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MEDICALIZAÇÃO DA 
EDUCAÇÃO: PERSPECTIVA 
SOCIO-HISTÓRICA E 
NEUROPSICOLÓGICA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Reginaldo Daniel da Silveira 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Perspectiva neuropsicológica 
O interesse pelo conhecimento que veio a se chamar de neuropsicologia 
é bastante remoto, e na história do desenvolvimento humano várias linhas de 
pensamento surgiram: a concepção de que a sede anatômica que explicava os 
processos mentais era o coração, depois o cérebro e, a partir de então, novas 
ideias apareceram, algumas em experimentos, e outras pela concepção de 
pensadores. 
Estudar a neuropsicologia é estudar neurotransmissores e por meio 
destes abstrair ideias sobre equilíbrio/desequilíbrio neuroquímico, uso de 
psicofármacos para medicar problemas relacionados aos processos mentais e 
aplicar saberes também no processo ensino-aprendizagem. 
TEMA 1 – UM BREVE HISTÓRICO DA NEUROPSICOLOGIA 
A neuropsicologia investiga as relações entre as funções psicológicas e a 
atividade cerebral. De modo específico, estuda funções cognitivas como 
memória, linguagem, raciocínio, habilidades visuoespaciais, reconhecimento e 
capacidade de resolução de problemas, entre outras. Dalgalarrondo (2008) 
explica as alterações classicamente estudadas pela neuropsicologia, como as 
afasias (perda de linguagem), as agnosias (perda de capacidade de 
reconhecimento), as amnésias (déficits de memória) e as apraxias (perda da 
capacidade de realizar gestos complexos). Sua origem situa-se entre os séculos 
XIX e XX, mas a história das investigações psicológicas e atividades cerebrais 
começou na antiguidade. 
Papiros faraônicos já indicavam o conhecimento dos egípcios sobre o 
funcionamento do cérebro (Reis, 2019). Um desses papiros, descoberto por 
Edwin Smith no século XIX, descreve detalhadamente pelo menos 48 casos a 
respeito de tratamentos racionais, com prognósticos (Pinheiro, 2005). A 
curiosidade pelo cérebro fez a craniotomia ser usada de forma indiscriminada ao 
longo da evolução humana. Estudos arqueológicos datados da antiguidade 
(8.000 a 5.000 a.C.) mostram, em diferentes lugares e culturas, crânios 
trepanados em cirurgias realizadas por perfurações no crânio (Hamdan; Pereira; 
Sá Riechi, 2011). 
 
 
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Chamam a atenção desde a antiguidade três perspectivas relacionais, nas 
quais hipóteses se confrontavam: (1) cardíaca x cérebro; (2) localizacionismo x 
holismo; e (3) funcionalismo x cognitivismo (Hamdan; Pereira; Sá Riechi, 2011). 
Essa diversidade de estudos entre cérebro e comportamento gerou diferentes 
percepções até chegarmos à neuropsicologia atual. 
Nem sempre o cérebro foi visto como a morada da mente. Os egípcios, 
por exemplo, viam o coração como local da alma; eles embalsamavam 
cuidadosamente o coração de seus mortos, mas o cérebro era simplesmente 
jogado fora. O coração seria pesado na vida após a morte para determinar o 
destino do falecido. Os antigos povos da Índia e da China tinham concepções 
errôneas semelhantes (Gazzaniga; Heatherton, 2005, p. 121). 
O nascimento da biologia e a teoria da seleção natural de Charles Darwin 
(7809-1882) marcaram o século XIX, fazendo com que a evolução conceitual da 
mente como atributo supremo e divino passasse por diferentes interpretações 
até ser vista no âmbito do sistema nervoso humano (Pinheiro, 2005). 
Contribuíram para isso quebras de paradigma como saber que o córtex cerebral 
não era apenas uma área de funcionamento homogêneo, mas uma estrutura 
heterogênea de funções mentais em diminutas porções anatômicas. 
A denominação localizacionista proposta pelos fundadores da frenologia1 
considerando qualidades atribuídas a diferentes regiões do córtex cerebral foi 
considerada acertada, bem como a percepção de que o córtex está conectado à 
medula espinal e pode controlar os movimentos. Dois erros, porém, foram 
considerados: (1) a crença de que atributos mentais se expressam na anatomia 
externa do crânio; e (2) a atribuição de características psicológicas 
extremamente refinadas às diferentes regiões (Gazzaniga; Heatherton, 2005). 
No meio do caminho, os frenologistas foram confrontados com a teoria da 
equipotencialidade, que dizia estarem todos os processos mentais distribuídos 
igualmente a todas as partes do córtex. Para provar isso, o cientista francês 
Marie-Jean-Pierre Flourens (1794-1867) removia sistematicamente partes do 
cérebro de animais e observava seu comportamento subsequente (Gazzaniga; 
Heatherton, 2005). Não obstante os métodos de Flourens terem apresentado 
falhas na sequência de conclusões errôneas em experimentos com pássaros e 
 
