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Santo André 2017 WALLISON SILVA LEAL EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEA- TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA Santo André 2017 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEA- TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Centro Universitário Anhanguera como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Pedagogia. Orientador: Rafaela Camarim WALLISON SILVA LEAL WALLISON SILVA LEAL EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEA- TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Centro Universitário Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Pedagogia. BANCA EXAMINADORA Prof(ª). Me. Claudia Cruz Soares Prof(ª). Esp. Paulo Cesar Mello Prof(ª). Me. Sueli Barreiro Fernandes Santo André, 5 de Dezembro de 2017 Dedico este trabalho Deus! AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço ao mestre dos mestres Deus, onde através de sua permissão e cuidado cheguei até aqui. Agradeço aos meus pais que Abraão e Joelma que sempre me incentivaram não somente aos estudos, mas, a ser honesto, trabalhador e lutar pelos meus sonhos. Obrigado ao meu amigo Danilo Borazo, que mesmo com seu jeito único de ser sempre foi um grande amigo, sempre me incentivando com suas palavras e seu exemplo de superação de vida. Parabéns Danilo você é mais que vencedor. Obrigado ao meu amigo Renan Silva que mesmo em meio a sua vida corrida sempre buscou me reservar algum tempo. Ao meu grupo de trabalho Evandro Ross, Rosemaria Andrade, Josineide Gomes e as agregadas Denice Mello, Tatiane Silva e Renata Marçal, pessoas totalmente diferentes, mas com o mesmo objetivo de serem os melhores profissionais possíveis. Obrigado ao grupo de professores da APAE de Mauá, na qual me ajudaram muito nos estágios obrigatórios. Obrigado a todos os professores e mestres do Centro Universitário Anhanguera de Santo André, Selma, Ester Asevedo, Regiane Oliveira, Agda Malheiro, Monalisa, Paulo Cesar, Sueli Fernandes, Dalva e Claudia Cruz. LEAL, Wallison Silva. Educação Inclusiva: TEA- Transtorno do Espectro Autista. 2017. 28. Trabalho de Conclusão de Curso Pedagogia – Centro Universitário Anhanguera, Santo André, 2017. RESUMO O tema do artigo será Educação Inclusiva. A escolha do título se deu devido a relevância do tema que é tão presente nos dias atuais nas escolas tanto públicas como particulares, onde alunos com o Transtorno Espectral Autista (TEA) estão incluídos. A metodologia será bibliográfica com base em livros, artigos, periódicos e websites. O objetivo geral deste trabalho terá como mediação mostrar que crianças portadoras do autismo, podem se adaptar ao meio social. O objetivo especifico sugere algumas ações práticas na convivência diária com jovens e crianças no espectro em âmbito escolar. Pensando em inclusão como lidar como o autismo na escola? Palavras-chave: Educação Inclusiva; Inclusão; Autismo; Asperger; Educação LEAL, Wallison Silva. Inclusive Education: ASD - Autistic Spectrum Disorder. 2017. 28. Conclusion of the Pedagogy Course - University Center Anhanguera, Santo André, 2017. ABSTRACT The theme of the article will be Inclusive Education. The choice of title was due to the relevance of the theme that is so present in both public and private schools, where students with Autistic Spectral Disorder (ASD) are included. The methodology will be bibliographic based on books, articles, periodicals and websites. The general objective of this work will be to show that children with autism can adapt to the social environment. The specific objective suggests some practical actions in the daily coexistence with youngsters and children in the school spectrum. Thinking of inclusion how to deal with autism in school? Keywords: Inclusive Education; Inclusion; Autism; Asperger; Education LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TEA Transtorno do Espectro Autista ABA Aplied Behavioral Annalysis - análise do comportamento aplicada AS Asperger Syndrom- Síndrome de Asperger AMA Associação de Amigos do Autista CID 10 Classificação Internacional de Doenças; "10" quer dizer que é a décima edição. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................13 1. CONCEITO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA..................................................15 1.1 A LEI DE DIRETRIZES E BASES PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL.......16 1.1.1 Papel do Gestor na Educação Inclusiva ................................................18 2. CONCEITO: O QUE É O ESPECTRO AUTISTA........................................20 2.1 HISTÓRIA..................................................................................................22 2.1.1 História do Autismo no Brasil .................................................................24 3. PRATICAS EDUCACIONAIS PARA PESSOA NO ESPECTRO AUTISTA ........26 3.1 ALFABETIZAÇÃO PARA O TEA ...............................................................31 3.1.1 Processo Aprendizagem ........................................................................32 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................35 REFERÊNCIAS...............................................................................................36 13 INTRODUÇÃO O tema do artigo será Educação Inclusiva: TEA (Transtorno do Espectro Autista). A escolha do título se deu devido à relevância da inclusão da criança autista na educação infantil. O autismo vem cada vez mais sendo foco de pesquisa na atualidade, por ser um distúrbio do desenvolvimento que apresenta no indivíduo durante toda vida. Seus sintomas estão associados à comunicação, interação social e comportamento que podem ser observados no início da infância, aproximadamente aos três anos de idade. A metodologia será bibliográfica com base em livros, artigos, periódicos e websites. Portanto sendo, a escolha desse tema se aponta pela precisão de permitir novos conhecimentos e informações sobre ao autismo. Esse trabalho tem como objetivo especifico: Compreender a inclusão de um aluno autista na ótica de educadores; Identificar os procedimentos pedagógicos que facilitam a inclusão escolar de crianças autistas na educação infantil; A averiguar se os educadores da educação infantil estão recebendo uma formação na área de educação inclusiva Pensando em educação inclusiva: a questão em