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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Ciências Biológicas LEVANTAMENTO DOS EFEITOS TERAPÊUTICOS DA AYAHUASCA E SUA UTILIZAÇÃO EM DOUTRINAS RELIGIOSAS Sarah Rodrigues Pessoa Orientadora: Prof.ª Sônia Regina de Melo Crespo Rio de Janeiro 2019 Sarah Rodrigues Pessoa LEVANTAMENTO DOS EFEITOS TERAPÊUTICOS DA AYAHUASCA E SUA UTILIZAÇÃO EM DOUTRINAS RELIGIOSAS Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Biológicas como requisito parcial para a conclusão do curso de graduação em Biologia (bacharelado) da Universidade Estácio de Sá. Orientadora: Prof.ª Sônia Regina de Melo Crespo Rio de Janeiro 2019 Sarah Rodrigues Pessoa AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me dar fortalecimento todos os dias. Aos meus pais que nunca mediram esforços para me ajudar. Em especial a minha mãe, pela preocupação e por estar presente constantemente na minha vida. Agradeço a todos os amigos que contribuíram para a realização desse trabalho, ressaltando aqui, minha querida amiga geógrafa Mariana Herreira que me ajudou na construção da monografia. Agradeço a orientadora Sônia Crespo, que sempre teve paciência comigo, e me orientou da melhor forma possível. ‘‘As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram os que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmo.’’ – Malcolm X RESUMO A Ayahuasca é uma bebida psicoativa conhecida por diversos nomes e utilizada por diversos grupos indígenas espalhados por toda a Amazônia e por grupos e religiões independentes no Brasil para fins religiosos. Na contemporaneidade, a bebida vem sendo estudada como uso terapêutico no tratamento da depressão e dependência. A partir da decocção de duas plantas, Banisteriopsis caapi e Psycotria viridis, origina-se a bebida. Respectivamente os princípios ativos mais importantes são as betacarbolinas (harmalina, harmina e tetraidroharmina), que são inibidoras reversíveis da enzima monoaminoxidase (MAO), que degradam o neurotransmissor de serotonina e a dimetiltriptamina (DMT), que atua nos mesmos receptores da serotonina e é metabolizada pela MAO. Quando essas substâncias são administradas juntas, promovem um aumento nos níveis de serotonina no cérebro, sendo que a regulação deste neurotransmissor está diretamente relacionada com o tratamento da dependência e depressão. No Brasil, a bebida é utilizada no contexto ritualístico dentro das doutrinas religiosas chamadas de Santos Daime, Barquinha e União do Vegetal . Embora tenha relatos positivos sobre a ingestão do chá, devemos levar em consideração a falta de informações sobre a segurança do uso e os possíveis efeitos indesejáveis que ainda não foram esclarecidos. Palavras-chaves: Ayahuasca; depressão; dependência química; psicoativos. ABSTRACT Ayahuasca is a psychoactive drink known by various names and used by various indigenous groups throughout the Amazon and by independent groups and religions in Brazil for religious purposes. In contemporary times, the drink has been studied as a therapeutic use in the treatment of depression and dependence. From the decoction of two plants, Banisteriopsis caapi and Psycotria viridis, originates the drink. Respectively the most important active ingredients are beta-carbolines (harmaline, harmine and tetrahydroharmine), which are reversible inhibitors of the enzyme monoaminoxidase (MAO), which degrade serotonin neurotransmitter and dimethyltryptamine (DMT), which acts on the same serotonin receptors and is metabolized by MAO. When these substances are administered together, they promote an increase in serotonin levels in the brain, and the regulation of this neurotransmitter is directly related to the treatment of addiction and depression. In Brazil, the drink is used in the ritualistic context within the religious doctrines called Santos Daime, Barquinha and União do Vegetal. Although there are positive reports about tea intake, we should take into account the lack of information on the safety of use and the possible undesirable effects that have not been clarified. Key word: Ayahuasca ; depression; chemical dependence; psychoactive. Lista de Figuras Figura 1. Ayahuasca ………………………………………………………………………… 11 Figura 2. Mestre Irineu Serra ……………………………………………………………….. 