1 Os fundadores da frenologia foram Franz Joseph Gal (1758-1852), um dos primeiros a ilustrar 
com precisão as circunvoluções cortais, e Johann Spurzheim (1776-1832), pioneiro em fazer 
correlações experimentais e estimulações localizadas (Relvas, 2012). 
 
 
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anfíbios, a controvérsia entre os defensores da equipotencialidade e 
frenologistas continuou. 
 Em 1861, um homem em estado terminal conhecido como Monsieur 
Leborgne, incapaz de dizer nada além da palavra tan, foi internado sob os 
cuidados do médico Paul Broca (1824-1880). Após a morte dele, Broca 
examinou-lhe o cérebro e encontrou uma grande lesão de um acidente vascular 
cerebral – um vaso sanguíneo bloqueado no lado esquerdo. O caso foi 
considerado um significativo achado, havia ali a porção anatômica responsável 
por uma das características humanas, a linguagem. Essa pequena região frontal 
do cérebro passou a ser conhecida como área de Broca (Gazzaniga; Heatherton, 
2005). 
O século XX sublinhou a confirmação da neuropsicologia como 
especialidade do conhecimento. A partir da década de 1950, ela se diferenciou 
da neurologia, da psicologia e da psiquiatria, abrindo caminho para os estudos 
atuais sobre atenção, aprendizagem, percepção e memória por meio de métodos 
da psicologia experimental (Hamdan; Pereira; Sá Riechi, 2011). 
Atualmente, no entender de Gazzaniga e Heatherton (2005), conhecemos 
uma parte da superfície do cérebro, e longe de ser uma estrutura uniforme, ela 
é uma colcha de retalhos de muitas áreas altamente especializadas. Os autores 
atentam para uma organização dividida em regiões correspondentes a 
complexos traços de personalidade, como os frenologistas defendiam. As áreas 
cerebrais são especializadas para componentes mais rudimentares da 
percepção, do comportamento e da vida mental. Destaca-se que uma grande 
área do cérebro é dedicada a diferentes aspectos da visão, por exemplo, e outra, 
a produzir movimentos simples. 
Outro ponto ressaltado pelos autores citados é sobre o mito do uso 
limitado do nosso cérebro. 
Uma concepção errônea semelhante está corporificada no mito comum 
de que nós só utilizamos uma pequena porcentagem, digamos 10%, 
de nosso cérebro, com a implicação de que seríamos mais inteligentes 
ou mais criativos se utilizássemos uma parte maior do cérebro, ou de 
que não seríamos muito diferentes se usássemos menos. Isso está 
absolutamente errado. Uma vez que as regiões cerebrais são 
altamente especializadas, a atividade em uma área em um momento 
inadequado seria desastrosa. Além, a perda até mesmo de uma 
pequena região cerebral provoca a perda da função daquela região. 
Em certa extensão, nós nos recuperamos dos danos sofridos pelo 
cérebro, mas, com maior frequência, perder uma parte dele causa 
déficits, muitos dos quais são óbvios. (Gazzaniga; Heatherton, 2005, p. 
123) 
 