relevância é se as escolas oferecem a esse público a intervenção adequada. A educação inclusiva tem ofertado boas estratégias de ensino para a criança TEA a partir dos 3 anos de idade? No primeiro capítulo será abordado, a Educação Inclusiva, conceitos, diretrizes, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para crianças com TEA e o Papel do Gestor Educacional, no segundo, Conceito Espectro Autista, História do autismo do mundo e a História do Autismo no Brasil, e no terceiro praticas educacionais para pessoa no espectro autista, a Alfabetização para TEA e o Processo ensino aprendizagem. Compreender a mudança da sociedade quando falamos sobre educação inclusiva, percebemos que se trata de algo recente, mas não muito conhecida por alguns profissionais da área da educação. Atualmente está contemplada no decreto- lei nº 3/2008 de 7 de janeiro. Tal documento legislativo traz referência que a instituição de ensino seja ela de ordem pública ou privada deve ser orienta para o sucesso educativo de todas as crianças e jovens independentes de suas características. Neste espaço, esperasse 14 planejar um sistema de educação maleável que corresponda a diversidadee atenda às necessidades de todas a crianças e jovens permitindo o sucesso educativo. Este documento muito importante nos traz um aspecto esclarecedor, o mesmo nos mostra que jovens com necessidades especiais educativas permanentes possuem prioridade na matricula, tendo assim o mesmo direito do restante das crianças de frequentar aos jardins de infância e creches ou escolas no mesmo padrão de crianças neurotipicas. Neste âmbito escola alguma pode se recusar a efetuação de matricula a qualquer jovem ou criança com base na incapacidade ou necessidade especial educativa aquele aluno venha manifestar. O decreto de lei é o ponto de partida legislativo, apenas um documento para integração da Inclusão no ambiente escolar. Por outro lado, à verdadeira integração depende do professor. A primeira parte do trabalho será desenvolvida através de suporte bibliográfico. No sentido de abordar a evolução histórica da Educação Especial e o caminho para podermos alcançar uma Escola para Todos. Definimos ainda, o conceito e a importância da intervenção precoce e, por último, abordou- se a perturbação do espectro o autismo, bem como suas possíveis causas e as principais perturbações. Na segunda parte se refere ao trabalho empírico, onde referimos os instrumentos de escolha e análise de dados utilizados, bem como a sua operalização. Em terceiro lugar, abordaremos a questão do autismo. No final do trabalho, serão apresentadas conclusões globais, onde a referência sobre aspectos alcançados e os aspectos não tão bem alcançados, o impacto formativo da pesquisa e sugestões de continuidade. 15 1 CONCEITO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA “Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades /superdotação. Nesses casos em outros, como os transtornos funcionais específicos, a educação especial atua e forma articulada com o ensino comum, orientado para o atendimento desses estudantes. (BRASIL, 2008, p.11) Percebe-se que a educação inclusiva, em muitas ocasiões, pode ser compreendida como uma integração entre pessoas com determinas diferenças entre si. Na integração, a criança com alguma necessidade educacional especializada necessita adaptar-se à escola. Já na inclusão se faz necessário que a escola venha se adaptar as necessidades da criança. Receber um aluno com necessidades educacionais especiais, pode ser algo muito complexo, porém ao mesmo tempo é mostrar que todos temos diferenças, mas com direitos e utilidades iguais. Existem restrições às pessoas com necessidades educacionais especiais e elas precisam ser enfrentadas da maneira mais simples possível. MONTOAN 2003, diz: “As escolas inclusivas propõem um novo modo de se construir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em virtude dessas necessidades.” (p.24). A inclusão produz uma mudança na visão educacional, auxiliando os alunos com dificuldades de aprendizagem além de dar suporte para o professor. A Educação inclusiva pode ser capaz de transformar a escola comum num espaço para todos, contribuindo com o trabalho da diversidade, rogando de maneira relevante no processo de aprendizagem, exigindo da Instituição a aplicação de recursos específicos para assegurar a total aprendizagem dos alunos. Conforme a Constituição Federal de 1988, artigo 205, “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. ” Sendo a educação um direito de todos, ela deve ser conduzida em sentido amplo estimulando a personalidade de cada aluno. 16 “Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças. ” (Maria Teresa Engler Mantoan.” Ou seja, respeitar as diferenças e ajudar na construção de uma sociedade uniforme, educando as crianças num mesmo âmbito escolar. Através da inclusão as diferenças podem ser vistas como diversidade em alicerce com a realidade social, auxiliando a convivência com as diferenças sem preconceito algum. De acordo com a Declaração de Salamanca (1994): “[...] Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e ao desfruta mento e exercício dos direitos humanos. [...]. Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade [...]. Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. A Inclusão tem um caráter essencial à dignidade humana e torna uma sociedade mais justa que oferece oportunidades para todos, sem nenhuma distinção. Nos faz capazes de incluir e conviver com pessoas diferentes em nosso dia-a-dia. 1.1 A LEI DE DIRETRIZES E BASES PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; valorização do profissional da educação escolar; gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência extraescolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. consideração com a diversidade étnico- -racial”. (LDB 9394/96 Art.3 § I ao XII). 