentos- deslocamentos no trânsito e de suas causas” (ROZESTRAN, 1988). Segundo Rozestraten (1981), os comportamentos são bastante complexos, e podem incluir: processo de atenção, processo de detecção, processo de diferenciação, processo de percepção, processo de aprendizagem, tomada e processamento de informação, memória a curto e longo prazo, conhecimento e domínio de normas e símbolos, motivação, tomada de decisão, automatismos perceptomotores, capacidade de reagir prontamente, previsão e antecipação de situações. 23 Rozestraten (1981) destaca, ainda, que a Psicologia do Trânsito nasceu como consequência de numerosas pesquisas em dezenas de institutos, laboratórios e centros de pesquisa, e Hoffmann (2005) a conceitua como “o estudo do comportamento do usuário das vias e dos fenômenos/processos psicossociais subjacentes ao comportamento”. Os comportamentos podem ser observados por dois prismas: aqueles diretos como, por exemplo, o comportamento do pedestre que coincide com o movimento corporal, e os indiretos, como, por exemplo, o comportamento do veículo orientado por uma ação do condutor. O trabalho do psicólogo no estudo e análise dos comportamentos no contexto do trânsito se deu inicialmente na modalidade de aplicação de testes psicológicos destinados à obtenção da habilitação. Os testes eram realizados sem a precedência de estudos científicos acerca dos processos psicológicos inerentes ao ato de dirigir. Eram apreciadas capacidades pontuais sem a observação detalhada do desempenho geral da ação (ROZESTRATEN, 1988). Algumas variáveis influenciam na forma de se relacionar no trânsito e a manifestação de comportamentos, entre as quais se destacam: faixa etária; tipo de interação com o veículo (condutor comum, condutor profissional); tempo de habilitação; personalidade do condutor; papel ocupado no contexto do trânsito (pedestre, motorista, usuário de transporte coletivo, ciclista, motociclista). 24 b Para refletir sobre a personalidade de condutores, assista ao famoso episódio de desenho animado da Walt Disney, “Pateta no Trânsito – Senhor Volante”, datado de 1950, disponível no link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=fW3m5I-5d-E&feature=youtu.be 2.1 Processos Psicológicos Envolvidos nos Comportamentosno Trânsito Os processos psicológicos inerentes aos comportamentos no trânsito podem ser analisados a partir de algumas teorias: behaviorismo restrito; behaviorismo mitigado; e cognitivismo. O vocábulo behavior é de origem inglesa e quer dizer na língua portuguesa comportamento. Em síntese, as abordagens oferecem as seguintes considerações conforme destacado por Rozestraten (1988): Behaviorismo restrito: considera o estímulo ou a situação como fator determinante capaz de provocar determinado comportamento, ou seja, o comportamento é a resposta ao estímulo; Behaviorismo mitigado: a resposta (comportamento) não é determinada e/ou causada apenas pelos estímulos, mas também influenciada por experiências e aprendizagens anteriores; Cognitivismo: o intervalo entre um estímulo e a resposta é constituído por algumas etapas: tomada de informações (indícios); processamento de informações (compreensão, seleção funcional e previsão); tomada de decisão (compreensão da situação e a ação); resposta (comportamento observável); e feedback (observação do comportamento indireto e seu ajustamento, quando necessário, ao desejado). 25 2.2 Áreas de Abrangência da Psicologia do Trânsito Conforme destacado anteriormente, o espaço de atuação da Psicologia do Trânsito vai para além dos testes psicotécnicos. A seguir, serão apresentados alguns espaços em que se recrutam os fundamentos teóricos deste ramo do conhecimento, assim como as habilidades dos profissionais que são especialistas na área (ROZESTRATEN, 1988): Estudos observacionais do comportamento diferencial no contexto do trânsito; pesquisas acerca dos meios psicológicos de controle do comportamento dos participantes no trânsito; estudo dos acidentes de trânsito investigando as causas psicológicas; pesquisa e elaboração de métodos psicológicos mais efetivos para preparar a população para novas leis e normas de trânsito, através dos diversos meios de comunicação de massa; pesquisa sobre meios psicológicos capazes de prevenir acidentes de trânsito etc. Tendo em vista a grande abrangência da Psicologia do Trânsito, identificam-se oportunidades de contribuições (ROZESTRATEN, 1981; FERRAZ et al., 2012), além dos conhecimentos dos comportamentos e aplicação de testes. Resumindo A Psicologia do Trânsito é um dos ramos da Psicologia. Por estudar um sistema complexo, a Psicologia do Trânsito requer o estabelecimento de interfaces com outras áreas do conhecimento. As contribuições da Psicologia do Trânsito transcendem a aplicação de testes psicotécnicos com vistas à habilitação. 26 Glossário Automatismos perceptomotores: A Psicologia que estuda, o comportamento dos pedestres - de todas as idades -, do motorista amador e profissional, do motoqueiro, do ciclista, dos passageiros e do motorista de coletivos. Contexto: inter-relação de circunstâncias que acompanham um fato ou uma situação. Psicotécnicos: Processo que pressupõe a utilização de recursos para abordar os dados psicológicos de forma sistemática. 27 d 1) Relacione os conceitos às suas respectivas nomenclaturas. (1) Cognitivismo (2) Behaviorismo restrito (3) Behaviorismo mitigado a. ( ) Considera o estímulo ou a situação como fator determinante capaz de provocar determinado comportamento. b. ( ) A resposta não é determinada e/ou suscitada apenas pelos estímulos, mas também é influenciada por experiências e aprendizagens anteriores. c. ( ) O intervalo entre um estímulo e a resposta é constituído por algumas etapas. 2) Assinale a alternativa correta acerca da Psicologia do Trânsito. a. ( ) A Psicologia do Trânsito estuda apenas comportamentos- padrão no contexto do trânsito. b. ( ) A aplicação da Psicologia do Trânsito é restritiva aos testes psicotécnicos. c. ( ) As contribuições da Psicologia do Trânsito podem impactar na segurança viária. d. ( ) A Psicologia do Trânsito evita suas bases teóricas explicações de como se dá o funcionamento do corpo humano em perspectiva sistêmica. Atividades 28 3) Das variáveis relacionadas abaixo, assinale aquela que não está relacionada ao comportamento. a. ( ) Motivação. b. ( ) Tomada de decisão. c. ( ) Condições da via. d. ( ) nenhuma das alternativas acima 4) Marque a alternativa errada tendo em vista os ramos da Psicologia. a. ( ) Psicologia Clínica b. ( ) Psicologia da Amostragem c. ( ) Psicologia do Trânsito d. ( ) Nenhuma das alternativas 29 Referências BEUX, A. O homem e o massacre motorizado: delitos de trânsito. Porto Alegre: Arlindo Beux, 1986. CAMPOS, F. O fator humano e os acidentes de trânsito. Arq. Bras. Psi. Apl., v. 30, n. 3, p. 3-24, 1978. CARVALHO, L. F. Justificam-se os construtos psicológicos avaliados no contexto do trânsito? Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. Disponível em: <http://www. ibapnet.org.br/?cd=65>. Acesso em: 10 nov. 2015. CFP. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Seminário Psicologia do Trânsito em Trânsito pelo Brasil, 2012. Disponível em: <http://transito.cfp.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2015. CONTRAN. CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO. Resolução nº 267 de 15 de fevereiro de 2008. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <http://www.denatran. gov.br/download/resolucoes/resolucao_contran_267.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. FERRAZ, C. et al. Segurança Viária. São Carlos – SP: Suprema Gráfica e Editora, 2012. FERRAZ, A. C. P. C.; Raia Júnior, A. A.; Bezerra, B.S. Segurança no Trânsito. São Carlos: NEST, 2008. FIORI, L. G.; CANEDA, C. R. G. Avaliação psicológica no trânsito: produção científica dos últimos dez anos. V. 6, n. 1, p. 10-17, 2014. GOLD, P. A. Segurança de Trânsito: aplicação de Engenharia para reduzir acidentes. Banco Interamericano de Desenvolvimento, 1998. HOFFAMANN, M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia: Pesquisa e Trânsito, v. 1, n. 1, p. 17-24, 2005. OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Manual de Treinamento: prevenção de lesões causadas pelo trânsito. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/prevencao_lesao_causadas_transito.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. 30 NUNES, J. L. R. Síndrome de Ícaro: a educação infantil e a Segurança no Trânsito Brasileiro. Rio de Janeiro: FUNENSEG, 2002. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito; o que é e para que serve. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 1, n. 1, p. 141-143, 1981. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo: EPU – Editora da Universidade de São Paulo, 1988. SAMPAIO, M. H. L.; NAKANO, T. C. Avaliação psicológica no contexto do trânsito: revisão de pesquisas brasileiras. Psicologia: Teoria e Prática, v. 13, n. 1, p. 15-33, 2011. SHINAR, D. Psychology on the road, the human fator in traffic safety. Nova York: J. Wiley&Songs, 1978. SILVA, F. H. V. C. A Psicologia do Trânsito e os 50 anos de profissão no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 32, (n especial), p. 176-193, 2012. SILVA, F. H. V. C.; GÜNTHER, H. Psicologia do Trânsito no Brasil: de onde veio e para onde caminha? Temas em Psicologia, v. 17, n. 1, p. 163-175, 2009. TEBALDI, E.; FERREIRA, V. R. T. Comportamentos no trânsito e causas de agressividade. Revista de Psicologia da UnC, v. 2, n. 1, p.15-22, 2004. VASCONCELLOS, E. A. O que é trânsito. São Paulo: Brasiliense, 1998. 31 UNIDADE 3 | PSICOLOGIA DO TRÂNSITO: CONTRIBUIÇÕES E PERSPECTIVAS 32 Unidade 3 | Psicologia do Trânsito: Contribuições e Perspectivas f Como se deu a gênese da Psicologia do Trânsito no Brasil? Quais foram as principais influências que orientaram o modelo brasileiro? Você conhece os marcos legais que orientam o exercício da Psicologia do Trânsito no Brasil?Nas últimas décadas a Psicologia do Trânsito tem-se consolidado como área de pesquisa na compreensão dos comportamentos, propiciando a oferta de estudos e trabalhos com vias a subsidiar estratégias que tenham como meta a redução dos acidentes de trânsito. Nesta unidade apresentaremos os contornos que a Psicologia do Trânsito tem ganhado nas últimas décadas, inclusive em seu aspecto legal, suas contribuições e as perspectivas futuras para o ramo do conhecimento, com ênfase no contexto brasileiro. 3. Gênese da Psicologia do Trânsito As raízes da Psicologia do Trânsito no Brasil coincidem com a expansão do modal rodoviário. Em meados do século XX, a locomoção por meio de trens e bondes deram lugar aos automóveis. A indústria automobilística representava o ideal desenvolvimentista da época (FERREIRA; BASSI, 2011). Tal panorama demandou às autoridades a necessidade de confecção e desenvolvimento de ações preventivas aos conflitos e acidentes no trânsito e a aferição da aptidão para a direção, entre as quais se elencam a avaliação médica e os testes psicotécnicos. No que diz respeito às avalições das condições psíquicas dos candidatos à habilitação, o Brasil seguiu os parâmetros estrangeiros a partir de trabalhos científicos oriundos da Alemanha, França, Estados Unidos e Espanha, uma vez que o Brasil, à época, não 33 contava com trabalhos originais, ou, quando existentes, estavam ainda em situação inicial. As produções de referência tinham como objeto de investigação o fator humano, estabelecendo relação estreita na avaliação/motorista profissional. Buscava- se identificar os indivíduos aptos ao ofício (SILVA; GÜNTHER, 2009). 2. Preceitos Legais da Psicologia do Trânsito no Brasil A partir da observação da necessidade do estabelecimento de regras para a realização da avaliação junto aos motoristas, foram criados os marcos legais. Destaca-se que, inicialmente, eram os engenheiros os responsáveis por essas aferições. O Decreto-Lei nº 9.545/1945 torna obrigatória a realização de testes psicotécnicos como pré-requisito à obtenção da habilitação. O histórico dos Códigos de Trânsito Brasileiros traz a seguinte sequência: 1941, 1966 e a Lei 9.503/1997 que institui o novo Código. Com a Lei 9.602/1998 resgata-se a obrigatoriedade dos exames psicológicos. A Lei 10.350/2001 traz a obrigatoriedade dos exames periódicos. A profissão de psicólogo é oficializada por meio da Lei 4.119/1964. Em 1968, são regulamentados os serviços psicotécnicos nos Departamentos de Trânsito, novo espaço de inserção dos psicólogos (SILVA; GÜNTHER, 2009). A seguir serão apresentadas as Resoluções do CONTRAN e CFP que incidem no trabalho do psicólogo (SILVA, 2012): nº 51/1998, nº 80/1998, nº 168/2004, nº 267/2008, nº 283/2008 e nº 300/2008. Por se tratar de interface entre dois órgãos, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) também trouxe suas diretrizes (SILVA, 2012): nº 012/2000, nº 007/2009, nº 009/2011e nº 425/2012. 