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Direitos Humanos e Relativismo Cultural

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Direitos Humanos – Textos obrigatórios
 Universalismo e Relativismo Cultural – Érica Peixoto
Críticas da proposta relativista ao universalismo dos DH: de acordo com a crítica, os direitos humanos estão numa noção antropocêntrica do mundo que não é compartilhada por todos os povos(Islã usa a Teologia), é mais ocidentalizada, e os DH por serem mais ocidentais, querem imperar-se sobre os demais. O universalismo analisa o homem descontextualizado, sendo que este se define por suas particularidades em sociedade (costumes, valores, língua, etc). A falta de comprometimento com os direitos humanos por todos os comprometidos acaba afetando a seriedade deste, junto ao fato de que a proteção a ele se torna apenas um apaziguamento político. Os países fora do desenvolvimento acabam por não conseguir arcar com os princípios dos DH devido a sua incapacidade econômica. Uma consequência da visão antropocêntrica de mundo em prol da desvalorização espiritual é o egoísmo, ganância ( o homem é a maior autoridade espiritual, então ele passa a abusar). A ideia de Direito acima de Dever (responsabilidades sociais) do universalismo é a resultante das atuais crises ambientais, visto que o Direito presa o desenvolvimento, satisfação de interesses, o que deixa de lado o compromisso com o meio ambiente.
Muitos atos de sociedades vão em desacordo com os princípios dos DH, e a crítica é que este não leva em relação as culturas alheias, pois é preciso analisar o contexto do homem em cada sociedade para criar um direito pelo qual este se identifique, pois cada sociedade vê seus certos e errados.
O diálogo intercultural é o meio mais adequado para promoção de paz, tolerância e respeito ao outro, a diversidade cultural é um patrimônio humano, mas a legitimidade de uma cultura não deve retirar a legitimação dos direitos humanos
Toda cultura é incompleta, diz Boaventura, é só é possível ver que é incompleta a partir de concepções diferentes, pois se culturas fossem completas, só haveria uma. Conscientizando a existência de incompletude, aumenta a facilidade da construção da multicultura de direitos humanos.
Direitos Humanos no novo milênio
Deve ser buscado uma universalização na essência das culturas para a perpetuação dos direitos humanos, e mesmo os DH sendo composto por Direitos, há reflexões de deveres e responsabilidades nele, logo há como aproximar as concepções de sociedade.
Os Direitos Humanos são necessários para manter a dignidade mínima do indivíduo (evitar que seja respeitado, não oprimido, dotado de direitos e da própria vida).
Se busca um universalismo baseado no diálogo intercultural, na troca.
Crítica ao Relativismo:
O Relativismo cita que cada sociedade tem sua cultura, e esta não deve ser universalizada por sua singularidade, porém, se esta cultura usa o relativismo como justificativa para repressão a liberdade ou dominação, cabe aos Direitos Humanos intervir nesse caso, pois fere a dignidade mínima da pessoa humana, qualquer ato que repudie os direitos humanos, de acordo com o universalismo, deve ser repudiado, pois representa opressão, desigualdade ou abuso. Mulheres islâmicas mesmo dentro da própria cultura, não desejam ser apedrejadas até a morte, assim como não desejam ter seu hímen cortado e etc, então é necessário o DH para proclamar a defesa da vida contra essas dominações encobertas com o nome de “cultura e tradição”, deve-se buscar o justo e solidário.
O relativismo cultural não pode ser usado como desculpa para a violação dos direitos humanos, mas também, é necessário uma noção de cultura e particularidades, junto a afirmação de valores protetivos para a pessoa humana nos parâmetros das relações sociais.
Texto 2 – Violência obstétrica 
Têm por características a apropriação do corpo e processos reprodutivos das mulheres pelos médicos, profissionais da saúde, através do tratamento desunamizado, abuso de medicalização e patologização dos processos naturais, causado pela perda de autonomia e incapacidade de decidir livremente sobre seus corpos e sexualidade, impactando negativamente a qualidade de vida das mulheres. Um debate levantado pelo texto são questões que permeiam o mundo materno, o parto sendo uma experiência mais de sofrimento do que realização.
Falar de parto não é somente citar a emoção da etapa (da luz), mas falar sobre os direitos sexuais e direitos reprodutivos, já que essas questões de parto estão cheias de denúncias à violação de direitos humanos, quando práticas hospitalares caminham do lado oposto das recomendadas pelas políticas públicas em relação a saúde da mulher.
A partir de 2011, o tema vem tendo escala maior pelas mulheres nas mídias sociais, formando redes de apoio que objetivam modificar ou denunciar práticas que colaborem com o desrespeito contra o parto, liberdade, autonomia, violência, medo, e outros malefícios a saúde da mulher.
Com essas consequências a mulher, surgem novas propostas de atenção ao parto, focado na subjetividade da mulher e sua particularidade, direitos e vontades, uma busca para substituir o modelo hegemônico centrados nas intervenções médicas e uso descontrolado de tecnologias. As diferenças sociais e culturais da população feminina devem ser respeitadas, assim como centralizar a mulher nesse meio.