17 As políticas educativas no Brasil vêm sendo definida por extraordinárias transformações na área educacional. A adequação da nova Lei de Diretrizes e Bases da educação Brasileira – LDB 9394/96, posiciona-se como um passo definitivo nessas transformações. Segundo o artigo de número 58 da LDB 9394/96, “Educação Especial é uma modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.” Existirá, bem como necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial”. (LDB 9394/96 art. 58, §1). Podemos analisar nesse artigo, que é dado devido respeito aos alunos com necessidades educacionais especiais, onde até o momento não tinham proteção alguma do Sistema de Ensino, somente das Instituições Especializadas, como as APAEs. Perante a essas ocorrências, os currículos são adaptados de maneira flexível, atendendo as especialidades de cada educando com necessidades educacionais especiais. Pode-se dizer que são intervenções necessárias que permitem o aluno a contornar sua situação escolar, obtendo sucesso no processo de ensino- aprendizagem. “Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.” (LDB 9394/96 art. 53 - § 3). Sendo assim, a rede regular de ensino deve conter serviços de apoio para as crianças com necessidades especiais, sem contar com profissionais especializados que venham atender a cada aluno de maneira eficiente. Toda essa preocupação com o atendimento ao educando com necessidades educacionais especiais, tem como objetivocorresponder a inclusão dentro das escolas comuns e na comunidade. Esses alunos necessitam ser ingressados no mundo do trabalho, tendo direitos iguais dentro da sociedade e que vive. Sendo garantido por lei o “acesso igualitário aos benefícios de os programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular”, conforme art. 53 § 5 da LDB. 18 1.2 PAPEL DO GESTOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Um gestor escolar é decisivo para o bom andamento pedagógico, sendo qualificado a abrir lugar para novas transformações à Instituição. É imperativo a flexibilidade do trabalho do gestor para que suas obras se tornem expressivas. É necessário que o gestor procure sua atuação com embasamentos em diversidade e seja o primeiro a ter consciência da importância da Escola Inclusiva, implantando práticas que colaboram para este princípio. “É importante que o procedimento de acesso ao sistema de suporte disponível seja regulamentado pela escola, para evitar que o professor tenha que buscar ajuda apenas por iniciativa pessoa. A busca por inciativa pessoa sobrecarrega o professor e deixa sem suporte o professor que não tem essa iniciativa. No primeiro caso, se fortalece a cultura de que a busca de soluções para problemas no ensino não é responsabilidade da gestão da escola, enquanto que no segundo, penaliza o processo de aprendizagem e o alcance dos objetivos reais da educação. ” (MEC 2004, p.23). O sistema de inclusão depende de toda comunidade escolar, onde cada participante dessa comunidade deve desempenhar com seu papel. Isso faz com que professores e gestores se atentem às cobranças e deem suporte educacional e de formação para que o procedimento inclusivo aconteça de maneira eficiente, atendendo as necessidades educacionais especiais de cada indivíduo. Para PRADEM (2003, p. 39), “o importante é que o diretor, antes de tudo, seja um professor, um educador. ” O diretor deve assumir essa posição com total domínio sobre as condições que deixarão atuar conforme critérios pedagógicos. Isso nos endereça a uma educação com propriedade para todos, onde a partir de tudo isso venha ser agregados valores para a Instituição. Quando o gestor abre espaços para diálogos e trocas de informações de maneira respeitosa às diferenças e individualidade de cada um, ele produz uma educação inclusiva, instigando a envoltura e conscientização de todos no planejamento das ações rumo ao objetivo da inclusão. O gestor escolar que se coloca na capacidade inclusiva se relaciona com as organizações em reuniões pedagógicas. A evolução pessoal e profissional depende muito do contexto em que exercemos nossa atividade. Todo professor deve ver a escola não somente como o lugar onde ele ensina, mas onde aprende. A modernização e a produção de novas práticas de ensino só surgem de uma reflexão partilhada entre os colegas. Essa 19 reflexão partilhada tem lugar na escola e nasce do esforço de encontrar respostas para problemas educativos. (Nóvoa 1995, p. 43). O gestor, em favor da inclusão, deve elaborar coletivamente uma construção do Projeto Político Pedagógico (PPP), visando melhorar a capacidade do ensino, inserindo nesse projeto a questão do trabalho com inclusão. O projeto deve ser pensado como um processo de democratização, sendo assim o papel do gestor é orientar esse processo para que todos obtenham autonomia e participação. Desenvolver uma escola inclusiva quer dizer vincular democracia e atender com eficiência a todos os educandos, comprometendo-se com a melhoria e avanço da qualidade educacional. 20 2 CONCEITO: O QUE É O ESPECTRO AUTISTA? Quando jogamos uma pedrinha em um lago de água parada, ela gera diversas pequenas ondas que formam camadas mais próximas e mais distantes do ponto no qual a pedra caiu. O espectro autista é assim possui várias camadas, mais ou menos próximas do autismo clássico (grave), que poderia ser considerado centro das ondas, o ponto onde a pedra atingiu a água. O que necessita cair por terra é que o autismo tenha exclusivamente uma forma, não se trata de um tudo ou nada, mas uma variação infinita. As variações transitam por três áreas sendo elas, social, comunicação e comportamento, mas nem sempre essas dificuldades aparecem juntas no mesmo caso. A pessoas no espectro com atraso na linguagem porem sem problema social algum, sempre variando de menor para maior grau e vice-versa. Podemos subdividir o autismo em três categorias sendo elas: Traços do autismo, com características muito leves, Síndrome de Asperger, Autismo em pessoas com alto funcionamento e Autismo clássico, grave, com retardo mental associado. No lado mais leve do espectro (a cor branca ou o tom mais claro de cinza), encontramos pessoas com “traços” de autismo, que não teriam todos os comprometimentos, mas apenas algumas dificuldades por apresentarem certas características autisticas. É muito comum percebermos esses traços em irmãos e pais de crianças com autismo. De acordo com Baron- Cohen, em um estudo de 2001, encontrou traços de autismo em matemáticos e cientistas. Nessas pessoas, os sintomas do autismo provavelmente se configuram mais como uma vantagem do que como um problema. Muitos indivíduos ligados a informática e jogos eletrônicos também apresentam características do espectro autista. Na próxima Gradação da escala, um tom de cinza mais escuro que ao anterior, encontramos os indivíduos com síndrome de Asperger, que possuem prejuízos na socialização, tem dificuldades de compartilhar ideias e