34 e Conforme destaca Silva (2012), a Psicologia do Trânsito e a atuação do psicólogo nessa área têm sido orientados por decretos-lei, leis e resoluções. No âmbito dos DETRANs e clínicas, a Psicologia tem consolidado espaço de atuação para o psicólogo, tentando superar o foco de sua atuação para além do motorista – postulando contribuições à construção e ao aprimoramento de políticas públicas. 3. Psicologia do Trânsito no Brasil: Primeiros Passos, Estudos e Perspectivas No desenvolvimento da Psicologia do Trânsito no Brasil, tem-se como um de seus precursores o autor Rozestraten. Suas pesquisas e contribuições lançaram as bases para a estruturação da Psicologia do Trânsito no Brasil. A Psicologia do Trânsito passa a tomar fôlego no Brasil a partir da criação do primeiro grupo de pesquisa em Psicologia do Trânsito em 1983, na Universidade de Uberlândia – criação da Revista Psicologia: Pesquisa e Trânsito e a oferta das primeiras disciplinas na graduação voltadas para o tema. b Para aprofundar um pouco mais acerca de Psicologia, trânsito e estudos de caráter científico, consulte a obra “Comportamento Humano no Trânsito”, dos autores Hoffmann et al., a partir do link a seguir. https://books.google.com.br/books/about/Comportamento_ humano_no_tr%C3%A2nsito.html?hl=pt-BR&id=Mm7KEjD5tFgC As perspectivas de atuação do psicólogo e contribuições da Psicologia do Trânsito vão desde as avaliações psicológicas utilizadas nos processos de habilitação a investigação de comportamentos no contexto do trânsito, perscrutando quais são os fatores internos 35 e externos que os acionam, pesquisas e intervenções junto a acidentados voltadas à reabilitação e caráter clínico, e até as contribuições na elaboração e aprimoramento de políticas públicas. Resumindo A Psicologia do Trânsito constitui-se como um ramo do conhecimento fundamentado em preceitos legais e teóricos. A Psicologia do Trânsito oferece uma grande gama de possibilidades de contribuições e espaços de atuação para o psicólogo. O Desenvolvimento da Psicologia do Trânsito tem espaço de grande proveito nas universidades. Glossário Condições psíquicas: referente ao que diz respeito ao cérebro e a sua ampla funcionalidade coordenadora do corpo e seus sentidos. Precursores: Pioneiros, anunciadores, dianteiros, prenunciadores. Propiciando: propiciar, Tornar favorável; ajudar a acontecer; proporcionar o acontecimento. 36 d 1) Julgue a afirmação seguinte colocando V, caso seja verdadeira, e F, caso seja falsa. A profissão de psicólogo, no Brasil, ainda não é regulamentada e, por esse motivo, cabe aos engenheiros realizarem as avaliações psicológicas junto a futuros candidatos à habilitação. ( ) verdadeiro ( ) falso 2) São Resoluções do Conselho Federal de Psicologia, exceto: a. ( ) Nº 012/2000. b. ( ) Nº 007/2009. c. ( ) Nº 009/2011. d. ( ) Nº 016/2002. e. ( ) Nº 267/2008. 3) Complete a frase utilizando a caixa de opções a seguir. França Turquia Alemanha Rússia Espanha Estados Unidos Nigéria No que diz respeito às avaliações das condições psíquicas dos candidatos à habilitação, o Brasil seguiu os parâmetros estrangeiros a partir de trabalhos científicos oriundos da _____________, _____________, ____________ e _____________________. Atividades 37 4) Marque a alternativa correta sobre quem é considerado um dos percussores da Psicologia do Trânsito no Brasil. a. ( ) Prof. Mota b. ( ) Prof. Vasconcelos c. ( ) Prof. Rozestraten d. ( ) Prof. Pasquale 38 Referências BEUX, A. O homem e o massacre motorizado: delitos de trânsito. Porto Alegre: Arlindo Beux, 1986. CAMPOS, F. O fator humano e os acidentes de trânsito. Arq. Bras. Psi. Apl., v. 30, n. 3, p. 3-24, 1978. CARVALHO, L. F. Justificam-se os construtos psicológicos avaliados no contexto do trânsito? Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. Disponível em: <http://www. ibapnet.org.br/?cd=65>. Acesso em: 10 nov. 2015. CFP. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Seminário Psicologia do Trânsito em Trânsito pelo Brasil, 2012. Disponível em: <http://transito.cfp.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2015. CONTRAN. CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO. Resolução nº 267 de 15 de fevereiro de 2008. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <http://www.denatran. gov.br/download/resolucoes/resolucao_contran_267.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. FERRAZ, C. et al. Segurança Viária. São Carlos – SP: Suprema Gráfica e Editora, 2012. FERRAZ, A. C. P. C.; Raia Júnior, A. A.; Bezerra, B.S. Segurança no Trânsito. São Carlos: NEST, 2008. FIORI, L. G.; CANEDA, C. R. G. Avaliação psicológica no trânsito: produção científica dos últimos dez anos. V. 6, n. 1, p. 10-17, 2014. GOLD, P. A. Segurançade Trânsito: aplicação de Engenharia para reduzir acidentes. Banco Interamericano de Desenvolvimento, 1998. HOFFAMANN, M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia: Pesquisa e Trânsito, v. 1, n. 1, p. 17-24, 2005. OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Manual de Treinamento: prevenção de lesões causadas pelo trânsito. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/prevencao_lesao_causadas_transito.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. 39 NUNES, J. L. R. Síndrome de Ícaro: a educação infantil e a Segurança no Trânsito Brasileiro. Rio de Janeiro: FUNENSEG, 2002. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito; o que é e para que serve. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 1, n. 1, p. 141-143, 1981. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo: EPU – Editora da Universidade de São Paulo, 1988. SAMPAIO, M. H. L.; NAKANO, T. C. Avaliação psicológica no contexto do trânsito: revisão de pesquisas brasileiras. Psicologia: Teoria e Prática, v. 13, n. 1, p. 15-33, 2011. SHINAR, D. Psychology on the road, the human fator in traffic safety. Nova York: J. Wiley&Songs, 1978. SILVA, F. H. V. C. A Psicologia do Trânsito e os 50 anos de profissão no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 32, (n especial), p. 176-193, 2012. SILVA, F. H. V. C.; GÜNTHER, H. Psicologia do Trânsito no Brasil: de onde veio e para onde caminha? Temas em Psicologia, v. 17, n. 1, p. 163-175, 2009. TEBALDI, E.; FERREIRA, V. R. T. Comportamentos no trânsito e causas de agressividade. Revista de Psicologia da UnC, v. 2, n. 1, p.15-22, 2004. VASCONCELLOS, E. A. O que é trânsito. São Paulo: Brasiliense, 1998. Comportamento Humano e Segurança no Trânsito MÓDULO 2 41 UNIDADE 4 | AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DO TRÂNSITO 42 Unidade 4 | Avaliação Psicológica no Contexto do Trânsito f Você conhece as produções científicas em Psicologia do Trânsito? Você sabia que muito do que é pesquisado na academia pode servir de subsídio às ações governamentais? Você sabe o que é conhecimento empírico e teórico? A Psicologia do Trânsito é orientada por preceitos teóricos básicos e abordagens específicas. A consolidação desses parâmetros advém de pesquisas e estudos de natureza empírica e teórica realizados em espaços acadêmicos, núcleos de estudos, e mesmo em âmbito institucional. Para a realização de aferições psicológicas voltadas para o contexto do trânsito, são observados parâmetros legais, assim como as bases teóricas mencionadas. Nesta unidade, apresentaremos as abordagens psicológicas utilizadas nos exames psicológicos tendo como fontes a academia e preceitos legais. 1. Metodologia da Psicologia do Trânsito A literatura revela que as pesquisas voltadas para a Psicologia do Trânsito ainda são incipientes no contexto brasileiro. Sampaio e Nakano (2011) destacam a predominância de estudos que avaliam determinadas características como inteligência, personalidade e atenção, havendo um número reduzido de estudos interessados na investigação de como dirigem os condutores ou a capacidade de aferição dos exames psicológicos. 43 No que tange à legislação brasileira, destaca-se que o Código de Trânsito Brasileiro (1997) e as resoluções do CONTRAN, números 51 e 80 de 1998, e 267 de 2008, preveem a obrigatoriedade da avaliação psicológica preliminar para o candidato à primeira habilitação. Corroborando essas determinações, o CFP ratifica os preceitos, inicialmente a partir da Resolução CFP 012/2000. Posteriormente, a referida Resolução foi revogada, sendo substituída pela Resolução CFP 007/2009 (instituindo normas e procedimentos para avaliação psicológica no contexto do trânsito) e pela Resolução CFP 009/2011. A Resolução 267/2008 do CONTRAN estabelece a natureza das técnicas e instrumentos que devem ser utilizados e, explicitamente, quais construtos psicológicos e atributos relacionados devem ser considerados na avaliação (Carvalho). 2. Métodos e Instrumentos Utilizados em Avaliações Psicológicas A Resolução 267/2008 dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro, nos quais se destacam: Art. 5º – Processos psíquicos aferidos: tomada de informação, processamento de informação, tomada de decisão, comportamento, autoavaliação do comportamento e traços de personalidade. Art. 6º – Tipos de técnicas adotadas: entrevistas diretas e individuais, testes psicológicos, que deverão estar de acordo com Resoluções vigentes do CFP, dinâmicas de grupo e escuta e intervenções verbais. Parágrafo único. A avaliação psicológica deverá atender as diretrizes do Manual de Elaboração de Documentos Escritos instituído pelo CFP. Para fins de classificação, o candidato poderá ser considerado: apto – quando apresentar desempenho condizente para a condução de veículo automotor; inapto temporário – quando não apresentar desempenho condizente para a condução de veículo automotor, porém passível de adequação; ou inapto – quando não apresentar desempenho condizente para a condução de veículo automotor. 44 Ressalta-se que o candidato inapto temporário deverá ser submetido a uma nova avaliação, em prazo estabelecido. Quando o candidato apresentar distúrbios ou comprometimentos psicológicos que estejam temporariamente sob controle, o candidato será considerado apto, com diminuição do prazo de validade da avaliação. A Resolução 007/2009 do CFP define as normas e procedimentos para a avaliação psicológica: conceito de avaliação psicológica, habilidades mínimas do candidato à CNH e dos condutores de veículos automotores, instrumentos de avaliação psicológica, condições da aplicação dos testes psicológicos, mensuração e avaliação do resultado da avaliação psicológica. São de responsabilidade dos Conselhos Regionais de Psicologia o monitoramento do aspecto ético relacionado ao ofício, e o cumprimento das legislações. b Para conhecer um pouco mais acerca dos preceitos legais do CFP, no que tange aos exames psicológicos pertinentes ao trânsito, acesse o link a seguir e confira as resoluções na íntegra. http://site.cfp.org.br/index.php?cat=todos&s=tr%C3%A2nsito& submit=Buscar 45 Resumindo Há a necessidade de expandir e conferir maior robustez aos estudos pertinentes à Psicologia do Trânsito, com especial atenção àqueles que abordem a investigação de como dirigem os condutores, assim como a capacidade de aferição dos exames psicológicos. A normatização da avaliação psicológica no contexto do trânsito atende ao cruzamento das diretrizes de duas entidades: uma de fiscalização e outra que regulamenta a profissão. Os exames psicológicos atendem princípios éticos, teóricos e práticos específicos. Glossário Empírica: que se apoia exclusivamente na experiência e na observação. Que não se pauta em uma teoria determinada. Incipientes: que se localiza no início de; inicial: proposta incipiente. Que dá início a... 46 d 1) Tendo em vista a Resolução 267/2008 do CONTRAN, relacione os conceitos às suas respectivas nomenclaturas. a. (1) Apto b. (2) Inapto temporário c. (3) Onapto a. ( ) Quando não apresentar desempenho condizente para a condução de veículo automotor, porém, passível de adequação. b. ( ) Quando apresentar desempenho condizente para a condução de veículo automotor. c. ( ) Quando não apresentar desempenho condizente para a condução de veículo automotor. 2)Analise a questão abaixo e marque V se verdadeira ou F se falsa. Compete apenas ao Conselho Federal de Psicologia legislar sobre os exames psicológicos destinados ao contexto do trânsito. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 3) São parâmetros da avaliação psicológica, exceto: a. ( ) Tomada de informação. b. ( ) Tomada dedecisão. c. ( ) Classe social. d. ( ) Comportamento. e. ( ) Traços de personalidade. Atividades 47 4) Avalie a questão a seguir, considerando C para certa e E para errado. O candidato considerado inapto-temporário não poderá ser submetido à nova avaliação, decorridos prazos legais. ( ) Certo ( ) Errado 48 Referências BEUX, A. O homem e o massacre motorizado: delitos de trânsito. Porto Alegre: Arlindo Beux, 1986. CAMPOS, F. O fator humano e os acidentes de trânsito. Arq. Bras. Psi. Apl., v. 30, n. 3, p. 3-24, 1978. CARVALHO, L. F. Justificam-se os construtos psicológicos avaliados no contexto do trânsito? Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. Disponível em: <http://www. ibapnet.org.br/?cd=65>. Acesso em: 10 nov. 2015. CFP. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Seminário Psicologia do Trânsito em Trânsito pelo Brasil, 2012. Disponível em: <http://transito.cfp.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2015. CONTRAN. CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO. Resolução nº 267 de 15 de fevereiro de 2008. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <http://www.denatran. gov.br/download/resolucoes/resolucao_contran_267.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. FERRAZ, C. et al. Segurança Viária. São Carlos – SP: Suprema Gráfica e Editora, 2012. FERRAZ, A. C. P. C.; Raia Júnior, A. A.; Bezerra, B.S. Segurança no Trânsito. São Carlos: NEST, 2008. FIORI, L. G.; CANEDA, C. R. G. Avaliação psicológica no trânsito: produção científica dos últimos dez anos. V. 6, n. 1, p. 10-17, 2014. GOLD, P. A. Segurança de Trânsito: aplicação de Engenharia para reduzir acidentes. Banco Interamericano de Desenvolvimento, 1998. HOFFAMANN, M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia: Pesquisa e Trânsito, v. 1, n. 1, p. 17-24, 2005. OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Manual de Treinamento: prevenção de lesões causadas pelo trânsito. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/prevencao_lesao_causadas_transito.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. 49 NUNES, J. L. R. Síndrome de Ícaro: a educação infantil e a Segurança no Trânsito Brasileiro. Rio de Janeiro: FUNENSEG, 2002. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito; o que é e para que serve. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 1, n. 1, p. 141-143, 1981. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo: EPU – Editora da Universidade de São Paulo, 1988. SAMPAIO, M. H. L.; NAKANO, T. C. Avaliação psicológica no contexto do trânsito: revisão de pesquisas brasileiras. Psicologia: Teoria e Prática, v. 13, n. 1, p. 15-33, 2011. SHINAR, D. Psychology on the road, the human fator in traffic safety. Nova York: J. Wiley&Songs, 1978. SILVA, F. H. V. C. A Psicologia do Trânsito e os 50 anos de profissão no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 32, (n especial), p. 176-193, 2012. SILVA, F. H. V. C.; GÜNTHER, H. Psicologia do Trânsito no Brasil: de onde veio e para onde caminha? Temas em Psicologia, v. 17, n. 1, p. 163-175, 2009. TEBALDI, E.; FERREIRA, V. R. T. Comportamentos no trânsito e causas de agressividade. Revista de Psicologia da UnC, v. 2, n. 1, p.15-22, 2004. VASCONCELLOS, E. A. O que é trânsito. São Paulo: Brasiliense, 1998. 50 UNIDADE 5 | FATORES HUMANOS RELACIONADOS AOS ACIDENTES DE TRÂNSITO 51 Unidade 5 | Fatores Humanos Relacionados aos Acidentes de Trânsito f Quais são as possíveis causas envolvidas num acidente? O que são fatores humanos e qual sua repercussão para um acidente de trânsito? Qual fator está mais presente nos acidentes de trânsito? Todo acidente de trânsito tem uma causa ou um combinado de causas e, dessa forma, um desfecho de acidente não pode ser atribuído ao mero acaso. As causas de um acidente podem estar relacionadas às condições da via, do veículo ou a características e comportamentos do condutor e dos usuários da via. Essas causas podem manifestar-se de forma isolada ou concomitantemente a outras. As contribuições da Psicologia do Trânsito vêm no sentido de identificar quais são os fatores que concorrem ou definem um desfecho de acidente no que diz respeito às variáveis subjetivas, ou seja, àquelas pertinentes ao homem. Nesta unidade, serão abordados os fatores humanos relacionados aos acidentes de trânsito e aos comportamentos que convergem para tais ocorrências. 1. Fatores Humanos Relacionados à Acidentalidade Viária Na ocorrência de um acidente de trânsito, o fator humano está presente na grande maioria dos casos. No contexto do trânsito, o condutor pode cometer erros – alguns podem passar imperceptíveis mesmo para o próprio condutor, sem causar maiores prejuízos à fluidez e segurança viária, outros podem ser potencialmente perigosos, corroborando a ocorrência de um acidente. Alguns condutores podem assumir condutas transgressoras desrespeitando a legislação de trânsito de forma deliberada, colocando em risco a sua segurança e a 52 segurança dos demais usuários da via. A Psicologia do Trânsito tem como um dos seus objetivos investigar e entender o que faz com que o condutor e demais partícipes do trânsito assumam esse tipo de comportamento. Rozestraten (1988) destaca que um acidente pode ser considerado como: “[...] uma disfunção do sistema homem-via-veículo que, em circunstâncias normais, funciona muito bem. Porém, uma vez que o sistema consiste em uma enorme quantidade de fatores, é possível que um fator o desvie tanto do normal que o sistema já não consiga mais adaptá-lo ou colocar outros mecanismos ou fatores em seu lugar”. Considerando que um acidente de trânsito pode ser determinado por múltiplos fatores, é possível estratificá-los em 3 grandes grupos tendo em vista suas naturezas (ROZESTRATEN, 1998): cadeia causal humana, cadeia causal do veículo e cadeia causal do ambiente. h Reflita acerca dos elementos descritos no caso abaixo, procurando relacioná-los a uma das cadeias: • Homem briga com sua mulher; • sai tarde para seu trabalho; • dirige agressivamente; alta velocidade; • falta de revisão; • freios gastos não detectados; • ocorrência de chuva; e • estrada molhada. 