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Da planta ao Fármaco

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DA PLANTA AO FÁRMACO: A DESCRIMINALIZAÇÃO DA CANNABIS SATIVA PARA O USO FARMACOTERAPÊUTICO NO BRASIL
Giovana de Oliveira Andrade[footnoteRef:1] [1: Acadêmica do 2° período do curso de Enfermagem da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX.] 
Camila Rodrigues Ribeiro[footnoteRef:2] [2: Acadêmica do 2° período do curso de Farmácia da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX.] 
Plácido Timóteo de Jesus Silva Júnior [footnoteRef:3] [3: Graduado em Farmácia e Bacharel em Direito. Especialista em Toxicologia e Hematologia. Professor do Curso de Farmacia e Enfermagem da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX.] 
Paulo Roberto de Azevedo Souza[footnoteRef:4] [4: Graduado em Tecnologia de Processamento de Dados. Mestre em Informática. Professor do Curso de Engenharia Civil da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX.] 
 
RESUMO
O presente artigo tem por escopo um exame crítico da possibilidade de descriminalização da maconha no Brasil para utilização farmacoterapêutica. Neste estudo analisa-se a planta cannabis sativa, no contexto hodierno em que as políticas criminalizatórias falharam, discutindo-se o seu potencial uso em saúde, isto é, como fármaco. Na abordagem diagnóstica parte-se do vegetal ao medicamento com um olhar farmacológico, perpassa-se de forma analítica pela seara da descriminalização da maconha e prospecta-se, a situação de licitude para o uso racional e terapêutico dos derivados de canabinoides. O objetivo de nossa análise crítica não é polemizar nesta seara já muito envolvida em deblateramentos, mas contribuir para levar um pouco de luz a este quadro panorâmico nacional envolto em altercações e fornecer uma visão da bioprospecçao farmacoterapêutica de forma elucidativa no contexto do uso medicamentoso da Cannabis sativa.
PALAVRAS-CHAVE: cannabis sativa; maconha; descriminalização; medicamento.
1. INTRODUÇÃO 
Desde as idades mais remotas, o homem buscou na natureza lenitivo e alívio para suas dores. Não à toa, relatos da utilização da planta Cannabis Sativa[footnoteRef:5] em prescrições terapêuticas remontam à aurora dos tempos, como no caso da Índia e da China antiga (HONÓRIO;ARROIO;SILVA, 2006). [5: No estudo em tela, utilizar-se-á indiscriminadamente o termo científico Cannabis sativa ou, genericamente, maconha. Termo criado pelo botânico Carolus Linnaeus de Estocolmo, Suécia. O vegetal cannabis possui três espécies: sativa, indica e ruderalis. Cientificamente, a cannabis sativa possui inúmeras denominações, variando de acordo com o órgão da planta e sua síntese química, dentre as quais se destacam: Haxixe, Fumo de Angola, Hemp, Ganja, Dagga, Sinsemilla, Bhang (Banguê), Kanaba, Chasra, Hash oil e Maconha ou Marijuana. Vale ressaltar que, além dos termos da academia, inúmeros nomes populares referem-se à maconha, tais como: diamba, cânhamo, rimba, liamba, fumo de preto, fumo do diabo e outros.] 
	Assim, neste artigo se analisa a cannabis sativa partindo-se da planta e chegando-se à possibilidade de sua utilização como fármaco. Prospectar-se-á neste estudo um horizonte do uso racional, no campo da saúde, para os derivados medicamentosos da cannabis sativa (popularmente conhecida como maconha). 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1 Visão contextual histórica da maconha 
A maconha, conhecida há pelo menos 10.000 anos e desde então utilizada com fins medicinais, caracteriza-se, segundo (Costa,2011), por ser uma planta nativa da Ásia da família da urtiga e lúpulo. O mais antigo documento de que se tem notícia, relativo ao cânhamo, é um manuscrito chinês do século XV a.C., chamado de RH-YA, descrevendo a planta sob a denominação de "MO". Em tal manuscrito, assinalava-se a existência de duas espécies, uma que produzia frutos (feminina) e outra que só produzia flores (masculina). O Zend-Avesta (séc. VI a.C.), faz parte das escrituras sagradas do zoroastrismo, registra as propriedades tóxicas do cânhamo (cadaneh) e de sua substância resinosa, e o livro IV dos Vedas se refere à planta chamando-a fonte da felicidade (vijahia) ou fonte de risos (ananda). A difusão do costume de fumar as folhas secas da planta começou no Oriente Médio, onde o uso do haxixe[footnoteRef:6], nome que lhe deram os mulçumanos, era prática muito comum (UNB, 2018). [6: No séc. XI, um séquito de homens, no Norte da Pérsia, era conhecido por sua extrema crueldade e pelas contínuas vitórias que obtinha. Estes grupos agiam sob efeito do haxixe e, devido ao vício, receberam a denominação de "Haschichins", donde se originou a expressão francesa "assassin" e o termo português "assassino".] 
	Depreende-se da numerosa literatura disponível que o conhecimento da maconha pelo homem sempre foi baseado em ritualismos, seja na preparação de utilitários, seja na alimentação ou espiritualidade (LUCENA, 2012). Ela faz parte, por exemplo, da religiosidade dos sadhus (homens santos) seguidores de Shiva, o deus que segundo os textos védicos trouxe a planta do Tibet. No Brasil, segundo Luiz. M de Sá (1981), acredita-se que ela foi introduzida pelos negros trazidos da África para fins de trabalho escravo, sendo que as sementes de cânhamo (a palavra maconha em português seria um anagrama da palavra cânhamo, conforme mostra a Figura 1.) eram conduzidas em bonecas de pano amarradas nas pontas das tangas; deste modo, em terras brasileiras o uso não medicinal disseminou-se nos séculos XVII e XVIII (DE SÁ,1981 apud SAAD 2013).
[footnoteRef:7] [7: Carlini, E. A. – A história da maconha no Brasil; 2006. Figura – 01: imagem retirada e Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047-20852006000400008&script=sci_arttext. Acesso em 01 de agosto de 2018.] 
	As fibras do cânhamo, uma das formas de Cannabis sativa, foram introduzidas pelos portugueses, de modo que as velas e cordas das primeiras embarcações portuguesas eram confeccionadas de cânhamo. No final do século XVIII, o uso recreacional disseminou-se entre negros e índios. Até então, o consumo não era foco da atenção da elite dominante branca, por ser comumente consumido pelas camadas sociais menos favorecidas. Mas, a partir do século XIX, a Cannabis sativa começou a ser citada em tratados médicos e catálogos de produtos farmacêuticos, além da divulgação e difusão do seu uso hedonístico.
	Há ainda uma teoria acerca da origem da maconha, como autóctone, a qual defende que ela existisse junto a populações indígenas na Amazônia e que estas já a utilizavam, de forma medicinal, no preparo de chás e pós pelos pajés, bem como nas cerimônias religiosas, com o intuito de manter contatos com o mundo espiritual (MONTEIRO,1965 apud GONTIÈS; ARAÚJO 2003).
	Carlini, (2006) aponta “diálogo de Garcia da Orta (1891), escrito após a descoberta do Brasil, que faz menção ao Sultão Badur que, em conversa com Martim Afonso de Souza, relatava que à noite quando queria ir a Portugal, ao Brasil, à Turquia, à Arábia e à Pérsia, não fazia outra coisa senão comer um pouco de bangue ou maconha”.
	As restrições proibitivas ao uso da Cannabis sativa no Brasil datam do período monárquico, possivelmente acompanhando as tendências da legislação e ciência internacional. Em 1800, o general francês Napoleão Bonaparte proibiu o consumo de cânhamo e o uso de haxixe no Egito, época também das medidas governamentais de controle do ópio na China que culminariam na “guerra do ópio”, 1840-1842 (GONTIÈS; ARAÚJO 2003).