interesses, dificuldade em entender o que o outro está sentindo pensando. Possuem interesses restritos, focam em algum tema, costumam ter rotinas e rituais e uma forma culta peculiar para conversar, possuem dificuldades para entender frases com duplo sentido, muitas vezes perguntam coisas que já sabem, fazem perguntas não como questionamento pois já conhecem as respostas, mas utilizam- se da mesma como forma de diálogo. As pessoas com essa síndrome não apresentam atraso no desenvolvimento da 21 linguagem nem do retardo mental, podendo apresentar por vezes dificuldades de aprendizado. No tratamento dos indivíduos com síndrome de Asperger, é importante não focar somente no que está errado, mas identificar as áreas que eles apresentam mais habilidades. Ainda mais próximo do tom de cinza mais escuro do espectro estão os indivíduos de alto funcionamento com autismo, esses podem ser caracterizados como indivíduos que não apresentam déficits cognitivos como atraso de linguagem ou retardo mental, pessoas com alto funcionamento são por diversas vezes confundidas com Asperger, por apresentarem um tipo de comportamento muito parecido. Existe uma proposta da Associação de Psiquiatria Americana (APA), para que a síndrome de Asperger deixe de ser classificada como um transtorno distinto e passe a ser classificada como autismo de alto funcionamento. Provavelmente isso acontecerá na próxima edição do DSM (Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais). Na extremidade desse espectro, no tom que mais se aproxima do preto, está o autismo grave, ou o autismo associado ao retardo mental e a dificuldade de independência, o que é geralmente é chamado de autismo clássico, crianças com esse diagnóstico apresentam problemas de interação social, não fazem contatos com os olhos, não desenvolvem relacionamentos, não compartilham brincadeiras e interesses. Apresentam movimentos repetitivos como balançar do corpo e das mãos agitadas, andam nas pontas dos pés e se mordem. O autismo clássico é um problema de saúde grave, que requer intervenção desde cedo, provavelmente por toda a vida, apresentam dificuldades em tarefas simples como comer, se trocar e outras atividades do dia a dia. Nem sempre é possível uma inclusão escolar adequadanecessitando de escolas especiais. A divisão do autismo em um espectro tem importância fundamental de identificarmos as várias apresentações desse grupo de sintomas, não se tratar de “curar” o autismo, mas sim de dar maiores chances para reabilitação dessa criança. De acordo com Christopher Gillberg, professor de psiquiatria da infância e adolescência da Universidade de Gotemburgo, na Suécia trazido ao Brasil pela AMA/SP (Associação de Amigos dos Autistas), apresentou uma palestra em 2005 na qual afirmou que os sintomas do espectro autista nunca aparecem isoladamente, tais como hiperatividade, desordens de atenção, retardo mental, epilepsia, dentre outros. Acredita- se que 0,6% das pessoas, ou seja, a cada 166 indivíduos poderia ser enquadrado no espectro do autismo, pois mesmo sem o diagnóstico, apresentam 22 traços que prejudicam sua convivência social. Enquanto algumas crianças demonstram grandes dificuldades em uma determinada área outras já apresentam alto funcionamento, alguns podem se mostrar isolados e outros excessivamente afetivos. As pessoas com traços de autismo podem ser identificadas como tímidas ou esquisitas e terem menos oportunidades se não forem tratadas, assim podendo aprender a se socializar e desenvolver as habilidades de comunicação e interação que lhe parecem tão difíceis. 2.1 HISTORIA A palavra “autismo” decorre do grego “autos”, que significa “voltar- se para si mesmo”. A primeira pessoa a utiliza-la foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuler, em 1911, para apresentar uma das características de pessoas com esquizofrenia, se referindo ao isolamento social dos indivíduos acometidos. O psiquiatra Leo Kanner, austríaco em 1943 publicou um estudo no qual observou 11 crianças que apresentavam isolamento extremo desde o início da vida, apego as rotinas, preferência por objetos inanimados em detrimento das pessoas, ecolalia imediata e tardia, e inversão pronominal. Inicialmente, ele formulou a teoria de que estes sintomas seriam inatos aquelas crianças. Esse mesmo cientista criou o conceito da “mãe geladeira” ao descrever o comportamento observado, por ele, nas mães de crianças com autismo, pois referiu que elas apresentavam contato afetivo frio, mecanizado e obsessivo, apesar do alto grau de desenvolvimento intelectual. Responsabilizar a mãe ainda é algo muito comum hoje em dia por diversos profissionais da área da saúde, que ficaram parados no tempo e reproduzem a teoria de Leo Kanner. É uma teoria equivocada, mas muito divulgada. No entanto, o que poucas pessoas sabem é que mais tarde o mesmo psiquiatra veio a público para retratar- se por essa consideração. De acordo com Ana Beatriz Barboza Silva, a mesma pode atestar que tal hipótese é completamente absurda, já que acompanha em sua prática clínica, mães de crianças com autismo são extremamente afetuosas e, muitas vezes, dedicam a vida aquele filho. 23 Voltando ao passado, no ano de 1994, o pesquisador austríaco Hans Asperger publicou, em sua tese de doutorado, a psicopatia autista da infância, um estudo observacional com mais de 400 crianças, avaliando seus padrões de comportamento e habilidades. Descreveu um transtorno da personalidade que incluía falta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades, monólogo, hiperfoco em assunto de interesse especial e dificuldade de coordenação motora (quadro depois que ficou denominado Síndrome de Asperger). Hans Asperger cunhou o termo psicopatia autisticas e chamava as crianças que estudou de “pequenos mestres”, devido a sua habilidade de discorrer sobre um tema minunciosamente. A partir da década de 1960, a psiquiatra inglesa Lorna Wing, cuja filha era portadora de autismo, passa a publicar textos de grande importância para o estudo deste assunto, inclusive traduzindo para o inglês os trabalhos de Hans Asperger, popularizando suas teorias. Além disso, Lorna Wing foi a primeira pessoa a descrever a tríade de sintomas: alterações na sociabilidade, comunicação/linguagem e padrão alterado de comportamento. O objetivo deste conceito foi introduzir a ideia que os sintomas relacionados a qualquer m dos três domínios citados podem ocorrer