 
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TEMA 2 – PERSPECTIVA ECONÔMICA DA MEDICALIZAÇÃO 
Estudos sobre o tratamento dos transtornos mentais mostraram em seu 
desenvolvimento um arcabouço de argumentos para explicar o que leva o 
indivíduo a ter comportamentos psicológicos desajustados. 
Na visão de Gazzaniga e Heatherton (2005), a teoria psicanalítica de 
Freud defendia que os transtornos de ansiedade eram resultados de impulsos 
sexuais e agressivos reprimidos, argumentos não confirmados e não úteis paratratar a ansiedade. As evidências mostraram ao longo do tempo que as técnicas 
cognitivo-comportamentais funcionam melhor para tratar a maioria dos 
transtornos de ansiedade. 
Segundo os autores, o uso de drogas ansiolíticas também é benéfico em 
alguns casos, embora existam riscos de efeitos colaterais, assim como de 
recaídas, depois que o tratamento terminar. O exemplo dado dos tranquilizantes 
mostra que funcionam enquanto a medicação estiver sendo tomada, mas pouco 
fazem para aliviar a fonte do problema. Essas inflexões nos levam a buscar 
entender o que são e quais os efeitos que os psicofármacos provocam no 
indivíduo. 
Medicamentos psicofármacos ou psicotrópicos são substâncias químicas 
que atuam sobre o sistema nervoso central, com efeitos nos processos mentais; 
nesse sentido, são consideradas drogas que estimulam ou deprimem a atividade 
mental (Cintra et al., 2019). Os psicofármacos se dividem em ansiolíticos, 
sedativos e hipnóticos (tratamento da ansiedade), antipsicóticos (usados nas 
psicoses) e antidepressores (para perturbações do humor). Usar ou não usar um 
psicofármaco está relacionado ao diagnóstico apresentado. As indicações 
médicas destacam a importância da medicação em esquizofrenia, transtorno 
bipolar, depressões graves ou controle de ataques de pânico. Cordioli (2005) 
reporta também o uso em fobias específicas, transtornos de personalidade e 
problemas situacionais. 
2.1 Neurotransmissores 
Neurotransmissores são substâncias químicas que carregam sinais entre 
neurônios (Weiten, 2010). Os sinais são as informações transmitidas de um para 
o outro (sinapses). Entendidos como unidades básicas do sistema nervoso, os 
neurônios são células especializadas em comunicação; diferem da maioria das 
 
 
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outras células por serem excitáveis, uma vez que operam por meio de impulsos 
elétricos e se comunicam por sinais químicos. Pode-se dizer que eles: (1) 
recebem informações dos neurônios vizinhos (recepção); (2) integram esses 
sinais (condução); e (3) passam sinais para outros neurônios (transmissão). 
Uma corrente de estudos defende que são os desequilíbrios químicos nos 
mensageiros (neurônios) os causadores de distúrbios (depressão, déficit de 
atenção/hiperatividade e outros). Para Smith e Strick (2001, p. 26), “qualquer 
mudança no clima químico delicadamente equilibrado do cérebro pode interferir 
nesses neurotransmissores e prejudicar a capacidade do cérebro de funcionar 
adequadamente”. As autoras dão o exemplo de pessoas intoxicadas com álcool 
que experienciam uma alteração temporária da química cerebral, com efeitos na 
fala, na coordenação motora e na capacidade de solução de problemas. Nesse 
sentido, tais desequilíbrios neuroquímicos interfeririam na capacidade de 
aprendizagem. Vejamos alguns dos principais neurotransmissores que estariam 
dentro da perspectiva de desequilíbrio químico. 
2.2 Monoaminas 
As monoaminas são neurotransmissores sintetizados nos neurônios a 
partir de aminoácidos (moléculas formadoras de proteínas) que regulam os 
estados de excitação e afeto e motivam o comportamento (Gazzaniga; 
Heatherton, 2005). As quatro monoaminas são adrenalina, noradrenalina, 
dopamina e serotonina. 
A adrenalina é encontrada principalmente no corpo e em pequena 
quantidade no cérebro e é responsável pela explosão de energia corporal. A 
noradrenalina, por sua vez, corresponde a estados de excitação e vigilância e 
tem maior influência no cérebro, geralmente para inibir potenciais de ação 
(Gazzaniga; Heatherton, 2005). 
A dopamina é um neurotransmissor associado ao prazer e à satisfação. 
Os sentimentos de satisfação, quando desejados, fazem que o indivíduo repita 
comportamentos (alimentos, sexo e drogas, entre outros) que levem à sua 
liberação. Para Freitas e Amarante (2017), a dopamina, juntamente com a 
adrenalina e a serotonina, pode explicar os efeitos dos desequilíbrios químicos 
nos transtornos, especialmente esquizofrenia, ansiedade e depressão. 
A serotonina está relacionada a estados emocionais, impulsos e o 
sonhar. Quando os níveis de serotonina são baixos, pode haver humor triste, 
 