É fato que o Brasil foi um dos primeiros países a elaborar leis e ações de combate à maconha. Tais normas estavam impregnadas de preconceito, discriminação racial e social (SAAD, 2013). A proibição absoluta do plantio, cultura, colheita e exploração por particulares da maconha, em todo território nacional, ocorreu em 25/11/1938, através do Decreto-Lei n° 891 do Governo ditatorial de Getúlio Vargas (CARLINI, 2006). 		
	O Brasil aderiu ao modelo internacional, proibicionista, da Convenção Única de Entorpecentes, da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1961, e manteve em vigor por 30 anos, de 1976 até 2006, a mesma norma de drogas, que previa pena privativa de liberdade para usuários e traficantes. A partir de2006, entrou em vigor a lei nº 11.343, com a pseudocaracterística de despenalizar o usuário de drogas e tornar mais rígida a punição para traficantes, mas sem deixar claros, segundo os artigos aqui selecionados, os critérios usados para a distinção entre usuários e traficantes (SUGASTI, 2013).
2.2 A farmacognosia da maconha
	Define-se farmacognosia como a aplicação simultânea de várias disciplinas científicas, no intuito de conhecer determinados princípios farmacológicos sob todos os aspectos possíveis (SBFGNOSIA, 2009). É, assim, ciência multidisciplinar que se endereça ao estudo das propriedades físicas, químicas, bioquímicas e biológicas dos fármacos ou dos fármacos potenciais de origem natural (seja animal ou vegetal), assim como à busca de novos fármacos a partir de fontes naturais.
	A Cannabis sativa é um arbusto da família Moraceae, conhecido pelo nome popular de “cânhamo da Índia”, o qual cresce principalmente em regiões intertropicais e temperadas do globo terrestre. É uma planta dióica, ou seja, tem espécimes masculinos e femininos. A planta masculina geralmente morre após polinizar e fecundar a planta feminina. As folhas e inflorescências, principalmente da planta feminina, secretam uma resina que contém princípios ativos chamados canabinóis (compostos canabinoides). Dos quase 60 canabinóis, o isômero (–) do delta-9-tetra-hidrocanabinol, THC, é o principal responsável pelas atividades psicofarmacológicas da planta. Sementes, galhos e raízes quase não contêm THC[footnoteRef:8]. Além das características genéticas da planta, clima, solo, tipo de plantio e cultivo influenciam o quimismo do vegetal, bem como o teor de THC. A planta é colhida, seca e, finalmente, usada para ser fumada como cigarros (baseado, beck, fininho, soro etc.) ou cachimbos d’água (narguilé). Nestes, a fumaça é resfriada passando por líquidos perfumados. Preparações sob a forma de doces e bolos também são encontradas (SEIBEL, 2010). [8: O THC (conhecido segundo uma anterior convenção de nomenclatura como delta - 1-THC) foi isolado na forma pura pela primeira vez em 1964 por Raphael Mechoulam, Yechiel Gaoni e Habib Edery no Instituto Weizmann em Rehovot, Israel, através de extração a partir do haxixe com éter de petróleo, seguido de repetidos ensaios cromatográficos.
] 
	Os estômatos são orgânelas celulares com função de realizar trocas gasosas entre uma planta e o meio ambiente. Na Cannabis sativa L, localizam-se na epiderme inferior, ao passo que as glândulas encontram-se predominantemente nas inflorescências femininas e são formadas por arranjo celular disposto em prato e envolvidas pela cutícula distendida de secreção acumulada. Estas células apresentam triciomas[footnoteRef:9], que, em sua base, possuem inclusões com cristal de carbonato de cálcio denominadas cistólito. É importante ressaltar que não é apenas nas glândulas que se encontram os canabinoides; a droga é constituída, também, pelas extremidades floridas masculinas ou femininas e pelas folhas desenvolvidas secas (COSTA,1970 apud GOMES; SOUZA 2007). Sua resina, conhecida como haxixe, é encontrada na forma de um extrato alcoólico, devido a seu processo de extração, onde, da destilação por arraste a vapor da planta, separam-se os óleos essenciais. Na sequência, realiza-se uma extração alcoólica e uma nova destilação, que elimina o álcool usado como solvente. Ao resíduo final, adiciona-se uma solução aquosa alcalina, para se eliminarem os ácidos, e, assim, obtém-se a resina, insolúvel em água, mas solúvel em álcool, o que indica que a molécula é lipofílica. Justamente em decorrência dessa característica, os solventes ideais para a extração dos compostos da Cannabis são o éter de petróleo e o clorofórmio (COSTA, 1972 apud GOMES; SOUZA, 2007). [9: Tricomas ou triciomas são apêndices da epiderme presentes em diversos órgão das plantas, constituindo seu indumento. Podem ser estruturas unicelulares; formadas por células em série; ou estruturas complexas com células especializadas, simples ou ramificadas. Podem ter origem no mesofilo ou nas epidermes. De maneira geral, são vistos como "pelos" ou pequenas "escamas" na superfície de folhas e caules. Cannabis sativa L., una planta singular. Disponível em: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-01952014000400004
] 
	Assim, chega-se à ilação de que, por meio de cientificidade, pode-se laborar com finalidade de tornar a Cannabis sativa um vegetal com perspectivas benéficas para a humanidade. 
2.3 A farmacologia dos canabinoides
	Primeiramente iremos abordar o ramo desta ciência conhecido por farmacocinética, segundo KATZUNG, 2006, é o trajeto que o fármaco faz no organismo. Não é o estudo do seu mecanismo de ação, mas sim das etapas pelas quais a droga passa desde a administração até a excreção, que são: administração, ab0sorção, biotransformação, biodisponibilidade e excreção. Note-se também que, uma vez que se introduza a droga no organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea, sendo essa divisão apenas de caráter didático (KATZUNG, 2006).
	Já se verificou que, quando fumado o THC, um dos 60 canabinoides presentes na cannabis sativa, considerado o maior constituinte psicoativo da maconha, 30% seus são destruídos pela queima, sendo 20 a 40% perdidos com a fumaça. Em função de sua alta lipofilia, o THC restante é rapidamente absorvido e difunde-se dos pulmões para a corrente sanguínea e atinge um pico de concentração cinética em torno de 15 a 45 minutos após ter sido inalado. A via de administração parenteral, intravenosa, é muito rara por ser inadequada, já que a cannabis não é solúvel em meio aquoso (VIVAVOZ, 2008). 
	Nessa linha, BONFÁ, VINAGRE, FIGUEIREDO(2008), teorizam que os canabinoides, in natura, poderiam ser administrados por várias vias. Porém, devido à sua alta lipossolubilidade, necessitam de um veículo que permita sua administração em meio aquoso. A farmacocinética do THC varia em função da via de administração. A apresentação oftálmica tópica ou pela mucosa nasal seria possível; não obstante, essa preparação do THC tende a ser vesicante. A absorção cutânea em adesivos, por impregnação da erva, poderia ser muito devagar e não aplicável terapeuticamente. A absorção por via oral é variável e demorada, com o início dos efeitos em geral levando de meia hora à uma hora e sua máxima intensidade ocorrendo entre duas e três horas após a ingestão. Pode ser utilizado em massa de bolo ou biscoito para ingestão. A presença de alimentos e a ação do suco gástrico influenciam na concentração do plasma, aumentando sua biodisponibilidade. A metabolização ocorre no fígado. A via retal (supositórios) costuma ser irregular, mas poderia apresentar uma absorção mais rápida por chegar diretamente à circulação sistêmica. A via endovenosa seria plausível com uma formulação para liofilizá-la, o que seria necessário em razão de sua baixa solubilidade em água. Ela pode ser consumida por inalação, fumada em cigarro ou cachimbo especial, preparados manualmente a partir das folhas secas, flores e pequenos caules da planta. Normalmente, um cigarro contém entre 0,5 g e 1 g da erva que veicula cerca de 20 mg de THC. O fumo é o método mais conhecido e a melhor forma de administração para os canabinoides. A maioria do THC inalado, desse modo, é sob a forma de ácido tetrahidrocanabinólico, que, por causa da zona de combustão do cigarro, é convertido em THC livre e volátil, sendo inalado com a fumaça e indo diretamente para o pulmão e, daí, pela circulação, para o encéfalo. Os efeitos em geral são imediatos, alcançando o máximo de ação em 20 a 30 minutos após o uso, podendo durar por duas a três horas (BONFÁ;VINAGRE;FIGUEIREDO,2008). 