em vários graus de intensidade e, portanto, com diferentes manifestações. Na mesma década o, psicólogo comportamental Ole Ivar Lovaas adentrou a ideia de que as crianças com autismo aprendem habilidades novas através da técnica da terapia comportamental. Seus resultados apresentavam – se de maneira de maneira mais efetiva do que as tradicionais psicodinâmicas. Naquela época psicologia comportamental sofria forte preconceito por parte dos psicólogos que seguiam outras linhas teóricas e pela sociedade como um todo. Os psicólogos comportamentais só costumavam ser consultados depois de esgotar as outras modalidades terapêuticas. Sendo assim, o comportamento da criança com autismo tornava- se, muitas vezes, insuportável para os pais e muito danoso para elas próprias. Até então o autismo infantil ainda continuava como um subgrupo dentro das psicoses infantis, era considerado uma forma de esquizofrenia, o que faz com que alguns profissionais ainda usem a denominação errônea de psicose infantil para se referir a esses pacientes. Na década de 80, o autismo ganhou um reconhecimento especial, diferente da esquizofrenia, o que propiciou um número maior de estudos científicos, recebendo a denominação diagnostica correta e critérios específicos. 24 Desde então o problema passou a ser tratado como síndrome, como um distúrbio do desenvolvimento e não mais como uma psicose. A partir desses estudos e até a criação do CID 9 e do DSM-III- manuais utilizados por profissionais da área medica e de saúde mental, o autismo ainda era visto por diferentes enfoques. No entanto, nas revisões subsequentes desses guias médicos (CID 10 e no DSM-IV- em 1993 e 1994, respectivamente), houve uma melhor definição e alinhamento do autismo. Em dezembro de 2007, a ONU decretou 2 de abril o dia Mundial da Conscientização do Autismo (Word Autism Awareness Day- WAAD), celebrado pela primeira vez em 2008. Com adeptos em várias partes do planeta, o evento pede mais atenção aos transtornos do espectro autistico, que afetam cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a ONU, sendo mais comuns em crianças do que Aids, câncer e diabetes juntos. 2.2 HISTÓRIA DO AUTISMO NO BRASIL No Brasil, o dia Mundial de Conscientização do Autismo tem conseguido cada vez mais adeptos e pessoas engajadas. Em 2010, pela primeira vez, a data foi lembrada no dia 2 de abril com iluminação em azul (cor definida para o autismo, de vários prédios e monumentos importantes. Entre eles estão o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; a Ponte Estaiada, o Monumento às Bandeiras e o Viaduto do Chá, em São Paulo; e o prédio do Senado em Brasília. Este foi um marco para que o Brasil entrasse de vez no roteiro dos países que apoiam o WAAD. Alguns outros eventos marcaram nossa história progressa. A primeira organização brasileira foi a Associação de Amigos dos Autistas (AMA), em São Paulo, oficialmente fundada em 8 de agosto de 1983, por um grupo de pais, a maioria com filhos portadores de autismo. Estes pais tinham como objetivo acolher, informar e capacitar famílias e profissionais, com um papel social e de pesquisa de amplo ajuda a todas as famílias com autismo da cidade, do estado e do país. Em novembro de 1984 ocorreu o “I Encontro de Amigos do Autista”, promovido pela AMA. Este encontro reuniu médicos e outros profissionais do país que estudavam o autismo naquela época, e algumas instituições que atendiam crianças com transtornos. Até então no Brasil, não havia uma organização para este fim. 25 Três mães fundadoras da AMA foram a instituições da Europa e dos Estados Unidos para visitar locais de tratamento e trazer para o Brasil mais metodologiaespecializada. Nessas viagens comprovaram que era possível a utilização de muitos recursos para que as pessoas com autismo tivessem o melhor desenvolvimento possível. Desde então, a associação investe esforços na formação de profissionais e na busca de mais ferramentas adequadas para promover tratamentos efetivos. Ainda hoje a AMA é uma referência para muitos brasileiros com transtornos em suas famílias. O mérito dos pais fundadores não está apenas nos cuidados com seus filhos e com outras crianças com autismo, mas sim na estruturação do tratamento específico, que infelizmente ainda é pouco conhecido por muitos profissionais da área da saúde. O exemplo foi seguido por outros pais e amigos e hoje temos várias instituições brasileiras por todo o Brasil que são reunidas pela Associação Brasileira de Autismo (Abra), uma entidade nacional que congrega as associações de pais e amigos do autista no Brasil. Baseada no lema “ a união faz a força”, a Abra representa todos aqueles que lutam pelos direitos das pessoas com autismo em âmbito nacional. 26 3 PRATICAS EDUCACIONAIS PARA PESSOA NO ESPECTRO AUTISTA A política educacional tem apresentado a educação como uma condição básica para o desenvolvimento humano. Esse processo de educação formal tem percorrido diversos contextos e diferentes momentos históricos, evidenciando, muitas vezes, dificuldades no que diz a respeito da garantia de um ensino de qualidade para todos. Os contextos e as dificuldades para garantirem ao cidadão o direito à educação têm perpassado momentos críticos, mas também de transformações, em diversos países, inclusive no Brasil, especialmente no que diz respeito à educação das pessoas com deficiências variadas. A luta desses deficientes com outras pessoas envolvidas, direta ou indiretamente com essa causa, tem feito com que a educação especial no Brasil seja um marco de conquistas relacionadas aos direitos humanos. Atualmente, as pessoas com necessidades educativas especiais têm garantido seu direito à saúde a vida social, ao trabalho e à educação, como todo cidadão, conforme é previsto pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios. Historicamente, pessoas com necessidades especiais forma colocadas a margem da sociedade impedidas de desenvolver suas capacidades e habilidades como indivíduos e cidadãos sendo rotulados com adjetivos que as limitam como incapazes ou doentes apenas por influência de uma cultura baseada nos princípios do belo e do perfeito. Em civilizações antigas, os “diferentes” chegaram a ser sacrificados pelo fato de serem considerados inúteis e como peso para a sociedade. Durante os séculos, foram reputados como seres à parte que precisavam ficar fora do convívio de grupos sociais. Em meados da Idade