 
7 
ansiedade, desejo de comer e agressividade. As drogas que bloqueiam sua 
reabsorção são usadas atualmente para tratar de transtornos mentais e 
comportamentais como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo e 
transtornos alimentares e obesidade (Gazzaniga; Heatherton, 2005).2 
As controvérsias a respeito do desequilíbrio químico ainda vão continuar, 
considerando-se não haver estudos definitivos comprovando que depressão, 
TDAH e outros distúrbios sejam causados por baixa produção de certos 
neurotransmissores. Uma comprovação com raízes biológicas ainda está por vir 
(Müller, 2017). 
TEMA 3 – ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DA MEDICALIZAÇÃO 
Ao se falar em aspectos neuropsicológicos da medicalização, é 
impossível ignorar que o desenvolvimento de medicamentos psicotrópicos nas 
últimas seis décadas trouxe resultados positivos notadamente na diminuição de 
sintomas em alucinações e delírios. Deve-se considerar, contudo, que “na 
maioria das vezes, os pacientes também apresentam questões interpessoais e 
psicossociais subjacentes ao quadro clínico, as quais não são resolvidas 
exclusivamente pela farmacoterapia” (Rodrigues; Silva; Cordioli, 2014, p. 611). 
Entende-se, assim, que os chamados prejuízos no funcionamento ocupacional, 
social e interpessoal vão além de uma medicalização extrema. 
A hipótese natural quanto ao uso de psicofármacos para problemas 
neuropsicológicos é a sua aplicabilidade em manifestações sintomáticas bem 
definidas, considerando-se o paciente como sujeito de um processo de busca do 
bem-estar, da saúde, de um viver mais digno. Pesquisas de campo, contudo, 
segundo ressaltam Ignacio e Nardi (2007), mostram que a medicalização por 
psicofármacos acaba se apresentando como estratégia de controle próprio à 
biopolítica. 
É patente a constatação de que, para transtornos como esquizofrenia, os 
medicamentos sejam o tratamento preferencial (Cordioli, 2005). Nesses casos, 
o pressuposto é de que a dopamina em excesso está associada aos sintomas 
 
2 Esses autores também citam aminoácidos que funcionam sozinhos como neurotransmissores: 
o GABA (ácido gama-aminobutírico), que é o transmissor inibidor primário no sistema nervoso, 
operando em todo o cérebro; e o glutamato, que é o transmissor excitatório primário no sistema 
nervoso e está envolvido na transmissão neuronal. Além disso, cadeias de dois ou mais 
aminoácidos existem no cérebro e no corpo para modular a neurotransmissão. São os peptídeos, 
a colecistocina (CCK), as endorfinas e a substância P. 
 
 
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mais característicos do transtorno (delírios e alucinações). A maior parte das 
drogas úteis amortece a atividade da dopamina no cérebro, porém é preciso 
estar ciente, como sublinha Weiten (2010), que as evidências ligando a 
esquizofrenia a níveis altos de dopamina são cercadas de inconsistências, 
complexidades e problemas interpretativos. Ao nosso ver, cria-se aqui, como em 
todo o processo de medicalização, uma dialética entre o cuidado e a 
medicalização, ou seja, assumem-se as contribuições do modelo biomédico e 
usa-se o mesmo para dar fiança a qualquer prescrição, mesmo diante de 
inconsistências. Por mais bem intencionado que seja o profissional, ele “precisa 
seguir o modelo”. Parte-se do diagnóstico para o tratamento e do tratamento 
para o diagnóstico, como se apenas existissem o médico e o paciente. 
Ignacio e Nardi (2007) entendem que o dispositivo de medicalização se 
apresenta como estratégia de controle dos corpos e da população. O controle se 
dá pela dependência, assistencialismo e individualismo, características 
transportadas ao jogo de influências, como acontece em exemplos dados por 
Pombo (2017) quanto à promoção e mudança de diagnósticos. No Japão, 
especialistas foram contratados para trabalhar no país os conceitos de 
depressão e deantidepressivo. A linguagem da depressão entendida como 
“severa doença psiquiátrica” foi substituída por “alma com resfriado”, com a 
intenção de mostrar aos japoneses que a doença é tão simples e comum quanto 
um resfriado. Além disso, “ensinou-se” à população que os sintomas somáticos 
da ansiedade social podiam ser tratados com antidepressivos. O consumo deles 
aumentou consideravelmente, gerando a ideia de que ansiedade e depressão 
eram uma mesma doença. 
Outro exemplo dado pela autora foi o comercial televisivo do Paxil nos 
Estados Unidos. Por estar “lotado” o mercado de antidepressivos, a indústria 
farmacêutica conseguiu autorização para promovê-lo ao “mercado da 
ansiedade”. Pombo (2017) conta que a propaganda visava divulgar o tratamento 
do Paxil para o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), com o slogan 
“Paxil... sua vida está esperando”. Confira texto e detalhes do vídeo: 
“Se você é uma das milhões de pessoas que vivem com preocupação e 
ansiedade incontroláveis, e com vários desses sintomas [sintomas rolam na tela: 
preocupação... ansiedade... tensão muscular... cansaço... irritabilidade... 
inquietação... distúrbios do sono... falta de concentração...], você pode estar 
sofrendo de Transtorno de Ansiedade Generalizada, e um desequilíbrio químico 
 