13 Figura 3. Mestre Daniel Pereira de Mattos …………………………………………………. 14 Figura 4. Mestre José Gabriel da Costa …………………………………………………….. 15 Figura 5. Banisteriopsiscaapi ………………………………………………………………. 17 Figura 6. Psychotriaviridis …………………………………………………………………. 18 Figura 7. Indígena no feitio do chá …………………………………………………………. 20 Figura 8. Os efeitos da Ayahuasca ………………………………………………………….. 22 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ………………………………………………………………….... 4 RESUMO …………………………………………………………………………………... 6 LISTA DE FIGURAS ……………………………………………………………………... 7 1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………. 9 2. METODOLOGIA …………………..………………………………………………..... 11 3. RESULTADOS .............................……………………………………………………. 13 3.1 DOUTRINAS RELIGIOSAS QUE UTILIZAM A AYAHUASCA……….........…..... 13 3.2 Banisteriopsiscaapi ……………………………………………………………………. 17 3.3 Psychotriaviridis ………………………………………………………………………. 18 3.4. USO PELOS INDÍGENAS, SEU MODO DE PREPARAÇÃO………………….........19 3.5. COMPOSIÇÃO QUÍMICA …………………......………………………………….... 20 3.6 EFEITOS APÓS A INGESTÃO DA AYAHUASCA ………………………………... 21 3.7 EFEITOS TERAPÊUTICOS DA AYAHUASCA ………………………....……….... 21 3.8. PESQUISA E LEGALIDADE ……….……....……………………………………......24 4. CONCLUSÕES ...................………………………..…………………………………..25 REFERÊNCIAS ............................…...………....….……………………………………...26 1. INTRODUÇÃO A dependência é um distúrbio psiquiátrico bastante divulgado e discutido, visto que o abuso de substâncias psicoativas é percebido pela sociedade moderna como um problema grave que afeta diretamente nossa realidade e a saúde pública (PRATTA et al.,2009). As substâncias psicoativas, também conhecidas como psicotrópicas, atuam no cérebro e regulam funções de humor e motivação (WHO et al.,2003). Paralelamente, existem estudos e evidências que sugerem que essas substâncias apresentam aplicações potenciais e podem ser ferramentas seguras e eficazes no tratamento da dependência. Deste modo, a Ayahuasca (Banisteriopsi caapi; Psychotria viridis) vem se apresentando como um possível tratamento utilizado na dependência e na depressão sendo seus componentes capazes de possibilitar novos estudos sobre sua eficácia terapêutica (WINKELMAN, 2014). A Ayahuasca (Figura 1) é uma bebida conhecida por diversos nomes, dentre os quais destaca-se: yagé, nepe, kabi, caapi e natema (MACRAE, 1998), cujo significado é aya: espírito, pessoa, alma, e waska: trepadeira, cipó, que poderia ser entendido como “cipó dos espíritos” (MARTINEZ, 2010). O chá alucinógeno é obtido a partir da decocção, ou seja, do cozimento de duas plantas primordiais, a Psychotria viridis, também conhecida pelo nome de chacrona ou rainha, pertencente à família Rubiaceae. E o Banisteriopsis caapi, também conhecido como Caapi ou Yagé, considerado um cipó nativo da Amazônia, pertencente à família das Malpighiaceae (ZUBEN, 2015). Figura 1. Ayahuasca. Fonte: Retreat Journal1. 