Antiga quando o pensamento dominante se baseava na religiosidade da época como o panteísmo do extremo oriente o misticismo hindu e o magicismo babilônico, seu comportamento estranho era explicado como manifestações sobrenaturais provavelmente por não terem explicação compreensiva para época. Com a decadência do Império Romano e o limite da cultura greco-romana no período da Idade Média a crença no Sobrenatural se evidenciou ainda mais o homem era concebido como um ser subordinado a poderes advindos do bem e do mal e nessa interpretação epilépticos e psicóticos não passavam de pessoas possuídas pelo 27 demônio e sujeitos a castigos por certos grupos os Cristão vão em raras exceções receptores de espíritos divinos adorados e reverenciados como profetas e de adivinhos da época. Por meio da intervenção das organizações cristãs no final do período Medieval, as pessoas submetidas as barbáries das determinadas Nações pré- concebidas pela igreja passaram a ser assistidas como vítimas desprotegidas, entretanto mesmo assim a marginalidade prevalência. Com o renascimento a revalorização da Cultura greco-romana a busca do conhecimento científico e o lugar a preocupação com o indivíduo e com as soluções científicas para seus problemas o avanço da Medicina após o renascimento E durante o modernismo não sou o homem à procura de novos horizontes que até então era considerado suspeito pois a educação passava da transformação humanista para acinte fica valorizando se o conhecimento somente quando este preparava o indivíduo para a vida e para a ação. Contudo apenas no final do século XXVIII por causa da busca do saber e do florescimento da Liberdade individual do ser humano pois que as bases hospitais psiquiátricos de Bis e por influência de pneu passaram a soltar os loucos das correntes e tratar os doentes mentais e modo mais humano. No século XIX quando o pensamento pedagógico era a formação do homem dentro dos moldes da ciência Herbert Spencer definia seu conceito de processo educativo como um processo gradativo que deve seguir o ritmo das capacidades e aptidões do educando que também se revelam gradativamente 1983 86 foi durante esse período que se usaram várias expressões para diferenciar a educação e o atendimento dessas pessoas (MAZZOTTA, 1996 :17) Pelos caminhos da história podemos acompanhar o modo como a pessoa necessidades especiais foi tratada e concebida conforme os padrões relacionados a valores sociais Morais filosóficos éticos religiosos nas diferentes culturas. As ações registradas pela história a respeito da rejeição dos maus tratos de falta de visão relacionados aos que apresentavam alguma deficiência abriram lugar ao paternalismo e ao assistencialismo, resistindo ao conhecimento dos direitos do cidadão. O Brasil, em funções de suas relações internacionais, foi influenciado em países da Europa e pelos Estados Unido, por volta do século XIX, formando grupos para o atendimento a cegos, surdos, deficientes mentais e físicos, por iniciativa de 28 órgãos oficiais e, em alguns casos privados, por meio de alguns educadores que, preocupados com a questão, empenharam- se na concretização de atividades inovadoras em função delas. No entanto, apesar da formação desses grupos, somente no século XX, entre o término da década de 50 e início da década de 60, foi que que a política educacional do país incluiu a educação especial no rol de suas atenções. Todavia, a sociedade mostrou- se interessada desde o começo deste século, com publicações de trabalhos de origem técnica e cientifica relacionados à educação daqueles indivíduos especiais. Na trajetória de 1971 até 1985, a educação especial, como forma de tratamento, passou a ser uma medida participante de uma política educacional que passou a ver “educação de excepcionais” como caminho de conduta, objetivando, no final, a escolarização. Definiu- se também o conjunto de clientes atendidos pelos serviços especializados de origem educacional, por órgãos ou entidades participantes do Centro Nacional de Educação Especial, pelos serviços de reabilitação da Fundação Brasileira de Assistência, pelos serviços de saúde da Previdência Social e pelos serviços de reabilitação profissional prestados pelo INPS/MPAS. A denominação usada para essa clientela foi “os excepcionais”, sendo a linha seguida de características preventiva e característica preventiva e corretiva, exigindo- se diagnóstico de excepcionalidade para tais atendimentos encaminhados pelos serviços da LBA/MPAS ou, na falta desses, pelos serviços especializados de origem médico- psicossocial e educacional, existentes na comunidade. Nota- se que durante um período de 13 anos (1972-1985), as tendências políticas educacionais privilegiam uma educação especial plenamente terapêutica, deixando os termos “preferencialmente” e “sempre que possível” darem aparência de existirem reais preocupações com a educação do indivíduo em questão. Na realidade, conforme se situa na Portaria Interministerial n. º 186, em atitude astuta,nem sequer havia exigência de professor especializado para a condução de classes especiais, mas este seria contratado “sempre que possível”. Evitava- se, dessa forma, um posicionamento político e transformador que acarretaria a desacomodação geral de todos os órgãos do Governo, das verbas destinadas e do não conhecimento pleno de seus direitos, propostos na constituição, desviados pelas conotações ambíguas e premeditadas. A razão especifica da 29 educação especial fica emaranhada nos refugos de uma política não muito bem compreendida, em que os instrumentos legais e os recursos não correspondem às necessidades e as demandas dessa modalidade de ensino. A partir de 1986, época da construção de um governo democrático, a Educação Especial passou a ser compreendida como inerente à Educação, enfatizando o pleno desenvolvimento das potencialidades “do educando com necessidades especiais” por meio da portaria CENESP/MEC n. º 69, de 28 de agosto de 1986, além de ditar normas à prestação de serviços e apoio técnico e financeiro a Educação Especial nos sistemas públicos e privados de ensino. Dois anos após esse avanço com relação a educação especial, foi publicada oficialmente a nova Constituição Brasileira, que afirma como dever do Estado o atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência na rede regular de ensino, e que passavam, a parit de então, a serem vistas como cidadãos brasileiros