53 Os fatores humanos relacionados à ocorrência de um acidente podem ser constituídos por comportamentos inapropriados ou falhas, assim como por comportamentos de agressividade deliberada ou irresponsabilidade, consumo de álcool, fadiga, presença de drogas, distúrbios emocionais, limitações em decorrência de uma doença. Outras variáveis também podem concorrer para um acidente: falta de atenção; erro de julgamento; decisão errada; inexperiência; falta de habilidade; posição errada para manobra; manobra difícil; avaliação errada de velocidade e distância; ultrapassagem sem condições; distração. As causas humanas envolvidas na ocorrência de um acidente podem ser classificadas em 2 grupos: causas humanas diretas e indiretas, conceituadas a seguir (Rozestraten, 1988). • Causas humanas diretas: são comportamentos que precedem imediatamente ao acidente e que são diretamente responsáveis por ele. • Causas humanas indiretas: são condições e estados que deterioram o nível dos diversos processos básicos, como fadiga, sono, embriaguez etc. b Para visualizar melhor os comportamentos no trânsito, assista ao vídeo “O Pateta na estrada (Direção Defensiva)”, disponível no link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=xhVcLVznAeU&feature=youtu.be Entre as causas humanas diretas para a ocorrência de um acidente, destacam-se (TREAT et al., 1977 apud ROZESTRATEN, 1988): exploração visual falha; suposição falsa; manobra inadequada; técnica inadequada de dirigir; velocidade excessiva; ação evasiva inadequada; supercompensação; técnica inadequada de dirigir defensivamente.54 Entre as causas humanas indiretas para a ocorrência de um acidente destacam-se (TREAT et al., 1977; ROZESTRATEN, 1988): físico-fisiológica; mental e/ou emocional; experiência e/ou exposição. Há uma estreita relação entre as causas humanas diretas e as causas humanas indiretas. Por exemplo: um condutor alcoolizado tem uma forte pré-disposição à distração e a não ver direito. O mesmo autor ainda destaca outros fatores: a ausência ou precariedade da educação para o trânsito, a precariedade da formação do motorista, exames teóricos e práticos fracos para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH); CNHs compradas ou obtidas por influência política etc. (ROZESTRATEN, 1988). 2. Comportamentos de Risco Alguns fatores relacionados à personalidade podem corroborar a possibilidade da ocorrência de um acidente. Parte deles se refere à propensão ao acidente e desajuste social. Por exemplo: aquele motorista que utiliza o veículo como válvula de escape ou mesmo aquele que não se importa para as normas de trânsito, conforme salienta Rozestraten (1988). Outros fatores caracterizados como acidentológicos passageiros merecem destaque: a fadiga; o uso de drogas; o consumo de álcool. Quanto a esse último comportamento, destacam-se os efeitos considerando a quantidade de álcool por decigramas por litro de sangue (FOX apud FERRAZ, 2012): • 2-3 dm, cerca de um copo de cerveja, um cálice pequeno de vinho ou uma dose de bebida destilada: as funções mentais começam a ficar comprometidas e a percepção da distância e da velocidade é prejudicada; • 3-5 dm, cerca de dois copos de cerveja, um cálice grande de vinho ou duas doses de bebida destilada: o grau de vigilância e o campo visual diminuem e o controle cerebral relaxa, dando sensação de calma e satisfação; • 5-8 dm, cerca de três ou quatro copos de cerveja, três copos de vinho ou três doses de uísque: os reflexos ficam retardados, há dificuldade de adaptação da visão à diferença de luminosidade, a capacidade pessoal é superestimada, os riscos são subestimados e há tendência à agressividade; 55 • 8-15 dm, a partir dessa taxa, as quantidades são muito grandes e variam de acordo com o metabolismo da pessoa: há dificuldade em controlar o veículo, incapacidade de concentração e falhas na coordenação neuromuscular. • 15-20 dm: ocorre dupla visão e desconexão com a realidade; • 20-50 dm: a embriaguez é total e a pessoa, em geral, não consegue sequer ficar de pé; • 50 dm: a pessoa entra em coma alcoólico, havendo risco de morte. Resumindo Na ocorrência de um acidente, há prevalência do fator humano. As ações da Psicologia do Trânsito incidem justamente sobre as subjetividades inerentes ao homem. As causas humanas envolvidas na ocorrência de um acidente podem ser classificadas em causas humanas diretas e causas humanas indiretas. A Psicologia do Trânsito, entre outras aplicações, busca entender o porquê da manifestação de certos comportamentos, entre os quais aqueles considerados de risco à segurança viária. 56 Glossário Acidentológicos: Ciência que estuda os acidentes, os seus nexos de causalidade e dinâmicas. Concomitantemente: significa simultâneo, que se manifesta no mesmo tempo que o outro, que acompanha. Diz-se de duas ou mais ações que se realizam no mesmo momento, são os acontecimentos coexistentes. Corroborar: confirmar (algo); comprovar. Neuromuscular: se refere ao mesmo tempo a nervo e a músculo ou à conexão entre os dois. Propensão: tendência, vocação, cadência. Transgressoras: Aquele que transgride, infrator. 57 d 1) Tendo em vista as causas humanas indiretas contribuintes à ocorrência de uma acidente, relacione a variável à respectiva categoria. (1) Mental e/ou emocional (2) Experiência e/ou exposição (3) Físico-fisiológico a. ( ) Visão deficiente b. ( ) Excitação emocional c. ( ) Inexperiência do motorista 2) Avalie a afirmação a seguir, atribuindo V se considerá-la verdadeira, e F se considerá-la falsa. As causas humanas diretas são comportamentos que precedem imediatamente o acidente e que são diretamente responsáveis por ele. ( )Verdadeiro ( )Falso 3) São classificados como fatores humanos contribuintes à ocorrência de acidentes, exceto: a. ( ) Falta de atenção. b. ( ) Decisão errada. c. ( ) Falta de habilidade. d. ( ) Obediência ás leis de trânsito. e. ( ) Erro de julgamento. Atividades 58 4) Avalie a seguinte afirmação: Os fatores humanos são sempre relacionados às emoções. ( ) Certo ( ) Errado 59 Referências BEUX, A. O homem e o massacre motorizado: delitos de trânsito. Porto Alegre: Arlindo Beux, 1986. CAMPOS, F. O fator humano e os acidentes de trânsito. Arq. Bras. Psi. Apl., v. 30, n. 3, p. 3-24, 1978. CARVALHO, L. F. Justificam-se os construtos psicológicos avaliados no contexto do trânsito? Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. Disponível em: <http://www. ibapnet.org.br/?cd=65>. Acesso em: 10 nov. 2015. CFP. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Seminário Psicologia do Trânsito em Trânsito pelo Brasil, 2012. Disponível em: <http://transito.cfp.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2015. CONTRAN. CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO. Resolução nº 267 de 15 de fevereiro de 2008. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <http://www.denatran. gov.br/download/resolucoes/resolucao_contran_267.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. FERRAZ, C. et al. Segurança Viária. São Carlos – SP: Suprema Gráfica e Editora, 2012. FERRAZ, A. C. P. C.; Raia Júnior, A. A.; Bezerra, B.S. Segurança no Trânsito. São Carlos: NEST, 2008. FIORI, L. G.; CANEDA, C. R. G. Avaliação psicológica no trânsito: produção científica dos últimos dez anos. V. 6, n. 1, p. 10-17, 2014. GOLD, P. A. Segurança de Trânsito: aplicação de Engenharia para reduzir acidentes. Banco Interamericano de Desenvolvimento, 1998. HOFFAMANN, M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia: Pesquisa e Trânsito, v. 1, n. 1, p. 17-24, 2005. OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Manual de Treinamento: prevenção de lesões causadas pelo trânsito. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/prevencao_lesao_causadas_transito.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. 60 NUNES, J. L. R. Síndrome de Ícaro: a educação infantil e a Segurança no Trânsito Brasileiro. Rio de Janeiro: FUNENSEG, 2002. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito; o que é e para que serve. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 1, n. 1, p. 141-143, 1981. ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do Trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo: EPU – Editora da Universidade de São Paulo, 1988. SAMPAIO, M. H. L.; NAKANO, T. C. Avaliação psicológica no contexto do trânsito: revisão de pesquisas brasileiras. Psicologia: Teoria e Prática, v. 13, n. 1, p. 15-33, 2011. SHINAR, D. Psychology on the road, the human fator in traffic safety. Nova York: J. Wiley&Songs, 1978. SILVA, F. H. V. C. A Psicologia do Trânsito e os 50 anos de profissão no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 32, (n especial), p. 176-193, 2012. SILVA, F. H. V. C.; GÜNTHER, H. Psicologia do Trânsito no Brasil: de onde veio e para onde caminha? Temas em Psicologia, v. 17, n. 1, p. 163-175, 2009. TEBALDI, E.; FERREIRA, V. R. T. Comportamentos no trânsito e causas de agressividade. Revista de Psicologia da UnC, v. 2, n. 1, p.15-22, 2004. VASCONCELLOS, E. A. O que é trânsito. São Paulo: Brasiliense, 1998. 61 UNIDADE 6 | INTERFACES DA PSICOLOGIA DO TRÂNSITO COM OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO 62 Unidade 6 | Interfaces da Psicologia do Trânsito com Outras Áreas do Conhecimento f Há alguma relação entre a Psicologia do Trânsito e outras áreas do conhecimento? As relações amistosas no trânsito dependem deações multidisciplinares? Os comportamentos no trânsito são impactados pela respectiva legislação? A dinâmica e relações no contexto do trânsito são de natureza complexa, pois envolvem diversas variáveis. Para alcançar a paz no trânsito e relações mais amistosas entre os usuários da via, três elementos são decisivos: a educação, o policiamento e o esforço legal. A Psicologia do Trânsito tem como um de seus objetos de investigação os comportamentos no trânsito, desde os usuários da via até os fiscais de trânsito, que têm como missão fiscalizar e estabelecer as regras de circulação. Dessa forma, a psicologia do trânsito acaba por estabelecer interfaces entre outros ramos da psicologia, assim como com outras áreas do conhecimento. Nesta unidade, serão apresentadas as interfaces da Psicologia do Trânsito com outros ramos da Psicologia, assim como com outras áreas do conhecimento. 1. Interfaces da Psicologia do Trânsito com Outros Ramos da Psicologia A Psicologia do Trânsito apresenta interfaces com outros ramos da Psicologia. Para fins didáticos, essas inter-relações serão apresentadas de forma estratificada em três grandes grupos: Disciplinas Psicológicas Básicas; Disciplinas Psicológicas Especializadas; e Disciplinas Profissionalizantes. 63 1.1 Disciplinas Psicológicas Básicas As Disciplinas Psicológicas Básicas contempladas pela Psicologia são: a Psicologia Experimental, Psicofísica, Psicologia Sensorial e Psicofisiologia, Psicologia da Percepção e da Cognição, Psicologia da Motivação e da Emoção, Psicologia da Aprendizagem e da Memória. Entre as principais inter-relações com a Psicologia do Trânsito, e tendo como referência os apontamentos sinalizados por Rozestraten (1988), destacam-se: a A Psicologia Experimental não tem um objeto próprio, sendo melhor definida como um método. Todos os métodos desenvolvidos pela Psicologia podem ser utilizados quando se trata de Psicologia do Trânsito. Os elementos da Psicofísica tratam da relação entre o estímulo como existe no mundo exterior e o estímulo como é percebido por nós. Os estudos oriundos da Psicofísica trouxeram muitas contribuições à Psicologia do Trânsito, em que se destacam aqueles que têm como objeto de investigação a adaptação do olho ao escuro e à luz. Já a Psicologia Sensorial se debruça sobre cada um dos órgãos dos sentidos e a Psicofisiologia investiga os processos fisiológicos ligados à recepção e interpretação de estímulos de diversos tipos. Ainda segundo Rozestraten (1988), a Psicologia da Percepção e da Cognição oferece grandes contribuições à Psicologia do Trânsito visto que “perceber é ver conscientemente, com atenção.” 64 1.2 Disciplinas Psicológicas Especializadas As Disciplinas Psicológicas Especializadas são constituídas por objetos de pesquisa mais restritos, no entanto, requerem as contribuições das disciplinas básicas. No que diz respeito ao contexto do trânsito, Rozestraten (1988) destaca a contribuição e a abordagem da Psicologia do Desenvolvimento, que estuda o homem levando em consideração toda sua história de vida, sua adaptação ao mundo, seu desenvolvimento sensorial, perceptivo e motor, sua evolução afetiva, emocional e personalidade, sua integração social e a debilitação dos idosos. Nesse sentido, conclui-se: “o ser humano participa do trânsito em todas as fases de sua vida, e logicamente esta participação está sendo influenciada por sua maturação, por seu grau de desenvolvimento ou pelo grau de desgaste e decadência de suas capacidades psíquicas” (ROZESTRATEN, 1988). A Psicopedagogia também traz grandes contribuições à Psicologia do Trânsito no que se refere aos processos de aprendizagem e reciclagem. Considerando os cursos de formação para condutores, reflita acerca das seguintes indagações: a Os atuais cursos de formação têm logrado êxito na conscientização da necessidade do cumprimento das leis de trânsito? Por que o trânsito brasileiro é tão inseguro? As campanhas educativas voltadas para o trânsito têm contribuído para a retração nos acidentes de trânsito? 