1 Disponível em: <https://retreat.guru/journal/2123/ayahuasca-legality>. Acesso em 8 de Novembro de2019 https://retreat.guru/journal/2123/ayahuasca-legality 2. METODOLOGIA O presente trabalho tem como objetivo analisar o potencial terapêutico do uso da Ayahuasca para pessoas que sejam dependentes químicos e que sofrem de depressão. Para isso foi realizado o levantamento e revisão bibliográfica sobre a ayahuasca, sua tradição, efeitos dos principais componentes e as propriedades que as espécies botânicas estudadas possuem. Para produzir este trabalho, foram pesquisados artigos com data a partir de 1964, que foi o início dos estudos com a ayahuasca até o presente momento. 3. RESULTADOS 3.1 DOUTRINAS RELIGIOSAS QUE UTILIZAM A AYAHUASCA Na década de 1930, apareceram no Brasil às doutrinas religiosas que introduziram a ayahuasca como pilar ritualístico: o Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal (UDV). No contexto internacional, o uso do chá de ayahuasca é difundido em vários países da América do Sul e, nos últimos anos, existem adeptos nos Estados Unidos e em países europeus como Alemanha, Espanha, França e Inglaterra (TUPPER, 2008). O chá tem denominações diferentes no Brasil: ayahuasca, quando preparado pelos índios na floresta, Santo Daime, quando preparado na igreja do mesmo nome e oaska ou vegetal quando preparado pela União do Vegetal (TUPPER, 2008). E, Segundo Pipkin et al., (2009), essas religiões já chegam a 10 mil membros. O Santo Daime foi à primeira doutrina fundada no Brasil em Rio Branco – Acre, no ano de 1930, pelo maranhense e ex-seringueiro Raimundo Irineu Serra conhecido como curador (figura 2). A palavra Daime vem do verbo “dar” mais o pronome “me”, como um pedido: – “Dai-me força, dai-me luz” (LABETE ; ARAÚJO, 2002). No daimismo, existem várias técnicas como a “do nascimento e da obstetrícia” em que o chá é utilizado por grávidas como protetor e facilitador do parto. As mulheres desta religião ayahuasqueira, em geral, dão uma gota de Daime aos recém-nascidos que podem ou não continuar bebendo o chá ao longo da vida (LABETE E ARAÚJO, 2002). Muitos usuário relatam o reconhecimento da ação terapêutica da substância (PIRES et al., 2010). Figura 2. Mestre Irineu Serra. Fonte: Blog do Altino Machado, 20172. A Barquinha foi fundada no ano de 1945 por Daniel Pereira de Mattos, também chamado Mestre Daniel (figura3) . Considerada a menor das três religiões ayahuasqueiras, a Barquinha está praticamente restrita a cidade de Rio Branco (TROMBONI et al., 2003), na qual apresenta uma estrutura organizada e complexa que é formada através da influência de vários elementos, como: cristianismo, umbanda com os símbolos de pretos velhos, caboclos e, ainda o xamanismo (conjunto de manifestações, ritos e práticas presentes em inúmeras sociedades humanas e centralizadas na figura do xamã, em seu papel de intermediação entre a realidade profana e a dimensão sobrenatural) (OLIVEIRA, 2016). Segundo Oliveira (2009), a bebida é considerada pela maioria de seus adeptos como um sacramento, onde todas as linhas religiosas possuem um fator comum que é não classificar a ayahuasca como uma “droga”, mas sim como um sacramento, um ser divino. 2 Disponível em: <http://www.altinomachado.com.br/2017/12/mestre-irineu-serra-e-chico-mendes-ex.html>. Acesso em 8 de novembro de novembro de 2019. http://www.altinomachado.com.br/2017/12/mestre-irineu-serra-e-chico-mendes-ex.html Figura 3. Mestre Daniel Pereira de Mattos. Fonte:Jornal Grande Bahia, 20173. A União do Vegetal é a mais nova das doutrinas ayahuasqueiras, com o maior número de associados e a mais institucionalmente organizada (MACRAE, 2004). Seu fundador foi o baiano José Gabriel da Costa, em Porto Velho – Rondônia, em 1961 (figura 4). Com sede em Planaltina (Goiás) seus ensinamentos são baseados em uma doutrina cristã-reencarnacionista, permeada por elementos do espiritismo kardecista e de outras manifestações religiosas urbanas. Além disso, possui um caráter mais sóbrio e menos festivo (PIRES et al., 2010; COSTA et al., 2005). Os rituais são dirigidos pelo Mestre