com seus direitos assegurados por normas ditadas pela Constituição. As preocupações relacionadas às suas necessidades especiais começavam a surgir, e a legislação iniciou seu trabalho, já em atraso a fim de melhorar-lhes as condições de vida em sociedade. Para tanto, foram promulgados leis, dispondo sobre normas de construções e adequação de logradouros e edifícios de utilização pública e transportes coletivos para a pessoa com deficiência, além da criação do CORDE- Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Aqui vale lembrar que, diante da estreia da visão educacional seguida durante longos anos, as propostas de mudanças apresentadas depois de 1986, mesmo com expressões dúbias e tendencialmente discriminatórias, vêm beneficiando as pessoas com deficiência em seus aspectos sociais e educacionais e que estão em busca de seu espaço dentro da sociedade. A criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, pela Lei n. º 8.069, de 13 de julho de 1990, foi avanço para o exercício de direitos, rumo a cidadania, pois não a distinção entre a criança e o adolescente portador ou não de deficiência; simplesmente é legal para todos, fazendo valer sua condição pessoal de indivíduo em desenvolvimento. Logo em seguida no ano de 1991, foi editada a Resolução n. º 01/91 pelo Fundo Nacional para Desenvolvimento da Educação, condicionando o repasse do salário- educação para aplicação, de pelo menos oito por cento dos recursos educacionais, no ensino especial, para os Estados e Municípios. 30 Em 1993, foi fixado um dos mais importantes projetos de lei para educação nacional, disciplinando a educação escolar como dever do Estado e da família, cabendo ao Poder Público o atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, na rede regular de ensino, preferencialmente, e as condições especiais de escolarização para os superdotados. Passos significativos foram dados para a melhoria da educação especial desde o ano de 1957 até 1993. Não cabe aqui discutir toda a questão política, os entraves sociais ou financeiros que impediram uma tomada de posição mais ativa, relacionada aos direitos da pessoa com necessidades especiais como cidadão brasileiro. No Brasil, as políticas que deveriam ser responsáveis pela concretização de uma educação compromissada com as pessoas com necessidades especiais costuma ser contraditórias, pois trazem consigo o reflexo dos conflitos socioeconômicos, entre outras dificuldades. No período de 1993 até 1996, muitos projetos foram encaminhados ao Senado para a exigência de medidas mais contundentes quanto aos direitos da pessoa com deficiência e, como resultado de 25 anos de seguimentos definidos pela Lei n. º 5692/71, saiu a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. º 9.394, em 20 de dezembro de 1996, alterando antigos padrões da educação brasileira, inclusive os referentes à educação especial. De maneira feral, forma- se uma nova perspectiva para a educação especial. O marco diferencial é dado por coloca- lá mais unida e educação escolar e ao ensino público, que passa a ser caracterizada como modalidade de educação escolar, designada as pessoas com necessidades educacionais especiais, iniciada ainda na educação infantil. A lei também é fundamental á preparação e à capacitação do professor em plano nacional, para o trabalho heterogêneo e includente da pessoa com necessidades especiais no ensino regular, medida essa que colabora com a educação nacional, exigindo melhor qualificação do professor para ministrar aulas. 31 3.1 ALFABETIZAÇÃO PARA O TEA A fase de alfabetização é um dos mais desafiantes períodos da vida das crianças com autismo. Algumas delas apresentam hiperlexia e aprendem a ler sozinhas, antes da fase de alfabetização. Mas a maioria vai precisar de auxílio psicopedagógico nessa fase. Antes da alfabetização propriamente dita, alguns comportamentos precisam estar bem instalados no repertório da criança com autismo, tais como permanecer sentada, ficar em sala de aula, identificar e reconhecer letras, combinar letras iguais e diferencia-las. Com isso elas terão o pré-requisito necessário para iniciar a aprendizagem da leitura e da escrita. Nós adultos abemos da importância de reconhecer os símbolos gráficos, mas as crianças com autismo não têm a menor ideia do que representam. Até então, elas não tiveram a necessidade de apreender as letras, pois não usaram para coisa nenhuma. É como se nós, adultos, tivéssemos que estudar grego de uma hora para outra. Encontramos com vários símbolos complicados, com os quais não estamos familiarizados. De início temos que dar um sentido para esta aprendizagem. A alfabetização necessita ter uma função, um objetivo para a criança com o funcionamento autistico, para isso é, necessário que tenhamos muito engenho para adaptar materiais e implantar as letras na vida delas, de forma encantadora e estimulante. O uso de computadores e tablets como plataforma de motivação e ensino tem proporcionado bons resultados, pois os recursos de cores, sons e jogos ajudam o foco dessas crianças. Devido a facilidade de abstraimento, a escolha de materiais concretos e visuais torna a alfabetização mais eficaz. Quando nos mencionarmos a crianças com autismo, é importante sempre estarmos atentos à suas preferências. Se ela gosta de copiar desenhar, podemos por meio disso, direcioná-las atividades complementares devemos encontrar uma forma de acionar as possibilidades de aprender, utilizando as saídas disponíveis. Não podemos perder de vista as autênticas potencialidades e limites da criança. Por isso, é necessário sempre formar um programa educacional exclusivo para cada uma delas. Buscando trocar, ideias, questionando como poder ajuda-la, certificando de que ela entendeu o que você quis dizer e repita quantas vezes for preciso, de maneira tranquila e afetuosa. Além disso, para que o aprendizado seja 32 efetivo, é importante que haja palavras de incentivo e elogios continuamente, bem como premiações quando ela alcançar avanços, mesmo que pequenos. Julgamentos a expressões de reprovação estão proibidas nessa etapa! A criança nunca pode juntar o aprendizado a algo aversivo, mas sim a algo prazeroso e positivo. É claro formula magica não existe no trato com alunos com autismo. Tudo requer tempo perseverança e muita dedicação. Contudo não restam dúvidas de que,além dos pais, o desenvolvimento dos pequenos depende e muito das instituições de ensino. Esses fatores, em conjunto, podem garantir um futuro menos caótico e uma vida mais harmoniosa e produtiva . 