O THC pode ser inalado sem ter sido levado à combustão por meio de um vaporizador, aparelho recomendado, sobretudo para doentes debilitados, que o consomem com fins de tratamento médico. Pela sua alta lipossolubilidade, atravessa com rapidez a membrana alveolar, entrando no sangue pelos capilares pulmonares e daí sendo levado rapidamente ao coração e bombeado diretamente no sistemanervoso; desse modo, o pico de ação pode ser tão rápido quanto uma injeção venosa. A meia-vida de eliminação do THC pode ser maior que 48 horas, o que explica por que seus metabólitos são encontrados no plasma e na urina até mesmo dias após seu consumo (BONFÁ;VINAGRE;FIGUEIREDO, 2008).
	Secundariamente aborda-se outro ramo da farmacologia, a farmacodinâmica (KATZUNG, 2006), que é o estudo do efeito da droga nos sistemas orgânicos (tecidos). À semelhança do que tinha ocorrido com os opioides, na descoberta das endorfinas, houve uma verdadeira revolução, neste campo, nos últimos anos. Foram descobertos receptores específicos tanto centrais, ou principalmente centrais, como periféricos do THC. Os receptores foram encontrados no cérebro; como exceção, também foram localizados nas gônadas sexuais (KATZUNG, 2006). 
	Quanto à teoria dos receptores, é basilar uma explicação. As drogas produzem efeitos terapêuticos em decorrência de suas interações com moléculas existentes no indivíduo. As drogas atuam, em sua maioria, ao associar-se a macromoléculas específicas, alterando suas atividades biofísicas ou bioquímicas. Essa noção, que surgiu há mais de um século, está englobada no termo receptor: o componente de uma célula ou organismo que interage com uma droga e dá início à cadeia de eventos bioquímicos e leva aos efeitos observados da droga (KATZUNG, 2006). 
	Os receptores de THC do cérebro se distribuem por várias regiões, com maior densidade naquelas que correspondem a algumas ações conhecidas da maconha. Estes receptores estão praticamente ausentes no tronco cerebral, medula e tálamo. Isto explicaria a ausência de efeitos graves agudos da maconha em sistemas vitais, como o respiratório e o cardiovascular. O contrário ocorre com o álcool e com os opiáceos. Mais surpreendente ainda foi a descoberta de um ligante endógeno, que, à semelhança do THC, embora de forma menos potente, se ligaria a estes receptores. A este “canabinoide” endógeno foi dado o nome de anandamida (do sânscrito indiano “ananda”, que traz contentamento interno e tranquilização). Ou seja, à semelhança de outros sistemas de neurotransmissores, como o serotoninérgico, dopaminérgico e colinérgico, parece existir no cérebro um sistema canabinoide, o qual provavelmente interage de forma modulatória com os citados sistemas clássicos de neurotransmissores. Quanto aos receptores periféricos, eles estão localizados predominantemente no baço. Uma hipotética função imunológica destes últimos não foi ainda confirmada (SEIBEL, 2010).
	Mostra-nos, Bertram Katzung, que o THC afeta o cérebro ao ativar um receptor de canabinoide com alta especificidade, o CB1. Este receptor é expresso em várias regiões do encéfalo e em altos níveis. Foram identificados outros neurotransmissores, inclusive a anandamida, como ligantes do CB1. Esses ligantes não são armazenados, como ocorre com os neurotransmissores clássicos, porém são rapidamente sintetizados por neurônios em resposta à despolarização e ao consequente influxo de cálcio. Ao contrário dos neurotransmissores clássicos, os canabinoides endógenos atuam como mensageiros sinápticos retrógrados: são liberados dos neurônios pós-sinápticos e seguem um percurso retrógrado por meio das sinapses, ativando os receptores CB1 nos neurônio pré-sinapticos e suprimindo a liberação de transmissores. 
	 Nos últimos anos, foram sintetizados vários compostos canabinoides. Tais como: os princípios ativos THC e canabidiol, usado em pacientes com dor oncológica, neuropática e esclerose múltipla. É comercializado no Canadá, onde seu uso foi aprovado. Atualmente também há no mercado o THC sintético denominado dronabinol (Marinol®), que, administrado na dose oral, resulta em significativa redução da pressão intraocular no glaucoma. A pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) e com câncer terminal e síndrome de anorexia-caquexia foi indicado o dronabinol para aumentar o apetite e manter peso. Testes com nabilona, outro canabinoide sintético, foram realizados para avaliar a eficácia terapêutica por vias oral e sublingual em pacientes com dor secundária e esclerose múltipla, lesão do plexo braquial, dor ciática, neuralgia do trigêmeo, dor orofacial e neuropatia periférica. Produziu efeitos em 30% dos pacientes que relataram melhora da qualidade do sono, ansiedade e espasmos musculares. A nabilona (Cesamet®) é liberada para uso no Canadá. Com indicação para alívio da dor neuropática crônica, refratária a tratamentos analgésicos convencionais, ainda apresenta efeito antiemético em pacientes oncológicos. Há também um análogo canabinoide, o levonantradol, que tem atividade analgésica. Assim como o dexanabinol, usado para o tratamento do choque endotóxico, isquemia e traumatismo craniano. As pesquisas em farmacologia caminham com o foco em sintetizar canabinoides que trabalhem em sinergia com opióides para a redução da dor, nem como com foco em encontrar mecanismos para aumentar o poder antioxidante e imunológico, impulsionando sínteses com qualidade de canabinoides e criando drogas que bloqueiam os receptores CB (BONFÁ;VINAGRE;FIGUEIREDO, 2008). 
	Depreende-se que a Cannabis sativa abre um leque de potenciais estudos em medicina. Vislumbra-se, no eventual processo de descriminalização, que conglomerados da indústria farmacêutica possam investir intensamente em remédios derivados da maconha com maior comodidade de administração, eficácia e eficiência intrínseca terapêutica (SEIBEL, 2010).
2.4 O uso terapêutico e descriminalizado da maconha
	A descriminalização é um mecanismo administrativo que se dá por meio de controles e regulamentos normatizados. Por descriminalização entende-se a retirada de sanções penais para a pequena cultura e uso pessoal da droga, não sua legalização (remoção de todas as penalidades relacionadas à droga). Assim, a descriminalização seria um mecanismo de controle eficiente no sentido de respeitar o cidadão em sua integridade física e moral (ASSUMPÇÃO, 2005). 
	Hodiernamente, a proibição das drogas é estruturada pelas três convenções realizadas pela ONU e corroborada pela América do Norte: a convenção de 1961, The Single Convention on Narcotic Drugs; a emenda de 1972 suplementada pelo tratado antidrogas de 1971, The Convention on Psychotropic Substances; e, em 1988, a The United Nations Convention Against Illicit Traffic in Narcotic Drugs and Psychotropic Substances. A abordagem é de proibição em todas elas. É fático que as políticas proibitivas da maioria dos países foram moldadas a partir das convenções da Organização das Nações Unidas (CARLINI, 2006).