Geral, que é o representante homem do núcleo, não existindo mulheres nesta função. A UDV é uma organização composta por vários núcleos, cada um com uma organização altamente hierárquica de mestres, conselheiros, corpo instrutivo e outros. Os sócios têm compromissos sociais com a organização, não sendo permitido o uso de bebidas alcoólicas, tabaco, drogas ilícitas, delitos, bem como dançar ou assistir as cerimônias de outras religiões ayahuasqueiras. Existe uma rígida política de seleção dos autorizados a participar das cerimônias e os membros associados devem contribuir 3 Disponível em: <http://www.jornalgrandebahia.com.br/2017/08/sublimes-balancos-de-luz-a-barquinha-do-mestre- daniel-pereira-de-mattos/>. Acesso em 7 de novembro de 2019 monetariamente, o que torna a organização próspera, com uma preocupação em tornar o uso do chá socialmente aceitável e rejeitar as atividades de curas (MacRae, 2004). Figura 4. Mestre José Gabriel da Costa. Fonte: Jornal Grande Bahia, 20134. 4 Disponível em: <http://www.jornalgrandebahia.com.br/2013/06/para-todo-o-mal-cortar-a-espada-de-luz-de-jose- gabriel-da-costa/> Acesso em 7 de novembro de 2019 3.2 Banisteriopsis caapi Figura 5. Banisteriopsis caapi Conhecida também como Mariri, Cabi, Jagube, Caupurí, os estudos botânicos do B. caapi começaram entre os anos de 1849 e 1864 pelo inglês Richard Spurce, na qual se trata de um cipó robusto e lenhoso, que pode alcançar 10 metros de comprimento e 0,60 metros de diâmetro (GARRIDO e SABINO, 2009). Banisteriopsis caapi, liana de porte de médio a grande, alto-escandente, apresenta caules e ramos adultos revestidos de casca fina, áspera e arroxeados; partes novas sericeoalvotomentosas. Possui folhas opostas, oval-lanceoladas, as adultas glabras, abaxialmente; ápice acuminado e base obtusa, de ate 18 cm de comprimento e 7,5 cm de largura, pecíolo de 1 a 2,5 cm. Estípulas triangulares, glabras ou levemente seríceas. Inflorescência em panículas axilares nas extremidades dos ramos, alvocinereo- tomentosas, especialmente sobre os pedicelos e cálice; base dos ramos e râmulos providos de pequenas folhas bracteiformes, flores fasciculadas nas extremidades dos râmulos, róseas avermelhadas, com pétalas côncavas, glabras e franjadas nas margens. Pedicelos sésseis, ligeiramente seríceos ou tomento-seríceos. Sépalas seríceasadaxialmente, diminutamente tomentosa adaxialmente, elíptica, obtusa no ápice, todas sem glândulas ou com as sépalas laterais biglanduladas. Fruto esquizocárpico, composto de três samarídeos, cada qual com uma ala dorsal bem desenvolvida, espessada na margem superior, núcleo seminífero sem cristas, mas com ondulações ou aletas (ondulações maiores) proeminentes e cálice persistente (FLORESTAL, 2015). 3.3 Psychotria viridis Figura 6. Psychotria viridis. Fonte: Marco Gracie, 2019. Conhecida como Rainha, Chacruna, Kawa, Chacrona, é um arbusto da família Rubiaceae. O gênero Psychotria apresente caules roliços, ou levemente comprimidos, quando novos, geralmente glabros. Estípulas interpeciolares, persistentes ou decíduas, membranáceas, triangulares, deltoides, ovadas, obovada ou bífidas. Possui folhas opostas; lâminas geralmente elípticas, de dimensões variáveis, cartáceas ou papiráceas. Inflorescências paniculadas, corimbosas ou capituliformes, com ou sem brácteas concrescidas, terminais ou raramente axilares. Flores comumente hermafroditas, actinomorfas, geralmente pouco vistosas, pediceladas ou sésseis, frequentemente dimorfas. Cálice cilíndrico ou campanulado, de comprimento variável em relação ao comprimento da corola. Corola estreitoinfundibuliforme, curto-campanulada ou sub-rotada, valvar na prefloração, de comprimento variável, geralmentebranca ou creme, com abundante pilosidade na face interna, sobre a