 
9 
pode ser o responsável. Paxil atua para corrigir esse desequilíbrio e aliviar a 
ansiedade”. 
Tavares (2010) relata em sua experiência de psicólogo ser possível 
atestar inexistir na depressão pacientes isentos de intervenção medicamentosa, 
uma vez diagnosticados sob esse rótulo psicopatológico. 
No ambiente escolar, queixas comportamentais têm aumentado a 
estatística dos diagnósticos psiquiátricos na infância. As estratégias privilegiam 
práticas medicalizantes impactadas pela mídia em discursos biomédicos. Os 
psicofármacos são a categoria de remédios mais buscados, entre os quais a 
Ritalina e o Concerta, ambos com a substância metilfenidato, especialmente 
quando é apresentado o diagnóstico de Déficit de Atenção/Hiperatividade 
(TDAH). 
Ricci e Cini (2017) defendem que a utilização do tratamento 
medicamentoso pode reduzir alguns sintomas do TDAH, porém isso não é 
suficiente para ensinar novas habilidades de adequação social. O remédio 
controla sintomas, mas não resolve a questão comportamental e as dificuldades 
associadas (baixa autoestima, dificuldade de adaptação e outras). Além disso, 
existem as contraindicações e os efeitos colaterais graves, situações que 
poderiam ser evitadas com o ajuste. 
Ao nosso ver, assim como não podemos reduzir todos os problemas de 
saúde a processos medicalizantes, entre as formas de se lidar com tal desafio 
está a de evitar em nós mesmos os erros reducionistas. Não podemos reduzir o 
todo pela parte, tal qual acontece no ato de medicalizar com a posse de 
protocolos diagnósticos, prescrições e procedimentos médicos, dispensando-se 
o sujeito, a pessoa humana. Mesmo que sejamos limitados, dependentes, 
submissos, somos seres psicossociais, e uma forma de enfrentar nossas 
dificuldades é usando isso em nossas fragilidades, mirando-se na própria 
medicalização. 
As estereotipias e limitações desse modelo médico-centrado, que parece 
guiar-se pelo lema “psicofármacos para todos e para sempre”, se contrapõem às 
orientações mais modernas e socialmente atentas da atual Política Nacional de 
Saúde Mental que, apoiada na Lei n. 10.216/2002, preconiza uma atenção 
psicossocial atenta às complexidades e especificidades do sujeito em sofrimento 
psíquico. Não se pode desconsiderar que limitações e insuficiências na 
aplicação dessas diretrizes facilitem o desenvolvimento reducionista e pouco 
 