	O conjunto de circunstâncias em que a maconha está envolta é de falácias e preconceitos. Há o usuário, que figura no uso recreativo, e o dependente, com quadro patológico. Boa parte dos usuários de maconha não se converte em dependente; entretanto, é adepto da utilização recreativa da maconha, por isso é basilar diferenciar o uso recreacional do patológico. Entende-se que o usuário deve ter sua liberdade individual protegida e é importante tratar do doente pelo prisma da saúde, auxiliando o dependente químico, como se faz com o alcoólatra, o fumante ou com aquele que abusa dos benzodiazepínicos ou de opióides e outros medicamentos controlados. Imaginemos o álcool: o seu uso descomedido causa mais imbróglios à sociedade que a própria maconha, enquanto seu uso recreacional é socialmente aceito. Boa parcela de nossa população consome álcool, porém nem todos são alcoólatras. Entende-se que a maconha é uma planta com uma quantidade enorme de possíveis fármacos e alguns com comprovada eficácia e eficiência terapêutica (SEIBEL, 2010).
	Infelizmente, os problemas decorrentes do uso da cannabis advêm frequentemente mais da aproximação legal punitiva (ou disfarçadamente punitiva) utilizada do que do efeito em si da mesma. Para justificá-la, é frequente a afirmação de que a maconha faz mal, induz à loucura, ao crime, e assim por diante. Conhecimentos científicos parciais, muitas vezes influenciados por interesses e preconceitos políticos, sociaise religiosos, são magnificados (SEIBEL, 2010).
	Nesse conjunto de ideias, entende-se ser basilar, debruçar-se sobre o processo de dispensação farmacêutica de produtos controlados. O prescritor diante do quadro patológico deve escolher a terapêutica com o escopo de maximizar o efeito benéfico no tratamento e minimizar os resultados toxicológicos causados pela droga. Em nosso país, a dispensação e a prescrição de drogas controladas são reguladas por norma administrativa, segundo a legislação sanitária, portaria n° 344 de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde, pela qual substâncias psicotrópicas controladas, utilizadas como remédios (tarja preta), são dispensadas sob prescrição do profissional de saúde e só podem ser dispensadas com retenção da notificação de receita do tipo - B (receita azul).(GALATO, 2008)
	 A regulação nessa seara ocorre com aplicação de ferramenta eletrônica, o SNGPC (Sistema Nacional para Gerenciamento de Produtos Controlados) [ANVISA, 2018]. Esse sistema privilegia a adoção de padrões na transmissão de dados proporcionando meios de realizar a escrituração das movimentações de forma totalmente digital; há integração com os sistemas de gerenciamento já existentes nas farmácias. (ANVISA, 2018)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconheceu a Cannabis sativa como planta medicinal. E esta foi incluída na Lista Completa das Denominações Comuns Brasileiras (DCB), que define os nomes oficiais de fármacos, princípios ativos, plantas medicinais e outras substâncias de interesse médico no país, publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 05 de maio de 2017, na Resolução nº 156. Essa resolução não modifica as normativas inerentes à maconha no país. Portanto, não libera seu uso medicinal, tampouco muda a legislação penal que restringe o porte e o uso da maconha em todo território nacional. Entretanto, formaliza os derivados canabinoides como componentes em medicamentos a serem produzidos no Brasil e exportados, viabilizando futuras regulamentações de seu uso em tratamentos médicos. Também autorizou a prescrição de RSHO® para o tratamento de paciente portador da doença de Alzheimer. Foi a primeira vez que um medicamento de óleo de cânhamo, rico em canabidiol (CBD), foi utilizado para o tratamento da doença no país. Também já existem decisões da Justiça brasileira que autorizam famílias a cultivar maconha para tratar doenças. A agência autorizou a prescrição e manipulação de medicamentos à base de Cannabis. A autorização permitiu que empresas registrem no país produtos com canabidiol e tetrahidrocanabinol como princípio ativo. A Anvisa também permite a importação, por meio de procedimentos administrativos e burocráticos, de suplementos à base de Cannabis para o tratamento dos que sofrem de epilepsia refratária (desordem cerebral que gera convulsões repetidas), doença de Parkinson, dor crônica (incluindo dor de cabeça da enxaqueca), transtorno de stress pós-traumático, déficit de atenção e déficit de atenção e hiperatividade, autismo, esclerose múltipla e dores provenientes do câncer (na recuperação pós-quimioterapia). No exterior, o canabidiol já é utilizado para o tratamento de doenças em mais de quarenta países, entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Israel e México. No Brasil, o medicamento com Cannabis em sua fórmula é o Mevatyl, que contém substâncias extraídas da Cannabis, mas não a planta em si. Ou seja, o Mevatyl é obtido a partir de extratos isolados da Cannabis. O produto é indicado para o tratamento de adultos que tenham espasmos relacionados à esclerose múltipla. (ANVISA, 2017)
	 
3. METODOLOGIA 
A metodologia adotada foi à pesquisa bibliográfica e documental em obras de conteúdo técnico, artigos de revistas especializadas, publicações na internet e consultas à legislação nacional, Pubmed, Scielo, Bireme, pertinente ao assunto, estabelecendo-se uma abordagem sobre a utilização da maconha, contextualizando-a no panorama da realidade jurídico-sanitária nacional, com os avanços farmacológicos que permitem o uso racional, eficaz e seguro dos canabinóides como medicamentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo as ciências farmacêuticas, os derivados canabinoides tem elevado potencial farmacoterapêutico, embora a Cannabis sativa possa ser danosa à saúde. O prescritor, diante do quadro patológico, deve escolher a terapêutica com o escopo de maximizar o efeito benéfico no tratamento e minimizar os resultados toxicológicos causados pela droga, promovendo o uso racional dos medicamentos que podem causar dependência física e/ou psíquica. 
	Assim sendo, depreende-se que urge uma mudança de todo o sistema proibicionista no Brasil, a começar pela descriminalização da maconha para o uso medicinal, colocando os derivados canabinoides, sob regulação sanitária; com o SNGPC em atividade, teremos um controle epidemiológico sem maiores problemas.
	Pode-se, ainda, fazer uma analogia entre a maconha (cannabis sativa), da qual se extrai delta-tetrahidrocanabinol e canabidiol, com a papoula (papaver somniferum), da qual se extrai a morfina (segundo portaria n° 344, lista – A1, sujeita a notificação de receita - A), que tem seu uso controlado no Brasil e é um potente analgésico. Não obstante isso, prosseguindo-se nesta análise, quanto à maconha e suas substâncias, com um considerável potencial para uso medicinal, ainda não há produção de medicamentos derivados em nosso País. Deduz-se do quadro em tela haver ausência de motivação política e falta de celeridade burocrática para otimizar a síntese dos fármacos canabinoides. É louvável a iniciativa legislativa, em que tramita no Senado Federal o PLS 514/2017, que altera o art. 28 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, para descriminalização do cultivo da cannabis sativa para uso pessoal terapêutico. 
 
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DA PLANTA AO FÁRMACO: A DESCRIMINALIZAÇÃO DA CANNABIS SATIVA 
PARA O USO FARMACOTERAPÊUTICO NO BRASIL 
 
Giovana de Oliveira Andrade
1 
Camila Rodrigues Ribeiro
2 
Plácido Timóteo de Jesus Silva Júnior 
3
 
Paulo Roberto de Azevedo Souza
4
 
 
 
RESUMO 
O presente artigo tem por escopo um exame crítico da possibilidade de 
descriminalização da maconha no Brasil para utilização farmacoterapêutica. Neste 
estudo analisa-se a planta cannabis sativa, no contexto hodierno em que as políticas 
criminalizatórias falharam, discutindo-se o seu potencial uso em saúde, isto é, como 
fármaco. Na abordagem diagnóstica parte -se do vegetal ao medicamento com um 
olhar farmacológico, perpassa-se de forma analítica pela seara da descriminalização 
da maconha e prospecta-se, a situação de licitude para o uso racional e terapêutico 
dos derivados de canabinoides. O objetivo de nossa análise crítica não é polemizar 
nesta seara já muito envolvida em deblateramentos, mas contribuir para levar um 
pouco de luz a este quadro panorâmico nacional envolto em altercações e fornecer 
uma visão da bioprospecçao farmacoterapêutica de forma elucidativa no contexto do 
uso medicamentoso da Cannabis sativa. 