zona de inserção dos filetes; tubo curto, cilíndrico ou cônico; lobos 4-5 (6-7), às vezes reflexos, com ápices espessos, geralmente encurvados. Estames 4-5(6-7), inseridos no tubo da corola, igualando ao número de lobos da mesma, epipétalos, alternados com os lobos da corola, de comprimento variável; anteras elipsoides ou alongadas. Ovário em regra 2-locular. Óvulos um por lóculo, centralmente ou sub-basalmente inseridos. Disco inteiro ou partido na base. Estilete incluso, de comprimento variável; ramos estigmáticos 2, oblongos, lineares ou espatulados. Frutos drupáceos, globosos ou elipsoides, 2(3-5)-loculares, roliços ou costados, algumas vezes comprimidos lateralmente, brancos, vermelhos, azul-violáceos ou atropurpúreos quando maduros. Pirênios 2(3-5), plano convexos, com face ventral plana ou longitudinalmente sulcada (acompanhada pelo endocarpo), face dorsal convexa, lisa ou 3-5 costada. Sementes solitárias em cada pirênio, com endosperma abundante (DELPRETE et al., 2005). 3.4. USO PELOS INDÍGENAS, SEU MODO DE PREPARAÇÃO O chá da Ayahuasca consiste da infusão do cipó Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psycotria viridis. O uso - inicialmente restrito aos povos indígenas (figura 7) - passou a ser incorporado pelas civilizações e vilarejos da Amazônia Ocidental, surgindo o vegetalismo (medicina popular de civilizações rurais do Peru e da Colômbia, que mantém elementos antigos sobre plantas, absorvidos das tribos indígenas e influências do esoterismo europeu dos colonizadores) (LABATE e ARAÚJO, 2002). É provável que culturas pré-colombianas, sofisticadas na utilização de plantas psicotrópicas, tenham tido uma íntima relação com a ayahuasca e seu preparo. Sua utilização se disseminou por entre as tribos indígenas da Bacia Amazônica até o sul dos Andes, para fins ritualísticos (MCKENNA, 1998; COSTA et al., 2005). A ayahuasca, antes mesmo da colonização das Américas, já era utilizada por, aproximadamente, 72 tribos indígenas distintas da Bacia Amazônica, dentre elas os Kaxinawá, Yaminawa, Sharanawa, Ashaninka, Airo-pai, Baranara e outras de cultura xamã (COSTA, FIGUEIREDO; CAZENAVE, 2005). Ela é considerada pelas tribos como uma bebida sagrada em sua cultura religiosa, utilizada pelo pajé para aconselhamento, cura material e espiritual e reencontro com seus antepassados, fato este que ocorre até os dias atuais (CÁRDENAS; GÓMEZ, 2004; PEREIRA, 2003). Na cultura indígena, quando se está em um estado normal da percepção só é possível ver os corpos e suas utilidades, porém, nos estados alterados de consciência é que se defronta o outro lado da realidade, percebendo os espíritos que habitam as plantas e os animais e, que as tribos reconhecem, como "gente nossa" (LABATE e ARAÚJO, 2002). Nesse ponto, o consumo da Ayahuasca possibilita a percepção da igualdade entre os seres (LABATE e ARAÚJO, 2002; MACRAE, 1992). O estado de alteração da consciência induzido pelo chá está em relação direta com os sonhos. Perceber o lado oculto da realidade é a razão pela qual se sonha ou se ingerir o chá (LABATE e ARAÚJO, 2002). A ingestão da bebida seria, ainda, fundamental para o destino do índio depois da sua morte. Somente com o chá, o homem poderia perceber a separação entre o espírito e o corpo. Sem isso o corpo ficaria louco e não conseguiria alcançar a "aldeia celeste", que seria o destino final do espírito. E, também, somente com o chá se pode adquirir a força necessária para enfrentar "a luta espiritual com a onça gigante e não ser devorado por esta, que está no meio do caminho para a aldeia celeste" (LABATE e ARAÚJO, 2002). Figura 7. Indígena no feitio do chá. Fonte: Portal Mundo, 20195. 