Violência Obstétrica e o Empoderamento Feminino
A V. Obs durante a gestação e parto tem como característica: negação do atendimento à mulher quando esta procura unidades de saúde como postos de saúde, ou quando lhe impõe dificuldade onde está sendo realizado o pré natal, comentários humilhantes no que diz a cor, idade, religião, escolaridade, classe social, estado civil, orientação sexual, agendar cesárea sem recomendação baseadas em evidências científicas (atende o interesse do próprio médico).
Essas formas de violência, como frases humilhantes em forma de piadas, exposição do seu corpo em meio a maternidade, ente outros, é objeto de atenção no movimento da lutas das mulheres, indo até ao meio acadêmico, tal meio esse que tem como foco ás áreas humanas, que se preocupam mais com o tema do que a área da saúde, já que esta vê o parto somente como um evento clínico com pouca ênfase na fisiologia e assistência humanizada, tratando o parto somente como patologia. Esse evento não deve ser visto somente biologicamente, deve ser analisado amplamente pelas suas dimensões culturais, psicológicas, de classe e etc.
O excesso de intervenções rotineiras nos hospitais e maternidades também permeia a discussão, já que configura um tipo de violência institucionalizada em lugares onde há serviço materno/infantil, como taxas excessivamente elevadas de cesarianas junto a uma elevada mortalidade materna e perinatal (chamado paradoxo perinatal). O parto deve ser visto como evento fisiológico, assim como a assistência deve ser centrada na mulher, isso proporcionará a solução desse paradoxo.
1 a 4 mulheres relatam ter sofrido maus-tratos durante o parto. O Brasil é o líder em cesárias por ano.
A taxa de cesária ser alta não é algo bom, visto que esse recurso deveria ser usado somente em casos de risco de morte do bebê ou da mãe.
A luta das mulheres averiguou que a mulher a parir não é a protagonista do ato, e isso é algo relevante.
A institucionalização do parto tirou das mulheres a capacidade de fazerem seu próprio parto. Os obstetras denominam “direção ativa do parto” onde tudo será comandado por ele, e a mulher apenas como “colaboradora”, seguindo todas as regras do obstetra, em um episódio que deveria ser seu.
O conhecimento médico na assistência ao parto é refletido por um enorme ferimento a subjetividade materna, uma forma de pensar e agir que reforça a lógica colonial e produtivista, vendo a maternidade como uma fábrica repleta de protocolos (hora do parto, período máximo pra ter bebê e etc).
Contrapondo o argumento anterior, surge o movimento pela humanização do parto e empoderamento feminino, reconhecendo seu corpo como capaz de gerar e parir sem intervenção médica. E parto humanizado seria aquele centrado na mulher, com respeito a sua autonomia e protagonismo, sem intervenções,sem cesárea agendada, manobras médicas desnecessárias para a sobrevivência e etc.
O empoderamento feminino, além de tudo, é para gerar um diálogo entre obstetra e mulher em relação a quais práticas serão adotadas, visto que alguns procedimentos são garantidores da sobrevivência da mulher.
Essa nova maneira, humanizada a ser tratada a gestante, mesmo que ainda não no brasil, é algo descolonizador do ser feminino, já que a mulher ainda está na sociedade dominada em sentido colonial.
Abordagem histórica sobre o parto no ocidente:
O nascimento é um fato mobilizador, e desde a antiguidade a humanidade agrega valor a ele, cada sociedade com seu valor impregnado.
O parto começa a ser institucionalizado entre as 2 grandes guerras, já que o governo observa a necessidade de diminuir as taxas de natalidade e mortalidade das mães, junto a obras que poderiam melhorar essas condições, salário maternidade e mudanças nas políticas sociais.
Essas medidas, começadas na França, se estendem em um processo colonizador, onde a mulher é afastada de seu ambiente “parturizador” e passa a ser uma atração hospitalar com intensa medicalização e intervenção. Essa evolução tornou o parto um processo impessoal Estatal, com justificativa de que era em prol da redução da mortalidade materna e neonatal.
Junto a essa evolução da institucionalização, vem movimentos contra ela, como o Parto Sem Dor, de 1950, Parto sem Medo e Sem Violência.
Em 2007, foi reconhecido como lei a existência da violência obstétrica, que é a cometida contra a mulher em ambiente hospitalar, no momento do parto.
Finalizando: 
É necessário modificar o acesso ao direito reprodutivo, humanizá-lo, de forma que as “usuárias” tenham alguma satisfação e controle sobre o ato, mas juntamente com segurança sobre ele, o objetivo é que essa seja uma experiência gratificante.
A proposta de humanizar vem com a ideia de criar novas formas de vivenciar o processo do parto, a maternidade, paternidade, sexualidade e a vida corporal, algo além da cesariana como parto ideal e o parto normal como “penalização”. A própria Org Mundial da Saúde recomenda os partos normais perante as cesarianas.

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