 
PALAVRAS-CHAVE: cannabis sativa; maconha; descriminalização; medicamento. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 Desde as idades mais remotas, o homem buscou na natureza lenitivo e alívio 
para suas dores. Não à toa, relatos da utilização da planta Cannabis Sativa
5
 em 
prescrições terapêuticas remontam à aurora dos tempos, como no caso da Índia e 
da China antiga (HONÓRIO et al., 2006). 
 
1
 Acadêmica do 2° período do curso de Enfermagem da da Faculdade Vértice Trirriense – 
UNIVÉRTIX.. 
2
 Acadêmica do 2° período do curso de Farmácia da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX. 
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 Graduado em Farmácia e Bacharel em Direito. Especialista em Toxicologia e Hematologia. 
Professor do Curso de Farmacia e Enfermagem da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX. 
4
 Graduado em Tecnologia de Processamento de Dados. Mestre em Informática. Professor do Curso 
de Engenharia Civil da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX. 
5
 No estudo em tela, utilizar-se-á indiscriminadamente o termo científico Cannabis sativa ou, 
genericamente, maconha. Termo criado pelo botânico Carolus Linnaeus de Estocolmo, Suécia. O 
vegetal cannabis possui três espécies: sativa, indica e ruderalis. Cientificamente, a cannabis sativa 
possui inúmeras denominações, variando de acordo com o órgão da planta e sua síntese química, 
dentre as quais se destacam: Haxixe, Fumo de Angola, Hemp, Ganja, Dagga, Sinsemilla, Bhang 
(Banguê), Kanaba, Chasra, Hash oil e Maconha ou Marijuana. Vale ressaltar que, além dos termos da 
academia, inúmeros nomes populares referem -se à maconha, tais como: diamba, cânhamo, rimba, 
liamba, fumo de preto, fumo do diabo e outros. 
DA PLANTA AO FÁRMACO: A DESCRIMINALIZAÇÃO DA CANNABIS SATIVA PARA O USO FARMACOTERAPÊUTICO NO BRASIL
Giovana de Oliveira Andrade[footnoteRef:1] [1: Acadêmica do 2° período do curso de Enfermagem da da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX..] 
Camila Rodrigues Ribeiro[footnoteRef:2] [2: Acadêmica do 2° período do curso de Farmácia da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX.] 
Plácido Timóteo de Jesus Silva Júnior [footnoteRef:3] [3: Graduado em Farmácia e Bacharel em Direito. Especialista em Toxicologia e Hematologia. Professor do Curso de Farmacia e Enfermagem da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX.] 
Paulo Roberto de Azevedo Souza[footnoteRef:4] [4: Graduado em Tecnologia de Processamento de Dados. Mestre em Informática. Professor do Curso de Engenharia Civil da Faculdade Vértice Trirriense – UNIVÉRTIX.] 
 
RESUMO
O presente artigo tem por escopo um exame crítico da possibilidade de descriminalização da maconha no Brasil para utilização farmacoterapêutica. Neste estudo analisa-se a planta cannabis sativa, no contexto hodierno em que as políticas criminalizatórias falharam, discutindo-se o seu potencial uso em saúde, isto é, como fármaco. Na abordagem diagnóstica parte-se do vegetal ao medicamento com um olhar farmacológico, perpassa-se de forma analítica pela seara da descriminalização da maconha e prospecta-se, a situação de licitude para o uso racional e terapêutico dos derivados de canabinoides. O objetivo de nossa análise crítica não é polemizar nesta seara já muito envolvida em deblateramentos, mas contribuir para levar um pouco de luz a este quadro panorâmico nacional envolto em altercações e fornecer uma visão da bioprospecçao farmacoterapêutica de forma elucidativa no contexto do uso medicamentoso da Cannabis sativa.
PALAVRAS-CHAVE: cannabis sativa; maconha; descriminalização; medicamento.
1. INTRODUÇÃO
	Desde as idades mais remotas, o homem buscou na natureza lenitivo e alívio para suas dores. Não à toa, relatos da utilização da planta Cannabis Sativa[footnoteRef:5] em prescrições terapêuticas remontam à aurora dos tempos, como no caso da Índia e da China antiga (HONÓRIO et al., 2006). [5: No estudo em tela, utilizar-se-á indiscriminadamente o termo científico Cannabis sativa ou, genericamente, maconha. Termo criado pelo botânico Carolus Linnaeus de Estocolmo, Suécia. O vegetal cannabis possui três espécies: sativa, indica e ruderalis. Cientificamente, a cannabis sativa possui inúmeras denominações, variando de acordo com o órgão da planta e sua síntese química, dentre as quais se destacam: Haxixe, Fumo de Angola, Hemp, Ganja, Dagga, Sinsemilla, Bhang (Banguê), Kanaba, Chasra, Hash oil e Maconha ou Marijuana. Vale ressaltar que, além dos termos da academia, inúmeros nomes populares referem-se à maconha, tais como: diamba, cânhamo, rimba, liamba, fumo de preto, fumo do diabo e outros.] 
	Assim, neste artigo se analisa a cannabis sativa partindo-se da planta e chegando-se à possibilidade de sua utilizaçãocomo fármaco. Prospectar-se-á neste estudo um horizonte do uso racional, no campo da saúde, para os derivados medicamentosos da cannabis sativa.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Visão contextual histórica da maconha
	A maconha, conhecida há pelo menos 10.000 anos e desde então utilizada com fins medicinais, caracteriza-se, segundo Paulo Costa et al. (2011), por ser uma planta nativa da Ásia da família da urtiga e lúpulo. O mais antigo documento de que se tem notícia, relativo ao cânhamo, é um manuscrito chinês do século XV a.C., chamado de RH-YA, descrevendo a planta sob a denominação de "MO". Em tal manuscrito, assinalava-se a existência de duas espécies, uma que produzia frutos (feminina) e outra que só produzia flores (masculina). O Zend-Avesta (séc. VI a.C.) registra as propriedades tóxicas do cânhamo (cadaneh) e de sua substância resinosa, e o livro IV dos Vedas se refere à planta chamando-a fonte da felicidade (vijahia) ou fonte de risos (ananda). A difusão do costume de fumar as folhas secas da planta começou no Oriente Médio, onde o uso do haxixe[footnoteRef:6], nome que lhe deram os mulçumanos, era prática muito comum (UNB, 2018). [6: No séc. XI, um séquito de homens, no Norte da Pérsia, era conhecido por sua extrema crueldade e pelas contínuas vitórias que obtinha. Estes grupos agiam sob efeito do haxixe e, devido ao vício, receberam a denominação de "Haschichins", donde se originou a expressão francesa "assassin" e o termo português "assassino".] 
	Depreende-se da numerosa literatura disponível que o conhecimento da maconha pelo homem sempre foi baseado em ritualismos, seja na preparação de utilitários, seja na alimentação ou espiritualidade[footnoteRef:7]. Ela faz parte, por exemplo, da religiosidade dos sadhus (homens santos) seguidores de Shiva, o deus que segundo os textos védicos trouxe a planta do Tibet. No Brasil, segundo Luiz. M de Sá (1981), acredita-se que ela foi introduzida pelos negros trazidos da África para fins de trabalho escravo, sendo que as sementes de cânhamo eram conduzidas em bonecas de pano amarradas nas pontas das tangas; deste modo, em terras brasileiras o uso não medicinal disseminou-se nos séculos XVII e XVIII (DE SÁ, 1981 APUD SAAD, 2013). [7: LUCENA, William Felipe. As políticas sobre a legalização da maconha: uma discussão baseada em evidências. 2012. Disponível em: http://www.uniad.org.br/educacao/apoio-ao-aluno/tccs/item/15455-as-políticas-sobre-a-legalização-da-maconha-uma-discussão-baseada-em-evidências. Acessado em 06/07/2018.