3.5. COMPOSIÇÃO QUÍMICA A B. caapi apresenta compostos alcalóides do tipo β-carbolina: a harmina, a tetrahidroharmina, que inibem a enzima monoaminoxidase (MAO), aumentando os níveis de 5 Disponível em: <https://portalmundo.com.br/cresce-o-numero-de-turistas-estrangeiros-vindo-ao-brasil-atras-do- cha-de-ayahuasca/>. Acesso em 7 de novembro de 2019 https://portalmundo.com.br/cresce-o-numero-de-turistas-estrangeiros-vindo-ao-brasil-atras-do-cha-de-ayahuasca/ https://portalmundo.com.br/cresce-o-numero-de-turistas-estrangeiros-vindo-ao-brasil-atras-do-cha-de-ayahuasca/ serotonina, dopamina e norepinefrina na fenda sináptica (Costa et al. 2005). Já as folhas da P. viridis apresentam a N,N-dimetriltriptamina (DMT). Um alucinógeno que atua como agonista para os receptores serotoninérgicos 5-HT1a, 1d, 1b e 5HT2a e 2c. A ingestão de DMT, também metabolizado pela MAO, geralmente altera a percepção da realidade com novas imagens mentais complexas (HOLMSTED e LINDGREN, 1967; MCKENNA e TOWERS, 1984; MCKENNA et al., 1984, 1990; DELIGANIS et al., 1991; STRASSMAN et al., 1994). Por ter ampla atuação em sistemas biológicos envolvidos na etiologia da depressão, acredita-se que esse chá apresente potencial antidepressivo (PALHANO-FONTE et al., 2014). Taylor et al. (2015) observaram aumento no transporte de serotonina em usuários do chá em rituais religiosos e os próprios usuários, em contextos religiosos, também apontam que a substância apresenta efeitos ansiolíticos (MENEGUETTI E MENEGUETTI, 2014). A ação da bebida se deve à interação das β-carbolinas com o DMT presentes nas plantas, que juntas potencializam as propriedades alucinógenas de ambas isoladas, levando-se em consideração que as β-carbolinas aumentem as concentrações de DMT podendo provocar distúrbios comportamentais, mas não morfológicas ou quantitativas das células nervosas (CORREA et al., 2014) 3.6 EFEITOS APÓS A INGESTÃO DA AYAHUASCA Os efeitos subjetivos consistem basicamente em visão de imagens com os olhos fechados, delírios parecidos com sonhos e sensação de vigilância e estimulação. É comum ocorrer concomitantemente hipertensão, palpitação, taquicardia, tremores, midríase, euforia e excitação agressiva (CAZENAVE, 2000). Náuseas, vômitos e diarreia são também comuns e podem estar associadas à ação no receptor 5-HT2 (KATZUNG, 1998), (figura 8). A Ayahuasca pode promover ilusões visuais, auditivas, olfativas e dos demais sentidos (LABIGALINI, 1998; CAZENAVE, 2000). 3.7 EFEITOS TERAPÊUTICOS DA AYAHUASCA O interesse na aplicação médica da ayahuasca aumentou nos últimos anos e muitos dos trabalhos a respeito incluem análises sobre propriedades antioxidantes, antimutagênicas e antigenotóxicas (MOURA et al., 2007). Estudos sugerem efeitos psicoterapêuticos e na reabilitação de doenças como alcoolismo (MCKENNA, 2004), comportamento violento, ansiedade fóbica e depressão grave (MCLLHENNY et al., 2011; GROB et al., 1996; HALPERN, 2004). Sugere-se também um potencial terapêutico bioquímico, já que há uma regulação do número de recaptação de serotonina em plaquetas sanguíneas (MCLLENNY et al., 2009). O abandono do vício alcoólico por usuários da ayahuasca é descrito em vários estudos (SANTOS et. al., 2006; GROB et. al., 2004; MCKENNA, 2004) onde foi possível averiguar que as pessoas não trocaram a dependência ao álcool por outra dependência (LABIGALINI, 1998), visto que a ayahuasca não causa dependência aos seus usuários. O transportador de monoamina vesicular é uma proteína de transporte integrado na membrana de vesículas sinápticas dos neurônios pré-sinápticos. Atua como transportador de monoaminas, tais como a serotonina, administrando a recaptação deste neurotransmissor a partir da sinapse, e é o local de ação da fluoxetina e outros inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Assim, o transportador de 5-HT está intimamente envolvido com síndromes como depressão e outros transtornos de humor, comportamento suicida, entre outros (ROY et al., 1991; TIIHONEN et al., 1997). Pires et. al. (2010) relatam que as informações relacionadasao uso de álcool podem ter sido prejudicadas, uma vez que as religiões proíbem seus membros de usarem qualquer substância psicoativa, porém os usuários relatam que abandonam o álcool por livre e espontânea vontade e não por obrigação. Figura 8. Os efeitos da Ayahuasca. Fonte : Jornal Extra, 20166. 