65 A Psicologia da Personalidade constitui-se como um dos ramos mais complexos da Psicologia. Ela estuda os traços de personalidade, assim como quais estratégias uma pessoa utiliza para resolver seus problemas pessoais e sociais. Undeutsch (1962) apud Rozestraten (1988) destaca: “a capacidade de dirigir sem acidentes, de maneira geral, ou também a tendência de o motorista causar ou ser implicado em acidentes depende, em grande parte, da integridade do que se chama personalidade sociocultural”. Segundo esse autor, a personalidade sociocultural é definida como “o conjunto de todas as normas integradas no indivíduo através dos processos de educação ou de formação”. A Psicologia Social aborda os comportamentos dos diversos grupos, a influência deste comportamento grupal sobre os indivíduos e vice-versa. A Psicometria e os testes abordam os diversos métodos para aferir as capacidades e habilidades do indivíduo. No que se refere aos testes voltados ao condutor, há grandes críticas quanto às metodologias aplicadas. Já a Psicopatologia aborda os resultados reveladores de desvios em exames psicológicos, contexto em que o profissional deve avaliar os níveis de comprometimento. 1.3 Disciplinas Profissionalizantes A Psicologia do Trabalho aborda as temáticas relacionadas ao labor, suas condições e comportamentos. Trata-se de ramo profícuo à realização de estudos. Ressalta-se que as exigências impostas ao trabalhador dos transportes são avolumadas, tendo em vista pressões do cotidiano e o tempo de exposição ao trânsito. Outras áreas da Psicologia contribuem à Psicologia do Trânsito, no entanto, optou-se por apresentar um breve resumo dessas contribuições. 66 2. Interfaces da Psicologia do Trânsito com a Engenharia, Direito e Medicina Conforme já mencionado, a Engenharia apresenta interface com a Psicologia do Trânsito a partir das abordagens e metodologias inerentes à Engenharia de Tráfego e Segurança Viária. Alguns estratagemas podem ser utilizados como recursos da via de forma a impactar no comportamento do condutor. Nesse sentido destacam-se, por exemplo, as placas informativas. O Direito traz contribuições no que se refere às tomadas de decisão do condutor e sua interpretação, resgatando o que seja doloso e o que seja culposo. Já a Medicina traz grandes contribuições tanto na perspectiva da promoção da saúde como da prevenção. Neste módulo foram abordados, por exemplo, os malefícios em decorrência do etilismo. 3. Interfaces da Psicologia do Trânsito com a Fisiologia, Farmacologia e Estatística A Fisiologia traz em suas bases teóricas explicações de como se dá o funcionamento do corpo humano em perspectiva sistêmica, assim como em partes, e desse modo oferta a possibilidade de compreensão às respostas do organismo a determinados estímulos ou condições. Já a Farmacologia busca entender o efeito de certas substâncias no organismo, como bebidas alcoólicas, drogas e medicamentos. Por fim, a Estatística oferece a possibilidade de quantificar e proceder a análises relacionadas ao trânsito. Por exemplo, sobre a faixa etária que mais se envolve em acidentes de trânsito. 67 b Para saber um pouco mais sobre as estatísticas de trânsito, acesse o link a seguir e aprofunde-se neste tema. http://www.vias-seguras.com/os_acidentes/estatisticas/ estatisticas_nacionais/estatisticas_do_ministerio_da_saude Resumindo O trânsito é um sistema complexo constituído por vários sujeitos, ocupando vários papéis. Para entender os comportamentos nesse contexto, a Psicologia do Trânsito estabelece interfaces com outros ramos da Psicologia, assim como com outras áreas do conhecimento. Para uma interpretação mais acurada acerca das dinâmicas do trânsito, por vezes é necessário recorrer a outras teorias que transcendem o universo da Psicologia do Trânsito,ou seja, uma abordagem sistêmica. As estatísticas de acidentes de trânsito ainda são um grande desafio para as autoridades. Glossário Avolumados: é uma flexão de avolumar: Aumentar ou crescer, em volume, número ou quantidade. Estratagemas: manha, astúcia, subterfúgio, pretexto; auto-engano Estratificada: Que sofreu estratificação, foi dividido 2. Rocha sedimentar. Oriundos: Originário, proveniente, procedente, natural de Perspectiva sistêmica: é uma metodologia que busca conjugar conceitos de diversas ciências a respeito de determinado objeto de pesquisa. 68 d 1) Julgue a afirmação abaixo, colocando V se considerá-la verdadeira e F se considerá-la falsa. A Psicologia do Trânsito apresenta interfaces apenas com os demais ramos da Psicologia. ( ) Verdadeiro ( )Falso 2) Marque a alternativa correta considerando a possibilidade de contribuição. Área do conhecimento capaz de mensurar e analisar o número de acidentes por categoria veicular: a. ( ) Direito b. ( ) Fisiologia c. ( ) Comunicação d. ( ) Estatísticas 3) São disciplinas Básicas da Psicologia, exceto: a. ( ) Farmacologia b. ( ) Psicopedagogia c. ( ) Psicologia do Trabalho d.( ) Psicologia Experimental e. ( ) Psicologia da Motivação e da Emoção Atividades 69 4) Julgue a afirmação colocando C para certo e E para errado. O ser humano participa do trânsito apenas quando é motorista. ( ) Certo ( ) Errado 70 Referências BEUX, A. O homem e o massacre motorizado: delitos de trânsito. Porto Alegre: Arlindo Beux, 1986. CAMPOS, F. O fator humano e os acidentes de trânsito. Arq. Bras. Psi. Apl., v. 30, n. 3, p. 3-24, 1978. CARVALHO, L. F. Justificam-se os construtos psicológicos avaliados no contexto do trânsito? Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. Disponível em: <http://www. ibapnet.org.br/?cd=65>. Acesso em: 10 nov. 2015. CFP. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Seminário Psicologia do Trânsito em Trânsito pelo Brasil, 2012. Disponível em: <http://transito.cfp.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2015. CONTRAN. CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO. Resolução nº 267 de 15 de fevereiro de 2008. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <http://www.denatran. gov.br/download/resolucoes/resolucao_contran_267.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. FERRAZ, C. et al. Segurança Viária. São Carlos – SP: Suprema Gráfica e Editora, 2012. FERRAZ, A. C. P. C.; Raia Júnior, A. A.; Bezerra, B.S. Segurança no Trânsito. São Carlos: NEST, 2008. FIORI, L. G.; CANEDA, C. R. G. Avaliação psicológica no trânsito: produção científica dos últimos dez anos. V. 6, n. 1, p. 10-17, 2014. GOLD, P. A. Segurança de Trânsito: aplicação de Engenharia para reduzir acidentes. Banco Interamericano de Desenvolvimento, 1998. HOFFAMANN, M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia: Pesquisa e Trânsito, v. 1, n. 1, p. 17-24, 2005. OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. 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