 ] 
	As fibras do cânhamo, uma das formas de Cannabis sativa, foram introduzidas pelos portugueses, de modo que as velas e cordas das primeiras embarcações portuguesas eram confeccionadas de cânhamo. No final do século XVIII, o uso recreacional disseminou-se entre negros e índios. Até então, o consumo não era foco da atenção da elite dominante branca, por ser comumente consumido pelas camadas sociais menos favorecidas. Mas, a partir do século XIX, a Cannabis sativa começou a ser citada em tratados médicos e catálogos de produtos farmacêuticos, além da divulgação e difusão do seu uso hedonístico.
	Há ainda uma teoria acerca da origem da maconha, como autóctone, a qual defende que ela existisse junto a populações indígenas na Amazônia e que estas já a utilizavam, de forma medicinal, no preparo de chás e pós pelos pajés, bem como nas cerimônias religiosas, com o intuito de manter contatos com o mundo espiritual (MONTEIRO, 1965 apud GONTIES, 2003).
	Carlini (2006) aponta “diálogo de Garcia da Orta (1891), escrito após a descoberta do Brasil, que faz menção ao Sultão Badur que, em conversa com Martim Afonso de Souza, relatava que à noite quando queria ir a Portugal, ao Brasil, à Turquia, à Arábia e à Pérsia, não fazia outra coisa senão comer um pouco de bangue ou maconha”.
	As restrições proibitivas ao uso da Cannabis sativa no Brasil datam do período monárquico, possivelmente acompanhando as tendências da legislação e ciência internacional. Em 1800, o general francês Napoleão Bonaparte proibiu o consumo de cânhamo e o uso de haxixe no Egito, época também das medidas governamentais de controle do ópio na China que culminariam na “guerra do ópio” (1840-1842).
É fato que o Brasil foi um dos primeiros países a elaborar leis e ações de combate à maconha. Tais normas estavam impregnadas de preconceito, discriminação racial e social (SAAD, 2013). A proibição absoluta do plantio, cultura, colheita e exploração por particulares da maconha, em todo território nacional, ocorreu em 25/11/1938, através do Decreto-Lei n° 891 do Governo ditatorial de Getúlio Vargas (CARLINI, 2006). 		
	O Brasil aderiu ao modelo internacional, proibicionista, da Convenção Única de Entorpecentes, da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1961, e manteve em vigor por 30 anos, de 1976 até 2006, a mesma norma de drogas, que previa pena privativa de liberdade para usuários e traficantes. A partir de 2006, entrou em vigor a lei nº 11.343, com a pseudocaracterística de despenalizar o usuário de drogas e tornar mais rígida a punição para traficantes, mas sem deixar claros, segundo os artigos aqui selecionados, os critérios usados para a distinção entre usuários e traficantes (SUGASTI, 2013).
2.2 A farmacognosia da maconha
	Define-se farmacognosia como a aplicação simultânea de várias disciplinas científicas, no intuito de conhecer determinados princípios farmacológicos sob todos os aspectos possíveis (SBFGNOSIA, 2009). É, assim, ciência multidisciplinar que se endereça ao estudo das propriedades físicas, químicas, bioquímicas e biológicas dos fármacos ou dos fármacos potenciais de origem natural (seja animal ou vegetal), assim como à busca de novos fármacos a partir de fontes naturais.
	A Cannabis sativa é um arbusto da família Moraceae, conhecido pelo nome popular de “cânhamo da Índia”, o qual cresce principalmente em regiões intertropicais e temperadas do globo terrestre. É uma planta dióica, ou seja, tem espécimes masculinos e femininos. A planta masculina geralmente morre após polinizar e fecundar a planta feminina. As folhas e inflorescências, principalmente da planta feminina, secretam uma resina que contém princípios ativos chamados canabinóis (compostos canabinoides). Dos quase 60 canabinóis, o isômero (–) do delta-9-tetra-hidrocanabinol, THC, é o principal responsável pelas atividades psicofarmacológicas da planta. Sementes, galhos e raízes quase não contêm THC[footnoteRef:8]. Além das características genéticas da planta, clima, solo, tipo de plantio e cultivo influenciam o quimismo do vegetal, bem como o teor de THC. A planta é colhida, seca e, finalmente, usada para ser fumada como cigarros (baseado, beck, fininho, soro etc.) ou cachimbos d’água (narguilé). Nestes, a fumaça é resfriada passando por líquidos perfumados. Preparações sob a forma de doces e bolos também são encontradas (SEIBEL, 2010). [8: O THC (conhecido segundo uma anterior convenção de nomenclatura como delta - 1-THC) foi isolado na forma pura pela primeira vez em 1964 por Raphael Mechoulam, Yechiel Gaoni e Habib Edery no Instituto Weizmann em Rehovot, Israel, através de extração a partir do haxixe com éter de petróleo, seguido de repetidos ensaios cromatográficos.
] 
	Os estômatos são orgânelas celulares com função de realizar trocas gasosas entre uma planta e o meio ambiente. Na Cannabis sativa L, localizam-se na epiderme inferior, ao passo que as glândulas encontram-se predominantemente nas inflorescências femininas e são formadas por arranjo celular disposto em prato e envolvidas pela cutícula distendida de secreção acumulada. Estas células apresentam triciomas[footnoteRef:9], que, em sua base, possuem inclusões com cristal de carbonato de cálcio denominadas cistólito. É importante ressaltar que não é apenas nas glândulas que se encontram os canabinoides; a droga é constituída, também, pelas extremidades floridas masculinas ou femininas e pelas folhas desenvolvidas secas (COSTA, 1970 apud GOMES PRISCILA et al, 2007). Sua resina, conhecida como haxixe, é encontrada na forma de um extrato alcoólico,devido a seu processo de extração, onde, da destilação por arraste a vapor da planta, separam-se os óleos essenciais. Na sequência, realiza-se uma extração alcoólica e uma nova destilação, que elimina o álcool usado como solvente. Ao resíduo final, adiciona-se uma solução aquosa alcalina, para se eliminarem os ácidos, e, assim, obtém-se a resina, insolúvel em água, mas solúvel em álcool, o que indica que a molécula é lipofílica. Justamente em decorrência dessa característica, os solventes ideais para a extração dos compostos da Cannabis são o éter de petróleo e o clorofórmio (COSTA, 1972 apud GOMES et al, 2007). [9: Tricomas ou triciomas são apêndices da epiderme presentes em diversos órgão das plantas, constituindo seu indumento. Podem ser estruturas unicelulares; formadas por células em série; ou estruturas complexas com células especializadas, simples ou ramificadas. Podem ter origem no mesofilo ou nas epidermes. De maneira geral, são vistos como "pelos" ou pequenas "escamas" na superfície de folhas e caules. Cannabis sativa L., una planta singular. Disponível em: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-01952014000400004
] 
	Assim, chega-se à ilação de que, por meio de cientificidade, pode-se laborar com finalidade de tornar a Cannabis sativa um vegetal com perspectivas benéficas para a humanidade. 
2.3 A farmacologia dos canabinoides
	Primeiramente iremos abordar o ramo desta ciência conhecido por farmacocinética (KATZUNG, 2006), que é o trajeto que o fármaco faz no organismo. Não é o estudo do seu mecanismo de ação, mas sim das etapas pelas quais a droga passa desde a administração até a excreção, que são: administração, absorção, biotransformação, biodisponibilidade e excreção. Note-se também que, uma vez que se introduza a droga no organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea, sendo essa divisão apenas de caráter didático.
	Já se verificou que, quando fumado o THC, um dos 60 canabinoides presentes na cannabis sativa, considerado o maior constituinte psicoativo da maconha, 30% seus são destruídos pela queima, sendo 20 a 40% perdidos com a fumaça. Em função de sua alta lipofilia, o THC restante é rapidamente absorvido e difunde-se dos pulmões para a corrente sanguínea e atinge um pico de concentração cinética em torno de 15 a 45 minutos após ter sido inalado. A via de administração parenteral, intravenosa, é muito rara por ser inadequada, já que a cannabis não é solúvel em meio aquoso (VIVAVOZ, 2008). 