 
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responsável que implementa a medicalização sistemática dos usuários desses 
serviços (Ferrazza et al., 2010). 
TEMA 4 – RELAÇÃO ENTRE A NEUROPSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO 
A neuropsicologia abrange uma linha de conhecimento que envolve a 
análise biopsicológica e comportamental do educando. Estudos sobre a 
anatomia e a fisiologia do sistema nervoso central explicam, modelam e 
descrevem os mecanismos neuronais presentes no ensino-aprendizagem por 
meio da percepção, cognição, motricidade e emoções (Relvas, 2012). 
Aos educadores, é relevante uma base de saber sobre dificuldades 
apresentadas por alunos para avaliar adequadamente as necessidades e criar 
um plano educacional que atenda às necessidades. Isso não significa que o 
professor deva ser um exímio conhecedor do cérebro humano, estrutura 
responsável pelo núcleo de inteligência e aprendizagem do organismo. É 
incomum encontrar em sala de aula um docente que, por exemplo, saiba 
diferenciar claramente que capacidades ou comportamentos se referem a cada 
um dos hemisférios cerebrais. Não se espera também que ele entenda os 
circuitos neuronais interatuantes na estrutura cerebral que ajudem uma criança 
a brincar com isso ou aquilo ou que permitam ao estudante escolher o curso na 
universidade (Gazzaniga; Heatherton, 2005). 
Se o hemisfério esquerdo é o do raciocínio lógico, planejamento, 
matemática, atenção, memória de longo prazo e linguagem, e o direito refere-se 
a imaginação, intuição, compreensão, senso artístico e criatividade etc., a 
aplicabilidade desse tipo de conhecimento, entre outros, estaria no planejamento 
de atividades educacionais. Nessa continuidade, a neuropsicologia ajuda a 
desenvolver o pensamento crítico, a socialização e a resolução de conflitos, e 
treinamentos na área para educadores, legisladores educacionais, pais e 
comunidade educacional como um todo são importantes. 
Na concepção de quem escreve estas linhas, no domínio da 
neuropsicologia, a comunicação pedagógica do professor entra em conexão com 
as funções cerebrais de quem o vê, o escuta e com ele interage. O cérebro 
respondente do aluno responde aos estímulos à sua volta e fortalece algumas 
sinapses e enfraquece outras. A aprendizagem é, assim, o resultado do envio de 
mensagens entre os neurônicos e que produzem alterações químicas e 
estruturais no sistema nervoso de cada pessoa. 
 
 
11 
O processo de aprendizagem mostra-se desafiador à sua essência, o 
professor e ao seu ambiente, a sala de aula, o que, no entender de Relvas 
(2012), implica promover maior convergência entre ciência, ensino, 
aprendizagem e educação. 
O professor, ao estabelecer as estratégias de ensino em relação ao 
seu conteúdo em seus planejamentos, deve se sensibilizar que as suas 
turmas constituem em uma biologia cerebral, tal qual uma verdadeira 
ecologia cognitiva. Afinal, funcionam em movimentos ininterruptos de 
transformações intrínsecas e extrínsecas. É preciso que o professor 
perceba que, neurofisiologicamente, os alunos estão com os sistemas 
de sentidos biológicos muito estimulados e, por conseguinte, existe um 
movimento de conexões nervosas que nunca estancam. (Relvas, 
2012, p. 54) 
A simples menção do termo biológico no âmbito da neuropsicologia pode 
levar a pensar nos mesmos erros da medicalização, mas a direção é usar o 
conhecimento biológico para aplicá-lo a um processo histórico-cultural de 
facilitação da aprendizagem. O que conhecemos de uma parte (por exemplo, o 
cérebro) não é o todo (fenômenos psicossociais), mas, ao tomar pé de sua 
existência e funcionalidade, podemos reconhecer que o processo de 
aprendizagem de cada pessoa está associado à construção de pontes entre a 
objetividade e a subjetividade, entre o que observa e o observado que coexistem 
juntos, se humanizam e trocam saberes (Relvas, 2012). 
Ao nosso ver, a neuropsicologia aplicada às práticas pedagógicas não é 
um receituário pronto de ideias ou um laboratório de análises já elaboradas, mas 
uma visão integral e abrangente no ensino e na aprendizagem. Sua importância 
reside na preparação de professores para intervir em problemas de 
aprendizagem. Há sempre uma parcela de contribuição para processos 
medicalizantes quando o professor, diante de um aluno dificuldadeem 
conversar, prestar atenção ou controlar seus impulsos, simplesmente expressa: 
“este menino tem algum tipo de transtorno, é preciso levá-lo a um médico”. 
Voltamos a frisar não ser necessário um título de Ph.D. em psicologia ou em 
educação para ensinar. Espera-se o que Smith e Strick (2001) atribuem aos pais 
para os filhos: fazer o máximo com as capacidades que têm, encorajando-os a 
crer que podem superar obstáculos, com objetivos realistas, orgulho e 
responsabilidade. 
 
