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CORRENTES DIADINÂMICAS DE BERNARD

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CORRENTES DIADINÂMICAS DE BERNARD
 
DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
As correntes Diadinâmicas foram desenvolvidas na França no início da década de 50 por Pierre Bernard. São correntes alternadas senoidais de baixa freqüência (50 a 100 Hz) com retificação monofásica ou bifásica. Elas são interrompidas com alternância rítmica, e podem trocar continuamente de freqüência, ou ainda combinar-se em defasagem de uma corrente senoidal monofásica (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Produzem intensos efeitos analgésicos e hiperemiantes, atuando sobre nervos e sobre a musculatura através de processos elétricos e químicos (CAMERINI, CARVALHO e OLIVEIRA, 1998).
Outra característica importante é que quase sempre se associam a uma corrente contínua de base, que aumenta o nível de saída das semi-ondas mono ou bifásicas (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Por se tratar de correntes alternadas, possuem a capacidade de alternar a polarização e despolarização dos tecidos, notadamente das membranas celulares.
Como os máximos das correntes de polarização correspondem aos mínimos da corrente alternada que entra, e vice-versa, ocorrem, somas e subtrações contínuas dessas duas correntes. Os efeitos são eletroquímicos, térmicos e de estimulação, conseqüência dos fenômenos de polarização (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
 
EFEITOS TERAPÊUTICOS
RENNIE (1988) alega como efeitos das Diadinâmicas de Bernard:
1.   Alívio da dor devido ao mecanismo de comporta da dor, supressão da dor por meio de endorfinas e encefalinas estimuladas neurologicamente, remoção de irritantes da área pelo aumento da circulação e o efeito placebo;
2.   Diminuição da inflamação e do edema devido ao aumento da ação de bombeamento muscular e da circulação local; alega-se também a ocorrência de alterações na permeabilidade da membrana celular;
3.   Considera-se que ocorra reeducação muscular e fortalecimento devido à estimulação de músculos; aumento da circulação local decorrente, segundo se propõe, de alteração na atividade autonômica, bem como a redução no tônus simpático, levando à vasodilatação e redução nas substâncias semelhantes à histamina por causa dos efeitos unidirecionais;
4.   Facilitação da cicatrização de tecidos devido às alterações circulatórias locais e aos efeitos polares, levando a um aumento na atividade celular.
 
POLARIDADE
O eletrodo que possui um grande nível de elétrons é chamado de eletrodo negativo ou cátodo. Assim, o outro eletrodo, que tem um nível mais baixo de elétrons, é chamado de eletrodo positivo ou ânodo. O negativo atrai íons positivos e o positivo atrai íons negativos e elétrons. Os efeitos polares podem ser denominados pelos termos de três características: (1) efeitos químicos, (2) facilidade de excitação, e (3) direção do fluxo da corrente (HOOKER, 2002a).
 
Efeitos Químicos
Ocorrem mudanças no pH sob cada eletrodo, vasodilatação reflexa e fluxo de íons. O efeito de estimulação tecidual é atribuído ao eletrodo negativo. Já o efeito bacteriostático é alcançado no ânodo ou no cátodo com intensidades entre 5 mA a 10 mA, ao passo que com 1 mA ou abaixo, o maior efeito bacteriostático é encontrado no cátodo (HOOKER, 2002a).
 
Facilidade de Excitação do Tecido Excitável
A polaridade do eletrodo ativo, em geral, deve ser negativa quando o resultado desejado for contração muscular, em razão da maior facilidade da despolarização da membrana no pólo negativo. Entretanto, a intensidade da corrente sob o pólo positivo pode ser aumentada rapidamente, o suficiente para criar um efeito de despolarização. Contudo, pode ser um tanto desconfortável o uso do eletrodo positivo devido à alta intensidade necessária para gerar um potencial de ação (HOOKER, 2002a).
 
Direção do Fluxo da Corrente
De modo geral, o eletrodo negativo é posicionado distalmente e o positivo proximalmente ao local da lesão. Esta combinação visa reproduzir o padrão do fluxo elétrico que ocorre naturalmente no corpo. A direção do fluxo da corrente pode também influenciar a mudança do conteúdo de água nos tecidos e movimentos colóides, porém nenhum desses fenômenos é bem documentado ou entendido (HOOKER, 2002a).
 
ELETRODOS
Os eletrodos devem ser metálicos, preferencialmente de alumínio, de tamanhos adequados. Pode-se usar tanto a técnica bipolar como a monopolar. A técnica bipolar consiste na utilização de dois eletrodos de tamanhos iguais com o objetivo de distribuir uniformemente a corrente pela superfície do segmento a ser tratado. Já na monopolar, os eletrodos de tamanhos diferentes proporcionam uma concentração maior da corrente no eletrodo de menor tamanho, enfatizando assim o local a ser tratado (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Para algumas aplicações, especialmente extremidades, pode-se imergir a estrutura numa cuba plástica contendo água; com o respectivo eletrodo mergulhado protegido por uma luva de tecido condutor. Nessa técnica, a corrente tende a se concentrar na superfície da água, provocando sensação desagradável (BISSCHOP, BISSCHOP e COMMANDRÉ, 2001).
Sugere-se para todos os tratamentos que a intensidade de corrente deve ser perceptível, porém não dolorosa. O maior perigo dessas correntes é o dano tissular decorrente dos efeitos polares. Esses podem ser evitados com a reversão de corrente durante o tratamento (LOW e REED, 2001).
 
CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES
As Diadinâmicas ocasionam perturbações em marca-passos, assim, em portadores de marca-passos, o tratamento com estas correntes deve ser efetuado sob controle contínuo do pulso e eletrocardiograma (CAMERINI, CARVALHO e OLIVEIRA, 1998).
Observaram-se, em estudos com animais, alterações eletrolíticas nas endopróteses e na área adjacente a esta, porém pode-se efetuar um tratamento nas pernas de um paciente que tenha uma prótese metálica em seu braço. As endopróteses não se aquecem com a corrente excitante, e com o emprego de intensidades terapêuticas normais, o componente galvânico é tão reduzido que não provoca danos químicos (CAMERINI, CARVALHO e OLIVEIRA, 1998).
Uma forte contração muscular pode causar dano articular ou muscular; desinserção de um trombo; alastramento de infecção e hemorragia. As correntes podem se localizar de forma indevida por causa de feridas abertas ou lesões de pele, como eczema. Ainda podem provocar atividade metabólica indesejada em neoplasia ou em infecções tuberculosas cicatrizadas (LOW e REED, 2001).
 
FORMAS DE CORRENTES
A seleção da corrente a ser utilizada depende do objetivo desejado. Dentre as correntes diadinâmicas pode-se diferenciar as ações primárias sobre os sistemas sensorial e motor, bem como as influências favoráveis sobre o sistema vegetativo e trófico (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
As correntes são em número de cinco. Difásica e monofásica são as formas básicas, as demais derivam da associação destas duas (MARTÍNS, 2003).
 
Monofásica Fixa (MF)
Apresenta pulso alternado, diferenciando-se da DF apenas por apresentar retificação em semi-onda com freqüência de 50 Hz. Cada pulso da corrente tem duração de 10 ms com intervalos de igual duração (fig.1). Provoca uma sensação de forte vibração, promovendo contrações musculares a uma intensidade menor que a difásica. Possui uma predileção sobre o sistema nervoso vegetativo, no sentido de atenuar a tonicidade simpática. É também indicada para estimulação inespecífica do tecido conjuntivo, pois acelera seu metabolismo (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
 
 
 
Figura 1 – Corrente monofásica fixa
 
Difásica Fixa (DF)
A corrente difásica é caracterizada por apresentar pulso alternado e freqüência de 100 Hz com retificação em onda completa. Cada pulso tem duração de 10 ms, não havendo intervalos entre eles (fig. 2). É indicada para tratamento precedendo outras modalidades de correntes para induzir a elevação do limiar de excitação das fibras nervosas sensitivas e, dessa forma proporcionar analgesia temporária. O efeito analgésico deve-se ao mascaramento e bloqueio fundamentados pela teoria das comportas, e tem por conseqüência uma variação da excitabilidade das fibras nervosas, causada por uma determinada freqüência de estimulação. É indicada para o tratamento de transtornoscirculatórios, graças à influência que exerce sobre o sistema vasomotor. A corrente difásica também é indicada para a aplicação direta sobre os gânglios vegetativos, principalmente os simpáticos. Produz contrações musculares somente se a intensidade for relativamente elevada (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
 
 
 
Figura 2 – Corrente difásica fixa
 
Curto Período (CP)
Trata-se da MF e DF aplicadas alternadamente por 1s cada. Esta forma evita a “acomodação” sensitiva, possuindo freqüência variante entre 50 e 100 Hz com 49,5% de componente galvânico (fig. 3) (MARTÍNS, 2003). Percebe-se claramente a diferença entre os períodos difásico e monofásico, sendo que no segundo podem ocorrer contrações musculares rítmicas quando o limiar de excitação motor é ultrapassado. É especialmente indicada para o tratamento de dores de diferentes origens e alterações tróficas (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
 
 
 
Figura 3 – Corrente curtos períodos
 
Longo Período (LP)
É formada pela composição da corrente monofásica com duração de 10s e por uma segunda forma de MF de amplitude variável entre zero e o seu valor máximo, com uma duração de 5s (fig. 4). As correntes não são percebidas de forma abrupta. O longo período da monofásica (10s) a torna mais desagradável. Caracteriza-se por um efeito analgésico particularmente favorável e persistente. É utilizada no tratamento de diferentes formas de mialgias e neuralgias (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
 
 Figura 4 – Corrente longos períodos
 
Ritmo Sincopado (RS)
Esta corrente nada mais é do que a própria corrente monofásica com trens de pulso de 1s, intercalando com período de repouso de mesma duração (fig. 5) (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Aumenta o tônus e o trofismo; fortalece a musculatura; melhora o retorno venoso e linfático; melhora o metabolismo e nutrição; previne aderências (CAMERINI, CARVALHO e OLIVEIRA, 1998). Sua freqüência é de 50 Hz/0 Hz (MARTÍNS, 2003).
 
 
 
Figura 5 – Corrente ritmo sincopado
 
Principais indicações das correntes diadinâmicas
1.       DF
Esta corrente é indicada para dessensibilização, analgesia temporária e vasomotricidade.
 
2.       MF
Esta corrente é indicada para analgesia prolongada, vasomotricidade e aumento do metabolismo das células relacionadas ao tecido conjuntivo, sendo importante em processos de reparação tecidual;
 
3.       CP
Esta corrente é indicada para dessensibilização, analgesia, vasomotricidade e aumento do metabolismo das células relacionadas ao tecido conjuntivo.
 
4.       LP
Esta corrente é indicada para a promoção de analgesia de tecidos profundos (principalmente em mialgias) e diminuição do espasmo muscular.
 
5.       RS
Esta corrente é indicada para conseguir-se estimulação elétrica de músculos, com o intuito de facilitar o processo de contração muscular.

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