	Nessa linha, Bonfá. L. Et al. (2008) teoriza que os canabinoides, in natura, poderiam ser administrados por várias vias. Porém, devido à sua alta lipossolubilidade, necessitam de um veículo que permita sua administração em meio aquoso. A farmacocinética do THC varia em função da via de administração. A apresentação oftálmica tópica ou pela mucosa nasal seria possível; não obstante, essa preparação do THC tende a ser vesicante. A absorção cutânea em adesivos, por impregnação da erva, poderia ser muito devagar e não aplicável terapeuticamente. A absorção por via oral é variável e demorada, com o início dos efeitos em geral levando de meia hora à uma hora e sua máxima intensidade ocorrendo entre duas e três horas após a ingestão. Pode ser utilizado em massa de bolo ou biscoito para ingestão. A presença de alimentos e a ação do suco gástrico influenciam na concentração do plasma, aumentando sua biodisponibilidade. A metabolização ocorre no fígado. A via retal (supositórios) costuma ser irregular, mas poderia apresentar uma absorção mais rápida por chegar diretamente à circulação sistêmica. A via endovenosa seria plausível com uma formulação para liofilizá-la, o que seria necessário em razão de sua baixa solubilidade em água. Ela pode ser consumida por inalação, fumada em cigarro ou cachimbo especial, preparados manualmente a partir das folhas secas, flores e pequenos caules da planta. Normalmente, um cigarro contém entre 0,5 g e 1 g da erva que veicula cerca de 20 mg de THC. O fumo é o método mais conhecido e a melhor forma de administração para os canabinoides. A maioria do THC inalado, desse modo, é sob a forma de ácido tetrahidrocanabinólico, que, por causa da zona de combustão do cigarro, é convertido em THC livre e volátil, sendo inalado com a fumaça e indo diretamente para o pulmão e, daí, pela circulação, para o encéfalo (BONFÁ. et al., 2008) [footnoteRef:10]. Os efeitos em geral são imediatos, alcançando o máximo de ação em 20 a 30 minutos após o uso, podendo durar por duas a três horas. [10: ] 
O THC pode ser inalado sem ter sido levado à combustão por meio de um vaporizador, aparelho recomendado, sobretudo para doentes debilitados, que o consomem com fins de tratamento médico. Pela sua alta lipossolubilidade, atravessa com rapidez a membrana alveolar, entrando no sangue pelos capilares pulmonares e daí sendo levado rapidamente ao coração e bombeado diretamente no sistema nervoso; desse modo, o pico de ação pode ser tão rápido quanto uma injeção venosa. A meia-vida de eliminação do THC pode ser maior que 48 horas, o que explica por que seus metabólitos são encontrados no plasma e na urina até mesmo dias após seu consumo (BONFÁ. et al., 2008).
	Secundariamente aborda-se outro ramo da farmacologia, a farmacodinâmica (KATZUNG, 2006), que é o estudo do efeito da droga nos sistemas orgânicos (tecidos). À semelhança do que tinha ocorrido com os opioides, na descoberta das endorfinas, houve uma verdadeira revolução, neste campo, nos últimos anos. Foram descobertos receptores específicos tanto centrais, ou principalmente centrais, como periféricos do THC. Os receptores foram encontrados no cérebro; como exceção, também foram localizados nas gônadas sexuais. 
	Quanto à teoria dos receptores, é basilar uma explicação. As drogas produzem efeitos terapêuticos em decorrência de suas interações com moléculas existentes no indivíduo. As drogas atuam, em sua maioria, ao associar-se a macromoléculas específicas, alterando suas atividades biofísicas ou bioquímicas. Essa noção, que surgiu há mais de um século, está englobada no termo receptor: o componente de uma célula ou organismo que interage com uma droga e dá início à cadeia de eventos bioquímicos e leva aos efeitos observados da droga (KATZUNG, 2006). 
	Os receptores de THC do cérebro se distribuem por várias regiões, com maior densidade naquelas que correspondem a algumas ações conhecidas da maconha. Estes receptores estão praticamente ausentes no tronco cerebral, medula e tálamo. Isto explicaria a ausência de efeitos graves agudos da maconha em sistemas vitais, como o respiratório e o cardiovascular. O contrário ocorre com o álcool e com os opiáceos. Mais surpreendente ainda foi a descoberta de um ligante endógeno, que, à semelhança do THC, embora de forma menos potente, se ligaria a estes receptores. A este “canabinoide” endógeno foi dado o nome de anandamida (do sânscrito indiano “ananda”, que traz contentamento interno e tranquilização). Ou seja, à semelhança de outros sistemas de neurotransmissores, como o serotoninérgico, dopaminérgico e colinérgico, parece existir no cérebro um sistema canabinoide, o qual provavelmente interage de forma modulatória com os citados sistemas clássicos de neurotransmissores. Quanto aos receptores periféricos, eles estão localizados predominantemente no baço. Uma hipotética função imunológica destes últimos não foi ainda confirmada (SEIBEL, 2010).
	Mostra-nos Bertram Katzung que o THC afeta o cérebro ao ativar um receptor de canabinoide com alta especificidade, o CB1. Este receptor é expresso em várias regiões do encéfalo e em altos níveis. Foram identificados outros neurotransmissores, inclusive a anandamida, como ligantes do CB1. Esses ligantes não são armazenados, como ocorre com os neurotransmissores clássicos, porém são rapidamente sintetizados por neurônios em resposta à despolarização e ao consequente influxo de cálcio. Ao contrário dos neurotransmissores clássicos, os canabinoides endógenos atuam como mensageiros sinápticos retrógrados: são liberados dos neurôniospós-sinápticos e seguem um percurso retrógrado por meio das sinapses, ativando os receptores CB1 nos neurônio pré-sinapticos e suprimindo a liberação de transmissores. 
	 Nos últimos anos, foram sintetizados vários compostos canabinoides. Tais como: os princípios ativos THC e canabidiol, usado em pacientes com dor oncológica, neuropática e esclerose múltipla. É comercializado no Canadá, onde seu uso foi aprovado. Atualmente também há no mercado o THC sintético denominado dronabinol (Marinol®), que, administrado na dose oral, resulta em significativa redução da pressão intraocular no glaucoma. A pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) e com câncer terminal e síndrome de anorexia-caquexia foi indicado o dronabinol para aumentar o apetite e manter peso. Testes com nabilona, outro canabinoide sintético, foram realizados para avaliar a eficácia terapêutica por vias oral e sublingual em pacientes com dor secundária e esclerose múltipla, lesão do plexo braquial, dor ciática, neuralgia do trigêmeo, dor orofacial e neuropatia periférica. Produziu efeitos em 30% dos pacientes que relataram melhora da qualidade do sono, ansiedade e espasmos musculares. A nabilona (Cesamet®) é liberada para uso no Canadá. Com indicação para alívio da dor neuropática crônica, refratária a tratamentos analgésicos convencionais, ainda apresenta efeito antiemético em pacientes oncológicos. Há também um análogo canabinoide, o levonantradol, que tem atividade analgésica. Assim como o dexanabinol, usado para o tratamento do choque endotóxico, isquemia e traumatismo craniano. As pesquisas em farmacologia caminham com o foco em sintetizar canabinoides que trabalhem em sinergia com opióides para a redução da dor, nem como com foco em encontrar mecanismos para aumentar o poder antioxidante e imunológico, impulsionando sínteses com qualidade de canabinoides e criando drogas que bloqueiam os receptores CB. 
	Depreende-se que a Cannabis sativa abre um leque de potenciais estudos em medicina. Vislumbra-se, no eventual processo de descriminalização, que conglomerados da indústria farmacêutica possam investir intensamente em remédios derivados da maconha com maior comodidade de administração, eficácia e eficiência intrínseca terapêutica (SEIBEL, 2010).