6 Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/rio/cha-de-ayahuasca-usado-por-rian-brito-pode-levar- doenca-permanente-em-casos-raros-18834129.html>. Acesso em 8 de novembro de 2019 3.8 PESQUISA E LEGALIDADE No Brasil, surgiu em 1985, pela Divisão de Medicamentos do Ministério da Saúde (DIMED), a primeira política importante que classificava as plantas que compõe a ayahuasca como sendo substâncias proibidas que foram posteriormente listadas pela Portaria Nº 344/98 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (LABATE; FEENEY, 2012). Entretanto, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) aprovou em 2010 a regulamentação de práticas que utilizam a ayahuasca para fins religiosos (VOLCOV et al, 2011). Os processos de regulação no Brasil foram usados como ponto de partida para explorar temas regulatórios internacionais emergentes devido à expansão global do Santo Daime e da União do Vegetal. Ao longo dos últimos 20 anos, as religiões ayahuasqueiras brasileiras se estabeleceram nos EUA, Canadá, Japão, África do Sul, Austrália, e em toda a Europa e América Latina. Como resultado, muitas nações são confrontadas com o dilema de equilibrar os interesses destas minorias religiosas com a chamada "guerra às drogas", mesmo a ayahuasca não se enquadrando em tal característica (BAKER, 2012; LABATE; FEENEY, 2012; LABATE; 2012). O processo de regulamentação aplicado no Brasil exemplificou uma abordagem progressiva, visto que considerou questões de antropologia e envolveu representantes das religiões ayahuasqueiras (BAKER, 2012; LABATE; FEENEY, 2012; LABATE; 2012). 4. CONCLUSÕES Este trabalho trouxe uma revisão sobre o uso da ayahuasca, seja este ritualístico ou terapêutico, assim como o estudo dos seus componentes, que auxiliam na investigação de um possível efeito favorável no tratamento de pessoas com depressão e dependência. A Ayahuasca já era utilizada muito antes da colonização das Américas por diversas tribos indígenas da Bacia Amazônica, a maioria dos estudos e artigos se refere ao uso da ayahuasca, em um contexto ritualístico, como sendo eficaz por parte dos adeptos. Nos experimentos e estudos, a ingestão do chá oferece um aumento de serotonina no cérebro, onde o desprovimento desse neurotransmissor está associado a doenças, como por exemplo, depressão. Diversos estudos também deixam bem claros os efeitos psicoterapêuticos na reabilitação de doenças como o alcoolismo e potencial terapêutico bioquímico, pois ocorre regulação de serotonina em plaquetas sanguíneas. Embora tenha relatos positivos sobre a ingestão do chá, devemos levar em consideração a falta de informações sobre a segurança do uso e os possíveis efeitos indesejáveis que ainda não foram esclarecidos REFERÊNCIAS BAKER, J. R. The Internationalization of Ayahuasca. Journal of Psychoactive Drugs, v. 44, n. 5, p. 442-445, 2012. CÁRDENAS, Andrea V.; GÓMEZ, Augusto P. Consumo urbano de yajé (ayahuasca) en colombia. Revista Adicciones, v. 16, n. 4, p. 297-308, 2004. CAZENAVE, S.O.S. Banisteriopsiscaapi: ação alucinógena e uso ritual. Rev. Psiq. Clín., v. 27, n. 1, p. 1-6, 2000. CORREA, J.; AMORIM, V.; NOGUEIRA, D.; SOARES, E.; GUERRA, F.; FERNANDES, J.; JUNIOR, W.; ESTEVES, A. 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