3.2 PROOCESSO APRENDIZAGEM O TEACCH (Treatment and Education of Austitic na related Communication hadicapped Chidren) - Tratamento e Educação para Autista e Crianças com Deficits relacionados à comunicação, surgiu em 1996, como um exercício psicopedagógico, a partir de um projeto de pesquisa desenvolvido na Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, pelo Dr. Eric Schopler que examinava a prática clínica de sua época, a mesma que conhecia a origem do autismo segundo uma causa emocional, devendo ser tratado pela concepção da psicanalise. Recentemente é um dos métodos frequentemente utilizados no Brasil e no mundo por instituições que trabalham com autistas e tem seus princípios baseados na teoria comportamental. Ele é considerado um programa educacional e clínico com uma pratica psicopedagógica que observa os comportamentos de crianças autistas em distintas situações.de acordo com vários estímulos. O método TEACCH utiliza estímulos visuais e áudiocinestesicovisuais para produzir comunicação onde o professor atua como mediador. O método procura principalmente enfocar a comunicação receptiva do aluno, crendo que ela se antepõe a linguagem expressiva. As atividades são conduzidas pela linguagem dos símbolos apresentados. 33 Os princípios do TEACCH também enfocam que é muito difícil o mesmo improvável que um autista construa a generalização do que aprendeu a realização de analogias, por isso estrutura totalmente o ambiente com os símbolos e direciona suas atividades. (FARAH, L.S.D.; GOLDDENBERG, M., 2001:22) Por outro lado, afirma que o autista possui a capacidade de pensar e compreender, porém, de maneira distinta, individualizada, assim cria repertórios e rotinas direcionadas por meio do recurso visual. O programa da condição para avaliação do aluno, e ao mesmo tempo gera autonomia. O TEACCH é relevante no trabalho com autistas no que diz respeito a uma metodologia eficaz para as modificações de comportamentos, primando pelo aperfeiçoamento o TEACCH desenvolveu escalas CARS (Childhood Autism Rating Scale), que avalia crianças em idade pré-escolar, PEP 9 Psycoeducational Profile) como meio de avaliação de crianças entre seis meses e sete anos e também o APEP (Adolescent na Adult Psycoeducational Profile). Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio em um sistema de comportamento social e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratadas por meio do prisma do ambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa por meio de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social. (VIGOSTKY, 1994:40) Vê- se, então, que a linguagem, embora comunicativa e constitutiva no pensamento, é, também organizadora, planejadora da ação e reguladora do comportamento. Deste modo, embora os Sistemas Suplementares e ou Alternativos de comunicação sejam de grande proveito como apoio para o trabalho com pessoas que apresentam déficits no desenvolvimento da linguagem, no cognitivo e no emocional, como nos casos de deficiência mental e de autismo, é eficaz na atuação de um educador que sustente o diálogo e ação mediadora constante com seus alunos. 34 Evidentemente, a diferença do resultado obtido durante o processo de ensino e aprendizagem da criança com autismo está na proposta da abordagem utilizada, pois o símbolo em si não tem vida própria. Falta ao autista uma abordagem educacional que não se reduza ao treinamento de habilidades de comunicação, mas sim que esteja aberta a sua constituição enquanto sujeito, a partir do desenvolvimento da linguagem, da interação social, de sua contextualização histórica. Nessa perspectiva, para efeito dessa tese, a CSA é utilizada como um mediador semiótico a construção do signo, para auxiliar a construção da linguagem que traz consigo a possibilidade de produção de significações, geradas na relação com o outro em ambientes culturalmente contextualizados. Agora atuar sobre o signo da comunicação é reduzir a questão da linguagem humana e seu papel no desenvolvimento de um sujeito, pois é no processo de interação ente a criança e seus interlocutores, que se dá a aquisição da linguagem em si, desenvolvendo, deste modo, sua capacidade de simbolizar o mundo que a cerca, para o outro, dando sentido aos processos de interação social e, para si na forma internalizada necessária ao desenvolvimento das funções psicológicas superiores. 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final desse trabalho, entende- se que a inclusão de crianças no TEA no ensino regular ainda encontra grandes dificuldades. É necessário que a escola interessada busque conhecer novos métodos educacionais para o trabalho com a criança autista, assim caminhando a criança ao convívio social. Logo também observa- se a necessidade de se criar novos métodos de transmissão de informações e melhorar a prática pedagógica tornando assim funcional em sala de aula. Nos dias atuais ainda fica evidente o despreparo dos profissionais da educação para a inclusão da criança autista em sala de aula, muitos profissionais buscam melhorar suas práticas com pesquisas na internet livros e com outros colegas. Porém mesmo com todo interesse ainda assim se encontram despreparados para lidar com a inclusão de alunos autistas. Muitas vezes a escola possibilita a inclusão do aluno, porém não conta com material didático ou estrutura especializada para o acolhimento do mesmo, assim sendo chega a atrasar o desenvolvimento do aluno autista no nível de aprendizagem. Pois neste caso não se trata apenas de colocar o aluno autista dentro de uma sala de aula, mas também elaborar atividades adaptadas para o mesmo assim construindo os novos conhecimentos sempre acompanhadas pelo professor mediador do conhecimento. 36 REFERÊNCIAS http://www.inclusive.org.br BRANDÃO, AYÉRES. Deficiência Intelectual: Entre mitos e Possibilidades – PEI Programa de Educação Inclusiva 1º ed. São Paulo. Mais diferenças 2009. ORRÚ, SILVIA ESTER.Autismo, linguagem e educação: interação social no cotidiano escolar/ Silvia Ester Orrú Rio de Janeiro: WAK Ed., 2007. 184p SILVA, ANA BEATRIZ B. Mundo singular: entenda o autismo/ Ana Beatriz Barbosa Silva, Mayara Bonifácio Gaiato, Leandro Thadeu Reveles. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
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