 
 
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TEMA 5 – PERSPECTIVAS NEUROPSICOLÓGICAS DA MEDICALIZAÇÃO DA 
EDUCAÇÃO 
Diante do aumento na produção e prescrição do metilfenidato no Brasil, 
Rici e Cini (2017) salientam que vivemos em um tempo em que “medicar” é mais 
fácil e prático do que “educar”. Dois fenômenos inter-relacionados se 
sobressaem: a medicalização e a patologização na infância (Cruz; Okamoto; 
Ferrazza, 2016). A neuropsicologia entra nesse contexto por ser uma área 
interdisciplinar que integra saúde e educação e de certa forma oferece subsídios 
para investigação das bases cerebrais do comportamento, sendo usada como 
instrumento para diagnóstico e intervenção em problemas apresentados. 
Informações biológicas estão presentes na neurociência, e isso é 
decorrência da sua finalidade de existir. Causas fisiológicas de dificuldades 
encontradas por estudantes no ambiente escolar são paredes prisionais que, 
como diz Monzée (2006), levam o indivíduo a ser forçado para o próprio bem a 
viver um diagnóstico médico alegando que ele sofre de uma malformação 
neurológica. Esse “diagnóstico médico” nem sempre se refere a um processo 
puramente médico. Professores internalizam a ideia de que há outros 
especialistas além de si mesmos para os problemas da escola, criando uma 
“legitimidade educacional”, em que lhes cabe apenas obedecer ao propósito de 
ensinar (cumprir horário, seguir o conteúdo programático e outros) e nenhuma 
responsabilidade com fracassos escolares. Isso, de alguma forma, habilita a 
maior medicalização escolar e institucionaliza a escola médica. 
No olhar neuropsicológico, ações, sensações, emoções e 
comportamentos decorrem da interação entre bilhões de células nervosas em 
múltiplos sistemas e subsistemas. De acordo com Monzée (2006), o cérebro 
regula todas as funções fisiológicas do corpo (respiração, circulação sanguínea, 
metabolismo, hormônios e outros) e garante a sobrevivência. Comportamentos 
diagnosticados apenas como déficits neurológicos têm efeitos prejudiciais ao 
indivíduo em sua dimensão de relacionamentos. O autor afirma que um déficit 
de saúde mental raramente é detectável usando sintomas como os diagnósticos 
biológicos objetivos, uma vez que também são utilizados processos avaliativos 
comportamentais (pistas) para rastrear condições psiquiátricas. 
Nesse contexto, acontece o risco de confusão entre pistas 
comportamentais e sintomas, e a ausência de marcadores biológicos pode levar 
 
 
13 
à exigência rápida de medicamentos nem sempre necessários. O risco amplia-
se com modos de intervenção estritamente médicos, em vez da observação de 
mudanças no ambiente escolar ou familiar. 
Ricio (2013) alerta para que, além da atenção ao contexto escolar ou 
familiar, a educação deve levar em conta o contexto político e social do qual as 
práticas de padronização e medicalização fazem parte, para não correr o risco 
de tornar a escola cada vez mais próxima do modelo capitalista de ação 
pedagógica carimbada pelo mercado. Acrescentamos a isso a visão sistêmica 
em que os pontos positivos do indivíduo podem ser buscados. 
NA PRÁTICA 
Na prática, a medicalização se vale da neuropsicologia para diagnosticar 
e medicalizar, justificando desequilíbrios neuroquímicos no indivíduo. Por outro 
lado, na escola, uma postura ativa dos professores apoiados na neuropsicologia 
ajuda a entender melhor as crianças com dificuldades de aprendizagem. Obter 
informações sobre o desenvolvimento físico, social e psicológico é de grande 
valia, bem como observações dos pais e observações formais (em atividades 
pedagógicas). Se o professor perceber problemas de aprendizagem, pode 
buscar a avaliação neurológica, não como uma forma de diagnosticar, mas de 
entender o aluno. 
FINALIZANDO 
Podemos finalizar este estudo pleiteando que a neuropsicologia não deva 
ser usada para medicalizar, mas para desmedicalizar, até porque teorias como 
a do desequilíbrio neuroquímico não possuem confirmação definitiva. Descrições 
neuropsicológicas (incompletas) baseadas no modelo médico escolar 
estigmatizam deficiências, a exemplo do que acontece na rotulação do TDAH. 
A neuropsicologia pode ser usada para verificar pontos fortes do 
indivíduo, e não a centralização nas deficiências. As escolas devem apoiar o 
desenvolvimento físico, cognitivo e emocional dos alunos, especialmente 
quando surgem desafios à saúde física ou mental. O saber neuropsicológico das 
dificuldades de aprendizagem deve ser usado para uma visão sistêmica do 
aluno. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ALMASAN, D. A.; GIMENEZ, R. M. Formas de tratamento do paciente 
esquizofrênico. Revista Científica Eletrônica de Psicologia, Garça, ano IV n. 
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