2.4 O uso terapêutico e descriminalizado da maconha
	A descriminalização é um mecanismo administrativo que se dá por meio de controles e regulamentos normatizados. Por descriminalização entende-se a retirada de sanções penais para a pequena cultura e uso pessoal da droga, não sua legalização (remoção de todas as penalidades relacionadas à droga). Assim, a descriminalização seria um mecanismo de controle eficiente no sentido de respeitar o cidadão em sua integridade física e moral (ASSUMPÇÃO, 2005). 
	Hodiernamente, a proibição das drogas é estruturada pelas três convenções realizadas pela ONU e corroborada pela América do Norte: a convenção de 1961, The Single Convention on Narcotic Drugs; a emenda de 1972 suplementada pelo tratado antidrogas de 1971, The Convention on Psychotropic Substances; e, em 1988, a The United Nations Convention Against Illicit Traffic in Narcotic Drugs and Psychotropic Substances. A abordagem é de proibição em todas elas. É fático que as políticas proibitivas da maioria dos países foram moldadas a partir das convenções da Organização das Nações Unidas (CARLINI, 2006).
	O conjunto de circunstâncias em que a maconha está envolta é de falácias e preconceitos. Há o usuário, que figura no uso recreativo, e o dependente, com quadro patológico. Boa parte dos usuários de maconha não se converte em dependente; entretanto, é adepto da utilização recreativa da maconha, por isso é basilar diferenciar o uso recreacional do patológico. Entende-se que o usuário deve ter sua liberdade individual protegida e é importante tratar do doente pelo prisma da saúde, auxiliando o dependente químico, como se faz com o alcoólatra, o fumante ou com aquele que abusa dos benzodiazepínicos ou de opióides e outros medicamentos controlados. Imaginemos o álcool: o seu uso descomedido causa mais imbróglios à sociedade que a própria maconha, enquanto seu uso recreacional é socialmente aceito. Boa parcela de nossa população consome álcool, porém nem todos são alcoólatras. Entende-se que a maconha é uma planta com uma quantidade enorme de possíveis fármacos e alguns com comprovada eficácia e eficiência terapêutica (SEIBEL, 2010).
	Infelizmente, os problemas decorrentes do uso da cannabis advêm frequentemente mais da aproximação legal punitiva (ou disfarçadamente punitiva) utilizada do que do efeito em si da mesma. Para justificá-la, é frequente a afirmação de que a maconha faz mal, induz à loucura, ao crime, e assim por diante. Conhecimentos científicos parciais, muitas vezes influenciados por interesses e preconceitos políticos, sociais e religiosos, são magnificados (SEIBEL, 2010).
	Nesse conjunto de idéias é basilar debruçar-se sobre o processo de dispensação farmacêutica de produtos controlados. O prescritor diante do quadro patológico deve escolher a terapêutica com o escopo de maximizar o efeito benéfico no tratamento e minimizar os resultados toxicológicos causados pela droga. Em nosso país, a dispensação e a prescrição de drogas controladas são reguladas por norma administrativa, portaria n° 344 de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde, pela qual substâncias psicotrópicas controladas, utilizadas como remédios (tarja preta), são dispensadas sob prescrição do profissional de saúde e só podem ser dispensadas com retenção da notificação de receita do tipo - B (receita azul).
	 A regulação nessa seara ocorre com aplicação de ferramenta eletrônica, o SNGPC (Sistema Nacional para Gerenciamento de Produtos Controlados) [ANVISA, 2018]. Esse sistema privilegia a adoção de padrões na transmissão de dados proporcionando meios de realizar a escrituração das movimentações de forma totalmente digital; há integração com os sistemas de gerenciamento já existentes nas farmácias. 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconheceu a Cannabis sativa como planta medicinal. E esta foi incluída na Lista Completa das Denominações Comuns Brasileiras (DCB), que define os nomes oficiais de fármacos, princípios ativos, plantas medicinais e outras substâncias de interesse médico no país, publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 05 de maio de 2017, na Resolução nº 156. Essa resolução não modifica as normativas inerentes à maconha no país. Portanto, não libera seu uso medicinal, tampouco muda a legislação penal que restringe o porte e o uso da maconha em todo território nacional. Entretanto, formaliza os derivados canabinoides como componentes em medicamentos a serem produzidos no Brasil e exportados, viabilizando futuras regulamentações de seu uso em tratamentos médicos. Também autorizou a prescrição de RSHO® para o tratamento de paciente portador da doença de Alzheimer. Foi a primeira vez que um medicamento de óleo de cânhamo, rico em canabidiol (CBD), foi utilizado para o tratamento da doença no país. Também já existem decisões da Justiça brasileira que autorizam famílias a cultivar maconha para tratar doenças. A agência autorizou a prescrição e manipulação de medicamentos à base de Cannabis. A autorização permitiu que empresas registrem no país produtos com canabidiol e tetrahidrocanabinol como princípio ativo. A Anvisa também permite a importação, por meio de procedimentos administrativos e burocráticos, de suplementos à base de Cannabis para o tratamento dos que sofrem de epilepsia refratária (desordem cerebral que gera convulsões repetidas), doença de Parkinson, dor crônica (incluindo dor de cabeça da enxaqueca), transtorno de stress pós-traumático, déficit de atenção e déficit de atenção e hiperatividade, autismo, esclerose múltipla e dores provenientes do câncer (na recuperação pós-quimioterapia). No exterior, o canabidiol já é utilizado para o tratamento de doenças em mais de quarenta países, entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Israel e México. No Brasil,o medicamento com Cannabis em sua fórmula é o Mevatyl, que contém substâncias extraídas da Cannabis, mas não a planta em si. Ou seja, o Mevatyl é obtido a partir de extratos isolados da Cannabis. O produto é indicado para o tratamento de adultos que tenham espasmos relacionados à esclerose múltipla.
	Pode-se fazer uma analogia entre a maconha (cannabis sativa), da qual se extrai delta-tetrahidrocanabinol e canabidiol, com a papoula (papaver somniferum), da qual se extrai a morfina (segundo portaria n° 344, lista – A1, sujeita a notificação de receita - A), que tem seu uso controlado no Brasil e é um potente analgésico. Não obstante isso, quanto à maconha, suas substâncias, com um considerável potencial para uso medicinal, ainda não há produção de medicamentos derivados em nosso País. Deduz-se do quadro em tela haver ausência de motivação política e falta de celeridade burocrática para otimizar a síntese dos fármacos canabinoides. É louvável a iniciativa legislativa, em que tramita no Senado Federal o PLS 514/2017, que altera o art. 28 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, para descriminalização do cultivo da cannabis sativa para uso pessoal terapêutico.
3. METODOLOGIA 
A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica e documental em obras de conteúdo técnico, artigos de revistas especializadas, publicações na internet e consultas à legislação nacional, Pubmed, Scielo, Bireme, pertinente ao assunto, estabelecendo-se uma abordagem sobre a utilização da maconha, contextualizando-a no panorama da realidade jurídico-sanitária nacional, com os avanços farmacológicos que permitem o uso racional, eficaz e seguro dos canabinóides como medicamentos. 		
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Segundo as ciências farmacêuticas, os derivados canabinoides tem elevado potencial farmacoterapêutico, embora a Cannabis sativa possa ser danosa à saúde. O prescritor, diante do quadro patológico, deve escolher a terapêutica com o escopo de maximizar o efeito benéfico no tratamento e minimizar os resultados toxicológicos causados pela droga, promovendo o uso racional dos medicamentos que podem causar dependência física e/ou psíquica. 
	Assim sendo, depreende-se que urge uma mudança de todo o sistema proibicionista no Brasil, a começar pela descriminalização da maconha para o uso medicinal, colocando os derivados canabinoides sob regulação sanitária; com o SNGPC em atividade, teremos um controle epidemiológico sem maiores problemas.
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